APASCENTA AS MINHAS OVELHAS. Jesus (João 21:17)

APASCENTA AS MINHAS OVELHAS.  Jesus (João 21:17)
"APASCENTA AS MINHAS OVELHAS" JESUS (Jo 21:17)

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

E.S.E. - CAPÍTULO IX - ITEM 9 E 10 - A CÓLERA




9 – O orgulho vos leva a vos julgardes mais do que sois, a não aceitar uma comparação que vos possa rebaixar, e a vos considerardes, ao contrário, de tal maneira acima de vossos irmãos, seja na finura de espírito, seja no tocante à posição social, seja ainda em relação às vantagens pessoais, que o menor paralelo vos irrita e vos fere. E o que acontece, então? Entregai-vos à cólera.
Procurai a origem desses acessos de demência passageira, que vos assemelham aos brutos, fazendo-vos perder o sangue frio e a razão: procurai-a, e encontrareis quase sempre por base o orgulho ferido. Não é acaso o orgulho ferido por uma contradita, que vos faz repelir as observações justas e rejeitar, encolerizados, os mais sábios conselhos? Até mesmo a impaciência, causada pelas contrariedades, em geral pueris, decorre da importância atribuída à personalidade, perante a qual julgais que todos devem curvar-se.
No seu frenesi, o homem colérico se volta contra tudo, à própria natureza bruta, aos objetos inanimados, que espedaça, por não o obedecerem. Ah!, se nesses momentos ele pudesse ver-se a sangue frio, teria horror de si mesmo ou se reconheceria ridículo! Que julgue por isso a impressão que deve causar aos outros. Ao menos pelo respeito a si mesmo, deveria esforçar-se, pois, para vencer essa tendência que o torna digno de piedade.
Se pudesse pensar que a cólera nada resolve,que lhe altera a saúde, compromete a sua própria vida, veria que é ele mesmo a sua primeira vítima. Mas ainda há outra consideração que o deveria deter: o pensamento de que torna infelizes todos os que o cercam. Se tiver coração, não sentirá remorsos por fazer sofrer as criaturas que mais ama? E que mágoa mortal não sentiria se, num acesso de arrebatamento, cometesse um ato de que teria de recriminar-se por toda a vida!
Em suma: a cólera não exclui certas qualidades do coração, mas impede que se faça muito bem, e pode levar a fazer-se muito mal. Isso deve ser suficiente para incitar os esforços por dominá-la. O espírita, aliás, é incitado por outro motivo: o de que ela é contrária à caridade e à humildade cristãs.     
HAHNEMANN - Paris, 1863

10 – Segundo a idéia muito falsa de que não se pode reformar a própria natureza, o homem se julga dispensado de fazer esforços para se corrigir dos defeitos em que se compraz voluntariamente, ou que para isso exigiriam muita perseverança. É assim, por exemplo, que o homem inclinado à cólera se desculpa quase sempre com o seu temperamento. Em vez de se considerar culpado, atribui a falta ao seu organismo, acusando assim a Deus pelos seus próprios defeitos. É ainda uma conseqüência do orgulho, que se encontra mesclado a todas as suas imperfeições.
Não há dúvida que existem temperamentos que se prestam melhor aos atos de violência, como existem músculos mais flexíveis, que melhor se prestam a exercícios físicos. Não penseis, porém, que seja essa a causa fundamental da cólera, e acreditai que um Espírito pacífico, mesmo num corpo bilioso, será sempre pacífico, enquanto um Espírito violento, num corpo linfático, não seria mais dócil. Nesse caso, a violência apenas tomaria outro caráter. Não dispondo de um organismo apropriado à sua manifestação, a cólera seria concentrada, enquanto no caso contrário seria expansiva.

O corpo não dá impulsos de cólera a quem não os tem, como não dá outros vícios. Todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao Espírito. Sem isso, onde estariam o mérito e a responsabilidade? O homem que é deformado não pode tornar-se direito, porque o Espírito nada tem com isso, mas pode modificar o que se relaciona com o Espírito, quando dispõe de uma vontade firme. A experiência não vos prova, espíritas, até onde pode ir o poder da vontade, pelas transformações verdadeiramente miraculosas que se operam aos vossos olhos? Dizei, pois, que o homem só permanece vicioso porque o quer, mas que aquele que deseja corrigir-se sempre o pode fazer. De outra maneira, a lei do progresso não existiria para o homem.




TEXTOS DE APOIO


NÃO ESTRAGUE O SEU DIA

A sua irritação não solucionará problema algum.
As suas contrariedades não alteram a natureza das coisas.
Os seus desapontamentos não fazem o trabalho que só o tempo conseguirá realizar.
O seu mau humor não modifica a vida.
A sua dor não impedirá que o Sol brilhe amanhã sobre os bons e os maus.
A sua tristeza não iluminará os caminhos.
O seu desânimo não edificará a ninguém.
As suas lágrimas não substituem o suor que você deve verter em benefício da sua própria felicidade.
As suas reclamações, ainda mesmo afetivas, jamais acrescentarão nos outros um só grama de simpatia por você.
Não estrague o seu dia.
Aprenda, com a Sabedoria Divina, a desculpar infinitamente, construindo e reconstruindo sempre para o Infinito Bem.

André Luiz - Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Livro: Agenda Cristã



POR QUE MELINDRAMOS?

“Até mesmo as impaciências, que se originam de contrariedades muitas vezes pueris, decorrem da importância que cada um liga à sua personalidade, diante da qual entende que todos se devem dobrar.”  Um Espírito Protetor (Bordéus. 1863)  O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – Cap. IX, Item 9
Por que nos ofendemos? Por que temos tanta suscetibilidade em relação a tudo que nos cerca? Quais as razões de encolerizarmos perante fatos desagradáveis?
Eis três perguntas para as quais devemos dirigir nossa meditação, caso queiramos entender o que se passa conosco nos desafios do progresso espiritual.
Iniciemos nossas ponderações conceituando a palavra ofensa. Existe a ofensa por razões naturais, provenientes do instinto de defesa e preservação. Através dessas agressões, recebemos da mente os sinais de alerta para avaliarmos com melhor exatidão e conveniência e o grau de perigo ou importância do que nos cerca. É natural nos ofendermos com “palavrões” que causam “dores aos ouvidos sensíveis”, é natural nos ofendermos ao ver dois seres humanos se agredirem, é mais que justo que nos ofendamos e tenhamos raiva ao sermos assaltados em uma rua, seria muito natural nos ofendermos quando formos injustamente julgados pelas pessoas que nos conhecem. A ofensa tem sua faceta benéfica, porque não devemos aceitar tudo que acontece à nossa volta passivamente, sem uma reação que nos faça sentir lesados ou ameaçados. O objetivo desse sentimento será sempre o de nos colocar a pensar na elaboração de uma conduta ajustada à natureza das agressões que sofremos. Contudo, larga diferença vai entre a ofensa natural e o melindre, que é a reação neurótica às ofensas. Melindre é o estado afetivo doente de fragilidade, que dilata a proporção e natureza das agressões que sofremos do meio. Pequenas atitudes ou delicadas situações são motivos suficientes para que o portador do melindre se agaste terrivelmente, fechando­se em corrosivo sistema de mágoa e decepção com os fatos e as pessoas que lhe foram motivo de incômodos e contrariedade. Assim, aumenta a intensidade do fato e desgasta­se afetivamente através de imaginações febris sobre a natureza das ocorrências que lhe afetaram. Sabemos que a mágoa é o peso energético  nascido das ofensas transportadas conosco dia após dia como fosse um “colesterol da alma”, causando­  nos males no corpo e no Espírito. Sabemos também que a irritação é como se fosse dura martelada no sistema nervoso, levando­nos ao interesse e perda energética. Então por que agasalhar semelhantes malefícios quando temos tanto esclarecimento?
Compreendamos algo sobre os mecanismos da ofensa e da cólera para avaliarmos sobre as razões que nos inclinam para essa atitude de desamor, e, fazendo assim, procuremos, igualmente, através do melhor entendimento oferecer a nós próprios o corretivo, para os problemas de melindre e contrariedades do dia a dia. Primeiramente deixemos claro que na raiz do melindre e da ofensa está o orgulho. Vejamos o que nos diz o codificador a esse respeito: “Julgando­se com direitos superiores, melindre­se com o que quer que, a seu ver, constitua ofensa a seus direitos. A importância que, por orgulho, atribui à sua pessoa, naturalmente o torna egoísta”. 27
O que está por trás da grande maioria das ofensas humanas são as contrariedades, ou seja, tudo aquilo que não acontece como se gostaria que acontecesse. Contrariar para a maioria das criaturas significa ser contra aquilo que se espera, ser nocivo aos planos pessoais, ser prejudicial, ser desvantajoso. Nessa ótica, tudo aquilo que não ofereça alguma vantagem na nossa forma de conceber os benefícios da vida é algo inoportuno, indevido, que não deveria ter ocorrido, gerando reações no mundo íntimo, cujos reflexos poderão ser percebidos de criação de sentimentos de pessimismo, infelicidade, desapontamento, animosidade, tristeza e rancor. Excetuando alguns casos de educação mal orientada na infância, esse “vício de não ser contrariado” foi adquirido pelo Espírito em suas diversas vilegiaturas reencarnatórias, nas quais teve todos os interesses pessoais atendidos a qualquer preço. É o velho hábito da satisfação plena dos desejos da personalidade que, dispondo de poder e recursos, não hesitou em colher sempre para si mesmo os frutos dos bens divinos que lhe foram confiados nas transatas experiências. Hoje, renascem condições que limitam suas tendências de saciação egoísta, instaurando um delicadíssimo sistema de “revolta silenciosa” quando não consegue o atendimento de seus interesses, experimentando uma baixa tolerância a frustrações. Essa “revolta” é o movimento interior de repúdio da alma aos novos quadros da vida a que é lançada, nos quais é compelido, pela força das circunstancias, a aprender a obediência aos ditames da Lei Natural, nem sempre afinados com seus gostos e aspirações individuais. Esse é o preço justo que pagamos pelo costume de ser atendido em tudo que queríamos no pretérito, quando deveríamos ter aproveitado as ocasiões de fartura e liberdade para sermos atendidos naquilo que fosse o melhor para todos. Assim, a alma passa hoje por uma série de pequenas ou grandes situações na vida, se ofendendo e irritando com quase todas, desde que contrarie seus interesses individualistas. Um singelo ato de esquecer um documento ou ainda o simples ato de não ser correspondido num pedido a um familiar, ou mesmo, não ter sido escolhido para assumir a presidência da tarefa espírita, todos são motivos para a irritação, o desgaste e a animosidade, podendo chegar às raias da ofensa, da mágoa e do desequilíbrio. O estado íntimo nesse passo reproduz a nítida sensação de que tudo e todos estão contra sua pessoa, e fatos corriqueiros podem se tornar grandes problemas, enquanto os grandes problemas podem se tornar tragédias lamentáveis...
Os prejuízos desse hábito não cessam com as contrariedades, porque não se consegue improvisar defesas para um condicionamento tão envelhecido de hora para outra. Uma faceta das mais comuns desse “estado de suscetibilidade” aos fatos da vida pode ser verificada na “neurose de controle”, a qual pode ser entendida como a atitude de tentar levar a vida de forma a não permitir nenhuma contrariedade, nenhuma decepção. Essa “neurose” pode ser considerada como uma maneira de se defender do “vício de não ser contrariado”. Mas não para por aqui essa sequência de expiações na vida íntima. O esforço em controlar tudo para que as coisas aconteçam “a gosto” tem como principal metamorfose a preocupação. Preocupação é o resultado de quem quer ter domínio sobre tudo da sua existência. Surge inesperadamente ou por uma razão plausível, mas é, em muitas ocasiões, o resultado oneroso  dessa “necessidade de tomar conta de tudo” para não acontecer o pior, o inesperado. Classifiquemos com maleabilidade nas conceituações três espécies de dramas que vivem os contrariados:
v  Contrariado  crônico  – é aquele que não aceitou  o próprio ato de reencarnar, já trazendo impresso na aura o clima de sua insatisfação, que irá refletir em todas as suas realizações. Casos como esse tendem a transtornos de natureza mental.
v  “Colecionador de problemas” – é aquele que traz, de outras vivências
corporais, o vício da satisfação de interesses pessoais e que busca seu 
ajuste com os atuais quadros de limitação na reencarnação presente, desenvolvendo a preocupação com problemas reais e irreais em razão de tentar um controle sobre­humano nos fatos naturais de existência.
v  O adulto frustrado – é aquela criança que foi mal orientada, que teve quase todos os seus desejos e escolhas atendidas, criando ausência de limites e baixa resistência à frustração. Foi a criatura impedida pelos
pais de se frustrar com os problemas próprios das crianças. Em qualquer uma das situações citadas, o sentimento de ofensa será parte comum na vida dessas criaturas, podendo suscitar pequena ocorrências de decepção rotineira ou ainda dramas dolorosos da psicopatia, conforme as tendências e valores
de cada Espírito.
A psicopatologia do futuro verá na contrariedade uma grave doença mental e a etiologia de severos transtornos da alma. O que importa a todos nós é o ingente trabalho de renovação no campo dos nossos interesses.
 Afeiçoar­se com mais devoção a aceitar as vicissitudes da vida, com resignação e paciência, fazendo o melhor que pudermos a cada dia em busca da recuperação pessoal, otimismo, ante os revezes, trabalho perante as perdas, confiança e boa convivência com amigos de ideal, serviço de amor ao próximo, instrução consoladora, fé no futuro e boa dose de humildade são as medicações para ofensas e ofendido na doença do melindre.
Ofendemo­nos é impulso natural em vista dos direcionamentos que criamos nas rotas do egoísmo. Contudo, Deus não criou um sistema de punições para seus filhos e nos concede a todo instante o direito de perdoarmos. E, perdoar, acima de tudo, significa aprender a aceitar sua Vontade Sábia e Justa em favor de nossa paz, na construção de dias mais plenos em sintonia com os grandes interesses do Pai.
27 OBRAS PÓSTUMAS, Allan Kardec – Primeira Parte: “O egoísmo e o orgulho”.

