19 – Vossa terra é por acaso um lugar de alegrias, um
paraíso de delicias? A voz do profeta não soa ainda aos vossos ouvidos? Não
clamou ele que haveria choro e ranger de dentes para os que nascessem neste
vale de dores? Vós que nele viestes viver, esperai portanto lágrimas ardentes e
penas amargas, e quanto mais agudas e profundas forem as vossas dores, voltai
os olhos ao céu e bendizei ao Senhor, por vos ter querido provar! Oh, homens!
Não reconhecereis o poder de vosso Senhor, senão quando ele curar as chagas de
vosso corpo e encher os vossos dias de beatitude e de alegria? Não
reconhecereis o seu amor, senão quando ele adornar vosso corpo com todas as
glórias, e lhe der o seu brilho e o seu alvor? Imitai aquele que vos foi dado
para exemplo. Chegado ao último degrau da abjeção e da miséria, estendido sobre
um monturo, ele clamou a Deus: “Senhor! Conheci todas as alegrias da opulência,
e vós me reduzistes a mais profunda miséria! Graças, graças, meu Deus, por
tendes querido provar o vosso servo”! Até quando os vossos olhos só alcançarão
os horizontes marcados pela morte? Quando, enfim, vossa alma quererá lançar-se
além dos limites do túmulo? Mas ainda que tivésseis de sofrer uma vida inteira,
que seria isso, ao lado da eternidade de glória reservada àquele que houver
suportado a prova com fé, amor e resignação? Procurai, pois, a consolação para
os vossos males no futuro que Deus vos prepara, e vós, os que mais sofreis,
julgar-vos-eis os bem-aventurados da Terra.
Com desencarnados, quando vagáveis no espaço, escolhestes
as vossas provas, porque vos consideráveis bastantes fortes para suportá-la.
Por que murmurais agora? Vós que pedistes a fortuna e a glória, o fizestes para
sustentar a luta com a tentação e vencê-la. Vós, que pedistes para lutar de alma
e corpo contra o mal moral e físico; sabíeis que quanto mais forte fosse a
prova, mais gloriosa seria a vitória, e que, se saísseis triunfantes, mesmo que
vossa carne fosse lançada sobre um monturo, na ocasião da morte, ela deixaria
escapar uma alma esplendente de alvura, purificada pelo batismo da expiação e
do sofrimento.
Que remédios, pois, poderíamos dar aos que foram
atingidos por obsessões cruéis e males pungentes? Um só é infalível: a fé,
voltar os olhos para o céu. Se, no auge de vossos mais cruéis sofrimentos,
cantardes em louvor ao Senhor, o anjo de vossa guarda vos mostrará o símbolo da
salvação e o lugar que devereis ocupar um dia. A fé é o remédio certo para o
sofrimento. Ela aponta sempre os horizontes do infinito, ante os quais se
esvaem os poucos dias de sombras do presente. Não mais nos pergunteis,
portanto, qual o remédio que curará tal úlcera ou tal chaga, esta tentação ou
aquela prova. Lembrai-vos de que aquele que crê se fortalece com o remédio da
fé, e aquele que duvida um segundo da sua eficácia é punido, na mesma hora,
porque sente imediatamente as angústias pungentes da aflição.
O Senhor pôs o seu selo em todos os que crêem nele.
Cristo vos disse que a fé transporta montanhas. Eu vos digo que aquele que
sofre e que tiver a fé como apoio, será colocado sob a sua proteção e não
sofrerá mais. Os momentos mais dolorosos serão para ele como as primeiras notas
de alegria da eternidade. Sua alma se desprenderá de tal maneira de seu corpo,
que, enquanto este se torcer em convulsões, ela pairará nas regiões celestes,
cantando com os anjos os hinos de reconhecimento e de glória ao Senhor.
Felizes os que sofrem e choram! Que suas almas se
alegrem, porque serão atendidas por Deus.
TEXTOS DE APOIO
SAIBAMOS
OUVIR E
VER
Há sempre respostas do Céu às nossas súplicas e jamais
devemos interromper o culto da oração, fio divino e invisível de nossa comunhão
com Deus.
