APASCENTA AS MINHAS OVELHAS. Jesus (João 21:17)

APASCENTA AS MINHAS OVELHAS.  Jesus (João 21:17)
"APASCENTA AS MINHAS OVELHAS" JESUS (Jo 21:17)

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

E.S.E. CAPÍTULO IX - ITEM 7 - A PACIÊNCIA



7 – A dor é uma benção que Deus envia aos seus eleitos. Não vos aflijais, portanto, quando sofrerdes, mas, pelo contrário, bendizei a Deus todo poderoso, que vos marcou com a dor neste mundo, para a glória no céu.
Sede paciente, pois a paciência é também caridade, e deveis praticar a lei de caridade, ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. A caridade que consiste em dar esmolas aos pobres é a mais fácil de todas. Mas há uma, bem mais penosa, e consequentemente bem mais meritória, que é a de perdoar os que Deus colocou em nosso caminho para serem os instrumentos de nossos sofrimentos e submeterem à prova a nossa paciência.
A vida é difícil, bem o sei, constituindo-se de mil bagatelas que são como alfinetadas e acabam por nos ferir. Mas é necessário olhar para os deveres que nos são impostos e para as consolações e compensações que obtemos, pois então veremos que as bênçãos são mais numerosas que as dores. O fardo parece mais leve quando olhamos para o alto, do que quando curvamos a fronte para a terra.


Coragem, amigos: o Cristo é o vosso modelo. Sofreu mais que qualquer um de vós, e nada tinham de que se acusar, enquanto tendes a expiar o vosso passado e de fortalecer-vos para o futuro. Sede, pois, paciente, sede cristãos: esta palavra resume tudo.



TEXTOS DE APOIO



SE  TIVERES  PACIÊNCIA
Se tiveres paciência, serás o sustentáculo do instituto doméstico, evitando conflitos e contendas entre aqueles que mais amas.
Se tiveres paciência, auxiliarás ao colega de trabalho na inexperiência que demonstre, amparando-lhe o espírito contra a inquietação do desemprego e angariando um amigo para o dia de tuas necessidades.
Se tiveres paciência com os amigos de teu grupo social, conseguirás vacina-los contra o delírio da discórdia e contra o frio do desânimo.
Se tiveres paciência com o teu próprio corpo, abstendo-te dos desmandos da cólera e das extravagâncias da alimentação, resguardarás a própria saúde.
Se tiveres paciência, saberás cultivar a tolerância e a cortesia, nas vias públicas, sobrepondo-te, quase sempre, aos assaltos da delinquência.
Se tiveres paciência, a paz em ti se te fará clima da esperança e do otimismo, que te sustentarão nos caminhos do Bem.

Emmanuel - Livro “Nós” – Psicografia: Francisco Candido Xavier.



JESUS E PACIÊNCIA
Recordemos a paciência do Cristo para exercer no próprio caminho a compreensão e a serenidade.
Retornando, depois do túmulo, aos companheiros assustadiços, não perde tempo com qualquer observação aflitiva ou desnecessária.
Não rememora os sucessos amargos que lhe precederam a flagelação no madeiro.
Não se reporta a leviandade do discípulo invigilante que O entregara à prisão, osculando-Lhe a face.
Não comenta as vacilações de Pedro na extrema hora.
Não solicita os nomes de quantos acordaram em Judas a febre da cobiça e a fome de poder.
Não faz qualquer alusão aos beneficiários sem memória que Lhe desconheceram o apostolado, ante a hora da cruz.
Não recorda os impropérios que Lhe foram atirados em rosto.
Não se refere aos caluniadores que Lhe escarneceram o amor e o sacrifício.
Não reclama reconsiderações da justiça.
Não busca identificar quem Lhe impusera às mãos uma cana à Guisa de cetro.
Não se lembra da turba que Lhe ofertara vinagre à boca sedenta e pancadas à fronte que os espinhos dilaceravam.
Ressurgindo da sombra, afirma apenas, valoroso e sem mágoa:  – “Eis que estarei convosco até o fim dos séculos...”
E prosseguiu trabalhando...
Esse foi o gesto do Cristo de Deus que transitou na Terra, sem dúvidas e sem máculas.
Relembremos o próprio dever, à frente das pedradas que nos firam a rota, a fim de que a paciência nos ensine a esperar a passagem das horas, porquanto cada dia, nos traz, a cada um, diferentes lições.

Do Livro: Abrigo de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel




PACIÊNCIA E NÓS
Quando as dificuldades atingem o apogeu, induzindo os companheiros mais valorosos a desertarem da luta pelo estabelecimento das boas obras, e prossegues sob o peso da responsabilidade que elas acarretam, na convicção de que não nos cabe descrê da vitória final...
Quando os problemas se multiplicam na estrada, pela invigilância dos próprios amigos, e te manténs, sem revolta, nas realizações edificantes a que te consagras...
Quando a injúria te espanca o nome, procurando desmantelar-te o trabalho, e continuas fiel às obrigações que abraçastes, sem atrasar o serviço com justificações ociosas...
Quando tentações e perturbações te ameaçam as horas, tumultuando-te os passos, e caminhos à frente, sem reclamações e sem queixas...
Quando te é lícito largar aos ombros de outrem a carga de atribuições sacrificiais que te assinala a existência, e não te afasta do serviço a fazer, entendendo que nenhum esforço é demais em favor do próximo...
Quando podes censurar e não censuras, exigir e não exiges...
Então, terás levantado a fortaleza da paciência nos reino da própria alma.
Nem sempre passividade significa resignação construtiva.
Raramente pode alguém demonstrar conformidade, quando se encontra sob os constrangimentos da provação.
Paciência, em verdade, é preservar na edificação do bem, a despeito das arremetidas do mal, e prosseguir corajosamente cooperando com ele e junto dela, quando nos seja mais fácil desistir.
Albino Teixeira - Fonte: Livro Caminho Espírita – Psicografia: Francisco Cândido Xavier.


CALMA

Se você está no ponto de estourar mentalmente, silencie alguns instantes para pensar.
Se o motivo é moléstia no próprio corpo, a intranquilidade traz o pior.
Se a razão é enfermidade em pessoa querida, o seu desajuste é fator agravante.
Se você sofreu prejuízos materiais, a reclamação é bomba atrasada, lançando caso novo.
Se perdeu alguma afeição, a queixa tornará você uma pessoa menos simpática, junto de outros amigos.
Se deixou alguma oportunidade valiosa para trás, a inquietação é desperdício de tempo.
Se contrariedades aparecem, o ato de esbravejar afastará de você o concurso espontâneo.
Se você praticou um erro, o desespero é porta aberta a faltas maiores.
Se você não atingiu o que desejava, a impaciência fará mais larga a distância entre você e o objetivo a alcançar.
Seja qual for a dificuldade, conserve a calma, trabalhando, porque, em todo problema, a serenidade é o teto da alma, pedindo o serviço por solução.

