APASCENTA AS MINHAS OVELHAS. Jesus (João 21:17)

APASCENTA AS MINHAS OVELHAS.  Jesus (João 21:17)
"APASCENTA AS MINHAS OVELHAS" JESUS (Jo 21:17)

terça-feira, 8 de agosto de 2017

E.S.E. - CAPÍTULO IX - ITEM 6 - A AFABILIDADE E A DOÇURA



6 – A benevolência para com os semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que são a sua manifestação. Entretanto, nem sempre se deve fiar nas aparências, pois a educação e o traquejo do mundo podem dar o verniz dessas qualidades. Quantos há, cuja fingida bonomia é apenas uma máscara para uso externo, uma roupagem cujo corte bem calculado disfarça as deformidades ocultas! O mundo está cheio de pessoas que trazem o sorriso nos lábios e o veneno no coração; que são doces, contanto que ninguém as moleste, mas que mordem à menor contrariedade; cuja língua, doirada quando falam face a face, se transforma em dardo venenoso, quando falam por trás.
A essa classe pertencem ainda esses homens que são benignos fora de casa, mas tiranos domésticos, que fazem a família e os subordinados suportarem o peso do seu orgulho e do seu despotismo, como para compensar o constrangimento a que se submetem lá fora. Não ousando impor sua autoridade aos estranhos, que os colocariam no seu lugar, querem pelo menos ser temidos pelos que não podem resistir-lhes. Sua vaidade se satisfaz com o poderem dizer: “Aqui eu mando e sou obedecido”, sem pensar que poderiam acrescentar, com mais razão: “E sou detestado”.
Não basta que os lábios destilem leite e mel, pois se o coração nada tem com isso, trata-se de hipocrisia. Aquele cuja afabilidade e doçura não são fingidas, jamais se desmente. É o mesmo para o mundo ou na intimidade, e sabe que se podem enganar os homens pelas aparências, não podem enganar a Deus.  






TEXTOS DE APOIO 



A VELHA ILUSÃO DAS APARÊNCIAS

"Não basta que dos lábios manem leite e mel. Se o coração de modo algum lhes está associado, só há hipocrisia. Aquele cuja afabilidade e doçura não são fingidas nunca se desmente: é o mesmo, tanto em sociedade, como na intimidade. Esse, aos demais, sabe que se, pelas aparências, se consegue enganar os homens, a deus ninguém engana." E.S.E. cap.9.

