1 – E veio Jesus para os lados de Cesaréia de Felipe, e
interrogou seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens que é o Filho do
Homem? E eles responderam: Uns dizem que é João Batista, mas outros que é
Elias, e outros que Jeremias ou algum dos Profetas. Disse-lhes Jesus: E vós,
quem dizeis que sou eu? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, filho
do Deus vivo. E respondendo Jesus, lhe disse: Bem aventurado és, Simão, filho
de Jonas, porque não foi a carne e o sangue que te revelaram isso, mas sim meu
Pai, que está nos Céus”. (Mateus, XVI: 13-17)
2 – E chegou a Herodes, o Tetrarca notícia de tudo o que
Jesus obrava, e ficou como suspenso, porque diziam uns: É João que ressurgiu
dos mortos; e outros: É Elias que apareceu; e outros: É um dos antigos profetas
que ressuscitou. Então disse Herodes: Eu mandei degolar a João; quem é, pois,
este, de quem ouço semelhantes coisas? E buscava ocasião de o ver. (Marcos, VI:
14-15; Lucas, IX: 7-9)
3 – (Após a transfiguração). E os discípulos lhe
perguntaram, dizendo: Pois por que dizem os escribas que importa vir Elias
primeiro? Mas ele, respondendo, lhes disse: Elias certamente há de vir, e
restabelecerá todas as coisas: digo-vos, porém, que Elias já veio, e eles não o
conheceram, antes fizeram dele quanto quiseram. Assim também o Filho do Homem
há de padecer às suas mãos. Então compreenderam os discípulos que de João
Batista é que ele lhes falara. (Mateus, XVII: 10-13; Marcos, XVIII: 10-12)
CONTEXTO BÍBLICO
JESUS FALOU VÁRIAS VEZES SOBRE REENCARNAÇÃO
ITEM 1 – MATEUS XVI 13:17 –
JESUS QUESTIONA OS APÓSTOLOS SOBRE QUEM ELES ACHAM QUE ELE
É JÁ QUE MUITOS DIZIAM QUE ERA JOÃO BATISTA RESSUSCITADO.
O RECONHECIMENTO DE PEDRO
ITEM 2 – MARCOS VI: 14,15
JESUS FOI PARA BELÉM, DEU DONS DE CURA PARA OS APÓSTOLOS,
E FIZERAM ALGUMAS CURAS NUM SÁBADO, E O REI HERODES NÃO GOSTOU PORQUE IA CONTRA
A LEI DE MOISÉS QUE PROIBIA QUALQUER TRABALHO AOS SÁBADOS, HERODES NÃO ENTENDIA
JESUS E ACREDITOU SER JOÃO BATISTA RESSUSCITADO
ITEM 2 – LUCAS IX: 7,9
JESUS DEU O PODER SOBRE OS DEMÔNIOS E CURAREM AS
ENFERMIDADES,
FIZERAM MUITAS CURAS E HERODES CONTINUAVA INTRIGADO, DIZIAM
QUE PODERIA SER JOÃO BATISTA, OUTROS QUEM ERA UM PROFETA MAIS ANTIGO, HERODES
PROCURAVA SABER MAIS E VER JESUS
ITEM 3 – MATEUS - XVII: 10,13
JESUS REVELA QUE JOÃO BATISTA ERA ELIAS, E FAZ PREVISÃO
DE SUA PERSEGUIÇÃO, AGONIA E MORTE
ESTABELECE A MISSÃO DOS APÓSTOLOS
ITEM 3 – MARCOS XVI: 10:12
APARIÇÃO DE JESUS APÓS A SUA MORTE - AS TRÊS MULHERES MARIA MADALENA, MARIA (MÃE DE TIAGO E
SALOMÉ FORAM UNGIR O CORPO DE JESUS E OUVIRAM DELE (NÃO SABIAM QUE ERA ELE) QUE
O CORPO NÃO ESTAVA MAIS LÁ. JESUS RESSUSCITOU E APARECEU PARA MARIA MADALENA
TEXTOS DE APOIO
NOSSA MAIOR DEFESA
"Quem dizem que eu sou? - Eles lhe responderam:
Dizem uns que és João Batista; outros, que Elias; outros, que Jeremias, ou
algum dos profetas." O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo IV -
item 1
Eminentes cientistas consideram, sob a ótica
materialista, que o fortalecimento do ego (ego estruturado) é a fonte da livre
manifestação do homem na busca de seus reais objetivos. De fato, a criatura
autônoma na perspectiva psicológica é dona de si mesma e reúne elementos para o
alinhamento mental, que lhe permite fluir em suas metas.
Um ego estruturado, porém, pode levar-nos a estagiar nas
experiências da arrogância, do personalismo, da auto-suficiência e da
ostentação - traços de egocentrismo.
Muito ao contrário, quem se conecta com o self divino,
capacita-se para gerenciar suas potências internas e adota a humildade como
conduta, pois não sente necessidade de passar uma imagem, mas apenas ser.
Tem consciência de sua real importância perante a vida.
Nem mais, nem menos valor. Apenas o que realmente é; nada além, nem aquém.
Autonomia, portanto, à luz do espírito imortal, é a
habilidade de gerir bons sentimentos em relação a nós mesmos sustentando
crenças, atitudes e escolhas que correspondam ao legítimo valor pessoal. É a
expressão do auto-amor e o alicerce psicológico-emocional da maturidade. E' a
capacidade de dilatar essa conexão com o self— fonte emissora das energias do
amor.
A autonomia vem da capacidade de libertar-se dos padrões
idealizados, assumindo sua realidade em busca do melhor possível. Libertar-se
da correnteza da baixa autoestima proveniente do subconsciente.
A grande batalha pela autonomia não está em se libertar
de pressões externas e sim das velhas programações mentais e "gatilhos
emocionais" que nos escravizam aos processos de desamor e crueldade
conosco. E' uma mudança na forma de relacionar-se consigo próprio através do
foco mental positivo.
Contra nossos nobres propósitos de iluminação, temos
variados inimigos íntimos gestores de mensagens corrosivas da auto-estima e da
segurança. Somente aprendendo a nos amar, conseguiremos transformar esses
clichês pessimistas em respeito, reflexão, auto-avaliação e perdão.
A saúde mental surge quando nos livramos dessas
estruturas internas opressoras que são impulsos, condicionamentos, complexos,
tendências, clichês emocionais, clichês intelectuais, que constituem
subpersonalidades ativas na nossa vida subconsciente.
