SANTO AGOSTINHO - Paris, 1862
13 – Que vos direi, que já não conheçais, dos mundos de
expiações, pois que basta considerar a Terra que habitais? A superioridade da
inteligência, num grande número de seus habitantes, indica que ela não é um
mundo primitivo, destinado à encarnação de Espíritos ainda mal saídos das mãos
do Criador. Suas qualidades inatas são a prova de que já viveram e realizaram
um certo progresso, mas também os numerosos vícios a que se inclinam são o
indício de uma grande imperfeição moral. Eis porque Deus os colocou num mundo
ingrato, para expiarem suas faltas através de um trabalho penoso e das misérias
da vida, até que se façam merecedores de passar para um mundo mais feliz.
14 – Não obstante, não são todos os Espíritos encarnados
na Terra que se encontram em expiação. As raças que chamais selvagens
constituem-se de Espíritos apenas saídos da infância, e que estão, por assim
dizer, educando-se e desenvolvendo-se ao contato de Espíritos mais avançados.
Vem a seguir as raças semicivilizadas, formadas por esses mesmos Espíritos em
progresso. Essas são, de algum modo, as raças indígenas da Terra, que se
desenvolveram pouco a pouco, através de longos períodos seculares, conseguindo
algumas atingir a perfeição intelectual dos povos mais esclarecidos
Os Espíritos em expiação aí estão, se assim nos podemos
exprimir como estrangeiros. Já viveram em outros mundos, dos quais foram
excluídos por sua obstinação do mal, que os tornava causa de perturbação para
os bons. Foram relegados, por algum tempo, entre os Espíritos mais atrasados,
tendo por missão fazê-los avançar, porque trazem uma inteligência desenvolvida
e os germes dos conhecimentos adquiridos. È por isso que os Espíritos punidos
se encontram entre as raças mais inteligentes, pois são estas também as que
sofrem mais amargamente as misérias da vida, por possuírem mais sensibilidade e
serem mais atingidas pelos atritos do que as raças primitivas, cujo senso moral
é mais obtuso.
15 – A Terra nos oferece, pois, um dos tipos de mundos
expiatórios, em que as variedades são infinitas, mas têm por caráter comum
servirem de lugar de exílio para os Espíritos rebeldes à lei de Deus. Nesses
mundos, os Espíritos exilados têm de lutar, ao mesmo tempo, contra a
perversidade dos homens e a inclemência da natureza, trabalho duplamente
penoso, que desenvolve a uma só vez as qualidades do coração e as da
inteligência. É assim que Deus, na sua bondade, torna o próprio castigo
proveitoso para o progresso do Espírito.
TEXTOS DE APOIO
NO REINO EM CONSTRUÇÃO
“Na casa de meu
Pai há muitas moradas; se assim não fosse, já eu vo-lo feria dito, pois me vou
para vos preparar o lugar.” - JESUS
-JOAO, 14: 2.
“Entretanto, nem todos os Espíritos que encarnam na Terra
vão para ai em expiação “ -.1 Cap. III, 14.
Escutaste o pessimismo que se esmera em procurar as
deficiências da Humanidade, como quem se demora deliberadamente nas arestas
agressivas do mármore de obra-prima Inacabada e costumas dizer que a Terra está
perdida.
Observa, porém, as multidões que se esforçam
silenciosamente pela santificação do porvir.
Compulsaste as folhas da imprensa, lendo a história do
autor de homicídio lamentável e sob a extrema revolta, trouxeste ao labirinto
das opiniões contraditórias a tua própria versão do acontecimento, asseverando
que estamos todos no teatro do crime.
Recorda, contudo, os milhões de pais e mães, tocados de
abnegação e heroísmo, que abraçam todos os sacrifícios no lar para que a
delinqüência desapareça.
Conheceis jovens que se transviaram. na leviandade,
desvairando-se em golpes de selvageria e loucura e, examinando acremente
determinados sucessos que devem estar catalogados na patologia da mente,
admites que a juventude moderna se encontra em adiantado processo de
desagregação do caráter.
Relaciona, todavia, os milhões de rapazes e meninas,
debruçados sobre livros e máquinas, através do labor e do estudo, em muitas
circunstâncias imolando o próprio corpo à fadiga precoce, para integrarem
dignamente a legião do progresso.
