9 – O orgulho vos leva a vos julgardes mais do que sois,
a não aceitar uma comparação que vos possa rebaixar, e a vos considerardes, ao
contrário, de tal maneira acima de vossos irmãos, seja na finura de espírito,
seja no tocante à posição social, seja ainda em relação às vantagens pessoais,
que o menor paralelo vos irrita e vos fere. E o que acontece, então?
Entregai-vos à cólera.
Procurai a origem desses acessos de demência passageira,
que vos assemelham aos brutos, fazendo-vos perder o sangue frio e a razão:
procurai-a, e encontrareis quase sempre por base o orgulho ferido. Não é acaso
o orgulho ferido por uma contradita, que vos faz repelir as observações justas
e rejeitar, encolerizados, os mais sábios conselhos? Até mesmo a impaciência,
causada pelas contrariedades, em geral pueris, decorre da importância atribuída
à personalidade, perante a qual julgais que todos devem curvar-se.
No seu frenesi, o homem colérico se volta contra tudo, à
própria natureza bruta, aos objetos inanimados, que espedaça, por não o
obedecerem. Ah!, se nesses momentos ele pudesse ver-se a sangue frio, teria
horror de si mesmo ou se reconheceria ridículo! Que julgue por isso a impressão
que deve causar aos outros. Ao menos pelo respeito a si mesmo, deveria
esforçar-se, pois, para vencer essa tendência que o torna digno de piedade.
Se pudesse pensar que a cólera nada resolve,que lhe
altera a saúde, compromete a sua própria vida, veria que é ele mesmo a sua
primeira vítima. Mas ainda há outra consideração que o deveria deter: o
pensamento de que torna infelizes todos os que o cercam. Se tiver coração, não
sentirá remorsos por fazer sofrer as criaturas que mais ama? E que mágoa mortal
não sentiria se, num acesso de arrebatamento, cometesse um ato de que teria de
recriminar-se por toda a vida!
Em suma: a cólera não exclui certas qualidades do
coração, mas impede que se faça muito bem, e pode levar a fazer-se muito mal.
Isso deve ser suficiente para incitar os esforços por dominá-la. O espírita,
aliás, é incitado por outro motivo: o de que ela é contrária à caridade e à
humildade cristãs.
HAHNEMANN - Paris, 1863
10 – Segundo a idéia muito falsa de que não se pode
reformar a própria natureza, o homem se julga dispensado de fazer esforços para
se corrigir dos defeitos em que se compraz voluntariamente, ou que para isso
exigiriam muita perseverança. É assim, por exemplo, que o homem inclinado à
cólera se desculpa quase sempre com o seu temperamento. Em vez de se considerar
culpado, atribui a falta ao seu organismo, acusando assim a Deus pelos seus
próprios defeitos. É ainda uma conseqüência do orgulho, que se encontra
mesclado a todas as suas imperfeições.
Não há dúvida que existem temperamentos que se prestam
melhor aos atos de violência, como existem músculos mais flexíveis, que melhor
se prestam a exercícios físicos. Não penseis, porém, que seja essa a causa
fundamental da cólera, e acreditai que um Espírito pacífico, mesmo num corpo
bilioso, será sempre pacífico, enquanto um Espírito violento, num corpo
linfático, não seria mais dócil. Nesse caso, a violência apenas tomaria outro
caráter. Não dispondo de um organismo apropriado à sua manifestação, a cólera
seria concentrada, enquanto no caso contrário seria expansiva.
O corpo não dá impulsos de cólera a quem não os tem, como
não dá outros vícios. Todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao
Espírito. Sem isso, onde estariam o mérito e a responsabilidade? O homem que é
deformado não pode tornar-se direito, porque o Espírito nada tem com isso, mas
pode modificar o que se relaciona com o Espírito, quando dispõe de uma vontade
firme. A experiência não vos prova, espíritas, até onde pode ir o poder da
vontade, pelas transformações verdadeiramente miraculosas que se operam aos
vossos olhos? Dizei, pois, que o homem só permanece vicioso porque o quer, mas
que aquele que deseja corrigir-se sempre o pode fazer. De outra maneira, a lei
do progresso não existiria para o homem.
TEXTOS DE APOIO
NÃO ESTRAGUE O SEU DIA
A sua irritação não solucionará problema algum.
As suas contrariedades não alteram a natureza das coisas.
Os seus desapontamentos não fazem o trabalho que só o
tempo conseguirá realizar.
O seu mau humor não modifica a vida.
A sua dor não impedirá que o Sol brilhe amanhã sobre os
bons e os maus.
A sua tristeza não iluminará os caminhos.
O seu desânimo não edificará a ninguém.
As suas lágrimas não substituem o suor que você deve
verter em benefício da sua própria felicidade.
As suas reclamações, ainda mesmo afetivas, jamais acrescentarão
nos outros um só grama de simpatia por você.
Não estrague o seu dia.
Aprenda, com a Sabedoria Divina, a desculpar
infinitamente, construindo e reconstruindo sempre para o Infinito Bem.
André Luiz - Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Agenda Cristã
POR QUE
MELINDRAMOS?
“Até mesmo as impaciências, que se originam de contrariedades
muitas vezes pueris, decorrem da importância que cada um liga à sua personalidade,
diante da qual entende que todos se devem dobrar.” Um Espírito Protetor
(Bordéus. 1863) O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO –
Cap. IX, Item 9
Por que nos ofendemos? Por que temos tanta
suscetibilidade em relação a tudo que nos cerca? Quais as razões de encolerizarmos
perante fatos desagradáveis?
Eis três perguntas para as quais devemos dirigir nossa
meditação, caso queiramos entender o que se passa conosco nos desafios do
progresso espiritual.
Iniciemos nossas ponderações conceituando a palavra
ofensa. Existe a ofensa por razões naturais, provenientes do instinto de defesa
e preservação. Através dessas agressões, recebemos da mente os sinais de alerta
para avaliarmos com melhor exatidão e conveniência e o grau de perigo
ou importância do que nos cerca. É natural nos ofendermos com “palavrões”
que causam “dores aos ouvidos sensíveis”, é natural nos ofendermos ao ver dois
seres humanos se agredirem, é mais que justo que nos ofendamos e tenhamos raiva
ao sermos assaltados em uma rua, seria muito natural nos ofendermos quando
formos injustamente julgados pelas pessoas que nos conhecem. A ofensa tem sua
faceta benéfica, porque não devemos aceitar tudo que acontece à nossa volta
passivamente, sem uma reação que nos faça sentir lesados ou ameaçados. O
objetivo desse sentimento será sempre o de nos colocar a pensar na elaboração
de uma conduta ajustada à natureza das agressões que sofremos. Contudo, larga
diferença vai entre a ofensa natural e o melindre, que é a reação neurótica às
ofensas. Melindre é o estado afetivo doente de fragilidade, que dilata a
proporção e natureza das agressões que sofremos do meio. Pequenas atitudes ou delicadas
situações são motivos suficientes para que o portador do melindre se agaste
terrivelmente, fechandose em corrosivo sistema de mágoa e decepção com os
fatos e as pessoas que lhe foram motivo de incômodos e contrariedade. Assim,
aumenta a intensidade do fato e desgastase afetivamente através de imaginações
febris sobre a natureza das ocorrências que lhe afetaram. Sabemos que a mágoa é
o peso energético nascido das ofensas transportadas conosco dia após
dia como fosse um “colesterol da alma”, causando nos males no corpo e no
Espírito. Sabemos também que a irritação é como se fosse dura martelada no
sistema nervoso, levandonos ao interesse e perda energética. Então por que
agasalhar semelhantes malefícios quando temos tanto esclarecimento?
Compreendamos algo sobre os mecanismos da ofensa e da
cólera para avaliarmos sobre as razões que nos inclinam para essa atitude de
desamor, e, fazendo assim, procuremos, igualmente, através do melhor
entendimento oferecer a nós próprios o corretivo, para os problemas de melindre
e contrariedades do dia a dia. Primeiramente deixemos claro que na raiz do
melindre e da ofensa está o orgulho. Vejamos o que nos diz o codificador a
esse respeito: “Julgandose com direitos superiores, melindrese com o que quer
que, a seu ver, constitua ofensa a seus direitos. A importância que, por
orgulho, atribui à sua pessoa, naturalmente o torna egoísta”. 27
O que está por trás da grande maioria das ofensas humanas
são as contrariedades, ou seja, tudo aquilo que não acontece como se gostaria
que acontecesse. Contrariar para a maioria das criaturas significa ser
contra aquilo que se espera, ser nocivo aos planos pessoais, ser prejudicial,
ser desvantajoso. Nessa ótica, tudo aquilo que não ofereça alguma vantagem na
nossa forma de conceber os benefícios da vida é algo inoportuno, indevido, que
não deveria ter ocorrido, gerando reações no mundo íntimo, cujos reflexos poderão
ser percebidos de criação de sentimentos de pessimismo, infelicidade,
desapontamento, animosidade, tristeza e rancor. Excetuando alguns casos de
educação mal orientada na infância, esse “vício de não ser contrariado”
foi adquirido pelo Espírito em suas diversas vilegiaturas reencarnatórias, nas
quais teve todos os interesses pessoais atendidos a qualquer preço. É o
velho hábito da satisfação plena dos desejos da personalidade que, dispondo de
poder e recursos, não hesitou em colher sempre para si mesmo os frutos dos
bens divinos que lhe foram confiados nas transatas experiências. Hoje, renascem
condições que limitam suas tendências de saciação egoísta, instaurando um delicadíssimo
sistema de “revolta silenciosa” quando não consegue o atendimento de seus
interesses, experimentando uma baixa tolerância a frustrações. Essa “revolta” é
o movimento interior de repúdio da alma aos novos quadros da vida a que é
lançada, nos quais é compelido, pela força das circunstancias, a aprender a obediência
aos ditames da Lei Natural, nem sempre afinados com seus gostos e aspirações
individuais. Esse é o preço justo que pagamos pelo costume de ser atendido
em tudo que queríamos no pretérito, quando deveríamos ter aproveitado as ocasiões
de fartura e liberdade para sermos atendidos naquilo que fosse o melhor para
todos. Assim, a alma passa hoje por uma série de pequenas ou grandes
situações na vida, se ofendendo e irritando com quase todas, desde que
contrarie seus interesses individualistas. Um singelo ato de esquecer um
documento ou ainda o simples ato de não ser correspondido num pedido
a um familiar, ou mesmo, não ter sido escolhido para assumir a presidência
da tarefa espírita, todos são motivos para a irritação, o desgaste e a
animosidade, podendo chegar às raias da ofensa, da mágoa e do desequilíbrio. O
estado íntimo nesse passo reproduz a nítida sensação de que tudo e todos
estão contra sua pessoa, e fatos corriqueiros podem se tornar grandes problemas,
enquanto os grandes problemas podem se tornar tragédias lamentáveis...