Os adeptos sinceros do Espiritismo mais que nunca carecem de abordar com franqueza o velho problema da hipocrisia humana. Nesse particular, seria muito proveitoso que as agremiações doutrinárias promovessem debates grupais acerca dos caminhos e desafios que enfrentamos todos nós, os que decidimos por uma melhoria moral no reino do coração.
O chamado "vício de santificação" continua escravizando o mundo psicológico do homem a noções primárias e inconsistentes sobre como desenvolver o sagrado patrimônio das virtudes, que se encontra adormecido na vida superconsciente do ser.
Hipocrisia é o hábito humano adquirido de aparentar o que não somos, em razão da necessidade de aprovação do grupo social em que convivemos. Intencional ou não, é um fenômeno profundo nas suas raízes emocionais e psíquicas, que envolve particularidades específicas a cada criatura, mas que podemos conceituar como a atitude de simular, antes de tudo para nós mesmos, uma "imagem ideal" daquilo que gostaríamos de ser. Difícil definir os limites entre o desejo sincero de aperfeiçoar-se em direção a esse "eu ideal", e o comportamento artificial que nos leva a acreditar no fato de estarmos nos transformando, considerando a esteira de reflexos que criamos nas fileiras da mentira.
Aliás, para muitos corações sinceros que efetivamente anelam por aprimoramento e mudança, detectar uma atitude falsa e uma ação que corresponda aos novos ideais costuma desenvolver um estado psicológico de insatisfação consigo mesmo, que pode ativar a culpa e a cobrança impiedosa. Instala-se assim um cruel sistema mental de inaceitação de si mesmo, que ruma para a mais habitual das camuflagens da hipocrisia: a negação, a fuga.
Não podemos asseverar que todo processo de defesa psíquica que vise negar a autêntica realidade humana seja algo patológico e nocivo. Muitas almas não teriam a mínima saúde mental não fossem semelhantes recursos que, em muitas ocasiões, funcionam como um "escudo protetor" que vai levando a criatura, pouco a pouco, ao conhecimento doloroso da verdadeira intimidade, até ter melhores e mais seguros recursos de libertação e equilíbrio. No entanto, quando nesse processo existe a participação intencional de ações que visem impressionar os outros com qualidades ainda não conquistadas, principalmente para auferir vantagens pessoais, então se estabelece a hipocrisia, uma ação deliberada de demonstrar atitudes que não correspondem à natureza dos sentimentos que constituem a rotina de sua vida afetiva .
As vivências sociais humanas com suas exigências materialistas conduziram o homem à aprendizagem da hipocrisia. A substituição de sentimentos foi um fenômeno adquirido. O hábito de camuflar o que se sente tornou-se uma necessidade perante os grupos, e certas concepções foram desenvolvidas nesse contexto que estimulam a falsidade. Convencionou-se por exemplo que homens não devam chorar, criando a imagem da insensibilidade masculina, em torno da qual bilhões de almas trafegam em papéis hipócritas e doentios. Certas profissões como a de educador, durante séculos aprisionadas nas sombras do mito, levaram à criação de um abismo entre educador e educando, que eram ambos obrigados a disfarçar emoções para respeitarem seus limites, impostos pela perversa institucionalização dos "super-heróis da cultura". Naturalmente todos esses convencionalismos vêm sofrendo drásticas reformulações para um progresso das comunidades em direção a um dia mais feliz e pleno de autenticidade nas atividades humanas.
Acompanhando essas renovações de mentalidade na cultura, é imperioso que os líderes e condutores espíritas tenham a coragem de sair de seus papéis, perante a coletividade doutrinária, e erguerem a bandeira do diálogo franco e construtivo acerca das reais necessidades que todos carregamos, rompendo com um ciclo de "faz de conta". Ciclo esse que somos infelizmente obrigados a afirmar, tem feito parte da vida de muitos adeptos espíritas e até mesmo de grupos inteiros. Sem qualquer reprimenda, vejamos esse quadro como sendo inevitável em se tratando de almas como nós, mal saídas do primarismo evolutivo. Nada mais fizemos que caminhar para a nossa hominização, ou seja, largar a selvageria instintiva e galgar os degraus da humanização - o núcleo central do aprendizado na fase hominal, a qual estamos apenas penetrando.
Adquirir essa consciência de que a evolução não se faz aos saltos, e sim etapa a etapa, é um valoroso passo na libertação desse "vício de santificação", essa necessidade neurótica que incutimos ao longo de eras sem fim, especialmente nas leiras religiosas, com o qual queremos passar por aquilo que ainda não somos. Disso resulta o conflito, a dor, a cobrança, o perfeccionismo e todo um complexo de atitudes de auto desamor.
Sejamos nós mesmos e não nos sintamos menores por isso. Aparentar santificação para o mundo não nos exonera da equânime realidade dos princípios universais, Ninguém escapa das leis criadas pelo Criador. A elas todos estamos submetidos. Que nos adiantará demonstrar santificação para os outros, se a vida dos espíritos e um espelho da Verdade que mostrará, a cada um de nós particularmente, como somos?
Se acreditamos, portanto, na imortalidade e sabemos da existência dessas "leis-espelho", deveríamos então concluir que o quanto antes, para aqueles que se encontram na carne, tratarmos nossa realidade sem medos e culpas, maior será o bem que fazemos a nós mesmos.
Recordemos, nesse ínterim, que a caridade para com o outro, conquanto seja extenso tributo de ajuste aos Estatutos Divinos, não é "passaporte de garantia" para a movimentação nas experiências da autoridade e do equilíbrio nos planos imortais. Aprendamos o quanto antes a cultivar essa "sensação de salvação", experimentada nos serviços de doação, também em nossos momentos de auto-encontro. Essa conquista realmente nos pertence e ninguém nos pode tirar em tempo algum.
Viver distante da hipocrisia necessariamente não significa expor a vida íntima e as lutas que carregamos a qualquer pessoa, mas expô-las antes de tudo a nós mesmos, assumindo o que sentimos, os desejos que nutrimos, os sonhos que ainda trazemos, os sentimentos que nos incendeiam de paixões, os pensamentos que nos consomem as horas, esforçando-se por analisar nossas más condutas. Por outro ângulo, esse mesmo processo de "detecção consciente" precisa ser realizado com nossos valores, as decisões infelizes que deixamos de tomar, o sacrifício de construir uma atividade espiritual, os novos costumes que estamos talhando na personalidade, os sentimentos sublimes que começam a ensaiar projetos de luz na nossa mente, as escolhas que temos feito no bem comum.
Reforma Íntima, como a própria expressão comunica, quer dizer a mudança que fazemos por dentro. E jamais, em caso algum, ela se dará repentinamente, num salto. A santificação é um processo lento e gradativo. Cuidemos com atenção das velhas ilusões que nos fazem acreditar na "angelitude por osmose", ou seja, de que a simples presença ou participação nos ofícios doutrinários é garantia de aperfeiçoamento.
Temos recebido na vida espiritual inúmeros companheiros de ideal, cuja revolta consigo próprios leva-os a tormentos patológicos de graves proporções, quando percebem o equívoco em acreditar que tão somente suas adesões às atividades de amor lhes renderiam o "reino dos céus". A ilusão é tão intensa que requer tratamentos especializados e longos em nosso plano. E vejam, os meus amigos na carne, o que a mente é capaz, pois muitos desses corações poderiam intensamente se beneficiar das realizações a que se entregaram, podendo mesmo alguns obter um trespasse tranqüilo, todavia, sem exceção, estão esperando mais do que merecem; é quando surge a inconformação diante das expectativas de honrarias e glórias injustificáveis na espiritualidade. Então esbravejam ao perceberem que são tratados com muito carinho e amor, a fim de assumirem sua verdadeira realidade de doentes com baixo aproveitamento na reencarnação, colhendo espinhoso resultado de seu auto-engano.
Espíritas amigos e irmãos, lembrai-vos de que todos estamos na Terra, planeta de testes infindáveis ao nosse aperfeiçoamento. Mesmo os que nos encontramos fora de corpo ajustamo-nos a essa conotação evolutiva. E nessa conjuntura o caminho da santificação se amolda à realidade do homem que nela habita. Se, por agora, estivermos pelo menos nos esforçando para sair do mal que fazemos a nós e ao próximo, dirigimo-nos para essa proposta sagrada.
Todavia, se ansiamos por concretizar em mais larga escala as luzes de nossa santificação, lancemo-nos com louvor a outra etapa do processo e aprendamos como criar todo o bem que pudermos em torno de nossos passos, soltando-nos definitivamente de todos os grilhões do terrível sentimento do fingimento, o qual ainda nos faz sentir que somos aquilo que supomos ser.
Espírito Ermance Dufaux – Livro Reforma Intima sem Martirio - Wanderley de Oliveira