Invariavelmente, fluem do Alto soluções diversas em nosso
favor, à vista de nossas exigências, entretanto, é preciso acender a flama da
fé no templo d’alma para ouvirmos a mensagem de Cima quando o Senhor nos diz
“não”.
Decerto, se todos fossemos afirmativamente atendidos em
nossos requerimentos e petitórios, a perturbação arrasaria o senso da vida e
acabaríamos desnorteados nas sombras da insensatez que nos é própria.
Muitas vezes, a ausência de braços queridos, em nossa
equipe familiar é a bênção do Céu para que a responsabilidade nos esqueça o
destino.
Quase sempre, a moléstia do corpo é socorro às mazelas da
alma.
Em muitas ocasiões, o pauperismo e a dificuldade, a
aprovação e o sofrimento constituem o auxílio seguro da Eterna Providência para
que o tempo nos favoreça com os tesouros da educação.
E, frequentemente, quando a morte nos visita o santuário
doméstico no mundo, semelhante acontecimento vale por advertência do Céu para
que estejamos acordados e valorosos na Terra.
Abramos o coração ao sol da prece e roguemos ao Pai nos
conceda visão.
Em torno de nós, no campo físico e além dele, corre generoso
e incansável o rio da Bondade Celeste.
Basta haja em nós o amor pelo bem e a vocação de servir
para que as bênçãos desse manancial nos felicitem a vida.
Não nos levantemos, porém, na área da experiência
exclamando: “Ouve Senhor, que teu servo clama”!
Antes digamos, genuflexos, no altar do espírito: “Fala,
Senhor, que teu servo escuta!”
Então a humildade será luz brilhante nos escaninhos do
coração, fazendo-nos enxergar nossas próprias necessidades e nossos próprios
enigmas e, revelando-nos a verdade, silenciosa, far-nos-á perceber que a oração
não modifica o quadro de aflição e dor que criamos por nós mesmos, mas
transformar-nos-á o modo de ser, sublimando-nos sentimentos e pensamentos,
diretrizes e atitudes, palavras e atos, para que as nossas experiências se
desdobrem, não conforme os nossos caprichos, mas segundo a Misericórdia e a
Justiça da Lei.
Emmanuel - Livro Moradas de Luz – Francisco Cândido
Xavier – Espíritos Diversos
PROVAS DECISIVAS
Clamas contra o infortúnio que te visita e desespera-te,
sem reação construtiva, ante as horas de luta.
Falaram-te do Senhor e dos aprendizes abnegados que o
seguiram, nas horas primeiras, na senda marginada de prantos e sacrifícios...
Queres, porém, comungar-lhe a paz e viver em menor esforço...
Todavia, quase todos os grandes vultos da humanidade, em
todas as épocas e em todos os povos, passaram pelo tempo das provas decisivas.
Senão observemos:
Cervantes ficou paralítico da mão esquerda e esteve preso
sob a acusação de insolvente, mas sobrepairou acima da injúria e legou um
tesouro à literatura da Terra.
Bernard Palissy experimentou tamanha pobreza que chegou,
em certo momento, a queimar a mobília da própria casa, a fim de conseguir
suficiente calor nos fornos em que fazia experiências; contudo, atingiu a
perfeição que desejava em sua obra de ceramista.
Shakespeare sentiu-se em tão grande penúria, que se
achou, um dia, a incendiar um teatro, tomado de desespero; entretanto, superou
a crise e deixou no mundo obras-primas inesquecíveis.
Victor Hugo esteve exilado durante dezoito anos; todavia,
nunca abandonou o trabalho e depôs o corpo físico,: no solo de sua pátria, sob
a admiração do mundo inteiro.
Faraday, na mocidade, foi compelido a servir na condição
de ajudante de ferreiro, de modo a custear os próprios estudos; no entanto,
converteu-se num dos físicos mais respeitados por todas as nações.
Hertz enfrentou imensa falta de recursos e foi vendedor
de revistas para sustentar-se; entretanto, venceu as dificuldades e tornou-se
um dos maiores cientistas mundiais.
De igual modo, entre os espíritas as condições de
existência terrestre não têm sido outras.