Autor: André Luiz Psicografia de Francisco Cândido Xavier




ENQUANTO  SE  ESPERA
    Decisões apressadas em assuntos de importância?
    Espera um tanto mais.
    Usar a chamada “franqueza” diante de alguém?
    Espera um tanto mais.
    Formular reclamações tão- só no próprio interesse?
    Espera um tanto mais.
    Reagir impetuosamente contra isso ou contra aquilo?
    Espera um tanto mais.
    Enquanto se espera , é provável que muitas ocorrências venham a surgir em auxílio de nosso próprio esclarecimento.
Livro Momentos de Paz - Francisco Cândido Xavier - Emmanuel





NOS DOMÍNIOS DA PACIÊNCIA
 “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus.” JESUS - MATEUS,5: 16.
 “Sede pacientes A paciência também é uma caridade e deveis praticar a lei de caridade ensinada pelo Cristo, enviado de Deus.” Cap. 9: 7.

 Em muitos episódios constrangedores, admitimos que paciência é cruzar os braços e gemer passivamente em preguiçosa lamentação.
 Noutros lances da luta com que somos defrontados por manifestações de má fé, a raiarem por dilapidações morais inomináveis, supomos que paciência é tudo deixar como está para ver como fica.
 Isso, porém, constará das lições da vida ou da natureza? Células orgânicas, quando ocorrem acidentes ao veículo físico, estabelecem processos de defesa, trabalhando mecanicamente na preservação da saúde corpórea, enquanto isso lhes é possível.
 Vegetais humildes devastados no tronco, não renunciam à capacidade de resistência e, enquanto dispõem das possibilidades necessárias, regeneram os próprios tecidos, preenchendo as finalidades a que se destinam.
 Paciência não é conformismo; é reconhecimento da dificuldade existente, com a disposição de afastá-la sem atitude extremista.
 Nem deserção da esfera de luta e nem choro improfícuo na hora do sofrimento.
 Sejam como sejam os entraves e as provações, a paciência descobre o sistema de remove-los.
 Em assim, nos externando não nos referimos à complacência culposa que deita um sorriso blandicioso para a leviandade fingindo ignorá-la.
 Reportamos-nos à compreensão que identifica a situação infeliz e articula meios de solucionar-lhe os problemas sem alardear superioridade.
 Paciência, no fundo, é resignação quando as injúrias sejam desferidas contra nós em particular, mas sempre que os ataques sejam dirigidos contra os; interesses do bem de todos, paciência e perseverança tranquila no esclarecimento geral, conquanto semelhante atitude, às vezes, nos custe sacrifícios imensos.
 Jesus foi a paciência sem lindes, no entanto, embora suportasse, sereno todos os golpes que lhe foram endereçados, pessoalmente preferiu aceitar a morte na cruz a ter de aplaudir o erro ou acumpliciar-se com o mal.
Emmanuel - do livro O Livro da Esperança - por FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER



SIMPATIA E BONDADE
No plano infinito da Criação jamais encontraremos alguém que prescinda de dois derivados naturais do amor:
A simpatia e a bondade.
A árvore frondosa e plena de vigor solicita o apoio do sol e a solicitude do vento para conservar-se e estender as suas propriedades vitais.
O animal, por mais inferior na escala dos seres, requer o carinho e a ternura da terra, a fim de manter as próprias funções e aperfeiçoar o seu modo de ser, no meio em que se desenvolve.
A criança e o jovem, a mulher e o homem, tornam-se enfermiços e infelizes, se não recebem o calor da bondade e da simpatia por alimento providencial na sustentação do equilíbrio e da saúde, da esperança e da paz que lhes são indispensáveis no esforço de cada dia.
Procura pois, revestir as próprias manifestações, perante aqueles que te rodeia, com os recursos da simpatia que ajuda e compreende, e da bondade que concede e perdoa, ampliando a misericórdia no mundo e fortalecendo a fraternidade entre todas as criaturas.
Enriquece com o teu entendimento o patrimônio afetivo do companheiro e o companheiro te retribuir-te-á com auxílios originais e incessantes.
Envolve em tua generosidade fraterna a alma infeliz e desajustada, e nela descobrirás imprevistas nuanças do amor.
Não desprezes a simpatia e a bondade ante as lutas alheias e a bondade e a simpatia nos outros te abençoarão toda a vida.
Emmanuel - Livro: O Espírito da Verdade- Francisco C. Xavier e Waldo Vieira- 




SERENIDADE E PACIÊNCIA
No sentido de preservar a própria paz, é indispensável nos disponhamos a manter criteriosa atenção sobre nós mesmos.
O conflito de resultados inavaliáveis pode surgir da explosão de sentimentos descontrolados; entretanto, não se obtém a paz sem esforço.
Quem acredite no imaginário valor da desinibição despropositada, no intuito de garantir o equilíbrio próprio, observe a força elétrica desorientada ou o trânsito sem disciplina.
Ninguém possui uma serenidade que não construiu. Daí,o impositivo da vigilância em nós próprios.
Não se trata de prevenção contra ninguém e sim de auto-governo.
Para semelhante realização, ser-nos-á justo enfileirar certas obrigações primordiais que se nos mostram por alicerces da consciência tranqüila.
Compreendamos que somos colocados, uns à frente dos outros, a fim de aperfeiçoar-nos.
Abracemos as iniciativas de concórdia sem esperar que determinadas pessoas venham a promovê-las.
Pelos erros alheios que claramente nos preocupem, examinemos os nossos com a sincera resolução de corrigi-los.
Não nos aborreçamos com o trabalho que a vida nos confia, de vez que, através dele, é que atingiremos a promoção justa na escala de valores da vida.
Nunca nos esqueçamos de que a eficiência não se harmoniza com a pressa, mas não se fará vista sem apoio da diligência.
Convém lembrar que os nossos ouvidos podem ser transformados em extintores do mal, todas as vezes em que o mal nos procure.
Aceitemos a realidade de que o próximo não tem a nossa formação e saibamos respeitar cada criatura na posição em que se encontre.
Em suma, a serenidade não é uma aquisição espiritual que se faça em toque de mágica e sim, através do trabalho, muitas vezes, duro e áspero da paciência em ação.