ESPIRITISMO POR DENTRO

"A benevolência para com os seus semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que lhe são as formas de manifestar-se. Entretanto, nem sempre há que fiar nas aparências. A educação e a frequentação do mundo podem dar ao homem o verniz dessas qualidades. Quantos há cuja fingida bonomia não passa de máscara para o exterior, de uma roupagem cujo talhe primoroso dissimula as deformidades interiores! O mundo está cheio dessas criaturas que têm nos lábios o sorriso e no coração o veneno; que são brandas, desde que nada as agaste, mas que mordem à menor contrariedade; cuja língua, de ouro quando falam pela frente, se muda em dardo peçonhento, quando estão por detrás." Lázaro, (Paris, 1861) O Evangelho Segundo Espiritismo -cap. 9 - item 6
O casal Andrade e seus filhos eram integrantes ativos da organização doutrinária que patrocinava um grande evento espírita naquela pequena cidade. O esplanador da ocasião havia sido recebido naquele lar com muita gentileza por parte de seus anfitriões. Durante o almoço, o marido esmerava-se em gestos e posturas de cordialidade buscando atender convenientemente o visitante, no entanto, sua esposa mantinha-se taciturna, com um olhar de revolta.
O orador, porque era médium de faculdades educadas, aguçou suas antenas psíquicas na verificação do que passava com Dona Anastácia, captando intensa dor e tristeza nos sentimentos da sua anfitriã.
O evento realizou-se durante a tarde e parte da noite. No retorno ao lar, novamente a cena instalava-se à hora do repasto noturno, sendo que desta feita a esposa conturbada sai aos prantos da mesa, em crise inesperada. O palestrante, preocupado com o ocorrido, indaga ao esposo se algo poderia fazer e recebe queixas e deboches insensíveis do marido. Resolve, então, por solicitar um diálogo com Anastácia e que, sem pestanejar, desabafou dizendo: "eu gostaria que meu marido tratasse-me com um centésimo da finura com a qual ele tem tratado o senhor como nosso visitante!"
"Espiritismo de aparências". "Espiritismo de superfície".
A assimilação das propostas éticas da doutrina seguem uma sequência natural e paulatina de maturidade. Primeiro atinge as idéias, posteriormente penetra os sentimentos e, por fim, renova as atitudes.
Evidentemente, não será possível estipular uma separação perceptível entre essas etapas, porque elas se complementam e interagem sem que haja uma nitidez sobre seus efeitos.
Na pequena historieta acima, nota-se que o esposo de Dona Anastácia apresentava uma fachada para os que são de fora do lar, mas na intimidade era um homem rude com sua companheira. Durante um estágio do processo de renovação espiritual essa conduta, inevitavelmente, fará parte do contexto do aperfeiçoamento. O incômodo decorrente dessa situação levará o aprendiz da espiritualização a buscar uma coerência entre suas forças interiores na aquisição de sua própria paz. Todavia, se o aprendiz não se devotar o suficiente, poderá permanecer demasiadamente no "Espiritismo de adorno"...
Pensamento, sentimento e ação são vivências que a princípio se contrapõem nessa escala do crescimento moral. Pensa-se algo, sente-se diversamente e age-se em dissonância com ambos. Uma desamornia existe entre as três potências da alma. O esclarecimento espírita atinge o campo do pensar permitindo que a reflexão conduza o homem a novas formas de entendimento e avaliação da sua existência, no entanto, a transformação do sentir e os cuidados com as atitudes são os verdadeiros indicadores de que essa informação intelectiva está sofrendo uma metamorfose na intimidade, através do acionamento da vontade e do esforço na mudança de hábitos e reações perante os fatos da vida.
Espíritas que se aplicam na reforma interior não são identificados por suas ações no campo das aparências, que podem não passar de verniz ou máscara para dissimular suas imperfeições e impressionar com qualidades que não adquiriu, mas são reconhecidos por suas reações aos testes de cada hora onde estiver. A forma de reagir a uma ofensa, a uma perda, a uma traição, aferem a qualidade das mudanças que realmente temos operado no sentimento e se temos o Espiritismo de aparências ou por dentro. Como diz Lázaro: "(...) são brandas, desde que nada as agaste, mas que mordem à menor contrariedade", isso é uma reação.
As poses religiosas sempre fizeram parte das atitudes humanas no intuito de convencer o outro daquilo que não convencemos a nós próprios. Essa atitude é reflexo do orgulho em querer parecer o que ainda não somos para fruir das sensações de que estamos sendo admirados e prezados pelos outros.
Além de orgulho, é também escassez de auto-estima, é a mendicância da consideração alheia apresentando "falsos dotes" para chamar a atenção e conquistar o apreço. Genuflexões, voz mansa, abraços calorosos, sorrisos de alegria são bons modos que podem, algumas vezes, esconder propósitos falsos ou interesses escusos de prestígio.
Essa "santidade de superfície" pode ser considerada natural nos primeiros tempos do contato com as Revelações Novas na vida da criatura até que ela se ajuste a uma conduta que melhor expresse a sua realidade. Mas para aqueles que passam os anos detendo-se nesses "chavões de puritanismo", podem estar sofrendo de "negação psicológica", ou seja, a manutenção de algum mecanismo de defesa que impeça de analisar-se com sinceridade e construir a auto-aceitação. O orgulho, como doença da alma, é habilidoso o bastante para gerar uma "capa de ofuscamento" das nossas imperfeições e criar uma "miragem encantadora", com virtudes que ainda não desenvolvemos, nas quais ele nos faz acreditar. Até certo ponto é uma forma natural de se proteger da angústia e da aflição provocadas pelo autoconhecimento que produz o esclarecimento espírita, angústia decorrente do contato com a nossa inferioridade. É muito doloroso reconhecer nossa verdadeira condição espiritual...
Aprender a sermos nós mesmos, aprender a conviver pacificamente com nossos conflitos, aprender a dividir nossas angústias com alguém na busca de caminhos, aprender a lidar com autenticidade, essas são algumas das lições do Espiritismo por dentro.
Ardilosos adversários espirituais da nossa causa têm explorado habilmente a fragilidade do "psiquismo místico" de várias criaturas que aderiram aos princípios renovadores da imortalidade. Não conseguindo desanimá-las da frequência às atividades, optam então por incentivar as celeumas e atenções de amigos queridos com assuntos de exterioridade, insuflando sofismas de toda espécie que formam crenças e crentes em assuntos de menor importância para nossas fileiras, dilatando o grupo daqueles que se tornam oponentes em discussões estéreis que perturbam o clima vibratório dos ambientes. Além disso, é dessas discussões estéreis e precipitadas que costumam surgir as teses que fortalecem o institucionalismo nas práticas e conceitos doutrinários, através do rigorismo que enaltece a pureza por fora, mas que não cogita da pureza por dentro, nos recessos do coração.
Na lista dos temas preferidos, estão as fórmulas de desenvolvimento das práticas doutrinárias, distraindo-se com opiniões personalistas e que pouco acrescem ao bem das realizações das quais fazem parte. Enquanto se discute sobre questões de fora, esquece-se das questões íntimas, que são mais difíceis de serem tratadas e pensadas quando em um grupo de trabalho. Usa-se ou não luzes coloridas, come-se ou não a carne, bebe-se ou não os alcoólicos, dá-se ou não o passe com olhos fechados, coloca-se ou não uma placa com o nome do centro na via pública, lê-se ou não a obra de tal autor não considerado espírita, coloca-se ou não as garrafas destampadas para fluidificar a água, permite-se ou não a incorporação mediúnica, ora-se ou não de olhos abertos. A lista não pára, é interminável.
Outras vezes, a sutil interferência obsessiva opera-se na velha tradição ético-religiosa de estipular padrões de conduta na forma: "espírita faz isso e não pode fazer aquilo". Assuntos, todos eles, que podem até ser interessantes discutir, mas que têm provocado um movimento de inutilidade e obsessão em razão da forma infantil como são tratados, dando-lhes exagerada importância e priorizando o exterior em detrimento da essência - um reflexo natural dos mecanismos de defesa com os quais grande maioria dos homens encarnados lidam na atualidade.
Seria mais interessante, embora penoso, discutir o que faremos para perdoar um inimigo, como vencer um hábito sexual, como vencer impulsos menos dignos para com alguém, como ser uma criatura agradável onde vivemos, porque nos ofendemos com uma determinada forma de agir, qual a razão de nos irritarmos perante um fato específico, qual a origem de certas fantasias que nos acompanham compulsivamente, porque determinada tarefa é trabalhosa para nós, onde as causas da preguiça para estudar, como se sentir motivado para a leitura edificante, o que podemos fazer para ajudar alguém que todos querem excluir, qual a causa dos pensamentos de vingança que costumam surgir em nossa tela mental, quais os traumas da infância que ainda nos influenciam na adultidade, o motivo da atração ou rejeição por uma pessoa em particular... São muitas perguntas e incursões das quais, costumeiramente, afastamo-nos . Nisso reside os embriões para a instauração do Espiritismo por dentro!
Deixemos claro a esse respeito que não foram os ritos de fé e nem os sacramentos nas idéias que desviaram a sublime missão da mensagem da Boa Nova, e sim os sentimentos com os quais os homens se trataram mutuamente perante o entendimento de tais caminhos, nas trilhas sombrias da fé exterior. Se os costumes e posturas humanas tivessem sido burilados no caráter nobre e na ação correta criando relações de amor, mesmo com castiçais e velas, missas e igrejismo, conduziríamos a fé aos patamares da maturidade e da elevação espiritual. Contudo, todos os paramentos e sistemas da ecclésia constituíram graves problemas para a humanidade, porque atrás dos regimes religiosos havia acendrado orgulho sustentando a sede do homem pela supremacia da verdade, assim como hoje existem muitos espíritas repetindo essa malfadada lição...
Sem temor algum, concluímos que ritos e poses em momento algum são os problemas que pesam sobre o futuro espiritual que espera os homens espíritas, mas, acima de tudo, a luz que não souberam ou não quiseram dilatar nos reinos do coração, perante os luminosos raios da Verdade entregues gratuitamente a todos os adeptos, nos seus caminhos de cada dia.