Na França, Allan Kardec sofreu, por mais de uma década,
insultuoso sarcasmo da maioria dos contemporâneos; contudo, jamais desanimou,
entregando à posteridade o luminoso patrimônio da Codificação.
Na Espanha, Amália Domingo Sóler, ainda em plenitude das
forças físicas, tolerou o suplício da fome, na flagelação da cegueira; todavia,
nunca duvidou da Providência Divina, consagrando ao pensamento espírita a
riqueza de suas páginas imortais.
No Brasil, Bezerra de Menezes, abdicando das fulgurações
da política humana e, não obstante a posição de médico ilustre, partiu da
Terra, em extrema necessidade material, o que não impediu a sua elevação ao
título de Apóstolo.
Em razão disso, não te deixes vencer pelos obstáculos.
A resignação humilde, a misturar lágrimas e sorrisos,
anseios e ideais, consolações e esperanças, constrói sobre a criatura invisível
auréola de glória que se exterioriza em ondas de simpatia e felicidade.
Quando o carro de tua vida estiver transitando pelo vale
da aflição, recorda a paciência e continua trabalhando, confiando e servindo
com Jesus.
Lameira de Andrade - livro O Espírito da Verdade.
Psicografia de Waldo Vieira E FCX.
DOENÇA E REMÉDIO
No trato com as chagas da ignorância, na esfera da
Humanidade, quais sejam a incompreensão e a vingança, a crueldade e a rebeldia,
anotemos a conduta da Misericórdia Divina, no quadro das doenças terrestres.
Porque alguém acusa os reflexos tóxicos dessa ou daquela
enfermidade. Não sofre condenação a permanente desajuste.
Recebem a atenção da Ciência, que lhe examina as
possibilidades de cura ou melhoria.
Porque o médico deve observar detritos corruptores, não
lhe impele a saúde à perturbação e ao relaxamento.
Dá-lhes luvas protetoras.
Porque processos infecciosos alteram a constituição
celular nessa ou naquela parte da província corpórea, não sentencia a zona
atacada a simples extirpação.
Oferta-lhe recurso adequado para que elimine a infestação
virulenta.
E grandes lesões comparecem na estrutura do carro físico,
ameaçando-lhes a segurança, traça o plano necessário à intervenção cirúrgica,
mas não deixa o doente a insular-se no desespero, estendendo-lhe à dor o amparo
da anestesia.
Se moléstias epidêmicas surgem, insidiosas, distribui a
vacinação que susta o contágio.
Vemos que a Lei De Deus não se conforma com o mal; ao
contrário, opõe-lhe a cada instante o socorro do bem.
Dessa forma, se os agentes da lama se te infiltram no
passo, exibindo-te aos olhos perigosas ações de discórdia e infortúnio naqueles
que mais amas, não podes realmente acomodar-te aos golpes com que te
impulsionam à imersão na maldade, mas podes esparzir a água viva do amor,
auxiliando em silêncio as vítimas do desequilíbrio que tombam sem saber que se
arrastam no lodo.
Usa, pois, cada hora, a compaixão sem termos e o perdão
sem limites, porque o próprio Jesus, perante os nossos males, exclamou,
complacente:
- “Em verdade, eu vim para curar os sãos”.
De Canais da Vida, de Francisco Cândido Xavier, pelo
Espírito Emmanuel
COMO SE TRATAR
DIANTE DAS FRUSTRAÇÕES
"O Cristo vos disse que com a fé se transportam
montanhas e eu vos digo que aquele que sofre e tem a fé por amparo ficará sob a
sua égide e não mais sofrerá."
Santo Agostinho (Paris, 1863). O Evangelho Segundo o Espiritismo,
capítulo 5, item 19.
Tomar contato com a falibilidade é uma experiência
comparável à dolorosa cirurgia sem o benefício da anestesia.
Sentir-se impotente, arrepender-se de más escolhas,
reconhecer honestamente uma falha lamentável, ter a coragem de olhar para os
erros do passado são atitudes desafiantes para nós que buscamos o aprendizado
espiritual.