Sabes que há companheiros habituados aos prazeres
noturnos e, ao vê-los comprando o próprio desgaste a prego de ouro, acreditas
que toda a comunidade humana jaz entregue à demência e ao desperdício.
Reflete, entretanto, nos milhões de cérebros e braços que
atravessam a noite, no recinto das fábricas e junto dos linotipos, em hospitais
e escritórios, nas atividades da limpeza e da vigilância, de modo a que a produção e a cultura, a saúde
e a tranqüilidade do povo sejam asseguradas.
Marcaste o homem afortunado que enrijeceu mãos e bolsos,
na sovinice, e esposas a convicção de que todas as pessoas abastadas são modelos
completos; de avareza e crueldade.
Considera, no entanto, os milhões de tarefeiros do
serviço e da beneficência, que diariamente colocam o dinheiro em circulação, a
fim de que os homens conheçam a honra de trabalhar e a alegria de viver.
Não condenes a Terra pelo desequilíbrio de alguns.
Medita, em todos os que se encontram suando e sofrendo,
lutando e amando, no levantamento do futuro melhor, e reconhecerás que o Divino
Construtor do Reino de Deus no mundo está esperando também por ti.
Emmanuel - do
Livro da Esperança. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
FÉ, COMBUSTÍVEL DO ATO DE VIVER - PARTE I
"A Terra, consequintemente, oferece um dos tipos de
mundos expiatórios, cuja variedade é infinita, mas revelando todos, como
caráter comum, o servirem de lugar de exílio para Espíritos rebeldes à lei de
Deus." Santo Agostinho, O ESE, cap. III, ítem 15
Exílio para Espíritos rebeldes à Lei de Deus, que traço
poderia definir mais claramente a nossa condição moral na Terra?
Por vezes sucessivas, após o desenlace carnal, deparamos
com o remorso e, mais recentemente, alguns de nós, com o arrependimento
sincero. Renascemos trazendo impresso na alma um ansioso desejo de recomeço.
Chegando ávida física, encontramos com as frustrações necessárias. Caímos no
desapontamento e, por fim, na rebeldia, negando-nos a aceitar nossas
necessidades espirituais.
Surgem os conflitos com o corpo, a sociedade, a profissão
e a família. Em verdade, o maior adversário somos nós mesmos. A resistência
declarada em aceitar quem somos. A rebeldia de ser, existir e viver.
lnstala-se, nesse passo, um terrível estado de
insatisfação crônica com a vida. Sentimentos de culpa, tristeza e medo
delineiam estados mentais doentios de punição, perfeccionismo e baixa
autoestima, conduzindo-nos aos dramas dolorosos da angústia e da depressão - um
verdadeiro leque de mutações emocionais. Posteriormente, esgotadas pelos
conflitos interiores ao longo do tempo, as criaturas ainda se aninham nas
perturbadoras crises de descrença e vazio existencial, e vamos em direção a
novos ciclos de dor, que desabrocham de atitudes e escolhas enfermiças.
Raríssimos escapam de semelhante "roda da
vida". Isso é o carma, a teia da existência tecida por nós mesmos nos
roteiros da reencarnação.
Carma não é por fora, é por dentro de nós. As
insatisfações de fora espelham a rebeldia interior. A vida por fora reflete
programações da vida mental. Surge de dentro o que temos no exterior. Velhos
modelos mentais alicerçados em crenças e valores.
Pela forma como reagimos aos episódios da existência,
determinamos o curso dos prazeres e desgostos de nossa vida.
O rebelde, por exemplo, agrava seus passos em autênticos
torvelinhos de emoções perturbadoras. A rebeldia é apressada, inquieta,
arrogante e revoltada. É a feição comportamental de almas que não aceitam a
realidade. Daí tanta amargura, pois a vida é e será sempre o que tem de ser,
considerando que tudo o que nos cerca reflete o que somos ou seremos.
Rebeldia significa relutância, teimosia, inconformação.
Há quem nela veja uma virtude, conceituando-a como um ato
de resistência, bravura e coragem em não se abater diante dos reveses. Estreito
limite existe entre o caráter patológico da rebeldia e esse aspecto que alguns
tomam como qualidade. Analisemos o tema.
O rebelde paralisa. O corajoso avança.
O rebelde sofre. O corajoso liberta-se.
