CRISTO
3 – Jesus não veio destruir a lei, o que quer dizer: a
lei de Deus. Ele veio cumpri-la, ou seja: desenvolvê-la, dar-lhe o seu verdadeiro
sentido e apropriá-la ao grau de adiantamento dos homens. Eis porque
encontramos nessa lei o princípio dos deveres para com Deus e para com o
próximo, que constitui a base de sua doutrina. Quanto às leis de Moisés
propriamente ditas, ele, pelo contrário, as modificou profundamente, no fundo e
na forma. Combateu constantemente o abuso das práticas exteriores e as falsas
interpretações, e não podia fazê-las passar por uma reforma mais radical do que
as reduzindo a estas palavras: “Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo
como a si mesmo”, e ao acrescentar: “Esta é toda a lei e os profetas”.
Por estas palavras: “O céu e a terra não passarão,
enquanto não se cumprir até o último jota”, Jesus quis dizer que era necessário
que a lei de Deus fosse cumprida, ou seja, que fosse praticada sobre toda a
terra, em toda a sua pureza, com todos os seus desenvolvimentos e todas as suas
conseqüências. Pois de que serviria estabelecer essa lei, se ela tivesse de
ficar como privilégio de alguns homens ou mesmo de um só povo? Todos os homens,
sendo filhos de Deus, são, sem distinções, objetos da mesma solicitude.
4 – Mas o papel de Jesus não foi simplesmente o de um
legislador moralista, sem outra autoridade que a sua palavra. Ele veio cumprir
as profecias que haviam anunciado o seu advento. Sua autoridade decorria da
natureza excepcional do seu Espírito e da natureza divina da sua missão. Ele
veio ensinar aos homens que a verdadeira vida não está na Terra, mas no Reino
dos Céus, ensinar-lhes o caminho que os conduz até lá, os meios de se
reconciliarem com Deus, e os advertir sobre a marcha das coisas futuras, para o
cumprimento dos destinos humanos. Não obstante, ele não disse tudo, e sobre
muitos pontos limitou-se a lançar o germe de verdades que ele mesmo declarou
não poderem ser então compreendidas. Falou de tudo, mas em termos mais ou menos
claros, de maneira que, para entender o sentido oculto de certas palavras, era
preciso que novas idéias e novos conhecimentos viessem dar-nos a chave. Essas
idéias não podiam surgir antes de um certo grau de amadurecimento do espírito
humano. A ciência devia contribuir poderosamente para o aparecimento e o
desenvolvimento dessas idéias. Era preciso, pois, dar tempo à ciência para
progredir.
O LIVRO DOS
ESPÍRITOS – QUESTÃO 625
Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao
homem, para lhe servir de guia e modelo?
- “Jesus.”
Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a
que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito
modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da Lei do Senhor, porque,
sendo Ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito divino o
animava.
Quanto aos que, pretendendo instruir o homem na Lei de
Deus, o têm transviado, ensinando-lhe falsos princípios, isso aconteceu por
haverem deixado que os dominassem sentimentos demasiado terrenos e por terem
confundido as leis que regulam as condições da vida da alma, com as que regem a
vida do corpo. Muitos hão apresentado como leis divinas simples leis humanas
estatuídas para servir às paixões e dominar os homens.
TEXTOS DE APOIO
NA PRESENÇA DO
CRISTO
“Em verdade vos digo que o Cia e a Terra não passarão sem
que tudo o que se acha na lei esteja perfeitamente cumprido, enquanto reste um único iota e um
único ponto.” Jesus (Mateus, 5:18)
“O Cristo foi o Iniciador da mais pura, da mais sublime
moral, da moral evangélicoCristã, que há de renovar o
mundo, aproximar os homens e tornálos irmãos; que há de
fazer brotar de todos os corações a caridade
e o amor
do próximo e estabelecer entre os humanos uma solidariedade comum; de
uma perfeita moral, enfim, que há de transformar a Terra, tornandoa morada de
Espíritos superiores aos que
hoje a habitam.”(Cap. 1, item: 9)
A ciência dos homens vem liquidando todos os problemas,
alusivos ao reconforto da Humanidade. Observou a escravidão do homem pelo
próprio homem e dignificou o trabalho, através de leis compassivas e justas.
Reconheceu o martírio social da mulher que as civilizações mantinham em
multimilenário regime de cativeiro e conferiulhe acesso às universidades e
profissões. Inventariou os desastres morais do analfabetismo e criou a grande imprensa.
Viu que a criatura
humana tombava prematuramente na morte, esmagada em atividade excessiva pela
própria sustentação e deulhe a força motriz.
Examinou o insulamento dos cegos e administroulhes
instrução adequada.
Catalogou os
delinqüentes por enfermos transformou
prisões em penitenciárias
escolas.
Comoveuse, diante das moléstias contagiosas, e
fabricou a vacina.
Emocionouse, perante os feridos e doentes desesperados,
e inventou a anestesia.
Anotou os prejuízos da solidão e construiu máquinas poderosas que interligassem os
continentes.
Analisou o desentendimento sistemático que oprimia as
nações e ofereceu lhes o livro e o telegrafo, o rádio e a televisão que as
aproxima na direção de um mundo só.
Entretanto, os vencidos da, angústia aglomeramse na
Terra de hoje como enxameavam na Terra de ontem... Articulamse todas as formas
e despontam de todas as direções.
Perderam o emprego, que lhes garantia a estabilidade
familiar e desorientamse abatidos,
À procura de pão, foram despejados de teto, hipotecado a
solução de constringentes necessidades e vagueiam sem rumo.
Encontramse despojados de esperança pela deserção dos
afetos mais caros e abeiramse do suicídio.
Caíram em perigosos conflitos da consciência e aguardam
leve sorriso que os reconforte.
Envelheceram sacrificados pelas exigências de filhos
queridos que lhes renegaram a convivência nos dias da provação e amargam doloroso
abandono.
Adoeceram gravemente e viramse transferidos da equipe
domestica para os azares da mendicância. Transviaramse no pretérito e renasceram, trazendo no próprio
corpo os sinais aflitivos das culpas que resgatam, pedindo cooperação.
Despediram se dos
que mais amavam no frio portal do túmulo e carregam os últimos sonhos da
existência cadaverizados agora no esquife do próprio
peito.
Abraçaram tarefas de bondade e ternura e são mulheres
supliciadas de fadiga e de pranto, conduzindo os filhinhos que alimentam à
custa das próprias lágrimas.
Gemem, discretos, e surgem na forma de crianças,
desprezadas, à maneira de flores que a ventania quebrou, desapiedada, no
instante do amanhecer.
Para eles, os que tombaram no sofrimento moral, a ciência
dos homens não dispõe de recursos.
É por isso que Jesus, ao reunilos em multidão, no tope do monte, desfraldou a bandeira da caridade e, proclamando as
bemaventuranças eternas, nolos entregou por filhos do coração...
Companheiro da Terra quando estendes uma palavra
consoladora ou um abraço fraterno, uma
gota de bálsamo ou uma concha de sopa,
aliviando os que choram, estás diante deles, na presença do Cristo, com quem
aprendemos que o único remédio capaz de
curar as angústias da vida nasce do
amor, que derrama, sublime, da ciência de Deus
LIVRO DE ESPERANÇA – EMMANUEL - FCXAVIER
JESUS E A RELIGIÃO
—
Com Jesus, no entanto, a religião, como sistema
educativo, alcança eminência inimaginável.
Nem templos de pedra, nem rituais.
Nem hierarquias efêmeras, nem avanço ao poder humano.
O Mestre desaferrolha as arcas do conhecimento enobrecido
e distribui-lhe os tesouros. Dirige-se aos homens simples de coração, curvados
para a gleba do sofrimento e ergue-lhes a cabeça trêmula para o Céu.
Aproxima-se de quantos desconhecem a sublimidade dos próprios destinos e
assopra-lhes a verdade, vazada em amor, para que o sol da esperança lhes
renasça no ser. Abraça os deserdados e fala-lhes da Providência Infinita.
Reúne, em torno de sua glória que a humildade escondia, os velhos e os doentes,
os cansados e os tristes, os pobres e os oprimidos, as mães sofredoras e as
crianças abandonadas e entrega-lhes as bem-aventuranças celestes. Ensina que a
felicidade não pode nascer das posses efêmeras que se transferem de mão em mão,
e sim da caridade e do entendimento, da modéstia e do trabalho, da tolerância e
do perdão. Afirma-lhes que a Casa de Deus está constituída por muitas moradas,
nos mundos que enxameiam o firmamento, e que o homem deve nascer de novo para
progredir na direção da Sabedoria Divina. Proclama que a morte não existe e que
a Criação é beleza e segurança, alegria e vitória em plena imortalidade.
Pelas revelações com que vence a superstição e o crime, a
violência e a perversidade, paga na cruz o imposto de extremo sacrifício aos
preconceitos humanos que lhe não perdoam a soberana grandeza, mas, reaparecendo
redivivo, para a mesma Humanidade que o escarnecera e crucificara,
desvenda-lhe, em novo cântico de humildade, a excelsitude da vida eterna.
REVIVESCÊNCIA DO
CRISTIANISMO —
Erige-se, desde então, o Evangelho em código de harmonia,
inspirando o devotamento ao bem de todos até o sacrifício voluntário, a
fraternidade viva, o serviço infatigável aos semelhantes e o perdão sem
limites.
Iniciam-se em todo o orbe imensas alterações. A crueldade
metódica cede lugar à compaixão. Os troféus sanguinolentos da guerra desertam
dos santuários. A escravidão de homens livres é sacudida nos fundamentos para
que se anule de vez. Levanta-se a mulher da condição de alimária para a
dignidade humana. A filosofia e a ciência admitem a caridade no governo dos
povos. O ideal da solidariedade pura começa a fulgir sobre a fronte do mundo.
Moisés instalara o princípio da justiça, coordenando a
vida e influenciando-a de fora para dentro.
Jesus inaugurou na Terra o princípio do amor, a
exteriorizar-se do coração, de dentro para fora, traçando-lhe a rota para Deus.
E eis que o Cristianismo grandioso e simples ressurge
agora no Espiritismo, induzindo-nos à sublimação da vida íntima, para que nossa
alma se liberte da sombra que a densifica, encaminhando-se, renovada, para as
culminâncias da Luz.
Pedro Leopoldo, 13/4/58.
(9) Para mais amplo esclarecimento do assunto,
aconselhamos ao leitor breve consulta ao Cap. III do livro “A Caminho da Luz”,
de autoria do Espírito Emmanuel e recebido mediunicamente por Francisco Cindido
Xavier. – (Nota da Editora.).
Livro “Evolução em Dois mundos” Psicografia: Francisco
Cândido Xavier e Waldo Vieira. Autor André Luiz.