Quando todas as resistências do orgulho e da vaidade a
respeito de nossos reais limites se quebram, a sensação de frustração costuma
ser o espelho no qual enxergamos as tormentas de quem se percebe falível. E a
frustração pode transformar-se na porta que se abre para a entrada do desvalor
pessoal, que encarcera a mente e o coração na sensação de inutilidade e vazio
interior.
Nesse quadro de provas emocionais, experimentamos a
amargura da solidão e o clima da falência moral. Tudo parece uma sementeira
arrasada por praga destruidora e um mal-estar toma conta da alma.
Todavia, para dimensionar nossa verdadeira estatura
espiritual e ajuizar sobre quais são as reais necessidades de aprimoramento,
torna-se indispensável a desilusão a respeito do que pensamos que somos. É
necessário o contato com nossa falibilidade para examinar com proveito a
realidade que nos cerca. A humildade só é possível quando caem todas as escamas
enfermiças de nossa autoidolatria sobre supostos valores e qualidades que ainda
não possuímos.
É no clima da frustração que brota a verdadeira
identidade do nosso ser eterno, individual, exuberante e capaz de refletir a
grandeza do criador.
Quem sofre a dor da frustração guarda, no íntimo, muitos
anseios nobres que ainda não foram alcançados. Somente quem não se alimenta de
boas intenções não se frustra.
Frustração pode ser também indício de que necessitamos
rever posturas e reconstruir decisões, não sendo por isso, sinônimo de infelicidade.
Frustração é sinal de rota mal orientada, e os infelizes não são aqueles que
tentaram e falharam, mas, aqueles que sequer importam-se com os dissabores da
existência, optando pela fuga na irresponsabilidade. As pessoas que se frustram
o fazem porque tiveram atitude, tentaram, nutriram boas intenções, desejos e
expectativas.
O encontro com nossa falibilidade só é possível porque
estamos sensíveis a algo melhor e queremos avançar. Se nos importamos com as
decepções da vida vinculadas à nossa responsabilidade é porque almejamos rumos
melhores e mais sadios. Por essa razão, consideremo-nos vitoriosos porque
tentamos, e errar faz parte da caminhada. E porque errarmos e nos frustrarmos,
ainda que repetidamente, não quer dizer que não somos capazes ou que não
merecemos o que buscamos. A frustração, em verdade, é um convite ao recomeço de
um modo diferente e melhor, é indício de que talvez tenhamos de rever nossas
expectativas ou alterar nossa forma de realizar o que desejamos.
Não confundamos frustração com derrota. Frustração é
sintoma de que o resultado não foi o esperado, e a derrota só existe para quem
desistiu ou nem tentou.
O fato de nos esforçarmos para alcançar o êxito não
significa que o alcançaremos. Isso não basta.
Nos dias atuais, em função do imediatismo, há uma busca
desenfreada de sucesso pelos caminhos da facilidade, quando, na verdade, toda
conquista legítima, para valer a pena e nos pertencer de fato, solicita o
concurso louvável do tempo, da paciência, da disciplina e da persistência.
Na Terra, raramente alguém se encontrará fora das provas
da desilusão. Muitos sonhos, planos e revezes nada mais são que vivências para
destruir as ilusões egoísticas de conquistas fáceis e apressadas.
Necessariamente, elas não indicam incompetência, desvalor ou limitação, mas sim
são resultados da pressa, de estratégias inadequadas e de pouca dedicação e
cumplicidade.
Muitas vezes o que consideramos perda, erro e má escolha
é uma alteração de curso nas lições da vida para nos aproximar ainda mais do
desenvolvimento de habilidades e valores que verdadeiramente nos farão felizes
e realizados.
Vamos acolher a frustração como um alerta da existência a
fim de examinarmos com mais atenção a qual aprendizado estamos sendo chamados.
Lembremo-nos de que os vitoriosos não são os que sempre
acertam, e sim os que não desistem. Vitoriosos perdem no mundo das ilusões e
ganham no mundo da realidade, distanciam-se de expectativas impossíveis e
aproximam-se do que é essencial, libertador e que satisfaz seus corações. Sendo
assim, alegremo-nos conosco pelo esforço empreendido e continuemos nos tratando
com carinho e aplicando as melhores energias do bem.