A rebeldia torna a criatura apressada, agitada
interiormente e com avançados níveis de ansiedade ou depressão. Uma
personalidade rebelde debate-se intimamente, tem baixíssimo nível de tolerância
às frustrações e uma conduta irritável. Uma personalidade corajosa avança com
serenidade, ultrapassando sua zona mental de conforto com moderação e lucidez.
A rebeldia tira a condição de pessoa centrada em valores
e metas para situá-la nos dois extremos do psiquismo revoltado: ora na
arrogância, ora na descrença. A arrogância é a atitude daqueles que ainda
encontram energia para expressar sua inconformação. A descrença é o estado de
quantos já se encontram exauridos de tanto reagir aos alvitres da existência.
Quando na arrogância, a alma se afoga nas vertigens da
insensatez.
Quando na descrença, tomba nas armadilhas do medo.
Na arrogância, nossa maior ilusão é não aceitar o eu real
em detrimento do eu ideal. Romper com a imagem que o ego construiu sobre nós,
para nos defender da angustiante realidade do que somos.
Na descrença, nossa maior dificuldade é aceitar que a
vida jamais será como queremos. Nisso reside nossa incapacidade em lidar com
perdas e sonhos desfeitos ou não alcançados.
A arrogância traz a sofreguidão das metas que se desfazem
como bolhas de sabão aos nossos olhos, levando--nos ao vício de sermos exímios
fabricantes de sentidos para a vida pessoal e para a daqueles que nos cercam.
A descrença traz a paralisia da depressão que nos
aprisiona no catre da ausência de sentido, subtraindo-nos a alegria do ato de
viver.
O arrogante é um inveterado "criador de
destinos", com os quais procura atender a sua inesgotável tendência de
gerir a vida alheia, na condição de um semideus.
O descrente é um cultor da revolta que está atemorizado
com a morte de sua vida idealizada e impossível.
Arrogância e descrença são extremos psicológicos e
emocionais de um mesmo motivo: a ação de não aceitar os processos necessários
da vida e suas leis de progresso.
Ambos, arrogantes e descrentes, são pessoas que temem
ardentemente a queda, o fracasso, o desacerto. O arrogante, com medo de errar,
tenta demais e tomba na prepotência. O descrente, com medo do erro, evita
arriscar e escolher.
O arrogante se vê além do que é. O descrente foge de quem
é.
Estar em quaisquer destas extremidades significa limite e
nível patológico da vida mental. Nesse clima da vida interior, a maior
enfermidade dos dias atuais instala-se sorrateira e decisiva: a ausência de
sentido para os dias da nossa existência. Arrogantes e descrentes caminham ao
sabor de intermináveis combates íntimos que sugam as forças morais e minam os
ideais possíveis. Estabelece-se uma lastimável pressão sobre os pensamentos,
causando um estado de confusão mental. Um desgosto, abrupto e dominador,
subtrai significativa parcela do afeto e da sensibilidade. Cansadas, tais
criaturas correm atrás do dever ao peso de dor e desânimo, cobrança e rigidez.
Rebeldia é resultante da ausência de habilidade em
movimentar o mais sublime patrimônio conferido pelo Criador à criatura: a fé.
A fé é o combustível do ato de viver. A energia interior
que vem das profundezas inabordáveis da alma para equilibrar nossa mente e nos
nutrir com a energia da vida, a energia de Deus, que sustenta o universo em
profusão.
Fé é essa força que está no íntimo de nós mesmos qual uma
pepita reluzente acomodada no lago pantanoso de nossa sombra. A luz escondida
que necessita ser colocada no velador, onde possa iluminar nossa vida
consciente. A sombra é também um centro de talentos e qualidades ocultas que
solicitam manifestação.
O contato com a energia da fé desperta o estado de
otimismo, irradia a paciência, espalha a confiança e fortalece a resignação nas
atitudes, levando-nos a aceitar a vida como ela é.
A fé mantém a mente em harmonia e domínio interior, por
consequência, habituando-nos a agir com foco no presente, sem as agonias com o
futuro ou os descontentamentos do passado. Estar no presente significa viver,
ter sentido para continuar um dia após o outro na busca consciente por metas e
motivações.
Uma de suas propriedades energéticas mais importantes é a
função seletiva. Como fosse uma batéia - recipiente para garimpar metais
preciosos nos rios -, ela seleciona o que há de melhor em nosso campo psíquico.
É uma chave para abrir o Self divino que está adormecido em nosso íntimo.