Os prejuízos desse hábito não cessam com as
contrariedades, porque não se consegue improvisar defesas para um
condicionamento tão envelhecido de hora para outra. Uma faceta das mais comuns
desse “estado de suscetibilidade” aos fatos da vida pode ser verificada na
“neurose de controle”, a qual pode ser entendida como a atitude de tentar levar
a vida de forma a não permitir nenhuma contrariedade, nenhuma decepção. Essa
“neurose” pode ser considerada como uma maneira de se defender do “vício
de não ser contrariado”. Mas não para por aqui essa sequência de expiações na
vida íntima. O esforço em controlar tudo para que as coisas aconteçam “a gosto”
tem como principal metamorfose a preocupação. Preocupação é o resultado de
quem quer ter domínio sobre tudo da sua existência. Surge inesperadamente
ou por uma razão plausível, mas é, em muitas ocasiões, o resultado
oneroso dessa “necessidade de tomar conta de tudo” para não acontecer o
pior, o inesperado. Classifiquemos com maleabilidade nas conceituações três
espécies de dramas que vivem os contrariados:
v Contrariado crônico – é aquele que
não aceitou o próprio ato de reencarnar, já trazendo impresso na aura o
clima de sua insatisfação, que irá refletir em todas as suas realizações. Casos
como esse tendem a transtornos de natureza mental.
v “Colecionador de problemas” – é
aquele que traz, de outras vivências
corporais, o vício da satisfação de interesses pessoais e
que busca seu
ajuste com os atuais quadros de limitação na reencarnação
presente, desenvolvendo a preocupação com problemas reais e irreais em
razão de tentar um controle sobrehumano nos fatos naturais de existência.
v O adulto frustrado – é aquela
criança que foi mal orientada, que teve quase todos os seus desejos e escolhas
atendidas, criando ausência de limites e baixa resistência à frustração. Foi a
criatura impedida pelos
pais de se frustrar com os problemas próprios das
crianças. Em qualquer uma das situações citadas, o sentimento de ofensa será
parte comum na vida dessas criaturas, podendo suscitar pequena ocorrências de
decepção rotineira ou ainda dramas dolorosos da psicopatia, conforme
as tendências e valores
de cada Espírito.
A psicopatologia do futuro verá na contrariedade uma
grave doença mental e a etiologia de severos transtornos da alma. O que importa
a todos nós é o ingente trabalho de renovação no campo dos nossos interesses.
Afeiçoarse com
mais devoção a aceitar as vicissitudes da vida, com resignação e
paciência, fazendo o melhor que pudermos a cada dia em busca da recuperação
pessoal, otimismo, ante os revezes, trabalho perante as perdas, confiança e boa
convivência com amigos de ideal, serviço de amor ao próximo, instrução
consoladora, fé no futuro e boa dose de humildade são as medicações para ofensas
e ofendido na doença do melindre.
Ofendemonos é impulso natural em vista dos
direcionamentos que criamos nas rotas do egoísmo. Contudo, Deus não
criou um sistema de punições para seus filhos e nos concede a
todo instante o direito de perdoarmos. E, perdoar, acima de tudo,
significa aprender a aceitar sua Vontade Sábia e Justa em favor de nossa paz,
na construção de dias mais plenos em sintonia com os grandes interesses do Pai.
27 OBRAS PÓSTUMAS, Allan Kardec –
Primeira Parte: “O egoísmo e o orgulho”.
REFORMA ÍNTIMA SEM MARTÍRIO -
Ermance Dufaux - Psicografado por:
Wanderley Soares de Oliveira
TÓPICOS DA IRRITAÇÃO
Se a irritação já se te fez um hábito, pensa nas
desvantagens dela para que te livres de semelhante desajuste espiritual.
Ora, pedindo à Divina Providência a força precisa a fim
de que te resguardes na tolerância.
Imagina o azedume como sendo um espinheiro magnético,
arremessando raios de energia destruidora em todas as direções.
A intemperança mental nunca auxilia a ninguém.
Uma frase carregada de aspereza, na maioria dos casos,
pode ser figurada como sendo murro no rosto das melhores oportunidades que te
procuram.
Ânimo violento apenas agrava situações e complica
problemas.
O costume de enraivecer-se é um predisponente a moléstias
de trato difícil.
Condenação não edifica.
Ainda que o coração se te mostre ferido, conversa com
serenidade e esclarece com paciência.
Um gesto de gentileza opera prodígios.
CALMA - FRANCISCO
CÂNDIDO XAVIER - EMMANUEL
PACIÊNCIA CONOSCO
Geralmente, a primeira criatura que sofre a violentação
de nossa intemperança mental somos nós mesmos.
Antes de atacarmos o próximo com as irradiações
perturbadoras ou destrutivas da cólera, desintegramos as próprias energias,
convertendo o cérebro num caos e a palavra num estilete invisível, na ação desvairada
de nossa inconseqüência.
Tenhamos serenidade diante de nós, consagrando a
auto-disciplina por diretriz da própria alma, em qualquer circunstância.
Guardemos calma, diante das forças conturbadas que
eventualmente nos cerquem e deixemos o verbo ou a decisão para a hora do
equilíbrio, certos de que a desarmonia, em nós ou fora de nós, é sempre nuvem
pesada de mortíferos dardos de treva, desanimo, aflição e morte.
Tem paciência contigo e usarás a verdadeira tolerância
com os outros.
Cerra as
portas da consciência aos impulsos da animalidade primitivista, não dês guarida
ao raio da violência que te induz a desatinos fatais e aprenderás que a
paciência vale mais que o repouso, simbolizando no firmamento de nosso espírito
o arco-íris da aliança, entre nossa alma e a Harmonia Celeste, elevando-nos a
insignificância de criaturas incipientes e frágeis do Universo para a luz
soberana da Grandeza Divina.
Emmanuel - Livro: Caridade – Psicografia: Francisco C.
Xavier – Espíritos Diversos
TRAÇOS DO ORGULHO
"O orgulho vos induz a julgar-vos mais do que sois;
a não suportades uma comparação que vos possa rebaixar." O ESE, capítulo
IX, ítem 9.
Uma das necessidades mais naturais do ser humano é poder
contar com a aprovação e a admiração alheia, na qual encontra o afeto, o
carinho e o estímulo para a sua caminhada de cada dia. Algumas pessoas, no
entanto, são prejudicadas durante todas as fases da existência, devido a
problemas traumáticos da infância. Tornam-se pedintes viciados da atenção e
reconhecimento dos outros, para preencher a carência de autovalor que não conseguem
encontrar em si mesmas.
Entre esses traumas lamentáveis a que são conduzidas
muitas crianças, verificamos a presença da insensibilidade de muitos pais e
mães no que tange à mais essencial atitude perante elas: amá-las e ajudá-las a
construir um autoconceito centrado na realidade. Alguns tutores, desavisados,
negligentes ou mesmo maldosos vão mais além e ainda promovem escândalos de
rejeição e leviandade com o rebento, deixando marcas emocionais profundas para
o futuro, lnstaura-se, a partir desses delitos morais, uma fixação psicológica
na órbita do ego, que exigirá severo regime reeducativo para se libertar. O que
deveria constituir uma fase de desprendimento da egolatria acaba atingindo o
nível de neurose e perturbação.
Evidentemente, se o Espírito já renasce com uma baixa
autoestima, essas lutas da infância serão agravantes consideráveis na sua
formação mental. Por outro lado, se a alma já angariou autonomia e as diversas
habilidades decorrentes do autoamor, encontrará recursos para superar os dramas
do lar e avançar em direção à maturidade sem maiores dores.
Pani compensar essa carência de estima e admiração, sejam
quais forem suas raízes no tempo, a criatura recorre instintivamente ao orgulho
- sentimento que dilata a sensação de importância pessoal -, com o qual tenta
se proteger das ameaças que experimenta constantemente na vida inconsciente, em
reação ao meio no qual convive. É tão eminente esse processo, que se desenvolve
uma silenciosa competição com todos à sua volta, em crises de narcisismo sutil,
porém, muitas vezes perceptíveis. No fundo, a alma se protege inconscientemente
das agressões sofridas no período infantil ou em vidas anteriores, que lhe
renderam terríveis sentimentos de perda, insegurança e medo.
Quando alguém experimenta essas vivências egocêntricas,
estabelece-se um quadro de atitudes que merece ponderada análise de todos nós,
ante a gravidade que pode atingir o comportamento.
Atividades espirituais nesse contexto emocional ganham
conotação de destaque pessoal, como se fossem grandiosas missões. A cultura
humana estimula tais posturas e premia os servidores adoecidos com status de
pequenos deuses, sobre os quais recai incomparável poder. Caso não utilizem os
antídotos eficazes da oração e da vigilância, da modéstia e da abnegação, tais
tarefeiros podem sucumbir sob pesadas responsabilidades que assumiram, sem se
encontrarem em condições apropriadas para exercê-las harmônica e honestamente.
Os cooperadores orgulhosos tecem uma complexa rede de
vibrações que lhes consomem energia na manutenção de tudo o que possa alimentar
seu personalismo, sua autoimagem exacerbada. O vazio existencial que carregam é
similar a um cruel exaustor de forças, absorvidas pelo circuito mental viciado na
nutrição enfermiça do prestígio pessoal.
O orgulho, em tese, é um sistema que bloqueia ou perturba
a sensibilidade, porque os orgulhosos não gostam de ouvir nem mesmo a própria
consciência, que se expressa no espelho do coração.
Desembaciar esse espelho dos sentimentos é limpar a
impureza da ilusão que distorce a autoimagem.
Listemos, portanto, alguns traços pertinentes aos
tarefeiros espíritas que caminham para essa tênue linha de conduta, em direção
aos despenhadeiros da "insanidade aceitável" nos leitos enfermiços do
orgulho, no intuito de reexaminar condutas e reeducar hábitos enquanto é tempo:
* Esperam ser aceitos em quaisquer situações e não
convivem bem com a crítica.
* Acreditam demasiadamente em sua experiência e conhecimento,
supondo que nada mais necessitam aprender.
* Melindram-se e criam animosidade declarada ou oculta com
quem lhes propõe corrigenda.
* Sentem-se com direitos especiais nas comunidades de que
participam.
* São incapazes de analisar a si mesmos sem arrolarem a
presença das interferências espirituais, criando um mundo de idéias e
imaginações desconectado de seus verdadeiros sentimentos.