REFORMA ÍNTIMA SEM MARTÍRIO - Ermance Dufaux - Psicografado por:  Wanderley Soares de Oliveira




TÓPICOS DA IRRITAÇÃO


Se a irritação já se te fez um hábito, pensa nas desvantagens dela para que te livres de semelhante desajuste espiritual.
Ora, pedindo à Divina Providência a força precisa a fim de que te resguardes na tolerância.
Imagina o azedume como sendo um espinheiro magnético, arremessando raios de energia destruidora em todas as direções.
A intemperança mental nunca auxilia a ninguém.
Uma frase carregada de aspereza, na maioria dos casos, pode ser figurada como sendo murro no rosto das melhores oportunidades que te procuram.
Ânimo violento apenas agrava situações e complica problemas.
O costume de enraivecer-se é um predisponente a moléstias de trato difícil.
Condenação não edifica.
Ainda que o coração se te mostre ferido, conversa com serenidade e esclarece com paciência.
Um gesto de gentileza opera prodígios.

CALMA -  FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - EMMANUEL




PACIÊNCIA CONOSCO

Geralmente, a primeira criatura que sofre a violentação de nossa intemperança mental somos nós mesmos.
Antes de atacarmos o próximo com as irradiações perturbadoras ou destrutivas da cólera, desintegramos as próprias energias, convertendo o cérebro num caos e a palavra num estilete invisível, na ação desvairada de nossa inconseqüência.
Tenhamos serenidade diante de nós, consagrando a auto-disciplina por diretriz da própria alma, em qualquer circunstância.
Guardemos calma, diante das forças conturbadas que eventualmente nos cerquem e deixemos o verbo ou a decisão para a hora do equilíbrio, certos de que a desarmonia, em nós ou fora de nós, é sempre nuvem pesada de mortíferos dardos de treva, desanimo, aflição e morte.
Tem paciência contigo e usarás a verdadeira tolerância com os outros.
     Cerra as portas da consciência aos impulsos da animalidade primitivista, não dês guarida ao raio da violência que te induz a desatinos fatais e aprenderás que a paciência vale mais que o repouso, simbolizando no firmamento de nosso espírito o arco-íris da aliança, entre nossa alma e a Harmonia Celeste, elevando-nos a insignificância de criaturas incipientes e frágeis do Universo para a luz soberana da Grandeza Divina.
Emmanuel - Livro: Caridade – Psicografia: Francisco C. Xavier – Espíritos Diversos






TRAÇOS DO ORGULHO


"O orgulho vos induz a julgar-vos mais do que sois; a não suportades uma comparação que vos possa rebaixar." O ESE, capítulo IX, ítem 9.

Uma das necessidades mais naturais do ser humano é poder contar com a aprovação e a admiração alheia, na qual encontra o afeto, o carinho e o estímulo para a sua caminhada de cada dia. Algumas pessoas, no entanto, são prejudicadas durante todas as fases da existência, devido a problemas traumáticos da infância. Tornam-se pedintes viciados da atenção e reconhecimento dos outros, para preencher a carência de autovalor que não conseguem encontrar em si mesmas.
Entre esses traumas lamentáveis a que são conduzidas muitas crianças, verificamos a presença da insensibilidade de muitos pais e mães no que tange à mais essencial atitude perante elas: amá-las e ajudá-las a construir um autoconceito centrado na realidade. Alguns tutores, desavisados, negligentes ou mesmo maldosos vão mais além e ainda promovem escândalos de rejeição e leviandade com o rebento, deixando marcas emocionais profundas para o futuro, lnstaura-se, a partir desses delitos morais, uma fixação psicológica na órbita do ego, que exigirá severo regime reeducativo para se libertar. O que deveria constituir uma fase de desprendimento da egolatria acaba atingindo o nível de neurose e perturbação.
Evidentemente, se o Espírito já renasce com uma baixa autoestima, essas lutas da infância serão agravantes consideráveis na sua formação mental. Por outro lado, se a alma já angariou autonomia e as diversas habilidades decorrentes do autoamor, encontrará recursos para superar os dramas do lar e avançar em direção à maturidade sem maiores dores.
Pani compensar essa carência de estima e admiração, sejam quais forem suas raízes no tempo, a criatura recorre instintivamente ao orgulho - sentimento que dilata a sensação de importância pessoal -, com o qual tenta se proteger das ameaças que experimenta constantemente na vida inconsciente, em reação ao meio no qual convive. É tão eminente esse processo, que se desenvolve uma silenciosa competição com todos à sua volta, em crises de narcisismo sutil, porém, muitas vezes perceptíveis. No fundo, a alma se protege inconscientemente das agressões sofridas no período infantil ou em vidas anteriores, que lhe renderam terríveis sentimentos de perda, insegurança e medo.
Quando alguém experimenta essas vivências egocêntricas, estabelece-se um quadro de atitudes que merece ponderada análise de todos nós, ante a gravidade que pode atingir o comportamento.
Atividades espirituais nesse contexto emocional ganham conotação de destaque pessoal, como se fossem grandiosas missões. A cultura humana estimula tais posturas e premia os servidores adoecidos com status de pequenos deuses, sobre os quais recai incomparável poder. Caso não utilizem os antídotos eficazes da oração e da vigilância, da modéstia e da abnegação, tais tarefeiros podem sucumbir sob pesadas responsabilidades que assumiram, sem se encontrarem em condições apropriadas para exercê-las harmônica e honestamente.
Os cooperadores orgulhosos tecem uma complexa rede de vibrações que lhes consomem energia na manutenção de tudo o que possa alimentar seu personalismo, sua autoimagem exacerbada. O vazio existencial que carregam é similar a um cruel exaustor de forças, absorvidas pelo circuito mental viciado na nutrição enfermiça do prestígio pessoal.
O orgulho, em tese, é um sistema que bloqueia ou perturba a sensibilidade, porque os orgulhosos não gostam de ouvir nem mesmo a própria consciência, que se expressa no espelho do coração.
Desembaciar esse espelho dos sentimentos é limpar a impureza da ilusão que distorce a autoimagem.
Listemos, portanto, alguns traços pertinentes aos tarefeiros espíritas que caminham para essa tênue linha de conduta, em direção aos despenhadeiros da "insanidade aceitável" nos leitos enfermiços do orgulho, no intuito de reexaminar condutas e reeducar hábitos enquanto é tempo:
* Esperam ser aceitos em quaisquer situações e não convivem bem com a crítica.
* Acreditam demasiadamente em sua experiência e conhecimento, supondo que nada mais necessitam aprender.
* Melindram-se e criam animosidade declarada ou oculta com quem lhes propõe corrigenda.
* Sentem-se com direitos especiais nas comunidades de que participam.
* São incapazes de analisar a si mesmos sem arrolarem a presença das interferências espirituais, criando um mundo de idéias e imaginações desconectado de seus verdadeiros sentimentos.
* Estão sempre predestinados a fundar grandes obras de caridade com as quais se autocondecoram em alucinações de grandeza.
* Muitos chegam a achar justos os tributos materiais que se lhes oferecem para compensar os sacrifícios na tarefa.
* Abusam da credulidade alheia com teorias espirituais no despertamento de paixões afetivas com as quais procuram preencher suas próprias carências.
* Falam excessivamente de si mesmos e raramente valorizam as experiências alheias.
* Só encontram explicações para os problemas humanos com base na fenomenologia mediúnica, estimulando o misticismo e a ignorância.
* Submetem suas escolhas mais singelas à opinião dos guias.
* Adotam rejeição sistemática a quem fuja dos padrões morais que nem eles ainda conseguiram viver para si mesmos, repetindo pela vida afora a atitude de seus educadores infantis.
* Supõem-se serem indispensáveis aos projetos da causa espírita.
Façamos um exame sincero em tais condutas para não nos julgarmos ser mais do que realmente somos.

