18 – Os laços de família não são destruídos pela
reencarnação, como pensam certas pessoas. Pelo contrário, são fortalecidos e
reapertados. O princípio oposto é que os destrói.
Os Espíritos formam, no espaço, grupos ou famílias,
unidos pela afeição, pela simpatia e a semelhança de inclinações. Esses
Espíritos, felizes de estarem juntos, procuram-se. A encarnação só os separa
momentaneamente, pois que, uma vez retornando a erraticidade, eles se
reencontram, como amigos na volta de uma viagem. Muitas vezes eles seguem
juntos na encarnação, reunindo-se numa mesma família ou num mesmo círculo, e
trabalham juntos para o seu progresso comum. Se uns estão encarnados e outros
não, continuarão unidos pelo pensamento. Os que estão livres velam pelos que
estão cativos, os mais adiantados procurando fazer progredir os retardatários.
Após cada existência terão dado mais um passo na senda da perfeição.
Cada vez menos apegados à matéria, seu afeto é mais vivo,
por isso mesmo que mais purificado, não perturbado pelo egoísmo nem obscurecido
pelas paixões. Assim, eles poderiam percorrer um número ilimitado de
existências corporais, sem que nenhum acidente perturbe sua afeição comum.
Estenda-se bem que se trata aqui da verdadeira afeição
espiritual, de alma para alma, a única que sobrevive à destruição do corpo,
pois os seres que se unem na Terra apenas pelos sentidos, não têm nenhum motivo
para se preocuparem no mundo dos Espíritos. Só são duráveis as afeições
espirituais. As afeições carnais extinguem-se com a causa que as provocou; ora,
essa causa deixa de existir no mundo dos Espíritos, enquanto a alma sempre
existe. Quanto às pessoas que se unem somente por interesse, nada são realmente
uma para outra: a morte as separa na Terra e no Céu.
19 – A união e a afeição entre parentes indicam a
simpatia anterior que as aproximou. Por isso, diz-se de uma pessoa cujo
caráter, cujos gostos e inclinações nada têm de comum com os dos parentes, que
ela não pertence à família. Dizendo isso, enuncia-se uma verdade maior do que
se pensa. Deus permite essas encarnações de Espíritos antipáticos ou estranhos
nas famílias, com a dupla finalidade de servirem de provas para uns e de meio
de progresso para outros. Os maus, se melhoram pouco a pouco, ao contacto dos
bons e pelas atenções que deles recebem, seu caráter se abranda, seus costumes
se depuram, as antipatias desaparecem. É assim que se produz a fusão das
diversas categorias de Espíritos, como se faz na Terra entre a raças e os
povos.
20 – O medo do aumento indefinido da parentela, em
conseqüência da reencarnação, é um medo egoísta, provando que não se possui uma
capacidade de amor suficientemente ampla, para abranger um grande número de
pessoas. Um pai que tem numerosos filhos, por acaso os amaria menos do que se
tivesse apenas um? Mas que os egoístas se tranqüilizem, pois esse medo não tem
fundamento. Do fato de ter um homem dez encarnações, não se segue que tenha de
encontrar no mundo dos Espíritos dez mães, dez esposas e um número proporcional
de filhos e de novos parentes. Ele sempre encontrará os mesmos que foram
objetos de sua afeição,que lhe estiveram ligados na Terra por diversas
maneiras, e talvez pelas mesmas maneiras.
21 – Vejamos agora as conseqüências da doutrina anti-reencarnacionista.
Essa doutrina exclui necessariamente a preexistência da alma, e as almas sendo
criadas ao mesmo tempo em que os corpos, não existe entre elas nenhuma ligação
anterior. São, pois, completamente estranhas umas às outras. O pai é estranho
para o filho, e a união das famílias fica assim reduzida unicamente à filiação
corporal, sem nenhuma ligação espiritual. Não haverá portanto nenhum motivo de
vanglória por se ter entre os antepassados algumas personagens ilustres. Com a
reencarnação, antepassados e descendentes podem ser conhecidos, ter vivido
juntos, podem se ter amado, e mais tarde se reunirem de novo para estreitar os
seus laços de simpatia.
