18 – Quando Cristo disse: “Bem-aventurados os aflitos,
porque deles é o Reino dos Céus”, não se referia aos sofredores em geral,
porque todos os que estão neste mundo sofrem, quer estejam num trono ou na
miséria, mas ah!, poucos sofrem bem, poucos compreendem que somente as provas
bem suportadas podem conduzir ao Reino de Deus. O desânimo é uma falta; Deus
vos nega consolações, se não tiverdes coragem. A prece é um sustentáculo da
alma, mas não é suficiente por si só: é necessário que se apóie numa fé ardente
na bondade de Deus. Tendes ouvido freqüentemente que Ele não põe um fardo
pesado em ombros frágeis. O fardo é proporcional às forças, como a recompensa
será proporcional à resignação e à coragem. A recompensa será tanto mais
esplendente, quanto mais penosa tiver sido a aflição. Mas essa recompensa deve
ser merecida, e é por isso que a vida está cheia de tribulações.
O militar que não é enviado à frente de batalha não fica
satisfeito, porque o repouso no acampamento não lhe proporciona nenhuma
promoção. Sede como o militar, e não aspires a um repouso que enfraqueceria o
vosso corpo e entorpeceria a vossa alma. Ficai satisfeitos, quando Deus vos
envia à luta. Essa luta não é o fogo das batalhas, mas as amarguras da vida,
onde muitas vezes necessitamos de mais coragem que um combate sangrento, pois
aquele que enfrenta firmemente o inimigo poderá cair sob o impacto de um
sofrimento moral. O homem não recebe nenhuma recompensa por essa espécie de
coragem, mas Deus lhe reserva os seus louros e um lugar glorioso. Quando vos
atingir um motivo de dor ou de contrariedade, tratai de elevar-vos acima das
circunstâncias. E quando chegardes a dominar os impulsos da impaciência, da
cólera ou do desespero, dizei, com justa satisfação: “Eu fui o mais forte”!
Bem-aventurados os aflitos, pode, portanto, ser assim
traduzidos: Bem-aventurados os que têm a oportunidade de provar a sua fé, a sua
firmeza, a sua perseverança e a submissão à vontade de Deus, porque eles terão
centuplicado as alegrias que lhes faltam na Terra, e após o trabalho virá o
repouso.
TEXTOS DE APOIO
BEM SOFRER
Aprendendo a sofrer, mentaliza a Cruz do Mestre e
reflete.
Ele era Senhor e fez-se escravo.
Era Grande e fez-se pequenino.
Era a Luz e não desdenhou a imersão nas sombras.
Era o Amor e suportou o assédio do ódio.
Quem o contemplasse do pó de Jerusalém, no dia da grande
flagelação, decerto identificá-lo-ia à conta de um delinquente em extrema
penúria.
As pregações dele haviam encontrado a sufocação do
Sinédrio, sua doutrina categorizava-se por abominável heresia, seus sonhos de
confraternização pareciam aniquilados, seus beneficiários e companheiros
vagueavam desiludidos e, por único testemunho de reconforto entre as chagas da
morte, não encontrava senão a piedade e o entendimento de um ladrão comum...
Mas quem fixasse com Cristo a multidão, do alto da cruz,
reconhecer-lhe-ia a condição de herói vitorioso, porque para o seu olhar a
turba fanática não passava de vasto rebanho de irmãos necessitados de auxílio.
Ele viu naqueles que o cercavam, a ilusão da ignorância e
percebeu todas as falhas dos perseguidores à maneira de moléstias do espírito
sob a máscara de dominação e falso triunfo...
E sentiu apenas a grande compaixão que lhe nasceu do
espírito com a paz inalterável.
Se nos propomos a bem sofrer, procuremos anotar do cimo
de nossa cruz aqueles que jornadeiam conosco, carregando madeiros mais pesados
que os nossos, ascendendo a fraternidade no próprio coração, a fim de que não
estejamos órfãos de entendimento.
Compadece-te e auxilia a todos para o bem.