* Estão sempre predestinados a fundar grandes obras de
caridade com as quais se autocondecoram em alucinações de grandeza.
* Muitos chegam a achar justos os tributos materiais que
se lhes oferecem para compensar os sacrifícios na tarefa.
* Abusam da credulidade alheia com teorias espirituais no
despertamento de paixões afetivas com as quais procuram preencher suas próprias
carências.
* Falam excessivamente de si mesmos e raramente valorizam
as experiências alheias.
* Só encontram explicações para os problemas humanos com
base na fenomenologia mediúnica, estimulando o misticismo e a ignorância.
* Submetem suas escolhas mais singelas à opinião dos
guias.
* Adotam rejeição sistemática a quem fuja dos padrões
morais que nem eles ainda conseguiram viver para si mesmos, repetindo pela vida
afora a atitude de seus educadores infantis.
* Supõem-se serem indispensáveis aos projetos da causa
espírita.
Façamos um exame sincero em tais condutas para não nos
julgarmos ser mais do que realmente somos.
Ermance Dufaux – Prazer de Viver – Wanderley Soares de
Oliveira
EM TORNO DA
IRRITAÇÃO
Observação estranha, mas fato real. As ocorrências da
irritação aparecem muito mais freqüentemente nos caracteres enobrecidos.
Espécie de enfermidade da retidão, se a retidão pudesse adoecer.
A pessoa percebe a
grandeza da vida, acorda para a responsabilidade, consagra-se à obrigação e
passa a prestigiar disciplina e tempo; adquirindo mais ampla noção do dever,
que reconhece precisa exprimir-se irrepreensivelmente executado, supõem-se com mais
vasta provisão de direitos. E, por vezes, leva mais longe que o necessário a faculdade
de preservá-los e defendê-los, iniciando as primeiras formações de
irascibilidade, através da superestimação do próprio valor. Instalado o
sentimento de auto importância, a criatura abraça facilmente melindres e mágoas,
diante de lutas naturais que considera por incompreensões e ofensas alheias.
Chegando a esse
ponto, as vítimas desse perigoso síndroma, vinculado à patologia da mente,
surgem perante os mais íntimos na condição de enfermos prestimosos, amados e
evitados, de vez que não se lhes pode ignorar a altura moral e nem adivinhar o momento
da explosão. E porque o mau-humor dos espíritos respeitáveis, pelo trabalho que
exercem e pela conduta que esposam, dói muito mais que a leviandade de
criaturas menos afeitas à dignidade e ao serviço, semelhantes companheiros
estimáveis e preciosos são procurados tão-somente em regime de exceção ou
postos à margem pela gentileza dos outros, interpretados à conta de amigos
temperamentais ou nervosos distintos.
Examinemos a nós
mesmos.
Dirijamos para
dentro da própria alma o estilete da introspecção.
Se a agressividade
nos assinala o modo de ser, tratemos do caráter enfermiço, com a mesma atenção
com que se medica um órgão doente. E se nossa consciência jaz tranqüila , na
certeza de que temos procurado realizar o melhor ao nosso alcance, no aproveitamento
das oportunidades que o Senhor nos concedeu, estejamos serenos na dificuldade e
operosos na prática do bem, à frente de quaisquer circunstância, lembrando-nos de
que a erva-de-passarinho asfixia de preferência as árvores nobres e a tiririca
se alastra , como verdadeira calamidade, justamente na terra boa.
LIBERTE A VOCÊ
Lábios envenenados pelo fel da maledicência não conseguem
sorrir com verdadeira alegria.
Ouvidos fechados
com a cera da leviandade não escutam as harmonias intraduzíveis da paz.
Olhos empoeirados
pela indiscrição não vêem as paisagens reconfortantes do mundo.
Braços inertes na
ociosidade não conseguem fugir à paralisia.
Mente prisioneira
no mal não amealha recursos para reter o bem.
Coração incapaz de
sentir a fraternidade pura não se ajusta ao ritmo da esperança e da fé.
Liberte a você de
semelhantes flagelos.
Leis indefectíveis
de amor e justiça superintendem todos os fenômenos do Universo e fiscalizam as
reações de cada espírito. Assim, pois, no trabalho da própria renovação, a criatura
não pode desprezar nenhuma das suas manifestações pessoais, sem o que dificilmente
marchará para a Vanguarda de Luz.
Livro Estude E Viva - Francisco Cândido Xavier E Waldo
Vieira Pelos Espíritos Emmanuel E André Luiz
TRANSFORME SUA
RAIVA EM SOLUÇÕES
"O orgulho vos induz a julgar-vos mais do que sois;
a não suportardes uma comparação que vos possa rebaixar; a vos considerardes,
ao contrário, tão acima dos vossos irmãos, quer em espírito, quer em posição
social, quer mesmo em vantagens pessoais, que o menor paralelo vos irrita e
aborrece. Que sucede então? - Entregai-vos à cólera." Um Espírito protetor
(Bordéus, 1863). 0 Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 9, item 9.
O sentimento ou emoção da raiva é um indício emocional de
autoconhecimento muito valoroso. Assim como as demais emoções primárias ou
básicas, tais como medo, tristeza, amor e alegria, ela nos conduz a algum tipo
de ajuste à vida real. Na história evolutiva, o sentimento da raiva é uma das
mais antigas conquistas no patrimônio da alma, cuja finalidade é proteção
pessoal. Diante de alguma agressão ou perigo, essa emoção visa à adaptação com
intuito defensivo.
A raiva faz parte do grupo das chamadas emoções
mobilizadoras, ou seja, aquelas que servem para acionar nosso instinto de
conservação perante um perigo real ou que esteja prestes a acontecer. Sua
função terapêutica na ecologia da vida emocional é exercitar em nós a
criatividade para escolher e adotar atitudes que nos adaptem de forma justa e
saudável diante das agressões, desafios ou riscos.
Sua energia, portanto, é uma fonte de criação para ser
usada no desenvolvimento de soluções. Entretanto, fazer contato com essa
energia e usá-la para seu fim nobre na criação de alternativas inteligentes
exige educação e treino. Na ausência dessas habilidades emocionais, podem
surgir os acontecimentos trágicos da violência e da agressividade
descontrolada.
As emoções primárias são instintivas, fazem parte da
natureza humana, mas, ao longo da evolução, devido a sucessivas experiências
culturais e comportamentais, criamos diversas formas de reagir a todas elas e
desenvolvemos os padrões de comportamento, que são estruturas mentais
funcionando por automatismo na vida inconsciente. Por conta desses padrões,
nasceram as chamadas emoções reacionais ou secundárias, que criaram mutações complexas
em nossa vida afetiva.
Na constelação da raiva, por exemplo, possuímos alguns
indicadores marcantes dessa multiplicidade de expressões bastante comuns à
maioria das pessoas, quais sejam: desgosto, desânimo, indignação, irritação,
insatisfação, solidão, desistência, ódio, vingança, amargura, aversão,
antipatia, decepção, desapontamento, desconfiança, hostilidade, ira, mau humor,
rancor, rejeição, ressentimento, sufoco, tédio, medo, tristeza, vergonha,
depressão, impotência, entre outras. Essas são variações de um mesmo sentimento
que adota natureza própria com constituição vibratória peculiar a cada mutação
e com influências variadas nos corpos espiritual e físico.
Há quem diga que não sente raiva, mas, ao analisarmos
esse vasto espectro de sentimentos e condutas, fica claro que este e um caso ae
ausência de consciência emocional, a qual nos permitiria entender as relações
entre emoções primárias e suas infinitas variações na órbita da vida emocional.
Afinal, não há como viver sem raiva.
Para tornar mais prática e compreensível as nossas
anotações sobre esse sentimento, examinemos uma de suas máscaras mais
pertinentes no comportamento humano, a mágoa.
A raiva é uma emoção, e a mágoa, por sua vez, brota de
uma forma inadequada de lidar com aquele acontecimento ofensivo e recebe a
qualificação de estado porque perdura no tempo. Aliás, esta talvez seja uma das
variações emocionais com maior capacidade de persistir no tempo.
Esse estado de mágoa passa a gerenciar vários padrões de
pensamento e comportamento que nos sufocam a níveis emocionais tão severos que
podem se transformar em ódio, vingança e tragédia.
Quem se faz de vítima diante da mágoa usa sua raiva
contra o outro tentando ignorar sua parcela de responsabilidade para que o fato
lesivo ocorresse. Mágoa, todavia, é um contrato bilateral das relações humanas,
ou seja, ela não existe sem que haja um ofensor e um ofendido, sem alguém que
faça algo para que o outro se sinta lesado mesmo que não tenha havido essa
intenção. No entanto, lesar ou ser lesado depende muito das formas de construir
a relação e do entendimento de cada qual nesse processo.
Não importa em que situação estejamos, se houve mágoa,
encontramo-nos diante de um alerta da vida emocional dizendo: "Sua
autenticidade está sendo ameaçada, sua vida está precisando de proteção, você
está esperando da vida ou das pessoas o que elas não podem ou querem dar a
você.". É o alerta da raiva propondo proteção.
Cientes de que a mágoa pertence à órbita da raiva, cuja
função é acionar soluções para nos proteger, as perguntas seriam:
0 que a mágoa sufoca em mim?
Que lesão essa mágoa causou em mim para que eu me sinta
ofendido?
Até onde fui responsável pela existência desse
sentimento?
Que alternativas na conduta posso adotar para evitar a
natureza das lesões que me magoaram?
Com as respostas a essas perguntas, podemos encontrar
caminhos criativos de saída para a raiva, porque ela será direcionada para
desenvolver um processo interior de criatividade a respeito do acontecido e
formular ações eficientes e protetivas. Por outro lado, ao nos abstrairmos
desse uso terapêutico e libertador, encarceramo-nos no calabouço da ofensa e
sofremos a tortura da dor do ressentimento.
Para que perguntas dessa natureza funcionem, basta pensar
em algum episódio do relacionamento recente, que este e um caso de ausência de
consciência emocional, a qual nos permitiria entender as relações entre emoções
primárias e suas infinitas variações na órbita da vida emocional. Afinal, não
há como viver sem raiva.
Para tornar mais prática e compreensível as nossas
anotações sobre esse sentimento, examinemos uma de suas máscaras mais
pertinentes no comportamento humano, a mágoa.
A raiva é uma emoção, e a mágoa, por sua vez, brota de
uma forma inadequada de lidar com aquele acontecimento ofensivo e recebe a qualificação
de estado porque perdura no tempo. Aliás, esta talvez seja uma das variações
emocionais com maior capacidade de persistir no tempo.