22 – Isso no tocante ao passado. Quanto ao futuro,
segundo os dogmas fundamentais que decorrem do princípio
anti-reencarnacionista, a sorte das almas está irrevogavelmente fixada após uma
única existência. Essa fixação definitiva da sorte implica a negação de todo o
progresso, pois se há algum progresso, não pode haver fixação definitiva da
sorte. Segundo tenham elas bem ou mal vivido,vão imediatamente para a morada
dos bem-aventurados ou para o inferno eterno. Ficam assim imediatamente
separadas para sempre, sem esperanças de jamais se reunirem, de tal maneira que
pais, mães e filhos, maridos e esposas, irmãos e amigos, não têm nunca a
certeza de se reverem: é a mais absoluta ruptura dos laços de família.
Com a reencarnação, e o progresso que lhe é conseqüente,
todos os que se amam se encontram na terra e no espaço, e juntos gravitam para
Deus. Se há os que fracassam no caminho, retardam o seu adiantamento e a sua
felicidade. Mas nem por isso as esperanças estão perdidas. Ajudados,
encorajados e amparados pelos que os amam, sairão um dia do atoleiro em que
caíram. Com a reencarnação, enfim, há perpétua solidariedade entre os
encarnados e os desencarnados, do que resulta o estreitamento dos laços de
afeição.
23. Em resumo, quatro alternativas se apresentam ao
homem, para o seu futuro de além-túmulo:
1º) o nada, segundo a doutrina
materialista;
2º) a absorção no todo universal, segundo a doutrina panteísta;
3º) a conservação da individualidade, com fixação definitiva da sorte, segundo
a doutrina da Igreja;
4º) a conservação
da individualidade, com o progresso infinito, segundo a doutrina espírita.
De
acordo com as duas primeiras, os laços de família são rompidos pela morte, e
não há nenhuma esperança de se reencontrarem; com a terceira, há possibilidade
de se reverem, contanto que esteja no mesmo meio, podendo esse meio ser o
inferno ou o paraíso; com a pluralidade das existências, que é inseparável do
progresso gradual, existe a certeza da continuidade das relações entre os que
se amam, e é isso o que constitui a verdadeira família.
TEXTOS DE APOIO
NO LAR
"Aprendam primeiro a exercer piedade para com a sua própria
família e a recompensar seus pais, porque isto é bom e agradável diante de
Deus." - Paulo. (I Timóteo, 5:4.)
Começar na intimidade do templo doméstico a
exemplificação dos princípios que esposa, com sinceridade e firmeza,
uniformizando o próprio procedimento, dentro e fora dele.
Fé espírita no clima da família, fonte do Espiritismo no
campo social.
Calar todo impulso de cólera ou violência, amoldando-se
ao Evangelho de modo a estabelecer a harmonia em si mesmo, perante os outros.
A humildade constrói para a Vida Eterna.
Proporcionar às crianças os fundamentos de uma educação
sólida e bem orientada, sem infundir-lhes medo ou fantasias, começando por
dar-lhes nomes simples e naturais, evitando a pompa dos nomes famosos,
suscetíveis de lhes criar embaraços futuros.
O lar é a escola primeira.
Sempre que possível, converter o santuário familiar em
dispensário de socorro aos menos felizes, pela aplicação daquilo que seja menos
necessário à mantença doméstica.
A Seara do Cristo não tem fronteira.
Se está sozinho com a sua fé, no recesso do próprio lar,
deve o espírita atender fielmente ao testemunho de amor que lhe cabe,
lembrando-se de que responderá, em qualquer tempo, pelos princípios que abraça.
A ribalta humana situa-nos sempre no papel que devamos
desempenhar.
Ao menos uma vez por semana, formar o culto do Evangelho
com todos aqueles que lhe co-participam da fé, estudando a verdade e irradiando
o bem, através de preces e comentários em torno da experiência diária à luz dos
postulados espíritas.
Quem cultiva o Evangelho em casa, faz da própria casa um
templo do Cristo.
Evitar o luxo supérfluo nos aposentos, objetos e
costumes, imprimindo em tudo características de naturalidade, desde os hábitos
mais singelos até os pormenores arquitetônicos da própria moradia.
Não há verdadeiro clima espírita cristão, sem a presença
da simplicidade conosco.