Compadece-te daquele que se acha no oásis do lar,
entronizando o egoísmo e compadece-te daqueles que por não possui-lo se
comprazem na revolta!... Compadece-te dos fortes que oprimem os fracos e dos
fracos que hostilizam os fortes!...
Usa o tesouro que o Mestre te confiou por bênçãos de
bondade, ao longo do caminho, e serás amparado por aquele a quem ampara, tanto
quanto serás curado pelo doente a quem socorres.
Do madeiro de sacrifício, Jesus nos ensina a buscar as
bem-aventuranças...
Para bem sofrer, é preciso saber amar e, amando qual o
Cristo nos ama, encontraremos na Terra ou no Mais Além a luz interior que nos
reunirá para sempre à perenidade da Vida Triunfante.
Do Livro: Abrigo de Francisco Cândido Xavier, pelo
Espírito Emmanuel
FAZENDO SOL
Amanheceste chorando pelos que te não compreendem.
Amigos diletos rixaram contigo.
Nos mais amados, viste o retrato da ingratidão.
Aspiravas a desentranhar o carinho nos corações queridos,
com a pureza e a simplicidade da abelha que extrai o néctar das flores sem
alterá-las, e, porque não conseguiste, queres morrer...
Não te encarceres, porém, nos laços do desespero.
Afirmas-te à procura do Amor, mas não te recordas
daqueles para quem o teu simples olhar seria assim como o sorriso da estrela,
descerrado nas trevas.
Mostram a cabeça encanecida, à feição de nossos pais, são
irmãos semelhantes a nós ou são jovens e crianças que poderiam ser nossos
filhos...Contudo, estiram-se em leitos de pedra ou refugiam-se em
antros,fincados no solo, quais se fossem proscritos atormentados.
Não te pedem mais que um pão, a fim de que lhes restaurem
as energias do corpo enfermo, ou uma palavra de esperança que lhes console a
alma dorida.
Não percas o tesouro das horas, na aflição sem proveito.
Podes ser, ainda hoje, o apoio dos que esmorecem,
desalentados, ou a luz dos que jazem nas sombras; podes estender o cobertor
agasalhante sobre aqueles a quem a noite pede perdão por ser longa e fria,
aliviar o suplício dos companheiros que a moléstia carcome ou dizer a frase
calmante para os que enlouqueceram de sofrimento...
Sai, pois, de ti mesmo para conhecer a glória de amar !
...
Perceberás, então, que a existência na Terra é apenas um
dia na eternidade, aprendendo a iluminá-la de amor, como quem anda fazendo sol,
nos caminhos da vida, e encontrarás, mais tarde, em cânticos de alegria, todos
aqueles que te não amam agora, amando-te muito mais, por te buscarem a luz no
instante do entardecer.
Do livro O
Espírito da Verdade. Espíritos Diversos. Psicografia de Francisco Cândido
Xavier.
LIVRO: O Espírito da Verdade – Meimei - FCX
ACEITAÇÃO DA NOSSA FALIBILIDADE
"O fardo é proporcionado às forças, como a
recompensa o será à resignação e à coragem. Mais opulenta será a recompensa, do
que penosa a aflição. Cumpre, porém, merecê-la, e é para isso que a vida se apresenta cheia de tribulações." Lacordaire
(Havre, 1863). 0 evangelho segundo o espiritismo, capítulo 5, item 18.
Quando não aceitamos nossas imperfeições, o sofrimento
aumenta, pois a cobrança e a rigidez desenvolvem um campo mental fértil para a
mágoa diante da frustração das expectativas, para a insegurança por não
conseguirmos controle sobre a vida, para o medo do que pode acontecer por não
ter esse controle, para a culpa por não ter conseguido controlar, para a
vergonha por não ter alcançado o que gostaria, e para a revolta por tanta luta
interior.
Aprisionados nesse redemoinho de emoções, instala-se em
nós a baixa autoestima, uma dolorosa sensação de desvalor pessoal. Vivemos um
conflito desgastante entre o que somos e aquilo que gostaríamos de ser.