Ermance Dufaux – Prazer de Viver – Wanderley Soares de Oliveira



EM TORNO DA IRRITAÇÃO

Observação estranha, mas fato real. As ocorrências da irritação aparecem muito mais freqüentemente nos caracteres enobrecidos. Espécie de enfermidade da retidão, se a retidão pudesse adoecer.
 A pessoa percebe a grandeza da vida, acorda para a responsabilidade, consagra-se à obrigação e passa a prestigiar disciplina e tempo; adquirindo mais ampla noção do dever, que reconhece precisa exprimir-se irrepreensivelmente executado, supõem-se com mais vasta provisão de direitos. E, por vezes, leva mais longe que o necessário a faculdade de preservá-los e defendê-los, iniciando as primeiras formações de irascibilidade, através da superestimação do próprio valor. Instalado o sentimento de auto importância, a criatura abraça facilmente melindres e mágoas, diante de lutas naturais que considera por incompreensões e ofensas alheias.
 Chegando a esse ponto, as vítimas desse perigoso síndroma, vinculado à patologia da mente, surgem perante os mais íntimos na condição de enfermos prestimosos, amados e evitados, de vez que não se lhes pode ignorar a altura moral e nem adivinhar o momento da explosão. E porque o mau-humor dos espíritos respeitáveis, pelo trabalho que exercem e pela conduta que esposam, dói muito mais que a leviandade de criaturas menos afeitas à dignidade e ao serviço, semelhantes companheiros estimáveis e preciosos são procurados tão-somente em regime de exceção ou postos à margem pela gentileza dos outros, interpretados à conta de amigos temperamentais ou nervosos distintos.
 Examinemos a nós mesmos.
 Dirijamos para dentro da própria alma o estilete da introspecção.
 Se a agressividade nos assinala o modo de ser, tratemos do caráter enfermiço, com a mesma atenção com que se medica um órgão doente. E se nossa consciência jaz tranqüila , na certeza de que temos procurado realizar o melhor ao nosso alcance, no aproveitamento das oportunidades que o Senhor nos concedeu, estejamos serenos na dificuldade e operosos na prática do bem, à frente de quaisquer circunstância, lembrando-nos de que a erva-de-passarinho asfixia de preferência as árvores nobres e a tiririca se alastra , como verdadeira calamidade, justamente na terra boa.

LIBERTE A VOCÊ

Lábios envenenados pelo fel da maledicência não conseguem sorrir com verdadeira alegria.
 Ouvidos fechados com a cera da leviandade não escutam as harmonias intraduzíveis da paz.
 Olhos empoeirados pela indiscrição não vêem as paisagens reconfortantes do mundo.
 Braços inertes na ociosidade não conseguem fugir à paralisia.
 Mente prisioneira no mal não amealha recursos para reter o bem.
 Coração incapaz de sentir a fraternidade pura não se ajusta ao ritmo da esperança e da fé.
 Liberte a você de semelhantes flagelos.
 Leis indefectíveis de amor e justiça superintendem todos os fenômenos do Universo e fiscalizam as reações de cada espírito. Assim, pois, no trabalho da própria renovação, a criatura não pode desprezar nenhuma das suas manifestações pessoais, sem o que dificilmente marchará para a Vanguarda de Luz.
Livro Estude E Viva - Francisco Cândido Xavier E Waldo Vieira Pelos Espíritos Emmanuel E André Luiz




TRANSFORME SUA RAIVA EM SOLUÇÕES

"O orgulho vos induz a julgar-vos mais do que sois; a não suportardes uma comparação que vos possa rebaixar; a vos considerardes, ao contrário, tão acima dos vossos irmãos, quer em espírito, quer em posição social, quer mesmo em vantagens pessoais, que o menor paralelo vos irrita e aborrece. Que sucede então? - Entregai-vos à cólera." Um Espírito protetor (Bordéus, 1863). 0 Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 9, item 9.

O sentimento ou emoção da raiva é um indício emocional de autoconhecimento muito valoroso. Assim como as demais emoções primárias ou básicas, tais como medo, tristeza, amor e alegria, ela nos conduz a algum tipo de ajuste à vida real. Na história evolutiva, o sentimento da raiva é uma das mais antigas conquistas no patrimônio da alma, cuja finalidade é proteção pessoal. Diante de alguma agressão ou perigo, essa emoção visa à adaptação com intuito defensivo.
A raiva faz parte do grupo das chamadas emoções mobilizadoras, ou seja, aquelas que servem para acionar nosso instinto de conservação perante um perigo real ou que esteja prestes a acontecer. Sua função terapêutica na ecologia da vida emocional é exercitar em nós a criatividade para escolher e adotar atitudes que nos adaptem de forma justa e saudável diante das agressões, desafios ou riscos.
Sua energia, portanto, é uma fonte de criação para ser usada no desenvolvimento de soluções. Entretanto, fazer contato com essa energia e usá-la para seu fim nobre na criação de alternativas inteligentes exige educação e treino. Na ausência dessas habilidades emocionais, podem surgir os acontecimentos trágicos da violência e da agressividade descontrolada.
As emoções primárias são instintivas, fazem parte da natureza humana, mas, ao longo da evolução, devido a sucessivas experiências culturais e comportamentais, criamos diversas formas de reagir a todas elas e desenvolvemos os padrões de comportamento, que são estruturas mentais funcionando por automatismo na vida inconsciente. Por conta desses padrões, nasceram as chamadas emoções reacionais ou secundárias, que criaram mutações complexas em nossa vida afetiva.
Na constelação da raiva, por exemplo, possuímos alguns indicadores marcantes dessa multiplicidade de expressões bastante comuns à maioria das pessoas, quais sejam: desgosto, desânimo, indignação, irritação, insatisfação, solidão, desistência, ódio, vingança, amargura, aversão, antipatia, decepção, desapontamento, desconfiança, hostilidade, ira, mau humor, rancor, rejeição, ressentimento, sufoco, tédio, medo, tristeza, vergonha, depressão, impotência, entre outras. Essas são variações de um mesmo sentimento que adota natureza própria com constituição vibratória peculiar a cada mutação e com influências variadas nos corpos espiritual e físico.
Há quem diga que não sente raiva, mas, ao analisarmos esse vasto espectro de sentimentos e condutas, fica claro que este e um caso ae ausência de consciência emocional, a qual nos permitiria entender as relações entre emoções primárias e suas infinitas variações na órbita da vida emocional. Afinal, não há como viver sem raiva.
Para tornar mais prática e compreensível as nossas anotações sobre esse sentimento, examinemos uma de suas máscaras mais pertinentes no comportamento humano, a mágoa.
A raiva é uma emoção, e a mágoa, por sua vez, brota de uma forma inadequada de lidar com aquele acontecimento ofensivo e recebe a qualificação de estado porque perdura no tempo. Aliás, esta talvez seja uma das variações emocionais com maior capacidade de persistir no tempo.
Esse estado de mágoa passa a gerenciar vários padrões de pensamento e comportamento que nos sufocam a níveis emocionais tão severos que podem se transformar em ódio, vingança e tragédia.
Quem se faz de vítima diante da mágoa usa sua raiva contra o outro tentando ignorar sua parcela de responsabilidade para que o fato lesivo ocorresse. Mágoa, todavia, é um contrato bilateral das relações humanas, ou seja, ela não existe sem que haja um ofensor e um ofendido, sem alguém que faça algo para que o outro se sinta lesado mesmo que não tenha havido essa intenção. No entanto, lesar ou ser lesado depende muito das formas de construir a relação e do entendimento de cada qual nesse processo.
Não importa em que situação estejamos, se houve mágoa, encontramo-nos diante de um alerta da vida emocional dizendo: "Sua autenticidade está sendo ameaçada, sua vida está precisando de proteção, você está esperando da vida ou das pessoas o que elas não podem ou querem dar a você.". É o alerta da raiva propondo proteção.
Cientes de que a mágoa pertence à órbita da raiva, cuja função é acionar soluções para nos proteger, as perguntas seriam:
0 que a mágoa sufoca em mim?
Que lesão essa mágoa causou em mim para que eu me sinta ofendido?
Até onde fui responsável pela existência desse sentimento?
Que alternativas na conduta posso adotar para evitar a natureza das lesões que me magoaram?
Com as respostas a essas perguntas, podemos encontrar caminhos criativos de saída para a raiva, porque ela será direcionada para desenvolver um processo interior de criatividade a respeito do acontecido e formular ações eficientes e protetivas. Por outro lado, ao nos abstrairmos desse uso terapêutico e libertador, encarceramo-nos no calabouço da ofensa e sofremos a tortura da dor do ressentimento.
Para que perguntas dessa natureza funcionem, basta pensar em algum episódio do relacionamento recente, que este e um caso de ausência de consciência emocional, a qual nos permitiria entender as relações entre emoções primárias e suas infinitas variações na órbita da vida emocional. Afinal, não há como viver sem raiva.
Para tornar mais prática e compreensível as nossas anotações sobre esse sentimento, examinemos uma de suas máscaras mais pertinentes no comportamento humano, a mágoa.
A raiva é uma emoção, e a mágoa, por sua vez, brota de uma forma inadequada de lidar com aquele acontecimento ofensivo e recebe a qualificação de estado porque perdura no tempo. Aliás, esta talvez seja uma das variações emocionais com maior capacidade de persistir no tempo.
Esse estado de mágoa passa a gerenciar vários padrões de pensamento e comportamento que nos sufocam a níveis emocionais tão severos que podem se transformar em ódio, vingança e tragédia.
Quem se faz de vítima diante da mágoa usa sua raiva contra o outro tentando ignorar sua parcela de responsabilidade para que o fato lesivo ocorresse. Mágoa, todavia, é um contrato bilateral das relações humanas, ou seja, ela não existe sem que haja um ofensor e um ofendido, sem alguém que faça algo para que o outro se sinta lesado mesmo que não tenha havido essa intenção. No entanto, lesar ou ser lesado depende muito das formas de construir a relação e do entendimento de cada qual nesse processo.
Não importa em que situação estejamos, se houve mágoa, encontramo-nos diante de um alerta da vida emocional dizendo: "Sua autenticidade está sendo ameaçada, sua vida está precisando de proteção, você está esperando da vida ou das pessoas o que elas não podem ou querem dar a você.". É o alerta da raiva propondo proteção.
Cientes de que a mágoa pertence à órbita da raiva, cuja função é acionar soluções para nos proteger, as perguntas seriam:
0 que a mágoa sufoca em mim?
Que lesão essa mágoa causou em mim para que eu me sinta ofendido?
Até onde fui responsável pela existência desse sentimento?
Que alternativas na conduta posso adotar para evitar a natureza das lesões que me magoaram?
Com as respostas a essas perguntas, podemos encontrar caminhos criativos de saída para a raiva, porque ela será direcionada para desenvolver um processo interior de criatividade a respeito do acontecido e formular ações eficientes e protetivas. Por outro lado, ao nos abstrairmos desse uso terapêutico e libertador, encarceramo-nos no calabouço da ofensa e sofremos a tortura da dor do ressentimento.
Para que perguntas dessa natureza funcionem, basta pensar em algum episódio do relacionamento recente, em como ele aconteceu e em como nos sentimos feridos, e iniciar essa investigação corajosa focada em nós, e não no ofensor, formulando as perguntas anteriormente indicadas e outras que possam nos ajudar a decifrar a finalidade defensiva daquela dor.
Uma das razões mais presentes para camuflarmos a raiva em nossa conduta é a necessidade de passarmos aos outros uma imagem de que estamos no controle, de que somos fortes o suficiente para suportar aquela ferida e de que nada nos atinge. É assim que, além da dor interior, ainda nos impomos uma força que não possuímos para sustentar uma imagem falsa de nós mesmos. Isso aumenta ainda mais o ciclo de raiva e sofrimento, porque o ressentimento não é outra coisa senão a lesão que nós imputamos a nós mesmos por não sabermos lidar bem com a lesão que o outro deixou em nós.
Podemos concluir, depois desse exame singelo sobre a mágoa, que a raiva mal orientada, por certo, é um dos sentimentos que mais nos afasta de nós mesmos, de nossa autenticidade, de nossa real condição interior, e nos fragiliza e agride em contextos que não estamos nos dispondo a avaliar. Não será exagero afirmar que, quando a raiva se apodera de nosso coração em relação a alguém, existe uma enorme chance de estarmos decepcionados é com nós mesmos, e isso é bem mais difícil e desconfortável de examinar, considerando que o padrão mental do orgulho é um dos gestores mais habituais da mágoa.
"O orgulho vos induz a juigar-vos mais ao que sois; a não suportardes uma comparação que vos possa rebaixar; a vos considerardes, ao contrário, tão acima dos vossos irmãos, quer em espírito, quer em posição social, quer mesmo em vantagens pessoais, que o menor paralelo vos irrita e aborrece. Que sucede então? - Entregai-vos à cólera."
Como é raro admitir em nós a existência daquilo que dizem sobre nós ou ter a coragem de saber usar com habilidade a raiva diante dos golpes da vida, para encontrar caminhos inteligentes que nos coloquem em condições de crescer e avançar!
As hostilidades da vida que nos causam tanta dor e descontrole são como um buril que visa a lapidar nossas arestas, transformando-nos em diamantes ricos de beleza, que possam refletir a luz celeste do bem e do amor. Tudo depende de como nos comportamos diante das lapidações que a vida nos apresenta.