Autor: André Luiz Psicografia de Waldo Vieira. Livro:
Conduta Espírita
INSTITUTO DE TRATAMENTO
“O que é nascido da carne é carne e o que é nascido do Espírito
é espírito.”
Jesus (João, 3: 6)
“Os laços de família não sofrem destruição alguma com a reencarnação,
como o pensam certas pessoas. Ao contrário, tornam-se mais fortalecidos e apertados. O
princípio oposto, sim, os destrói.?”(Cap. IV, Item 18)
Atingindo o Plano Espiritual, depois da morte,
sentimentos indefiníveis nos senhoreiam o coração.
Nos recessos do espírito, rebentam mágoas e júbilos,
poemas de ventura e gritos de aflição, cânticos de louvor pontilhados de fel e
brados de esperanças que se calam, de súbito, no gelo do sofrimento. Rimos e
choramos, livres e presos, triunfantes e derrotados, felizes e desditosos...
Bênçãos de alegria, que nos clareiam pequeninas vitórias
alcançadas, desaparecem, de pronto, no fundo tenebroso das quedas que nos
marcaram a vida.
Suspiramos pela ascensão sublime, sedentos de comunhão
com as entidades heroicas que nos induzem aos galardões fulgentes dos cimos,
todavia, trazemos o desencanto das aves cativas e mutiladas.
Ao invés de asas, carregamos grilhões, na penosa condição
de almas doentes...
Na concha da saudade, ouvimos as melodias que irrompem
das vanguardas de luz, entretecidas na glória dos bem aventurados, no entanto,
austeras admoestações nos chegam da Terra pelo sem fio da consciência...
Nas faixas do mundo somos requisitados pelas obrigações
não cumpridas.
Erros e deserções clamam dentro de nós, pedindo reparos
justos...
Longe das esferas superiores que ainda não merecemos e
distanciados das regiões positivamente inferiores em que nossas modestas aquisições
evolutivas encontraram início, concede-nos, então, a Providência Divina, o
refúgio do lar, entre as sombras da Terra e as rutilâncias do Céu, por
instituto de tratamento, em que se nos efetive a necessária restauração.
É assim que reencarnados em nova armadura física,
reencontramos perseguidores e adversários, credores e cúmplices do pretérito,
na forma de parentes e companheiros para o resgate de velhas contas. Nesse
cadinho esfervilhante de responsabilidades e inquietações, afetos renovados nos
chamam ao reconforto, enquanto que aversões redivivas nos pedem esquecimentos...
A vista disso, no mundo, por mais atormentado nos seja o
ninho familiar abracemos nele a escola bendita do reajuste onde temporariamente
exercemos o oficio da redenção.
Conquanto crucificados em suplícios anônimos atados a
postes de sacrifício ou semi asfixiado
no pranto desconhecido das grandes humilhações, saibamos sustentar-lhe a
estrutura moral, entendendo e servindo, mesmo à custa de lágrimas, porque é no
lar, esteja ele dependurado na crista de arranha céus, ou na choça tosca de
zinco, que as leis da vida nos oferecem as ferramentas de amor e da dor para a construção
e reconstrução do próprio destino entregandonos, de berço em berço, ao carinho de Deus que verte inefável pelo colo
das mães.
LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel) FCX
VÍNCULOS FAMILIARES
"...Afeição real de alma a alma, a única que
sobrevive à destruição do corpo, porque os seres que não se unem neste mundo
senão pelos sentidos não têm nenhum motivo para se procurarem no mundo dos
Espíritos. Não há de duráveis senão as afeições espirituais..." (Cap. IV,
item 8)
A rigor, família é uma instituição social que compreende
indivíduos ligados entre si por laços consanguíneos. A formação do grupo
familiar tem como finalidade a educação, implicando, porém, outros tantos
fatores como amor, atenção, compreensão, coerência e, sobretudo, respeito à
individualidade de cada componente do instituto doméstico.
Com o Espiritismo, porém, esse conceito de família se
alarga, porque os velhos padrões patriarcais, impositivos e machistas do
passado, cedem lugar a um clã familiar de visão mais ampla de vivência
coletiva, dentro das bases da reencarnação.
Por admitir que os laços da parentela são preexistentes à
jornada atual, os preconceitos de cor, de sangue, sociais e afetivos caem por
terra, em face da possibilidade de as almas retornarem ao mesmo domicílio,
ocupando roupagens físicas conforme as necessidades evolutivas.