Esse estado de mágoa passa a gerenciar vários padrões de
pensamento e comportamento que nos sufocam a níveis emocionais tão severos que
podem se transformar em ódio, vingança e tragédia.
Quem se faz de vítima diante da mágoa usa sua raiva
contra o outro tentando ignorar sua parcela de responsabilidade para que o fato
lesivo ocorresse. Mágoa, todavia, é um contrato bilateral das relações humanas,
ou seja, ela não existe sem que haja um ofensor e um ofendido, sem alguém que
faça algo para que o outro se sinta lesado mesmo que não tenha havido essa
intenção. No entanto, lesar ou ser lesado depende muito das formas de construir
a relação e do entendimento de cada qual nesse processo.
Não importa em que situação estejamos, se houve mágoa,
encontramo-nos diante de um alerta da vida emocional dizendo: "Sua
autenticidade está sendo ameaçada, sua vida está precisando de proteção, você
está esperando da vida ou das pessoas o que elas não podem ou querem dar a
você.". É o alerta da raiva propondo proteção.
Cientes de que a mágoa pertence à órbita da raiva, cuja
função é acionar soluções para nos proteger, as perguntas seriam:
0 que a mágoa sufoca em mim?
Que lesão essa mágoa causou em mim para que eu me sinta
ofendido?
Até onde fui responsável pela existência desse
sentimento?
Que alternativas na conduta posso adotar para evitar a
natureza das lesões que me magoaram?
Com as respostas a essas perguntas, podemos encontrar
caminhos criativos de saída para a raiva, porque ela será direcionada para
desenvolver um processo interior de criatividade a respeito do acontecido e
formular ações eficientes e protetivas. Por outro lado, ao nos abstrairmos
desse uso terapêutico e libertador, encarceramo-nos no calabouço da ofensa e
sofremos a tortura da dor do ressentimento.
Para que perguntas dessa natureza funcionem, basta pensar
em algum episódio do relacionamento recente, em como ele aconteceu e em como
nos sentimos feridos, e iniciar essa investigação corajosa focada em nós, e não
no ofensor, formulando as perguntas anteriormente indicadas e outras que possam
nos ajudar a decifrar a finalidade defensiva daquela dor.
Uma das razões mais presentes para camuflarmos a raiva em
nossa conduta é a necessidade de passarmos aos outros uma imagem de que estamos
no controle, de que somos fortes o suficiente para suportar aquela ferida e de
que nada nos atinge. É assim que, além da dor interior, ainda nos impomos uma
força que não possuímos para sustentar uma imagem falsa de nós mesmos. Isso
aumenta ainda mais o ciclo de raiva e sofrimento, porque o ressentimento não é
outra coisa senão a lesão que nós imputamos a nós mesmos por não sabermos lidar
bem com a lesão que o outro deixou em nós.
Podemos concluir, depois desse exame singelo sobre a
mágoa, que a raiva mal orientada, por certo, é um dos sentimentos que mais nos
afasta de nós mesmos, de nossa autenticidade, de nossa real condição interior,
e nos fragiliza e agride em contextos que não estamos nos dispondo a avaliar.
Não será exagero afirmar que, quando a raiva se apodera de nosso coração em
relação a alguém, existe uma enorme chance de estarmos decepcionados é com nós
mesmos, e isso é bem mais difícil e desconfortável de examinar, considerando
que o padrão mental do orgulho é um dos gestores mais habituais da mágoa.
"O orgulho vos induz a juigar-vos mais ao que sois;
a não suportardes uma comparação que vos possa rebaixar; a vos considerardes,
ao contrário, tão acima dos vossos irmãos, quer em espírito, quer em posição
social, quer mesmo em vantagens pessoais, que o menor paralelo vos irrita e
aborrece. Que sucede então? - Entregai-vos à cólera."
Como é raro admitir em nós a existência daquilo que dizem
sobre nós ou ter a coragem de saber usar com habilidade a raiva diante dos
golpes da vida, para encontrar caminhos inteligentes que nos coloquem em condições
de crescer e avançar!
As hostilidades da vida que nos causam tanta dor e
descontrole são como um buril que visa a lapidar nossas arestas,
transformando-nos em diamantes ricos de beleza, que possam refletir a luz
celeste do bem e do amor. Tudo depende de como nos comportamos diante das
lapidações que a vida nos apresenta.
Livro: Emoções que curam – Ermance Dufaux – Wanderley Oliveira
NECESSIDADE DE PAZ
Achávamo-nos em Pedro Leopoldo, no Centro Espírita Luiz
Gonzaga, aguardando a reunião pública de estudos da nossa consoladora Doutrina.
Falávamos de paz, da necessidade da paz no atual momento
em nossos caminhos na Terra. Considerávamos a vigilância que nos cabe observar
nas atitudes e ocorrências do dia-a-dia.
Convidados aos trabalhos, O Evangelho Segundo o
Espiritismo nos deu a exame o item 9 do seu capítulo IX, intitulado “A Cólera”,
e vários confrades fizeram valiosas apreciações do conjunto.
Ao término da reunião, foi Emmanuel o mensageiro desta
página psicografada.
BOMBEIROS DE DEUS
Emmanuel
Temos diversas formas de auxiliar:
suprimir a penúria;
estender a beneficência;
criar a generosidade;
consolar o sofrimento.
Existe, porém, uma delas ao alcance de todos e que pode
ser largamente exercida em qualquer lugar: o donativo da calma nos momentos
atribulados da vida.
Recorda os bens espirituais que consegues distribuir e
não marginalizes semelhante recurso.
Diante de reclamações e críticas, usa a tolerância que
estabeleça a harmonia possível entre acusados e acusadores; recebendo injúrias
e ofensas, silencia e esquece os desequilíbrios de que por ventura te fizeste
vítima, sustando calamidades da delinqüência; perante a agressividade exagerada
de alguém, guarda a serenidade que balsamize corações e pacifique ambientes;
encontrando veículos de discórdia, emprega o entendimento que afaste choques e
conflitos capazes de suscitar azedume e perturbação.
Em qualquer lance difícil da existência, dispões da
possibilidade de atuar beneficamente com os recursos da bondade e da
compreensão que entretecem a garantia da paz.
Lembra a faísca lançada impensadamente quando se
transforma em fogo descontrolado e devorador.
Qualquer criatura, quando se mostre agindo sem noção de
responsabilidade, pode gerar incêndios lamentáveis, destruindo os mais altos
valores da vida.
Por isso mesmo, onde estivermos, sejamos nós os bombeiros
de Deus.
Livro: Caminhos de Volta - Psicografia: Francisco C.
Xavier -
A ARTE DE
INTERROGAR
"Segundo a idéia falsíssima de que lhe não é
possível reformar a sua própria natureza, o homem se julga dispensado de
empregar esforços para se corrigir dos defeitos em que de boa-vontade se
compraz, ou que exigiriam muita perseverança para serem extirpados." E.S.E.
capítulo 9, ítem 10
Não são poucos os companheiros que demonstram silencioso
desespero quando percebem que o esforço pessoal de melhoria parece insuficiente
ou sem resultados. Entregaram-se às fileiras de amor ao próximo e à escola do
conhecimento espiritual, mas continuam asilando impiedoso sentimento de
frustração ao partirem para as lutas reeducativas, nos deveres de cada dia.
Alegam que vigiam o pensamento e oram fervorosamente pedindo auxílio, no
entanto dizem-se perseguidos por uma "força maior" que lhes distrai e
domina-lhes os impulsos, que fazem o que não têm intenção de fazer, sendo
levados a atitudes não desejadas ou escolhidas. Nasce então o conflito, seguido
de sentimentos punitivos que passam a povoar o coração, quais sejam a tristeza
e a angústia, a vergonha e o desânimo. Instala-se assim o desespero mudo e
desgastante que assola inúmeros aprendizes do crescimento espiritual.
Estariam, porventura, exercendo inadequadamente sua
reforma? Semelhante ciclo de frustração necessariamente faz parte do programa
de transformação e crescimento? Faltaria alguma postura para tornar o esforço
mais produtivo? Essas são indagações que devem fazer parte das meditações de
quantos anseiam pela promoção de si mesmos, seja nos grupos de nossa causa ou
nas avaliações pessoais.
Sem recolhimento e introspecção educativa não teremos
respostas claras e indispensáveis na elaboração do programa de
autoconhecimento. Imprescindível efetuar perseverante investigação no que se
chama "força maior".
Será uma compulsão? Um Espírito? Um trauma? Uma
tendência? Um recalque? Uma fixação de "outras vidas"? Uma patologia
física? Um impulso adquirido na infância? Uma lembrança da erraticidade? Um
problema surgido na gestação maternal? Uma emersão de recordações das
atividades noturnas? Uma influência passageira e intermitente ou uma obsessão
progressiva? Uma contaminação fluídica por "nuvens de ideoplastia"
dos pensamentos humanos? A irradiação magnética dos ambientes? Qual a origem e
natureza das forças que nos cercam?
Será muito simplismo a atitude de responsabilizar
obsessores e reencarnações passadas como causa daquilo que sentimos, e que não
conseguimos explicar com maior lucidez. Em alguns casos chega a ser mesmo um ato
de invigilância.
Que variedade de opções soma-se nas viagens da evolução
para explicar as lutas espirituais que hoje enfrentamos! Apesar disso, não
guardamos dúvidas em afirmar que o labor iluminativo de todos nós tem um ponto
comum: a urgente necessidade da educação dos sentimentos.
A etimologia da palavra educação significa "trazer à
luz uma idéia", vem do latim educare ou educere - prefixo "e"
mais ducare ou durere - levar para fora, fazer sair, extrair, tlrar.
Filosoficamente é fazer a idéia passar da potência ao ato,
da virtualidade à realidade.
A luz dos conceitos espíritas, educar é ir de encontro
aos germens da perfeição que se encontram potencializados na alma desde a sua
criação, é despertar, dinamizar as qualidades superiores que todos trazemos nas
profundezas da vida inconsciente.
Frente ao montante de lutas e conflitos que amealhamos na
afanosa caminhada do egoísmo, fica a indagação: como educar sentimentos para
adquirir reações e interesses novos afinados com esses "valores excelsos"
depositados em nós mesmos?
Justo agora em que a ciência avança na busca de novas
alternativas para que o homem entenda a si mesmo, verificamos uma lastimável
epidemia de racionalização varrendo todas as sociedades mundanas, impedindo o
homem de mover-se com o necessário domínio sobre sua vida emocional.