Livro: Emoções que curam – Ermance Dufaux – Wanderley Oliveira




NECESSIDADE DE PAZ

Achávamo-nos em Pedro Leopoldo, no Centro Espírita Luiz Gonzaga, aguardando a reunião pública de estudos da nossa consoladora Doutrina.
Falávamos de paz, da necessidade da paz no atual momento em nossos caminhos na Terra. Considerávamos a vigilância que nos cabe observar nas atitudes e ocorrências do dia-a-dia.
Convidados aos trabalhos, O Evangelho Segundo o Espiritismo nos deu a exame o item 9 do seu capítulo IX, intitulado “A Cólera”, e vários confrades fizeram valiosas apreciações do conjunto.
Ao término da reunião, foi Emmanuel o mensageiro desta página psicografada.


BOMBEIROS DE DEUS
Emmanuel

Temos diversas formas de auxiliar:
suprimir a penúria;
estender a beneficência;
criar a generosidade;
consolar o sofrimento.
Existe, porém, uma delas ao alcance de todos e que pode ser largamente exercida em qualquer lugar: o donativo da calma nos momentos atribulados da vida.
Recorda os bens espirituais que consegues distribuir e não marginalizes semelhante recurso.
Diante de reclamações e críticas, usa a tolerância que estabeleça a harmonia possível entre acusados e acusadores; recebendo injúrias e ofensas, silencia e esquece os desequilíbrios de que por ventura te fizeste vítima, sustando calamidades da delinqüência; perante a agressividade exagerada de alguém, guarda a serenidade que balsamize corações e pacifique ambientes; encontrando veículos de discórdia, emprega o entendimento que afaste choques e conflitos capazes de suscitar azedume e perturbação.
Em qualquer lance difícil da existência, dispões da possibilidade de atuar beneficamente com os recursos da bondade e da compreensão que entretecem a garantia da paz.
Lembra a faísca lançada impensadamente quando se transforma em fogo descontrolado e devorador.
Qualquer criatura, quando se mostre agindo sem noção de responsabilidade, pode gerar incêndios lamentáveis, destruindo os mais altos valores da vida.
Por isso mesmo, onde estivermos, sejamos nós os bombeiros de Deus.

Livro: Caminhos de Volta - Psicografia: Francisco C. Xavier -




 A ARTE DE INTERROGAR

"Segundo a idéia falsíssima de que lhe não é possível reformar a sua própria natureza, o homem se julga dispensado de empregar esforços para se corrigir dos defeitos em que de boa-vontade se compraz, ou que exigiriam muita perseverança para serem extirpados." E.S.E. capítulo 9, ítem 10

Não são poucos os companheiros que demonstram silencioso desespero quando percebem que o esforço pessoal de melhoria parece insuficiente ou sem resultados. Entregaram-se às fileiras de amor ao próximo e à escola do conhecimento espiritual, mas continuam asilando impiedoso sentimento de frustração ao partirem para as lutas reeducativas, nos deveres de cada dia. Alegam que vigiam o pensamento e oram fervorosamente pedindo auxílio, no entanto dizem-se perseguidos por uma "força maior" que lhes distrai e domina-lhes os impulsos, que fazem o que não têm intenção de fazer, sendo levados a atitudes não desejadas ou escolhidas. Nasce então o conflito, seguido de sentimentos punitivos que passam a povoar o coração, quais sejam a tristeza e a angústia, a vergonha e o desânimo. Instala-se assim o desespero mudo e desgastante que assola inúmeros aprendizes do crescimento espiritual.
Estariam, porventura, exercendo inadequadamente sua reforma? Semelhante ciclo de frustração necessariamente faz parte do programa de transformação e crescimento? Faltaria alguma postura para tornar o esforço mais produtivo? Essas são indagações que devem fazer parte das meditações de quantos anseiam pela promoção de si mesmos, seja nos grupos de nossa causa ou nas avaliações pessoais.
Sem recolhimento e introspecção educativa não teremos respostas claras e indispensáveis na elaboração do programa de autoconhecimento. Imprescindível efetuar perseverante investigação no que se chama "força maior".
Será uma compulsão? Um Espírito? Um trauma? Uma tendência? Um recalque? Uma fixação de "outras vidas"? Uma patologia física? Um impulso adquirido na infância? Uma lembrança da erraticidade? Um problema surgido na gestação maternal? Uma emersão de recordações das atividades noturnas? Uma influência passageira e intermitente ou uma obsessão progressiva? Uma contaminação fluídica por "nuvens de ideoplastia" dos pensamentos humanos? A irradiação magnética dos ambientes? Qual a origem e natureza das forças que nos cercam?
Será muito simplismo a atitude de responsabilizar obsessores e reencarnações passadas como causa daquilo que sentimos, e que não conseguimos explicar com maior lucidez. Em alguns casos chega a ser mesmo um ato de invigilância.
Que variedade de opções soma-se nas viagens da evolução para explicar as lutas espirituais que hoje enfrentamos! Apesar disso, não guardamos dúvidas em afirmar que o labor iluminativo de todos nós tem um ponto comum: a urgente necessidade da educação dos sentimentos.
A etimologia da palavra educação significa "trazer à luz uma idéia", vem do latim educare ou educere - prefixo "e" mais ducare ou durere - levar para fora, fazer sair, extrair, tlrar.
Filosoficamente é fazer a idéia passar da potência ao ato, da virtualidade à realidade.
A luz dos conceitos espíritas, educar é ir de encontro aos germens da perfeição que se encontram potencializados na alma desde a sua criação, é despertar, dinamizar as qualidades superiores que todos trazemos nas profundezas da vida inconsciente.
Frente ao montante de lutas e conflitos que amealhamos na afanosa caminhada do egoísmo, fica a indagação: como educar sentimentos para adquirir reações e interesses novos afinados com esses "valores excelsos" depositados em nós mesmos?
Justo agora em que a ciência avança na busca de novas alternativas para que o homem entenda a si mesmo, verificamos uma lastimável epidemia de racionalização varrendo todas as sociedades mundanas, impedindo o homem de mover-se com o necessário domínio sobre sua vida emocional.
A educação de nossos sentimentos é algo doloroso, semelhante a "cirurgias corretivas" que fazem do mundo emocional um complexo de vivências afetivas de longo curso, quais sejam: a renúncia de hábitos, a perda de expectativas, a ansiedade por novas conquistas, a tristeza pelo abandono de vínculos afetivos, os conflitos de objetivos, a vigilância na tentação, o contato com o sentimento da inferioridade humana, a tormenta da culpa, a severidade na cobrança, a sensação de esforço inútil, a causticante dúvida sobre quem somos e o que sentimos, a insatisfação perante tendências que teimam em persistir, o desgaste dos pensamentos nocivos que burlam a vontade, o medo de não conseguir superar-se, os desejos inconfessáveis que humilham os mais santos ideais, o sentimento de impotência ante os pendores, a insegurança nas escolhas e outros tantos "dramas afetivos".
"Formulai, pois, de vós para convosco, questões nítidas e precisas e não temais multiplicá-las. Justo é que se gastem alguns minutos para conquistar um felicidade eterna. Eis a feliz recomendação de Santo Agostinho.
O sábio de Hipona acrescenta: "Dirigi, pois, a vós mesmos perguntas, interrogai-vos sobre o que tendes feito e com que objetivo procedestes em tal ou tal circunstância, sobre se fizestes alguma coisa que, feita por outrem, censuraríeis, sobre se obrastes alguma ação que não ousaríeis confessar: Perguntai ainda mais: "Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento, teria que temer o olhar de alguém, ao entrar de novo no mundo dos Espíritos, onde nada pode ser ocultado? (O Livro dos Espíritos)
Portanto, essa educação das emoções é o imperativo de penetrarmos "partes ignoradas" de nossa intimidade espiritual no resgate de valores divinos adormecidos.
Considerando a extensão do trabalho a ser feito, anotemos algumas diretrizes práticas que não devemos olvidar, a fim de renovarmos o desalento que pode ser absorvido pelo clima da esperança motivadora e do consolo reconfortante, quando peregrinamos pelos escaninhos do desconhecido país de nós próprios, guardando mais lúcida visão no serviço da autoconquista pelo estudo de nossas reações:
* As intenções são o "dial da consciência".
Por elas sintonizamos com as faixas mentais que desejamos naturalmente ou que escolhemos pelo poder de decisão da vontade. Conhecê-las naquelas vivências e identificar seu teor moral será rica fonte informativa sobre a vida subconsciencial: com que intenção pratiquei tal ato? Qual a intenção ao dizer algo a alguém?
* Aprendamos a dar nome aos sentimentos que vivenciamos a fim de dilatar o discernimento sobre a vida emocional; escolha um episódio de teu dia e interrogue perseverantemente: que sentimento estava por traz daquele acontecimento?
* Cuidemos de não ampliar nossas refregas íntimas com mecanismos de fuga e suposta proteção como a negação daquilo que sentimos. Se não tivermos coragem para o enfrentamento interior, não faremos muito progresso na arte de descobrir nossas mazelas e mesmo nossas qualidades. Imprescindível será admitir o que sentimos, sem medos e subterfúgios de defesa, mas com muita responsabilidade para que não penetremos os meandros da fantasia: por que senti (nomear o sentimento) em relação a essa criatura? Qual a razão desse meu sentimento em circunstâncias como a que experimentei?
* Nossas reações aos desafios da vida, mesmo que não sejam felizes expressões de equilíbrio, são valorosas medidas aferidoras dos nossos sentimentos. Indaguemos sempre em cada ocasião do caminho: qual o sentimento nos "impulsionou" nessa ou naquela situação?
* Cultivar a empatia. Aprender a se colocar no lugar do outro e sentir o que sente, entender-lhe as razões e procurar estudar os motivos emocionais de cada pessoa. Todos temos uma razão no reino do coração para fazer o que fazemos, então questionemos: por que motivo aquela pessoa agiu assim comigo? Que motivações levam alguém a fazer o que fez?
Portanto, como diz Hahnemann em nossa introdução, nossa tarefa reeducativa exige muita perseverança e esforço. Isso leva muitos a preferirem a ilusão de cultivar a idéia falsíssima de que é impossível mudar nossa natureza. Ledo engano!
Deveríamos nos dar por muito satisfeitos no dia de hoje pelo simples fato de não recorrermos intencionalmente ao mal.
O grave equívoco é que muitos lidadores da Nova Revelação acreditam que renovar é angelizar!!!
Livro: Reforma Intima sem Martirio -Espírito Ermance Dufaux – Wanderley de Oliveira