As afeições reais do espírito sobrevivem à destruição do
corpo e permanecem indissolúveis e eternas, nutrindo-se cada vez mais de mútuas
afinidades, enquanto que as atrações materiais, cujo único objetivo são as
ilusões passageiras e os interesses do orgulho, extinguem-se com a "causa
que os fez nascer".
Assim, vemos famílias que adotam a "eliminação quase
total da vida particular". A atenção é focalizada de forma exclusiva no
grupo familiar, cujos integrantes vivem neuroticamente uns para os outros.
Bloqueiam seus direitos à própria vida, à liberdade de agir e de pensar e ao
processo de desevolvimento espiritual, para se ocuparem de cuidados improdutivos
e alienatórios entre si.
Vivem uns para os outros numa "simbiose
doentia". Os elementos que vivem presos a esse relacionamento de permuta
egoísta afirmam para si mesmos: "Se eu me sacrifico pelo outro, exijo que
ele se dedique a mim". Não se trata de caridade, e sim de compromissos
impostos entre dois ou mais indivíduos de juntos viverem, visando ao
"bem-estar familiar".
Na verdade, não estão exercitando o discernimento
necessário para enxergar a autêntica satisfação de cada um como pessoa. Não nos
referimos aqui ao companheirismo afetivo, tão reconfortante e vital à família,
mas a uma postura obrigatória pela qual indivíduos se vigiam e se encarceram
reciprocamente.
Encontramos também outras famílias que não se formaram
por afeições sinceras; fazem comparações e observam características de outras
famílias que invejam e que buscam copiar a qualquer custo: são as chamadas
"alpinistas sociais".
Procuraram formar o lar afeiçoadas a modelos de elegância
e a peculiaridades obstinadas de afetação social, moldando o recinto doméstico
ao que eles idealizam a seu bel-prazer como "chique".
Vestem-se à imagem dos outros, comparam carros, móveis,
gostos e comidas; negam a cada membro, de forma nociva, a verdadeira vocação,
tentando sempre copiar modos de viver que não condizem com suas reais
motivações.
Há ainda outras agremiações familiares denominadas
"exibicionistas", em que os membros do lar se associam para suprir a
necessidade que nutrem de ser vistos, ouvidos, apreciados e admirados.
Ajudam-se mutuamente, ressaltando uns a imagem dos outros e focalizando áreas
que podem ser valorizadas pelo social, como, por exemplo, a beleza física ou o
recurso financeiro.
As pessoas vaidosas desse tipo familiar, quando bem
sucedidas ou conceituadas, alimentam exibição sistemática diante dos outros,
como forma de compensação ao orgulho de que estão revestidas.
Assim considerando, os laços de família formados em bases
de fidelidade, amor, respeito e dedicação perdurarão pela eternidade e serão
cada vez mais fortalecidos. Os espíritos simpáticos envolvidos nessas uniões
usufruem indizível felicidade por estar juntos trabalhando para o seu progresso
espiritual.
"Quanto às pessoas unidas pelo único móvel do
interesse, elas não estão realmente em nada unidas uma à outra: a morte as
separa sobre a Terra e no céu", conforme nos certifica literalmente o
texto de "O Evangelho Segundo o Espiritismo".
Hammed – Livro: Renovando Atitudes – Cap. 37
VIGÍLIA MATERNAL
Sorves, em lágrimas silenciosas, o cálice da amargura,
ante o filho desobediente, e notas no coração que o amor e a dor palpitam
juntos em paroxismos e profundezas.
Desencantada com as leves nódoas de indignidade que lhe
entreviste no caráter, reparas, chorando, que ele não é mais a aparição celeste
dos primeiros dias, e, ao ponderar-lhe a falência iniciante, temes a liberdade
que o tempo lhe concederá na construção do destino.
Pretextando querê-lo, não te rendas à feição de praça
vencida ...
Conquanto carregues o espinho da angústia engastado na
alma, é preciso velar no posto de sentinela.
Não deformes o sentimento que te pulsa no peito.
Fortalece a própria vontade, governando-lhe os impulsos.
Ceder sempre, no fundo, é menosprezar.
Sê previdente, aparando-lhe os caprichos.