Se chegamos até aqui e não desistimos, imagine o quanto
ainda poderemos realizar se decidirmos trilhar o terreno fértil da cumplicidade
e da coragem de nos auto-avaliarmos diante das frustrações da caminhada!
Pode até ser que para muitas pessoas sejamos fracassados.
Porém, nas leis de Deus, quando não alcançamos êxito, significa que estamos
sendo convocados ao recomeço. Só mesmo no dicionário humano existem palavras
que significam derrota e insucesso a respeito das nossas escolhas na vida. Na
lei divina, impera a bondade, a misericórdia, o amor e o determinismo de
atingirmos a perfeição.
Acreditar nisso significa não aceitar a opinião de quem
só enxerga o nosso lado sombrio. De mãos dadas com Deus, retomemos o curso e
acreditemos no bem em nós. Deus conta apenas com o nosso melhor, Ele não espera
perfeição.
Cada dia é um convite ao recomeço, e o que ontem parecia
sem solução hoje se transforma em resposta inesperada para a alegria e para a
paz. 0 que ontem era ofuscado pela treva hoje pode se converter em luz para o
caminho da realização. 0 que nos parecia fracasso pode ser apenas convite a novos
rumos para o melhor em nosso favor. Mudando o ponto de vista, poderemos
perceber que aquilo que parecia má-sorte e negativismo é, na verdade, a melhor
forma que a vida encontrou de indicar-nos qual direção tomar para nosso
crescimento e felicidade.
Livro: Emoções que Curam – Ermance Dufaux
DECÁLOGO DO BOM
ÂNIMO
1 - Dificuldades?
Não perca
tempo, lamuriando.
Trabalhe.
2 - Críticas?
Nunca
aborrecer-se com elas.
Aproveite-as
no que mostrem de útil.
3 - Incompreensões?
Não busque
torná-las maiores, através de exigências e queixas.
Facilite o
caminho.
4 - Intrigas?
Não lhes
estenda a sombra.
Faça alguma luz com o óleo da caridade.
5 - Perseguições?
Jamais
revidá-las.
Perdoe
esquecendo.
6 - Calúnias?
Nunca
enfurecer-se contra as arremetidas do mal.
Sirva sempre.
7 - Tristezas?
Afaste-se de
qualquer disposição ao desânimo.
Ore abraçando
os próprios deveres.
8 - Desilusões?
Por que
debitar aos outros a conta de nossos erros?
Caminhe para
frente, dando ao mundo e à vida o melhor ao seu alcance.
9 - Doenças?
Evite a
irritação e a inconformidade.
Raciocine nos
benefícios que os sofrimentos do corpo passageiro trazem à alma eterna.
10 - Fracassos?
Não
acredite em derrotas.
Lembre-se
de que, pela bênção de Deus, você está agora em seu melhor tempo – o tempo de
hoje, no qual
você pode
sorrir e recomeçar, renovar e servir, em meio de recursos imensos.
André Luiz - Do livro Coragem. Psicografia de Francisco
Cândido Xavier.
A PONTE
Juca e Bebeto eram irmãos e moravam com a mãe em um sítio
ao pé de serra, rodeados pela natureza e abençoados pela terra fértil.
Dona Joaquina, mãe dos meninos, sentia-se orgulhosa
deles, pois, eles eram extremamente amigos, se preocupavam um com o outro.
Agiam assim porque se amavam.
Certa vez, ambos resolveram visitar um tio que há muito
tempo não viam. Consultaram a mãe e ela preparou um delicioso bolo de fubá para
os moços levarem ao parente distante.
Partiram no dia seguinte, antes do galo cantar. A certa
altura do caminho, se depararam com uma ponte sobre um rio largo e fundo, e com
um aviso em uma tabuleta: “Ponte quebrada. Passar uma pessoa por vez.”
Obedecendo ao aviso, Juca passou sozinho, sendo seguido
pelo irmão. Chegando ao outro lado, Bebeto comentou:
– Ainda bem que lemos o aviso, pois se atravessássemos
juntos, a ponte teria ruído e nos teríamos machucado na queda.