EM QUE PONTO DA EVOLUÇÃO NOS ENCONTRAMOS

"Segundo a idéia falsíssima de que lhe não é possível reformar a sua própria natureza, o homem se julga dispensado de empregar esforços para se corrigir dos defeitos em que de boa-vontade se compraz, ou que exigiriam muita perseverança para serem extirpadas." E.S.E. CAPÍTULO 9, ÍTEM 10

O Espiritismo é a Resposta do Alto em favor da humanidade desnorteada. Esclarece de onde viemos, e para onde vamos e o que fazemos quando na vida terrena. Sem dúvida, Doutrina Espírita é o facho de luz que faltava aos raciocínios do homem materialista. Contudo, a sua clareza meridiana, para inúmeros adeptos, não ultrapassa a condição de princípios universais com pouca utilidade encontro das respostas a tais questões, quando focadas no terreno da individualidade.
O que significa no imo da alma cada uma dessas indagações acima mencionadas? Pergunte a um aprendiz espírita de larga vivência doutrinária se tem noções claras sobre a origem de sua reencarnação; indague-se, de outros se conhecem os objetivos essenciais de suas metas reencarnatórias, ou ainda consulte-os sobre o que espera para si depois do trespasse carnal! Quase sempre ouviremos respostas evasivas, próprias da infância espiritual que ainda assinala nossa caminhada rumo à maturidade.
De onde viemos, para onde vamos e a razão da vida no corpo quase sempre são apenas informações sem aprofundamento. Nem sempre conhecer os fundamentos filosóficos significa conscientização. Temos noçõe de espiritualidade, compete-nos agora construir o caminho pessoal de espiritualização, proceder à aquisição vivênciais singulares, únicas e incomparáveis, estritamente individuais, a que somos chamados na linha do crescimento e da ascensão. Conhecemos as bases filosóficas, falta-nos saber filosofar, aprender a pensar, tornarmo-nos agentes transformadores de nossa história, isso é educação.
Discípulos sem conta, tomados de ilusão e personalismo, acreditam serem depositários de virtude e grandeza, tão somente, em razão de possuírem alguns "chavões espíritas" para todas as questões que tangenciam os problemas humanos. Utilizando-se de reencarnação, mediunidade e todo o conjunto de fundamentos filosóficos, postam-se como decifradores circunstanciais de enigmas da vida alheia, entretanto nem para si mesmos possuem suficiente esclarecimento na edificação da paz interior. Não se aprofundam nos dramas íntimos que carregam em si próprios, sendo constrangidos em inúmeras ocasiões a desconfortável encontro com sua sombra, quando então são compelidos pela dor e pela frustração, diante do labirinto de seus problemas, a pensar e repensar as suas lutas, aprofundando a sonda da razão nas causas ignoradas de suas reações e atitudes, pensamentos e emoções.
Renovação é trabalho lento e progressivo, muito embora avançado número de aprendizes espíritas assaltados por ilusões tem favorecido a morosidade ou o estacionamento em desfavor de si mesmos. Muitas crenças desprovidas de bom senso e vigilância, nascidas de raciocínios confusos, têm servido de obstáculo ao serviço transformador nas sendas doutrinárias. Uns querem caminhar mais rápido do que podem, outros desacreditam que podem superar a si mesmos. Esses últimos, porém, os que deixaram de acreditar em si mesmos, são aqueles que Hahnemann situa em sua fala: "Segundo a idéia falsíssima de que lhe não é possível reformar a sua própria natureza, o homem se julga dispensado de empregar esforços para se corrigir dos defeitos em que de boa-vontade se compraz, ou que exigiriam muita perseverança para serem extirpados. "
Crenças enfermiças têm tomado conta da vida mental de muitas criaturas que se permitem acreditar não serem capazes de vencer-se. É assim que ouvimos com freqüência algumas expressões de derrotismo que traduzem a desesperança de muitos corações que, em tese, já decidiram por "servir a dois senhores", conforme a prédica evangélica. Frases como: "estou cansado da vida, não posso mais caminhar, preciso de um tempo!", "não possuo qualidades suficientes para operar minha renovação!", "quem sou eu para chegar a esse ponto de evolução!", "não dou conta dessas propostas, são muito exigentes!", e outras tantas falas semelhantes que desfilam nas passarelas do desculpismo são os sinais evidentes daqueles que optaram ou estão prestes a optarem pelos caminhos largos da vida, renunciando à batalha pela conquista da porta estreita das escolhas vitoriosas.
Decerto, a nenhum de nós será pedido mais do que pudermos dar. Todavia, muita acomodação e descuido têm acontecido nas fileiras educativas do Espiritismo, tão somente porque os discípulos não têm se armado de suficiente humildade para reconhecerem consigo mesmos a natureza e extensão de suas imperfeições. Muitos, apesar do conhecimento, têm preferido os leitos confortáveis da ilusão acreditando-se melhores do que realmente são. Sob o fascínio do orgulho, sentem vergonha, medo de se exporem e profunda tristeza por verem-se a braços com mazelas das quais já gostariam de terem superado, mas que ainda muito lhes agrada. E é nesse clima de profundo desconforto consciencial que a alma evolve. Premido pela tristeza das atitudes que já gostaria de se ver livre é que nasce o impulso para a transformação e o progresso. Contudo, é aqui também que muitos têm se entregado e desistido ante os apelos quase irresistíveis da atração para a queda.
Imprescindível elastecermos noções sobre o estágio em que nos encontramos, para administrar com mais sabedoria e equilíbrio o conflito que se instala em nosso íntimo entre o que devemos fazer, o que queremos fazer e o que podemos fazer. Posições extremistas têm instaurado dores desnecessárias. Há homens e mulheres espíritas com vetustos instintos animalescos que querem ser anjos do "dia para a noite", nos campos de sua espiritualização. Outros, por sua vez, são detentores de larga soma de conquistas, entretanto julgam-se incapacitados, aprisionados a chavões negativistas que os fazem sentirem-se vermes rastejantes nas fileiras da vida. O resultado inevitável dessas visões distorcidas é o martírio. Portanto, ampliemos o raio de entendimento sobre o estágio em que nos encontramos. Para se chegar a algum lugar melhor, alcançar alguma meta maior, torna-se imperioso conscientizar sobre onde nos encontramos na evolução. Sem saber onde estamos, caminharemos para lugar algum ...
Levamos milhões de anos vividos na irracionalidade até alcançarmos a hominalidade. Como hominais alcançamos na arte de pensar, mas nem por isso será justo, no conceito cósmico, dizermo-nos civilizados, conforme nos asseveram os Nobres Guias: "( ... ) não tereis verdadeiramente o direito de dizer-vos civilizados, senão quando de vossa sociedade houverdes banido os vícios que a desonram e quando viverdes como irmãos, praticando a caridade cristã. Até então, sereis apenas povos esclarecidos, que hão percorrido a primeira fase da civilização .. (O Livro dos Espíritos, q. 793)
A esse respeito o senhor Allan Kardec interrogou a Sabedoria dos Imortais:
"Uma vez no período da humanidade, conserva o Espírito traços do que era precedentemente, quer dizer: do estado em que se achava no período a que se poderia chamar ante-humano?"
"Conforme a distância que medeie entre os dois períodos e o progresso realizado. Durante algumas gerações, pode ele conservar vestígios mais ou menos pronunciados do estado primitivo, porquanto nada se opera na Natureza por brusca transição. Há sempre anéis que ligam as extremidades da cadeia dos seres e dos acontecimentos. Aqueles vestígios, porém, se apagam com o desenvolvimento do livre-arbítrio. Os primeiros progressos só muito lentamente se efetuam, porque ainda não têm a secundá-los a vontade. Vão em progressão mais rápida, à medida que o Espírito adquire perfeita consciência de si mesmo. " (O Livro dos Espíritos, q. 609)
Na questão em epígrafe consta: "Os primeiros progressos só muito lentamente se efetuam, porque ainda não têm a secundá-los a vontade. Vão em progressão mais rápida, à medida que o Espírito adquire perfeita consciência de si mesmo. " Imprescindível ao nosso aperfeiçoamento moral será saber em que estágio nos situamos a fim de não tropeçarmos em velhas ilusões de grandeza. Em verdade, apenas iniciamos o serviço de auto-aprimoramento. O trajeto das poucas conquista que amealhamos foi realizado, preponderantemente, na horizontalidade dos valores cognitivos. Somente agora damos os primeiros passos para a verticalização em direção às habilidades da consciência de si no terreno dos sentimentos. Precisamos constatar que nada mais somos, por enquanto, que criaturas que ensaiamos nossos primeiros passos para sair de "primitivismo moral", rumo à humanização ou "hominização integral".
Apesar de já peregrinarmos há milênios no reino hominal, ainda não nos fizemos legítimos proprietários da Herança Paternal a nós confiada. Não será impróprio dizer que somos "meio humanizados" ...
Contudo, apesar dessa radiografia de nosso estágio evolutivo, existe muita vertigem provocada pelo orgulho em razão de nossa pouca competência em nos autoavaliar. Dentre elas, como aquela que se pode assinalar como sendo acentuadamente prejudicial aos ideais de transformação interior vamos encontrar o desejo infantil que acompanha a muitos, de tomarem de assalto a angelitude instantânea.
Pois se mal deflagramos o labor de assumir a condição hominal, como agir como anjos?
Entre a angelitude e a hominalidade existe a semeadura fértil da humanização. Carecemos primeiramente nos consolidarmos como seres humanizados e descortinar todas as conquistas próprias dessa etapa para então, posteriormente, galgarmos novos patamares. naturalmente.
Desejando santificação, muitos aprendizes da Nova Revelação descuidam de pequenas lições educativas da ascensão passo a passo, vivendo uma "reforma idealizada" e não sentida. Como conceber almas educadas na mensagem da Boa Nova Espírita, pois, algumas vezes, a criatura afeiçoada às lições doutrinárias não é capaz de utilizar com responsabilidade e correção um banheiro higiênico no próprio lar?
O melhor e mais ajustado sentido para o trabalho interior de melhoria pode ser compreendido como a conquista da consciência de si, a aquisição do patrimônio da divindade que dormita no imo de nós próprios, desde os primórdios da criação. Menos do que vencer as sombras interiores, o desafio da reforma espiritual requer a capacidade de criar o bem em nós pela fixação dos valores novos . Mais que evitar o mal é necessário saber desenvolver habilidades eternas.
Reforma Íntima é o serviço gradativo da instauração das virtudes celestes, a aquisição da consciência desse tesouro, o qual todos somos convocados a tomar posse perante a lei natural do progresso.
O mal será transformado em bem através de seus opostos, o medo será renovado aprendendo a exercer coragem, a inveja sofrerá mutação pelo exercício da abnegação, a avareza será metamorfoseada à medida em que nos habilitarmos ao exercício do desprendimento, a irritação será convertida pela aquisição da serenidade.
Evitemos conceber mudança interior sob enfoque restrito de repressão. Medo contido pode ser trauma para o futuro; inveja reprimida pode salientar-se como frustração somatizada; avareza apenas dominada pode caminhar para o desânimo; irritação somente controlada pode caminhar para a raiva.
Contenção é disciplina. Aquisição de novas qualidades é educação.
Disciplina é meio, educação é a grande meta. Estamos aprendendo a descobrir nossas sombras, essa é uma etapa do processo. Convém-nos, portanto, laborar pela outra etapa, não menos importante: a de aprender a fazer luz e construir a harmonia interior - eis um bom motivo para nos livrarmos do martírio.
Livro: Reforma Intima Sem Martirio -Espírito Ermance Dufaux – Wanderley de Oliveira