A aceitação de nossa realidade é fundamental para gerir
um processo de reforma íntima produtiva e esperançosa, já que o aprimoramento
pessoal só flui com naturalidade quando criamos uma relação amigável e pacífica
com nossas limitações e deficiências.
Devido à inaceitação da verdade pessoal, podemos afirmar,
com pequenas variações de pessoa para pessoa, que em 75% do nosso tempo vivemos
mentalmente presos ao passado, 20% focamos no futuro e apenas 5% conseguimos sincronizar-nos
com o presente.
Quando vivemos no passado, nos aprisionamos na mágoa.
Quando no futuro, escravizamo-nos à ansiedade, e só quando vivemos no presente
experimentamos a realidade.
Mágoa é raiva do que aconteceu e ansiedade é medo do que
virá. Só no presente podemos experimentar o intercâmbio de forças com a vida
que nos alimenta e enriquece.
A raiva do passado é direcionada a alguém ou contra si
mesmo. O medo do futuro cria a exaustão de energia na tentativa de controlar os
acontecimentos e as pessoas para evitar as imaginárias tragédias ou decepções.
Viver no presente é ser alguém adaptado à realidade e
consciente de seu papel pessoal em tudo que lhe acontece, aceitando tudo aquilo
que não lhe é possível fazer ou transformar.
A aceitação é uma terapia curativa porque nos mantém
emocional e mentalmente alinhados com a nossa realidade, consistindo em uma
fonte essencial de saúde e passo seguro para aprender a tratar-se com bondade.
Seu maior ensinamento é: farei somente o meu melhor, farei somente o possível.
Só o poder curativo do amor pode criar uma condição
interior de melhoria e crescimento espiritual, pois tudo o que você aceita em
si próprio fica naturalmente mais fácil de ser transformado em algo melhor.
Tudo aquilo que você resiste ou condena acaba
fortalecendo a sensação de impotência e culpa. Sendo assim, a auto aceitação é
o primeiro passo para a criação de uma amizade duradoura e rica em favor de
nossa paz.
Aceitação não significa que tenhamos de ser sempre do
mesmo jeito ou que vamos nos acomodar com aquilo que aceitamos sobre nós.
Significa apenas que vamos parar de brigar com nós mesmos, parar de resistir às
nossas imperfeições e parar de colocar uma força para controlar a realidade não
controlável. Aceitar nossas imperfeições é criar um acolhimento amoroso com
nossa sombra pessoal.
Realizar uma transformação interior na condição de
inimigos de nós mesmos é um ato de agressividade, um movimento emocional de abrir
nossas defesas energéticas. O conflito interior fragiliza-nos, reduzindo a
imunidade da aura.
Não aceitando, criamos mecanismos mentais de defesa que
nos distanciam da realidade e fazem com que desenvolvamos atitudes de negação
emocional.
Um excelente exercício para a prática da aceitação é
entrar em contato com a fragilidade, com a nossa vulnerabilidade, nossa
condição falível.
Aceitai nossa falibilidade pode ser o melhor caminho para
viver uma vida com leveza, construindo atos de amor e paz interior. Aceitá-la
significa desenvolver honestidade emocional para admitir que fizemos más
escolhas e que fomos frágeis em momentos de decisão e ter coragem de olhar para
o que sentimos diante dessa realidade. Somente assim podemos responder pelo que
somos, pelos nossos comportamentos e sentimentos.
De acordo com as leis do universo, não existem fracassos,
mas resultados. Fracasso é uma palavra que inventamos para dizer que as coisas
não saíram como gostaríamos. Em contrapartida, resultados são os efeitos possíveis
diante de nossos esforços, escolhas e desejos.
Fracasso, falência, derrota e erro são expressões
próprias das imperfeições humanas, que, sob uma ótica imortalista, significam a
necessidade de recomeço, reexame e melhoria.
Só erra quem tenta, e é melhor que não queiramos somente
acertar na vida, até porque o que em muitas situações consideramos correto não
passa de uma mera ilusão de nosso orgulho ou de uma distorção de nossas
crenças.