JESUS
Com o nascimento de Jesus, há como que uma comunhão
direta do Céu com a Terra. Estranhas e admiráveis revelações perfumam as almas
e o Enviado oferece aos seres humanos toda a grandeza do seu amor, da sua
sabedoria e da sua misericórdia.
Aos corações abre-se nova torrente de esperanças e a
Humanidade, na Manjedoura, no Tabor e no Calvário, sente as manifestações da
vida celeste, sublime em sua gloriosa espiritualidade.
Com o tesouro dos seus exemplos e das suas palavras,
deixa o Mestre entre os homens a sua Boa Nova. O Evangelho do Cristo é o
transunto de todas as filosofias que procuram aprimorar o espírito,
norteando-lhe a vida e as aspirações.
Jesus foi a manifestação do amor de Deus, a personificação
de sua bondade infinita.
O EVANGELHO E O
FUTURO
Raças e povos ainda existem, que o desconhecem, porém não
ignoram a lei de amor da sua doutrina, porque todos os homens receberam, nas
mais remotas plagas do orbe, as irradiações do seu espírito misericordioso,
através das palavras inspiradas dos seus mensageiros.
O Evangelho do Divino Mestre ainda encontrará, por algum
tempo, a resistência das trevas. A má-fé, a ignorância, a simonia, o império da
força conspiração contra ele, mas tempo virá em que a sua ascendência será
reconhecida. Nos dias de flagelo e de provações coletivas, é para a sua luz
eterna que a Humanidade se voltará, tomada de esperança. Então, novamente se
ouvirão as palavras benditas do Sermão da Montanha e, através das planícies,
dos montes e dos vales, o homem conhecerá o caminho, a verdade, a vida.
Fonte: Livro “EMMANUEL” – Psicografia Chico Xavier –
Espírito Emmanuel
A VINDA
DE JESUS
A MANJEDOURA
A manjedoura assinalava o ponto inicial da lição
salvadora do Cristo, como a dizer que a humildade representa a chave de todas
as virtudes.
Começava a era definitiva da maioridade espiritual da
Humanidade terrestre, de vez que Jesus, com a sua exemplificação divina,
entregaria o código da fraternidade e do amor a todos os corações.
Debalde os escritores materialistas de todos os tempos
vulgarizaram o grande acontecimento, ironizando os altos fenômenos mediúnicos
que o precederam. As figuras de Simeão, Ana, Isabel, João Batista, José, bem
como a personalidade sublimada de Maria, têm sido muitas vezes objeto de
observações injustas e maliciosas; mas a realidade é que somente com o concurso
daqueles mensageiros da Boa Nova, portadores da contribuição de fervor, crença
e vida, poderia Jesus lançar na Terra os fundamentos da verdade inabalável.
Livro: A Caminho da Luz Médium: Francisco Cândido Xavier
Espírito: Emmanuel
O CRISTO E OS
ESSÊNIOS
Muitos séculos depois da sua exemplificação
incompreendida, há quem o veja entre os essênios, aprendendo as suas doutrinas,
antes do seu messianismo de amor e de redenção. As próprias esferas mais
próximas da Terra, que pela força das circunstâncias se acercam mais das
controvérsias dos homens que do sincero aprendizado dos espíritos estudiosos e
desprendidos do orbe, refletem as opiniões contraditórias da Humanidade, a
respeito do Salvador de todas as criaturas.
O Mestre, porém, não obstante a elevada cultura das
escolas essênias, não necessitou da sua contribuição. Desde os seus primeiros
dias na Terra, mostrou-se tal qual era, com a superioridade que o planeta lhe
conheceu desde os tempos longínquos do princípio.
Livro: A Caminho
da Luz Médium: Francisco Cândido Xavier Espírito: Emmanuel
CUMPRIMENTO DAS
PROFECIAS DE ISRAEL
Do seu divino apostolado nada nos compete dizer em
acréscimo das tradições que a cultura evangélica apresentou em todos os séculos
posteriores à sua vinda à Terra, reafirmando, todavia, que a sua lição de amor
e de humildade foi única em todos os tempos da Humanidade.
Dele asseveraram os profetas de Israel, muito tempo antes
da manjedoura e do calvário: - "Levantar-se-á como um arbusto verde,
vivendo na ingratidão de um solo árido, onde não haverá graça nem beleza. Carregado
de opróbrios e desprezado dos homens, todos lhe voltarão o rosto. Coberto de
ignomínias, não merecerá consideração. É que Ele carregará o fardo pesado de
nossas culpas e de nossos sofrimentos, tomando sobre si todas as nossas dores.
Presumireis na sua figura um homem vergando ao peso da cólera de Deus, mas
serão os nossos pecados que o cobrirão de chagas sanguinolentas e as suas
feridas hão de ser a nossa redenção. Somos um imenso rebanho desgarrado, mas,
para nos reunir no caminho de Deus, Ele sofrerá o peso das nossas iniqüidades.
Humilhado e ferido, não soltará o mais leve queixume, deixando-se conduzir como
um cordeiro ao sacrifício. O seu túmulo passará como o de um malvado e a sua
morte como a de um ímpio.
Mas, desde o momento em que oferecer a sua vida, verá
nascer uma posteridade e os interesses de Deus hão de prosperar nas suas
mãos."
Livro: A Caminho
da Luz Médium: Francisco Cândido Xavier Espírito: Emmanuel
A GRANDE LIÇÃO
Sim, o mundo era um imenso rebanho desgarrado. Cada povo
fazia da religião uma nova fonte de vaidades, salientando-se que muitos cultos
religiosos do Oriente caminhavam para o terreno franco da dissolução e da
imoralidade; mas o Cristo vinha trazer ao mundo os fundamentos eternos da
verdade e do amor. Sua palavra, mansa e generosa, reunia todos os infortunados
e todos os pecadores. Escolheu os ambientes mais pobres e mais desataviados
para viver a intensidade de suas lições sublimes, mostrando aos homens que a
verdade dispensava o cenário suntuoso dos areópagos, dos fóruns e dos templos,
para fazer-se ouvir na sua misteriosa beleza. Suas pregações, na praça pública,
verificam-se a propósito dos seres mais desprotegidos e desclassificados, como
a demonstrar que a sua palavra vinha reunir todas as criaturas na mesma
vibração de fraternidade e na mesma estrada luminosa do amor. Combateu
pacificamente todas as violências oficiais do judaísmo, renovando a Lei Antiga
com a doutrina do esclarecimento, da tolerância e do perdão. Espalhou as mais
claras visões da vida imortal, ensinando às criaturas terrestres que existe
algo superior às pátrias, às bandeiras, ao sangue e às leis humanas. Sua
palavra profunda, enérgica e misericordiosa, refundiu todas as filosofias, aclarou
o caminho das ciências e já teria irmanado todas as religiões da Terra, se a
impiedade dos homens não fizesse valer o peso da iniqüidade na balança da
redenção.
Livro: A Caminho
da Luz Médium: Francisco Cândido Xavier Espírito: Emmanuel
A PALAVRA DIVINA
Não nos compete fornecer uma nova interpretação das
palavras eternas do Cristo, nos Evangelhos. Semelhante interpretação está feita
por quase todas as escolas religiosas do mundo, competindo apenas às suas
comunidades e aos seus adeptos a observação do ensino imortal, aplicando-a a si
próprios, no mecanismo da vida de relação, de modo que se verifique a renovação
geral, na sublime exemplificação, porque, se a manjedoura e a cruz constituem
ensinamento inolvidável, muito mais devem representar, para nós outros, os
exemplos do Divino Mestre, no seu trato com as vicissitudes da vida terrestre.
De suas lições inesquecíveis, decorrem conseqüências para
todos os departamentos da existência planetária, no sentido de se renovarem os
institutos sociais e políticos da Humanidade, com a transformação moral dos
homens dentro de uma nova era de justiça econômica e de concórdia universal.
Pode parecer que as conquistas do verdadeiro Cristianismo
sejam ainda remotas, em face das doutrinas imperialistas da atualidade, mas é
preciso reconhecer que dois mil anos já dobaram sobre a palavra divina. Dois
mil anos em que os homens se estraçalharam em seu nome, inventando bandeiras de
separatividade e destruição. Incendiaram e trucidaram, em nome dos seus ensinos
de perdão e de amor, massacrando esperanças em todos os corações. Contudo, o
século que passa deve assinalar uma transformação visceral nos departamentos da
vida. A dor completará as obras generosas da verdade cristã, porque os homens
repeliram o amor em suas cogitações de progresso.
Livro: A Caminho
da Luz Médium: Francisco Cândido Xavier Espírito: Emmanuel
CREPÚSCULO DE UMA
CIVILIZAÇÃO
Uma nuvem de fumo vem-se formando, há muito tempo, nos
horizontes da Terra cheia de indústrias de morte e destruição. Todos os países
são convocados a conferirem os valores da maturação espiritual da Humanidade,
verificada no orbe há dois milênios. O progresso científico dos povos e as suas
mais nobres e generosas conquistas são reclamados pelo banquete do morticínio e
da ambição, e, enquanto a política do mundo se sente manietada ante os
dolorosos fenômenos do século, registram-se nos espaços novas atividades de
trabalho, porque a direção da Terra está nas mãos misericordiosas e augustas do
Cordeiro.
Livro: A Caminho
da Luz Médium: Francisco Cândido Xavier Espírito: Emmanuel
O EXEMPLO DO
CRISTO
Sem nos referirmos, porém, aos problemas da política
transitória do mundo, lembremos, ainda, que a lição do Cristo ficou para sempre
na Terra, como o tesouro de todos os infortunados e de todos os desvalidos. Sua
palavra construiu a fé nas almas humanas, fazendo-lhes entrever os seus
gloriosos destinos. Haja necessidade e tornaremos a ver a crença e a esperança
reunindo-se em novas catacumbas romanas, para reerguerem o sentido cristão da
civilização da Humanidade.
É, muitas vezes, nos corações humildes e aflitos que
vamos encontrar a divina palavra cantando o hino maravilhoso dos bem-aventurados.
E, para fechar este capítulo, lembrando a influência do
Divino Mestre em todos os corações sofredores da Terra, recordemos o episódio
do monge de Manilha, que, acusado de tramar a liberdade de sua pátria contra o
jugo dos espanhóis, é condenado à morte e conduzido ao cadafalso.
No instante do suplício, soluça desesperadamente o mísero
condenado - "Como, pois, será possível que eu morra assim inocente? Onde
está a justiça? Que fiz eu para merecer tão horrendo suplício?"
Mas um companheiro corre ao seu encontro e murmura-lhe
aos ouvidos: - "Jesus também era inocente!..."
