APASCENTA AS MINHAS OVELHAS. Jesus (João 21:17)

APASCENTA AS MINHAS OVELHAS.  Jesus (João 21:17)
"APASCENTA AS MINHAS OVELHAS" JESUS (Jo 21:17)

segunda-feira, 31 de julho de 2017

E.S.E. – CAPÍTULO V – ITEM 1 e 2 – BEM AVENTURADOS OS AFLITOS


1 – Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos. Bem-aventurados os que padecem perseguição por amor da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. (Mateus, V: 5, 6 e 10).

2 – Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus. Bem-aventurados os que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque rireis. (Lucas, VI: 20 e 21)

Mas ai de vós, ricos, porque tendes no fundo a vossa consolação. Ai de vós, os que estais fartos, porque tereis fome. Ai de vós, os que agora rides, porque gemereis e chorareis. (Lucas, VI: 24 e 25).



TEXTOS DE APOIO




AFLITOS,  BEM... AVENTURADOS
          Provavelmente, no cotidiano, terás encontrado companheiros que te pareceram marginalizados perante a estrada justa;
          os que se supunham demasiados virtuosos para sobrestar as paixões humanas, a escarnecerem os fracos, e caíram nelas, à feição de pássaros engodados pela merenda na armadilha que os recolheu;
          os que censuravam erros do próximo, na base da ignorância, e se arrojaram depois nos despenhadeiros de enganos piores;
          os que empreenderam jornadas redentoras, colocando-te pesada carga nos ombros, afastando-se das obrigações que prometeram honrar;
          e quantos outros que ainda, incapazes de vencer a própria insegurança, desceram de eminências do serviço espiritual para aventuras turbulentas, chegando até mesmo a negação da fé que afirmavam acalentar.
          Diante de todos eles, os que desconsideraram os outros, colhendo por fim a desconsideração alheia, à face das situações complexas em que intimamente se reconhecem prejudicados e infelizes, recorda as dificuldades da própria sustentação espiritual; e examinando as provações e empeços de quem deseja acatar as responsabilidades próprias, endereça a todos os amigos, talvez em lutas mais graves que as tuas, os teus melhores pensamentos de paz e bom ânimo, a fim de que se restaurem.
          Espíritos egressos de experiências vinagrosas em existências outras que o tempo arquivou para balanço oportuno, todos ainda carregamos na próprias tendências o risco de retorno a quedas passadas, reclamando a bondade e a tolerância dos outros, de modo a demandarmos os caminhos da frente.
Partilhando a jornada humana, compreendamos que os companheiros julgados caídos estão desafiados por obstáculos e crises difíceis de atravessar.
          E, ao invés de agravar-lhes os problemas, que amanhã talvez se façam nossos, saibamos ofertar-lhes a bênção da prece quando de todo não lhes possamos estender os braços, lembrando o Divino Amigo quando asseverou, convincente:
          -“Em verdade não vim ao mundo para curar os sãos.”
Emmanuel - Do livro Nascer e Renascer -  Psicografia de Francisco Cândido Xavier




ESTÁS  AFLITO?
Está alguém entre vós aflito? Ore. TIAGO, 5:13.
A maioria das pessoas inquietas pede alívio, apressadamente, como se a consolação real fosse obra de improviso, a impor-se de fora para dentro.
Se tens fé, meu amigo, aprende a orar nas situações difíceis. Toda aflição tem uma causa, não é preciso, porém, que o médico ou o sacerdote venha indicá-la ao teus olhos.
Geralmente, nossas angústias se radicam em nossa própria leviandade no trato com a vida, quando não procede de reprováveis deslizes nas inexistências anteriores. Se o erro é de hoje, reparemo-lo, enquanto respiramos no caminho daqueles que ofendemos; se as sombras chegam de ontem, demostremos coragem e valor moral, desfazendo-as, através do trabalho perseverante no bem.
Se a inquietação te bate à porta, busca a prece e medita. Amigos espirituais, benfeitores da tua paz íntima, acudirão em teu socorro, inspirando-te o roteiro a seguir, com palavras consoladoras e reconstrutivas, em forma de pensamentos santificantes.
Humilhaste alguém? Solicita desculpas e corrige o erro impensado.
Credores atormentam-te? Habitua-te a comer e vestir, de acordo com as tuas possibilidades e paga os teus débitos com paciência.
O desânimo absorve-te o coração? Lembra-te de que o tédio é um insulto à fraternidade humana, porque a dor e a necessidade, a tristeza e a doença, a pobreza e a morte não se acham longe de tí.
Há muito trabalho por fazer, além dos teus muros felizes. Ajusta-te ao ideal de servir por amor, sem espírito de recompensa e as tuas horas estarão repletas de abençoado serviço aos semelhantes. De qualquer modo, nas aflições, não atires a tua cruz sobre os companheiros de tarefa. Ora, com serenidade, examina-te à claridade da verdadeira justiça e busca solucionar os problemas que te inquietam, usando os recursos divinos que o Senhor confiou a tí mesmo.

Emmanuel - Francisco Cândido Xavier por Espíritos Diversos. in: Nosso Livro




BEM AVENTURADOS

Bem-aventurados os aflitos
Que, chorando – não se desanimam,
Que, ofendidos – não revidam,
Que, esquecidos pelos outros – não olvidam os deveres que lhes são próprios,
Que, dilacerados – não ferem,
Que, caluniados – não caluniam,
Que, desamparados – não desamparam,
Que, acoitados – não praguejam,
Que, injustiçados – não se justificam,
Que, traídos – não atraiçoam,
Que, perseguidos – não perseguem,
Que, desprezados – não desprezam,
Que, ridicularizados – não ironizam,
Que, sofrendo – não fazem sofrer...

Até agora, raros aflitos da Terra conseguiram merecer as bem-aventuranças do Céu, porque, realmente, com amor puro somente o Grande Aflito da Cruz se entregou ao sacrifício total pelos próprios verdugos, rogando perdão para a ignorância deles e voltando das trevas do túmulo para socorrer e salvar, com sua ressurreição e com o seu devotamento, a Humanidade inteira.


André Luiz -Do Livro Através do Tempo de Francisco Cândido Xavier - 



AFLIÇÕES

E' inegável que em vosso aprendizado terrestre atravessareis dias de inverno ríspido, em que será indispensável recorrer as provisões armazenadas no íntimo, nas colheitas dos dias de equilíbrio e abundância.
Contemplareis o mundo, na desilusão de amigos muito amados, como templo em ruínas, sob os embates de tormenta cruel.
As esperanças feneceram distantes, os sonhos permanecem pisados pelos ingratos. Os afeiçoados desapareceram, uns pela indiferença, outros porque preferiram a integração no quando dos interesses fugitivos do plano material.
Quando surgir um dia assim em vossos horizontes, compelindo-vos à inquietação e à amargura, certo não vos será' proibido chorar. Entretanto, é necessário não esquecerdes a divina companhia do Senhor Jesus.
Supondes, acaso, que o Mestre dos Mestres habita uma esfera inacessível ao pensamento dos homens? Julgais, porventura, não receba o Salvador ingratidões e apodos, por parte das criaturas humanas, diariamente? Antes de conhecermos o alheio mal que nos aflige, Ele conhecia o nosso e sofria pelos nossos erros.
Não olvidemos, portanto, que, nas aflições, é imprescindível tomar-lhe a sublime companhia e prosseguir avante com a sua serenidade e seu bom animo.
Emmanuel - Psicografado por Francisco C. Xavier, no livro Caminho, Verdade e Vida