VELHOS HÁBITOS

"... O corpo não dá cólera àquele que não a tem, como não dá os outros vícios; todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao Espírito; sem isso, onde estariam o mérito e a responsabilidade?..." (Cap. IX, item 10)

Em primeiro lugar, é necessário conceituar que vícios são dependências vigorosas e profundas de uma pessoa que se encontra sob o controle de outras ou de determinadas coisas.
Portanto, deve ser considerado como vício não apenas o consumo de tóxicos e de outros produtos de origem natural ou sintética. O conceito é mais amplo. Analisando-o em profundidade, podemos interpretá-lo como atitude mental que nos leva compulsoriamente à subjugação a pessoas e situações.
Muitos de nós aprendemos a ser dependentes desde cedo, dirigidos por adultos superprotetores que nos imprimiram "clichês psíquicos" de repressão, que se refletem até hoje como mensagens bloqueadoras dentro de nós e que não nos deixam desenvolver o "senso de autonomia" e de independência.
Outros trazem enraizadas experiências em que lhes foi negada a possibilidade de exercer a capacidade de seleção de amigos e parceiros afetivos, em virtude da intervenção de adultos prepotentes.
Essa nociva interferência torna-os mais tarde indivíduos de caráter oscilante, indecisos, assustados e inseguros. Outros ainda, por terem sofrido experiências conflitantes em outras encarnações, em contato com criaturas desequilibradas e em clima de inconstância e desarmonia, são predispostos a renascer hoje com maior identificação com a instabilidade emocional.
Dessa forma, entendemos que os fatores que propiciam os vícios e as compulsões ocorrem em ambientes familiar sociais desarmônicos, desta ou de outras encarnações, onde deixamos as pressões, traumas, coações, desajustes e conflitos se enraizarem em nossa "zona mental" ou "perispiritual", porquanto os vícios não passam de efeitos externos de nossos conflitos internos.
Vale ressaltar que nossa sociedade, a rigor, é extremamente "machista", razão pela qual muitas mulheres foram educadas para aceitar comportamentos dependentes como sendo "atitudes femininas", o que as leva a viver dentro de "demarcações estreitas" do que elas devem ou podem fazer.
O vício do álcool, sexo, nicotina, jogos diversos ou drogas farmacológicas são formas amenizadoras que compensam momentaneamente, áreas frágeis de nossa alma desestruturada. Aliviam as carências, as ansiedades, os desajustes, as tensões psicológicas e reduzem os impulsos energéticos que produzem as insatisfações e o chamado "mal-estar interior.
Pode parecer que as opções vício/dependência disfarcem ou abrandem a "pressão torturante", porém o desconfo permanece imutável.
O álcool e a droga são sedativos ou analgésicos, mas acarretar gravíssimas consequências, são denominados "vícios autodestrutivos".
A comida é uma dependência considerada, de início, "vício neutro", para, depois, transforma numa "opção de fuga" negativa e profundamente desorganizadora do nosso corpo físico/psíquico.
Há manias ou vícios comportamentais tão graves e sérios que nos levam a ser tratados e considerados como pessoas de difícil convivência, isto é, inconvenientes:
- Vício de falar desconsoladamente, sem raciocinar, desconectando-nos do equilíbrio e do bom senso.
- Vício de mentir constantemente para nós mesmos e para os outros, por não querermos tomar contato com a realidade.
- Vício de nos lamentarmos sistematicamente, colocando-nos como vítima em face da vida, para continuarmos recebendo a atenção dos outros.
- Vício de nos acharmos sempre certos, para podermos suprir a enorme insegurança que existe em nós.
- Vício incontido de gastar desnecessariamente, sem utilidade, a fim de adiarmos decisões importantes em nossa vida.
- Vício de criticar e mal julgar as pessoas, para nos sentirmos maiores e melhores que elas.
- Vício de trabalhar descontroladamente, sem interrupção, para nos distrairmos interiormente, evitando desse modo os conflitos que não temos coragem de enfrentar.
Inquestionavelmente, as chamadas viciações resultam do medo de assumir o controle de nossa vida e, ao mesmo tempo, do medo de nos responsabilizarmos por nossos atos e atitudes, permitindo que eles fiquem fora de nosso controle e de nossas escolhas.
Quaisquer que sejam, contudo, os motivos e a origem de nossos "velhos hábitos", urge estabelecermos pontos fundamentais, a fim de que comecemos indagando "por que somos" dependentes emocionalmente e "qual é a forma" de nos relacionarmos com essa dependência.
Aqui estão alguns itens a serem também observados e que provavelmente nos ajudarão a ser mais independentes, além de capazes de satisfazer nossos desejos e vocações naturais. Ao mesmo tempo, nos permitirão estar junto a pessoas e situações sem tornar-nos parcial ou totalmente dependentes delas:
— Aguçar nossa capacidade de decidir, de optar e de escolher cada vez mais livre das opiniões alheias. - Combater nossa tendência de ser "bonzinhos", ou melhor, de desejar ser sempre agradáveis aos outros, mesmo pagando o preço de nos desagradar.
- Estimular nossa habilidade de dizer "não", quantas vêzes forem necessárias, desenvolvendo assim nosso "senso de autonomia", a fim de não cair nos "modismos" ou "pressões grupais".
- Estabelecer no ambiente familiar um clima de respeito e liberdade, eliminando relações de superdependência "simbióticas", para que possamos ser nós mesmos deixemos os outros serem eles mesmos.
— Criar padrões de comportamentos positivos, pois comportamentos são hábitos, e nossos hábitos determinam a facilidade de aceitarmos ou não as circunstâncias da vida.
- Conscientizar-nos de que somos seres humanos livres por natureza, mas também responsáveis por nossos atos e pensamentos, pois recebemos por herança natural o livre-arbítrio.
- Cultivar constantemente o autoconhecimento:
• reforçando nossa visão nos traços de nossa personal: de que já conhecemos;
• buscando nossos traços interiores, que ainda nos desconhecidos;
• analisando as opiniões de outras pessoas que, ao contrário de nós, já conhecem o nosso perfil psicológico; aceitando plenamente nosso lado "inadequado", sem jamais escondê-lo de nós mesmos e dos outros, tentando, porém, equilibrá-lo.
Meditemos, pois, sobre essas ponderações que, com certeza, nos ajudarão a libertar-nos dessas " necessidades constrangedoras", cujas verdadeiras matrizes se encontram na intimidade de nós mesmos.
Livro: Renovando Atitudes – Hammed – Francisco do Espirito Santo Neto



CÓLERA
A cólera apresenta dez negativas complexas que induzem a melhor das criaturas à pior das frustrações:
1. Não resolve. Agrava
2. Não resgata. Complica
3. Não ilumina. Escurece
4. Não reúne. Separa
5. Não ajuda. Prejudica
6. Não equilibra. Desajusta
7. Não reconforta. Envenena
8. Não favorece. Dificulta
9. Não abençoa. Maldiz
10. Não edifica. Destrói
Evite a cólera como quem foge ao contato destruidor de alta tensão.
Mas se você amanhece de mau humor, antes que o flagelo se instale de todo na sua cabeça e na sua voz, comece o dia rogando à Divina Bondade o socorro providencial de uma laringite.
André Luiz - Médium: Francisco Cândido Xavier - Livro: O Espírito da Verdade 




A ARMA INFALÍVEL

Certo dia, um homem revoltado criou um poderoso e longo pensamento de ódio, colocou-o numa carta rude e malcriada e mandou-o para o chefe da oficina de que fora despedido.
O pensamento foi vazado em forma de ameaças cruéis.
E quando o diretor do serviço deu as frases ingratas que o expressava, acolheu-o, desprevenidamente, no próprio coração, e tornou-se furioso sem saber porque. Encontrou, quase de imediato, o subchefe da oficina e, a pretexto de enxergar uma pequena peça quebrada, desfechou sobre ele a bomba mental que trazia consigo.
Foi a vez do subchefe tornar-se neurastênico, sem dar o motivo. Abrigou a projeção maléfica no sentimento, permaneceu amuado várias horas e, no instante do almoço, ao invés de alimentar-se, descarregou na esposa o
perigoso dardo intangível.
Tão-só por ver um sapato imperfeitamente engraxado, proferiu dezenas de palavras feias; sentiu-se aliviado e a mulher passou a asilar no peito a odienta vibração, em forma de cólera inexplicável. Repentinamente transtornada pelo raio que a feriara e que, até ali, ninguém soubera remover, encaminhou-se para a empregada que se incumbia do serviço de calçados e desabafou.
Com palavras indesejáveis inoculou-lhe no coração o estilete invisível.
Agora, era uma pobre menina quem detinha o tóxico mental. Não podendo despejá-lo nos pratos e xícaras ao alcance de suas mãos, em vista do enorme débito em dinheiro que seria compelida a aceitar, acercou-se de velho cão, dorminhoco e paciente, e transferiu-lhe o veneno imponderável, num pontapé de largas proporções.
O animal ganiu e disparou, tocado pela energia mortífera, e, para livrar-se desta, mordeu a primeira pessoa que encontrou na via pública.
Era senhora de um proprietário vizinho que, ferida na coxa, se enfureceu instantaneamente, possuída pela força maléfica. Em gritaria desesperada, foi conduzida a certa farmácia; entretanto, deu-se pressa em transferir ao enfermeiro que a socorria a vibração amaldiçoada. Crivou-se de xingamentos e esbofeteou-lhe o rosto.
O rapaz muito prestativo, de calmo que era, converteu-se em fera verdadeira. Revidou os golpes recebidos com observações ásperas e saiu, alucinado, para a residência, onde a velha e devotada mãezinha o esperava para a refeição da tarde. Chegou e descarregou sobre ela toda a ira de que era portador.
- Estou farto! - bradou a senhora - é culpada dos aborrecimentos que me perseguem!
Não suporto mais esta vida infeliz! Fuja de minha frente ! ...
Pronunciou terríveis. Blasfemou. Gritou, colérico, qual louco.
A velhinha, porém, longe de agastar-se, tomou-lhe as mãos e disse-lhe com naturalidade e brandura:
- Venha cá, meu filho! Você está cansado e doente! Sei a extensão de seus sacrifícios por mim e reconheço que tem razão para lamentar-se.
No entanto, tenhamos bom ânimo!
Lembremo-nos de Jesus! ... Tudo passa na Terra. Não nos esqueçamos do amor que o Mestre nos regou ...
Abraçou-o, comovida, e afagou-lhe os cabelos!
O filho demorou-se a contemplar-lhe os olhos serenos e reconheceu que havia no carinho materno tanto perdão e tanto entendimento que começou a chorar, pedindo-lhe desculpas.
Houve então entre os dois uma explosão de íntimas alegrias. Jantaram felizes e oraram em sinal de reconhecimento a Deus.
A projeção destrutiva do ódio morrera, afinal, ali, dentro do lar humilde, diante da força infalível e sublime do amor. 
Antologia da Criança - FCXavier - Neio Lucio