Passa, então, pelos olhos da vítima, um clarão de
misteriosa beleza. Secam-se as lágrimas e a serenidade lhe volta ao semblante
macerado, e, quando o carrasco lhe pede perdão, antes de apertar o parafuso
sinistro, ei-lo que responde resignado: - "Meu filho, não só te perdôo
como ainda te peço cumpras o teu dever."
Livro: A Caminho da Luz Médium: Francisco Cândido Xavier
Espírito: Emmanuel
CRISTO EM NÓS
Civilizações numerosas passaram sobre a Terra, deixando
na retaguarda, com algumas réstias de luz, túmulos imponentes e ruínas
fumegantes... Civilizações em que nossos próprios espíritos, usando formas
inumeráveis, muitas vezes, desceram a precipícios de violência...
Do cântico selvagem do homem primitivo à sabedoria dos
faraós, e, do Egito multimilenário a nós outros, a cultura intelectual, com as
indagações filosóficas e com as experimentações científicas, com as
interpretações religiosas e com as aventuras bíblicas, exercitou, de mil modos,
as nossas faculdades mentais, transformando-nos o instinto em inteligência, a
inteligência em razão e a razão em conhecimento superior, dentro do qual porém,
a animalidade sempre induziu-nos à conquista da ilusão e da posse efêmera...
Cristo, porém, é a Lei Divina que nos reclama a níveis
mais altos, é a soma das qualidades edificantes com que nos compete escalar os
cimos da evolução a que nos destinamos.
É por isso, que o Cristianismo redivivo, é luz com que
nos cabe inflamar os próprios corações, fonte com que nos compete dessedentar a
vida sequiosa de renovação e de paz em derredor de nós mesmos.
Entronizemos o Senhor no templo da própria alma para que
o serviço da Boa Nova, começando por nós mesmos, se nos irradie das atitudes e
pensamentos, palavras e ações, criando áreas vivas de compreensão e de trabalho
edificante, nas quais possamos plasmar o abençoado caminho para a Nova Era.
Nosso problema vital, desse modo, não será a teorização
sobre os tempos novos, mas sim o da tradução do Evangelho em nós para que nos
renovemos, construindo a Vida Melhor.
Quando instalarmos o Divino Inspirador em nossa própria
vida, materializando-lhe os ensinamentos à frente uns dos outros, o Reino de
Deus brilhará, em nós, gerando felicidade e enaltecendo a vida.
Livro: Abrigo de
Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel
O IRMÃO DE JESUS
O irmão de Jesus é todo aquele que simplifica a
existência pelo padrão da manjedoura de Belém ou pela carpintaria de Nazaré,
honrando a humildade e o trabalho; que serve, com a mesma despreocupação pela
recompensa imediata com que o Divino Amigo amparou a humanidade inteira; que ajuda,
perdoando tantas vezes quantas forem necessárias, compreendendo, pelos métodos
do Senhor, que ninguém pode trair a Lei, no tempo e na conseqüência, na
evolução ou no mérito individual; que ensina, com as demonstrações do exemplo,
no mesmo critério por Ele adotado, à frente da multidão; que ama e se sacrifica
pelo bem de todos, dentro das mesmas medidas de renúncia, através das quais o
Celeste Embaixador aceitou, sem revolta, o supremo testemunho na cruz.
Sem essas características, na posição em que nos
movimentamos perante o próximo, somos devedores, beneficiários, aprendizes,
seguidores ou verdugos d'Ele, que ainda não passamos de candidatos ao título de
irmãos do Senhor, na romagem dos séculos sem fim...
André Luiz Psicografia: Francisco Cândido Xavier Livro:
Cartas do Coração
CARIDADE EM JESUS
Recorda a caridade, a irradiar-se em bênçãos do excelso
amor de Cristo, para que te não faltem compreensão e força, no culto edificante
à caridade humana.
Enjeitado no frio, pelas próprias criaturas a quem vinha
trazer a luz da redenção, não vacila acolher-se à mangedoura pobre em extrema
renúncia.
Atendendo aos enfermos de todos os matizes não lhes nega
assistência, dando-lhes alegria e equilíbrio, movimento e visão.
Procurando por mestres e pescadores simples, insufla-lhes
no ser a luz da verdade, habilitando-os todos para a Vida Maior.
Ante a aflição da turba que o seguia, irrequieta,
multiplica o alimento que lhe sossegue a fome.
Entre o insulto dos maus e a deserção dos bons, sabe
entregar-se, em paz, sem mesmo justiçar-se.
Preterido em juízo por todo malfeitor, não se desmanda em
queixa.
E, conduzindo à morte, sob golpes, na cruz, longe de
reprovar, condenar ou ferir, ergue oração sincera à Eterna Providência,
suplicando perdão para os próprios algozes.
A caridade fora-lhe a companheira em todos os
instantes...
Contudo, além do túmulo, ei-lo que volta, humilde,
estendendo as mãos nobres e o coração celeste àqueles mesmos homens que O
haviam deixado em supremo abandono, exclamando, sem mágoa: - “Em verdade
convosco estarei para sempre, até o fim dos séculos!...”.
À vista disso, no caminho, lembra-te sempre de que a
caridade pura – a que vence feliz – é sempre o amor perfeito a esquecer todo
mal e a olvidar toda sombra, para somente amar, redimir e auxiliar, na contínua
extensão do bem, a se converter em luz.
Emmanuel - Da Obra Confia E Segue – Emmanuel – Médium:
Francisco Cândido Xavier
POSSES DEFINITIVAS
“Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância.” —
Jesus. (JOÃO, capítulo 10, versículo 10.)
Se a paz da criatura não consiste na abundância do que
possui na Terra, depende da abundância de valores definitivos de que a alma é
possuída.
Em razão disso, o Divino Mestre veio até nós para que
sejamos portadores de vida transbordante, repleta de luz, amor e eternidade.
Em favor de nós mesmos, jamais deveríamos esquecer os
dons substanciais a serem amealhados em nosso próprio espírito.
No jogo de forças exteriores jamais encontraremos a
iluminação necessária.
Maravilhosa é a primavera terrena, mas o inverno virá
depois dela.
A mocidade do corpo é fase de embriagantes prazeres; no
entanto, a velhice não tardará.
O vaso físico mais íntegro e harmonioso experimentará, um
dia, a enfermidade ou a morte.
Toda a manifestação de existência na Terra é processo de
transformação permanente.
É imprescindível construir o castelo interior, de onde
possamos erguer sentimentos aos campos mais altos da vida.
Encheu-nos Jesus de sua presença sublime, não para que
possuamos facilidades efêmeras, mas para sermos possuídos pelas riquezas
imperecíveis; não para que nos cerquemos de favores externos e, sim, para
concentrarmos em nós as aquisições definitivas.
Sejamos portadores da vida imortal.
Não nos visitou o Cristo, como doador de benefícios
vulgares.
Veio ligar-nos a lâmpada do coração à usina do Amor de
Deus, convertendo-nos em luzes inextinguíveis.
Emmanuel - Do livro Caminho Verdade e Vida. Psicografia
de Francisco Cândido Xavier.
A LIÇÃO DA VIGILÂNCIA
Aproximando-se o termo de sua passagem pelos caminhos da
Terra, reuniu Jesus os doze discípulos, com o fim de lhes consolidar nos
corações os santificados princípios de sua doutrina de redenção.
Naquele crepúsculo de ouro, por feliz coincidência, todos
se achavam em Cesaréia do Felipe, onde a paisagem maravilhosa descansava sob as
bênçãos do céu.
Jesus fitou serenamente os companheiros e, ao cabo de
longa conversação, em que lhes falara confidencialmente dos serviços grandiosos
do futuro, perguntou com afetuoso interesse:
– E que dizem os homens a meu respeito? De alguma sorte,
terão compreendido a substância de minhas pregações?!...
João respondeu que seus amigos o tinham na conta de
Elias, que regressara ao cenário do mundo depois de se haver elevado ao céu num
carro flamejante; Simão, o Zelota, relatou os dizeres de alguns habitantes de
Tiberíades, que acreditavam ser o Mestre o mesmo João Batista ressuscitado;
Tiago, filho de Cléofas, contou o que ouvira dos judeus na Sinagoga, os quais
presumiam no Senhor o profeta Jeremias.
Jesus escutou-lhes as observações com o habitual carinho
e inquiriu:
– Os homens se dividem nas suas opiniões; mas, vós, os
que tendes comungado comigo a todos os instantes, quem dizeis que eu sou?
Certa perplexidade abalou a pequena assembléia; Simão
Pedro, porém, deixando perceber que estava impulsionado por uma energia
superior, exclamou, comovidamente;
Tu és o Cristo, o Salvador, o Filho de Deus Vivo.
– Bem-aventurado sejas tu, Simão – disse-lhe Jesus,
envolvendo-o num amoroso sorriso –porque não foi a carne que te revelou estas
verdades, mas meu Pai que está nos céus. Neste momento, entregaste a Deus o
coração e falaste a sua voz. Bendito sejas, pois começam a edificar no espírito
a fonte da fé viva. Sobre essa fé, edificarei a minha doutrina de paz e
esperança, porque contra ela jamais prevalecerão os enganos desastrosos do
mundo.
Enquanto Simão sorria confortado com o que considerava um
triunfo espiritual, o Mestre prosseguiu, esclarecendo a comunidade quanto a,
revelação divina, no santuário interior do espírito do homem, sobre cuja
grandeza desconhecida o Cristianismo assentaria suas bases no futuro.
***
No mesmo instante, preparando os companheiros para os
acontecimentos próximos, o Messias continuou, dizendo :
– Amados, importa que eu vos esclareça o coração, afim de
que as horas tormentosas que se aproximam não cheguem a vos confundir o
entendimento. Através da palavra de Simão, tivestes a claridade reveladora.
Cumprindo as profecias da Escritura, sou aquele Pastor que vem a Israel com o
propósito de reunir as ovelhas tresmalhadas do imenso rebanho. Venho buscar as
dracmas perdidas do tesouro de Nosso Pai. E qual o pegureiro que não dá
testemunho de sua tarefa ao dono do redil?
É indispensável, pois, que eu sofra. Não tardará muito o
escândalo que me há de envolver em suas malhas. Faz-se mister o cumprimento da
palavra doa grandes instrutores da revelação dos céus, que me precederam no
caminho!... Está escrito que eu padeça, e não fugirei ao testemunho.
Havendo pequena pausa na sua alocução, Felipe
aproveitou-a para interrogar, emocionado :
Mestre, como pode ser isso, se sois o modelo supremo da
bondade? O sofrimento será, então, o prêmio as vossas obras de amor e
sacrifício?
Jesus, no entanto, sem trair a serenidade do seu sentimento,
retrucou :
– Vim ao mundo para o bom trabalho e não posso ter outra
vontade, senão a que corresponda aos sábios desígnios d’Aquele que me enviou.