LIVRO: CALMA -  FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - EMMANUEL





A ESMOLA DA COMPAIXÃO
De portas abertas ao serviço da caridade, a casa dos Apóstolos em Jerusalém vivia repleta, em rumoroso tumulto.
Eram doentes desiludidos que vinham rogar esperança, velhinhos sem consolo que suplicavam abrigo. Mulheres de lívido semblante traziam nos braços crianças aleijadas, que o duro guante do sofrimento mutilara ao nascer, e, de quando em quando, grupos de irmãos generosos chegavam da via pública, acompanhando alienados mentais para que ali recolhessem o benefício da prece. Numa sala pequena, Simão Pedro atendia, prestimoso.
Fosse, porém, pelo cansaço físico ou pelas desilusões hauridas ao contacto com as hipocrisias do mundo, o antigo pescador acusava irritação e fadiga, a se expressarem nas exclamações de amargura que não mais podia conter.
- Observa aquele homem que vem lá, de braços secos e distendidos? - gritava para Zenon, o companheiro humilde que lhe prestava concurso - aquele é Roboão, o miserável que espancou a própria mãe, numa noite de embriaguez... Não é justo sofra, agora, as consequências? E pedia para que o enfermo não lhe ocupasse a atenção.
Logo após, indicando feridenta mulher que se arrasava, buscando-o, exclamou, encolerizado:
- Que procuras, infeliz? Gozaste no orgulho e na crueldade, durante longos anos... Muitas vezes, ouvi-te o riso imundo à frente dos escravos agonizantes que espancavas até à morte... Fora daqui! Fora daqui!...
E a desmandar-se nas indisposições de que se via tocado, em seguida bradou para um velho paralítico que lhe implorava socorro:
- Como não te envergonhas de comparecer no pouso do Senhor, quando sempre devoraste o ceitil das viúvas e dos órfãos? Tuas arcas transbordam de maldições e de lágrimas. . . O pranto das vítimas é grilhão nos teus pés. . .
E, por muitas horas, fustigou as desventuras alheias, colocando à mostra, com palavras candentes e incisivas, as deficiências e os erros de quantos lhe vinham suplicar reconforto.
Todavia, quando o Sol desaparecera distante e a névoa crepuscular invadira o suave refúgio, modesto viajante penetrou o estreito cenáculo, exibindo nas mãos largas nódoas sanguinolentas.
No compartimento, agora vazio, apenas o velho pescador se dispunha à retirada, suarento é abatido.
O recém-vindo, silencioso, aproximou-se, sutil, e tocou-o docemente.
O conturbado discípulo do Evangelho só assim lhe deu atenção, clamando, porém, impulsivo:
- Quem és tu, que chegas a estas horas, quando o dia de trabalho já terminou?
E porque o desconhecido não respondesse, insistiu com inflexão de censura:
- Avia-te sem demora! Dize depressa a que vens...
Nesse instante, porém, deteve-se a contemplar as rosas de sangue que desabotoavam naquelas mãos belas e finas. Fitou os pés descalços, dos quais transpareciam, ainda vivos, os rubros sinais dos cravos da cruz e, ansioso, encontrou no estranho peregrino o olhar que refletia o fulgor das estrelas...
Perplexo e desfalecente, compreendeu que se achava diante do Mestre, e, ajoelhando-se, em lágrimas, gemeu, aflito:
- Senhor! Senhor! Que pretendes de teu servo? Foi então que Jesus redivivo afagou-lhe a atormentada cabeça e falou em voz triste:
- Pedro, lembra-te de que não fomos chamados para socorrer as almas puras... Venho rogar-te a caridade do silêncio quando não possas auxiliar! Suplico-te para os filhos de minha esperança a esmola da compaixão...
O rude, mas amoroso pescador de Cafarnaum, mergulhou a face nas mãos calosas para enxugar o pranto copioso e sincero, e quando ergueu, de novo, os olhos para abraçar o visitante querido, no aposento isolado somente havia a sombra da noite que avançava de leve.

Livro: Contos E Apólogos  – Humberto De Campos – Irmão X 



A FESTA
Era homem de meia-idade.
Chamava-se Frederico Manuel de Ávila.
Comerciante progressista. Espírita há dois lustros, buscava pautar a existência pelo Evangelho Renovador.
Contudo, era sempre afobado.
Raro se detinha para examinar um problema maior.
Impaciente. Precipitado. Febricitante.
Várias vezes fora admoestado para reduzir a marcha da própria vida.
Amigos aconselharam. Espíritos advertiram.
Tudo inútil.
Certo dia, demorando-se mais no escritório, voltou ao lar, quase noitinha, acelerado como de hábito.
De posse da chave, abriu a porta e entrou.
Percorria o corredor para chegar a uma das salas, quando nota um vulto caminhando para ele, a toda pressa, na penumbra...
Surpreendido e amedrontado, ante a figura estranha, julgou-se à frente de algum amigo do alheio e volveu sobre os próprios passos, em corrida aberta.
Na fuga, porém, tropeça num canteiro do jardim e cai, gritando, estentórico.
Os gritos atraem vizinhos, pressurosos, que o encontram desmaiado.
É conduzido ao hospital próximo.
Frederico fraturara uma perna...
Mais tarde, volta a casa com a perna engessada.
Na intimidade da família, foi compelido a lembrar-se de que aniversariava naquele dia...
E tudo ficou esclarecido.
Como se demorasse em serviço, os parentes quiseram surpreendê-lo no trabalho, verificando-se o desencontro.
A esposa e os filhos, para recepcioná-lo alegremente, em festa íntima, alteraram as disposições dos móveis do interior da casa.
E só então pôde compreender que o vulto, que o assustara, ela ele mesmo refletido no grande espelho da parede da sala de jantar que fora mudado de posição...
Hilário Silva - Do livro O Espírito da Verdade. Francisco Candido Xavier e Waldo Vieira.



APREENSÕES E CONFLITOS
Francisco Cândido Xavier
       
Em nossas tarefas da noite reuniu-se, como que de propósito, grande número de irmãos inconformados. Muitos vinham de longe, de cidades tão distantes umas das outras, mas com o mesmo problema: apreensões e conflitos.
Conversamos todos, em diálogo fraterno, sobre várias soluções que a vida nos oferece. Quando começou a reunião, propriamente dita, O Evangelho Segundo o Espiritismo nos ofereceu, para estudos e reflexões, a página confortadora de item 7 do seu capítulo IX, sobre a paciência.
Lembrança de Companheiro foi a mensagem que recebemos no final de nossas atividades.