Acende a luz da prece e medita nas dores excruciantes que
alcançaram também a Doce Mãe de Jesus e ergue a voz no corretivo às irreflexões
e aos anseios imoderados que o visitam, se queres fazer dele um Homem.
Dosa o sal da energia e o mel da brandura, nos
condimentos da educação.
Nem liberdade desordenada, nem apego excessivo.
Se teu filho é tua cruz, lembra-te de que, na Terra, não
há nascimento de santos. Almas em luta consigo mesmas, é compreensível vivamos
todos nós, não raro, em luta uns com os outros, nos passos ziguezagueantes da
experiência.
Sê operosa e humilde, sem ser escrava.
Não cultives desgostos.
Sê fiel à esperança.
Não fites ingratidões, nem coleciones queixumes.
A missão divina da maternidade apoia-se na força
onipotente do amor.
Envolve teu filho na palavra de benção, que vence o
orgulho, e na luz do exemplo que dissipa as sombras da rebeldia.
Faze que se lhe desenvolvam os sentimentos bons do
coração, que o musgo dos séculos recobriu e ocultou.
Não te faças borboleta do sono, quando a vida te pede
vigílias de guardiã.
No rio da existência humana, os espíritas são as gotas
d'água que se transformam em lâminas de arremesso contra as pedras dos
obstáculos, talhando caminhos novos.
O Espiritismo gera consciências livres. Prova a teu filho
semelhante verdade pelas próprias ações de renúncia e discernimento, conjugando
o bálsamo do carinho com a rédea da autoridade.
Não queiras transformá-lo, à força, em escolhido, dentre
aqueles chamados pelo Senhor.
Filhos do Eterno, todos somos cidadãos da Eternidade e
somente elevamos a nós mesmo, a golpes de esforço e trabalho, na hierarquia das
reencarnações.
Assim, pois, embora muita vez torturada na abnegação
incompreendida, mostra a teu filho que a Lei Divina é insubornável e que todo
espírito é responsável por si próprio.
Anália Franco - Do
livro O Espírito da Verdade. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
CARMA E PARENTELA
" A união e a afeição que existem entre os parentes
são indício da simpatia anterior que os aproximou; também se diz, falando de
uma pessoa cujo caráter, gostos e inclinações não têm nenhuma semelhança com os
de seus parentes, que ela não é da família..." (Cap. IV
item19).
Quase sempre afirmamos que a antipatia a certos membros
de nossa parentela é decorrente de antigas aversões, oriundas do pretérito
distante, quando ocorrências negativas ficaram mal resolvidas em nossa
atmosfera cármica.
Dessa forma, justificamos aversões e incompatibilidades
de gênio, transformando o ambiente familiar em verdadeiro campo de batalha,
onde todos têm razão e, ao mesmo tempo, todos se dizem vítimas impotentes do
destino.
Importante lembrar que, se fomos reunidos aqui e agora, é
porque este é o melhor tempo para solucionarmos comportamentos inconvenientes,
posturas de vida intransigentes e para promovermos nossa transformação
interior, fatores imprescindíveis para o crescimento da alma.
Não se auto-responsabilizar por feitos e atitudes no
presente, inocentando-se e lançando desculpas pelos desatinos do passado, é
assumir a condição de injustiçado, ou mesmo, de vítima.
É como afirmar que a Divina Providência cometeu para com
tua existência uma falta, fazendo-te renascer em ambiente não correspondente ao
teu desenvolvimento espiritual, o que logicamente é um enorme absurdo.
Não são situações de vidas passadas que te complicam
relacionamentos afetivos, e sim a continuidade dos velhos modos de pensar, das
crenças incoerentes e da permanência em doentios pontos de vista de
onipotência.
Adultos dominadores desenvolvem expectativas em relação
ao círculo em que vivem, alterando as escolhas pessoais dos familiares. Se
estes não são acostumados a pensar por si, permitem facilmente que lhes alterem
as trilhas que tinham delineado e definido como metas particulares.
Fatalmente, esses mesmos indivíduos um dia se revoltarão
contra as atitudes de dominância e rejeitarão ser manipulados de novo,
desenvolvendo assim sérios atritos no lar.