Além de tudo, minha ação se dirige aos que estão escravizados, no cativeiro do
sofrimento, do pecado, da expiação. Instituindo, na Terra, a luta perene contra
o mal, tenho de dar o legítimo testemunho dos meus esforços. Na consideração de
meus trabalhos, necessitamos ponderar que as palavras dos ensinos somente são
justas, quando seladas com a plena demonstração dos valores íntimos. Acreditais
que um náufrago pudesse sentir o conforto de um companheiro que apenas se
limitasse a dirigir-lhe a voz amiga, lá da praia, em segurança? Para salvá-la,
será indispensável ensinar-lhe o melhor caminho de livrar-se da voragem
destruidora, nunca tão só com exortações, mas, atirando-se igualmente, às
ondas, partilhando dos mesmos perigos e sofrimentos. O fardo que sobrecarrega
os ombros de um amigo será sempre mais agravado em seu peso, se nos pomos a
examiná-la, muitas vezes guiados por observações inoportunas ; ele, entretanto,
se tornará suave e leve para aquele a quem amamos, se o tomarmos com os nossos
esforços sinceros, ensinando-lhe como se pode atenuar-lhe o peso, nas curvas do
caminho.
Os apóstolos entreolharam-se surpresos e o Messias
continuou :
– Não espereis por triunfos, que não os teremos sobre a
Terra de agora. Nosso reino ainda não é, nem pode ser, deste mundo... Por essa
razão, em breves dias, não obstante as minhas aparentes vitórias, entrarei em
Jerusalém para sofrer as mais penosas humilhações. Os príncipes dos Sacerdotes
me coroarão a, fronte com suprema ironia, serei arrastado pela turba como um
simples ladrão! cuspirão nas minhas faces, dar-me-ão fel e vinagre, quando manifestar
sede, para que se cumpram as Escrituras; experimentarei as angústias mais
dolorosas, mas sentirei, em tôdas as circunstâncias, o amparo d’Aquele que me
enviou!... Nos derradeiros e mais difíceis testemunhos, terei meu espírito
voltado para o meu amor e conquistarei com o sofrimento a vitória sagrada,
porque ensinarei aos menos fortes a, passagem pela porta estreita da redenção,
revelando a cada criatura que sofre o que é preciso fazer, afim de atravessar
as sendas do mundo, demandando as cidade eternas do plano espiritual.
O Mestre calou-se comovido. A pequena assembléia deixava
transparecer sua surpresa indefinível, sem compreender a amplitude das
advertências divinas.
Foi aí que Simão Pedro, modificando a atitude mental do
primeiro momento e deixando-se conduzir na esteira das concepções falíveis do
seu sentimento de homem, aproximou-se do Messias e lhe falou em particular :
– Mestre, convém não exagerardes as vossas palavras. Não
podemos acreditar que tereis de sofrer semelhantes martírios... Onde estaria
Deus, então, com a justiça dos céus? Os fato que nos deixais entrever viriam
demonstrar que o Pai não é tão justo!...
– Pedro, retira estas palavras! – exclamou Jesus, com
serenidade enérgica – Queres também tentar-me, como os adversários do Evangelho?
Será que também tu não me entendes, compreendendo somente as coisas dos homens,
longe das revelações de Deus?! Aparta-te de mim, pois, neste instante, falas
pelo espírito do mal!...
Verificando que o pescador se emocionara até às lágrimas,
o Mestre preparou-se para a retirado, e disse aos companheiros :
Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome
a sua cruz e siga os meus passos.
***
No dia seguinte, a pequena comunidade se punha a caminho,
vivamente impressionada com as revelações da véspera. Simão seguia humilde e
cabisbaixo. Não conseguia compreender porque motivo fora Jesus tão severo para
com ele. Em verdade, ponderara melhor suas expressões irrefletidas e
reconhecera que o Mestre lhe perdoara, pois observava que eram sinceros o sorriso
e o olhar passivo que o envolviam numa alegria nova. Mais sem poder sopitar
suas emoções, o velho discípulo aproximou-se novamente de Jesus e interrogou :
– Mestre, por que razão me mandastes retirar as palavras
em que vos demonstrei o meu zelo de discípulo sincero? Alguma minutos antes,
não havíeis afirmado que eu trazia aos companheiros a inspiração de Deus? Por
que motivo, logo após, me designáveis como intérprete dos inimigos da luz?
– Simão – respondeu o Messias, bondosamente – ainda não
apreciaste toda a extensão da necessidade de vigilância. A criatura na Terra
precisa aproveitar tôdas as oportunidades de iluminação interior, em sua marcha
para Deus. Vigia o teu espírito ao longo do caminho. Basta um pensamento de
amor para que te eleveis ao céu; mas, na jornada do mundo, também basta, às
vezes, uma palavra fútil ou uma consideração menos digna, para que a alma do
homem seja conduzida ao campo do estacionamento e do desespero das trevas, por
sua própria imprevidência! Nesse terreno, Pedro, o discípulo do Evangelho terá
sempre imenso trabalho a realizar, porque, pelo Reino de Deus, é preciso
resistir às tentações dos entes mais amados na Terra, os quais, embora ocupando
o nosso coração, ainda não podem entender as conquistas santificadas do céu.
Acabando o Cristo de falar, Simão Pedro calou-se e passou
a meditar.
Irmão X - Humberto de Campos - Do livro “Boa Nova”.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
A MULHER E A RESSURREIÇÃO
As águas alegres do Tiberíades se aquietavam, de manso, como
tocadas por uma força invisível da Natureza, quando a barca de Simão,
conduzindo o Senhor, atingiu docemente a praia.
O velho apóstolo, abandonando os remos, deixava
transparecer nos traces fisionômicos as emoções contraditórias de sua alma,
enquanto Jesus o observava, adivinhando-lhe os pensamentos mais recônditos.
– Que tens tu, Simão? – Perguntou o Mestre; com o seu
olhar penetrante e amigo.
Surpreendido com a palavra do Senhor, o velho Cefas deu,
por um gesto, a perceber os seus receios e as suas apreensões, como se
encontrasse dificuldade em esquecer totalmente a lei antiga, para penetrar os
umbrais da idéia nova, no seu caminho largo de amor, de luz e de esperança.
– Mestre – respondeu, com timidez – a lei que nos rege
manda lapidar a mulher que perverteu a sua existência.
Conhecendo, por antecipação, o pensamento do pescador e
observando os seus escrúpulos em lhe atirar uma leve advertência, Jesus lhe
respondeu com brandura :
– Quase sempre, Simão, não é a mulher que se perverte a
si m.esmos ; é o homem quem lhe destrói a vida.
– Entretanto – tornou o apóstolo, respeitosamente – os
nossos legisladores sempre ordenaram severidade e rispidez para com as
decaídas.
Observando os nossos costumes, Senhor, é que temo por
vós, acolhendo tantas meretrizes e mulheres de má vida, nas pregações do
Tiberíades...
– Nada temas por mim, Simão, porque eu venho de meu Pai e
não devo ter outra vontade, a não ser a de cumprir os seus desígnios sábios e
misericordiosos.
Assim falou o Mestre, cheio de bondade, e, espraiando o
olhar compassivo sobre as águas, levemente encrespadas pelo beijo dos ventos do
crepúsculo, continuou, num misto de energia e doçura :
– Mas, ouve, Pedro! A lei antiga manda apedrejar a mulher
que foi pervertida e desamparada pelos homens ; entretanto, também determina
que amemos aos nossos semelhantes, como a nós mesmos. E o meu destino é o
cumprimento da lei, pelo amor mais sublime sobre a Terra. Poderíamos culpar a
fonte, quando um animal lhe polui as águas? De acordo com a lei, devemos amar a
uma e a outro, seja pela expressão de sua ignorância, seja peia de seus
sofrimentos. E o homem é sempre fraco e a mulher sempre sofredora!...
O velho pescador recebia a exortação com um brilho novo
nos olhos, como se fora tocado nas fibras mais íntimas do seu espírito.
– Mestre – retrucou, altamente surpreendido – vossa
palavra é a da revelação divina. Quereis dizer, então, que a mulher é superior
ao homem, na sua missão terrestre?
– Uma e outro são iguais perante Deus – esclareceu o
Cristo, amorosamente – e as tarefas de ambos se equilibram no caminho da vida,
completando-se perfeitamente, para que haja, em tôdas as ocasiões, o mais santo
respeito mútuo. Precisamos considerar, todavia, que a mulher recebeu a sagrada
missão da vida. Tendo avançado mais do que o seu companheiro na estrada do
sentimento, está, por isso, mais perto de Deus que, muitas vezes, lhe toma o
coração por instrumento de suas mensagens, cheias de sabedoria e de misericórdia.
Em tôdas as realizações humanas, há sempre o fruto da ternura feminina,
levantando obras imperecíveis na edificação dos espíritos. Na história dos
homem, ficam somente os nomes dos políticos, dos filósofos e dos generais ;
mas, todos eles são filhos da grande heroína que passa, no silêncio,
desconhecida de todos, muita vez dilacerada nos seus sentimentos mais íntimos
ou exterminada nos sacrifícios mais pungentes. Mas, também Deus, Simão, passa
ignorado em tôdas as realizações do progresso humano e nós sabemos que o ruído
é próprio dos homens, enquanto que o silêncio é de Deus, síntese de toda a
verdade e de todo o amor.
“Por isso, as mulheres mais desventuradas ainda possuem
no coração o gérmen divino, para a redenção da humanidade inteira. Seu sentimento
de ternura e humildade será, em todos os tempos, o grande roteiro para a
iluminação do mundo, porque, sem o tesouro do sentimento, tôdas as obras da
razão humana podem parecer como um castelo de falsos esplendores.”
Simão Pedro ouvia o Mestre, tomado de profundo enlevo e
santificado fervor admirativo.
– Tendes razão, Senhor! – Murmurou, entre humilde e
satisfeito.
– Sim, Pedro, temos razão. – Replicou Jesus, com bondade.
– E será ainda à mulher que buscaremos confiar a missão mais sublime na
construção evangélica, dentro dos corações, no supremo esforço de iluminar o
mundo.
O apóstolo do Tiberíades ouvira as derradeiras palavras
do Divino Mestre, tomado de surpresa.
Conservou-se, no entanto, em silêncio, ante o sorriso
doce do Messias.
Muito distante, o último beijo do Sol punha um reflexo
dourado no leque móvel das águas, que as correntes claras do Jordão
enriqueciam. Simão Pedro, fatigado do labor diário, preparou-se para descansar,
com sua alma clareada pelas novas revelações da palavra do Senhor, as quais,
cheias de luz e de esperança divinas, dissipavam as obscuridades da lei de
Moisés.