Do livro Astronautas do Além de Francisco Cândido Xavier e J.Herculano Pires 


LEMBRANÇA DE COMPANHEIRO
Emmanuel  

Quantas vezes rogais orientação nas experiências da vida!
Frequentemente bateis à porta da Espiritualidade carreando aflições e desgostos, qual se estivésseis esmagados por pedras de desespero. Entretanto, na maioria das ocasiões, o remédio providencial para a supressão disso, já vos enriquece o conhecimento.
Quem de nós desconhecerá o impositivo da paciência, diante dos processos de inquietação que nos assaltam as sendas evolutivas?
Tão simples a indicação – objetar-se-á – que a lembrança nada mais expressa que o óbvio, tão fatal no caminho de todos quanto o ramerrão do cotidiano.
Aquilo, porém, que está claro, nem sempre é o mais fácil de se fazer.
A prática do bem é luz indispensável à conquista da felicidade. Todos sabemos disso. Todavia, quem de nós já consegue acendê-la sem sacrifício?
O auxílio espontâneo ao próximo é base de segurança. Isso é irrecusável. No entanto, quanto tempo despenderemos ainda no aprendizado integral de semelhante lição?
Em todos os obstáculos por vencer e em todas as sombras por extinguir – engajemos a, paciência a serviço do coração. Paciência em tolerância e entendimento, perante todas as provas e lutas que o mundo nos ofereça.
Na Terra, o progresso, na ordem material de vossas realizações, pode seguir vertiginosamente pelas avenidas da inteligência. Entretanto, sem o lubrificante da paciência, na máquina de nosso relacionamento uns com os outros, a velocidade no plano físico, muito comumente, nada mais fará, que ressecar as engrenagens da vida, precipitando-vos, muitas vezes, em desequilíbrio ou desastre, estafa ou perturbação.
Se aspirais a encontrar diretrizes seguras que vos garantam a estabilidade do lar ou do grupo social a que pertenceis, se almejais obter o máximo rendimento do trabalho em vossas mãos, se quiserdes realmente apoiar os entes queridos e se efetivamente desejais viver com tranqüilidade e produzir abundantemente, cultivai a paciência à frente de tripulações e problemas que se vos repontem da estrada, sejam quais forem, de vez que unicamente no exercício incessante da paciência é que descobriremos dentro de nós o território da paz, no qual edificaremos, por fim, o reino imperecível do amor.
Do livro Astronautas do Além de Francisco Cândido Xavier e J.Herculano Pires 


NO TRÂNSITO DA VIDA
Irmão Saulo

Emmanuel nos lembra que o trânsito da vida exige cuidado e atenção. Os sinais desse trânsito assemelham-se aos do trânsito de veículos. Quando temos pela frente o sinal verde podemos avançar tranqüilos, mas nem por isso menos vigilantes. Quando surge o sinal amarelo da inquietação devemos esperar. Mas quando o sinal vermelho da impaciência nos barra violentamente o caminho só nos resta parar, olhar com atenção para os lados, examinar à frente e à retaguarda, medir nossa posição e não nos precipitarmos em protestos e reclamações. Porque o trânsito, afinal, deve ter as suas regras para que todos possam transitar em segurança. A confusão do trânsito só pode prejudicar a nós mesmos e aos outros.
Estamos no século da velocidade e não gostamos de perder tempo. Emmanuel nos adverte, porém, que a velocidade resseca as engrenagens do veiculo. O guincho rascante das ferragens traduz-se em angústia e aflição quando se trata do veículo do corpo em seus atritos com os anseios da alma. Podemos cair em desequilíbrio, provocar um desastre, entregar-nos à estafa ou à perturbação. Tudo isso por falta do lubrificante da paciência que podemos obter ao bom preço de um pouco de tolerância e compreensão.
Agitamo-nos porque as horas passam depressa e a vida é curta. Mas quanto mais nos agitamos mais aceleramos as horas e encurtamos a vida. A palavra paciência tem origem na expressão latina patientia que deriva de pati, sofrer, suportar o sofrimento. Isso talvez nos ajude a compreender o seu sentido. Se não suportamos com calma o que nos faz sofrer (ou os que nos fazem sofrer) faltamos com o bom senso e com a caridade. Os que nos fazem sofrer estão sofrendo, seja por ignorância ou por maldade, e num caso como no outro temos para com eles o dever moral da fraternidade.
Não vivemos isolados, mas em sociedade, a se queremos a paz e a felicidade temos de ajudar os outros a encontrá-las. Isso não é fácil, bem o sabemos. O próprio Job, símbolo da paciência, amaldiçoou e blasfemou nas suas provas. Mas a paciência é uma conquista que temos de realizar por meio da compreensão e do amor. Quem não ama, não espera e nada suporta.
Do livro Astronautas do Além de Francisco Cândido Xavier e J.Herculano Pires 




DOAÇÕES ESPIRITUAIS
Feliz daquele que destaca uma parcela do que possui, a benefício dos semelhantes!
Bem-aventurado aquele que dá de si próprio!
Através de todos os filtros do bem, o amor é sempre o mesmo, mas, enquanto as dádivas materiais, invariavelmente benditas, suprimem as exigências exteriores, as doações de espírito interferem no íntimo, dissipando as trevas que se acumulam no reino da alma.
Dolorosa a tortura da fome, terrível a calamidade moral.
Divide o teu pão com as vítimas da penúria, mas estende fraternas mãos aos que vagueiam mendigando o esclarecimento e o consolo que desconhecem. Não precisas procurá-los, de vez que te cercam em todos os ângulos do caminho .... São amigos e por vezes te ferem com supostas atitudes de crueldade, quando apenas te esmolam conforto, comunicando-te, em forma de intemperança mental, as chamas de sofrimento que lhes calcinam os corações; categorizam-se por adversários e criam-te problemas, não por serem perversos, mas porque lhes faltam ainda as luzes do entendimento; aparecem por pessoas entediadas, que dispõem de todas as vantagens humanas para serem felizes, mas a quem falta uma voz verdadeiramente amiga, capaz de induzi-las a descobrir a tranqüilidade e a alegria, através da sementeira das boas obras; surgem na figura de criaturas consideradas indesejáveis e viciosas, cujo desequilíbrio nada mais é que a expectativa frustrada do amparo afetivo que suplicaram em vão!...
Para atender aos que carecem de apoio físico, é preciso bondade; no entanto, para arrimar os que sofrem necessidades da alma, é preciso bondade com madureza.
Se já percebes que nem todos estamos no mesmo degrau evolutivo, auxilia com a tua palavra ou com o teu silêncio, ou com o teu gesto ou com a tua decisão no plantio da união e da concórdia, da esperança e do otimismo, no terreno em que vives!...
Compreender e compreender para a sustentação da lavoura do bem que se cobrirá de frutos para a felicidade geral.
Não te digas em solidão para fazer tanto... Refletindo em nossos deveres, antes as doações espirituais, lembremo-nos de Jesus. Nos dias de fome da turba inquieta, reunia-se o Divino mestre com os amigos para beneficiar a milhares; entretanto, na hora do extremo sacrifício, quando lhe cabia socorrer as vítimas da ignorância e do ódio, da violência e do fanatismo, ele sozinho fez o donativo de si mesmo, em favor de milhões.


DESPORTOS
Se há esportes que auxiliam o corpo, há esportes que ajudam a alma...
A marcha do dever retamente cumprido.
A regata do suor no trabalho.
O exercício do devotamento ao estudo.
O salto do esforço, acima dos obstáculos.
A maratona das boas obras.
O torneio da gentileza.
O mergulho no silêncio, diante da injúria.
O nado da paciência nas horas difíceis.
A ginástica da tolerância perante as ofensas.
O Vôo do pensamento às esferas superiores.
A demonstração de resistência moral nas provas de cada dia.
Todos esses desportos do espírito podem ser praticados em todas as idades e condições.
E creia que qualquer campeonato num deles será prêmio de luz em seu coração, a brilhar para sempre.