ELES VIVERÃO

 Onze anos após a crucificação do Mestre, Tiago, o pregador, filho de Zebedeu, foi violentamente arrebatado por esbirros do Sinédrio, em Jerusalém, a fim de responder a processo infamante.
Arrancado ao pouso simples, depois de ordem sumária, ei-lo posto em algemas, sob o sol causticante.
Avançando ao pé do grande templo, na mesma praga enorme em que Estevão achara o extremo sacrifício, imensa multidão entrava-lhe a jornada.
Tiago, brando e mudo, padece, escarnecido. Declaram-no embusteiro, malfeitor e ladrão. Há quem lhe cuspa no rosto e lhe estraçalhe a veste.
– “A morte! à morte!...”
Centenas de vazes gritam inesperada condenação, e Pedro, que de longe o segue, estarrecido, fita o irmão desditoso, a entregar-se humilhado.
O antigo pescador e aprendiz de Jesus é atado a grande poste e, ali mesmo, sob a alegação de que Herodes lhe decretara a pena, legionários do povo passam-no pela espada, enquanto a turba estranha lhe apedreja os despojos.
Simão chora, sozinho, ao contemplar-lhe os restos, voltando, logo após, para o seu humilde refúgio.
Depois de algumas horas, veio a noite envolvente acalentar-lhe o pranto.
De rústica janela, o condutor da casa inquire o céu imenso, orando com fervor.
Porque a tempestade? porque a infâmia soez?
O pobre amigo morto era justo e leal...
Incapaz de banir a ideia de vingança, Pedro lembra os algozes em revolta suprema.
Como desejaria ouvir o Mestre agora!... que diria Jesus do terrível sucesso?!...
Neste instante, levanta os olhos lacrimosos, e observa que o Cristo lhe surge, doce, à frente.
É o mesmo companheiro de semblante divino.
Ajoelha-se Pedro e grita-lhe:
– Senhor! somos todos contados entre os vermes do mundo!... porque tanta miséria a desfazer-se em lama? Nosso nome é pisado e o nosso sangue verte em homicídio impune... A calúnia feroz espia-nos o passo...
E talvez porque o mísero soluçasse de angústia, o Mestre aproximou-se e disse com carinho, a afagar-lhe os cabelos :
– Esqueceste, Simão? Quem quiser vir a mim carregue a própria cruz...
– Senhor! – retrucou, em lágrimas, o apóstolo abatido – não renego o madeiro, mas clamo contra os maus... Que fazer de Joreb, o falsário infeliz, que mentiu sobre nós, de modo a enriquecer-se? que castigo terá esse inimigo atroz da verdade divina?
E Jesus respondeu, sereno, como outrora :
– Jamais amaldiçoes... Joreb vai viver...
– E Amenab, Senhor? que punição a dele, se armou escuro laço, tramando-nos a perda?
– Esqueçamo-la em prece, porque o pobre Amenab vai viver igualmente...
E Joachib Ben Mad? não foi ele, talvez, o inspirador do crime? o carrasco sem fé que a todos atraiçoa? Com que horrenda aflição pagará seus delitos?
– Foge de condenar, Joachim vai viver...
– E Amós, o falso Amós, que ganhou por vender-nos?
– Olvidemos Amós, porque Amós vai viver...
– E Herodes, o rei vil, que nos condena a morte, fingindo ignorar que servimos a Deus?
Mas Jesus, sem turvar os olhos generosos, explicou simplesmente :
– Repito-te, outra vez, que quem fere, ante a lei será também ferido...
A quem pratica o mal, chega o horror do remorso... E o remorso voraz possui bastante fel para amargar a vida...
Nunca te vingues, Pedro, porque os maus viverão e basta-lhes viver para se alçarem à dor da sentença cruel que lavram contra eles mesmos...
Simão baixou a face banhada de pranto, mas ergueu-a em seguida, para nova indagação...
O Senhor, entretanto, já não mais ali estava. Na laje do chão só havia o silêncio que o luar renascente adornava de luz...

Livro: Contos Desta E De Outra Vida – Humberto De Campos – Irmão X 



NÃO  TE  AFLIJAS

            Não te aflijas, diante do quadro de lutas que te arrebata ao torvelinho das inevitáveis, porque a inquietação destrutiva nada constrói em benefícios dos semelhantes.
            Por ocasião do incêndio, não é a precipitação que salva ou retifica e nem apagaremos o fogo crepitante, atirando-lhe combustível.
            De qualquer modo, numa esfera de ação, qual a terrena, em que os bons sentimentos são luzes vacilantes e obras incompletas, seremos defrontados, diariamente, pelos raios mortíferos da desarmonia, da cólera, da intemperança e da crueldade; entretanto, a fim de que nos convertamos em recursos vivos de educação para os elementos que nos rodeiam, é imprescindível o aprendizado da serenidade e do silêncio, de modo a reajustarmos, com calma, as inseguras edificações humanas que a tempestade prejudicou.
            Ante a convulsão do verbo desvairado, cala-te e espera.
            Ante a violência arrasadora, emudece-te e aguarda a passagem das horas.
            Ante o movimento inesperado das intenções menos dignas ou do ataque indébito, cala-te ainda e conta com o tempo.
            Se aproveitas a dificuldade e a dor, a sombra e a deficiência, por valiosas oportunidades de auxiliar os teus irmãos, encontrarás no desdobramento de tua cooperação a resposta a todos os problemas que te atormentam a alma.
            Quando Jesus proclamou a bem aventurança aos aflitos, não se reportava aos espíritos insubordinados e impacientes, que elegem o desespero e a indisciplina por normas regulares de reação; referia-se, antes de tudo, aos que se acham aflitos por auxiliarem o engrandecimento coletivo, por se converterem realmente à luz eterna, por se consagrarem à caridade e, acima de tudo, por se dominarem, transformando-se em veículos de manifestação da Vontade do Senhor.
            Assim, pois, se te inquietas pelas construções do Bem Eterno, permaneces credenciado à bem-aventurança divina que, efetivamente, é muito difícil de alcançar.


Do livro: Reconforto Psicografia: Francisco Cândido Xavier Pelo espírito: Emmanuel




NEM  TODOS  OS  AFLITOS

              A provação é um desafio que poucos suportam, lição que raros aprendem.
            Depois de regulares períodos de paz e ordem, a alma é visitada pela provação que, em nome da Sabedoria Divina, lhe afere os valores e conquistas.
            Raros, porém, são aqueles que a recebem dignamente.
            O impulsivo, quase sempre, converte-a em falta grave.
            O impaciente faz dela a escura paisagem do desespero, onde perde as melhores oportunidades de servir.
            O triste desvaloriza-lhe as sugestões e dorme sobre as probabilidades de auto-superação, em longas e pesadas horas de choro e desalento.
            O ingrato transforma-a em calhau com que apedreja o nome e o serviço de companheiros e vizinhos.
            O indiferente foge-lhe aos avisos como quem escapa impensadamente da orientadora que lhe renovaria os destinos.
            O leviano esquece-lhe os ensinamentos e perde o ensejo de elevar-se, por sua influência, a planos mais altos.
            O espírito prudente, entretanto, recebe a provação qual o oleiro que encontra no fogo o único recurso para imprimir solidez e beleza ao vaso que o gênio idealiza.
            Se a tempestade purifica a atmosfera e se o fel, por vezes, é o exclusivo medicamento da cura, a provação é a porta de acesso ao engrandecimento espiritual.
            Só aqueles que a recebem por esmeril renovador conseguem extrair-lhe as preciosidades.
            É por isso que nem todos os aflitos podem ser bem-aventurados, de vez que, somente aproveitando a dor para a materialização consistente de nossos ideais e de nossos sonhos, é que se nos fará possível encontrar a alegria triunfante do aprimoramento em nós mesmos, a que somos todos chamados pela vida comum, nas lutas de cada dia.

Do livro: Reconforto Psicografia: Francisco Cândido Xavier Pelo espírito: Emmanuel



NO ESTUDO DA AFLIÇÃO

           Em toda a parte, vemos a aflição
           que se arroja ao crime;
           que se confia à revolta;
           que se rende ao desânimo;
           que se desfaz em desespero;
           que se transubstancia em ofensas aos semelhantes;
           que alardeias intimidade com Jesus, ferindo os homens, nossos irmãos;
que, a pretexto de exercer a justiça, mobiliza tribunais e prisões;
que clama sem piedade contra a miséria dos outros;
que chora sem proveito;
que se demora nas apreciações infelizes;
que se mantém nas trevas, azorragando os que buscam a luz;
que se irrita;
que maltrata;
que vergasta e maldiz....
Entretanto, os bem aventurados do Evangelho são os aflitos que não provocam novas aflições.
São aqueles que aceitam a dor e nela acatam os Divinos Desígnios.
Recebamos no espinho que nos lacera ou no flagelo que nos humilha, a lição que a Providência nos envia e teremos chegado à Celeste Compreensão, para guardar, em espírito e verdade, o tesouro do Amor que o Divino Mestre nos legou.

 Do livro: Reconforto Psicografia: Francisco Cândido Xavier Pelo espírito: Emmanuel