– Mesmo assim – falou Juca – uma pessoa mais pesada corre
o risco de cair. E pode acontecer, ainda, que alguém não saiba ler. Acho melhor
repararmos a situação!
Então, os dois se puseram ao trabalho. Trocaram as partes
apodrecidas da ponte por pequenos troncos encontrados ali perto, amarrando-os
muito bem com cipós. Após algum tempo, a ponte estava novamente segura.
Seguiram viagem.
Chegando à casa do tio, foram recebidos com muita
alegria. A mesa foi posta para o almoço e o bolo de fubá de dona Joaquina foi a
sobremesa saboreada.
À tardinha puseram-se de retorno.
De repente, foram surpreendidos por uma cobra, que
avançou contra Juca, picando-o na perna.
Depois de espantar a serpente, Bebeto improvisou um
torniquete, a fim de evitar que o veneno se espalhasse pelo corpo de Juca. Pôs
o irmão às costas, carregando-os o resto do caminho, pois ele sentia muita dor
e não podia caminhar.
Chegaram novamente à ponte e Bebeto suspirou aliviado. Se
não tivessem consertado antes a ponte, eles não poderiam passar, pois Juca ia
carregado pelo irmão, e precisava ser medicado logo.
Foi assim que o amor dos dois irmãos pelo próximo salvou
a vida de Juca.
Ao chegarem a casa, Juca foi levado ao médico e recebeu
tratamento adequado, recuperando-se logo para voltar ao trabalho e ao carinho
de sua família.
O ELOGIO DA ABELHA
Grande mosca
verde-azul, mostrando envaidecida as asas douradas pelo Sol, penetrou uma sala
e encontrou uma abelha humilde a carregar pequena provisão de recursos para
elaborar o mel.
A mosca arrogante
aproximou-se e falou, vaidosa:
— Onde surges,
todos fogem. Não te sentes indesejável? Teu aguilhão é terrível.
- Sim — disse a
abelha com desapontamento —, creia que sofro muitíssimo quando sou obrigada a
interferir. Minha defesa é, quase sempre, também a minha morte.
— Mas não podes viver com mais distinção e delicadeza? —
tornou a mosca — porque ferretoar, a torto e a direito?
— Não, minha amiga — esclareceu a inter-locutora —. não é
bem assim.
Não sinto prazer em perturbar. Vivo tão somente para o
trabalho que Deus me confiou, que representa benefício geral. E, quando alguém
me impede a execução do dever, inquieto-me e sofro, perdendo, por vezes, a
própria vida.
— Creio, porém, que se tivesses modos diferentes... se
polisses as asas para que brilhassem à claridade solar, se te vestisses em
cores iguais às minhas, talvez não precisasses alarmar a ninguém. Pessoa alguma
te recearia
a intromissão.
— Ah! não posso despender muito tempo em tal assunto —
alegou a abelha criteriosa. — O serviço não me permite a apresentação exterior
muito primorosa, em todas as ocasiões. A produção de mel indispensável ao
sustento
de nossa colméia, e necessária a muita gente, não me
oferece ensejo a excessivos cuidados comigo mesma.
— Repara! — disse-lhe a mosca, desdenhosa — tuas patas
estão em lastimável estado...
— Encontro-me em serviço — explicou-se a operária
humildemente.
Não! não! —
protestou a outra — isto émonturo e relaxamento.
E limpando caprichosamente as asas, a mosca recuou e
aquietou-se, qual se estivesse em observação.
Nesse instante, duas senhoras e uma criança penetraram o
recinto e, notando a presença da abelha que buscava sair ao encontro de
companheiras distantes, uma das matronas gritou, nervosa:
— Cuidado! cuidado com a abelha! Fere sem piedade!...
A pequenina trabalhadora alada dirigiu-se para o campo e
a mosca soberba passou a exibir-se, voando despreocupada.
— Que maravilha! — exclamou uma das senhoras.
— Parece uma jóia! — disse a outra.
A mosca preguiçosa planou... planou... e, encaminhando-se
para a copa, penetrou o guarda-comida, deitando varejeiras na massa dos pastéis
e em pratos diversos que se preparavam para o dia seguinte. Acompanhou a criança,
de maneira imperceptível, e pousou-lhe na cabeça, infeccionando certa região
que se achava ligeiramente ferida.