***
Dois dias eram passados sobre o doloroso drama do
Calvário, em cuja cruz de inominável martírio se sacrificara o Mestre, pelo bem
de todos os homens. Penosa situação de dúvida reinava dentro da pequena
comunidade dos discípulos. Quase todos haviam vacilado na hora extrema. O
raciocínio frágil do homem lutava por compreender a finalidade daquele
sacrifício. Não era Jesus o poderoso Filho de Deus que consolara os tristes,
ressuscitara mortos, sarara enfermos de doenças incuráveis? Por que não
conjurara a traição de Judas com as suas forças sobrenaturais? Por que se
humilhara assim, sangrando de dor, nas ruas de Jerusalém, submetendo-se ao
ridículo e à zombaria? Então, o emissário do Pai Celestial deveria ser
crucificado entre dois ladrões!
Enquanto essas questões eram examinadas, de boca em boca,
a lembrança do Messias ficava relegada a plano inferior, olvidada a sua
exemplificação e a grandeza dos seus ensinamentos. O barco da fé não sobrara
inteiramente, porque ali estavam as lágrimas do coração materno, trespassado de
amarras.
O Messias redivivo, porém, observava a incompreensão de
seus discípulos, como o pastor que contempla o seu rebanho desarvorado.
Desejava fazer ouvida a sua palavra divina, dentro dos corações atormentados ;
mas, só a fé ardente e o ardente amor conseguem vencer os abismos de sombra
entre a Terra e o Céu. E todos os companheiros se deixavam abater pelas idéias
negativas.
Foi então, quando, na manhã do terceiro dia, a
ex-pecadora de Magdala se acercou do sepulcro com perfumes e flores. Queria,
ainda uma vez, aromatizar aquelas mãos inertes e frias ; queria, uma vez mais,
contemplar o Mestre adorado, para cobri-lo com o pranto do seu amor purificado
e ardoroso. No seu coração estava aquela fé radiosa e pura que o Senhor lhe
ensinara e, sobretudo, aquela, dedicação divina, com que pudera renunciar a
tôdas as paixões que a seduziam no mundo. Maria Madalena ia ao túmulo com amor
e só o amor pode realizar os milagres supremos.
Estupefata, por não encontrar o corpo bem-amado, já se
retirava entristecida, para dar ciência do que verificara aos companheiros,
quando uma voz carinhosa e meiga exclamou brandamente aos seus ouvidos :
– Maria!...
Ela se supôs admoestada pelo jardineiro; mas, em breves
instantes reconhecia a voz inesquecível do Mestre e lhe contemplava o
inolvidável sorriso. Quis atirar-se-lhe aos pés, beijar-lhe as mãos num suave
transporte de afetos, como fazia nas pregações do Tiberíades; porém, com um
gesto de soberana ternura, Jesus a afastou, esclarecendo:
– Não me toques, pois ainda não fui a meu Pai que está
nos céus!...
Instintivamente, Madalena se ajoelhou e recebeu o olhar
do Mestre, num transbordamento de lágrimas de inexcedível ventura. Era a
promessa de Jesus que se cumpria. A realidade da ressurreição era a essência
divina, que manteria eternidade ao Cristianismo.
A mensagem da alegria ressoou, então, na, comunidade
inteira. Jesus ressuscitara! O Evangelho era a verdade imutável. Em todos os
corações pairava uma divina embriaguez de luz e júbilos celestiais.
Levantava-se a fé, renovava-se o a,mor, morrera a dúvida e reerguera-se o ânimo
em todos os espíritos. Na amplitude da vibração amorosa, outros olhos puderam
vê-lo e outros ouvidos lhe escutaram a voz dulçurosa e persuasiva, ecoou nos
dias gloriosos de Jerusalém ou de Cafarnaum.
Desde essa hora, a família cristã se movimentou no mundo,
para nunca mais esquecer o exemplo do Messias.
A luz da ressurreição, através da fé ardente e do ardente
amor de Maria Madalena, havia banhado de claridade imensa a estrada cristã, para
todos os séculos terrestres.
***
É por isso que todos os historiadores das origens do
Cristianismo param a pena, assombrados ante a fé profunda dos primeiros
discípulos que se dispersaram pelo deserto das grandes cidades, para pregação
da Boa-Nova e, observando a confiança serena de todos os mártires que se têm
sacrificado na esteira infinita do Tempo pela idéia de Jesus, perguntam
espantados, como Ernesto Renas, numa de suas obras :
– Onde está o sábio da Terra que já deu ao mundo tanta
alegria, como a carinhosa Maria de Magdala?
Irmão X - Humberto de Campos - Do livro “Boa Nova”.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
PRECEPTOR DAS
ALMAS
"...Mas o papel de Jesus não foi simplesmente o de
um legislador moralista, sem outra autoridade que a sua palavra; ele veio
cumprir as profecias que haviam anunciado sua vinda; sua autoridade decorria da
natureza excepcional de seu Espírito e de sua missão Divina.." Cap. I,
ítem 4)
Ele andou pelos caminhos terrenos desprovido de qualquer
apego, consideração ou aplausos. Ensinou a excelência da mensagem do amor em
sua grandeza superlativa e, ao mesmo tempo, percorreu os caminhos,
desacompanhado de seus pais ou parentes, solicitando, todavia, a presença
espontânea de amigos amorosos que lhes absorveram as lições inesquecíveis.
Não tinha sequer onde reclinar a cabeça, despojado de
qualquer bem material; nunca tomava decisões precipitadas em face de atitudes
positivas ou negativas que aconteciam em seu redor, mas sempre reflexionava com
sua estrutura divina, pois tinha plena consciência de sua missão terrena em
favor da educação de uma humanidade ignorante e sofredora.
Ele afirmava que todos deveriam ser vistos como irmãos ou
amigos, porque sabia que em potencial poderiam vir a ser pais, filhos, cônjuges
ou irmãos, visto que é da lei universal a reencarnação e a caminhada a um só
rebanho e a um só Pastor. Independente de tudo e de tudos a estrada a ser
pecorrida, pois estava seguro em Si mesmo; dessa forma, fez sua trajetória
livre de convenções e padrões preestabelecidos, não aceitando preconceitos de
qualquer matiz, porquanto sabia transitar com grandeza e dignidade pelos
caminhos do mundo.
Criatura magnífica, retinha na mente poderes que lhe
permitiam manipular desde a intimidade da matéria até as essências mais sutis
da alma humana. Homem generoso, sempre voltado à Natureza, com a qual se
integrava em plenitude.
Amava os lírios dos campos, os pássaros dos céus, os
montes arborizados, as brisas da manhã, as águas dos lagos, os trigais, e a
própria natureza divina que existe em tudo e em todos. Ele exemplificou as
belezas naturais terrenas, comparando-as com o Reino dos Céus, fazendo dessa
forma um ele divino, isto é, uma ligação de amor entre os Céus e a Terra.
Ensinou-nos a respeitar inicialmente as coisas da Terra,
para que pudéssemos, então, amar as coisas da Vida Maior. Aparentemente
fracassado na cruz, mostrou-nos logo após que venceu o mundo em todos os
aspectos.
Jesus podia "ver" com absoluta facilidade por
trás das cortinas do teatro da vida humana e tinha a nítida percepção das
intenções mais secretas.
Os seres humanos, para Jesus, eram verdadeiros
"livros abertos"; seu olhar penetrava o âmago das almas, onde
conseguia alcançar seus pontos fracos.
Não sufocava com a força de sua personalidade aqueles que
O procuravam; ao contrário, afirmava: "Tudo depende de ti", ou mesmo:
"A tua fé te curou". Em outras ocasiões aconselhava-os: "Vai e
não peques mais", convidando-os para uma vida autêntica e oferecendo apoio
e incentivo para construírem a "Casa sobre o rocha".
Foi Mestre por excelência, porque se manteve longe dos
excessos nos relacionamentos: do excesso de "convites", que promove
desmedido envolvimento pessoal, dificultando a ajuda real, e do excesso de
"indiferença", que provoca falta de compaixão e posicionamento frio.
Preceptor das Almas, levou=nos à reflexão íntima, ou
melhor, à interiorização de nós mesmos, quando assegurou: "Eu estou no Pai
e o Pai está em mim", formalizando assim a necessidade do nosso
autoconhecimento como base vital para alcançarmos o Reino dos Céus.
Sigamos Jesus, Ele é a Luz do Mundo, o Sol Fulgurante que
aquece as almas do frio interior, da desilusão e da desesperança. Busquemos
Jesus agora e sempre, porque só assim estaremos caminhando ao encontro da paz
tão almejada.
Hammed - Cap. 22 - Livro Renovando Atitudes -
A MISSÃO DO CRISTO
Em nossa reunião pública os estudos foram orientados pelo
item 4 do capítulo I de O Evangelho Segundo o Espiritismo, sobre a missão do
Cristo. A mensageira espiritual Maria Dolores trouxe-nos o poema Confidência de
Natal. Muitos de nossos companheiros, que nos auxiliavam nas tarefas,
solicitaram que a página poética de nossa irmã fosse enviada para a sua
cobertura doutrinária, a fim de obtermos mais ampla complementação para os
nossos estudos sobre o tema.
Faço isso com satisfação, agradecendo-lhe desde já a
atenção que puder dispensar ao nosso pedido.
Francisco Cândido Xavier
CONFIDÊNCIA
DE NATAL
Senhor Jesus!
Vi o homem moderno
Em teu Natal,
Recordando viajor a deter-se em caminho
Junto de construção descomunal.
– Agradeço, Senhor, dizia ele,
O rio de progresso em que me inundo
De alegria esfuziante,
As maravilhas que enviaste ao mundo
Pelos canais do cérebro triunfante.
Agradeço à Ciência de alto nível,
Cintilação do Gênio a servir-me de rastros,
Que me conduz ao colo de outros astros
no foguete de força quase incrível.
Agradeço o avião, o carro, o asfalto,
O mundo todo em casa a circuito instantâneo,
O átomo cativo, as usinas de urânio,
O soro, a anestesia, o antígeno, o cobalto,
As máquinas de espécie diferente,
Desde o computador à enceradeira,
Que estendem reconforto a Terra inteira,
Impulsionando os povos para a frente.
Agradeço o auto-estudo a que me elevas,
Para que me conheça sem alarme,
A fim de imunizar-me
Contra o assalto das trevas.
Entretanto, Senhor, ao procurar-Te em prece
Que o sentimento forma e a palavra não diz,
Minha vida te busca e te deseja.
Guarda e inspira minh’alma, enfim, para que eu seja
Plenamente feliz!
Nisso, o homem calou-se em pranto mudo.
E entendi, afinal,
Que embora a inteligência brilhe em tudo
E em quase tudo se engrandeça, embora,
Eis que sem ti, Senhor,
O coração da Terra sofre e chora
Entre a fome de paz e a carência de amor.