Quando não reconhecemos nosso valor, vivemos à mercê dos
"estímulos-evolutivos", ou seja, pessoas, lugares, guias espirituais,
cargos, instituições e filosofias que nos dizem quem somos e o que devemos
fazer.
Somos todos interdependentes, precisamos uns dos outros,
mas não a ponto de depositar em algo ou alguém a responsabilidade de nos fazer
felizes ou determinar nossas escolhas. Ouviremos a todos e refletiremos sobre
tudo que aconteça, tomando por divisa o compromisso da melhoria e do
crescimento gradativo. Acima de tudo, porém, devemos guardar por guia infalível
os sentimentos positivos, a consciência individual.
Os bons sentimentos são portadores de orientações do
inconsciente para nosso destino particular. Quando os escutamos, tornamo-nos
mais úteis a Deus, ao próximo e a nós próprios.
A atitude de autonomia pode ser sintetizada na frase:
entrego-me a mim mesmo e respondo por mim. Seu princípio básico é: somente eu
posso dizer o que quero e interpretar através dos meus sentimentos o que
realmente necessito para crescer.
Allan Kardec, dotado de excelente senso psicológico,
indagou aos Luminares Guias da Verdade:
"A obrigação de respeitar os direitos alheios tira
ao homem o de pertencer-se a si mesmo?"
"De modo algum, porquanto este é um direito que lhe
vem da Natureza."(1)
Pertencer-se a si mesmo é adquirir gerência sobre o
repositório da vida interior. Ter domínio de si próprio. Responder por si
perante o Criador.
A convivência humana na Terra é caracterizada por
processos emocionais e psicológicos que, frequentemente, nos afastam da Lei de
Liberdade. Raríssimas criaturas escapam da submissão e da dependência em
matéria de relacionamentos. Sentimentos estruturados no processo evolutivo do
egoísmo ainda nos atam aos enfermiços contágios da ilusão de galgar o progresso
através do outro, delegando o direito natural de pertencer a si mesmo. Com essa
atitude, atolamos no apego a pessoas e bens passageiros como únicas referências
de bem-estar e equilíbrio, navegando no mar da existência como descuidados
viajantes ao sabor dos fatos externos, sem posse do timão dos fenómenos
internos da alma.
Fomos treinados para ter medo de pensar bem sobre nós ou
sobre a capacidade de gerenciar nossos caminhos evolutivos. Fomos treinados
para atender a expectativas. Até mesmo em nossos grupos de amor cristão, com
assídua frequência, é enaltecida a dependência e, algumas vezes, até a
submissão.
A pior consequência da falta de autonomia é medir o valor
pessoal pela avaliação que as pessoas fazem de nós. Por medo de rejeição, em
muitas situações, agimos contra os sentimentos apenas para agradar e sentir-se
incluído, aceito. Quem se define pelo outro, necessariamente tombará em
conflitos e decepções, mágoas e agastamentos.
Autonomia é a maior defesa da alma porque estabelece
limites, produz a serenidade, dilata a autoconfiança e coloca-nos em contato
com nossas aspirações superiores.
Em algumas ocasiões, a conquista da autogerência requer a
solidão e o recomeço. As vezes precisamos de muita coragem para abandonar
estruturas que construímos durante a vida e seguir os sinais que nos indicam
novos caminhos. Nessa fase, seremos convocados a responder a algumas indagações
originadas do medo. Conseguirei responder pelo meu futuro? Estarei dando passos
seguros para meu melhoramento? Estarei fazendo escolhas por necessidade ou
teimosia? Estarei fugindo de meu "projeto reencarnatório"?
Esse medo surge porque gostaríamos de contar apenas com o
êxito em nossas escolhas. Adoramos respostas e soluções imediatas, prontas para
usarmos. Uma leitura. Uma opinião. Uma mensagem mediúnica. Não ter riscos. Não
ter que ser criticados pelos caminhos que optamos. Esse medo ainda reflete a
dependência. Nessa hora, teremos que escutar nossos sentimentos e seguir.
Ouvi-los não quer dizer escolher o certo, mas optar pelo caminho particular em
busca da experiência sentida e conquistada dentro de sua realidade.
Esse é o "preço" que pagamos para descobrirmos
quem somos verdadeiramente. Libertar-se do ego é um parto psicológico. A
sensação de insegurança é eminente. Todavia, quando a alma é chamada a
semelhante experiência no "relógio da evolução", a vida mental
compensa essa sensação com emoções enobrecedoras que descortinam percepções
ampliadas acerca das intenções mais subjetivas do Ser. E' com base na intenção
que o Espírito assegura seu equilíbrio e suas escolhas no vasto aprendizado da
eternidade.
Essa liberdade psíquica e emocional da alma é o resultado
inevitável de algumas vivências da criatura em seu percurso evolutivo. Para
alguns é a maior conquista de uma reencarnação inteira. Para outros, que já a
desenvolveram com maior amplitude em outras existências, será a base para o
cumprimento de exigentes missões coletivas. Podemos enumerar em quatro as
principais vivências que conduzem à autonomia:
1. Auto-estima - é o aprendizado do valor pessoal. Quem
se ama sabe sua real importância.
2. Resistência emocional - é a capacidade de suportar os
próprios sentimentos, que muitas vezes levam-nos às crises e opressões em razão
da bagagem da alma. Atravessar dores amadurece.
3. Saber o que se quer - somente fazendo escolhas,
descobrimos nossas aspirações. Algumas dessas escolhas incluem a corajosa
decisão de romper com velhas "muletas mentais".
4. Escutar os sentimentos - nos sentimentos está o
"mapa" de nosso "Plano Divino". Aprender a ouvi- los sem os
ruídos da ilusão será a nossa sintonia com o "Deus Interno".
Quem adquire autonomia fica bem consigo, torna-se ótima
companhia para si e passa a buscar, automaticamente, com mais intensidade, o
próximo, o trabalho.
"As pessoas, quando educadas para enxergar
claramente o lado sombrio de sua própria natureza, aprendem ao mesmo tempo a
compreender e amar seus semelhantes."<2>
A ausência da autonomia pode levar-ncs à condição de
mendigos de amor ou vítimas do destino. Considerando-a como gestora da almejada
condição de "sentir-se bem" perante a existência, na sua falta o ser
humano debate-se em flagelos morais lamentáveis que o escravizam a condutas
autodestrutivas, tais como conflitos crônicos, mágoas permanentes, baixa
tolerância a frustrações, projeções psicológicas nos outros, vergonha de si.