Ermance Dufaux – livro – Mereça Ser Feliz – Wanderley de Oliveira





VERNIZ SOCIAL

" A benevolência para com os semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade ea doçura, que lhe são a manifestação. Entretanto, não é preciso fiar-se sempre nas aparências; a educação e o hábito do mundo podem dar o verniz dessas qualidades..." ( Cap. IX, item 6)

Nem sempre conseguimos mascarar por muito tempo nossas verdadeiras intenções e planos matreiros. Não dá para enganar as pessoas por tempo indeterminado. Após vestirmos as roupagens da afabilidade e doçura para encobrir rudeza e desrespeito, vem a realidade dura e cruel que desnuda aqueles lobos que vestiram a "pele de ovelha".
Realmente, é no lar que descortinamos quem somos. É no lar que escorre o verniz da bonança e da caridade que passamos sobre a face e que nos revela tal como somos aos nossos familiares.
Trazemos gestos meigos e voz doce para desempenhar tarefas na vida pública, no contato com chefes de serviço e amigos, com companheiros de ideal e recém-conhecidos, mas também trazemos "pedras nas mãos" ou punhos cerrados no trato com aqueles com quem desfrutamos familiaridade.
Por querer aparentar alguém que não somos, ou impressionar criaturas a fim de conquistá-las por interesses imediatistas, é que incorporamos personagens de ficção no palco da vida. Ou seja, é como se cumpríssemos um "script" numa representação teatral. Nada mais do que isso.
Em várias ocasiões, integramos em nós mesmos não só a sociedade visivelmente "externa", com suas construções, praças, casas e cidades, mas também a sociedade em seu contexto "invisível", que, na realidade, se compõe de regras e ordens sociais, bem como dos modelos de instituições criadas arbitrariamente.
Captamos, através de nossos sentidos espiritual todos os tipos de energia oriunda da população. Através nossos radares sensíveis e intuitivos, passamos a representar de forma inconsciente e automática um procedimento dissimulado sob a ação dessas forças poderosas.
Maquilagens impecáveis, jóias reluzentes, perfumes caros, roupas da moda e óculos charmosos fazem parte do nosso arsenal de guerra para ludibriar e corromper, para avançar sinais e para comprar consciências. Não nos referimos aqui à alegria de estar bem-trajado e asseado, mas à maquiavélica intenção dos "túmulos caiados".
Por não nos conhecermos em profundidade é que temos medo de nos mostrar como realmente somos.
Num fenômeno psicológico interessante, denominado "introjeçao", que é um mecanismo de defesa por meio do qual atribuímos a nós as qualidades dos outros, fazemos o papel do artista famoso, dos modelos de beleza, das personagens políticas e religiosas, das figuras em destaque, dos parentes importantes e indivíduos de sucesso, e por muito tempo alimentamos a ilusão de que somos eles, vivenciando tudo isso num processo inconsciente.
Desse modo, nós nos portamos, vestimos, gesticulamos, escrevemos e damos nossa opinião como se fôssemos eles realmente, representando, porém, uma farsa psicológica.
Ter duas ou mais faces resulta gradativamente em uma psicose da vida mental, porque, de tanto representar, um dia perdemos a consciência de quem somos e do que queremos na vida.
Quanto mais notarmos os estímulos externos, influências culturais, físicas, espirituais e sociais em nós mesmos, nossas possibilidades de relacionamento com outras pessoas serão cada vez mais autênticas e sinceras. A comunicação efetiva de criatura para criatura acontecerá se não levarmos em consideração sexo, idade e nível socioeconômico.
Ela se efetivará ainda mais seguramente sempre que abandonarmos por completo toda e qualquer obediência neurótica aos modelos aprendidos e preestabelecidos.
Abandonemos o "verniz social" que nos impusemos no transcorrer da vida. Sejamos, pois, autênticos. Descubramos nossas reais potencialidades interiores, que herdamos da Divina Paternidade. Desenvolvendo-as, agiremos com maior naturalidade e, conseqüentemente, estaremos em paz conosco e com o mundo.
Hammed – Livro Renovando Atitudes – Francisco de Espírito Santo Neto





AMENIDADE

 “Bem-aventurados os mansos porque eles herdarão a Terra.” - JESUS - MATEUS, 5: 5.