LÁGRIMAS

Lágrimas são emoções materializadas que romperam as barreiras do corpo físico. Em realidade, representam os excessos de energia que necessitamos extravasar.
 Nem sempre são as mesmas fontes que determinam as lágrimas, pois variadas são as nascentes geradoras que as
expelem através dos olhos.
 Lágrimas nascidas do amor materno são vistas quase que corriqueiramente nos olhos das mães apaixonadas pelos filhos.
 Lágrimas de alegria marejam nos olhos dos enamorados, pelas emoções com que traçam planos de felicidade no amor.
 Lágrimas geradas pela dor de quem vê o ente querido partir nos braços da morte física, entre as esperanças de reencontrá-lo logo mais, na vida eterna.
 Lágrimas de amigos que apertam mãos nas realizações e uniões prósperas são sempre nascentes puras de emotividade sadia oriundas do coração.
 Há, porém, lágrimas criadas pelos centros de desequilíbrio, que mais se assemelham a gotas de fel, pois, quando jorram, congestionam os olhos, tornando-os de aspecto agressivo, de cor carmim, entre energias danosas que embrutecem a vida.
 Lágrimas de inveja e revolta que brotam nos olhares dos orgulhosos e despeitados, quando identificam criaturas que vencem obstáculos, alcançando metas e exaltando as realizações ditosas que se propuseram edificar.
Lágrimas de angústia e desconforto que umedecem as pálpebras dos inconformados e rebeldes, os quais, por não respeitarem a si mesmos e aos outros, sofrem como consequência todos os tipos de desencontros nos caminhos onde transitam desesperados.
Lágrimas de pavor e devassidão, em uma análise mais profunda, são tóxicos destilados pela fisionomia dos corruptos, que lesam velhos, crianças e famílias inteiras na busca desenfreada de ouro e poder.
Lágrimas dissimuladas que gotejam da face dos hipócritas e sedutores, os quais, por fraudarem emoções, acreditam sair ilesos perante as leis naturais da vida.
Conta-se que lágrimas espessas rolaram dos olhos dos ladrões crucificados entre o Senhor Jesus, no Gólgota.
As gotas de lágrima do mau ladrão fecundaram, no terreno dos sentimentos, as raízes da reflexão e do discernimento, que permitiram entender o porque dos corações rígidos e inflexíveis. A humanidade aprendeu que há hora de plantar e tempo de ceifar e que nem todos estão ainda aptos a compreender a essência espiritual, nascendo, portanto, dessa percepção o “perdão incondicional”.
Mas dos olhos do bom ladrão deslizaram as lágrimas dos que já admitiram seus próprios erros, vitalizando o solo abundantemente e fazendo germinar as sementes poderosas que permitem às consciências em culpa usar sempre “amor incondicional” para si mesmas e para os outros, como forma de restaurar sua vida para melhor.
Isso fez com que os seres humanos se aproximassem cada vez mais do patamar da reparação e do enorme poder de transformação que existem neles mesmos, reformulando e reorganizando gradativamente suas vidas. Estabeleceu-se assim, na Terra, o “arrependimento” - sentimento verdadeiro de remorso pelas faltas cometidas e que serve para renovação de conceitos e atitudes.
No teu mergulho interior, pondera tuas lágrimas, analisa-as e certifica-te dos sentimentos que lhes deram origem.
Que sejam sadias tuas fontes geradoras de emoções e que esse líquido cristalino que escorre sobre tuas faces te levem ao encontro da paz interior, entre alicerces de uma vida plena.
Hammed – Livro: Renovando Atitudes – cap. 22




AFLITOS

“Bem-aventurados os aflitos!” –disse Jesus.

Felizes, sim, de todos os que carregam seus fardos com diligência e serenidade, mas estejamos convictos de que toda aflição excedente complica o itinerário da vida e corre por nossa conta.
... Detenhamo-nos a pensar nisso e lembrando, reconhecidamente, quantos se nos fazem samaritanos do auxílio e da bondade, nas estradas da existência, recordemos a lição de Jesus e, diante dos outros, sejam eles quem sejam, façamos nós o mesmo.
Perdão pode ser comparado a luz que o ofendido acende no caminho do ofensor. Por isso mesmo, perdoar, em qualquer situação, será sempre colaborar na vitória do amor, em apoio de nossa própria libertação para a vida imperecível.

Emmanuel - Livro Agenda de Luz - Francisco Cândido Xavier




CONFLITOS PSICOLÓGICOS

A QUESTÃO 202

“Em nossa reunião pública, entre os visitantes amigos que procediam de cidades diversas, predominavam as perguntas sobre os conflitos psicológicos que estão merecendo longos estudos em toda parte. Os comentários em torno do assunto eram os mais animados. Quando as nossas tarefas tiveram início O Livro dos Espíritos nos ofereceu a questão 202 e as explanações prosseguiram.
No fim das atividades programadas o nosso caro Benfeitor Espiritual escreveu a página “Conflitos Psicológicos” que lhe envio para os seus oportunos estudos.” Chico Xavier

Tão fácil julgar os conflitos sentimentais que surjam nos outros!
Habitualmente, a opinião pública na Terra quase que até agora, em assuntos de sexo, se restringia a entender e aprovar os que se davam ao casamento e a estranhar ou reprovar os que se mantinham em celibato.
A evolução, no entanto, descortinou as ciências psicológicas da atualidade e as ciências psicológicas empreenderam o estudo das complexidades da alma, quase a lhe operarem o desnudamento.
E os problemas do sexo vão sobrando em escala crescente.
Casados e solteiros, jovens e adultos, quando em lutas emocionais apresentam distúrbios afetivos e impulsos ambivalentes, insatisfação e carência de ordem sentimental, dificuldades através de condições inversivas e fenômenos diversos da bissexualidade.
Sempre valiosa a contribuição da psicologia em socorro de quantos se identificam no mundo em situação paranormal, nos domínios do afeto, particularmente quando ensina aos pacientes a conquista da auto aceitação. Entretanto, sem os princípios reencarnacionistas, definindo a posição de cada espírito segundo as leis ele causa e efeito, qualquer tipo de assistência às vítimas de desajustes psicológicos resultará incompleto.
Nesse sentido é preciso recordar que todas as lesões afetivas que tenhamos imposto a alguém repercutem sobre nós, criando lesões consequentes e análogas em nosso campo espiritual.
Esse terá traumatizado almas queridas com os assaltos da ingratidão e se corporificou de novo no Plano Terrestre suportando os chamados desequilíbrios congênitos; aquele provavelmente haverá precipitado corações sensíveis em despenhadeiros do sentimento e renasceu carregando frustrações sexuais irreversíveis para todo o curso da própria existência; outro perseguiu criaturas irmãs do sexo oposto, mergulhando-as em desespero e delinquência e terá voltado à Terra em condições inversivas; outros terão solicitado a própria internação em celas morfológicas de formação contraria aos seus impulsos mais íntimos, de modo a se isolarem transitoriamente para o desempenho de tarefas determinadas e nem sempre toleram as provas e empeços da própria escolha; e outros muitos ainda, que impuseram suicídios e crimes, traições e deserções a pessoas que lhes hipotecavam integral confiança, retornam à experiência física sofrendo tribulações complexas que variam conforme o grau da culpa com que dilapidaram a harmonia de si mesmos.
Diante dos nossos irmãos de Humanidade em problemas sexuais, saibamos administrar-lhes amor e esclarecimento ao invés de menosprezo ou condenação.
Normalidade física não quer dizer no mundo que os nossos débitos das existências passadas fiquem extintos. Em razão disso, muitas vezes, é possível que amanhã estejamos rogando amparo justamente àqueles aos quais hoje estendamos auxílio.
Encerrando os nossos apontamentos, lembremo-nos de que Allan Kardec formulou a questão número 202, em O Livro dos Espíritos, indagando da Espiritualidade Superior quanto à preferência dos amigos desencarnados, ante o renascimento no mundo, a perguntar para que setor da vida
humana mais se inclinavam: se para o campo de trabalho do homem ou da mulher. E os mentores da Codificação Kardequiana responderam convincentes:
– Isso, na essência, não lhes importa. Vale, sim, para eles, acima de tudo, a prova que lhes compete experimentar.
 Emmanuel


ACÚSTICA PSICOLÓGICA
No sentido orgânico, bio-fisiológico, os espíritos não têm sexo, pois não possuem o corpo material e não se reproduzem. Mas o sexo vegetal, animal e humano é simples manifestação de polaridade. Há, portanto, um problema espiritual de polaridade, semelhante ao das correntes ele energias que conhecemos, determinando a condição íntima do espírito e sua posição masculina ou feminina. Por isso, nos planos inferiores da espiritualidade, nas regiões de transição do plano físico para o metafísico, as regiões infernais das religiões clássicas ou as regiões umbralinas da concepção espírita, o corpo espiritual das entidades reproduz as condições sexuais que tiveram na vida terrena. Os íncubos e súcubos da Idade Média são exemplos dessas formas grosseiras de espíritos inferiores.
As manifestações desses seres inferiores confundem muitos estudiosos e médiuns-videntes que não aceitam a tese espírita de que os espíritos não têm sexo. Simples falta de melhor discernimento doutrinário. Mas, como ensina Emmanuel em sua mensagem, as lesões afetivas que produzimos nos outros repercutem em nós “criando lesões conseqüentes e análogas em nosso campo espiritual”. É um fenômeno de acústica psicológica, semelhante aos da acústica física e fisiológica das teorias de Helmholtz.
Os problemas sexuais, portanto, fazem parte da lei geral de ação e reação que determina as nossas provas e expiações. Essa a razão por que as vítimas de desequilíbrios nesse campo não devem ser encaradas e tratadas com a repulsa brutal e hipócrita do passado. Os que assim procedem, faltando com a caridade, podem estar preparando para si mesmos situações semelhantes no futuro.
Mas isso não justifica a aceitação em termos de normalidade, como hoje se pretende, pois então estaríamos endossando e estimulando o desequilíbrio e sua propagação, ao invés de ajudar as suas vítimas a se reequilibrarem. Emmanuel recomenda a aceitação caridosa do doente, mas recomenda que lhe apliquemos a terapêutica de “amor e esclarecimento, ao invés de menosprezo ou condenação” Porque foi assim que Jesus procedeu com os desequilibrados do seu tempo, desde o endemoninhado geraseno até a mulher adúltera. Irmão Saulo

Do livro Na Era do Espírito. Francisco C. Xavier e Herculano Pires. Espíritos Diversos



O REMÉDIO JUSTO

 -Bem-aventurados os que choram porque serão consolados.” - JESUS - MATEUS, 5: 4.