Maria Dolores
O CRISTO MODERNO
A modernidade da Cristo não está na figura de gravata e
chapéu que tentaram sobrepor à sua imagem clássica. Está na interpretação nova
do Cristo que surge das pesquisas históricas e da revelação espiritual que
rompe o túmulo da letra. Sepultado na letra que mata, durante dois milênios, o
Cristo ressuscita para o terceiro milênio no espírito que vivifica, segundo a
expressão paulina. É a nova ressurreição no terceiro dia, cada dia
correspondendo a um milênio.
O Cristo ressuscitado substitui o Cristo morto da
tragédia grega da Paixão. Não mais o vemos pregado na cruz ou enterrado junto
ao Calvário. O homem moderno sente o Cristo ao seu lado. Se todos ressuscitamos
e continuamos atuantes na vida, por que motivo o Cristo, Nosso Senhor,
continuaria morto? Essa tese é do apóstolo Paulo em sua I Epístola aos
Coríntios, mas só agora se impõe à consciência do mundo. Porque só agora o
mundo está preparado para compreendê-la. Os mitos do passado se dissolvem à luz
da razão esclarecida e a fé se renova ante as conquistas da Ciência, até agora
acusada de inimiga da Fé.
Graças a isso Maria Dolores pôde ver, neste Natal, o
homem moderno, junto à sua construção descomunal, dialogar solitário com o
Cristo moderno que é o seu contemporâneo de todas as encarnações e
reencarnações, no passado, no presente e no futuro. A figura clássica do Cristo
sobrevive intacta ao longo da História, porque não é a figura de um homem do
passado, mas o ideal humano que todos buscamos, o arquétipo divino que nasce do
mito para a realidade vivencial de todos os tempos.
O pranto mudo em que o homem se cala, nasce da fonte
oculta das suas desilusões. De que valem as conquistas da Ciência e as
construções descomunais, se a inteligência vitoriosa continua faminta de paz e
amor? O reconhecimento dessa realidade áspera lembra o instante em que a vara
de Moisés fez brotar a água do coração da rocha. Este é o Natal do reencontro.
No fundo de si mesmo o homem moderno vê nascer o novo Cristo que, no entanto, é
o companheiro de sempre a oferecer-lhe as diretrizes de paz e amor.
Irmão Saulo
Do livro Diálogo dos Vivos. Espíritos Diversos.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano
Pires.
SIGAMO-LO
“Aquele que me
segue não andará em trevas.” - Jesus. (JOÃO, 8:12)
Há quem
admire a glória do Cristo. Mas a admiração pura e simples pode transformar-se
em êxtase inoperante.
Há quem
creia nas promessas do Senhor. Todavia, a crença só por si pode gerar o
fanatismo e a discórdia.
Há quem
defenda a revelação de Jesus. Entretanto, a defesa considerada isoladamente
pode gerar o sectarismo
e a
cegueira.
Há quem
confie no Divino Mestre. Contudo, a confiança estagnada pode ser uma força
inerte.
Há quem
espere pelo Eterno Benfeitor. No entanto, a expectativa sem trabalho pode ser
ansiedade inútil.
Há quem
louve o Salvador. Louvor exclusivo, porém, pode coagular a adoração
improdutiva.
A palavra
do Enviado Celeste, entretanto, é clara e incisiva: - "Aquele que me segue
não andará em trevas."
Se te
afeiçoaste ao Evangelho não te situes por fora do serviço cristão.
Procuremos
o Senhor, seguindo-lhe os passos.
Somente
assim estaremos com o Cristo, recebendo-lhe a excelsa luz.
Livro Fonte Viva.
Pelo Espírito Emmanuel. Psicografia Francisco C. Xavier
QUEM SEGUE
"E outra vez
lhes falou Jesus, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas,
mas terá a luz da vida." - (JOÃO, 8:12.)
Há crentes que se
não esquivam às imposições do culto exterior.
Reclamam a
genuflexão e o público trovejante, de momento a momento.
Preferem outros o
comentário leviano, acerca das atividades gerais da fé religiosa, confiando-se
a querelas inúteis ou barateando os recursos divinos.
A multidão dos
seguidores, desse tipo, costuma declarar que as atitudes externas e as
discussões doentias representam para ela sacrossanto dever, contudo, tão logo
surgem inesperados golpes do sofrimento ou da experiência na estrada vulgar,
precipita-se em sombrio desespero, recolhendo-se em abismos sem esperança.
Nessas horas
cinzentas, os aprendizes sentem-se abandonados e oprimidos, mostrando a
insuficiência interna.
Muitos se fazem
relaxados nas obrigações, afirmando-se desprotegidos de Jesus ou esquecidos do
Céu.
Isso ocorre,
porém, porque não ouviram a revelação divina, qual se faz necessário.
O Mestre não
prometeu claridade à senda dos que apenas falam e creem.
Assinou, no
entanto, real compromisso de assistência continua aos discípulos que o seguem.
Nesse passo, é
importante considerar que Jesus não se reporta a lâmpadas de natureza física,
cujas irradiações ferem os olhos orgânicos.
Assegurou a doação
de luz da vida.
Quem efetivamente
se dispõe a acompanhá-lo, não encontrará tempo a gastar com exames
particularizados de nuvens negras e espessas, porque sentirá a claridade
eterna, dentro de si mesmo.
Quando fizeres,
pois, o costumeiro balanço de tua fé, repara, com honestidade imparcial, se
estás falando apenas do Cristo ou se procuras seguir-lhe os passos, no caminho
comum.
Livro: Vinha de Luz - Emmanuel – Francisco Candido Xavier
ANTE O CRISTO LIBERTADOR
"Eu sou a porta.". JESUS – (JOÃO 10:7)
Segundo os léxicos, a palavra
"porta" designa "uma abertura em parede, ao rés-do-chão ou na
base de um pavimento, oferecendo entrada e saída".
Entretanto, simbolicamente, o mundo está repleto de portas enganadoras.
Dão entrada sem oferecerem saída.
Algumas
delas são avidamente disputadas pelos homens que, afoitos na conquista de
posses efêmeras, não se acautelam contra os perigos que representam.
Muitos
batem à porta da riqueza amoedada e, depois de acolhidos, acordam encarcerados
nos tormentos da usura.
Inúmeros
forçam a passagem para a ilusão do poder humano e despertam detidos pelas
garras do sofrimento.
Muitíssimos atravessam o portal dos prazeres terrestres e reconhecem-se,
de um momento para outro, nas malhas da aflição e da morte.
Muitos
varam os umbrais da evidência pública, sequiosos de popularidade e influência,
acabando emparedados na masmorra do desespero.
O Cristo,
porém, é a porta da Vida Abundante.
Com ele,
submetemo-nos aos desígnios do Pai Celestial e, nessa diretriz, aceitamos a
existência como aprendizado e serviço, em favor de nosso próprio crescimento
para a Imortalidade.
Vê, pois,
a que porta recorres na luta cotidiana, porque apenas por intermédio do ensinamento
do Cristo alcançarás o caminho da verdadeira libertação.
Livro Fonte Viva.
Pelo Espírito Emmanuel. Psicografia Francisco C. Xavier
JESUS E DIFICULDADE
“... Não se vos turbe o coração...”. JESUS (JOÀO, 14:27)
Jesus nunca prometeu aos discípulos qualquer isenção de
dificuldades, mas com freqüência reclamava-lhes o coração para a confiança.
No cenáculo, descerrando, afetuoso, o coração para os
aprendizes, dentre muitas palavras de esperança e de amor, asseverou com
firmeza: - “Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”.
Pacificava o ânimo dos companheiros timoratos, entre
quatro paredes, sabendo que, em derredor, se agigantava a trama das sombras.
Lá fora, Judas era atraído aos conchavos da deserção; sacerdotes
confabulavam com escribas e fariseus sobre o melhor processo de enganarem o
povo, para que o povo pedisse a morte d’Ele; agentes do Sinédrio penetravam
pequenos agrupamentos de rua açulando contra Ele as forças da opinião;
perseguidores desencarnados excitavam o cérebro dos guardas que o deteriam no
cárcere, e, quantos Lhe seguiam a atividade, regurgitando ódio gratuito,
prelibavam-Lhe o suplício...
Jesus, percuciente, não desconhecia a conspiração das
trevas...
Entretanto, lúcido e calmo, findo o entendimento com os
irmãos de apostolado, dirige-se à oração no jardim, para, além da oração,
confiar-se aos testemunhos supremos...
Não procures, assim fugir à luta que te afere o valor.
Aceita os desafios da senda, como quem se reconhece
chamado a batalhar pela vitória do bem, com a obrigação permanente de extinguir
o mal em nós mesmos.
E não apeles para o Senhor como advogado da fuga
calculada ao dever.
Lembra o Mestre que a ninguém prometeu avenidas de sonho
e horizontes azuis na Terra, mas, sim, convicto de que, a tempestade das
contradições humanas não poupariam nem a Ele próprio, advertiu-nos,
sensatamente:
- “Não se vos turbe o coração”.
Emmanuel - Livro Palavras de vida eterna. Psicografia de
Francisco Cândido Xavier
JESUS E PAZ
“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como
o mundo a dá...” – Jesus. (JOAO, 14:27.)
A paz do mundo costuma ser preguiça rançosa.
A paz do espírito é serviço renovador.
A primeira é inutilidade.
A segunda é proveito constante.
Vejamos o exemplo disso em nosso Divino Mestre.
Lares humanos negaram-lhe o berço.
Mas o Senhor revelou-se em paz na estrebaria.
Herodes perseguiu-lhe, desapiedado, a infância tenra.
Jesus, porém, transferindo-se de residência, em favor do
apostolado que trazia, sofreu, tranquilo, a imposição das circunstâncias.
Negado pela fortuna de Jerusalém, refugiou-se, feliz, em
barcas pobres da Galileia,
Amando e servindo os necessitados e doentes recebia, a
cada passo, os golpes da astúcia de letrados e casuístas de teu tempo; contudo,
jamais deixou, por isso, de exercer, imperturbável, o ministério do amor.
Abandonado pelos próprios amigos, entregou-se serenamente
à prisão injusta.
Sob o cuspo injurioso da multidão foi açoitado em praça
pública e conduzido à crucificação, mas voltou da morte, aureolado de paz
sublime, para fortalecer os companheiros acovardados e ajudar os próprios
verdugos.
Recorda, assim, o exemplo do Benfeitor Excelso e não
procures segurança íntima fora do dever corretamente cumprido, ainda mesmo que
isso te custe o sacrifício supremo.
A paz do mundo, quase sempre, é aquela que culmina com o
descanso dos cadáveres a se dissociarem na inércia, mas a paz do Cristo é o
serviço do bem eterno, em permanente ascensão.