SEGURANÇA E PAZ
 Francisco C.Xavier
A necessidade de paz e segurança em nossas atividades doutrinárias constituiu assunto dominante em nossa reunião mediúnica. O Evangelho Segundo o Espiritismo nos dera o tema em itens do seu capítulo IX: e o interesse pelo seu esclarecimento em nossa compreensão impôs-se a todos nós. No final dos trabalhos, Emmanuel nos deu a mensagem orientadora Paciência e Caminho.


PACIÊNCIA E CAMINHO
Emmanuel
Paciência é passaporte para todos aqueles que aspiram a avançar nas vias do progresso.
Quando num carro em movimento, sabes, com clareza, que, em muitas ocasiões, é necessário venhas a pensar por ti e pelos outros.
Nessas circunstâncias em que o perigo se mostra à vista, tomas conselho à prudência que te sugere abertura de espaço aos que se entregam à disparada ou te lembra cuidado para que não te disponhas a podar sem consideração a frente dos companheiros.
De outras vezes, consagras-te ao exame prévio da máquina, antes de qualquer movimentação, a fim de melhorares as condições dessa ou daquela peça doente, tanto quanto te dedicas a observar mais atentamente os sinais do caminho para que não te faças indução a desastre.
O trânsito é uma escola em que sobram aulas de vigilância e compreensão, justiça e disciplina.
Anotemos as lições da estrada e procuremos transferi-las ao trânsito da vida em que todos somos chamados, nas trilhas do tempo, ao relacionamento comum.
Se esse ou aquele companheiro demonstra exagerada tensão nas atividades que lhe dizem respeito, não lhe congeles o ânimo, desfechando-lhe observações deprimentes, mas socorre-o com recursos de paz; de igual modo, não ultrapasses, sem necessidade, as posições dos irmãos em serviço, porquanto, quase sempre, com isso, nada se recolhe além de dificuldade e desilusão.
Na tarefa a que te empenhas, verifica quanto de amor e de apreço já dispensaste ao cooperador do veículo de tuas realizações para que não te falte segurança e atende à execução dos princípios que abraças, considerando o bem de todos, para que desajustes não te ameacem a obra.
Quanto mais agitação, no plano externo, mais imperiosa se faz a necessidade de calma no campo íntimo, se nos propomos superar perturbações, e obstáculos.
Evitemos choques destrutivos e doemos o melhor de nós aos programas de ação que nos propomos a realizar, exercitando entendimento e tolerância, conscientes de que para coibir quaisquer calamidades, no terreno do espírito, a paciência é o preservativo ideal.
Não te detenhas, a lamentar problemas e crises.
Se te engajaste na causa do bem, guarda-te em serviço constante e, usando paciência e amor, certamente vencerás.
Livro: Amanhece Francisco Candido Xavier



RESPOSTA DE CORNÉLIO
Francisco Cândido Xavier

Antes do início de nossos trabalhos conversávamos sobre os obstáculos de que nos vemos constantemente rodeados na Terra, para solucionar os problemas que dizem respeito aos nossos deveres corretamente cumpridos. Sempre a luta em nós e fora de nós para descobrir o rumo exato, sempre algo a se mostrar por entrave ao melhor que nos cabe fazer.
Ao lado de nossas preocupações, uma carta de amigo rogando algumas palavras do nosso caro Cornélio Pires, sobre a maneira mais justa de acertar com o caminho do bem e da paz. Essa missiva motivara a nossa permuta de idéias sobre o assunto.
Iniciada a reunião, O Evangelho Segundo o Espiritismo nos ofereceu o item 7 do capítulo IX para estudo. Depois dos comentários gerais, o nosso Cornélio realmente compareceu com a resposta ao amigo que lhe solicitara o pronunciamento.
Interessando-nos a todos a missiva-poema do nosso Cornélio, resolvemos enviá-la, na idéia de que possa ser aproveitada em nossos lançamentos.
NOTA -O item citado do livro doutrinário, trata precisamente dos problemas em causa. Os espíritos aconselham paciência e resignação na luta contra as adversidades. Um espírito escreveu: “A vida é difícil, bem o sei. Constitui-se de mil pequenas alfinetadas que acabam por nos ferir”.

RECEITA DE ACERTAR
Cornélio Pires

Recebi o seu bilhete,
Meu prezado Felisberto.
Você nos pede um roteiro,
A maneira de andar certo.

Difícil a indicação
De como pensar e agir.
Sabe você: cada um
Tem uma estrada a seguir.

Toda pessoa na vida
Caminha tal qual se vê;
Aquilo que me auxilia
Talvez não sirva a você.

Posso afirmar-lhe no entanto,
Pelo "sim" ou pelo "não":
Tranquilidade por dentro
Decorre de aceitação.

Não a inércia que enregela
O que encontra em derredor,
Mas sempre a conformação
De quem procura o melhor.

Em corpo São ou doente,
Não adote fantasia;
Trabalhe quanto puder,
Não faça hora vazia.

Se você tolera provas
Nas lutas de parentela,
Em qualquer dificuldade,
Mais vale aguentar com ela

Pais e mães, esposo e esposa,
Afeições, almas queridas,
São provas renovadoras
Que trazemos de outras vidas.

Encargo suposto humilde ?
Não se importe, nem de leve...
Seu esforço é nobre e grande
Se você faz o que deve.

Varando os mares da vida,
Amigos São nossos remos;
Se São bons ou se São falhos,
São sempre os que merecemos.

Esqueça qualquer ofensa,
Não guarde mágoa ou pesar;
Trabalhe, sirva e prossiga,
Deixe o barco navegar...

Eis a receita correta
De acertar, seja onde for:
Mais amor e paciência,
Paciência e mais amor.