 “Por estas palavras: “Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados, Jesus aponta a compensação que hão de ter os que sofrem e a resignação que leva o padecente a bendizer do sofrimento, come prelúdio da cura.” Cap. V, 12.
 Perguntas, muitas vezes, pela presença dos espíritos guardiões, quando tudo indica, que forças contrárias às tuas noções de segurança e conforto, comparecem, terríveis, nos caminhos terrestres.
 Desastres, provações, enfermidades e flagelos inesperados arrancam-te indagações aflitivas.
 Onde os amigos desencarnados que protegem as criaturas? Como não puderam prevenir certos transes que te parecem desoladoras calamidades? Se aspiras, no entanto, a conhecer a atitude moral dos espíritos benfeitores, diante dos padecimentos desse matiz, consulta os corações que amam verdadeiramente na Terra.
 Ausculta o sentimento das mães devotadas que bendizem com lágrimas as grades do manicômio para os filhos que se desvairaram no vicio, de modo a que não se transfiram da loucura à criminalidade confessa.
 Ouve os gemidos de amargura suprema dos pais amorosos que entregam os rebentos, do próprio sangue no hospital, para que lhes seja amputado esse ou aquele membro do corpo, a fim de que a moléstia corruptora, a que fizeram jus pelos erros do passado, não lhes abrevie a existência.
 Escuta as esposas abnegadas, quando compelidas a concordarem chorando com os suplícios do cárcere para os companheiros queridos, evitando –se -lhes a queda, em fossas mais profundas de delinquência.
 Perquire o pensamento dos filhos afetuosos, ao carregarem, esmagados de dor, os pais endividados em doenças infecto –contagiosas, na direção.
o das casas de isolamento, a fim de que não se convertam em perigo para a comunidade.
 Todos eles trocam as frases de as frases de carinho e os dedos veludosos pelas palavras e pelas mãos de guardas e enfermeiros, algumas vezes desapiedados e frios, embora continuem mentalmente jungidos aos seres que mais amam, orando e trabalhando para que lhes retornem ao seio.
 Quando vejas alguém submetido aos mais duros entraves, não suponhas que esse alguém permaneça no olvido, por parte dos benfeitores espirituais que lhe seguem a marcha.
 O amor brilha e paira sobre todas as dificuldades, à maneira do sol que paira e brilha sobre todas as nuvens.
 Ao invés de revolta e desalento, oferece paz e esperança ao companheiro que chora, para que, à frente de todo mal, todo o bem prevaleça.
 Isso porque onde existem almas sinceras, à procura do bem, o sofrimento é sempre o remédio justo da vida para que, junto delas, não suceda o pior.

Emmanuel -  livro O Livro da Esperança - Psicografado por FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER




AFLIÇÃO E TRANQÜILIDADE

  "Bem-aventurados os que choram..." - JESUS. (Mateus, 5:4.).

  "Bem-aventurados os que choram" - disse-nos o Senhor -, contudo, é importante lembrar que, se existe aflição gerando tranquilidade, há muita tranquilidade gerando aflição.
  No liminar do berço pede a alma dificuldades e chagas, amargores e cicatrizes, entretanto, recapitulando de novos as próprias experiências no plano físico, torna à concha obscura do egoísmo e da vaidade, enquistando-se na mentira e na delinquência.
  Aprendiz recusando a lição ou doente abominando o remédio, em quase todas as circunstâncias, o homem persegue a fuga que lhe adiará indefinidamente as realizações planejadas.
  É por isso que na escola da luta vulgar vemos tantas criaturas em trincheiras de ouro, cavando abismos de insânia e flagelação, nos quais se desempenham, além do campo material, e tantas inteligências primorosas engodadas na auréola fugaz do poder humano, erguendo para si próprias masmorras de pranto e envilecimento, que as esperam, inflexíveis, transposto o limite traçado na morte.
  E é por essa razão que vemos tantos lares, fugindo à bênção do trabalho e do sacrifício, à feição de oásis sedutores de imaginária alegria para se converterem amanhã em cubículos de desespero e desilusão, aprisionando os descuidados companheiros que os povoam em teias de loucura e desequilíbrio, na Vida Espiritual.
  Valoriza a aflição de hoje, aprendendo com ela a crescer para o bem, que nos burila para a união com Deus, porque o Mestre que te propões a escutar e seguir, ao invés de facilidades no imediatismo da terra, preferiu, para ensinar-nos a verdadeira ascensão, a humildade da Manjedoura, o imposto constante do serviço aos necessitados, a incompreensão dos contemporâneos, a indiferença dos corações mais queridos e o supremo testemunho do amor em plena cruz da morte.

 Francisco Cândido Xavier - Livro Ceifa de Luz - Pelo Espírito Emmanuel




NA CONSTRUÇÃO DA VIRTUDE

 “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor a justiça, porque deles é o reina dos Céus”.
JESUS - MATEUS, 5:10.

“A virtude, no mais alto grau, é o conjunto de todas as qualidades essenciais que constituem o homem de bem. Ser bom, caritativo, laborioso, sóbrio, modesto, são qualidades do homem virtuoso.” - Cap. XVII.

Toleras descabidas injúrias e calas a justificação que te pende da boca, esperando, a preço de lágrimas, que o tempo te mostre a isenção de culpa, no entanto, com isso, promoves o reconhecimento e a renovação dos teus próprios perseguidores.
Podes apropriar-te da felicidade alheia, através de pleno domínio no lar de outrem, à custa do infortúnio de alguém, e, embora padecendo agoniada fome de afeto, ensinas a prática do dever a quem te pede convivência e carinho, todavia, com semelhante procedimento, acendes na própria alma a chama do amor puro com que, um dia, aquecerás os entes queridos, nos planos da vida eterna.
Tens razão de sobejo para falar a reprimenda esmagadora aos irmãos caldos em erro, pela ascendência moral que já conquistaste, e pronuncias a frase de estímulo e indulgência, muitas vezes sob a crítica dos que te não compreendem os gestos, mas consegues, assim, reerguer o ânimo dos companheiros desanimados, recuperando- lhes as energias para levantamento das boas. Guardas o direito de repousar, pelo merecimento obtido em longas tarefas nobremente cumpridas, e prossegues em atividade laboriosa, no progresso e na paz de todos, quase sempre com o desgaste acelerado das próprias forças, entretanto, nesse abençoado serviço extra, lanças o seguro alicerce dos apostolados santificantes que te clarearão o grande futuro.
Sob o assalto da calúnia, ora em favor dos que te ferem.
Quando vantagens humanas te sorriam com prejuízo dos outros, prefere o sacrifício das mais belas aspirações.
Com autoridade suficiente para a censura, semeia a benevolência onde estiveres.
Retendo a possibilidade do descanso, abraça o maior esforço e trabalha sempre.
Quem suporta serenamente o mal que atraiu para si mesmo, trilha a estrada bendita da resignação, contudo quem pratica o bem quando pode fazer o mal vive por antecipação no iluminado país da virtude.

Emmanuel – livro: O Livro da Esperança - Psicografado por FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER



FILHOS DE DEUS

"Na vossa paciência, possui as nossas almas." - Jesus, (Lucas, 21:19)

Afinal de contas, ter paciência será sorrir para as maldades humanas, nem coonestar suas atividades indignas sobre a face do mundo.

Concordar alguém com todos os males da senda terrestre, a pretexto de revelar essa virtude, seria um contra-senso absurdo.

Ter paciência, então, será resistir aos impulsos inferiores que nos cerquem na estrada evolutiva, conduzindo todo o bem que nos seja possível aos seres e coisas que se achem diante de nós, como a representação desses mesmos impulsos.

Jesus foi o modelo da paciência suprema e resistiu à nossa inferioridade, amando-nos.

Não se nivelou com as nossas fraquezas, mas valeu-se de todas as ocasiões para nos melhorar e conduzir ao bem.

Sua misericórdia tomou os nossos pecados e transformou cada um em profunda lição para a reforma de nós mesmos.

Não aplaudiu as nossas misérias, nem sorriu para os nossos erros, mas compreendeu-nos as deficiências e amparou-nos.

Embora tudo isso, resistiu sempre, dentro de seu amor, até a cruz do martírio.

A paciência do Cristo é um livro aberto para todos os corações inclinados ao bem e à verdade.

Somente pela sincera resistência ao mal, com a disposição fiel de transformá-lo no bem, conseguireis possuir as vossas almas.

Ao contrário disso, ainda que vos sintais autônomos e fortes, vós mesmos é que sereis possuídos por tendências indignas ou sentimentos inferiores.

Portanto, justo é que busqueis saber, hoje mesmo, se já possuís os vossos corações ou se estais ocupados pelas forças estranhas ao vosso título de filho de Deus.

Emmanuel - livro Segue-me - FCXavier




BEM-AVENTURANÇAS

 “Bem-aventurados sereis quando os homens vos aborrecerem, e quando vos separarem, vos injuriarem e rejeitarem o vosso nome como mau, por causa do Filho do homem.” – Jesus. (Lucas, 6:22).