O eminente Doutor Frederick Perls, criador da terapia
Gestalt nos diz: "Eu faço as minhas vontades e você faz as suas. Eu não
estou neste mundo para tiver de acordo com as suas expectativas, e você não
está neste mundo para tiver de acordo com as minhas. Eu sou eu e você é você.
Se um dia nos encontrarmos, vai ser lindo! Se não, nada há de se
fazer."<3)
Jesus, a título de aferir a visão alheia, indagou: Quem
dizem que eu sou?
Imperioso saber quem somos, pois, do contrário, seremos
quem querem que sejamos.
Em outra ocasião, o Divino Tutor de nossos destinos
asseverou: "Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder
a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?"(4)
A colocação de Jesus é rica de clareza acerca da
autonomia como sendo nossa maior defesa na rota de ascensão.
Amiga (o) de caminhada,
Não confundas autonomia com recursos oferecidos a ti pela
Divina Providência.
Autonomia é estágio de um processo deflagrado por ti
mesmo (a). Em verdade, um efeito de tua perseverança na longa e exaustiva
viagem da interiorização.
Pede a Deus para dilatar teu discernimento a fim de
usá-la afinada com os propósitos do bem, entretanto, felicita a ti mesmo (a)
lográ-la, porque é conquista individual, inalienável e intransferível.
De nossa parte, se algo fizemos para chegares até este
ponto evolutivo, foi, tão somente, lembrar-te sempre que todos merecemos ser
felizes.
(1) O Livro dos Espíritos - questão 827
(2) The Collected Works of CG Jung (CW) - 17 Vol. VII
par. 28
(3) Gestalt-Terapia Explicada - Frederick Perls - 1969
(4) Mateus 16:26
Ermance Dufaux – Livro Escutando os Sentimentos cap. 13
PALAVRAS DE JESUS CONFIRMAM A REENCARNAÇÃO
MATEUS, 16º, 13 ao 20. — MARCOS, 8º, 27 ao 30. — LUCAS,
9º, 18 ao 21. Palavras de Jesus confirmativasda reencarnação. — Alusão de
relações mediúnicas que podem existir entre os homens e as potências espirituais.
— Missão de Pedro na igreja do Cristo. — Verdadeira confissão MATEUS: capítulo
16º, versículo 13. Chegando às cercanias de Cesaréia de Filipe Jesus perguntou
a seus discípulos: Que é o que os homens dizem do filho do homem? — 14. Eles
responderam: Uns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros, que é
Jeremias ou um dos profetas. — 15. Jesus lhes perguntou: E vós quem dizeis que
eu sou? 16. Simão Pedro respondeu: és o Cristo, filho do Deus vivo. — 17. Jesus
respondeu: Bem-aventurado és, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne
nem o sangue que Isso te revelaram, mas meu pai que está nos céus. — 18. E eu
te digo que és Pedro e que sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; e contra
ela não prevalecerão as portas do inferno. 19. Dar-te-ei as chaves do reino dos
céus; e tudo o que ligares na Terra será também ligado no céu e o que desligares
na Terra será desligado nos céus. — 20. Ordenou em seguida aos discípulos que a
ninguém dissessem ser ele Jesus o Cristo. MARCOS: capítulo 8º, versículo 27.
Jesus partiu daí com seus discípulos para as aldeias dos arredores de cesaréia
de Filipe e pelo caminho lhes perguntava: Quem dizem os homens que eu sou? —
28. Responderam eles: Uns dizem que João Batista; outros que Elias; outros que
um como os profetas. 29. Disse-lhes então: Mas, vós, quem dizeis que eu sou?
Pedro, respondendo, disse: és o Cristo. — 30. E ele lhes proibiu que o dissessem
a pessoa alguma. LUCAS: capítulo 9º, versículo 18: Sucedeu que um dia, estando
de parte a orar rodeado de seus discípulos, Jesus lhes perguntou: Quem diz o
povo que eu sou? — 19. Eles responderam: uns — João Batista: outros — Elias;
outros — algum antigo profeta que ressuscitou. — 20. Disse-lhes ele: E vós quem
dizeis que eu sou? Simão Pedro respondeu: O Cristo de Deus. — 21. Ele então lhes
proibiu muito expressamente que o dissessem a pessoa alguma. (105)
Estas passagens têm um duplo fim, que muito importantes
as tornam: lembrar aos homens o princípio da reencarnação e não deixar
esquecessem as relações medíúnicas que podem existir entre eles e as entidades
espirituais.
Jesus firmava assim o que mais tarde viria a ser posto em
evidência, explicado e desenvolvido, em espírito e verdade, pela Nova
Revelação.
Com efeito, as perguntas formuladas pelo Divino Mestre
sobre o que pensavam dele as gentes e as respostas que lhe foram dadas mostram
não só que a opinião geral lhe atribuia uma origem espiritual anterior àquela
sua vida terrena, vendo nesta uma existência nova num novo corpo, o que
envolvia a ideia da preexistência da alma e da reencarnação, como também que os
hebreus sabiam, embora confusamente, pelas tradições conservadas, que o homem
pode voltar muitas vezes à Terra, para concluir uma obra começada e interrompida
pela morte humana.
Ora, não contestando a opinião segundo a qual Ele podia
ser a reencarnação de um Espírito, como o de Elias, João, ou outro, Jesus
confirmou a hipótese do renascimento, perguntando: E vós quem dizeis que eu
sou? — hipótese que também confirmou no seu colóquio com Nicodemos. “Se a
crença de reviver na Terra, diz o autor da Divina Epopéia, sob o nome de
ressurreição, a que hoje, pela revelação nova, chamamos reencarnação, fosse um
erro, Jesus, o verbo de Deus, a luz verdadeira que alumia a todo que vem a este
mundo, não teria deixado de combatê-la, como combateu tantas outras. Ao
contrário, Ele a sancionou, proclamando-a como uma condição necessária e
indispensável para o progresso e adiantamento da Humanidade”.