Ela é a base da vida em toda parte. É a alma da
esperança, sem a qual não conseguimos enxergar a trilha excelsa traçada por
Deus para a nossa felicidade. É a fonte do prazer de viver.
Sem esperança como viver? Ela é o efeito no campo dos
sentimentos quando encontramos o ritmo vibratório de Deus na vida. Surge quando
identificamos o fluxo de energias divinas que conspiram para a nossa ascensão.
Dizem os Sábios Instrutores:
"Inspiração divina, a fé desperta todos os instintos
nobres que encaminham o homem para o bem.
É a base da regeneração. Preciso é, pois, que essa base
seja forte e durável, porquanto, se a mais ligeira dúvida a abalar, que será do
edifício que sobre ela construirdes?"2323. O evangelho segundo o
espiritismo, capítulo xix, item II.
Toda a nobreza espiritual da qual somos herdeiros de Deus
somente poderá se expressar sob o influxo da fé. Todos os instintos em nós
colocados para o progresso, sob sua tutela são dirigidos para tornar a nossa
vida um ato de dignidade repleto de alegria e prazer de viver.
WANDERLEY OLIVEIRA + ERMANCE DUFAUX - CAPÍTULO 11 – LIVRO
PRAZER DE VIVER
FÉ, COMBUSTÍVEL DO ATO DE VIVER - PARTE II
"Indeterminada é a duração do castigo, para qualquer
falta; fica subordinada ao arrependimento do culpado e ao seu retorno à senda
do bem; a pena dura tanto quanto a obstinação no mal; seria perpétua; se
perpétua fosse a obstinação; dura pouco, se pronto é o arrependimento." O
ESE, capítulo XXVII, ítem 21
Na década de 40, fizemos um resgate nas regiões sombrias
da erraticidade que jamais sairá de nossa tela mental.
Uma alma querida do coração de Eurípedes Barsanulfo
compunha as milícias nazistas que incendiaram o mundo de ódio e racismo ao
findar dos anos 30.
O soldado Matias era um escritor das trevas, assessor de
ideias nocivas sobre a psicologia da maldade. Autor do livro Porta larga: o
caminho da perdição humana, no qual desenvolveu um modelo de colonização do
mundo mediante um estudo profundo da natureza humana.
Sua tese está resumida na parte 1 desta mensagem. O
fundamento básico do livro é o remorso, a fixação prolongada no sentimento de
culpa. Com base nessa teoria, até hoje as sombras se arregimentam em suas
ações, sejem que campo for do pensamento social.
Quando resgatado, Matias trouxe em seus pertences um
exemplar do livro, que está arquivado na biblioteca do Hospital Esperança. Na
medida de sua conversão ao bem, o autor continuou seus estudos e passou a ser
um colaborador ativo na preparação de servidores que vão reencarnar com missões
educativas. Todos os que se preparam para essa finalidade fazem cursos com base
no conhecimento desta obra.
Matias regressou ao corpo na década de 50 com o objetivo
de levar ao mundo melhores noções sobre a substância enobrecedora de sua
inteligência e de sua argúcia psicológica. Na condição de médium, enfrentou os
mais severos embates com seus vínculos das regiões abismais, onde deixou uma
família extensa de laços sagrados.
Antes de seu regresso, deixou em nossa casa de amor
vários títulos com conteúdo moral e psicológico avançado.
Tomando por base alguns desses volumes educativos, vamos
agora, nesta parte II, registrar a antítese da mensagem anterior. Se o remorso
é o núcleo do derrotismo, o arrependimento é a alavanca de motivação para a
remissão da consciência.
O fundamento filosófico e psicológico de todas as
plataformas intelectuais das organizações da maldade assenta-se em um só
princípio: travar a libertação da consciência.
Na consciência encontram-se as leis de Deus, segundo O
livro dos Espíritos, questão 621.
No Self glorioso está a chama da alegria de viver.
Impedir o contato com esta fonte permanente de luz e sabedoria é reprimir a
pulsão da vida até que o homem venha a tombar na descrença, isto é, a imantação
mental sob os comandos do ego.
Muito antes de Freud, as teorias psicanalíticas já eram
estudadas no século XIX nas esferas urbanas da semi civilização. O
inconsciente, a parte menos conhecida da criatura, tornou-se alvo dos velhos
alquimistas e magos que servem a essas hordas. Conhecidos como magister, um
cargo de honra nas trevas, esses cultores do domínio psicológico das sociedades
mundiais só não previam que a ciência, a tecnologia e a própria noção de Deus,
alargadas com as conquistas do século XX, viriam a balançar as estruturas mais
secretas de suas teses.