 “A benevolência para com as seus semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que lhe são as formas de manifestar-se.” Cap. 9: 6.

 Surgem, sim, as ocasiões em que todas as forças da alma se fazem tensas, semelhando cargas de explosivos, prestes a serem detonadas pelo gatilho da boca...
 Momentos de reação, diante do mal, em que a fagulha da, mágoa, assoma do intimo, aviventada pelo sopro do desespero, Entretanto, mesmo que a indignação se te afigure justificada, reflete para falar.
 A palavra, não foi criada, para converter-se em raio da morte.
 Imagina-te no lugar do interlocutor.
 Se houve deficiência no concurso de outrem, recorda os acontecimentos em que o erro impensado te marcou a presença; se algum companheiro falhou, involuntariamente, na obrigação, pensa nas horas difíceis, em que não pudeste guardar felicidade ao dever.
 Em qualquer obstáculo, pondera que a cólera é bomba de rastilho curto, comprometendo a estabilidade e a elevação da, vida onde estoura.
 Indiscutivelmente, o verbo foi estabelecido para que nos utilizemos dele.
 O silêncio é o guardião, da serenidade, todavia, nem sempre consegue tomar-lhe as funções.
 Isso, porém, não nos induz a transfigurar a cabeça num vulcão em movimento, arremessando lavas de azedume e inquietação.
 Conquanto se nos imponha dias de franqueza e esclarecimento, é possível equacionar, harmoniosamente, os mais intrincados problemas sem adicionar o fogo da violência As parcelas da lógica.
 Dominemo-nos para que possamos controlar circunstâncias, chefiemos as nossas emoções, alinhando-as na estrada do equilíbrio e do discernimento, de modo a que nossa frase não resvale na intemperança.
 Guardar o silêncio, quando preciso, mas falar sempre que necessário, a desfazer enganos e a limpar raciocínios, entendendo, por6m, que Jesus não nos confiou a verdade para transformá-la numa pedra sobre o crânio alheio e sim num clarão que oriente aos outros e alumie a nós.

Emmanuel - Extraído do livro  O Livro da Esperança - Psicografado por FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER





SE VOCÊ PENSAR

Cap. IX - Item 6 - ESE

Diz você que a palavra do companheiro é agressiva demais; no entanto, se você pensar nas frases contundentes que lhe saem da boca, nem de leve passará sobre o assunto.
Diz você que o amigo praticou erro grave; contudo, se você pensar nos delitos maiores que deixou de cometer, simplesmente por fugir-lhe a oportunidade, não encontrará motivo de acusação.
Diz você haver sofrido pesada ofensa; entretanto, se você pensar quantas vezes tem ferido os outros, olvidará, incontinenti, as falhas alheias.
Diz você que não suporta mais os trabalhos com que os familiares lhe tributam as horas, mas, se você pensar nos incômodos que a sua existência tem exigido de todos eles, não terá gosto de reclamar.
Diz você que os seus sacrifícios são muito grandes, em favor do próximo; no entanto, se você pensar nas vidas que morrem diariamente, para que você tenha a mesa farta, decerto não falará mais nisso.
Diz você que as suas necessidades são invencíveis; contudo, se você pensar nas privações daqueles que seriam infinitamente felizes com as sobras de sua casa, não tropeçaria na queixa.
Diz você que não pode ajudar na beneficência, em razão de velha enxaqueca; contudo, se você pensar naqueles que jazem no leito dos hospitais, implorando um momento de alívio, não adiará seu concurso.
Diz você que não dispõe de tempo para o cultivo da caridade, mas, se você pensar nos mil e quatrocentos e quarenta minutos que você possui, cada dia, para viver na Terra, não se esconderá em semelhante desculpa.
Em todo assunto de falta e perdão, não nos demoremos visando os outros.
Pensemos em nós próprios e preferiremos fazer silêncio, extinguindo o mal.

André Luiz - Do livro O Espírito da Verdade. Psicografia de Waldo Vieira.




TEMPO DE AGITAÇÃO

Iniciada a nossa reunião pública, O Evangelho Segundo o Espiritismo nos deu o item 6 do seu capítulo IX, que provocou os melhores comentários. Reportaram-se os comentaristas aos traços dominantes da agitação que se observa em nosso tempo. Desentendimentos e antagonismos sem razão, gerando dificuldades no relacionamento comum, foram comentados, trazendo-se à baila casos lamentáveis em que, de simples desacordos de opiniões, surgem atos de selvageria e delinqüência.
Encerrando as tarefas, Emmanuel trouxe-nos à meditação o seu “Diálogo Curativo”.

DIÁLOGO CURATIVO
 Emmanuel

Observa a extensão do sofrimento humano e faze do verbo um instrumento de alívio de paz.
Em torno dos próprios passos, encontrarás os doentes da alma a surgirem de todas as direções: os que trouxeram desajustes psicológicos de outras existências apresentando traumas obscuros no campo da mente; os que não puderam atender aos compromissos assumidos e jornadeiam no mundo, desgostosos consigo mesmos; os desesperados, que caminham nas orlas da delinqüência e os aflitos, quase todos eles vinculados a processos de angústia.
Todos são enfermos da alma que devem ser medicados, acima de tudo, pelo diálogo curativo.
Em casa, compadece-te dos familiares e procura irradiar a luz do entendimento que estabeleça tranqüilidade e segurança; no grupo de trabalho, quanto possível, transforma-te em exaustor das confidências amargas, trocando incompreensão   por bondade ou azedume por bênção; nas manifestações de caráter público, seleciona os conceitos que te vistam idéias e pareceres a fim de que não venhas a estimular violência ou discórdia; e, nas vias públicas, mobiliza solidariedade e gentileza, diminuindo o cansaço e a solidão naqueles companheiros que suportam conflitos e provações que talvez desconheças.
Não carregues a voz com vibrações fulminantes, diante da intemperança que surpreendas em vozes alheias, de vez que não curarás um doente, fazendo-te mais doente, especialmente no caso em que te vejas diante de determinado adversário ou de suposto agressor.
Coloca-te no lugar do próximo e imagina como seriam as tuas reações se alguém te falasse com desconsideração ou vinagre.
Quanto maior a turvação ambiente, maior o desequilíbrio mental em derredor de nós.
E quanto mais a desarmonia nos envolva, mais imperiosa se revela a necessidade da conversação curativa, capaz de suprir moléstias e obsessões no nascedouro.
Seja qual for a circunstância em que te encontres, condimenta o que digas com bondade e compreensão.
Todos sabemos que, na Terra, sobram incêndios de rebeldia e tribulações, sofrimentos e lágrimas.
O Senhor, porém, não espera de nós outros, qualquer fórmula milagrosa que venha a extinguir, de imediato, as labaredas da perturbação; entretanto, onde estivermos e com quem estivermos, pede o nosso copo de água fria.