Em muitas ocasiões, por atitudes autoritárias, a
profissão que é exercida difere de modo frontal daquela que a criatura
escolheu. Em vista disso, ela vive constantemente contrariada, por ver
frustrado o seu projeto interno, e se revolta não só contra quem desencadeou a
intromissão em sua trilha de vida, mas também contra o mundo, a sociedade e
contra si mesmo, por não ter lutado por tudo aquilo que desejava.
Parentes inseguros superprotegem os seus escolhidos,
tornando-os impotentes em áreas em que já poderiam ser independentes. Por
obrigá-los a compartilhar os seus mesmos pontos de vista, evidenciam um enorme
desrespeito ao outro, demonstrando com isso que, talvez, nem eles mesmos saibam
o que querem realmente da vida.
Assim, com frequência, filhos se defrontam com pais e
irmãos, lutando contra gestos de arrogância. Querem ser eles mesmos, desbravar
suas próprias metas e caminhos, embora, às vezes, se anulem com certo medo de
desagradar-lhes, pelo suporte e manutenção de vida que ainda recebem deles,
porque, em verdade, muitos ainda não conseguiram sustentar-se material e
afetivamente.
Auto-responsabilizar-se é uma dádiva que nos confere o
poder de criar mudanças, pois geralmente preferimos nos desculpar, jogando a
responsabilidade de nossos atos nos ombros alheios, ou nas vidas passadas,
tornando-nos vítimas e eximindo-nos de contribuir com nossa parcela para
eliminar melindres, ressentimentos e antipatias no seio do próprio lar.
Em razão disso tudo, para que tenhamos relacionamentos
felizes no futuro, tomemos nota do lema: "O ontem já passou. Agora é a
melhor ocasião para teu crescimento e renovação".
Hammed – Livro Renovando Atitudes – CAP. 31
O CULTO CRISTÃO NO
LAR
Povoara-se o firmamento de estrelas, dentro da noite
prateada de luar, quando o Senhor, instalado provisoriamente em casa de Pedro,
tomou os Sagrados Escritos e, como se quisesse imprimir novo rumo à conversação
que se fizera improdutiva e menos edificante, falou com bondade: — Simão, que
faz o pescador quando se dirige para o mercado com os frutos de cada dia? O
apóstolo pensou alguns momentos e respondeu, hesitante: — Mestre, naturalmente,
escolhemos os peixes melhores.
Ninguém compra os
resíduos da pesca.
Jesus sorriu e
perguntou, de novo: — E o oleiro? que faz para atender à tarefa a que se
propõe? — Certamente, Senhor — redargüiu o pescador, intrigado —, modela o
barro, imprimindo- lhe a forma que deseja.
O Amigo Celeste,
de olhar compassivo e fulgurante, insistiu: — E como procede o carpinteiro para
alcançar o trabalho que pretende? O interlocutor, muito simples, informou sem
vacilar: — Lavrará a madeira, usará a enxó e o serrote, o martelo e o formão.
De outro modo, não
aperfeiçoará a peça bruta.
Calou-se Jesus,
por alguns instantes, e aduziu: — Assim, também, é o lar diante do mundo.
O berço doméstico
é a primeira escola e o primeiro templo da alma.
A casa do homem é
a legítima exportadora de caracteres para a vida comum.
Se o negociante
seleciona a mercadoria, se o marceneiro não consegue fazer um barco sem
afeiçoar a madeira aos seus propósitos, como esperar uma comunidade segura e
tranqüila sem que o lar se aperfeiçoe? A paz do mundo começa sob as telhas a
que nos acolhemos.
Se não aprendemos
a viver em paz, entre quatro paredes, como aguardar a harmonia das nações? Se
nos não habituamos a amar o irmão pais próximo, associado à nossa luta de cada
dia, como respeitar o Eterno Pai que nos parece distante? Jesus relanceou o
olhar pela sala modesta, fez pequeno intervalo e continuou: — Pedro, acendamos
aqui, em torno de quantos nos procuram a assistência fraterna, uma claridade
nova.
A mesa de tua casa
é o lar de teu pão.
Nela, recebes do
Senhor o alimento para cada dia.
Por que não
instalar, ao redor dela, a sementeira da felicidade e da paz na conversação e
no pensamento? O Pai, que nos dá o trigo para o celeiro, através do solo,
envia-nos a luz através do Céu.