Do livro Palavras de Vida Eterna. Espírito Emmanuel.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
PAZ DO MUNDO E PAZ DO CRISTO
"A paz vos deixo, a minha paz vos dou; não vo-la dou
como o mundo a dá."- Jesus. (JOÃO, 14:27.)
É indispensável não confundir a paz do mundo com a paz do
Cristo.
A calma do plano inferior pode não passar de
estacionamento.
A serenidade das esferas mais altas significa trabalho
divino, a caminho da Luz Imortal.
O mundo consegue proporcionar muitos acordos e arranjos
nesse terreno, mas somente o Senhor pode outorgar ao espírito a paz verdadeira.
Nos círculos da carne, a paz das nações costuma
representar o silêncio provisório das baionetas; a dos abastados inconscientes
é a preguiça improdutiva e incapaz; a dos que se revoltam, no quadro de lutas
necessárias, é a manifestação do desespero doentio;
a dos ociosos sistemáticos, é a fuga ao trabalho; a dos
arbitrários, é a satisfação dos próprios caprichos; a dos vaidosos, é o aplauso
da ignorância; a dos vingativos, é a destruição dos adversários; a dos maus, é
a vitória da crueldade; a dos negociantes sagazes, é a exploração inferior; a
dos que se agarram às sensações de baixo teor, é a viciação dos sentidos; a dos
comilões, é o repasto opulento do estômago, embora haja fome espiritual no
coração.
Há muitos ímpios, caluniadores, criminosos e indiferentes
que desfrutam a paz do mundo. Sentem-se triunfantes, venturosos e dominadores
no século. A ignorância endinheirada, a vaidade bem vestida e a preguiça
inteligente sempre dirão que seguem muito bem.
Não te esqueças, contudo, de que a paz do mundo pode ser,
muitas vezes, o sono enfermiço da alma. Busca, desse modo, aquela paz do
Senhor, paz que excede o entendimento, por nascida e cultivada, portas a dentro
do espírito, no campo da consciência e no santuário do coração.
Livro: Vinhas de Luz - Emmanuel - Psicografia de Chico
Xavier
NO QUADRO REAL
“Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os aborreceu, porque
não são do mundo, assim como eu do mundo não sou."
- Jesus. (João, 17:14.)
Aprendizes do Evangelho, à espera de facilidades humanas,
constituirão sempre assembleias do engano voluntário.
O Senhor não prometeu aos companheiros senão continuado
esforço contra as sombras até à vitória final do bem.
O cristão não é flor de ornamento para igrejas isoladas.
É "sal da Terra", força de preservação dos princípios divinos no
santuário do mundo inteiro.
A palavra de Jesus, nesse particular, não padece qualquer
dúvida:
“Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome
a sua cruz e siga-me.
Amai vossos inimigos.
Orai pelos que vos perseguem e caluniam.
Bendizei os que vos maldizem.
Emprestai sem nada esperardes.
Não julgueis para não serdes julgados.
Entre vós, o maior seja servo de todos.
Buscai a porta estreita.
Eis que vos envio como ovelhas ao meio dos lobos.
No mundo, tereis tribulações.”.
Mediante afirmativas tão claras, é impossível aguardar em
Cristo um doador de vida fácil. Ninguém se aproxime dEle sem o desejo sincero
de prender a melhorar-se. Se Cristianismo é esperança sublime, amor celeste e
fé restauradora, é também trabalho, sacrifício, aperfeiçoamento incessante.
Comprovando suas lições divinas, o Mestre Supremo viveu
servindo e morreu na cruz.
Emmanuel - livro Caminho, Verdade e Vida. Psicografia de
Francisco Candido Xavier.
O MUNDO E O MAL
"Não peço que os tire do mundo, mas que os livres do
mal." Jesus - (JOÃO, 17:15. )
Nos centros religiosos, há sempre grande número de
pessoas preocupadas com a ideia da morte. Muitos companheiros não creem na paz,
nem no amor, senão em planos diferentes da Terra. A maioria aguarda situações
imaginárias e injustificáveis para quem nunca levou em linha de conta o esforço
próprio.
O anseio de morrer para ser feliz é enfermidade do
espírito.
Orando ao Pai pelos discípulos, Jesus rogou para que não
fossem retirados do mundo, e, sim, libertos do mal.
O mal, portanto, não é essencialmente do mundo, mas das
criaturas que os habitam.
A Terra, em si, sempre foi boa. De sua lama brotam lírios
de delicado aroma, sua natureza maternal é repositório de maravilhosos milagres
que se repetem todos os dias.
De nada vale partirmos do planeta, quando nossos males
não foram exterminados convenientemente. Em tais circunstâncias,
assemelhamo-nos aos portadores humanos das chamadas moléstias incuráveis.
Podemos trocar de residência; todavia, a mudança é quase nada se as feridas nos
acompanham. Faz-se preciso, pois, embelezar o mundo e aprimorá-lo, combatendo o
mal que está em nós.
Emmanuel - Livro Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito
Emmanuel, psicografia Francisco C Xavier
DENTRO DA LUTA
"Não peço para que os tires do mundo, mas que os
livres do mal.” Jesus.(JOÃO, 17:15)
Não peças
o afastamento de tua dor.
Roga
forças para suportá-la, com serenidade e heroísmo, a fim de que lhe não percas
as vantagens do contato.
Não solicites
o desaparecimento das pedras de teu caminho.
Insiste na
recepção de pensamentos que te ajudem a aproveitá-las.
Não exijas
a expulsão do adversário.
Pede
recursos para a elevação de ti mesmo, a fim de que lhe transformes os
sentimentos.
Não
supliques a extinção das dificuldades.
Procura
meios de superá-las, assimilando-lhes lições.
Nada
existe sem razão de ser.
A Sabedoria do Senhor não deixa margem à
inutilidade.
O
sofrimento tem a sua função preciosa nos planos da alma, tanto quanto a
tempestade tem o seu lugar importante na economia da natureza física.
A árvore,
desde o nascimento, cresce e produz, vencendo resistências.
O corpo da
criatura se desenvolve entre perigos de variada espécie.
Aceitemos
o nosso dia de serviço, onde e como determine a Vontade Sábia do Senhor.
Apresentando os discípulos ao Pai Celestial, disse o Mestre: - "Não
peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal."
A Terra
tem a sua missão e a sua grandeza; libertemo-nos do mal que opera em nós
próprios e receber-lhe-emos o amparo sublime, convertendo-nos junto dela em
agentes vivos do Abençoado Reino de Deus.
Livro Fonte Viva.
Pelo Espírito Emmanuel. Psicografia Francisco C. Xavier
EM SERVIÇO DO MUNDO
Não peço que os tires do mundo e sim que os livres do
mal.- Jesus. (João. 17:15.)
Indubitavelmente os cristãos de todas as procedências são
chamados a viver no mundo sem se agarrarem ao mundo, para servirem ao mundo em
nome do Senhor, valorizando consequentemente a si mesmos.
É assim que será possível encontrá-los em todas as
posições.
Aqui e além somos defrontados por muitos companheiros que
não compreendem o cristão verdadeiro sem a moldura externa do sofrimento.
Entretanto, poucos se decidem a pensar no tormento dos que exibem sinais de
conforto por fora, carregando no íntimo pesadas cruzes morais.
Bendito seja o lavrador que aprendeu a conquistar
respeitabilidade e sustentação com o suor de cada dia, mas será menos bendito o
dono do campo que passa, de semana a semana, sob o fogo mental da
responsabilidade para manter a cúpula da lavoura indene de prejuízo e insucesso,
tão-só porque se apresente no mundo em forma diferente, nos mecanismos da
representação social?
Bendito seja o irmão que bate à porta da sopa fraterna,
mostrando paciência e humildade no quadro de penúria em que se destaca; no
entanto, será menos bendita a irmã que olvida o convite ao repouso para
atendê-lo, apenas porque disponha de pão suficiente para distribuir?
Saibamos honrar cada obreiro na tarefa que
a vida lhe atribui e recordemos que o próprio 'Jesus, em
oração, pediu sabiamente ao Pai, em se referindo aos discípulos e seguidores: -
Não vos peço que os tires do mundo e sim que os livres do mal.
Emmanuel - Mensagem psicografada por Francisco Cândido
Xavier. Do livro “Bênção de Paz"
É A SANTIFICAÇÃO
"Santifica-os na verdade." - Jesus (JOÃO,
17:17.)
Não podemos
esquecer que, em se dirigindo ao Pai, nos derradeiros momentos do apostolado,
rogou-lhe Jesus santificasse os discípulos que ficariam no plano carnal.
É significativo
observar que o Mestre não pediu regalias e facilidades para os continuadores.
Não recomendou ao
Senhor Supremo situasse os amigos em palácios encantados do prazer, nem os
ilhasse em privilégios particularistas.
Ao invés disso,
suplicou ao Pai para que os santificasse na condição humana.
É compreensível,
portanto, que os discípulos sinceros recebam da Providência maior quinhão de
elementos purificadores em trabalhos e testemunhos benéficos.
Na Terra, quase
sempre, o dever e a responsabilidade parecem esmagá-los, no entanto, a palavra
do Evangelho é bastante clara no terreno das conquistas eternas.
Não nos referimos
a recompensas banais de periferia.
Destacamos o
engrandecimento espiritual, a iluminação divina e a perfeição redentora,
inacessíveis ainda ao entendimento comum.
Em verdade, o
Senhor anunciou sacrifícios e sofrimentos aos seguidores, acentuando, porém,
que os não deixaria órfãos.
Seriam convocados
a interrogatórios humilhantes, contudo, não lhes faltaria a Sublime Inspiração.
Seguiriam
atribulados, mas não angustiados; perseguidos, mas nunca desamparados.
Receberiam golpes
e decepções, mas não lhes seriam negados a esperança e o reconforto.
Suportariam a
incompreensão humana, todavia, os desígnios superiores agiriam em favor deles.
Sofreriam
flagelações no mundo, no entanto, suas dores abasteceriam os celeiros da graça
e da consolação para os aflitos.
Muita vez,
participariam dos últimos lugares, entre as criaturas terrestres, para serem
dos primeiros na cooperação com o Divino Trabalhador, Seriam detidos nos cárceres,
mas disporiam da presença dos anjos sob cânticos de glorificação.
Carregariam
cicatrizes por sinais celestes.
Tolerariam
sarcasmos em honroso serviço à Verdade.
Perseguidos e
torturados, representariam as cartas palpitantes do Cristo à Humanidade.
Servos sofredores
e humilhados no campo carnal, marchariam assinalados por luz imperecível.
Escalariam
calvários de dor, suportando cruzes, encontrando, porém, a ressurreição,
coroados de glória.