Não te admires de eu dizer: é necessário que torneis a
nascer, observou o divino Mestre a Nicodemos (Evangelho de João, capítulo 3º,
versículo 7). Deste modo ratificou Ele, conforme acima dissemos, a lei natural
do renascimento, da reencarnação, apresentando-a como uma realidade e realidade
ante a qual se dissipam todas as dúvidas oriundas dos absurdos que, sob a capa
do milagre, pretendem os ortodoxos que admitamos. A reencarnação, pois, o renascimento,
a obrigação que tem o Espírito de reviver, como meio de chegar ao estado de
pureza integral, ideia que já se continha na revelação hebraica, que constituiu
princípio fundamental na revelação messiânica, mas que não foi apreendida por
virtude das interpretações literais a que estiveram sujeitas essas revelações,
constitui hoje, pela revelação nova, que as vem explicar em espírito, uma
verdade axiomática, expressão fiel do pensamento do Mestre Divino.
E vós quem dizeis que eu sou? — perguntou Jesus a Pedro,
que lhe respondeu: És o Cristo, Filho do Deus vivo, isto é, o Enviado do
Senhor.
Retrucando, Jesus lhe fez ver que o conhecimento dessa
verdade lhe fora dado por uma revelação vinda do Pai que está nos céus.
De fato, como podia Pedro saber, para o afirmar com tanta
segurança e firmeza, que Jesus era o Enviado de Deus, se tal coisa lhe não
houvera sido revelada? E de que modo pudera ter tido essa revelação, a não ser
por uma inspiração mediúnica? Ë claro que, na ocasião, ele foi apenas o
instrumento que serviu para a revelação de uma verdade, ou de um médium
falante.
Logo, podemos e devemos concluir não só que Pedro era
médium, como que já então se davam essas revelações a que a Doutrina Espírita
chama mediúnicas.
Efetivamente, dotado de uma organização física bastante
maleável para se prestar a todas as influências mediúnicas, Espírito
intelectualmente mais adiantado do que os dos outros apóstolos, Pedro era, dentre
estes, o que possuía em maior extensão e poder os dons da mediunidade. Era,
pois, o que mais se prestava a servir de pedra fundamental para a construção da
Igreja do Cristo: “E eu te digo que és Pedro e sobre esta pedra edificarei a
minha Igreja”.
Quer isto dizer que sobre a mediunidade é que assenta essa
Igreja, que assim repousa em alicerce inabalável, porquanto a faculdade que
aquele apóstolo possuía havia de espalhar-se, como realmente aconteceu e está acontecendo,
mais do que nunca, nos tempos atuais, sem que o menor dano lhe possam causar os
ódios sectaristas, nem os interesses de qualquer natureza: “contra ela não
prevalecerão as portas do inferno”.
Assim sendo, é claro que todos os verdadeiros espíritas
e, sobretudo, os médiuns sinceros e humildes servirão para aquela construção,
trazendo-lhe cada um a sua pedra.
E, de tal modo, eles poderão, como Pedro, espalhando de
mais em mais, em torno de si, a luz que forem recebendo, ligar também e
desligar na Terra, certos de que o Senhor ligará e desligará no céu.
Não quer isso dizer, está visto, que o homem, quem quer
que ele seja, tenha o poder de absolver ou condenar, proferindo sentenças das
quais não haja apelação, nem mesmo para Deus. Quer unicamente significar que,
conservando a integridade da alma e a pureza do coração, obtendo, em consequência
e cada vez mais, as luzes que trazem os bons Espíritos, se tornarão também cada
vez mais aptos a julgar das coisas da Terra e das coisas do céu, a dirigir pelo
bom caminho os outros homens, a distinguir com segurança os que se desviam e os
que marcham fiéis e a poder fazer-lhes sentir isso, sem perigo de erro.
E não se argumente tampouco com as palavras de Jesus
declarando Pedro a pedra fundamental da sua Igreja, para sustentar-se a
infalibilidade do papa, chamado o sucessor daquele apóstolo e o vigário
exclusivo do Cristo na Terra.
Aquelas palavras foram especialmente dirigidas a Pedro
que, Espírito adiantado e devotado e, além disso, excelente instrumento
mediúnico, conforme já dissemos, dispunha, por ser da vontade de Jesus e graças
aos
Espíritos superiores que o assistiam, de uma perspicácia,
que não podemos avaliar com exatidão. Sua visão penetrante descia ao fundo das
consciências, sondava os mais íntimos pensamentos e constante era a sua
comunicação com os emissários divinos. Ora, achando-se em tais condições, ao
seu alcance estava ligar e desligar na Terra (o que também se pode traduzir por
admitir ou não na Igreja do Cristo que, em sua origem, era simples reunião de
fiéis, os que se propunham a ingressar nela), visto que não fazia mais do que pronunciar,
em voz humana, os decretos que espiriticamente lhe eram transmitidos.
Digam-nos, porém: quantos Pedros já se contaram entre os
que se hão instituído seus sucessores?
Se os dons, as virtudes e os demais predicados por que
Pedro se distinguia entre os discípulos não eram inerentes à sua individualidade,
mas ao encargo que o Mestre lhe conferiu de pastorear o pequeno rebanho que
formava a primitiva Igreja Cristã, nem só nenhuma razão haveria para que fosse
ele o escolhido e não outro, nem com os que se disseram seus sucessores se
teriam dado os fatos que a história dos Papas e dos Concílios registra, fatos
que mais ou menos continuam a reproduzir-se e que explicam o desprestígio da
Igreja de Roma, que tende a desaparecer. Não veem os homens do Silabo, dos
dogmas impostos pelo terror das fogueiras e dos martírios que, numa época como
a atual, em que a razão se emancipa de todas as tutelas, já não é possível a imposição
da fé cega?
Não, as coisas vão mudar. Passado o tempo das fogueiras e
dos apavorantes anátemas, despojado o Chefe da Igreja do poder temporal, que mal
e indevidamente exercia, porque o Mestre disse: Regnum meum non est in hoc
mundo (106), o prestígio, o poder, o reinado daquele que queira ser ou haja de
ser sucessor de Pedro somente poderão demonstrar-se pela caridade, pela
humildade, pelo desinteresse, pela mansidão e abnegação, que foram as armas com
que o Manso Cordeiro de Deus apeou potentados e derrocou tronos de déspotas, a
todos se sobrepondo pela exemplificação daquelas virtudes sublimes. Mesmo,
porém, que um homem aparecesse revestido de tais virtudes, ainda assim não
poderia, só por isso, considerar-se sucessor de Pedro, que não mostrou apenas
possuí-las, mas se distinguiu entre os demais discípulos, muito embora estes
também fossem exemplificadores dos
ensinamentos de Jesus.