A educação de nossos sentimentos é algo doloroso,
semelhante a "cirurgias corretivas" que fazem do mundo emocional um
complexo de vivências afetivas de longo curso, quais sejam: a renúncia de
hábitos, a perda de expectativas, a ansiedade por novas conquistas, a tristeza
pelo abandono de vínculos afetivos, os conflitos de objetivos, a vigilância na
tentação, o contato com o sentimento da inferioridade humana, a tormenta da culpa,
a severidade na cobrança, a sensação de esforço inútil, a causticante dúvida
sobre quem somos e o que sentimos, a insatisfação perante tendências que teimam
em persistir, o desgaste dos pensamentos nocivos que burlam a vontade, o medo
de não conseguir superar-se, os desejos inconfessáveis que humilham os mais
santos ideais, o sentimento de impotência ante os pendores, a insegurança nas
escolhas e outros tantos "dramas afetivos".
"Formulai, pois, de vós para convosco, questões
nítidas e precisas e não temais multiplicá-las. Justo é que se gastem alguns
minutos para conquistar um felicidade eterna. Eis a feliz recomendação de Santo
Agostinho.
O sábio de Hipona acrescenta: "Dirigi, pois, a vós
mesmos perguntas, interrogai-vos sobre o que tendes feito e com que objetivo
procedestes em tal ou tal circunstância, sobre se fizestes alguma coisa que,
feita por outrem, censuraríeis, sobre se obrastes alguma ação que não ousaríeis
confessar: Perguntai ainda mais: "Se aprouvesse a Deus chamar-me neste
momento, teria que temer o olhar de alguém, ao entrar de novo no mundo dos
Espíritos, onde nada pode ser ocultado? (O Livro dos Espíritos)
Portanto, essa educação das emoções é o imperativo de
penetrarmos "partes ignoradas" de nossa intimidade espiritual no
resgate de valores divinos adormecidos.
Considerando a extensão do trabalho a ser feito, anotemos
algumas diretrizes práticas que não devemos olvidar, a fim de renovarmos o
desalento que pode ser absorvido pelo clima da esperança motivadora e do
consolo reconfortante, quando peregrinamos pelos escaninhos do desconhecido
país de nós próprios, guardando mais lúcida visão no serviço da autoconquista
pelo estudo de nossas reações:
* As intenções são o "dial da consciência".
Por elas sintonizamos com as faixas mentais que desejamos
naturalmente ou que escolhemos pelo poder de decisão da vontade. Conhecê-las
naquelas vivências e identificar seu teor moral será rica fonte informativa
sobre a vida subconsciencial: com que intenção pratiquei tal ato? Qual a
intenção ao dizer algo a alguém?
* Aprendamos a dar nome aos sentimentos que vivenciamos a
fim de dilatar o discernimento sobre a vida emocional; escolha um episódio de
teu dia e interrogue perseverantemente: que sentimento estava por traz daquele
acontecimento?
* Cuidemos de não ampliar nossas refregas íntimas com
mecanismos de fuga e suposta proteção como a negação daquilo que sentimos. Se
não tivermos coragem para o enfrentamento interior, não faremos muito progresso
na arte de descobrir nossas mazelas e mesmo nossas qualidades. Imprescindível
será admitir o que sentimos, sem medos e subterfúgios de defesa, mas com muita
responsabilidade para que não penetremos os meandros da fantasia: por que senti
(nomear o sentimento) em relação a essa criatura? Qual a razão desse meu
sentimento em circunstâncias como a que experimentei?
* Nossas reações aos desafios da vida, mesmo que não
sejam felizes expressões de equilíbrio, são valorosas medidas aferidoras dos
nossos sentimentos. Indaguemos sempre em cada ocasião do caminho: qual o
sentimento nos "impulsionou" nessa ou naquela situação?
* Cultivar a empatia. Aprender a se colocar no lugar do
outro e sentir o que sente, entender-lhe as razões e procurar estudar os
motivos emocionais de cada pessoa. Todos temos uma razão no reino do coração
para fazer o que fazemos, então questionemos: por que motivo aquela pessoa agiu
assim comigo? Que motivações levam alguém a fazer o que fez?
Portanto, como diz Hahnemann em nossa introdução, nossa
tarefa reeducativa exige muita perseverança e esforço. Isso leva muitos a
preferirem a ilusão de cultivar a idéia falsíssima de que é impossível mudar
nossa natureza. Ledo engano!
Deveríamos nos dar por muito satisfeitos no dia de hoje
pelo simples fato de não recorrermos intencionalmente ao mal.
O grave equívoco é que muitos lidadores da Nova Revelação
acreditam que renovar é angelizar!!!
Livro: Reforma Intima sem Martirio -Espírito Ermance
Dufaux – Wanderley de Oliveira
EM QUE PONTO DA
EVOLUÇÃO NOS ENCONTRAMOS
"Segundo a idéia falsíssima de que lhe não é
possível reformar a sua própria natureza, o homem se julga dispensado de
empregar esforços para se corrigir dos defeitos em que de boa-vontade se
compraz, ou que exigiriam muita perseverança para serem extirpadas." E.S.E.
CAPÍTULO 9, ÍTEM 10
O Espiritismo é a Resposta do Alto em favor da humanidade
desnorteada. Esclarece de onde viemos, e para onde vamos e o que fazemos quando
na vida terrena. Sem dúvida, Doutrina Espírita é o facho de luz que faltava aos
raciocínios do homem materialista. Contudo, a sua clareza meridiana, para
inúmeros adeptos, não ultrapassa a condição de princípios universais com pouca
utilidade encontro das respostas a tais questões, quando focadas no terreno da
individualidade.
O que significa no imo da alma cada uma dessas indagações
acima mencionadas? Pergunte a um aprendiz espírita de larga vivência
doutrinária se tem noções claras sobre a origem de sua reencarnação;
indague-se, de outros se conhecem os objetivos essenciais de suas metas
reencarnatórias, ou ainda consulte-os sobre o que espera para si depois do
trespasse carnal! Quase sempre ouviremos respostas evasivas, próprias da
infância espiritual que ainda assinala nossa caminhada rumo à maturidade.
De onde viemos, para onde vamos e a razão da vida no
corpo quase sempre são apenas informações sem aprofundamento. Nem sempre
conhecer os fundamentos filosóficos significa conscientização. Temos noçõe de
espiritualidade, compete-nos agora construir o caminho pessoal de
espiritualização, proceder à aquisição vivênciais singulares, únicas e
incomparáveis, estritamente individuais, a que somos chamados na linha do
crescimento e da ascensão. Conhecemos as bases filosóficas, falta-nos saber
filosofar, aprender a pensar, tornarmo-nos agentes transformadores de nossa
história, isso é educação.
Discípulos sem conta, tomados de ilusão e personalismo,
acreditam serem depositários de virtude e grandeza, tão somente, em razão de
possuírem alguns "chavões espíritas" para todas as questões que
tangenciam os problemas humanos. Utilizando-se de reencarnação, mediunidade e
todo o conjunto de fundamentos filosóficos, postam-se como decifradores circunstanciais
de enigmas da vida alheia, entretanto nem para si mesmos possuem suficiente
esclarecimento na edificação da paz interior. Não se aprofundam nos dramas
íntimos que carregam em si próprios, sendo constrangidos em inúmeras ocasiões a
desconfortável encontro com sua sombra, quando então são compelidos pela dor e
pela frustração, diante do labirinto de seus problemas, a pensar e repensar as
suas lutas, aprofundando a sonda da razão nas causas ignoradas de suas reações
e atitudes, pensamentos e emoções.
Renovação é trabalho lento e progressivo, muito embora
avançado número de aprendizes espíritas assaltados por ilusões tem favorecido a
morosidade ou o estacionamento em desfavor de si mesmos. Muitas crenças
desprovidas de bom senso e vigilância, nascidas de raciocínios confusos, têm
servido de obstáculo ao serviço transformador nas sendas doutrinárias. Uns
querem caminhar mais rápido do que podem, outros desacreditam que podem superar
a si mesmos. Esses últimos, porém, os que deixaram de acreditar em si mesmos,
são aqueles que Hahnemann situa em sua fala: "Segundo a idéia falsíssima
de que lhe não é possível reformar a sua própria natureza, o homem se julga
dispensado de empregar esforços para se corrigir dos defeitos em que de
boa-vontade se compraz, ou que exigiriam muita perseverança para serem
extirpados. "
Crenças enfermiças têm tomado conta da vida mental de
muitas criaturas que se permitem acreditar não serem capazes de vencer-se. É
assim que ouvimos com freqüência algumas expressões de derrotismo que traduzem a
desesperança de muitos corações que, em tese, já decidiram por "servir a
dois senhores", conforme a prédica evangélica. Frases como: "estou
cansado da vida, não posso mais caminhar, preciso de um tempo!", "não
possuo qualidades suficientes para operar minha renovação!", "quem
sou eu para chegar a esse ponto de evolução!", "não dou conta dessas
propostas, são muito exigentes!", e outras tantas falas semelhantes que
desfilam nas passarelas do desculpismo são os sinais evidentes daqueles que
optaram ou estão prestes a optarem pelos caminhos largos da vida, renunciando à
batalha pela conquista da porta estreita das escolhas vitoriosas.
Decerto, a nenhum de nós será pedido mais do que pudermos
dar. Todavia, muita acomodação e descuido têm acontecido nas fileiras
educativas do Espiritismo, tão somente porque os discípulos não têm se armado
de suficiente humildade para reconhecerem consigo mesmos a natureza e extensão
de suas imperfeições. Muitos, apesar do conhecimento, têm preferido os leitos
confortáveis da ilusão acreditando-se melhores do que realmente são. Sob o
fascínio do orgulho, sentem vergonha, medo de se exporem e profunda tristeza
por verem-se a braços com mazelas das quais já gostariam de terem superado, mas
que ainda muito lhes agrada. E é nesse clima de profundo desconforto
consciencial que a alma evolve. Premido pela tristeza das atitudes que já
gostaria de se ver livre é que nasce o impulso para a transformação e o
progresso. Contudo, é aqui também que muitos têm se entregado e desistido ante
os apelos quase irresistíveis da atração para a queda.
Imprescindível elastecermos noções sobre o estágio em que
nos encontramos, para administrar com mais sabedoria e equilíbrio o conflito
que se instala em nosso íntimo entre o que devemos fazer, o que queremos fazer
e o que podemos fazer. Posições extremistas têm instaurado dores
desnecessárias. Há homens e mulheres espíritas com vetustos instintos
animalescos que querem ser anjos do "dia para a noite", nos campos de
sua espiritualização. Outros, por sua vez, são detentores de larga soma de
conquistas, entretanto julgam-se incapacitados, aprisionados a chavões
negativistas que os fazem sentirem-se vermes rastejantes nas fileiras da vida.