Quando nos amamos, enxergamos com mais clareza Deus em
nós mesmos, aceitando-nos incondicionalmente e, consequentemente, tratando-nos
cada vez mais com carinho e solidariedade.
Ser responsável em assuntos da reforma íntima não
significa dar conta de tudo, pois somente cada um de nós pode definir o quanto
e o que fazer perante os desafios que nos aguardam na caminhada de superação.
Amar a si é também oferecer ao nosso próximo conhecimento
de nossas reais capacidades e estabelecer condições para nos integrarmos por
inteiro àquilo que fazemos e ao quanto conseguimos realizar.
Como destaca Lacordaire:
"O fardo é proporcionado às forças, como a
recompensa o será à resignação e à coragem. Mais opulenta será a recompensa, do
que penosa a aflição. Cumpre, porém, merecê-la, e é para isso que a vida se
apresenta cheia de tribulações."
Já é muito bom saber que, apesar de nossa fragilidade, as
leis protetoras de Deus não colocam fardo mais pesado do que as forças. É
também um alento pensar que, mesmo com tantas limitações, resignação e coragem
podem alterar todo o roteiro de nossas provas de crescimento.
Ante as sombras da vida mental que insinuam climas
pessimistas em nossos esforços, usemos alguns minutos do tempo, pensemos em
nossos protetores do bem, cruzemos as mãos sobre o peito num gesto de autoamor
e oremos de olhos fechados com resignação e coragem:
Pai, assumo minha fragilidade.
Supra-me para que eu encontre as forças de que necessito.
Abençoa-me para que eu não tombe no desespero ou na
amargura, na tristeza ou na irritação.
Permita-me ter hoje um dia melhor que o de ontem, com
mais disposição e confiança, com mais serenidade e trabalho.
Dai-me Tua mão generosa, e muito obrigado, Senhor!
Livro: Emoções que curam – Ermance Dufaux -
FADIGA E DESESPERO
Conversávamos, antes da reunião, sobre o grande número de
pessoas que acusa fadiga e desespero. Destacávamos os muitos casos em que,
depois dessas indisposições, a pessoa parece cair em doenças e processos
obsessivos, sem que os remédios indicáveis consigam trazer-lhe o alívio ou a
cura.
A nossa troca de idéias continuava animada, quando fomos
chamados pelo horário exigente às tarefas em pauta. Aberto O Evangelho Segundo
o Espiritismo, tivemos para estudo o tema 18 do capítulo V, referente às
provações e lutas da criatura na Terra. Vários confrades comentaram o assunto
com segurança. Ao término de nossas atividades, Emmanuel escreveu a mensagem
Inquietações Corrosivas.
Francisco C. Xavier
INQUIETAÇÕES
CORROSIVAS
Desequilíbrio entre os maiores desequilíbrios que
dilapidam as forças da existência: a fadiga inútil.
Semelhante cansaço vai se alastrando e ganhando áreas: comparece
na retaguarda dos fichários de consultórios e nosocômios, por fator
desencadeante de numerosas enfermidades; por trás de grande contingente dos
desastres de trânsito; na fase de muitas’ segregações carcerárias por motivo a
infrações e delitos; e no âmago de muitas resoluções infelizes que acabam em
suicídio ou frustração.
É imperioso considerar, porém, que esse tipo de exaustão
não procede do trabalho físico que se ergue, quase sempre, por alavanca de
refazimento renovador, e sim de inquietações corrosivas oriundas da caça de
gratificações inoportunas, no imediatismo da experiência humana ou em
manifestações de rebeldia ou inconformidade.
Quanto puderes, usando bondade e tolerância, auxilia a
enxugar as engrenagens do cotidiano, expurgando-as de quaisquer resíduos de
pessimismo e azedume deixados aí pelas aflições desnecessárias.
Ninguém se corporifica na Terra sem planos de trabalho,
com vistas ao próprio burilamento, e nenhum trabalho de sublimação se verifica
sem os testes respectivos.