Não, Pedro não teve, nem tem sucessor na Terra. Quem
pudera ou pode haver sucedido a esse altíssimo Espírito, que preside ao
progredir da fé, ao desenvolvimento da inteligência, ao cumprimento das
promessas de Jesus?
Ele continuou e continua no desempenho da sua missão
espiritual, depois de haver desempenhado a sua missão humana. Desempenhando
esta última, deu princípio, com o concurso dos outros apóstolos e dos
discípulos que se lhe associaram, à edificação da Igreja do Cristo e,
desempenhando a sua missão espiritual, prossegue na execução desta obra e a
concluirá.
E as portas do inferno não prevalecerão contra ela,
porque, sendo a Igreja do Cristo o conjunto dos filhos do Senhor, não será
atingido pelo sofrimento e pela expiação aquele que, tendo sabido manter a
integridade do coração e da alma, se esforçou por cumprir, segundo a lei divina,
todas as suas obrigações, todos os seus deveres, para com Deus e para com os
homens.
Pedro foi um discípulo enérgico, devotado, fiel até à
morte. Quem quer que construa sobre tal base não terá que temer as portas do
inferno.
Dar-te-ei as chaves do reino dos céus, isto é: o
conhecimento exato dos meios de chegar à perfeição moral.
Essas chaves a Igreja de Roma desprezou e deixou se
perdessem. De modo algum, portanto, pode o seu chefe considerar-se sucessor do
grande apóstolo. Detenha-se ela no caminho errado por onde funestamente enveredou,
volte ao verdadeiro caminho e continue a percorrê-lo do ponto até onde chegaram
Pedro e os apóstolos, os discípulos e seus primeiros imitadores, que achará a
Igreja do Cristo cuja edificação eles começaram e que o Espírito da Verdade
vem, progressivamente, ampliar e concluir.
Compreenda ela o sentido verdadeiro das palavras que
Jesus dirigiu a Pedro e aos Apóstolos, sentido que espiriticamente é hoje
revelado pelos enviados do Mestre Divino, e, então, como os verdadeiros
espíritas, também
trabalhará, inspirada pelo Espírito da Verdade, na
edificação da Igreja do Cristo. Só então poderá, realmente, ligar e desligar —
o que, bem entendido, não quer dizer absolver ou condenar seus irmãos — mas
tornar-se, pela integridade do coração e da alma, pela obtenção das luzes dos
bons Espíritos, atraindo-os por aquela integridade, cada vez mais apta a julgar
das coisas da Terra e das coisas do céu, a dirigir os homens pelo bom caminho,
que é o dos mandamentos que Jesus declarou encerrarem toda a lei e os profetas,
e a distinguir com exatidão os que se desviam e os que marcham fiéis pela senda
que Ele traçou.
(105) JOÃO, 1º, 42; 6º, 69. — 1ª Epístola à João, 4º, 15.
— Atos, 8º, 37. — Hebreus, 1º, 2, 5. — Efésios, 2º, 8. — 1ª Epístola aos
Coríntios, 2º, 10. — Gálatas, 1º, 16. — Apocalipse, 21º, 14. — Isaías, 51º, 16.
(106) Ao nosso ver, a privação do poder temporal, se foi, individualmente, um
mal, ou uma perda sensível para o Sumo Pontífice, não o foi para a Igreja de
que é ele o chefe, visto que redundou no desaparecimento do que melhor provava
não ser essa Igreja a do Cristo. Não sendo deste mundo o reino do Filho de
Deus, sua não podia ser a Igreja cujo reinado era todo deste mundo. O ter sido
despojado daquele poder, valeu, pois. para a Igreja Romana por uma como galvanização.
Graças a isso é que ainda pôde ostentar a aparência de prestígio de que gozou
nestes últimos tempos. Obtendo, como recentemente obteve, em 1929, que lhe restituíssem
o poder temporal é que ela decretou a sua própria e definitiva condenação,
volvendo a oferecer ao mundo, quando no Espiritismo ressurge o verdadeiro
Cristianismo, a demonstração iniludível de que nela não está o espírito da
Doutrina Cristã, de que ela é a antítese da Igreja Universal do Cristo.
Livro: Elucidações Evangélicas cap 102 – Antonio Luiz Sayao
MATEUS, 17, 1 ao 9. — MARCOS, 9º, 1 ao 9. — LUCAS, 9º,
28-36 Transfiguração de Jesus no Tabor. — Aparição de Elias e de Moisés. —
Nuvem que cobriu os discípulos —Voz que saiu dessa nuvem e palavras que proferiu
MATEUS: capítulo 17º, versículo 1. Seis dias depois,
Jesus chamou a Pedro. a Tiago e a João, irmão de Tiago e, afastando-se com
eles, os conduziu a um monte elevado. 2. E se transfigurou diante deles: seu
rosto resplandeceu como o Sol, suas vestes se tornaram brancas como a neve. —
3. E eis lhes apareceram Elias e Moisés, que com Ele falavam. — 4. Disse então Pedro
a Jesus: Senhor, estamos bem aqui; se quiseres faremos três tendas: uma para
ti, uma para Moisés e uma para Elias. — 5. Pedro ainda falava quando uma nuvem
luminosa os cobriu e uma voz, que da nuvem saía, disse: Este é meu filho dileto
em quem hei posto todas as minhas complacências; escutai-o. — 6. Ouvindo isso,
os discípulos caíram de rosto em terra, presas de grande temor. — 7. Jesus se
aproximou, tocou-os e lhes disse: Levantai-vos e não temais. — 8. Erguendo
então os olhos, eles a ninguém mais viram senão somente a Jesus. — 9. Quando
desciam do monte, Jesus lhes fez esta recomendação: Não faleis a pessoa alguma
do que vistes, até que o filho do homem tenha ressuscitado dentre os mortos.
MARCOS: capítulo 9º, versículo 1. Seis dias depois, Jesus
chamou de parte a Pedro, a Tiago e a João e os levou consigo a um alto monte e
se transfigurou diante deles. — 2. Suas vestes se tornaram brilhantes e
alvíssimas como a neve, de uma brancura tal como nenhum pisoeiro na terra
poderia conseguir. — 3. E lhes apareceram Elias e Moisés a falarem ambos com
Jesus. 4. Disse Pedro então a Jesus: Mestre, aqui estamos bem; façamos três
tendas: uma para ti, uma para Moisés e uma para Elias. — 5. Ele não sabia o que
dizia, pois todos três estavam aterrorizados. 6. Uma nuvem se formou e os
cobriu; e dela uma voz saiu, dizendo: Este é meu filho muito amado, escutai-o.