O resultado inevitável dessas visões distorcidas é o martírio. Portanto,
ampliemos o raio de entendimento sobre o estágio em que nos encontramos. Para
se chegar a algum lugar melhor, alcançar alguma meta maior, torna-se imperioso
conscientizar sobre onde nos encontramos na evolução. Sem saber onde estamos,
caminharemos para lugar algum ...
Levamos milhões de anos vividos na irracionalidade até
alcançarmos a hominalidade. Como hominais alcançamos na arte de pensar, mas nem
por isso será justo, no conceito cósmico, dizermo-nos civilizados, conforme nos
asseveram os Nobres Guias: "( ... ) não tereis verdadeiramente o direito
de dizer-vos civilizados, senão quando de vossa sociedade houverdes banido os
vícios que a desonram e quando viverdes como irmãos, praticando a caridade
cristã. Até então, sereis apenas povos esclarecidos, que hão percorrido a
primeira fase da civilização .. (O Livro dos Espíritos, q. 793)
A esse respeito o senhor Allan Kardec interrogou a
Sabedoria dos Imortais:
"Uma vez no período da humanidade, conserva o
Espírito traços do que era precedentemente, quer dizer: do estado em que se
achava no período a que se poderia chamar ante-humano?"
"Conforme a distância que medeie entre os dois períodos
e o progresso realizado. Durante algumas gerações, pode ele conservar vestígios
mais ou menos pronunciados do estado primitivo, porquanto nada se opera na
Natureza por brusca transição. Há sempre anéis que ligam as extremidades da
cadeia dos seres e dos acontecimentos. Aqueles vestígios, porém, se apagam com
o desenvolvimento do livre-arbítrio. Os primeiros progressos só muito
lentamente se efetuam, porque ainda não têm a secundá-los a vontade. Vão em
progressão mais rápida, à medida que o Espírito adquire perfeita consciência de
si mesmo. " (O Livro dos Espíritos, q. 609)
Na questão em epígrafe consta: "Os primeiros
progressos só muito lentamente se efetuam, porque ainda não têm a secundá-los a
vontade. Vão em progressão mais rápida, à medida que o Espírito adquire
perfeita consciência de si mesmo. " Imprescindível ao nosso
aperfeiçoamento moral será saber em que estágio nos situamos a fim de não
tropeçarmos em velhas ilusões de grandeza. Em verdade, apenas iniciamos o
serviço de auto-aprimoramento. O trajeto das poucas conquista que amealhamos
foi realizado, preponderantemente, na horizontalidade dos valores cognitivos.
Somente agora damos os primeiros passos para a verticalização em direção às
habilidades da consciência de si no terreno dos sentimentos. Precisamos
constatar que nada mais somos, por enquanto, que criaturas que ensaiamos nossos
primeiros passos para sair de "primitivismo moral", rumo à humanização
ou "hominização integral".
Apesar de já peregrinarmos há milênios no reino hominal,
ainda não nos fizemos legítimos proprietários da Herança Paternal a nós
confiada. Não será impróprio dizer que somos "meio humanizados" ...
Contudo, apesar dessa radiografia de nosso estágio
evolutivo, existe muita vertigem provocada pelo orgulho em razão de nossa pouca
competência em nos autoavaliar. Dentre elas, como aquela que se pode assinalar
como sendo acentuadamente prejudicial aos ideais de transformação interior
vamos encontrar o desejo infantil que acompanha a muitos, de tomarem de assalto
a angelitude instantânea.
Pois se mal deflagramos o labor de assumir a condição
hominal, como agir como anjos?
Entre a angelitude e a hominalidade existe a semeadura
fértil da humanização. Carecemos primeiramente nos consolidarmos como seres
humanizados e descortinar todas as conquistas próprias dessa etapa para então,
posteriormente, galgarmos novos patamares. naturalmente.
Desejando santificação, muitos aprendizes da Nova
Revelação descuidam de pequenas lições educativas da ascensão passo a passo,
vivendo uma "reforma idealizada" e não sentida. Como conceber almas
educadas na mensagem da Boa Nova Espírita, pois, algumas vezes, a criatura
afeiçoada às lições doutrinárias não é capaz de utilizar com responsabilidade e
correção um banheiro higiênico no próprio lar?
O melhor e mais ajustado sentido para o trabalho interior
de melhoria pode ser compreendido como a conquista da consciência de si, a
aquisição do patrimônio da divindade que dormita no imo de nós próprios, desde
os primórdios da criação. Menos do que vencer as sombras interiores, o desafio
da reforma espiritual requer a capacidade de criar o bem em nós pela fixação
dos valores novos . Mais que evitar o mal é necessário saber desenvolver
habilidades eternas.
Reforma Íntima é o serviço gradativo da instauração das
virtudes celestes, a aquisição da consciência desse tesouro, o qual todos somos
convocados a tomar posse perante a lei natural do progresso.
O mal será transformado em bem através de seus opostos, o
medo será renovado aprendendo a exercer coragem, a inveja sofrerá mutação pelo
exercício da abnegação, a avareza será metamorfoseada à medida em que nos
habilitarmos ao exercício do desprendimento, a irritação será convertida pela
aquisição da serenidade.
Evitemos conceber mudança interior sob enfoque restrito
de repressão. Medo contido pode ser trauma para o futuro; inveja reprimida pode
salientar-se como frustração somatizada; avareza apenas dominada pode caminhar
para o desânimo; irritação somente controlada pode caminhar para a raiva.
Contenção é disciplina. Aquisição de novas qualidades é
educação.
Disciplina é meio, educação é a grande meta. Estamos
aprendendo a descobrir nossas sombras, essa é uma etapa do processo.
Convém-nos, portanto, laborar pela outra etapa, não menos importante: a de
aprender a fazer luz e construir a harmonia interior - eis um bom motivo para
nos livrarmos do martírio.
Livro: Reforma Intima Sem Martirio -Espírito Ermance
Dufaux – Wanderley de Oliveira
VELHOS HÁBITOS
"... O corpo não dá cólera àquele que não a tem,
como não dá os outros vícios; todas as virtudes e todos os vícios são inerentes
ao Espírito; sem isso, onde estariam o mérito e a responsabilidade?..."
(Cap. IX, item 10)
Em primeiro lugar, é necessário conceituar que vícios são
dependências vigorosas e profundas de uma pessoa que se encontra sob o controle
de outras ou de determinadas coisas.
Portanto, deve ser considerado como vício não apenas o
consumo de tóxicos e de outros produtos de origem natural ou sintética. O
conceito é mais amplo. Analisando-o em profundidade, podemos interpretá-lo como
atitude mental que nos leva compulsoriamente à subjugação a pessoas e
situações.
Muitos de nós aprendemos a ser dependentes desde cedo,
dirigidos por adultos superprotetores que nos imprimiram "clichês
psíquicos" de repressão, que se refletem até hoje como mensagens
bloqueadoras dentro de nós e que não nos deixam desenvolver o "senso de
autonomia" e de independência.
Outros trazem enraizadas experiências em que lhes foi
negada a possibilidade de exercer a capacidade de seleção de amigos e parceiros
afetivos, em virtude da intervenção de adultos prepotentes.
Essa nociva interferência torna-os mais tarde indivíduos
de caráter oscilante, indecisos, assustados e inseguros. Outros ainda, por
terem sofrido experiências conflitantes em outras encarnações, em contato com
criaturas desequilibradas e em clima de inconstância e desarmonia, são
predispostos a renascer hoje com maior identificação com a instabilidade
emocional.
Dessa forma, entendemos que os fatores que propiciam os
vícios e as compulsões ocorrem em ambientes familiar sociais desarmônicos,
desta ou de outras encarnações, onde deixamos as pressões, traumas, coações,
desajustes e conflitos se enraizarem em nossa "zona mental" ou
"perispiritual", porquanto os vícios não passam de efeitos externos
de nossos conflitos internos.
Vale ressaltar que nossa sociedade, a rigor, é
extremamente "machista", razão pela qual muitas mulheres foram
educadas para aceitar comportamentos dependentes como sendo "atitudes
femininas", o que as leva a viver dentro de "demarcações
estreitas" do que elas devem ou podem fazer.
O vício do álcool, sexo, nicotina, jogos diversos ou
drogas farmacológicas são formas amenizadoras que compensam momentaneamente,
áreas frágeis de nossa alma desestruturada. Aliviam as carências, as
ansiedades, os desajustes, as tensões psicológicas e reduzem os impulsos
energéticos que produzem as insatisfações e o chamado "mal-estar interior.
Pode parecer que as opções vício/dependência disfarcem ou
abrandem a "pressão torturante", porém o desconfo permanece imutável.
O álcool e a droga são sedativos ou analgésicos, mas
acarretar gravíssimas consequências, são denominados "vícios
autodestrutivos".
A comida é uma dependência considerada, de início,
"vício neutro", para, depois, transforma numa "opção de
fuga" negativa e profundamente desorganizadora do nosso corpo
físico/psíquico.
Há manias ou vícios comportamentais tão graves e sérios
que nos levam a ser tratados e considerados como pessoas de difícil convivência,
isto é, inconvenientes:
- Vício de falar desconsoladamente, sem raciocinar,
desconectando-nos do equilíbrio e do bom senso.
- Vício de mentir constantemente para nós mesmos e para
os outros, por não querermos tomar contato com a realidade.
- Vício de nos lamentarmos sistematicamente,
colocando-nos como vítima em face da vida, para continuarmos recebendo a
atenção dos outros.
- Vício de nos acharmos sempre certos, para podermos
suprir a enorme insegurança que existe em nós.
- Vício incontido de gastar desnecessariamente, sem
utilidade, a fim de adiarmos decisões importantes em nossa vida.
- Vício de criticar e mal julgar as pessoas, para nos
sentirmos maiores e melhores que elas.
- Vício de trabalhar descontroladamente, sem interrupção,
para nos distrairmos interiormente, evitando desse modo os conflitos que não
temos coragem de enfrentar.
Inquestionavelmente, as chamadas viciações resultam do
medo de assumir o controle de nossa vida e, ao mesmo tempo, do medo de nos
responsabilizarmos por nossos atos e atitudes, permitindo que eles fiquem fora
de nosso controle e de nossas escolhas.
Quaisquer que sejam, contudo, os motivos e a origem de
nossos "velhos hábitos", urge estabelecermos pontos fundamentais, a
fim de que comecemos indagando "por que somos" dependentes
emocionalmente e "qual é a forma" de nos relacionarmos com essa
dependência.