Decorridas algumas horas, sobravam preocupações para toda
a família. A encantadora mosca verde-azul deixara imundície e enfermidade por
onde passara.
Quantas vezes sucede isto mesmo, em plena vida?
Há criaturas simples, operosas e leais, de trato menos
agradável, à primeira vista, que, à maneira da abelha, sofrem sarcasmos e
desapontamentos por bem cumprir a obrigação que lhes cabe, em favor de todos; e
há muita gente
de apresentação brilhante, quanto a mosca, e que, depois
de seduzir-nos a atenção pela beleza da forma, nos deixa apenas as larvas da
calúnia, da intriga, da maldade, da revolta e do desespero no pensamento.
ALVORADA CRISTÃ FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER PELO ESPÍRITO
NEIO LÚCIO
ACUSAÇÕES E
ACUSADORES
Quando o estudante da Boa Nova se adentrou pela senda
luminosa do esclarecimento renovador, sentiu-se dominado por ignota emoção,
permitindo-se arrastar por aspirações superiores, planejando programas
abençoados a favor da própria paz e em volta dos passos que pretendia imprimir
pela rota.
Tudo sorriam flores, ofertando largas dádivas de
alegrias: amigos gentis, esclarecedores, de segura aparência interior, como se
se encontrassem realmente forjados nos altos fornos do sofrimento e da
abnegação; tarefas múltiplas favoráveis, em clima de fraternidade convidativa;
oportunidades felizes de exercitar as lições vivas do Mestre no convívio
comunitário...
Entusiasmo singular dominou-o com as mais agradáveis
impressões que se convertiam em convites à doação total.
Legitimamente concitado à construção dos postulados
formosos no dia-adia das lutas, envidou esforços e entregou-se ao labor.
A princípio, incipiente, era dirigido pelos companheiros
mais experimentados, desconhecendo a escolha de serviços e a todos se
entregando com alto espírito de abnegação.
Passou a despertar interêsse e granjeou simpatias,
inspirando respeito A ociosidade que estava à espreita, vigilante, bradou por
uma bôca malsã: "Tudo no comêço é fácil. Vejamos daqui a alguns
anos".
Não obstante a decepção sofrida, o candidato ao bem
afervorou-se mais e insistiu na realização dos serviços nobres.
A maledicência que lhe seguia os passos, almejando
ensejo, não aguardou mais tempo e blasonou:
"Parece o dono da Casa, e apenas chegou ontem.
Presunçoso e fingido, dará o golpe, quando menos se espere".
O estudante da lição evangélica anotou o apontamento soez
e, embora sofrendo, superou os próprios melindres, laborando Infatigável.
A inveja que lhe não perdoava a ação elevada,
surpreendeu-o através dos companheiros de trabalho e destilou veneno:
"Interesseiro e falso que é. Será que pretende tomar todo o trabalho nas
suas mãos? Não pergunta nada a ninguém e crê-se auto-suficiente. Merece
desprezo e expulsão antes que seja tarde demais".
O servidor da gleba, coração ralado, asfixiou as lágrimas
e, orando pelos ofensores, prosseguiu confiante.
A viciação segura das vitórias incessantes a que se
acostumara nas continuas investidas à fraqueza humana, fez cerrado sitio e
requisitou a seu serviço a sensualidade, que após os primeiros cometimentos foi
rechaçada.
Ferida no brio, convocou a vaidade que envolveu o lidador
no incenso da palavra vã, esparzindo os fluídos do egoísmo em forma de
ardilosas insinuações que redundaram Inoperantes. O suborno pelo dinheiro foi,
então, estimulado, e como não conseguisse desligar da órbita dos deveres o
discípulo afervorado, êste, com os recursos de que dispunha, passou a engendrar
dificuldades, multiplicando óbices e malquerenças onde medrava o despeito e
campeava a disputa das cogitações inferiores.
Embrulhado, todavia, nas vibrações da prece, o seareiro
da luz insistiu no serviço edificante, apesar da dor que o trespassava
interiormente.