Se a claridade é a
expansão dos raios que a constituem, a fartura começa no grão.
Em razão disso, o
Evangelho não foi iniciado sobre a multidão, mas, sim, no singelo domicílio dos
pastores e dos animais.
Simão Pedro fitou
no Mestre os olhos humildes e lúcidos e, como não encontrasse palavras
adequadas para explicar-se, murmurou, tímido: — Mestre, seja feito como
desejas.
Então Jesus,
convidando os familiares do apóstolo à palestra edificante e à meditação
elevada, desenrolou os escritos da sabedoria e abriu, na Terra, o primeiro
culto cristão no lar.
Neio Lúcio - Do Livro Jesus no Lar - Francisco C. Xavier
CONFIANÇA EM DEUS
Em qualquer circunstância, mantém tua confiança em Deus,
que rege o Universo e guarda tua vida.
Nunca te revoltes, seja qual for o problema que te
surpreenda.
Fora do teu sofrimento sofrem também outros filhos de
Deus sob estigmas de aflições que desconheces.
Normalmente relacionas as provações que te alcançam e
derrapas em regime de rebeldia caindo nos alçapões das inconsequencias de vária
ordem.
Deixas-te intoxicar pelos vapores da felonia e afasta-te
da diretriz do bem, fugindo para lugar algum onde sofres mais por desespero
injustificável do que pela Intensidade do padecer que te atinge.
No entanto, eles estão ao teu lado, os irmãos do carneiro
da agonia.
Disputam casebres miseráveis pendurados em morros onde
fermentam ódios ou aglutinados em declives e baixas infectas onde dominam
sombras, acondicionando retalhos de velhas latas e tábuas imundas, que
transformam em lar e ali se rebolcam em inenarrável desesperação.
Dormem sob as pontes das estradas ou nas calçadas das
vielas sombrias em espaços exíguos à mercê do abandono.
Espiam por olhos que se apagaram e não têm possibilidade
de ver, marchando em densas trevas.
Agitam-se em corpos mutilados e anseiam alucinadamente
por conseguir andar, abraçar, mover-se em alguma direção.
Perderam a razão, um sem número deles, e correm pelos
dédalos da loucura indimensional, sob pesadelos horrendos, em que seguem até à
idiotia.
Experimentam fome contínua e sentem a constrição da
máquina orgânica, desajustada ao império das necessidades que se sucedem.
Têm o espírito dilacerado por diagnósticos de
enfermidades que sabem irreversíveis e, piorando-lhes a situação, não estão
preparados para a desencarnação.
Aguardam notícias funestas que os alcançarão logo mais e
expungem as agonias sem nome sorvendo o veneno da amargura, revoltados sem
lograrem a extinção do Sofrer...
Faze um giro além das fronteiras do “eu” enfermiço e
tristonho a que te recolhes.
Abre os olhos e espia na direção da Terra perto e longe
de ti. Há poemas de beleza na paisagem em festa e tragédias nos bastidores dos
corações em comunhão com as torpezas morais em agitação. Pensarás, então, que o
homem e somente ele é infeliz numa esfera de luz e cores como a da Natureza.
Em verdade ainda é a Terra a abençoada escola de
redenção. Contrastando com as necessidades de cada aluno, ela se mantém festiva
para ensejar uma visão panorâmica convidativa para o bem e para a ação integral
que facultam a superação das dificuldades.
Todos aqueles calcetas que lhe desconsideraram as classes
ontem, ora retornam para refazer e aprender fixando em definitivo as lições
superiores de amor e vida que desprezaram.
Após examinares todas as circunstâncias provacionais do
caminho da evolução, bendirás o que tens no corpo e na alma, utilizando-te com
meridiana sabedoria dos dons incomparáveis de que te encontras investido,
elaborando condições novas interiormente, para superar os óbices naturais e
agradecer as excessivas concessões que fruis e das quais inapelavelmente
prestarás contas mais tarde ao Excelso Administrador, como já lhes sofrem os
resultados estes que ora resgatam mais em regime carcerário, porém que aguardam
a dádiva do teu auxílio para diminuir-lhes as aflições superlativas.