— 7. Logo, porém, olhando à volta de si, a ninguém mais viram, senão a Jesus. —
8. Quando desciam do monte, Jesus lhes ordenou que a ninguém falassem do que
tinham visto, até que o filho do homem houvesse ressuscitado dentre os mortos.
— 9. E eles guardaram segredo do fato, excogitando entre si o que quereria
dizer: Até que o filho do homem ressuscite dentre os mortos. LUCAS: capítulo 9º, versículo 28. Cerca de
oito dias depois de haver dito essas palavras, Jesus chamou a Pedro, a Tiago e
a João e subiu a um monte para orar. — 29. E, enquanto orava, mudou-se-lhe o
semblante; suas vestes se tornaram alvas e resplandecentes; —30, e eis que dois
homens com Ele falavam, a saber: Moisés e Elias, — 31, que apareceram cheios de
glória. Falavam-lhe da sua saída do mundo, a verificar-se era Jerusalém. — 32.
Pedro e seus dois companheiros, que haviam adormecido, despertando, viram a majestade
de Jesus e os dois homens que com Ele se achavam. — 33. Sucedeu que, quando
estes se iam afastando de Jesus, Pedro, não sabendo o que dizia, propôs:
Mestre, aqui estamos bem; façamos três tendas: uma para ti, uma para Moisés e
uma para Elias. — 34. Quando ele ainda falava, veio uma nuvem e os cobriu; e
como a nuvem os envolvesse, amedrontaram-se. — 35. E uma voz saiu da nuvem
dizendo: Este é meu filho bem-amado; escutai-o. — 36. Enquanto a voz falava,
Jesus estava só. Os discípulos se calaram, nada disseram a ninguém, por então,
do que tinham visto.
O fenômeno, que se produziu no monte Tabor, em presença
de Pedro, Tiago e João, foi uma formidável manifestação espírita, que teve por
fim mostrar a elevação espiritual de Jesus, afirmar a sua missão como Cristo,
filho do Deus vivo, Cristo de Deus, e enunciar, sob um véu que a nova revelação
levantaria mais tarde, as promessas para o futuro. Retomando, momentaneamente, diante
daqueles discípulos, por meio da transfiguração, os atributos da natureza que
lhe era própria, se bem que velados ainda, pois de outro modo eles não lhes
teriam podido suportar o brilho, Jesus lhes dava uma ideia da sua grandeza
espiritual e da glória da vida por que eles ansiavam.
A presença, visível para os discípulos, de Moisés e Elias
que, como outros Espíritos, tanto e ainda mais elevados, rodeiam
incessantemente a Jesus, foi um meio de que se serviu este para lhes ferir a
imaginação e de, por assim dizer, confirmar, diante dos mesmos discípulos, a
sua elevação espiritual e que Ele era o Cristo, o Messias prometido. Ambos,
Moisés e Elias, haviam anunciado o Messias; a presença ali dos dois como que
sancionava e santificava, aos olhos dos Apóstolos, a missão que Ele, Jesus,
desempenhava.
A voz que saiu da nuvem e que se foi perdendo no espaço,
depois de haver dito: “Este é o meu filho bem-amado, em quem pus todas as
minhas complacências; escutai-o, afirmava, dessa forma, em nome do
Todo-Poderoso, do Pai, a missão de Jesus, como sendo o Cristo, filho do Deus
vivo.
Atestando, aquela presença, a intervenção dos Espíritos
junto dos homens, o fato de que tratamos foi a revelação, aos apóstolos, da
realidade das manifestações espíritas. Constituía, pois, uma promessa feita
para o futuro, promessa que se cumpre agora, quando tais manifestações se
produzem ostensivamente por toda a parte, explicadas e tornadas compreensíveis
pela Nova Revelação outorgada ao mundo mediante tais manifestações.
Verifica-se, pois, que são chegados os tempos então
preditos. Nessas condições, a Revelação Espírita é bem o outro Consolador, o
Espírito da Verdade, que Jesus, o Messias prometido por Moisés e Elias, a seu
turno prometeu.
Assim como há dois mil anos se cumpriu a promessa desses
dois grandes profetas, hoje se cumpre o que prometeu Aquele cujo advento constituíra
objeto daquela promessa.
Escolhidos por serem os que apresentavam condições
físicas mais favoráveis a torná-los aptos, mediunicamente, à produção da
manifestação espírita que se ia dar, os três discípulos, Pedro, Tiago e João,
caíram nesse estado de sonolência, de torpor, em que ficam os médiuns, quando
se dá uma forte manifestação espírita. E o fato da transfiguração se produziu
para eles, com o esplendor correspondente à elevação dos Espíritos que no mesmo
fato tomavam parte. Os Espíritos, como o ensina a Doutrina Espírita, têm a faculdade
de tornar-se visíveis e tangíveis, sob a forma humana, e transfigurar-se, reunindo
em torno de si os fluídos luminosos que sejam necessários ao fenômeno.
A resplendência que tomaram as vestes de Jesus, as quais,
segundo diz o Evangelista, eram de alvura tal, que nenhum pisoeiro da Terra
jamais poderia consegui-la, foi uma confirmação da elevação sem par do Cristo,
pois que aquelas palavras, entendidas em espírito e verdade, significam que na
Terra ninguém jamais poderia igualá-lo em elevação. Com efeito, ainda quando
haja alcançado a perfeição sideral, isto é, se tenha tornado puro Espírito,
qualquer dos que encarnem no nosso planeta será sempre menos adiantado do que Jesus:
ser-lhe-á inferior em ciência universal. Ë que Jesus, Espírito que, como todos
os demais, teve a mesma origem, partiu do mesmo ponto de inocência e ignorância,
havendo chegado sem o menor desvio, sem a mais ligeira falta, sem se afastar
jamais da diretriz traçada pelas leis do Pai, à suprema perfeição moral,
continuou e continua a progredir em ciência universal, visto que esse progresso
é indefinido. Assim sendo, nunca poderá Ele ser alcançado, na senda desse
progresso, por qualquer outro Espírito que haja retardado a marcha da sua
evolução, do seu aperfeiçoamento moral, por efeito de uma transgressão que seja
daquelas leis.