PROBLEMAS DE PARENTELA
Irmão Saulo

Bem ao gosto do poeta de “Musa Caipira”, essas quadras de sete sílabas, em tom ao mesmo tempo de conversa jocosa e conselheiral. E quem o diz é um primo e amigo do poeta, que conviveu com ele e esteve ao seu lado pouco antes da sua passagem. Conheci de perto o poeta caipira, com seu jeito bonachão de conversar e escrever que toda a sua obra atesta. E não tenho a menor dúvida em identificá-lo, nesses versos de quase conversa.
Os problemas de parentela são sempre os mais difíceis da vida cotidiana, para quem tem o senso do dever e das obrigações em família. O egoísta se desfaz deles com facilidade, mas com isso apenas adia obrigações desta existência para outras, naturalmente agravadas com os juros da indiferença comodista que representa uma infração à lei de amor ao próximo. Aguentar parentes-problemas não é mais do que reparar os danos que lhes causamos no passado. Daí a afirmação do poeta, no tocante à parentela: “Mais vale aguentar com ela”.
Trata-se de um princípio doutrinário que nem todos aceitam. Os que não conhecem a lei da reencarnação, tão clara em várias passagens evangélicas, rejeitam esse princípio por ignorância. Mas há os que a conhecem e nem por isso aceitam o princípio. É fácil alegar que parentes, amigos e conhecidos que nos oneram nesta vida, com suas dificuldades, são criaturas irresponsáveis. Mas convém lembrar que nada acontece por acaso. Se essas criaturas estão hoje ligadas a nós, existe para isso algum motivo sério. O Espiritismo nos mostra que esse motivo provém de existências anteriores. Os que hoje pesam sobre nós, estão simplesmente cobrando afeição e atenção que lhes negamos ontem.
O remédio eficiente é o que Cornélio receita, na última quadra: mais amor e paciência / paciência e mais amor. Por outro lado, convém lembrar que a lei evangélica de amor ao próximo supre, de maneira perfeita, a falta de conhecimento da lei de reencarnação. Embora não aceitando a reencarnação, toda pessoa de formação evangélica deve saber que o seu dever para com as dificuldades e deficiências do próximo é mandamento divino e, ao mesmo tempo, norma de conduta humana. Espiritualistas e materialistas enfrentam nesse campo obrigações inalienáveis, embora em posições diferentes.
Do livro Diálogo dos Vivos. Psicografia de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires.




PACIÊNCIA E SEGURANÇA
Efetivamente, não te será possível deter as vítimas da precipitação.
Aqui, é alguém que clama intempestivamente por melhores dias, sem despender o mínimo esforço para alicerçá-los.
Ali, é o amigo que desiste da tolerância e se desequilibra no espinheiral da irritação.
Além, é o pai que exige a regeneração imediata de um filho que ele próprio entregou à dissipação e à leviandade por muito tempo.
Mais adiante, é o doente que reclama a própria cura, em  poucos dias, acerca de moléstia determinada que o aflige, para a qual ele próprio organizou campo adequado, em vários anos de menosprezo a si mesmo.
Com todos esses casos rentearás, incluindo talvez familiares queridos que se mostrem incursos nesses quadros da pressa, a traduzir-se em perturbação.
Lembrar-te-ás, porém, de que a ansiedade, só por si, não serve a ninguém.
A aflição inútil quase sempre apenas consegue mentalizar alucinações, suscetíveis de piorar quaisquer problemas, já de si mesmos graves e complicados.
Em qualquer percalço dessa ordem, observa os padrões da natureza.
A árvore não dá frutos sem habilitar-se no tempo para isso. Por mais que um homem vocifere, reclamando a luz do sol num hemisfério, onde o relógio aponte a meia-noite, reconhecer-se-á obrigado a esperar pelo amanhecer. A lâmpada, para inflamar-se, deve ajustar-se à voltagem. E uma criança, por mais prodígios de inteligência dos quais forneça testemunho, só atuará com responsabilidade, quando o tempo lhe acrescente a madureza.
Em quaisquer circunstâncias, conserva a serenidade da paciência para que te sobreponhas às dificuldades e impactos inevitáveis do sofrimento que comparece no caminho de todos.
Age e constrói sempre, mas não te esqueças de que se não consegues estabelecer a harmonia e a segurança, no íntimo dos outros, podes claramente guardar a calma e a compreensão por dentro de ti.
Emmanuel - Francisco Cândido Xavier - Livro: Algo Mais




OS INSTRUMENTOS DA PERFEIÇÃO
Naquela noite, Simão Pedro trazia à conversação o espírito ralado por extremo desgosto.
Agastara-se com parentes descriteriosos e rudes.
Velho tio acusara-o de dilapidador dos bens da família e um primo ameaçara esbofeteá-lo na via pública.
Guardava, por isso, o semblante carregado e austero.
Quando o Mestre leu algumas frases dos Sagrados Escritos, o pescador desabafou.
Descreveu o conflito com a parentela e Jesus o ouviu em silêncio.
Ao término do longo relatório afetivo, indagou o Senhor: — E que fizeste, Simão, ante as arremetidas dos familiares incompreensivos?
— Sem dúvida, reagi como devia! — respondeu o apóstolo, veemente.
— Coloquei cada um no lugar próprio.
Anunciei, sem rebuços, as más qualidades de que são portadores.
Meu tio é raro exemplar de sovinice e meu primo é mentiroso contumaz.
Provei, perante numerosa assistência, que ambos são hipócritas, e não me arrependi do que fiz.
O Mestre refletiu por minutos longos e falou, compassivo: — Pedro, que faz um carpinteiro na construção de uma casa? — Naturalmente, trabalha — redargüiu o interpelado, irritadiço.
— Com quê? — tornou o Amigo Celeste, bem-humorado.
— Usando ferramentas.
Após a resposta breve de Simão, o Cristo continuou: — As pessoas com as quais nascemos e vivemos na Terra são os primeiros e mais importantes instrumentos que recebemos do Pai, para a edificação do Reino do Céu em nós mesmos.
Quando falhamos no aproveitamento deles, que constituem elementos de nossa melhoria, é quase impossível triunfar com recursos alheios, porque o Pai nos concede os problemas da vida, de acordo com a nossa capacidade de lhes dar solução.
A ave é obrigada a fazer o ninho, mas não se lhe reclama outro serviço.
A ovelha dará lã ao pastor; no entanto, ninguém lhe exige o agasalho pronto.
Ao homem foram concedidas outras tarefas, quais sejam as do amor e da humildade, na ação inteligente e constante para o bem comum, a fim de que a paz e a felicidade não sejam mitos na Terra.
Os parentes próximos, na maioria das vezes, são o martelo ou o serrote que podemos utilizar a benefício da construção do templo vivo e sublime, por intermédio do qual o Céu se manifestará em nossa alma.
Enquanto o marceneiro usa as suas ferramentas, por fora, cabe-nos aproveitar as nossas, por dentro.
Em todas as ocasiões, o ignorante representa para nós um campo de benemerência espiritual; o mau é desafio que nos põe a bondade à prova; o ingrato é um meio de exercitarmos o perdão; o doente é uma lição à nossa capacidade de socorrer.
Aquele que bem se conduz, em nome do Pai, junto de familiares endurecidos ou indiferentes, prepara-se com rapidez para a glória do serviço à Humanidade, porque, se a paciência aprimora a vida, o tempo tudo transforma.
Calou-se Jesus e, talvez porque Pedro tivesse ainda os olhos indagadores, acrescentou serenamente: — Se não ajudamos ao necessitado de perto, como auxiliaremos os aflitos, de longe? Se não amamos o irmão que respira conosco os mesmos ares, como nos consagraremos ao Pai que se encontra no Céu? Depois destas perguntas, pairou na modesta sala de Cafarnaum expressivo silêncio que ninguém ousou interromper.
Neio Lúcio - Do Livro Jesus no Lar  - Francisco C. Xavier