Nesse ínterim, porém, a calúnia resolveu comparecer ao
campo das ações variadas, e, afrontosa, se impôs o compromisso de cravar as
garras nas carnes da alma do operário incansável, O ácido da acusação indébita,
produzindo a impiedade, desvelou os inimigos que jaziam ocultos e o fel do
descrédito cobriu-lhe as pegadas; o enfado antecipou-lhe o avanço e
malquerença, abraçada à ignorância, armou áspera e alta muralha; todavia,
cansado e humilhado, o servo do Cristo se negou saltá-la, deixando-se abater,
então, pelos ardis da calúnia habilmente manejada pelas mãos da mentira que,
confundindo os frívolos e os vãos, estabeleceu primado, transformando o antes
verde campo de esperança em caos de dor e reduto de animalidade...
Entrega-te a Deus, Nosso Pai, e deixa-te conduzir por Ele
docilmente, confiantemente, até o momento da tua libertação...
Eles, também, os teus acusadores experimentarão em breve
o trânsito para a própria libertação. Perdoa-os, e insiste no bem, haja o que
haja, certo de que Jesus, a Quem amas, continuará com êles, mas contigo também.
"Não te envolvas na questão dêste Justo".
Mateus: capítulo 27º, versículo 19.
"O Senhor apôs o seu sêlo em todos os que nêle
crêem. O Cristo vos disse que com a fé se transportam montanhas e eu vos digo
que aquêle que sofre, e tem a fé por amparo, ficará sob a sua égide e não mais
sofrerá. Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo 5º - Item 19 parágrafo 4.
FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas. Pelo Espírito
Joanna de Ângelis. LEAL.
NA GARANTIA
DO BEM
Se podes e quanto
possas,
Auxilia aos Mensageiros do Bem, entretecendo o clima
espiritual necessário à execução do bem.
Em muitos lances da vida, mormente no Plano Físico,
rogamos o amparo das Forças Superiores, a fim de atravessar determinadas crises
de existência, mas, em muitas ocasiões, comportamo-nos à feição do enfermo em
estado grave que recebesse o oxigênio longamente esperado para a garantia da
própria sobrevivência, incendiando-o, porém, antes de aproveitá-lo.
Prevenção e azedume, cólera e desânimo são obstáculos a
desfazerem qualquer possibilidade de auxílio.
Se te propões a colaborar com aqueles que se empenham a
servir, abençoa sempre.
Alguns minutos de tolerância, uma frase de compreensão,
um gesto espontâneo de fraternidade, a gentileza natural ou a espera sem
reclamação operam prodígios.
A Terra ainda está repleta de pessoas que desconhecem a
importância das reações em cadeia.
Por vezes, a delinqüência está avançando, de vibração a
vibração. Para o impacto do crime; no entanto, essa ou aquela pequenina
manifestação de bondade ou entendimento é capaz de sopitar-lhe a marcha, tanto
quanto leve intervenção no estopim aceso pode sustar o fogo, antes que o fogo
alcance a bomba.
Sê o silêncio onde o tumulto ameace perturbação, a
palavra de bênção onde o ódio esteja lançando condenações, a paz no lugar em
que a discórdia apareça e, sobretudo, a paciência em qualquer parte onde as
nuvens da incompreensão prenunciem a tempestade do desequilíbrio.
Recorda: em qualquer necessidade ou sofrimento é
imprescindível podar a inquietude e o desânimo, fatores desencadeantes de
excitação ou de gelo que dificultam a oportunidade de auxiliar ou receber
auxílio.
Em qualquer circunstância, capacita-te de que Deus é amor
para todas as criaturas e que, no esquema da justiça, basta mantenhamos a
disposição de ajudar ao próximo para que nos tornemos suportes da Divina
Providência, em favor dos nossos irmãos de experiência e caminho. De vez que
sem a coragem de servir e sem esforço de compreender, a nossa compaixão pelos
outros, em qualquer caso, não passará de mais um problema sobre os problemas
que pretendamos solucionar
Do livro Momentos de Ouro. Psicografia de Frâncico
Cândido Xavier.
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