Quanto mais elevado, tanto mais luminoso se revela o
Espírito às vistas humanas. Do mesmo modo, quanto mais elevado é um planeta na
escala dos mundos, tanto mais branca e refulgente é a sua luz. Os mundos
espirituais, que qualificamos de celestes, aos quais só têm acesso os puros
Espíritos, são, na hierarquia dos mundos, os que projetam luz mais branca e mais
brilhante. Também entre os puros Espíritos, que em pureza são todos iguais, por
haverem todos chegado à perfeição moral, há hierarquia, sob o ponto de vista da
ciência universal, pois que se distinguem pela soma de suas aquisições
intelectuais.
Todos, através da eternidade, se vão cada vez mais
aproximando de Deus, tendo do Criador mais perfeito conhecimento, sem, no
entanto, poderem jamais igualá-lo, nem abrangê-lo com o olhar, ou lhe suportar
as irradiações, quando se acercam do foco da onipotência, para se inspirarem
nas vontades daquele que é o Pai de tudo o que é.
A recomendação que Jesus fez aos discípulos, para que a
ninguém falassem do que tinham visto, até que Ele houvesse ressuscitado dentre
os mortos, obedeceu à razão de que, se os discípulos divulgassem imediatamente os
fatos que presenciaram, antes de verificar-se o que se chamaria a “ressurreição”
do mesmo Jesus, ninguém lhes daria crédito.
O fenômeno da transfiguração do Divino Mestre, assim como
a de um Espírito muito elevado, nada tem de comum com o da transfiguração do
ser humano. Naqueles casos, há ação exclusiva do Espírito sobre o seu corpo perispirítico;
nos outros, há necessidade de uma combinação do perispírito do Espírito que
opera com o do encarnado que lhe serve de instrumento, sendo, portanto,
aparente a transfiguração, visto que resulta do aspecto que o desencarnado dá
aos fluídos em que envolve o encarnado.
(110) Deuteronômio, 18º, 15. — Isaías, 17º, 1. — Daniel,
8º, 18; 9º, 21; 10º, 10 e 18. — Atos, 3º, 22. — 2ª Epístola à Pedro, 1º, 17 e
18. — Apocalipse, 1º, 15, 16; 10º, 1.
Livro: Elucidações Evangélicas – cap. 105 – Luiz Sayao
MATEUS, 17º, 10 ao 13. — MARCOS, 9º, 10 ao 12. O Espírito
de Elias reencarnado na pessoa de João, o Precursor, filho de Zacarias e de
Isabel MATEUS: capítulo 17º, versículo
10. Seus discípulos então lhe perguntaram: Por que é que os escribas dizem ser
preciso que Elias venha primeiro? — 11. Jesus lhes respondeu: Em verdade, Elias
tem que vir e restabelecerá todas as coisas. — 12. Mas eu vos digo que Elias já
veio; eles não o conheceram e contra ele fizeram tudo o que quiseram. Assim
também farão sofrer o filho do homem. — 13. Então seus discípulos compreenderam
que Ele lhes havia falado de João Batista. MARCOS: capítulo 9º, versículo 10. E
o Interrogavam, dizendo: Por que é que os fariseus e os escribas dizem ser preciso
que primeiro venha Elias? — 11. Jesus lhes respondeu: É verdade que Elias tem
que vir primeiro e restabelecer todas as coisas; que sofrerá muito e será
desprezado, como está escrito a respeito do filho do homem. — 12. Mas eu vos
digo que Elias já veio e que eles o trataram como lhes aprouve, de acordo com o
que a respeito dele fora escrito. (111)
Chamando a atenção dos discípulos para o fato de haver
Elias voltado à Terra na pessoa de João Batista, Jesus assentava as bases da
Revelação Espírita, que Ele, mais tarde, no seu colóquio com Nicodemos,
deixaria veladamente entrever e que, depois, os Espíritos do Senhor trariam aos
homens, nos tempos marcados por Deus, explicando-lhes, em espírito e verdade, a
lei natural e imutável da reencarnação, seu princípio fundamental, suas regras,
fins e consequências. Talhava assim Jesus a pedra angular sobre que repousaria
o edifício do futuro.
Aquelas suas palavras que, cobertas pelo véu da letra,
grande influência haviam de exercer no porvir, sob o império do espírito, pouca
importância tinham para os apóstolos, dada a natureza da época em que foram
ditas, pois a reencarnação, se bem não constituísse lei entre os hebreus,
estava no domínio das crenças da maioria deles, embora já a houvessem combatido
os “espíritos fortes”, como erros da superstição. Jesus, portanto,
ressuscitando Elias na pessoa de João Batista, não fez mais do que ressuscitar
essa velha crença, mostrando a lei natural e imutável do renascimento, de cuja
aplicação entre nós a reencarnação daquele profeta era apenas um exemplo,
dentro da ordem geral da Natureza, pelo que respeita ao reino humano.
E não nos devemos admirar de que os discípulos houvessem
feito ao Mestre aquela pergunta, visto que, nas condições sociais em que
viviam, pouco sabiam da história sagrada, porquanto a ciência teológica era, na
Igreja Hebraica, o que ainda é em nossos dias: uma luz que se oculta, para que
não esclareça a multidão e não lhe patenteie as feridas que a Escritura, essa
pobre desfigurada, recebeu das interpretações humanas.
Falando de João, disse Jesus a seus discípulos que os
escribas e fariseus não haviam compreendido que aquele que pregava o
arrependimento e o advento do Redentor era o Elias cuja volta o Antigo
Testamento prometera e os discípulos logo compreenderam que Ele se referia ao
Batista, que este era o mesmo Elias que as profecias anunciavam, como tendo que
ser o Precursor do Cristo.
O que, porém, Jesus, naquela ocasião, não podia, nem
devia dizer, mas que hoje a Nova Revelação nos diz é que — Moisés, Elias e João
Batista — são uma mesma e única entidade.