O vínculo amargo, o desafio ao entendimento, a visita da
tentação, o instante de renúncia ou o tempo de crise são trilhas de acesso às
conquistas da alma.
Não admitas a dificuldade ou a tribulação como sendo
pancadas de angústia, esterilizando-te a vida espiritual.
Recebe-as por lições que te procuram o campo íntimo,
observando o que te dizem pelo idioma inarticulado das provas.
E, agindo com paciência e esperança, serenidade e
abnegação, imunizar-te-ás contra as calamidades do cansaço vazio, preservando a
ti mesmo e auxiliando aos outros, a fim de se firmarem com segurança na
ascensão para Deus.
Emmanuel
Do livro Amanhece. Psicografia de Francisco Cândido
Xavier.
CALMA E FÉ
Realmente, não te será possível deter as vítimas da
precipitação.
Aqui, é alguém
que clama intempestivamente por dias melhores, sem despender qualquer esforço
para alicerçá-los.
Ali, é o amigo que desiste da tolerância e se
desequilibra no espinheiral da irritação.
Mais adiante, é o doente exigindo a própria cura em
poucas horas, depois de organizar campo
adequado para a longa enfermidade que o aflige.
Com todos esses casos rentearás, inclusive talvez,
através de familiares queridos que se mostrem incursos nesses quadros de intemperança
mental, a se expressarem por estranhas perturbações.
Lembrar-te-ás, porém de que a ansiedade negativa, só por
si, nunca serviu a ninguém.
A aflição inútil quase sempre apenas mentaliza
alucinações suscetíveis de piorar quaisquer problemas, já de si mesmos graves e
complicados.
Observa os padrões da Natureza.
A árvore não frutesce sem habilitar-se no tempo para
isso.
Por mais vocifere um homem reclamando a luz solar direta
num hemisfério em que o relógio aponta a meia-noite, reconhecer-se-á obrigado a
esperar pelo amanhecer.
A lâmpada para fazer-se clarão deve ajustar-se à voltagem
a que se vincula.
E uma criança, por mais prodígios de inteligência dos
quais dê testemunho, somente abraçará determinadas responsabilidades quando o
tempo lhe acrescente madureza ao raciocínio.
Nas provas com
que te defrontes, conserva a serenidade da paciência para que te sobreponhas
aos impactos inevitáveis do sofrimento que, na Terra, comparece no caminho de
todos.
Age e constrói, abençoa e auxilia sempre para o bem, mas
não te esqueças de que se não consegues estabelecer a harmonia e a segurança no
íntimo dos outro, podes claramente guardar a calma e a fé no próprio coração.
Do livro: Amigo - Psicografia: Francisco Candido Xavier.
- Pelo espírito de: Emmanuel.
O SERVO INCONSTANTE
À frente do todos os presentes, o Mestre narrou com
simplicidade: — Certo homem encontrou a luz da Revelação Divina e desejou
ardentemente habilitarse para viver entre os Anjos do Céu.
Tanto suplicou essa bênção ao Pai que, através da
inspiração, o Senhor o enviou ao aprimoramento necessário com vistas ao fim a
que se propunha.
Por intermédio de vários amigos, orientados pelo Poder
Divino, o candidato, que demonstrava acentuada tendência pela escultura, foi
conduzido a colaborar com antigo mestre, em mármore valioso.
No entanto, a breve tempo, demitiu-se, alegando a
impossibilidade de submeter-se a um homem ríspido e intratável; transferiu-se,
desse modo, para uma oficina consagrada à confecção de utilidades de madeira,
sob as diretrizes de velho escultor.
Abandonou-o também, sem delongas, asseverando que lhe não
era possível suportá-lo.
Em seguida, empregou- se sob as determinações de
conhecido operário especializado em construção de colunas em estilo grego.
Não tardou, entretanto, a deixá-lo, declarando não lhe
tolerar as exigências.
Logo após, entregou-se ao trabalho, sob as ordens de
experimentado escultor de ornamentações em arcos festivos, mas, finda uma
semana, fugiu aos compromissos assumidos, afirmando haver encontrado um chefe
por demais violento e irritadiço.