Livro Caminhos de Volta – Psicografia Francisco Cândido Xavier 





A EXALTAÇÃO DA CORTESIA

À frente da multidão de sofredores e desalentados, relacionou o Mestre as bemaventuranças, destacando, com ênfase, a declaração de que os mansos herdariam a Terra.
A afirmativa, porém, soou entre os discípulos de maneira menos agradável.
Tal asserção não seria encorajamento à ociosidade mental? Se o Evangelho reclamava espíritos valorosos na sementeira das verdades renovadoras, como acomodar a promessa com a necessidade do destemor? Se o mal era atrevido e contundente, em todos os climas e posições, como estabelecer o triunfo inadiável do bem através da incapacidade de reagir, embora pacificamente? Nessas interrogações imprecisas, reuniu-se a assembléia familiar no domicílio de Pedro.
Iniciados os comentários edificantes da noite, entreolhavam-se os discípulos entre a indagação e a curiosidade.
O Divino Amigo parecia perceber os motivos da expectação, em torno, mas esperava, sereno, que os seguidores se pronunciassem.
Foi então que Judas, rompendo o véu de respeito que aureolava a presença do Mestre, inquiriu, loquaz: — Senhor, por que atribuíste aos mansos a posse final da Terra? Os corações acovardados gozarão de semelhante bênção? Os incapazes de testemunhar a fé, nos momentos graves de luta e sacrifício, serão igualmente bem-aventurados? Jesus não respondeu, de imediato.
Vagueou o olhar, através dos circunstantes, como a pedir-lhes a exposição de quaisquer dúvidas que lhes povoassem a alma.
Pedro cobrou ânimo e perguntou: — Sim, Mestre: se um malfeitor visitar-me a casa, não devo recordar-lhe os imperativos do acatamento recíproco? Entregar-me-ei sem qualquer admoestação fraternal aos seus delituosos caprichos, a pretexto de guardar a mansidão a que te referiste? O Cristo sorriu, como tantas vezes, e enunciou, calmo: — Enganaram-se todos, naturalmente.
Eu não fiz o elogio da preguiça, que se mascara de humildade, nem da covardia que se veste de cordura para melhor acomodar-se às conveniências humanas.
As criaturas que se afeiçoam a semelhantes artifícios sofrerão duramente os instrumentos espirituais de que o mundo se utiliza para reajustar os caracteres tortuosos e indecisos.
Exaltei, na realidade, a cortesia de que somos credores uns dos outros.
Bem-aventurados os homens de trato ameno que sabem usar a energia construtiva entre o gesto de bondade e o verbo da compreensão! Bem-aventurados os filhos do equilíbrio e da gentileza que aprendem a negar o mal, sem ferir o irmão ignorante que os solicita sem saber o que pede! Abençoados os que repetem mil vezes a mesma lição, sem alarde, para que o próximo lhes aproveite a influenciação na felicidade justa de todos!
Bem-aventurados aqueles que sabem tratar o rico e o pobre, o sábio e o inculto, o bom e o mau, com espírito de serviço e entendimento, dando a cada um, de conformidade com os seus méritos e necessidades e deixando os sinais de melhoria, de elevação, bem-estar e contentamento por onde cruzam! Em verdade vos digo que a eles pertencerá o domínio espiritual da Terra, porque todo aquele que acolhe os semelhantes, dentro das normas do amor e do respeito, é senhor dos corações que se aperfeiçoam no mundo! Alívio e alegria transbordaram do ânimo geral e, de olhos fitos, agora, nas águas imensas do grande lago, o Senhor pediu a Mateus encerrasse o fraterno entendimento da noite, pronunciando uma prece.
 Neio Lúcio - Do Livro Jesus no Lar  - Francisco C. Xavier