TRAÇOS DA PACIÊNCIA
Emmanuel

No campo da alma, a paciência é um dispositivo de ação capaz de auxiliar-nos na realização de preciosas tarefas, tais quais sejam:
Suportar dificuldades, sem desistir do serviço a fazer;
promover, sem alarde, o socorro preciso aos companheiros necessitados;
tolerar os cooperadores de temperamento difícil, sem recorrer a advertências inoportunas;
aguentar injúrias, sem transmiti-las à sensibilidade dos outros;
fazer o bem, abstendo-nos de provocar elogios e recompensas;
substituir qualquer irmão impedido de exercer as funções que lhe são próprias, na equipe de trabalho em que se integre, sem cobrar-lhe qualquer tributo de reconhecimento;
liquidar os problemas da experiência comum, à custa do esforço próprio, evitando incomodar a quem quer que seja.
Em suma, quando se fala de paciência, invoca-se a presença de alguém que se dispõe a trabalhar e a servir, sem a mínima ideia de que a paciência possa ser uma cadeira de balanço para refúgio da inércia.


EMMANUEL: Francisco Cândido Xavier Livro: Convivência





CULTIVANDO A PACIÊNCIA
 Se você foi vítima de preterição em serviço, reconhecerá que isso aconteceu, em favor da sua elevação de nível;
Se perdeu o emprego, ante a perseguição de alguém que lhe cobiçou o lugar, creia que alcançará outro muito melhor;
Se um companheiro lhe atravessou o caminho, atrapalhando-lhe um negócio, transações mais lucrativas aparecerão, amanhã, em seu benefício;
Se determinada criatura lhe tomou a residência, manejando processos inconfessáveis, em futuro próximo, terá você moradia muito mais confortável;
Se um amigo lhe prejudica os interesses, subtraindo-lhe oportunidades de progresso e ajustamento econômico, guarde a certeza de que outras portas se lhe descerrarão mais amplas aos anseios de paz e prosperidade;
Se pessoas queridas lhe menosprezam a confiança, outras afeições muito mais sólidas e mais estimáveis surgirão a caminho, garantindo-lhe a segurança e a felicidade.
Mas nunca pretiras, não persigas, não atrapalhes, não desconsideres, não menosprezes e nem prejudiques a ninguém, porque sofrer é muito diferente de fazer sofrer e a dívida é sempre uma carga dolorosa para quem a contrai.
Albino Teixeira - Do Livro Coragem - Francisco C. Xavier





NA HORA DA PACIÊNCIA
"Quando os acontecimentos surjam convulsionados compelindo-te a seguir para a frente, como se estivesses sob tormenta de fogo...
Quando a manifestação da crueldade te faça estremecer de sofrimento...
Quando o assalto das trevas te deixe as forças transidas de aflição...
Quando o golpe em teu prejuízo haja partido das criaturas a que mais te afeiçoas...
Quando a provação apareça, a fim de demorar-se longo tempo contigo, em função de doloroso burilamento...
Quando a ignorância te desafie, ameaçando-te o trabalho...
Quando o afastamento de amigos queridos te imponha solidão e desencanto...
Quanto contratempos e desarmonia no lar te forcem a complicadas travessias de angústia...
Quando a tentação te induza à revolta e revide, na hora em que a injúria te cruze os passos...
Quando, enfim, todas as tuas ideias e aspirações alusivas ao bem se mostrem supostamente asfixiadas pela influência transitória do mal... Então haverás chegado ao teste mais importante do cotidiano, a configurar-te no testemunho da paciência.
Saberás desculpar e abençoar, agir e construir em paz nessa preciosa quão difícil oportunidade de elevação, que a experiência te aponta à frente.
E não digas que a serenidade expresse fraqueza, ante os cultores da violência, qual se não tivesses brio para a reação necessária, porque é preciso muito mais combatividade interior para dominar-se alguém ao colher ofensas e esquecê-las do que para assacá-las ou devolvê-las, a detrimento do próximo.
Capacitemo-nos de que entre agredir e suportar, o equilíbrio e a força de espírito residem com a paciência sempre capaz de aguentar e compreender, servir e recomeçar, incessantemente, o trabalho do bem nas bases do amor para que a vida permaneça, sem qualquer solução de continuidade, em luminosa e constante ascensão."


 Francisco Cândido Xavier por Emmanuel. Livro: Coragem




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O EVANGELHO TRAZ PAZ AO CORAÇÃO E ALIMENTO PARA A ALMA.

ENTENDER O EVANGELHO É SITUA-LO EM NOSSA VIDA ÍNTIMA!

AOS ORADORES DO EVANGELHO, PARA QUE NOSSA TAREFA SEJA DE ACORDO COM O ESPERADO POR JESUS!

“APASCENTA AS MINHAS OVELHAS” – JESUS. (JOÃO, 21:17)

Significativo é o apelo do Divino Pastor ao coração amoroso de Simão Pedro para que lhe continuasse o apostolado.

Observando na Humanidade o seu imenso rebanho, Jesus não recomenda medidas drásticas em favor da disciplina compulsória.

Nem gritos, nem xingamentos.

Nem cadeia, nem forca.

Nem chicote, nem vara.

Nem castigo, nem imposição.

Nem abandono aos infelizes, nem flagelação aos transviados.

Nem lamentação, nem desespero.

“Pedro, apascenta as minhas ovelhas! “

Isso equivale a dizer: - Irmão, sustenta os companheiros mais necessitados que tu mesmo.

Não te desanimes perante a rebeldia, nem condenes o erro, do qual a lição benéfica surgirá depois.

Ajuda ao próximo, ao invés de vergastá-lo.

Educa sempre.

Revela-te por trabalhador fiel.

Sê exigente para contigo mesmo e ampara os corações enfermiços e frágeis que te acompanham os passos.

Se plantares o bem, o tempo se incumbirá da germinação, do desenvolvimento, da florescência e da frutificação, no instante oportuno.

Não analises, destruindo.

O inexperiente de hoje pode ser o mentor de amanhã.

Alimenta a “boa parte” do teu irmão e segue para adiante.

A vida converterá o mal em detritos e o Senhor fará o resto.

(Texto número 19, extraído do livro Fonte Viva, de Emmanuel, psicografado por Chico Xavier)


IRMÃOS, RESPONSÁVEIS PELA ORATÓRIA DO EVANGELHO E DA APROXIMAÇÃO DOS OUVINTES ÀS MENSAGENS DE JESUS,

NÃO NOS ESQUEÇAMOS DO PEDIDO DO MESTRE,

APASCENTEMOS AS OVELHAS COM A DOÇURA POSSÍVEL,

COM A CONFIANÇA NECESSÁRIA,

E PRINCIPALMENTE COM O AMOR QUE DEVEMOS À QUEM ESPERA DE NÓS,

APENAS, QUE FAÇAMOS A NOSSA PARTE.