Isso os Espíritos do Senhor nos revelam agora, porque são
chegados os tempos em que se tem de efetuar a “nova aliança”; em que todos os
homens, Judeus e Gentios, se têm que abrigar debaixo de uma só crença, da crença
num Deus uno, único, indivisível, Criador incriado, eterno, único eterno: o
Pai; em Jesus Cristo, nosso Protetor, Governador e Mestre: o Filho; nos
Espíritos do Senhor, Espíritos puros, Espíritos superiores, Espíritos bons,
que, sob a direção do Cristo, trabalham pelo progresso do nosso planeta e da
sua Humanidade: o Espírito Santo.
Sim, Moisés, Elias e João Batista são um só, são o mesmo
Espírito encarnado três vezes em missão. Quando foi Moisés, preparou a vinda do
Cristo e a anunciou veladamente.
Quando foi Elias, deu grande brilho à tradição hebraica e
anunciou, nas suas profecias, que teria de ser o precursor do Cristo. Quando
reencarnou em João, filho de Zacarias e Isabel, foi esse precursor.
Essas três figuras formam o emblema de uma tríplice
missão desempenhada em três épocas diferentes, e, por meio da aparição de
Moisés e de Elias, no Tabor, aos três discípulos, foram elas postas ao alcance
das inteligências humanas, quando Jesus ensinou aos homens que João Batista fora
Elias, que volvera à Terra. Assim, Moisés, Elias e João foram sempre o mesmo
Espírito reencarnado, porém, não a mesma personalidade humana, a mesma
individualidade terrena.
Haverá, talvez, quem objete que, sendo os três um só
Espírito, não poderiam Moisés e Elias aparecer no Tabor como dois Espíritos
distintos, conforme se verificou. Entretanto, a Nova Revelação explica o fato,
ensinando que, ali, um Espírito superior, da mesma elevação que Elias e João,
tomou a figura, a aparência de Moisés. Tais substituições se dão, quando
necessárias, por Espíritos da mesma ordem.
O princípio da reencarnação esteve esquecido durante
muito tempo e convinha que assim acontecesse, porque preciso se tornara que um
véu fosse lançado entre os homens cheios de vícios, de charlatanices, de
superstições, e os mistérios de além-túmulo, até que a Humanidade, pelos
progressos realizados, se mostrasse apta a apreender esses mistérios e, com
eles, a lei natural da reencarnação, que então lhe seria, pelos Espíritos do
Senhor, revelada, como o está nos ensinos da Terceira Revelação, em espírito e verdade,
no seu fundamento e nas suas consequências, lei que, de par com aqueles
mistérios, desvenda aos homens as sendas da expiação, da reparação e do
progresso, sempre abertas ao Espírito que, trilhando-as, chegará à perfeição
moral e, assim, à realização de seus destinos, por virtude da justiça de Deus,
cujos tesouros de bondade e misericórdia são inesgotáveis.
(111) Isaías, 53º. — Daniel, 9º, 26. — Malaquias, 4º, 5.
— Lucas, 1º, 16, 17.— Atos, 3º, 21.
Livro: Elucidações Evangélicas – cap. 106 – Antonio Luiz Sayao
A FALSA MENDIGA
Zezélia pedia esmolas, havia muitos anos.
Não era tão doente que não pudesse trabalhar, produzindo
algo de útil, mas não se animava a enfrentar qualquer disciplina de serviço.
- Esmola pelo amor de Deus! – clamava o dia inteiro,
dirigindo-se aos transeuntes, sentada à porta de imundo telheiro.
De quando em quando, pessoas amigas, depois de lhe darem
um níquel, aconselhavam:
- Zezélia, você não poderia plantar algum milho?
- Não posso... - respondia logo.
- Zezélia, quem sabe poderia beneficiar alguns quilos de
café?
- Quem sou eu, meu filho? não tenho forças...
- Não desejaria lavar roupa e ganhar algum dinheiro? –
indagavam damas bondosas.
- Nem pensar nisto. Não agüento...
- Zezélia, vamos vender flores! – convidavam algumas
jovens que se compadeciam dela.
- Não posso andar, minhas filhas!... – exclamava,
suspirando.
- E o bordado, Zezélia? – interrogava a vizinha,
prestativa – você tem as mãos livres. A agulha é uma boa companheira. Quem sabe
poderá ajudar-nos? Receberá compensadora remuneração.
- Não tenho os dedos seguros – informava, teimosa – e
falta-me suficiente energia... Não posso minha senhora...
E, assim, Zezélia
vivia prostrada, sem ânimo, sem alegria.
Afirmava sentir dores por toda parte do corpo. Dava
notícias da tosse, da tonteira e do resfriado com longas palavras que raras
pessoas dispunham de tempo para ouvir. Além das lamentações contínuas, clamava
que não bebia café por falta de açúcar, que não almoçara por não dispor de
alimentação.
Tanto pediu, chorou e queixou Zezélia que, em certa
manhã, foi encontrada morta e a caridade pública enterrou-lhe o corpo com muita
piedade.
Todos os vizinhos e conhecidos julgaram que a alma de
Zezélia fora diretamente para o Céu; entretanto, não foi assim.
Ela acordou em meio dum campo muito escuro e muito frio.
Achava-se sem ninguém e gritou, aflita pelo socorro de
Deus.
Depois de muito tempo, um anjo apareceu e disse-lhe,
bondoso:
- Zezélia, que deseja você?
- Ah! – observou, muito vaidosa – já sou conhecida na
Casa Celestial?
- Há muito tempo – informou o emissário, compadecido.
A velha começou a chorar e rogou em pranto:
- Tenho sofrido muito!... quero o amparo do Alto!...
- Mas, ouça! – esclareceu o mensageiro – o auxílio divino
é para quem trabalha. Quem não planta, nada tem a colher. Você não cavou a
terra, não cuidou das plantas, não ajudou os animais, não fiou o algodão, não
teceu fios, não fez pão, não lavou roupa, não varreu a casa, não cuidou das
flores, não tratou nem mesmo de sua saúde e de seu corpo... Como pretende
receber as bênçãos de Cima?
A infeliz observou, então:
- Não podia fazer... eu era mendiga...
O anjo, contundo, replicou:
- Não, Zezélia! – você não era mendiga. Você foi
simplesmente preguiçosa. Quando aprender a trabalhar, chame por nós e receberá
o socorro celeste.
Cerrou-se-lhe aos olhos o horizonte de luz e, às escuras,
Zezélia voltou para a Terra, a fim de renovar-se.
Francisco Cândido Xavier, . Da obra: Alvorada Cristã.
Ditado pelo Espírito Neio Lúcio..
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