CIZÂNIA
Os lexicógrafos definem a cizânia como sendo "rixa, desarmonia, discórdia entre pessoas de amizade".
A cizânia constitui, pela sua própria estrutura, adversário ferino da obra de edificação do bem, onde quer que se manifeste. Parte integrante da personalidade humana, o espírito da cizânia facilmente se instala onde o homem se encontra. Estimulada pelo egoísmo, distende com muitas possibilidades as suas tenazes, surpreendendo quantos incautos se permitem, por invigilância, trucidar.
Soez, persistente, contínua, a cizânia, ao manifestar-se, divide o corpo coletivo em falsos grupos de eleição, que logo se entredisputam primazia, estabelecendo o combate aguerrido e franco sob os disfarces da pusilanimidade ou da simulação.
A cizânia deve ser combatida frontalmente onde quer que o bem instaure o seu reinado.
Para tanto, faz-se mister que cada membro ativo do grupo da ação nobilitante compreenda o impositivo da humildade. Como a característica essencial da humildade é fazer-se identificar sempre carecente de aprimoramento, enquanto se luta por adquiri-la, as farpas da inveja não se cravam no seu corpo o as disputas infelizes não vicejam.
Ante o esforço para a fixação da humildade legítima, a cizânia não consegue proliferar, isto porque é muito mais produtivo ser taxado de ingênuo ou tolo, porém pacífico e cordato, a dúctil e lúcido, no entanto, combativo e promovedor da discórdia.
Não esqueças que mesmo no Colégio Galileu, não poucas vezes esse tóxico letal foi identificado, pernicioso, pelo Incomparável Senhor, que, não obstante o alto patrimônio da Sua elevação, teve que enfrentá-la com energia e humildade.
Vigia, espírito dedicado, nas nascentes do labor que desdobras, na tarefa empreendida, e sê daqueles cujo serviço pode prosseguir sem tua cooperação, embora não possas marchar sem ele, por indispensável à tua elevação.
Oferece a quota do teu trabalho, compreendendo que no cômputo geral a importância de cada um está na medida do esforço despendido, nunca em relação à função exercida.
Impossível fulgir a jóia não houvesse sido esse brilho precedido pelo esforço do garimpeiro ignorado, que se adentrou pela mina perigosa a buscá-la.
A pérola pálida a refulgir ostenta sua beleza graças ao estoicismo do mergulhador que desceu às águas abissais para arrancá-la da ostra ergastulada nas rochas submarinas -
No trabalho renovador ao qual te afervoras, não te olvides dos que atuam nas funções modestas, todavia indispensáveis ao serviço que desdobras. O rei não poderia rodear-se de conforto e grandeza sem o concurso do operário humilde que lhe ergueu o trono ou a cozinheira que lhe sustenta a manutenção do equilíbrio orgânico.
E a estabilidade do seu império estaria sempre ameaçada não fosse a fidelidade dos que o mantêm, vigilantes, e muitas vezes ignorados. A cizânia nasce sempre no seio da vaidade que se faz nutrir pela presunção.
Esquece, portanto, os títulos e valores a que te apegas, pois que eles nada valem diante dAquele a quem serves ou a quem procuras servir.
A obra do bem tem passado sem ti e depois que passes ela prosseguirá passando.
Reage à cizânia, impedindo que ela te domine no pensar, no falar, a fim de que não se desdobre através do agir.
Examina o íntimo do espírito para que as mentes geratrizes da cizânia, vitalizadas pelo pretérito infeliz e corporificadas em grupos de perturbadores do Mundo Espiritual, não encontrem na tua mente açulada o campo para as cogitações da censura injustificada aos que não podem ser iguais a ti, quer estejam abaixo ou acima do teu nível de produtividade. Não olvides que ao mais esclarecido é exigida maior dose de tolerância, de compreensão e de misericórdia.
Quantas vezes o amigo, habitualmente fiel, em se voltando para agredir não se encontra enfermo? Neste momento, não há outras alternativas senão piedade e socorro para êle.
Se desejas realmente, como apregoas, que cresça o trabalho do Cristo, não faças perniciosa distinção entre os servidores, não sugiras separativismos, não confrontes mediante opiniões que criam ciumes ou açulam vaidades vãs pelo elogio gratuito, indiscriminado e improcedente, porque todo coração é maleável à palavra da bajulação dourada como todo espírito é acessível à referência azeda da impiedade, ao licor embriagante da perversão.
Mantém, por tua vez, o compromisso da doação da palavra amiga e estimulante, quanto da advertência gentil, a fim de que possas prosseguir, seguro, na diretriz do equilíbrio.
Recorda que foi a cizânia dos homens que levou Jesus à cruz, através da invigilância de um companheiro enganado.
"Eu, porém, vos digo que quem quer que se puser em cólera contra seu irmão merecerá ser condenado no juízo". Mateus: capítulo 5º, versículo 22.
"A benevolência para com os seus semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura que lhe são as formas de manifestar-se". Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 9º - Item 6.3

FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 35.




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O EVANGELHO TRAZ PAZ AO CORAÇÃO E ALIMENTO PARA A ALMA.

ENTENDER O EVANGELHO É SITUA-LO EM NOSSA VIDA ÍNTIMA!

AOS ORADORES DO EVANGELHO, PARA QUE NOSSA TAREFA SEJA DE ACORDO COM O ESPERADO POR JESUS!

“APASCENTA AS MINHAS OVELHAS” – JESUS. (JOÃO, 21:17)

Significativo é o apelo do Divino Pastor ao coração amoroso de Simão Pedro para que lhe continuasse o apostolado.

Observando na Humanidade o seu imenso rebanho, Jesus não recomenda medidas drásticas em favor da disciplina compulsória.

Nem gritos, nem xingamentos.

Nem cadeia, nem forca.

Nem chicote, nem vara.

Nem castigo, nem imposição.

Nem abandono aos infelizes, nem flagelação aos transviados.

Nem lamentação, nem desespero.

“Pedro, apascenta as minhas ovelhas! “

Isso equivale a dizer: - Irmão, sustenta os companheiros mais necessitados que tu mesmo.

Não te desanimes perante a rebeldia, nem condenes o erro, do qual a lição benéfica surgirá depois.

Ajuda ao próximo, ao invés de vergastá-lo.

Educa sempre.

Revela-te por trabalhador fiel.

Sê exigente para contigo mesmo e ampara os corações enfermiços e frágeis que te acompanham os passos.

Se plantares o bem, o tempo se incumbirá da germinação, do desenvolvimento, da florescência e da frutificação, no instante oportuno.

Não analises, destruindo.

O inexperiente de hoje pode ser o mentor de amanhã.

Alimenta a “boa parte” do teu irmão e segue para adiante.

A vida converterá o mal em detritos e o Senhor fará o resto.

(Texto número 19, extraído do livro Fonte Viva, de Emmanuel, psicografado por Chico Xavier)


IRMÃOS, RESPONSÁVEIS PELA ORATÓRIA DO EVANGELHO E DA APROXIMAÇÃO DOS OUVINTES ÀS MENSAGENS DE JESUS,

NÃO NOS ESQUEÇAMOS DO PEDIDO DO MESTRE,

APASCENTEMOS AS OVELHAS COM A DOÇURA POSSÍVEL,

COM A CONFIANÇA NECESSÁRIA,

E PRINCIPALMENTE COM O AMOR QUE DEVEMOS À QUEM ESPERA DE NÓS,

APENAS, QUE FAÇAMOS A NOSSA PARTE.

VIBRAÇÕES

VIBRAÇÕES: COMO FUNCIONAM AS VIBRAÇÕES E AS PRECES FEITAS PARA OS NECESSITADOS?

A CURA ATRAVÉS DAS VIBRAÇÕES

Certa moça, contrariada em suas inclinações, havia-se casado com um homem a quem não amava.

A mágoa que sofreu levou-a a um distúrbio mental.