O problema das bem-aventuranças exige sérias reflexões, antes de interpretado por questão líquida, nos bastidores do conhecimento.
Confere Jesus a credencial de bem-aventurados aos seguidores que lhe partilham as aflições e trabalhos; todavia, cabe-nos salientar que o Mestre categoriza sacrifícios e sofrimentos à conta de benções educativas e redentoras.
Surge, então, o imperativo de saber aceitá-los.
Esse ou aquele homem serão bem-aventurados por haver edificado o bem, na pobreza material, por encontrarem alegria na simplicidade e na paz, por saberem guardar no coração longa e divina esperança.
Mas... e a adesão sincera às sagradas obrigações do título?
O Mestre, na supervisão que lhe assinala os ensinamentos, reporta-se às bem-aventuranças eternas; entretanto, são raros os que se aproximam delas, com a perfeita compreensão de quem se avizinha de tesouro imenso. A maioria dos menos favorecidos no plano terrestre, se visitados pela dor, preferem a lamentação e o desespero; se convidados ao testemunho de renúncia, resvalam para a exigência descabida e, quase sempre, lançam-se às aventuras indignas de quantos se perdem na desmesurada ambição.
Ofereceu Jesus muitas bem-aventuranças. Raros, porém, desejam-nas. É por isto que existem muitos pobres e muitos aflitos que podem ser grandes necessitados no mundo, mas que ainda não são benditos no Céu.
Emmanuel – Livro: Pão Nosso - FCXavier




DIANTE DA MULTIDÃO

“E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte...” - (MATEUS, 5:1.)

O procedimento dos homens cultos para com o povo experimentará elevação crescente à medida que o Evangelho se estenda nos corações.
Infelizmente, até agora, raramente a multidão tem encontrado, por parte das grandes personalidades humanas, o tratamento a que faz jus.
Muitos sobem ao monte da autoridade e da fortuna, da inteligência e do poder, mas simplesmente para humilhá-la ou esquecê-la depois.
Sacerdotes inúmeros enriquecem-se de saber e buscam subjugá-la a seu talante. Políticos astuciosos exploram-lhe as paixões em proveito próprio.
Tiranos disfarçados em condutores envenenam-lhe a alma e arrojam-na ao despenhadeiro da destruição, à maneira dos algozes de rebanho que apartam as reses para o matadouro.
Juízes menos preparados para a dignidade das funções que exercem, confundem-lhe o raciocínio.
Administradores menos escrupulosos arregimentam-lhe as expressões numéricas para a criação de efeitos contrários ao progresso.
Em todos os tempos, vemos o trabalho dos legítimos missionários do bem prejudicado pela ignorância que estabelece perturbações e espantalhos para a massa popular.
Entretanto, para a comunidade dos aprendizes do Evangelho, em qualquer clima de fé, o padrão de Jesus brilha soberano.
Vendo a multidão, o Mestre sobe a um monte e começa a ensinar... É imprescindível empenhar as nossas energias, a serviço da educação. Ajudemos o povo apensar, a crescer e a aprimorar-se.
Auxiliar a todos para que todos se beneficiem e se elevem, tanto quanto nós desejamos melhoria e prosperidade para nós mesmos, constitui para nós a felicidade real e indiscutível.
Ao leste e ao oeste, ao norte e ao sul da nossa individualidade, movimentam-se milhares de criaturas, em posição inferior à nossa.
Estendamos os braços, alonguemos o coração e irradiemos entendimento, fraternidade e simpatia, ajudando-as sem condições.
Quando o cristão pronuncia as sagradas palavras “Pai Nosso”, está reconhecendo não somente a Paternidade de Deus, mas aceitando também por sua família a Humanidade inteira.


Emmanuel - Do livro Fonte Viva, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier,



A PROCURA DA FÉ

Enquanto dolorosos fenômenos políticos e sociais afligem os povos do mundo, a alma humana procura ansiosamente a fé.
Angustiado, desiludido, o homem do século vertiginoso, busca a solução do mistério do destino e do se¿. Ele sabe que as civilizações vieram e passaram, que as guerras se sucederam às promessas de paz, que numerosos códigos surgiram e desapareceram, que as afirmações científicas e filosóficas nao são as mesmas do passado próximo.
Onde a estabilidade?
Na dominação política? Não desconhece que Alexandre e Napoleão brilharam, como pirilampos, através de algumas noites.
Na cultura intelectual, pura e simplesmente? A inteligência disvirtuada fortalece os monstros bélicos.
No império dos sentidos? As emoções transitórias não resolvem o problema fundamental da vida.
Na satisfação egoística dos interesses individuais? É possível que a morte física se verifique para cada lutador terrestre em minuto inesperado.
Aflito, o transviado do País Divino recorre às religiões antigas, mas o culto externo, aparatoso e convencional, dificulta a visão da consciência.
O por isto que o Espiritismo, em sua feição de cristianismo restaurado, provoca os interesses de todos os trabalhadores do pensamento, sequiosos de libertação espiritual. Acorrem todos aos seus estudos, experiências e benefícios.
Urge compreender, todavia, que não se arrebata a luz divina, através dos aparelhos materiais, com que se observam os médiuns humanos, nem se olhe o trigo eterno da verdade, à força de interrogatórios e imposições.
A aquisição de qualquer utilidade terrestre exige pagamento ou compromisso. A obtenção da fé reclama, por sua vez, determinados valores da natureza espiritual. Buscar-lhe o valor positivo, exibindo um coração carregado de forças negativas das convenções terrestres é o mesmo que reclamar água cristalina da fonte, trazendo um cântaro cheio de vinagre e detritos.
Não vale experimentar sem entendimento, responsabilidade, sinceridade e consciência. A fé, ciosa de suas dádivas, não se interessa pelos insensatos, já de si mesmos recomendados à piedade do bem.
É por este motivo que Espiritismo sem edificação do homem interior é simples fenômeno e de fenômenos estão repletos todos os recantos da vida. O por isto que a procura da fé, sem a reforma íntima dos interessados, em Jesus Cristo, costuma representar mera aventura da vaidade humana, impermeável à revelação superior, nas densas trevas dos abismos do “eu”.
Emmanuel - Do livro Coletâneas do Além Psicografia de Francisco Cândido Xavier


AFLIÇÕES EXCEDENTES

Diante da orientação espírita que te esclarece, não te afastes da lógica, a fim de que não te gastes sem proveito, embaraçando o orçamento das próprias forças com aborrecimentos inúteis.
Diariamente, batem às portas do Além aqueles que abreviaram a quota do tempo que poderiam desfrutar na Terra, adquirindo problemas da desencarnação prematura.
É que, por toda parte, transitam portadores de aflições excedentes.
Não satisfeitos com as responsabilidades que a existência lhes impõe, amontoam cargas de sofrimentos imaginários.
Há os que percebem salário compensador e desregram-se na revolta, porque determinado companheiro lhes tomou a frente no destaque convencional, muitas vezes para sofrer o peso de compromissos que seriam incapazes de suportar.
Há os que dispõem de excelente saúde, com atividades leves nos deveres comuns, arrepelando-se, desgostosos, por verem adiado o período de férias, quando, com isso, estão sendo desviados de experiências impróprias e que seriam fatalmente impelidos pelo repouso inoportuno.
Há os que possuem recursos materiais suficientes ao próprio conforto e se lastimam, insones, por haverem perdido certo negócio que lhes conferiria maiores vantagens, dentro das quais talvez viessem a conhecer a criminalidade e a loucura.
Há os que colecionam gavetas superlotadas de adornos caros e caem no desespero com a perda de uma jóia de uso pessoal, cujo desaparecimento é o meio de situá-los a cavaleiro de possíveis assaltos da cobiça e da violência.
E existem, ainda, aqueles outros que se abastecem no guarda-raupa recheado e gritam contra o costureiro que se desviou do modelo encomendado; os que são donos ele casa sólida e adoecem por não conseguirem abatê-la, de pronto, a fim de reconstruí-la segundo novos caprichos; os que se aboletam em automóvel acolhedor, mas inquietam-se por não poderem trocá-la, de imediato, pelo carro de último tipo; e os que se sentam à mesa provida de cinco pratos diferentes e encolerizam-se por não encontrarem o quitute predileto.
“Bem-aventurados os aflitos!” – disse Jesus.
Felizes, sim, de todos os que carregam seus fardos com diligência e serenidade, mas estejamos convictos de que toda aflição excedente complica o itinerário da vida e corre por nossa conta.


Emmanuel -  Do livro Aulas da Vida. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.




QUANDO A DOR REDIME

“Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.” (Mateus, 5:4.)