Ainda assim, o contingente de almas atingidas no mundo
pela doença do remorso é de estarrecer. Diante disso, urge disseminar roteiros
luminosos no desenvolvimento das soluções íntimas em busca de uma vida mais
rica de prazeres da alma.
No remorso, a doença básica da ausência de sentido corrói
os mais firmes propósitos de vitória e progresso do ser humano. As sensações de
medo, insegurança e incompletude podem gerar o surgimento da angústia
patológica.
Sempre que os conteúdos velados do inconsciente forem
ameaças ao nosso ego, surgirá a angústia necessária. Os mecanismos de defesa
intrapsíquicos decorrem da tentativa de proteção natural a essas ameaças.
Todavia, a fuga sistemática à interiorização ou à descoberta das origens destes
avisos angustiantes conduz ao adoecimento emocional e psicológico. O remorso é
exatamente o quadro mental da criatura aprisionada em suas próprias criações,
que durante longo tempo usou para se proteger ou esconder.
Arrepender é o oposto. Significa partir para um recomeço
em bases novas. E todo recomeço implica alguma perda. Esse o maior receio de
qualquer pessoa habituada a fugir. Eis o maior medo que acomete a criatura
diante das mudanças necessárias em sua vida.
A palavra mudança, para quem se acha adoecido
psiquicamente, é um desastre de proporções incalculáveis. Sem arrependimento
legítimo, porém, não há cura, não há melhora.
Arrependimento quer dizer, antes de tudo, coragem para
dar nova direção à vida. Remorso é ruminar culpas, algemar-se à dor, fazer-se
de vítima da vida e fugir das responsabilidades pessoais.
No arrependido encontramos algumas características
marcantes que refletem o estado íntimo de quem realmente quer recomeçar, tais
como: honestidade emocional, intensa capacidade produtiva, reconhecimento de
seus limites humanos com vigorosa aceitação de si mesmo, autoconfiança e
independência emotiva, distância do conformismo, orientação psicológica para a
realidade.
O Espírito arrependido na vida espiritual reencarna com
mais dilatada sensibilidade para realizar esse redirecionamento. Ainda assim,
não escapa ao caleidoscópio de sentimentos e emoções em céleres mutações
mentais. Culpa, medo e tristeza aqui também comparecem, com a diferença de que,
neste clima psíquico, são vetores de orientação que criam estado de pressão
íntima com fins educativos. A culpa sob comando torna-se motivação para rever
crenças e valores, inspirando novas condutas. O medo, ao invés de paralisar,
vai trazer um convite para a reflexão dos desafios e testes e como superá-los.
A tristeza é a introspecção, algo que centra a mente em si própria, tornando-se
igualmente um convite a repensar caminhos e a buscar novas soluções diante de
perdas ou situações imprevisíveis.
Esse quadro interior configura uma silenciosa expiação
que, suportada com resistência mental, enrijece o poder de realização. Contudo,
resistência sem auto amor é caminho para a arrogância e a prepotência. Com
afeto a si mesmo, por meio de cuidadosos costumes de docilidade no tratamento a
si próprio e honestidade emocional, a força de realização fortalece a fé - base
segura e essencial para a liberdade íntima na aquisição do prazer de viver.
A análise sábia de Allan Kardec, em nossa referência de
apoio acima, deixa claro: "(...) dura pouco, se pronto é o
arrependimento". A sanção interior é relativa ao ato de arrepender-se.
E Jesus, Sábio Cuidador de Almas, deixou claro o valor do
arrependimento ao esclarecer, em Lucas, capítulo 15, versículo 7:
"Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um
pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não
necessitam de arrependimento".
Somente nesse clima de íntima liberdade e conexão com o
Self a criatura consegue qualidade de vida, fazendo do ato de viver um poema de
gratidão diária à vida, guardando fé em tudo o que pense, sinta ou faça.
Com afeto a si mesmo, por meio de cuidadosos costumes de
docilidade no tratamento a si próprio e honestidade emocional, a força de
realização fortalece a fé - base segura e essencial para a liberdade íntima na
aquisição do prazer de viver.
WANDERLEY OLIVEIRA - ERMANCE DUFAUX – LIVRO PRAZER DE
VIVER CAP. 12
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