Depois, colocou-se sob a orientação de um fabricante de
arcas preciosas, de quem se afastou, em poucos dias, a pretexto de se tratar de
criatura desalmada e cruel.
E, assim, de tarefa em tarefa, de oficina em oficina, o
aspirante ao Céu dizia, invariavelmente, que lhe não era possível incorporar as
próprias energias à experiência terrestre, por encontrar, em toda parte, o
erro, a maldade e a perseguição nos que o dirigiam, até que a morte veio
buscá-lo à presença dos Anjos do Senhor.
Com surpresa, porém, não os encontrou tão sorridentes
quanto aguardava.
Um deles avançou, triste, e indagou: — Amigo, por que não
te preparaste ante os imperativos do Céu? O interpelado que identificava a
própria inferioridade, nas sombras em que se envolvia, clamou em pranto que só
havia encontrado exigência e dureza nos condutores da luta humana.
O Mensageiro, no entanto, observou, com amargura: — O Pai
chamou-te a servir em teu próprio proveito e, não, a julgar.
Cada homem dará conta de si mesmo a Deus.
Ninguém escapará à Justiça Divina que se pronuncia no
momento preciso.
Como pudeste esquecer tão simples verdade, dentro da
vida? O malho bate a bigorna, o ferreiro conduz o malho, o comerciante examina
a obra do ferreiro, o povo dá opinião sobre o negociante, e o Senhor, no
Conjunto, analisa e julga a todos.
Se fugiste a pequenos serviços do mundo, sob a alegação
de que os outros eram incapazes e indignos da direção, como poderás entender o
ministério celestial? E o trabalhador inconstante passou às conseqüências de sua
queda impensada.
Jesus fez uma pausa e concluiu: — Quem estiver sob o
domínio de pessoas enérgicas e endurecidas na disciplina, excelentes resultados
conseguirá recolher se souber e puder aproveitar-lhes a aspereza, inspirandose
na madeira bruta ao contacto da plaina benfeitora.
Abençoada seja a mão que educa e corrige, mas
bem-aventurado seja aquele que se deixa aperfeiçoar ao seu toque de renovação e
aprimoramento, porque os mestres do mundo sempre reclamam a lição de outros
mestres, mas a obra do bem, quando realizada para todos, permanece eternamente.
Neio Lucio - Do Livro Jesus no Lar - Francisco C. Xavier
O SERVIÇO DA
PERFEIÇÃO
Um velho oleiro, muito dedicado ao trabalho, certa feita
adoeceu gravemente e entrou a passar enormes dificuldades.
Os parentes, aos quais ele mais servira, moravam em
regiões distantes e pareciam haver perdido a memória...
Sem ninguém que o auxiliasse, passou a viver da caridade
pública, mas, quando esmolava, caiu na via pública e quebrou uma das pernas,
sendo obrigado a recolher-se à cama por longo tempo.
Chorando, amargurado, fez uma prece e rogou a Deus alguma
consolação para os seus males.
Então, dormiu e sonhou que um anjo lhe apareceu, trazendo
a resposta pedida,
O mensageiro do Céu conduziu-o até o antigo forno em que
trabalhava, e, mostrando-lhe alguns formosos vasos de sua produção, perguntou:
– Como é que você conseguiu realizar trabalhos assim tão
perfeitos?
O oleiro, orgulhoso de sua obra, informou:
– Usando o fogo com muito cuidado e com muito carinho, no
serviço da perfeição. Alguns vasos voltaram ao calor intenso duas ou três
vezes.
– E sem fogo você
realizaria a sua tarefa?
– indagou, ainda, o emissário.
– Nunca! – respondeu o velho, certo do que afirmava.
– Assim também esclareceu o anjo, bondoso –, o sofrimento
e a luta são as chamas invisíveis que Nosso Pai Celestial criou para o
embelezamento de nossas almas que, um dia, serão vasos sublimes e perfeitos para
o serviço do Céu.
Meimei - Do livro Pai Nosso. Psicografia de Francisco
Cândido Xavier.