Sob o domínio de uma ideia fixa, perdeu a razão e teve de ser internada.

Ela jamais ouvira falar de Espiritismo.

Se dele se tivesse ocupado teriam dito que os Espíritos lhe haviam transtornado a cabeça.

O mal provinha, assim, de uma causa moral acidental e exclusivamente pessoal.

Compreende-se que em tais casos os remédios normais nenhum efeito produzem, e como não havia obsessão, podia-se, também, duvidar do efeito da prece.

Um amigo da família e membro da Sociedade Espírita de Paris, julgou dever interrogar um Espírito superior, que respondeu:

- A ideia fixa dessa senhora, por sua mesma causa, atrai em sua volta uma porção de Espíritos maus, que a envolvem com seus fluidos e alimentam as suas idéias, impedindo que lhe cheguem as boas influências.

Os Espíritos dessa natureza abundam sempre em semelhantes meios e constituem, sempre, obstáculo à cura dos doentes.

Contudo podereis curá-la, mas para tanto é necessário uma força moral capaz de vencer a resistência.

E tal força não é dada a um só.

Cinco ou seis espíritas sinceros se reúnam todos os dias, durante alguns instantes e peçam com fervor a Deus e aos bons Espíritos que a assistam; que a vossa prece seja, ao mesmo tempo, uma magnetização mental.

Para tanto não necessitais estar junto a ela, ao contrário.

Pelo pensamento podeis levar-lhe uma salutar corrente fluídica, cuja força estará na razão de vossa intenção, aumentada pelo número.

Por tal meio podereis neutralizar o mau fluido que a envolve.

Fazei isto: tende fé em Deus e esperai."

Seis pessoas se dedicaram a esta obra de caridade e, durante um mês não faltaram à missão aceita.

Depois de alguns dias a doente estava sensivelmente mais calma; quinze dias mais tarde a melhora era manifesta e agora voltou para sua casa em estado perfeitamente normal, ignorando ainda, como o seu marido, de onde lhe veio a cura.

A maneira de agir é aqui indicada claramente e nada teríamos a acrescentar de mais preciso à explicação dada pelo Espírito.

A prece não tem apenas o efeito de levar ao doente um socorro estranho, mas o de exercer uma ação magnética.

Que não poderia o magnetismo ajudado pela prece!

Infelizmente certos magnetizadores, a exemplo de muitos médicos, fazem abstração do elemento espiritual; vêem apenas a ação mecânica, assim se privando de poderoso auxiliar.

Esperamos que os verdadeiros espíritas vejam no fato mais uma prova do bem que podem fazer em circunstâncias semelhantes.

Allan Kardec

CAUSAS DA OBSESSÃO E MEIOS DE COMBATE-LA - REVISTA ESPÍRITA, JANEIRO DE 1863 - ALLAN KARDEC


PRECE POR ENTENDIMENTO

Senhor Jesus!

Auxilia-nos a compreender mais, a fim de que possamos servir melhor, já que somente assim as bênçãos que nos concedes podem fluir, através de nós, em nosso apoio e em favor de todos aqueles que nos compartilham a existência.

Induze-nos à prática do entendimento que nos fará observar os valores que, porventura, conquistemos, não na condição de propriedade nossa e sim por manancial de recursos que nos compete mobilizar no amparo de quantos ainda não obtiveram as vantagens que nos felicitam a vida.

E ajuda-nos, oh! Divino Mestre, a converter as oportunidades de tempo e trabalho com que nos honraste em serviço aos semelhantes, especialmente na doação de nós mesmos, naquilo que sejamos ou naquilo que possamos dispor, de maneira a sermos hoje melhores do que ontem, permanecendo em Ti, tanto quanto permaneces em nós, agora e sempre.

Assim seja.

Emmanuel : Francisco Cândido Xavier - Livro: Paciência

DEZ MANEIRAS DE AJUDAR COM SEGURANÇA

NÃO DISCUTA

Se você é aprendiz do Evangelho, não ignora que o Divino Mestre permanece atento, na redenção do mundo, e que devemos estar vigilantes na execução do serviço que nos compete.

NÃO CRITIQUE

Observemos o setor de nossas obrigações e realizemos o melhor na obra geral, usando as possibilidades ao nosso alcance.

NÃO RECLAME

Contentarmo-nos com o ato de servir é simples dever e quem centraliza a mente na tarefa que lhe é própria não dispõe de tempo para formular queixas inoportunas.

NÃO CONDENE

Reparemos a parte aproveitável nas situações difíceis e esqueçamos todo mal.

NÃO EXIJA

Coopere sem rogar a colaboração alheia, de vez que a responsabilidade pertence a todos e cada um de nós será examinado de acordo com as próprias obras.

NÃO FUJA

Jamais olvide que o problema é a lição da vida. O aluno que teme o ensinamento, descerá naturalmente à retaguarda.

NÃO SE PRECIPITE

Usemos a serenidade. O trabalhador que sabe aproveitar os minutos e respeitá-los, nunca sofre os castigos do tempo.

NÃO TEMA

Quando fixamos o cérebro e o coração em Cristo somos simples agentes d’Ele e quem cumpre a Vontade do Mestre, não deve nem pode recear coisa alguma.

NÃO SE ENGANE

Ninguém precisa aplicar os raios candentes na verdade, a propósito dos mínimos acontecimentos da vida, desfigurando a alegria que deve imperar nos domínios da sementeira e da esperança, mas não perca de vista o que é essencial ao seu progresso, à sua felicidade e à sua redenção para o grande caminho.

NÃO SE ENTRISTEÇA

Lembre-se de que o Nosso Mestre é o Salvador pela Ressurreição. Sofrimento, amargura e morte são sombras. A cruz do Amigo Divino era degrau para a Glória Celeste. Seja esse pensamento uma luz permanente em nossa alma que jamais deve abrir-se ao desânimo. A certeza de que somos os seguidores felizes do Cristo Imortal é para nós motivo de soberana resistência e de eterno júbilo.

André Luiz - Do livro Cartas do coração. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.


AS VIBRAÇÕES SEGUNDO DR BEZERRA DE MENEZES

AS VIBRAÇÕES SEGUNDO DR BEZERRA DE MENEZES
LIVRO:INICIAÇÃO ESPÍRITA - EDGARD ARMOND

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