Aqui estão alguns itens a serem também observados e que
provavelmente nos ajudarão a ser mais independentes, além de capazes de
satisfazer nossos desejos e vocações naturais. Ao mesmo tempo, nos permitirão
estar junto a pessoas e situações sem tornar-nos parcial ou totalmente dependentes
delas:
— Aguçar nossa capacidade de decidir, de optar e de
escolher cada vez mais livre das opiniões alheias. - Combater nossa tendência
de ser "bonzinhos", ou melhor, de desejar ser sempre agradáveis aos
outros, mesmo pagando o preço de nos desagradar.
- Estimular nossa habilidade de dizer "não",
quantas vêzes forem necessárias, desenvolvendo assim nosso "senso de
autonomia", a fim de não cair nos "modismos" ou "pressões
grupais".
- Estabelecer no ambiente familiar um clima de respeito e
liberdade, eliminando relações de superdependência "simbióticas",
para que possamos ser nós mesmos deixemos os outros serem eles mesmos.
— Criar padrões de comportamentos positivos, pois
comportamentos são hábitos, e nossos hábitos determinam a facilidade de
aceitarmos ou não as circunstâncias da vida.
- Conscientizar-nos de que somos seres humanos livres por
natureza, mas também responsáveis por nossos atos e pensamentos, pois recebemos
por herança natural o livre-arbítrio.
- Cultivar constantemente o autoconhecimento:
• reforçando nossa visão nos traços de nossa personal: de
que já conhecemos;
• buscando nossos traços interiores, que ainda nos
desconhecidos;
• analisando as opiniões de outras pessoas que, ao
contrário de nós, já conhecem o nosso perfil psicológico; aceitando plenamente
nosso lado "inadequado", sem jamais escondê-lo de nós mesmos e dos
outros, tentando, porém, equilibrá-lo.
Meditemos, pois, sobre essas ponderações que, com
certeza, nos ajudarão a libertar-nos dessas " necessidades
constrangedoras", cujas verdadeiras matrizes se encontram na intimidade de
nós mesmos.
Livro: Renovando Atitudes – Hammed – Francisco do Espirito
Santo Neto
CÓLERA
A cólera apresenta dez negativas complexas que induzem a
melhor das criaturas à pior das frustrações:
1. Não resolve. Agrava
2. Não resgata. Complica
3. Não ilumina. Escurece
4. Não reúne. Separa
5. Não ajuda. Prejudica
6. Não equilibra. Desajusta
7. Não reconforta. Envenena
8. Não favorece. Dificulta
9. Não abençoa. Maldiz
10. Não edifica. Destrói
Evite a cólera como quem foge ao contato destruidor de
alta tensão.
Mas se você amanhece de mau humor, antes que o flagelo se
instale de todo na sua cabeça e na sua voz, comece o dia rogando à Divina
Bondade o socorro providencial de uma laringite.
André Luiz - Médium: Francisco Cândido Xavier - Livro: O
Espírito da Verdade
A ARMA INFALÍVEL
Certo dia, um homem revoltado criou um poderoso e longo
pensamento de ódio, colocou-o numa carta rude e malcriada e mandou-o para o
chefe da oficina de que fora despedido.
O pensamento foi vazado em forma de ameaças cruéis.
E quando o diretor do serviço deu as frases ingratas que
o expressava, acolheu-o, desprevenidamente, no próprio coração, e tornou-se
furioso sem saber porque. Encontrou, quase de imediato, o subchefe da oficina
e, a pretexto de enxergar uma pequena peça quebrada, desfechou sobre ele a bomba
mental que trazia consigo.
Foi a vez do subchefe tornar-se neurastênico, sem dar o
motivo. Abrigou a projeção maléfica no sentimento, permaneceu amuado várias
horas e, no instante do almoço, ao invés de alimentar-se, descarregou na esposa
o
perigoso dardo intangível.
Tão-só por ver um sapato imperfeitamente engraxado,
proferiu dezenas de palavras feias; sentiu-se aliviado e a mulher passou a
asilar no peito a odienta vibração, em forma de cólera inexplicável.
Repentinamente transtornada pelo raio que a feriara e que, até ali, ninguém
soubera remover, encaminhou-se para a empregada que se incumbia do serviço de
calçados e desabafou.
Com palavras indesejáveis inoculou-lhe no coração o
estilete invisível.
Agora, era uma pobre menina quem detinha o tóxico mental.
Não podendo despejá-lo nos pratos e xícaras ao alcance de suas mãos, em vista
do enorme débito em dinheiro que seria compelida a aceitar, acercou-se de velho
cão, dorminhoco e paciente, e transferiu-lhe o veneno imponderável, num pontapé
de largas proporções.
O animal ganiu e disparou, tocado pela energia mortífera,
e, para livrar-se desta, mordeu a primeira pessoa que encontrou na via pública.
Era senhora de um proprietário vizinho que, ferida na
coxa, se enfureceu instantaneamente, possuída pela força maléfica. Em gritaria
desesperada, foi conduzida a certa farmácia; entretanto, deu-se pressa em
transferir ao enfermeiro que a socorria a vibração amaldiçoada. Crivou-se de xingamentos
e esbofeteou-lhe o rosto.
O rapaz muito prestativo, de calmo que era, converteu-se
em fera verdadeira. Revidou os golpes recebidos com observações ásperas e saiu,
alucinado, para a residência, onde a velha e devotada mãezinha o esperava para
a refeição da tarde. Chegou e descarregou sobre ela toda a ira de que era
portador.
- Estou farto! - bradou a senhora - é culpada dos
aborrecimentos que me perseguem!
Não suporto mais esta vida infeliz! Fuja de minha frente
! ...
Pronunciou terríveis. Blasfemou. Gritou, colérico, qual
louco.
A velhinha, porém, longe de agastar-se, tomou-lhe as mãos
e disse-lhe com naturalidade e brandura:
- Venha cá, meu filho! Você está cansado e doente! Sei a
extensão de seus sacrifícios por mim e reconheço que tem razão para
lamentar-se.
No entanto, tenhamos bom ânimo!
Lembremo-nos de Jesus! ... Tudo passa na Terra. Não nos
esqueçamos do amor que o Mestre nos regou ...
Abraçou-o, comovida, e afagou-lhe os cabelos!
O filho demorou-se a contemplar-lhe os olhos serenos e
reconheceu que havia no carinho materno tanto perdão e tanto entendimento que
começou a chorar, pedindo-lhe desculpas.
Houve então entre os dois uma explosão de íntimas
alegrias. Jantaram felizes e oraram em sinal de reconhecimento a Deus.
A projeção destrutiva do ódio morrera, afinal,
ali, dentro do lar humilde, diante da força infalível e sublime do amor.
Antologia da Criança - FCXavier - Neio Lucio
O GRITO DE CÓLERA
Lembra-se do instante em que gritou fortemente, antes do
almoço?
Por insignificante questão de vestuário, você pronunciou
palavras feias em voz alta, desrespeitando a paz doméstica.
Ah! Meu filho, quantos males foram atraídos por seu gesto
de cólera!...
A mamãe, muito aflita, correu para o interior, arrastando
atenções de toda a casa. Voltou-lhe a dor de cabeça e o coração tornou a
descompassar-se.
As duas irmãs, que cuidavam da refeição, dirigiram-se
precipitadamente para o quarto, a fim de socorrê-la, e duas terças partes do
almoço ficaram inutilizadas.
Em Razão das circunstâncias provocadas por sua irreflexão,
o papai, muito contrariado, foi compelido a esperar mais tempo em casa,
chegando ao serviço com grande atraso.
Seu chefe não estava disposto a tolerar-lhe a falta e
recebeu-o com repreensão áspera.
Quem o visse, erecto e digno, a sofrer essa pena, em
virtude da sua leviandade, sentiria compaixão, porque você não passa de um
jovem necessitado de disciplina, e ele é um homem de bem, idoso e correto, que
já venceu muitas tempestades para amparar a família e defendê-la. Humilhado,
suportou as conseqüências de seu gesto impulsivo, por vários dias, observado na
oficina qual se fora um menino vadio e imprudente.
Os resultados de sua gritaria foram, porém, mais vastos.
A mãezinha piorou e o médico foi chamado.
Medicamentos de alto preço, trazidos à pressa, impuseram
vertiginosa subida às despesas, e o papai não conseguiu pagar todas as contas
de armazém, farmácia e aluguel de casa.
Durante seis meses, toda a sua família lutou e
solidarizou-se para recompor a harmonia quebrada, desastradamente, por sua ira
infantil.
Cento e oitenta dias de preocupações e trabalhos árduos,
sacrifícios e lágrimas! Tudo porque você, incapaz de compreender a cooperação
alheia, se pôs a berrar, inconscientemente, recusando a roupa que lhe não
agradava.
Pense na lição, meu filho, e não repita a experiência.
Todos estamos unidos, reciprocamente, através de laços
que procedem dos desígnios divinos. Ninguém se reúne ao acaso. Forças
superiores impelem-nos uns para os outros, de modo a aprendermos a ciência da
felicidade, no amor e no respeito mútuos.
O golpe do machado derruba a árvore de vez. A ventania
destrói um ninho de momento para o outro.
A ação impensada de um homem, todavia, é muito pior.
O grito de cólera é um raio mortífero, que penetra o
círculo de pessoas em que foi pronunciado e aí se demora, indefinidamente,
provocando moléstias, dificuldades e desgostos.
Por que não aprende a falar e a calar, a benefício de
todos?
Ajude em vez de reclamar.
A cólera é força infernal que nos distancia da paz
divina.
A própria guerra, que extermina milhões de criaturas, não
é senão a ira venenosa de alguns homens que se alastra, por muito tempo,
ameaçando o mundo inteiro.
Francisco Cândido Xavier, Da obra: Alvorada Cristã. Ditado
pelo Espírito Neio Lúcio
CARTA PATERNA
Meu filho, não tinhas razão em favor da cólera.
Vi, perfeitamente, quando o velhinho se aproximou para
servir-te.
Trazia um coração amoroso e atento que não soubeste
compreender.
Deste uma ordem que o pobrezinho não ouviu tão bem,
quanto desejavas. Repetiste-a e, porque novamente te perguntasse qualquer
coisa, proferiste palavras feias, que lhe feriram as fibras mais íntimas.
Como foste injusto!...
Quando nasceste, o antigo servidor já vencera muitos
invernos e servira a muita gente.
Enfraqueceram-se-lhe os ouvidos, ante as imperiosas
determinações alheias.
Nunca refletiste na neblina que lhe enevoa o olhar?
Adquiriu-a trabalhando à noite, enquanto dormias, despreocupado.
Sabes porque traz ele as pernas trêmulas? Devorou muitas
léguas a pé, solucionando problemas dos outros.
Irritas-te, quando se demora a movimentar-se a teu mando.
