38 Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por
dente.
39
Eu, porém, vos digo que não resistais ao mau; mas, se qualquer te bater na face
direita, oferece-lhe também a outra;
RESISTÊNCIA AO MAL
“Eu, porém, vos digo que
não resistais ao mal.” Jesus (Mateus,
5:39)
Os expoentes da má fé
costumam interpretar falsamente as palavras do Mestre, com relação à
resistência ao mal.
Não determinava Jesus que os aprendizes se entregassem,
inermes, às correntes destruidoras.
Aconselhava a que nenhum discípulo
retribuísse violência por violência.
Enfrentar a crueldade com armas
semelhantes seria perpetuar o ódio e a desregrada ambição no mundo.
O bem é o
único dissolvente do mal, em todos os setores, revelando forças diferentes.
Em
razão disso, a atitude requisitada pelo crime jamais será a indiferença e, sim,
a do bem ativo, enérgico, renovador, vigilante e operoso.
Em todas as épocas,
os homens perpetraram erros graves, tentando reprimir a maldade, filha da
ignorância, com a maldade, filha do cálculo.
E as medidas infelizes, grande
número de vezes, foram concretizadas em nome do próprio Cristo.
Guerras, revoluções,
assassínios, perseguições foram movimentados pelo homem, que assim presume
cooperar com o Céu.
No entanto, os empreendimentos sombrios nada mais fizeram
que acentuar a catástrofe da separação e da discórdia.
Semelhantes revides
sempre constituem pruridos de hegemonia indébita do sectarismo pernicioso nos
partidos políticos, nas escolas filosóficas e nas seitas religiosas, mas nunca
determinação de Jesus.
Reconhecendo, antecipadamente, que a miopia espiritual
das criaturas lhe desfiguraria as palavras, o Mestre reforçou a conceituação, asseverando: “Eu, porém, vos
digo...”
O plano inferior adota padrões de resistência, reclamando “olho por
olho, dente por dente”...
Jesus, todavia, nos aconselha a defesa do perdão
setenta vezes sete, em cada ofensa, com a bondade diligente, transformadora e
sem fim.
EMMANUEL - LIVRO VINHA DE LUZ
ATRITOS FÍSICOS
“Mas se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra.” Jesus (Mateus, 5:39)
Alguns humoristas pretendem descobrir na
advertência do Mestre uma exortação à
covardia, sem noção de respeito próprio.
O parecer de Jesus, no entanto, não
obedece apenas aos ditames do amor, essência fundamental de seu Evangelho.
É igualmente uma peça de bom senso
e lógica rigorosa.
Quando um homem investe contra outro, utilizando a força
física, os recursos espirituais de qualquer espécie já foram momentaneamente
obliterados no atacante.
O murro da cólera somente surge quando a razão foi afastada.
E sobrevindo semelhante problema, somente a calma do adversário consegue
atenuar os desequilíbrios, procedentes da ausência de controle.
O homem do
campo sabe que o animal enfurecido não regressa à naturalidade se tratado com a
ira que o possui.
A abelha não ferretoa o apicultor, amigo da brandura e da
serenidade.
O único recurso para conter um homem desvairado, compelindo-o a
reajustar-se dignamente, é conservar-se o contendor ou os circunstantes em
posição normal, sem cair no mesmo nível de inferioridade.
A recomendação de
Jesus abre-nos abençoado avanço...
Oferecer a face esquerda, depois que a
direita já se encontra dilacerada pelo agressor, é chamá-lo à razão enobrecida, reintegrando-o, de imediato,
no reconhecimento da perversidade que
lhe é própria.
Em qualquer conflito físico, a palavra reveste-se de reduzida
função nos círculos do bem.
O gesto é a força que se expressará
convenientemente.
Segundo reconhecemos, portanto, no conselho do Cristo não há
convite à fraqueza, mas apelo à superioridade que as pessoas vulgares ainda desconhecem.
EMMANUEL - LIVRO VINHA DE LUZ