VIBRAÇÕES

VIBRAÇÕES: COMO FUNCIONAM AS VIBRAÇÕES E AS PRECES FEITAS PARA OS NECESSITADOS?

A CURA ATRAVÉS DAS VIBRAÇÕES

Certa moça, contrariada em suas inclinações, havia-se casado com um homem a quem não amava.

A mágoa que sofreu levou-a a um distúrbio mental.

Sob o domínio de uma ideia fixa, perdeu a razão e teve de ser internada.

Ela jamais ouvira falar de Espiritismo.

Se dele se tivesse ocupado teriam dito que os Espíritos lhe haviam transtornado a cabeça.

O mal provinha, assim, de uma causa moral acidental e exclusivamente pessoal.

Compreende-se que em tais casos os remédios normais nenhum efeito produzem, e como não havia obsessão, podia-se, também, duvidar do efeito da prece.

Um amigo da família e membro da Sociedade Espírita de Paris, julgou dever interrogar um Espírito superior, que respondeu:

- A ideia fixa dessa senhora, por sua mesma causa, atrai em sua volta uma porção de Espíritos maus, que a envolvem com seus fluidos e alimentam as suas idéias, impedindo que lhe cheguem as boas influências.

Os Espíritos dessa natureza abundam sempre em semelhantes meios e constituem, sempre, obstáculo à cura dos doentes.

Contudo podereis curá-la, mas para tanto é necessário uma força moral capaz de vencer a resistência.

E tal força não é dada a um só.

Cinco ou seis espíritas sinceros se reúnam todos os dias, durante alguns instantes e peçam com fervor a Deus e aos bons Espíritos que a assistam; que a vossa prece seja, ao mesmo tempo, uma magnetização mental.

Para tanto não necessitais estar junto a ela, ao contrário.

Pelo pensamento podeis levar-lhe uma salutar corrente fluídica, cuja força estará na razão de vossa intenção, aumentada pelo número.

Por tal meio podereis neutralizar o mau fluido que a envolve.

Fazei isto: tende fé em Deus e esperai."

Seis pessoas se dedicaram a esta obra de caridade e, durante um mês não faltaram à missão aceita.

Depois de alguns dias a doente estava sensivelmente mais calma; quinze dias mais tarde a melhora era manifesta e agora voltou para sua casa em estado perfeitamente normal, ignorando ainda, como o seu marido, de onde lhe veio a cura.

A maneira de agir é aqui indicada claramente e nada teríamos a acrescentar de mais preciso à explicação dada pelo Espírito.

A prece não tem apenas o efeito de levar ao doente um socorro estranho, mas o de exercer uma ação magnética.

Que não poderia o magnetismo ajudado pela prece!

Infelizmente certos magnetizadores, a exemplo de muitos médicos, fazem abstração do elemento espiritual; vêem apenas a ação mecânica, assim se privando de poderoso auxiliar.

Esperamos que os verdadeiros espíritas vejam no fato mais uma prova do bem que podem fazer em circunstâncias semelhantes.

Allan Kardec

CAUSAS DA OBSESSÃO E MEIOS DE COMBATE-LA - REVISTA ESPÍRITA, JANEIRO DE 1863 - ALLAN KARDEC


PRECE POR ENTENDIMENTO

Senhor Jesus!

Auxilia-nos a compreender mais, a fim de que possamos servir melhor, já que somente assim as bênçãos que nos concedes podem fluir, através de nós, em nosso apoio e em favor de todos aqueles que nos compartilham a existência.

Induze-nos à prática do entendimento que nos fará observar os valores que, porventura, conquistemos, não na condição de propriedade nossa e sim por manancial de recursos que nos compete mobilizar no amparo de quantos ainda não obtiveram as vantagens que nos felicitam a vida.

E ajuda-nos, oh! Divino Mestre, a converter as oportunidades de tempo e trabalho com que nos honraste em serviço aos semelhantes, especialmente na doação de nós mesmos, naquilo que sejamos ou naquilo que possamos dispor, de maneira a sermos hoje melhores do que ontem, permanecendo em Ti, tanto quanto permaneces em nós, agora e sempre.

Assim seja.

Emmanuel : Francisco Cândido Xavier - Livro: Paciência

DEZ MANEIRAS DE AJUDAR COM SEGURANÇA

NÃO DISCUTA

Se você é aprendiz do Evangelho, não ignora que o Divino Mestre permanece atento, na redenção do mundo, e que devemos estar vigilantes na execução do serviço que nos compete.

NÃO CRITIQUE

Observemos o setor de nossas obrigações e realizemos o melhor na obra geral, usando as possibilidades ao nosso alcance.

NÃO RECLAME

Contentarmo-nos com o ato de servir é simples dever e quem centraliza a mente na tarefa que lhe é própria não dispõe de tempo para formular queixas inoportunas.

NÃO CONDENE

Reparemos a parte aproveitável nas situações difíceis e esqueçamos todo mal.

NÃO EXIJA

Coopere sem rogar a colaboração alheia, de vez que a responsabilidade pertence a todos e cada um de nós será examinado de acordo com as próprias obras.

NÃO FUJA

Jamais olvide que o problema é a lição da vida. O aluno que teme o ensinamento, descerá naturalmente à retaguarda.

NÃO SE PRECIPITE

Usemos a serenidade. O trabalhador que sabe aproveitar os minutos e respeitá-los, nunca sofre os castigos do tempo.

NÃO TEMA

Quando fixamos o cérebro e o coração em Cristo somos simples agentes d’Ele e quem cumpre a Vontade do Mestre, não deve nem pode recear coisa alguma.

NÃO SE ENGANE

Ninguém precisa aplicar os raios candentes na verdade, a propósito dos mínimos acontecimentos da vida, desfigurando a alegria que deve imperar nos domínios da sementeira e da esperança, mas não perca de vista o que é essencial ao seu progresso, à sua felicidade e à sua redenção para o grande caminho.

NÃO SE ENTRISTEÇA

Lembre-se de que o Nosso Mestre é o Salvador pela Ressurreição. Sofrimento, amargura e morte são sombras. A cruz do Amigo Divino era degrau para a Glória Celeste. Seja esse pensamento uma luz permanente em nossa alma que jamais deve abrir-se ao desânimo. A certeza de que somos os seguidores felizes do Cristo Imortal é para nós motivo de soberana resistência e de eterno júbilo.

André Luiz - Do livro Cartas do coração. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.


AS VIBRAÇÕES SEGUNDO DR BEZERRA DE MENEZES

AS VIBRAÇÕES SEGUNDO DR BEZERRA DE MENEZES
LIVRO:INICIAÇÃO ESPÍRITA - EDGARD ARMOND

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