As lágrimas extravasam emoções intensas. Choramos quando estamos muito felizes ou muito amargurados. Não obstante servirem à alegria e à tristeza, convencionou-se que elas representam os males da existência.
E na Terra, planeta de expiação e provas, segundo a definição de Kardec, choramos todos, desde o magnata ao miserável, desde o palácio à choupana.
Jesus promete que seremos todos consolados. Essa expressão soa quase vazia de significado. Afinal, é muito pouco, diante dos males maiores, receber algo parecido com a iniciativa do amigo que toca de leve em nossos ombros, afirmando: “Não é nada, meu velho! Coragem! Tudo passa!...”
Todavia, a expressão será bem mais significativa, de alcance bem maior, se lhe emprestarmos o significado de compensação.
Poderíamos dizer, então, que bem-aventurados são os que sofrem, porque seus males serão compensados por alegrias futuras.
É da própria Vida que após a tempestade surja a bonança.
Que a noite seja véspera do dia. Às horas de amargura sucedem-se períodos de tranquilidade. E ainda que a existência inteira seja uma noite escura de lutas e sofrimentos, experimentaremos a alvorada gloriosa da imortalidade, ao cessar a existência humana com suas limitações.
Oferecendo o ensejo de despertamento e resgate, as dores da existência representam o preço nunca demasiadamente alto que pagamos para o ingresso nas bem-aventuranças celestes. Seja a dor física, que depura, seja a dor moral, que amadurece, temos em suas manifestações o cuidado de um mestre inflexível que nos disciplina e orienta, preparando-nos para assumir a condição de filhos de Deus e herdeiros da Criação.
É preciso considerar, contudo, que não basta sofrer, porquanto, se as lágrimas nos preparam para o Reino dos Céus, que, segundo Jesus, é uma experiência íntima, uma construção interior, não podemos olvidar que o próprio Mestre situa a humildade por alicerce fundamental.
Pouco aproveitaremos de nossas dores sem a consciência de nossa pequenez diante de Deus, o Pai de sabedoria infinita, que conhece melhor do que nós mesmos nossas necessidades essenciais e nos oferece experiências que guardam relação não apenas com nosso merecimento, mas também com o preparo de uma gloriosa destinação.
Os que vivem a murmurar, que clamam ao Alto por seus males, que se revoltam, que não se conformam, que se rebelam, estão marcando passo. Suas dores não edificam nem depuram.
Suas lágrimas são ácidas e amargas, gerando males não programados, amarguras desnecessárias, infelicidade voluntária.
Os desajustes maiores que afligem a criatura humana não são decorrentes dos débitos do passado, e sim da rebeldia do presente.
Não sofremos tanto pelo resgate. Afinal, isto deveria ser motivo até de satisfação. A dor maior decorre do fato de pretendermos recusar o sofrimento. É a lamentável situação do devedor que marca dia para o credor vir receber seu dinheiro e quando isto acontece recusa-se terminantemente a pagar.
Seria de perguntar-se: Quando é que a nossa dor representa resgate do passado sem complicações para o futuro? Quando é que, por meio dela, estamos realmente preparando a felicidade futura?
Diríamos que é quando o nosso comportamento, diante da dor, não gera sofrimento naqueles que nos rodeiam.
Quantas famílias atravessam amarguras intensas com alguém doente em casa, não tanto pela enfermidade e, muito mais, pela inconformação e agressividade do enfermo?!
Quantos pais derramam lágrimas abundantes em face dos desatinos cometidos por seus filhos, que se mostram incapazes de suportar com dignidade os embates da existência?!
Quantos homens e mulheres amargam anos de convivência com cônjuges neurastênicos e agressivos porque a Vida não lhes atendeu as solicitações?!
Os que assim se comportam, espalhando sofrimento porque não sabem sofrer, estão castigados desde agora pela angústia, que é o clima sufocante em que se debatem interiormente, adiando para um futuro incerto a edificação de suas almas.
Mas, se formos tão humildes diante da dor, que jamais acrescentemos naqueles que nos amam sofrimentos outros além dos decorrentes da convivência com quem sofre, e o que é mais importante: se conseguirmos transformar nossas experiências com o sofrimento em exemplos dignificantes de confiança e serenidade, em plena aceitação da vontade de Deus, então nossos males trarão as marcas abençoadas da redenção, preparando-nos o ingresso glorioso no Reino dos Céus.
Em verdade, se tivermos tal disposição, estaremos nele desde agora, ainda que o sofrimento seja nosso companheiro inseparável.
A Voz Do Monte – Richard Simonetti




MANSIDÃO E IRRITABILIDADE

“Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a Terra.” (Mateus, V, 5.)

A delicadeza e a civilidade são filhas diletas da mansidão.
Pela mansidão o homem conquista amizades na Terra e bem-aventurança no Céu.
Inimiga da irritabilidade que gera a cólera, a mansidão sempre triunfa nas lutas, vence as dificuldades, enfrenta os sacrifícios.
Os mansos e os humildes de coração possuirão a Terra, porque se elevam na hierarquia espiritual e se constituem outros tantos propugnadores invisíveis do progresso de seus irmãos, guiando-lhes os passos nas veredas do Amor e da Ciência — nobres ideais que nos conduzem a Deus!
“Aprendei de mim, disse Jesus, que sou humilde e manso de coração.”
É em Jesus que devemos buscar as lições de mansidão de que tanto carecemos nas lutas da vida.
Embora enérgico, quando as circunstâncias o exigiam, o Sublime Redentor sabia fazer prevalecer a sua Palavra pelo poder da verdade que a embalsamava, e sem ódio, sem fel, combatia os vícios, os embustes que deprimiam as almas.
Sempre bom, lhano, sincero, caritativo, prodigalizava a seus ouvintes os meios de adquirirem o necessário à vida na Terra e à felicidade no Céu.
“Não vos encolerizeis para que não sejais condenados.”
A irritabilidade produz a cólera e a cólera é uma das causas predominantes de enfermidades físicas e males psíquicos.
A cólera engendra a neurastenia, as afecções nervosas, as moléstias do coração: é um fogo abrasado r que corrompe o nosso organismo, é o vírus peçonhento que macula nossa alma.
Filha do ódio, a cólera é um sentimento mesquinho das almas baixas, dos Espíritos inferiores.
Sem mansidão não há piedade, sem piedade não há paciência, sem paciência não há salvação!
A mansidão é uma das formas da caridade que deve ser exercitada por todos os que buscam a Cristo.
É da cólera que nasce a selvageria que tantas vítimas tem feito.
Da mansidão vem a indulgência, a simpatia, a bondade e o cumprimento do amor ao próximo.
O homem prudente é sempre manso de coração: persuade seus semelhantes sem se excitar; previne os males sem se apaixonar; extingue as lutas com doçura, e grava nas almas progressistas as verdades que soube estudar e compreender.
Os mansos e humildes possuirão a Terra, e serão felizes, o quanto se pode ser no mundo em que se encontram. 
Parábolas e Ensinos de Jesus - Cairbar Schutel




RESIGNAÇÃO E INDIFERENÇA

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.” (Mateus, V, 6.)
Bem-aventurados os que se revoltam contra a injustiça, mas são resignados e calmos.
Ai dos indiferentes, dos acomodatícios, dos covardes, dos servis, que em proveito próprio aplaudem a injustiça!
Há muita diferença entre a resignação e a indiferença.
A resignação é a conformidade ativa nos inevitáveis acontecimentos da vida.
A indiferença é a submissão passiva às injustiças deprimentes.
A resignação é cheia de amor, de sentimentos nobres, de elevadas paixões.
A indiferença nulifica o amor, aniquila a nobreza dalma, destrói as virtudes e deprime a moral.
A resignação nas provas é obediência aos decretos de Deus.
A indiferença nos sofrimentos é dureza de coração e ausência de submissão à vontade divina.
O resignado é santo, porque a resignação nasce da paciência, e a paciência é filha dileta da Caridade. O indiferente é um anormal: tem cérebro e não pensa; tem coração e não sente; tem alma e não ama.
O resignado não aparenta sofrimento, porque conhece a Lei de Deus e a ela se submete com humildade.
O indiferente também não mostra sentir a dor, mas, orgulhoso e alheio aos ditames celestes, repele de si a idéia do sofrimento.
A resignação é excelente virtude, que precisamos cultivar; a indiferença é manifestação do egoísmo, que precisamos extirpar.
A resignação é a coragem da virtude.
A indiferença é a covardia da paixão vil.
Aquela eleva, dignifica, enaltece, santifica.
Esta deprime, desmoraliza, deprava e mata.
“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.”
Bem-aventurados os que não se submetem às injustiças da Terra, nem pactuam com os opressores, os vis turibulários das altas posições! 
Parábolas e Ensinos de Jesus - Cairbar Schutel




O PROVEITO COMUM

Dentro da noite muito clara, os companheiros reunidos em casa de Pedro comentavam as dificuldades na divulgação das idéias redentoras.

Muita gente se valia do socorro de Jesus, buscando vantagens próprias. Certo negociante provocava o ajuntamento popular em determinada região da praia, a fim de estimular a venda de vinhos; carroceiros vulgares intensificavam a propaganda do Reino Celeste, nas cercanias, não com o objetivo de se tornarem melhores, mas para alugarem veiculos diversos a doentes de longe, interessados na assistência do Mestre.

O parecer de quase todos os apóstolos era inquietante e desalentador.

Foi quando o Divino Amigo, tomando a palavra, explanou:

- Certo filósofo, mergulhado nos estudos da Revelação Divina, possuia um discípulo que nunca se conformava com a incompreensão do povo quanto às verdades celestes. Inflamava-se, de minuto a minuto, contra os maus, os ingratos ou os hipócritas, que abusavam dos elevados ensinamentos de que se via portador.