O GRITO DE CÓLERA

Lembra-se do instante em que gritou fortemente, antes do almoço?
Por insignificante questão de vestuário, você pronunciou palavras feias em voz alta, desrespeitando a paz doméstica.
Ah! Meu filho, quantos males foram atraídos por seu gesto de cólera!...
A mamãe, muito aflita, correu para o interior, arrastando atenções de toda a casa. Voltou-lhe a dor de cabeça e o coração tornou a descompassar-se.
As duas irmãs, que cuidavam da refeição, dirigiram-se precipitadamente para o quarto, a fim de socorrê-la, e duas terças partes do almoço ficaram inutilizadas.
Em Razão das circunstâncias provocadas por sua irreflexão, o papai, muito contrariado, foi compelido a esperar mais tempo em casa, chegando ao serviço com grande atraso.
Seu chefe não estava disposto a tolerar-lhe a falta e recebeu-o com repreensão áspera.
Quem o visse, erecto e digno, a sofrer essa pena, em virtude da sua leviandade, sentiria compaixão, porque você não passa de um jovem necessitado de disciplina, e ele é um homem de bem, idoso e correto, que já venceu muitas tempestades para amparar a família e defendê-la. Humilhado, suportou as conseqüências de seu gesto impulsivo, por vários dias, observado na oficina qual se fora um menino vadio e imprudente.
Os resultados de sua gritaria foram, porém, mais vastos.
A mãezinha piorou e o médico foi chamado.
Medicamentos de alto preço, trazidos à pressa, impuseram vertiginosa subida às despesas, e o papai não conseguiu pagar todas as contas de armazém, farmácia e aluguel de casa.
Durante seis meses, toda a sua família lutou e solidarizou-se para recompor a harmonia quebrada, desastradamente, por sua ira infantil.
Cento e oitenta dias de preocupações e trabalhos árduos, sacrifícios e lágrimas! Tudo porque você, incapaz de compreender a cooperação alheia, se pôs a berrar, inconscientemente, recusando a roupa que lhe não agradava.
Pense na lição, meu filho, e não repita a experiência.
Todos estamos unidos, reciprocamente, através de laços que procedem dos desígnios divinos. Ninguém se reúne ao acaso. Forças superiores impelem-nos uns para os outros, de modo a aprendermos a ciência da felicidade, no amor e no respeito mútuos.
O golpe do machado derruba a árvore de vez. A ventania destrói um ninho de momento para o outro.
A ação impensada de um homem, todavia, é muito pior.
O grito de cólera é um raio mortífero, que penetra o círculo de pessoas em que foi pronunciado e aí se demora, indefinidamente, provocando moléstias, dificuldades e desgostos.
Por que não aprende a falar e a calar, a benefício de todos?
Ajude em vez de reclamar.
A cólera é força infernal que nos distancia da paz divina.
A própria guerra, que extermina milhões de criaturas, não é senão a ira venenosa de alguns homens que se alastra, por muito tempo, ameaçando o mundo inteiro.
Francisco Cândido Xavier, Da obra: Alvorada Cristã. Ditado pelo Espírito Neio Lúcio




CARTA PATERNA

Meu filho, não tinhas razão em favor da cólera.
Vi, perfeitamente, quando o velhinho se aproximou para servir-te.
Trazia um coração amoroso e atento que não soubeste compreender.
Deste uma ordem que o pobrezinho não ouviu tão bem, quanto desejavas. Repetiste-a e, porque novamente te perguntasse qualquer coisa, proferiste palavras feias, que lhe feriram as fibras mais íntimas.
Como foste injusto!...
Quando nasceste, o antigo servidor já vencera muitos invernos e servira a muita gente.
Enfraqueceram-se-lhe os ouvidos, ante as imperiosas determinações alheias.
Nunca refletiste na neblina que lhe enevoa o olhar? Adquiriu-a trabalhando à noite, enquanto dormias, despreocupado.
Sabes porque traz ele as pernas trêmulas? Devorou muitas léguas a pé, solucionando problemas dos outros.
Irritas-te, quando se demora a movimentar-se a teu mando. Contudo, exiges o automóvel para a viagem de dois quilômetros.
Em muitas ocasiões, queixas-te contra ele. É relaxado aos teus olhos, tem as mãos descuidadas e a roupa não muito limpa. Entretanto, nunca imaginaste que o apagado servidor jamais encontrou oportunidades iguais às que recebeste. Além disto, não lhe oferecem o ensinamento amigo e nem tempo para cogitar das próprias necessidades espirituais.
Reclamas longos dias para examinar pequenina questão, referente ao teu bem-estar; todavia, não lhes consagra nem mesmo uma hora por semana, ajudando-o a refletir...
Respondes, enfadado, quando o velho companheiro te pede alguns níqueis, mais não vacilas em despender pequenas fortunas com amigos ociosos, em noitadas alegres, nas quais te mergulhas em fantasioso contentamento.
Interrogas, ingrato : – que fizeste do dinheiro que te dei?
Esqueces que o servidor de fronte enrugada não dispôs de tempo e recurso para calcular, com exatidão, os processos de ganhar além do necessário e não conseguiu ensejo de ilustrar o raciocínio com o refinamento que caracteriza o teu.
Ah! meu filho quando a impaciência te visita o espírito, recorda que o monstro da ira indesejável te bate à porta do coração. E quando a ele te entregas, imprevidente, tuas conquistas mais elevadas tremem nos alicerces. Chego a desconhecer-te, porque a fúria dos elementos interiores te alteram a individualidade aos meus olhos e eu não sei se passas à condição de criança ou de demônio!...
Se não podes conter, ainda, os movimentos impulsivos de sentimentos perturbadores, chegado o instante do testemunho, cala-te e espera.
A cólera nada edifica e nada restaura... apenas semeia desconfiança e temor, ao redor de teus passos.
Não ameaces com a voz, nem te insurjas contra ninguém.
É provável que guardes alguma reclamação contra mim, teu pai, porque eu também sou ainda humano. No entanto, filho, acima de nós ambos permanece o Pai Supremo, e que seria de ti e de mim, se Deus, um dia, se encolerizasse contra nós?

Do livro Alvorada Cristã. Espírito de Neio Lúcio. Psicografia de Francisco C. Xavier.



O EFEITO DA CÓLERA

Um velho judeu, de alma torturada por pesados remorsos, chegou, certo dia, aos pés de Jesus, e confessou-lhe estranhos pecados.
Valendo-se da autoridade que detinha no passado, havia despojado vários amigos de suas terras e bens, arremessando-os à ruína total e reduzindo-lhes as famílias a doloroso cativeiro. Com maldade premeditada, semeara em muitos corações o desespero, a aflição e a morte.
Achava-se, desse modo, enfermo, aflito e perturbado... Médicos não lhe solucionavam os problemas, cujas raízes se perdiam nos profundos labirintos da consciência dilacerada.
O Mestre Divino, porém, ali mesmo, na casa de Simão Pedro, onde se encontrava, orou pelo doente e, em seguida, lhe disse:
- Vai em paz e não peques mais.
O ancião notou que uma onda de vida nova lhe penetrara o corpo, sentiu-se curado, e saiu, rendendo graças a Deus.
Parecia plenamente feliz, quando, ao atravessar a extensa fila dos sofredores que esperavam pelo Cristo, um pobre mendigo, sem querer, pisou-Ihe num dos calos que trazia nos pés.
O enfermo restaurado soltou um grito terrível e atacou o mendigo a bengaladas.
Estabeleceu-se grande tumulto.
Jesus veio à rua apaziguar os ânimos.
Contemplando a vítima em sangue, abeirou-se do ofensor e falou:
- Depois de receberes o perdão, em nome de Deus, para tantas faltas, não pudeste desculpar a ligeira precipitação de um companheiro mais desventurado que tu?
O velho judeu, agora muito pálido, pôs as mãos sobre o peito e bradou para o Cristo:
- Mestre, socorre-me!... Sinto-me desfalecer de novo... Que será isto?
Mas, Jesus apenas respondeu, muito triste:
- Isso, meu irmão, é o ódio e a cólera que outra vez chamaste ao próprio coração.
E, ainda hoje, isso acontece a muitos que, por falta de paciência e de amor, adquirem amargura, perturbação e enfermidade.

Francisco Cândido Xavier,  Da obra: Pai Nosso. Ditado pelo Espírito Meimei.



CÓLERA E NÓS
Tema – Prejuízos da Irritação.
Não farias explodir uma bomba dentro e casa, comprometendo a vida daqueles que mais amas. No entanto, por vezes, não vacilamos em detonar a dinamite da cólera, aniquilando as energias dos companheiros que nos trazem apoio e cooperação.
Nesse sentido, vale destacar que cada um de nós desempenha papel determinado na construção do benefício comum; e se contamos, na execução dos nossos deveres, com amigos abnegados, capazes do mais alto sacrifício em nosso favor, temos, ainda, nas linhas da existência, aqueles espíritos que se erigem à condição de nossos credores, com os quais ainda não nos quitamos, de todo, no terreno das contas pessoais, transferidas à contabilidade de hoje pelo saldo devedor de passadas reencarnações. Ocultos na invisibilidade, por efeito da diferença vibratória no estado específico da matéria sutil em que se localizam, quando desencarnados, ou mesmo revestidos na armadura de carne e osso, no plano físico, eles se instalam na sombra da antipatia sistemática ou da perseguição gratuita, experimentando-nos com persistência admirável os propósitos e testemunhos de melhoria interior.
É assim que vamos vencendo em exames diversos, opondo valores morais entesourados na alma ao assédio das provas, como sejam paciência na adversidade resistência na dor, fé nos instantes de incerteza e generosidade perante as múltiplas solicitações do caminho... Chega, porém, o dia em que somos intimados ao teste da dignidade pessoal. Seja pelo dardo do insulto ou pelo espinho da desconsideração, somos alvejados no amor-próprio, e, se não dispomos suficientemente de humildade e compaixão, eis que a altivez ferida se assemelha em nós ao estopim afogueado de que a cólera irrompe em fuzilaria de pensamentos descontrolados, arruinando-nos preciosas edificações espirituais do presente e do futuro.
Estejamos alertas contra semelhante poder fulminativo, orando e abençoado, servindo e desculpando, esquecendo o mal e restaurando o bem.
Decerto, nem sempre a doçura pode ser a marca de nosso verbo ou de nossa atitude porquanto, momentos surgem nos quais o bem geral reclama a governança da providência rija ou da frase salgada de advertência, mas, é preciso não olvidar que a cólera a nada remedeia, em tempo algum, e que, além de tudo, ela estabelece fácil ganho de causa a todos aqueles que, por força de nossa evolução deficitária, ainda se nos alinham, nas trilhas da existência, à conta de nossos inimigos e obsessores.

Emmanuel -  Livro Encontro Marcado - Francisco Cândido Xavier


ANTE A CÓLERA
"Finalmente, sede todos de igual ânimo, compadecidos, fraternalmente amigos, misericordiosos, humildes."- Pedro (I Pedro, 3:8).

 Justo figuremos a cólera, titulando-a com algumas definições, como sejam:
 Força descontrolada.
 Precipitação em doença.
 Acesso de loucura.
 Queda em desequilíbrio.
 Tomada para a obsessão.
 Impulso à desencarnação prematura.
 Perigo de criminalidade.
 Introdução à culpa.
 Descida ao remorso.
 Explosão de orgulho.
 Tempestade magnética.
 Fogo mental.
 Pancadaria vibratória
 Desagregação de energias.
 Perda de tempo.
 Indubitavelmente, todos nós - as criaturas encarnadas e desencarnadas, em evolução na Terra - estamos ainda sujeitos a essa calamidade do mundo íntimo, razão pela qual toda vez em que nos sintamos ameaçados por irritação ou azedume, é prudente nos recolhamos a recanto pacífico, a fim de refletir nas necessidades do próximo e lavar os pensamentos nas fontes da oração.