Efetivamente,
pois, os colaboradores do Evangelho são, de modo geral, anônimos e desprezados
nas esferas convencionalistas da Terra; todavia, para eles, repete o Mestre, em
todos os tempos, as sublimes palavras: "Sois meus amigos porque tudo
quanto ouvi de meu Pai vos dei a conhecer.
Livro: Vinha de Luz - Emmanuel - Psicografia de Chico
Xavier
CRÊ E SEGUE
“Assim como tu me
enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.” – Jesus. (João, 17:18).
Se abraçaste, meu amigo, a tarefa espírita-cristã, em
nome da fé sublimada, sedento de vida superior, recorda que o Mestre te enviou
o coração renovado ao vasto campo do mundo para servi-Lo.
Não só ensinarás o bom caminho. Agirás de acordo com os
princípios elevados que apregoas.
Ditarás diretrizes nobres para os outros, contudo,
marcharás dentro delas, por tua vez.
Proclamarás a necessidade de bom ânimo, mas seguindo,
estrada afora, semeando alegrias e bênçãos, ainda mesmo quando incompreendido
de todos.
Não te contentarás em distribuir moedas e benefícios
imediatos. Darás sempre algo de ti mesmo ao que necessita.
Não somente perdoarás. Compreenderás o ofensor,
auxiliando-o a reerguer-se.
Não criticarás. Encontrarás recursos inesperados de ser
útil.
Não deblaterarás. Valer-te-ás do tempo para materializar
os bons pensamentos que te dirigem.
Não disputarás inutilmente. Encontrarás o caminho do
serviço aos semelhantes em qualquer parte.
Não viverás simplesmente no combate palavroso contra o
mal. Reterás o bem, semeando-o com todos.
Não condenarás. Descobrirás a luz do amor para fazê-la
brilhar em teu coração, até o sacrifício.
Ora e vigia.
Ama e espera.
Serve e renuncia.
Se não te dispõe a aproveitar a lição do Mestre Divino,
afeiçoando a própria vida aos seus ensinamentos, a tua fé terá sido vã.
Emmanuel – livro Pão Nosso
JESUS, O
INCOMPARÁVEL
Vencendo os milênios que nos separam do Seu berço,
ninguém que se Lhe equipare ou sequer apresente as características que O
assinalaram.
Havendo nascido em um recinto modesto e quase
desprezível, transformou-o num esplêndido reduto de luzes e de harmonias
gloriosas.
Residindo mais tarde em uma aldeia desconhecida, tornou-a
imortal na História, na literatura e na memória dos tempos.
Convivendo com as pessoas do Seu pequeno burgo, evitou
destacar-se, mantendo-se simples e de relacionamento afável, de forma a não os
perturbar ou provocar celeuma antes do momento.
Fiel servidor das Divinas Leis, trabalhou na pequena
carpintaria do pai sem alarde ou demonstração inoportuna de superioridade.
Conhecendo a tarefa para a qual viera, não se precipitou,
tampouco postergou a hora em que se deveria desvelar. E o fez de maneira
natural, sem alarde nem provocação, quando tomou do texto de Isaías, inserto no
Testamento Antigo e, em plena sinagoga, interpretou-o com inusitada acuidade,
deixando-se identificar como o Messias.
Compreendeu a reação de surpresa dos Seus coevos e
familiares que, tomados de espanto e ira, atiraram-se contra Ele, ameaçando-O
de morte. Mas não reagiu, nem os agrediu com palavras ou ações que desmentissem
o Seu ministério de amor, quando predominavam as sombras da ignorância e da
perversidade.
Sem qualquer acusação, deixou aqueles sítios e partiu
para a gentil Galiléia, onde as almas simples e desataviadas, sedentas de paz,
cansadas de sofrimentos e humilhações, anelavam pela oportunidade de serem
livres do jugo cruel da servidão e realmente felizes.
Entre os pobres e desafortunados, os sofredores e puros
de coração, entoou o Seu hino de amor à Vida como dantes jamais alguém o
fizera, e depois nunca mais se repetiria.
A Sua canção de misericórdia e de ação temperada pela
sabedoria arrebatou as gentes de todos aqueles rincões, que abririam espaço
para se alargarem pelas terras do futuro, dando início à Era da fraternidade
que, embora ainda não vivida, já se encontra instalada desde aqueles
inesquecíveis momentos.
A Sua revolução diferiu de todas as que a precederam e a
sucederiam, porquanto, tratava-se de lutas contínuas nas paisagens do coração
contra as más inclinações, as tendências primárias e as heranças asselvajadas
do período primitivo.
Amando a todos sem distinção, até mesmo àqueles que
obstinadamente O perseguiam e tentavam malsinar-Lhe as horas, Jesus permaneceu
incomparável, ensinando compaixão e ternura, trabalho e confança irrestrita em
Deus.
Ninguém jamais se Lhe equipararia!
Os grandes gênios da fé que O precederam e os nobres
missionários do amor que O sucederam foram, respectivamente, Seus mensageiros
que Lhe deveriam preparar o advento e continuadores insistindo na preservação
dos Seus ensinamentos e atitudes.
Esse homem nascido em Belém e morador em Nazaré, dividiu
os fastos históricos, assinalando a Sua trajetória com os incomparáveis
testemunhos da Sua elevação.
Quando provocado pelo farisaísmo compreendia a fúria do
despeito e da mesquinhez humana, lamentando o atraso moral daqueles que se Lhe
apresentavam como adversários. Admoestava-os e esclarecia-os, embora eles não
desejassem respostas honestas, porque os seus eram os objetivos perversos...
Visitado pelo sofrimento dos indivíduos e das massas, não
obstante sabendo da transitoriedade do corpo físico, renovava os enfermos e
curava-lhes as mazelas, advertindo-os quanto aos valores imperecíveis do
Espírito.
Acusado de atitudes que se chocavam contra a Lei e os
Profetas, informava que não os veio combater, mas vitalizá-los e dar-lhes cumprimento.
Tentado pela hipocrisia e envolvido nas malhas das
insensatas ciladas, destrinchava os fios envolventes e devolvia-os aos
sistemáticos perseguidores.
Jamais se escusou aos enfrentamentos promovidos pela
perversidade dos pigmeus morais, mesmo conhecendo-lhes as artimanhas e
propósitos nefastos. Também nunca se recusou a esclarecer qual era a Sua tarefa
e quais as bases da Sua revolução, estruturadas no amor a Deus, ao próximo e a
si mesmo.
Nunca desmentiu os postulados propostos nos Seus sermões,
mediante uma conduta dúbia ante as ameaças e malquerenças que se Lhe
apresentavam a cada momento.
Resistiu a todos os tipos de tentação na Sua humanidade,
avançando sempre no rumo do holocausto sem qualquer tipo de revolta ou de
insegurança quanto aos valores esposados e divulgados.
Profundo conhecedor da psicologia humana, jamais se
utilizou desse recurso incomum para humilhar ou submeter quem quer que fosse ao
Seu ministério. Pelo contrário, dele se utilizava para identificar as causas
transatas geradoras dos sofrimentos que os aturdiam e para aplicar a
terapêutica mais conveniente em relação aos múltiplos distúrbios que os
afligiam.
Perfeitamente identificado com Deus, não fingiu ser-Lhe
igual e jamais se Lhe equiparou, informando sempre ser o Filho, o Embaixador, o
Caminho para a Verdade e para a Vida...
Confundido com os profetas que O precederam, revelou a
própria procedência, informando que aqueles que vieram antes realizaram o seu
mister com elevação, mas a Sua era a confirmação de tudo quanto ensinaram no
seu tempo.
Incomparável, Jesus, o Homem libertador de todos os
homens e mulheres!
A humanidade sempre recebeu no transcurso da História
guias admiráveis, que vieram iluminar as sombras dominantes.
Em cada povo e em todos os tempos surgiram missionários
incomuns, que demonstraram a vacuidade da vida física e a perenidade do ser
espiritual, convidando à reflexão e à conquista da liberdade total.
Alguns tiveram a existência assinalada por muitos
conflitos antes da revelação que os transformou; outros sentiram o impulso
interno e romperam com os preconceitos e condicionamentos existentes, trazendo
o conhecimento e a vivência do dever como essenciais, à conquista da paz.
Diversos se imolaram em testemunho do que ensinavam, mas
só Jesus é o Modelo e Guia nunca ultrapassado ou sequer igualado.
Havendo chegado à Terra na condição de Espírito puro, por
haver realizado o Seu processo de evolução em outra dimensão, permanece como o
Homem incomparável para conduzir a humanidade na direção do inefável amor de
Deus.
FRANCO, Divaldo Pereira. Nascente de Bençãos. Pelo
Espírito Joanna de Ângelis. LEAL.
JESUS E O MUNDO
Se Jesus não tivesse confiança na regeneração dos homens
e no aprimoramento do mundo, naturalmente, não teria vindo ao encontro das
criaturas e nem teria jornadeado nos escuros caminhos da terra.
Não podemos, por isso, perder a esperança e nem nos cabe
o desânimo, diante das pequenas e abençoadas lutas que o Céu nos concedeu,
entre as sombras das humanas experiências.
Da escola do mundo saíram diplomados em santificação
Espíritos sublimes, que hoje se constituem abençoados patronos da evolução
terrestre.
Não nos compete menosprezar o plano de aprendizagem que
nos alimenta e nos agasalha, que nos instrui e aperfeiçoa.
Se o melhor não auxilia ao pior, debalde aguardaremos a
melhoria da vida.
Se o bom desampara o mau, a fraternidade não passaria de
mera ilusão.
Se o sábio não ajuda ao ignorante, a educação redundaria
em mentira perigosa.
Se o humilde foge ao orgulhoso, surgiria o amor por
vocábulo inútil.
Se o aprendiz da gentileza menoscaba o prisioneiro da
impulsividade, o desequilíbrio comandaria a existência.
Se a virtude não socorre às vítimas do vício e se o bem
não se dispõe a salvar quantos se arrojam aos despenhadeiros do mal, de coisa
alguma serviria a predicação evangélica no campo de trabalho que a Providência
Divina nos confiou.
O Mestre não era do mundo, mas veio até nós para a
redenção do mundo. Sabia que os seus discípulos não pertenciam ao acervo moral
da Terra, mas enviou-os ao convívio com homens para que os homens se
transformassem nos servidores devotados do bem, convertendo o Planeta em seu
reino de Luz.
O cristão que foge ao contato com o mundo, a pretexto de
garantir-se contra o pecado, é uma flor parasitária e improdutiva na árvore do
Evangelho, e o Senhor, longe de solicitar ornamentos para a sua obra, espera
trabalhadores abnegados e fiéis que se disponham a remover o solo com
paciência, boa vontade e coragem, a fim de que a Terra se habilite para a
sementeira renovadora do grande amanhã.
Emmanuel - Do
livro Coragem. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.