Tem, pois, confiança em Deus, alma irmã! Ama e agradece o
quinhão de dor que te chega para o próprio aprimoramento espiritual e prossegue
sereno ajudando aqueles outros espíritos igualmente ou mais atribulados que tu
mesmo a seguirem pela rota abençoada da reencarnação.
"Confia em Deus". Mateus: capítulo 27,
versículo 43.
"Os (Espíritos) que se conservam livres velam pelos
que se acham em cativeiro. Os mais adiantados se esforçam por fazer que os
retardatários progridam". Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 4º -
Item 18, parágrafo 2.
FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas. Pelo
Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 13.
ESPIRITISMO NO LAR
"Deus permite que, nas famílias, ocorram essas
encarnações de Espíritos antipáticos ou estranhos, com o duplo objetivo de
servir de prova para uns e, para outros, de meio de progresso." O
EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO Capítulo 4º - Item 18.
Todos sabemos valorizar o benefício de um copo d’água
fria ou de uma ampola de injetável tranquilizante, ofertados num momento de
grande aflição.
Reconhecemos a bênção do alfabeto que nos descortina as
belezas do conhecimento universal e bendizemos quem no-lo imprimiu nos recessos
da mente.
Mantemos no carinho do espírito aqueles que nos ajudaram
nos primeiros dias da reencarnação, oferecendo-nos amparo e amamentação.
Somos reconhecidos àqueles que nos nortearam em cada hora
de dúvida e não esquecemos o coração que nos agasalhou nos instantes difíceis
do caminho renovador...
Muitos há, no entanto, que desdenham e esquecem todos os
benefícios que recebem durante a vida..
Há um inestimável benefício que te enriquece a existência
na Terra: o conhecimento espírita.
Esse é guia dos teus passos, luz nas tuas sombras e pão
na mesa das tuas necessidades.
Poucas vezes, porém, pensaste nisso.
Recebeste com o Espiritismo a clara manhã da alegria,
quando carregavas noite nos painéis mentais e segues confiante, de passo firme,
com ele a conduzir-te qual mãe desvelada e fiel.
Se o amas, não o detenhas apenas em ti.
Faze mais. Não somente em propaganda "por fora"
mas principalmente dentro do teu lar.
No lar se caldeiam os espíritos em luta diária nas
tarefas de reajustamento e sublimação.
Na família os choques da renovação espiritual criam
lampejos de ódios e dissenção, que podes converter em clarões-convites à paz.
Não percas a oportunidade de semear dentro de casa.
Apresenta a tua fé aos teus familiares mesmo que eles não
n’a queiram escutar.
Utiliza o tempo, a psicologia da bondade e do otimismo e
esparze as luminescências da palavra espírita no reduto doméstico.
Se te recusarem ensejo, apresenta-o, agindo.
Se te repudiarem, conduze-o, desculpando.
Se te ferirem, espalha-o, amando.
Pelo menos, uma vez por semana, reúne a tua família e
felicita-a com o Espiritismo, criando, assim, e mantendo, o culto evangélico,
para que a diretriz do Mestre seja eficiente rota de amor à sabedoria em tua
casa...
Ali, na oportunidade, ouvidos desencarnados se imantarão
aos ouvidos dos teus e escutarão; olhos atentos verão pelos olhos da tua
família e se nublarão de pranto; mentes se ligarão às outras mentes e
entenderão... Sim, ouvidos, olhos e mentes dos desencarnados que habitam a tua
residência se acercarão da mesa de comunhão com o Senhor, recebendo o pão
nutriente para os espíritos perturbados, através do combustível espírita que
não é somente manancial para os homens da Terra, mas igualmente para os que
atravessaram os portais do além-túmulo em doloroso estado de sofrimento e
ignorância.
Agradece ao Espiritismo a felicidade que possuis,
acendendo-o como chama inapagável no teu lar, para clarear os teus familiares
por todos os dias.
O pão mantém o corpo.
O agasalho guarda o corpo.
O medicamento recupera o corpo.
O dinheiro acompanha o corpo.
Seja o Espiritismo em ti o corpo do teu espírito
emboscado no teu corpo, a caminhar pelo tempo sem fim para a Imortalidade
gloriosa.
E se desejares felicidade na Terra, incorpora-o ao teu
lar, criando um clima de felicidade geral.
FRANCO, Divaldo Pereira. Espírito e Vida. Pelo Espírito
Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 25.
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