Contudo, exiges o automóvel para a viagem de dois quilômetros.
Em muitas ocasiões, queixas-te contra ele. É relaxado aos
teus olhos, tem as mãos descuidadas e a roupa não muito limpa. Entretanto,
nunca imaginaste que o apagado servidor jamais encontrou oportunidades iguais
às que recebeste. Além disto, não lhe oferecem o ensinamento amigo e nem tempo
para cogitar das próprias necessidades espirituais.
Reclamas longos dias para examinar pequenina questão,
referente ao teu bem-estar; todavia, não lhes consagra nem mesmo uma hora por
semana, ajudando-o a refletir...
Respondes, enfadado, quando o velho companheiro te pede
alguns níqueis, mais não vacilas em despender pequenas fortunas com amigos
ociosos, em noitadas alegres, nas quais te mergulhas em fantasioso
contentamento.
Interrogas, ingrato : – que fizeste do dinheiro que te
dei?
Esqueces que o servidor de fronte enrugada não dispôs de
tempo e recurso para calcular, com exatidão, os processos de ganhar além do
necessário e não conseguiu ensejo de ilustrar o raciocínio com o refinamento
que caracteriza o teu.
Ah! meu filho quando a impaciência te visita o espírito,
recorda que o monstro da ira indesejável te bate à porta do coração. E quando a
ele te entregas, imprevidente, tuas conquistas mais elevadas tremem nos
alicerces. Chego a desconhecer-te, porque a fúria dos elementos interiores te
alteram a individualidade aos meus olhos e eu não sei se passas à condição de
criança ou de demônio!...
Se não podes conter, ainda, os movimentos impulsivos de
sentimentos perturbadores, chegado o instante do testemunho, cala-te e espera.
A cólera nada edifica e nada restaura... apenas semeia
desconfiança e temor, ao redor de teus passos.
Não ameaces com a voz, nem te insurjas contra ninguém.
É provável que guardes alguma reclamação contra mim, teu
pai, porque eu também sou ainda humano. No entanto, filho, acima de nós ambos
permanece o Pai Supremo, e que seria de ti e de mim, se Deus, um dia, se
encolerizasse contra nós?
Do livro Alvorada Cristã. Espírito de Neio Lúcio.
Psicografia de Francisco C. Xavier.
O EFEITO DA CÓLERA
Um velho judeu, de alma torturada por pesados remorsos,
chegou, certo dia, aos pés de Jesus, e confessou-lhe estranhos pecados.
Valendo-se da autoridade que detinha no passado, havia
despojado vários amigos de suas terras e bens, arremessando-os à ruína total e
reduzindo-lhes as famílias a doloroso cativeiro. Com maldade premeditada,
semeara em muitos corações o desespero, a aflição e a morte.
Achava-se, desse modo, enfermo, aflito e perturbado...
Médicos não lhe solucionavam os problemas, cujas raízes se perdiam nos
profundos labirintos da consciência dilacerada.
O Mestre Divino, porém, ali mesmo, na casa de Simão
Pedro, onde se encontrava, orou pelo doente e, em seguida, lhe disse:
- Vai em paz e não peques mais.
O ancião notou que uma onda de vida nova lhe penetrara o
corpo, sentiu-se curado, e saiu, rendendo graças a Deus.
Parecia plenamente feliz, quando, ao atravessar a extensa
fila dos sofredores que esperavam pelo Cristo, um pobre mendigo, sem querer,
pisou-Ihe num dos calos que trazia nos pés.
O enfermo restaurado soltou um grito terrível e atacou o
mendigo a bengaladas.
Estabeleceu-se grande tumulto.
Jesus veio à rua apaziguar os ânimos.
Contemplando a vítima em sangue, abeirou-se do ofensor e
falou:
- Depois de receberes o perdão, em nome de Deus, para
tantas faltas, não pudeste desculpar a ligeira precipitação de um companheiro
mais desventurado que tu?
O velho judeu, agora muito pálido, pôs as mãos sobre o
peito e bradou para o Cristo:
- Mestre, socorre-me!... Sinto-me desfalecer de novo...
Que será isto?
Mas, Jesus apenas respondeu, muito triste:
- Isso, meu irmão, é o ódio e a cólera que outra vez
chamaste ao próprio coração.
E, ainda hoje, isso acontece a muitos que, por falta de
paciência e de amor, adquirem amargura, perturbação e enfermidade.
Francisco Cândido Xavier, Da obra: Pai Nosso. Ditado pelo Espírito
Meimei.
CÓLERA E NÓS
Tema – Prejuízos
da Irritação.
Não farias explodir uma bomba dentro e casa,
comprometendo a vida daqueles que mais amas. No entanto, por vezes, não
vacilamos em detonar a dinamite da cólera, aniquilando as energias dos
companheiros que nos trazem apoio e cooperação.
Nesse sentido, vale destacar que cada um de nós
desempenha papel determinado na construção do benefício comum; e se contamos,
na execução dos nossos deveres, com amigos abnegados, capazes do mais alto
sacrifício em nosso favor, temos, ainda, nas linhas da existência, aqueles
espíritos que se erigem à condição de nossos credores, com os quais ainda não
nos quitamos, de todo, no terreno das contas pessoais, transferidas à
contabilidade de hoje pelo saldo devedor de passadas reencarnações. Ocultos na
invisibilidade, por efeito da diferença vibratória no estado específico da
matéria sutil em que se localizam, quando desencarnados, ou mesmo revestidos na
armadura de carne e osso, no plano físico, eles se instalam na sombra da
antipatia sistemática ou da perseguição gratuita, experimentando-nos com
persistência admirável os propósitos e testemunhos de melhoria interior.
É assim que vamos vencendo em exames diversos, opondo
valores morais entesourados na alma ao assédio das provas, como sejam paciência
na adversidade resistência na dor, fé nos instantes de incerteza e generosidade
perante as múltiplas solicitações do caminho... Chega, porém, o dia em que
somos intimados ao teste da dignidade pessoal. Seja pelo dardo do insulto ou
pelo espinho da desconsideração, somos alvejados no amor-próprio, e, se não
dispomos suficientemente de humildade e compaixão, eis que a altivez ferida se
assemelha em nós ao estopim afogueado de que a cólera irrompe em fuzilaria de pensamentos
descontrolados, arruinando-nos preciosas edificações espirituais do presente e
do futuro.
Estejamos alertas contra semelhante poder fulminativo,
orando e abençoado, servindo e desculpando, esquecendo o mal e restaurando o
bem.
Decerto, nem sempre a doçura pode ser a marca de nosso
verbo ou de nossa atitude porquanto, momentos surgem nos quais o bem geral
reclama a governança da providência rija ou da frase salgada de advertência,
mas, é preciso não olvidar que a cólera a nada remedeia, em tempo algum, e que,
além de tudo, ela estabelece fácil ganho de causa a todos aqueles que, por
força de nossa evolução deficitária, ainda se nos alinham, nas trilhas da
existência, à conta de nossos inimigos e obsessores.
Emmanuel - Livro
Encontro Marcado - Francisco Cândido Xavier
ANTE A CÓLERA
"Finalmente, sede todos de igual ânimo, compadecidos,
fraternalmente amigos, misericordiosos, humildes."- Pedro (I Pedro, 3:8).
Justo figuremos a
cólera, titulando-a com algumas definições, como sejam:
Força
descontrolada.
Precipitação em
doença.
Acesso de loucura.
Queda em
desequilíbrio.
Tomada para a
obsessão.
Impulso à
desencarnação prematura.
Perigo de
criminalidade.
Introdução à
culpa.
Descida ao
remorso.
Explosão de
orgulho.
Tempestade
magnética.
Fogo mental.
Pancadaria
vibratória
Desagregação de
energias.
Perda de tempo.
Indubitavelmente,
todos nós - as criaturas encarnadas e desencarnadas, em evolução na Terra -
estamos ainda sujeitos a essa calamidade do mundo íntimo, razão pela qual toda
vez em que nos sintamos ameaçados por irritação ou azedume, é prudente nos
recolhamos a recanto pacífico, a fim de refletir nas necessidades do próximo e
lavar os pensamentos nas fontes da oração.
Emmanuel - Livro Atenção Psicografia Chico Xavier
A CÓLERA
A cólera é responsável por alta percentagem do obituário
no mundo, como legítimo fator de enfermidade e portadora da morte.
Além disso, é também a raiz de grande parte dos males e
perturbações que dilapidam na base a segurança dos serviços associativos na
Terra.
Nos lares invigilantes, é o gênio obscuro da discórdia.
Nas instituições respeitáveis, é o fermento da separação.
Nas vias públicas, é a porta de acesso à crueldade.
Nos círculos da fé, exprime-se por brecha pela qual se
infiltram as forças destrutivas da sombra.
Nos fracos, estabelece o abatimento imediato.
Nos expoentes da inveja e do despeito, engendra o
desequilíbrio já que efetua a ligação da alma com as entidades representativas
de regiões inferiores e conturbadas.
Nos corações desprevenidos, lança as teias da violência.
Nos irritadiços, espalha as sugestões da delinquência.
Em toda parte, quando encontra guarida em algum coração
impermeável ao bem, transforma-se em suporte de terríveis processos obsessivos
que somente a Compaixão Divina associada à bondade humana conseguem reduzir ou
sanar.
Recebemos a experiência, por mais difícil, com a luz da
confiança no Senhor que, nos oferecendo a luta depuradora, nos possibilita a
própria regeneração.
A passagem na Terra é aprendizado.
Revoltar-se o homem, à frente da vida, é recusar a
oportunidade de elevar-se ante a luz da própria sublimação.
De Canais da Vida de Francisco Cândido Xavier, pelo
Espírito Emmanuel
IMPLOSÃO MENTAL
A cólera é comparável a uma implosão mental de
conseqüências imprevisíveis.
Quando te sintas sob a ameaça de semelhante flagelo,
antes de falar ou escrever, usa o método conhecido de permanecer em silêncio
contando até cem. Se os impulsos negativos continuam, afaste-te para um lugar à
parte e faze uma oração que te reequilibre.
Notando que a medida não alcançou os fins necessários,
busca um recanto da natureza, onde encontres plantas e flores, cujas emanações
te balsamizem o espírito.
Na hipótese de não retornares à tranqüilidade, procura
algum templo religioso e confia-te novamente à prece, esforçando-te para que a
paz te fale no coração.
No entanto, se essa providência ainda falhar, dirige-te a
um remédio amigo que, com certeza, te aliviará com sedativos adequados, a fim
de evitares a implosão de tuas próprias forças.
Emmanuel - Do livro: Luz e Vida - Psicografia: Francisco
Cândido Xavier
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