O mestre ouvia-o e guardava silêncio, até que numa linda manhã, vindo um aguaceiro rápido de estio, convidou-o para um breve passeio até o campo próximo, depois de refeita a paisagem.

Não haviam andado meia-milha, avistaram vasta faixa de pântano; e o dor, observando que o charco recebia da chuva, explicou:

- Eis que o lodaçal recolhe o liquido celeste e com ele faz imundo caldo, mas existem batráquios que se beneficiarão com segurança e eficiência, porquanto, se não chovesse, provàvelmente estas águas escuras se transformariam em veneno mortal.

Depois de alguns passos, encontraram poças de enxurrada nos recôncavos de terra dura, e o mentor, analisando-as, acrescentou:

- Aqui, a fonte jorrada do firmamento é agora lama desagradável; entretanto, que seria deste chão estéril se a água divina o não visitasse? Amanhã, talvez veremos neste solo perfumada floração de lírios rústicos.

Marcharam adiante e detiveram-se na contemplação de algumas árvores nuas. A água, nos galhos ressequidos, parecia cinzenta e fétida, mas o instrutor esclareceu:

- Nestas árvores abandonadas, a bênção da chuva cristalina se fêz pesada e sombria; no entanto, que lhes aconteceria se as dádivas do Alto as não beneficiassem? Possivelmente, morreriam, em breve, até às raizes. Em poucas semanas, porém, cobrir-se-ão de ramagens fartas, servindo aos lares abençoados dos passarinhos.

Demandaram além e descobriram alguns pessegueiros, cujas flores guardavam as gotas do céu, com tanta beleza, que mais se assemelhavam, dentro delas, a diamantino orvalho, levemente irisado pela claridade solar, o mestre, indicando-as, disse:

- Aqui, as pétalas puras conservaram o dom celeste com absoluta fidelidade e, muito em breve, serão perfume e beleza em excelentes frutos para o banquete da vida.

Logo após, espraiando o olhar pela paisagem enorme, falou ao discípulo espantado:

- Jamais censures o manancial do socorro celeste. Cada homem lhe recebe o valor no plano em que se encontra. Guardando-lhe os princípios sublimes, o criminoso se faz menos cruel, o pior se mostra menos mau, o imperfeito melhora, o infortunado encontra alivio e os bons se engrandecem para maior amplitude no serviço ao Nosso Pai. Se possuis raciocínio suficiente para discernir a realidade, não te percas em reprovações vazias. Aprende com o Supremo Senhor que ajuda sempre, de acordo com a posição e a necessidade de cada um, e distribui com todos os que te cercam os bens do Céu que já podes reter com fidelidade e o Céu te abrirá o acesso a tesouros sem-fim ...

Terminada que foi a narrativa, Jesus calou-se.

Os apóstolos, como se houvessem recebido sublime lição em tão poucas palavras, entreolharam-se, expressivamente, silenciosos e felizes.

O Senhor, então, abençoou-os e retirou-se para as margens do lago, fitando, pensativo, as constelações que tremeluziam distantes ...


Néio Lúcio LIVRO: JESUS NO LAR – FCX.





BENFEITORA
Floresce, espontânea, em toda parte, independendo dos fatores que lhe propiciam o desabrochar.
Inesperadamente aparece nos solos áridos, nos quais os sentimentos não medram.
Nas terras encharcadas da emotividade abundante, também surge sem qualquer programação...
Sua presença é percebida, logo de início, convidando à atenção que nela se fixa, a partir desse momento.
Em todas as épocas, ei-la presente, estabelecendo diretrizes e caracterizando pessoas, grupos e nações.
Detestada, não teme as reações, tornando o seu apelo mais forte.
Aceita, diminui a agudeza dos seus efeitos, suavizando-os.
Estudada por teóricos e práticos, todos se lhe referem de maneira variada, sem chegarem a uma conclusão unânime.
A verdade, porém, é que se faz conhecida sempre, e ninguém pode impedir-lhe a presença.
Depois que encerra um ciclo, prepara, para um novo cometimento, a sua oportuna aparição.
Nenhum recurso a impede, porque, por enquanto, ela é a única maneira de conduzir o homem na conquista dos Altos Cimos da Vida, desde que o amor não logre fazê-lo.
Esta flor abençoada, que surge nos terrenos de todas as vidas, é a dor.
Este homem padece de injunções sócio-econômicas e tem a alma em desalinho.
Aquele experimenta a abundância de valores amoedados e sofre a solidão afetiva que o dinheiro não pode comprar.
Esse arde nas brasas do desejo, insatisfeito, e, lasso, entrega-se ao frenesi da promiscuidade.
Este outro esgrime o ódio e sofre-lhe a rebeldia dilacerante nos tecidos íntimos do ser.
Aqueloutro caminha chancelado pelas etiquetas das patologias cruéis.
Uns definham nas garras afiadas de enfermidades irreversíveis.
Outros derrapam em alucinações inimagináveis...
Todos, porém, sofrendo a constrição das dores de variada expressão, amargurando, lapidando, despertando para novos valores da vida, que permanecem desprezados.
A dor é benfeitora anônima, que a todos visita.
Cessados os seus efeitos perturbadores, quantas conquistas morais e espirituais!
Os prepotentes, que a desconsideram, não chegam ao termo da jornada sem experimentar-lhe a companhia.
Os ingratos, que se supõem felizes, não lhe fogem à presença.
Os orgulhosos, que a desprezam, considerando-se inatingíveis, encontram-na adiante...
Ela verga toda cerviz e submete, sem exceção, todas as criaturas.
O seu cerco é invencível e ela sai-se sempre vencedora.
É instrumento da Lei, que o próprio homem vitaliza e necessita.
Tu, que conheces Jesus, recebe sem rebeldia essa benfeitora.
Não se trata de masoquismo, mas, sim, da inevitabilidade de sofrer, transformando esse estado em formosa aquisição de bênçãos.
Há os testemunhos à fé e os resgates que procedem do passado.
Seja qual for o motivo, transforma-o em oportunidade iluminativa, porque estás na Terra para crescer e evoluir, adquirindo experiências de profundidade.
A dor, que a muitos amesquinha, envilece e atordoa, deve constituir-te estímulo para a grande vitória sobre ti mesmo.
Não te preocupes com mais nada, e, sob o seu jugo, confiante, avança com a dor até conseguires o teu momento de plena libertação.

FRANCO, Divaldo Pereira. Momentos de Felicidade. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 4.ed. LEAL, 2011. Capítulo 4.





AFLIÇÃO VAZIA

Ante as dificuldades do cotidiano, exerçamos a paciência, não apenas em auxílio aos outros, mas igualmente a favor de nós mesmos.
Desejamos referir-nos, sobretudo, ao sofrimento inútil da tensão mental que nos inclina à enfermidade e nos aniquila valiosas oportunidades de serviço.
No passado e no presente, instrutores do espírito e médicos do corpo combatem a ansiedade como sendo um dos piores corrosivos da alma.
De nossa parte, é justo colaboremos com eles, a benefício próprio, imunizando-nos contra essa nuvem da imaginação que nos atormenta sem proveito, ameaçando-nos a organização emotiva.
Aceitemos a hora difícil com a paz do aluno honesto, que deu o melhor de si, no estudo da lição, de modo a comparecer diante da prova, evidenciando consciência tranquila.
Se o nosso caminho tem as marcas do dever cumprido, a inquietação nos visita a casa íntima na condição do malfeitor decidido a subvertê-la ou dilapidá-la; e assim como é forçoso defender a atmosfera do lar contra a invasão de agentes destrutivos, é indispensável policiar o âmbito de nossos pensamentos, assegurando-lhes a serenidade necessária...
Tensão à face de possíveis acontecimentos lamentáveis é facilitar-lhes a eclosão, de vez que a idéia voltada para o mal é contribuição para que o mal aconteça; e tensão à frente de sucessos menos felizes é dificultar a ação regenerativa do bem, necessário ao reajuste das energias que desastres ou erros hajam desperdiçado.
Analisemos desapaixonadamente os prejuízos que as nossas preocupações injustificáveis causam aos outros e a nós mesmos, e evitemos semelhante desgaste empregando em trabalho nobilitante os minutos ou as horas que, muita vez, inadvertidamente, reservamos à aflição vazia.
Lembremo-nos de que as Leis Divinas, através dos processos de ação visível e invisível da natureza, a todos nos tratam em bases de equilíbrio, entregando-nos a elas, entre as necessidades do aperfeiçoamento e os desafios do progresso, com a lógica de quem sabe que tensão não substitui esforço construtivo, ante os problemas naturais do caminho.
E façamos isso, não apenas por amor aos que nos cercam, mas também a fim de proteger-nos contra a hora da ansiedade que nasce e cresce de nossa invigilância para asfixiar-nos a alma ou arrasar-nos o tempo sem qualquer razão de ser.
Emmanuel -  Livro Encontro Marcado - Francisco Cândido Xavier


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O EVANGELHO TRAZ PAZ AO CORAÇÃO E ALIMENTO PARA A ALMA.