Emmanuel - Livro Atenção Psicografia Chico Xavier



A CÓLERA

A cólera é responsável por alta percentagem do obituário no mundo, como legítimo fator de enfermidade e portadora da morte.
Além disso, é também a raiz de grande parte dos males e perturbações que dilapidam na base a segurança dos serviços associativos na Terra.
Nos lares invigilantes, é o gênio obscuro da discórdia.
Nas instituições respeitáveis, é o fermento da separação.
Nas vias públicas, é a porta de acesso à crueldade.
Nos círculos da fé, exprime-se por brecha pela qual se infiltram as forças destrutivas da sombra.
Nos fracos, estabelece o abatimento imediato.
Nos expoentes da inveja e do despeito, engendra o desequilíbrio já que efetua a ligação da alma com as entidades representativas de regiões inferiores e conturbadas.
Nos corações desprevenidos, lança as teias da violência.
Nos irritadiços, espalha as sugestões da delinquência.
Em toda parte, quando encontra guarida em algum coração impermeável ao bem, transforma-se em suporte de terríveis processos obsessivos que somente a Compaixão Divina associada à bondade humana conseguem reduzir ou sanar.
Recebemos a experiência, por mais difícil, com a luz da confiança no Senhor que, nos oferecendo a luta depuradora, nos possibilita a própria regeneração.
A passagem na Terra é aprendizado.
Revoltar-se o homem, à frente da vida, é recusar a oportunidade de elevar-se ante a luz da própria sublimação.
De Canais da Vida de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel





IMPLOSÃO MENTAL

A cólera é comparável a uma implosão mental de conseqüências imprevisíveis.
Quando te sintas sob a ameaça de semelhante flagelo, antes de falar ou escrever, usa o método conhecido de permanecer em silêncio contando até cem. Se os impulsos negativos continuam, afaste-te para um lugar à parte e faze uma oração que te reequilibre.
Notando que a medida não alcançou os fins necessários, busca um recanto da natureza, onde encontres plantas e flores, cujas emanações te balsamizem o espírito.
Na hipótese de não retornares à tranqüilidade, procura algum templo religioso e confia-te novamente à prece, esforçando-te para que a paz te fale no coração.
No entanto, se essa providência ainda falhar, dirige-te a um remédio amigo que, com certeza, te aliviará com sedativos adequados, a fim de evitares a implosão de tuas próprias forças.

Emmanuel - Do livro: Luz e Vida - Psicografia: Francisco Cândido Xavier

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O EVANGELHO TRAZ PAZ AO CORAÇÃO E ALIMENTO PARA A ALMA.

ENTENDER O EVANGELHO É SITUA-LO EM NOSSA VIDA ÍNTIMA!

AOS ORADORES DO EVANGELHO, PARA QUE NOSSA TAREFA SEJA DE ACORDO COM O ESPERADO POR JESUS!

“APASCENTA AS MINHAS OVELHAS” – JESUS. (JOÃO, 21:17)

Significativo é o apelo do Divino Pastor ao coração amoroso de Simão Pedro para que lhe continuasse o apostolado.

Observando na Humanidade o seu imenso rebanho, Jesus não recomenda medidas drásticas em favor da disciplina compulsória.

Nem gritos, nem xingamentos.

Nem cadeia, nem forca.

Nem chicote, nem vara.

Nem castigo, nem imposição.

Nem abandono aos infelizes, nem flagelação aos transviados.

Nem lamentação, nem desespero.

“Pedro, apascenta as minhas ovelhas! “

Isso equivale a dizer: - Irmão, sustenta os companheiros mais necessitados que tu mesmo.

Não te desanimes perante a rebeldia, nem condenes o erro, do qual a lição benéfica surgirá depois.

Ajuda ao próximo, ao invés de vergastá-lo.

Educa sempre.

Revela-te por trabalhador fiel.

Sê exigente para contigo mesmo e ampara os corações enfermiços e frágeis que te acompanham os passos.

Se plantares o bem, o tempo se incumbirá da germinação, do desenvolvimento, da florescência e da frutificação, no instante oportuno.

Não analises, destruindo.

O inexperiente de hoje pode ser o mentor de amanhã.

Alimenta a “boa parte” do teu irmão e segue para adiante.

A vida converterá o mal em detritos e o Senhor fará o resto.

(Texto número 19, extraído do livro Fonte Viva, de Emmanuel, psicografado por Chico Xavier)


IRMÃOS, RESPONSÁVEIS PELA ORATÓRIA DO EVANGELHO E DA APROXIMAÇÃO DOS OUVINTES ÀS MENSAGENS DE JESUS,

NÃO NOS ESQUEÇAMOS DO PEDIDO DO MESTRE,

APASCENTEMOS AS OVELHAS COM A DOÇURA POSSÍVEL,

COM A CONFIANÇA NECESSÁRIA,

E PRINCIPALMENTE COM O AMOR QUE DEVEMOS À QUEM ESPERA DE NÓS,

APENAS, QUE FAÇAMOS A NOSSA PARTE.

VIBRAÇÕES

VIBRAÇÕES: COMO FUNCIONAM AS VIBRAÇÕES E AS PRECES FEITAS PARA OS NECESSITADOS?

A CURA ATRAVÉS DAS VIBRAÇÕES

Certa moça, contrariada em suas inclinações, havia-se casado com um homem a quem não amava.

A mágoa que sofreu levou-a a um distúrbio mental.

Sob o domínio de uma ideia fixa, perdeu a razão e teve de ser internada.

Ela jamais ouvira falar de Espiritismo.

Se dele se tivesse ocupado teriam dito que os Espíritos lhe haviam transtornado a cabeça.

O mal provinha, assim, de uma causa moral acidental e exclusivamente pessoal.

Compreende-se que em tais casos os remédios normais nenhum efeito produzem, e como não havia obsessão, podia-se, também, duvidar do efeito da prece.

Um amigo da família e membro da Sociedade Espírita de Paris, julgou dever interrogar um Espírito superior, que respondeu:

- A ideia fixa dessa senhora, por sua mesma causa, atrai em sua volta uma porção de Espíritos maus, que a envolvem com seus fluidos e alimentam as suas idéias, impedindo que lhe cheguem as boas influências.

Os Espíritos dessa natureza abundam sempre em semelhantes meios e constituem, sempre, obstáculo à cura dos doentes.

Contudo podereis curá-la, mas para tanto é necessário uma força moral capaz de vencer a resistência.

E tal força não é dada a um só.

Cinco ou seis espíritas sinceros se reúnam todos os dias, durante alguns instantes e peçam com fervor a Deus e aos bons Espíritos que a assistam; que a vossa prece seja, ao mesmo tempo, uma magnetização mental.

Para tanto não necessitais estar junto a ela, ao contrário.

Pelo pensamento podeis levar-lhe uma salutar corrente fluídica, cuja força estará na razão de vossa intenção, aumentada pelo número.

Por tal meio podereis neutralizar o mau fluido que a envolve.

Fazei isto: tende fé em Deus e esperai."

Seis pessoas se dedicaram a esta obra de caridade e, durante um mês não faltaram à missão aceita.

Depois de alguns dias a doente estava sensivelmente mais calma; quinze dias mais tarde a melhora era manifesta e agora voltou para sua casa em estado perfeitamente normal, ignorando ainda, como o seu marido, de onde lhe veio a cura.

A maneira de agir é aqui indicada claramente e nada teríamos a acrescentar de mais preciso à explicação dada pelo Espírito.

A prece não tem apenas o efeito de levar ao doente um socorro estranho, mas o de exercer uma ação magnética.

Que não poderia o magnetismo ajudado pela prece!

Infelizmente certos magnetizadores, a exemplo de muitos médicos, fazem abstração do elemento espiritual; vêem apenas a ação mecânica, assim se privando de poderoso auxiliar.

Esperamos que os verdadeiros espíritas vejam no fato mais uma prova do bem que podem fazer em circunstâncias semelhantes.

Allan Kardec

CAUSAS DA OBSESSÃO E MEIOS DE COMBATE-LA - REVISTA ESPÍRITA, JANEIRO DE 1863 - ALLAN KARDEC


PRECE POR ENTENDIMENTO

Senhor Jesus!

Auxilia-nos a compreender mais, a fim de que possamos servir melhor, já que somente assim as bênçãos que nos concedes podem fluir, através de nós, em nosso apoio e em favor de todos aqueles que nos compartilham a existência.

Induze-nos à prática do entendimento que nos fará observar os valores que, porventura, conquistemos, não na condição de propriedade nossa e sim por manancial de recursos que nos compete mobilizar no amparo de quantos ainda não obtiveram as vantagens que nos felicitam a vida.

E ajuda-nos, oh! Divino Mestre, a converter as oportunidades de tempo e trabalho com que nos honraste em serviço aos semelhantes, especialmente na doação de nós mesmos, naquilo que sejamos ou naquilo que possamos dispor, de maneira a sermos hoje melhores do que ontem, permanecendo em Ti, tanto quanto permaneces em nós, agora e sempre.

Assim seja.

Emmanuel : Francisco Cândido Xavier - Livro: Paciência

DEZ MANEIRAS DE AJUDAR COM SEGURANÇA

NÃO DISCUTA

Se você é aprendiz do Evangelho, não ignora que o Divino Mestre permanece atento, na redenção do mundo, e que devemos estar vigilantes na execução do serviço que nos compete.

NÃO CRITIQUE

Observemos o setor de nossas obrigações e realizemos o melhor na obra geral, usando as possibilidades ao nosso alcance.

NÃO RECLAME

Contentarmo-nos com o ato de servir é simples dever e quem centraliza a mente na tarefa que lhe é própria não dispõe de tempo para formular queixas inoportunas.

NÃO CONDENE

Reparemos a parte aproveitável nas situações difíceis e esqueçamos todo mal.

NÃO EXIJA

Coopere sem rogar a colaboração alheia, de vez que a responsabilidade pertence a todos e cada um de nós será examinado de acordo com as próprias obras.

NÃO FUJA

Jamais olvide que o problema é a lição da vida. O aluno que teme o ensinamento, descerá naturalmente à retaguarda.

NÃO SE PRECIPITE

Usemos a serenidade. O trabalhador que sabe aproveitar os minutos e respeitá-los, nunca sofre os castigos do tempo.

NÃO TEMA

Quando fixamos o cérebro e o coração em Cristo somos simples agentes d’Ele e quem cumpre a Vontade do Mestre, não deve nem pode recear coisa alguma.

NÃO SE ENGANE

Ninguém precisa aplicar os raios candentes na verdade, a propósito dos mínimos acontecimentos da vida, desfigurando a alegria que deve imperar nos domínios da sementeira e da esperança, mas não perca de vista o que é essencial ao seu progresso, à sua felicidade e à sua redenção para o grande caminho.

NÃO SE ENTRISTEÇA

Lembre-se de que o Nosso Mestre é o Salvador pela Ressurreição. Sofrimento, amargura e morte são sombras. A cruz do Amigo Divino era degrau para a Glória Celeste. Seja esse pensamento uma luz permanente em nossa alma que jamais deve abrir-se ao desânimo. A certeza de que somos os seguidores felizes do Cristo Imortal é para nós motivo de soberana resistência e de eterno júbilo.

André Luiz - Do livro Cartas do coração. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.


AS VIBRAÇÕES SEGUNDO DR BEZERRA DE MENEZES

AS VIBRAÇÕES SEGUNDO DR BEZERRA DE MENEZES
LIVRO:INICIAÇÃO ESPÍRITA - EDGARD ARMOND

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