ENTENDER O EVANGELHO É SITUA-LO EM NOSSA VIDA ÍNTIMA!

AOS ORADORES DO EVANGELHO, PARA QUE NOSSA TAREFA SEJA DE ACORDO COM O ESPERADO POR JESUS!

“APASCENTA AS MINHAS OVELHAS” – JESUS. (JOÃO, 21:17)

Significativo é o apelo do Divino Pastor ao coração amoroso de Simão Pedro para que lhe continuasse o apostolado.

Observando na Humanidade o seu imenso rebanho, Jesus não recomenda medidas drásticas em favor da disciplina compulsória.

Nem gritos, nem xingamentos.

Nem cadeia, nem forca.

Nem chicote, nem vara.

Nem castigo, nem imposição.

Nem abandono aos infelizes, nem flagelação aos transviados.

Nem lamentação, nem desespero.

“Pedro, apascenta as minhas ovelhas! “

Isso equivale a dizer: - Irmão, sustenta os companheiros mais necessitados que tu mesmo.

Não te desanimes perante a rebeldia, nem condenes o erro, do qual a lição benéfica surgirá depois.

Ajuda ao próximo, ao invés de vergastá-lo.

Educa sempre.

Revela-te por trabalhador fiel.

Sê exigente para contigo mesmo e ampara os corações enfermiços e frágeis que te acompanham os passos.

Se plantares o bem, o tempo se incumbirá da germinação, do desenvolvimento, da florescência e da frutificação, no instante oportuno.

Não analises, destruindo.

O inexperiente de hoje pode ser o mentor de amanhã.

Alimenta a “boa parte” do teu irmão e segue para adiante.

A vida converterá o mal em detritos e o Senhor fará o resto.

(Texto número 19, extraído do livro Fonte Viva, de Emmanuel, psicografado por Chico Xavier)


IRMÃOS, RESPONSÁVEIS PELA ORATÓRIA DO EVANGELHO E DA APROXIMAÇÃO DOS OUVINTES ÀS MENSAGENS DE JESUS,

NÃO NOS ESQUEÇAMOS DO PEDIDO DO MESTRE,

APASCENTEMOS AS OVELHAS COM A DOÇURA POSSÍVEL,

COM A CONFIANÇA NECESSÁRIA,

E PRINCIPALMENTE COM O AMOR QUE DEVEMOS À QUEM ESPERA DE NÓS,

APENAS, QUE FAÇAMOS A NOSSA PARTE.

VIBRAÇÕES

VIBRAÇÕES: COMO FUNCIONAM AS VIBRAÇÕES E AS PRECES FEITAS PARA OS NECESSITADOS?

A CURA ATRAVÉS DAS VIBRAÇÕES

Certa moça, contrariada em suas inclinações, havia-se casado com um homem a quem não amava.

A mágoa que sofreu levou-a a um distúrbio mental.

Sob o domínio de uma ideia fixa, perdeu a razão e teve de ser internada.

Ela jamais ouvira falar de Espiritismo.

Se dele se tivesse ocupado teriam dito que os Espíritos lhe haviam transtornado a cabeça.

O mal provinha, assim, de uma causa moral acidental e exclusivamente pessoal.

Compreende-se que em tais casos os remédios normais nenhum efeito produzem, e como não havia obsessão, podia-se, também, duvidar do efeito da prece.

Um amigo da família e membro da Sociedade Espírita de Paris, julgou dever interrogar um Espírito superior, que respondeu:

- A ideia fixa dessa senhora, por sua mesma causa, atrai em sua volta uma porção de Espíritos maus, que a envolvem com seus fluidos e alimentam as suas idéias, impedindo que lhe cheguem as boas influências.

Os Espíritos dessa natureza abundam sempre em semelhantes meios e constituem, sempre, obstáculo à cura dos doentes.

Contudo podereis curá-la, mas para tanto é necessário uma força moral capaz de vencer a resistência.

E tal força não é dada a um só.

Cinco ou seis espíritas sinceros se reúnam todos os dias, durante alguns instantes e peçam com fervor a Deus e aos bons Espíritos que a assistam; que a vossa prece seja, ao mesmo tempo, uma magnetização mental.

Para tanto não necessitais estar junto a ela, ao contrário.

Pelo pensamento podeis levar-lhe uma salutar corrente fluídica, cuja força estará na razão de vossa intenção, aumentada pelo número.

Por tal meio podereis neutralizar o mau fluido que a envolve.

Fazei isto: tende fé em Deus e esperai."

Seis pessoas se dedicaram a esta obra de caridade e, durante um mês não faltaram à missão aceita.

Depois de alguns dias a doente estava sensivelmente mais calma; quinze dias mais tarde a melhora era manifesta e agora voltou para sua casa em estado perfeitamente normal, ignorando ainda, como o seu marido, de onde lhe veio a cura.

A maneira de agir é aqui indicada claramente e nada teríamos a acrescentar de mais preciso à explicação dada pelo Espírito.

A prece não tem apenas o efeito de levar ao doente um socorro estranho, mas o de exercer uma ação magnética.

Que não poderia o magnetismo ajudado pela prece!

Infelizmente certos magnetizadores, a exemplo de muitos médicos, fazem abstração do elemento espiritual; vêem apenas a ação mecânica, assim se privando de poderoso auxiliar.

Esperamos que os verdadeiros espíritas vejam no fato mais uma prova do bem que podem fazer em circunstâncias semelhantes.

Allan Kardec

CAUSAS DA OBSESSÃO E MEIOS DE COMBATE-LA - REVISTA ESPÍRITA, JANEIRO DE 1863 - ALLAN KARDEC


PRECE POR ENTENDIMENTO

Senhor Jesus!

Auxilia-nos a compreender mais, a fim de que possamos servir melhor, já que somente assim as bênçãos que nos concedes podem fluir, através de nós, em nosso apoio e em favor de todos aqueles que nos compartilham a existência.

Induze-nos à prática do entendimento que nos fará observar os valores que, porventura, conquistemos, não na condição de propriedade nossa e sim por manancial de recursos que nos compete mobilizar no amparo de quantos ainda não obtiveram as vantagens que nos felicitam a vida.

E ajuda-nos, oh! Divino Mestre, a converter as oportunidades de tempo e trabalho com que nos honraste em serviço aos semelhantes, especialmente na doação de nós mesmos, naquilo que sejamos ou naquilo que possamos dispor, de maneira a sermos hoje melhores do que ontem, permanecendo em Ti, tanto quanto permaneces em nós, agora e sempre.

Assim seja.

Emmanuel : Francisco Cândido Xavier - Livro: Paciência

DEZ MANEIRAS DE AJUDAR COM SEGURANÇA

NÃO DISCUTA

Se você é aprendiz do Evangelho, não ignora que o Divino Mestre permanece atento, na redenção do mundo, e que devemos estar vigilantes na execução do serviço que nos compete.

NÃO CRITIQUE

Observemos o setor de nossas obrigações e realizemos o melhor na obra geral, usando as possibilidades ao nosso alcance.

NÃO RECLAME

Contentarmo-nos com o ato de servir é simples dever e quem centraliza a mente na tarefa que lhe é própria não dispõe de tempo para formular queixas inoportunas.

NÃO CONDENE

Reparemos a parte aproveitável nas situações difíceis e esqueçamos todo mal.

NÃO EXIJA

Coopere sem rogar a colaboração alheia, de vez que a responsabilidade pertence a todos e cada um de nós será examinado de acordo com as próprias obras.

NÃO FUJA

Jamais olvide que o problema é a lição da vida. O aluno que teme o ensinamento, descerá naturalmente à retaguarda.

NÃO SE PRECIPITE

Usemos a serenidade. O trabalhador que sabe aproveitar os minutos e respeitá-los, nunca sofre os castigos do tempo.

NÃO TEMA

Quando fixamos o cérebro e o coração em Cristo somos simples agentes d’Ele e quem cumpre a Vontade do Mestre, não deve nem pode recear coisa alguma.

NÃO SE ENGANE

Ninguém precisa aplicar os raios candentes na verdade, a propósito dos mínimos acontecimentos da vida, desfigurando a alegria que deve imperar nos domínios da sementeira e da esperança, mas não perca de vista o que é essencial ao seu progresso, à sua felicidade e à sua redenção para o grande caminho.

NÃO SE ENTRISTEÇA

Lembre-se de que o Nosso Mestre é o Salvador pela Ressurreição. Sofrimento, amargura e morte são sombras. A cruz do Amigo Divino era degrau para a Glória Celeste. Seja esse pensamento uma luz permanente em nossa alma que jamais deve abrir-se ao desânimo. A certeza de que somos os seguidores felizes do Cristo Imortal é para nós motivo de soberana resistência e de eterno júbilo.

André Luiz - Do livro Cartas do coração. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.


AS VIBRAÇÕES SEGUNDO DR BEZERRA DE MENEZES

AS VIBRAÇÕES SEGUNDO DR BEZERRA DE MENEZES
LIVRO:INICIAÇÃO ESPÍRITA - EDGARD ARMOND

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