DESÂNIMO
"O desânimo é uma falta. Deus vos recusa
consolações, desde que vos falte coragem." O EVANGELHO SEGUNDO O
ESPIRITISMO Capítulo 5º - Item 18.
Insidioso, de fácil propagação, tem caráter pandêmico.
Grassa com celeridade, entorpecendo sentimentos com força
que aniquila a vida.
Inimigo desconsiderado fere em profundidade e se agasalha
dominador em todas as criaturas a todo instante, sendo difícil de ser
erradicado.
Com poder semelhante às viroses contagia mais do que a
grande maioria das enfermidades comuns.
Conduz às dissipações, à loucura, ao crime.
Aqueles que lhe caem nas malhas, invariavelmente derrapam
para os vales desesperadores dos estupefacientes, do suicídio.
Suas vítimas apresentam-no refletido no
"fácies" característico, deprimente.
São mórbidas, indiferentes, perigosas.
Grande facção da humanidade sofre-lhe a ação deletéria.
Esse adversário soez e destruidor de multidões é o
desânimo.
Companheiros da fé valorosos, desencorajados de
prosseguirem, recuam.
Trabalhadores devotados, assinalados pelo sofrimento, estacionam.
Serventuários da esperança, desiludidos, fogem. Mantenedores de tarefas
socorristas, desajustados, param... sob o império do desânimo.
Prossegue tu!
Todos falam que recolheram, do labor a que se devotaram,
espinhos rudes e rudes ingratidões.
Explicam, com argumentos injustificáveis, que a moral
evangélica para o momento em que se vive não mais tem aplicação: está
ultrapassada.
Crêem que perderam o tempo, aplicado anteriormente na
execução do programa divino, apresentado pelo Espiritismo.
São vítimas inertes do desânimo.
Sem explicações para se justificarem a si mesmos a fuga
espetacular para com os deveres assumidos espontaneamente, acusam e acusam.
Não lhes dês ouvidos.
Amigos falam que não conseguem perseverar nos ideais
fascinantes e severos da Doutrina dos Imortais.
Também tu.
Alguns reconhecem os erros e a inutilidade de lutarem
contra as próprias deficiências.
Dá-lhes razão, pois que não é diferente o que ocorre
contigo.
Outros esclarecem que tentaram seguir os postulados
espiritistas, mas o tributo a oferecer é grande demais, em considerando as
incertezas de que se encontram possuídos.
Concordas com eles ao auscultares o imo em tormentos
múltiplos.
Eleva o padrão mental de tuas meditações.
Expulsa o tóxico letal que se infiltra sutilmente na tua
organização espiritual.
Faze um exame dos que debandaram das fileiras do dever...
O desanimado é alguém que tombou antes do termo da
jornada.
Reage com todas as forças e não possibilites "horas
vazias" para se encherem de desesperanças nas províncias do teu
pensamento.
Homens e mulheres, que lutaram em todos os tempos para
construírem o ideal de felicidade humana, experimentaram o miasma pestilento
desse sicário do espírito.
Reagindo, porém, e perseverando abrasados pelos empreendimentos
começados, elaboraram o clima de esperança que muitos respiram, abençoados pelo
sol de amor que os aquece.
Estuda o Evangelho e vive-o, embora não consigas avançar
incorruptível. Se tombares no afã da verdade, recomeça. Se despertares ao peso
de irrefreável fadiga, recomeça.
Se experimentares desespero porque demora a
materialização dos teus anseios, recomeça.
O trabalho de valorização do bem é de recomeço e
recomeço, porquanto cada passo dado na direção do objetivo é vitória alcançada
sobre o terreno a vencer...
Quando o desânimo, investindo contra os teus propósitos
superiores, situar o seu quartel na rotina das tuas atividades nobres, modifica
o "modus operandi" e prossegue, renovado, combatendo nos painéis da
mente essa vibração desagregadora transmitida por outras mentes que perseguem o
Evangelho Redentor, desde há muito, e, exaltando a alegria do serviço em cada
minuto de ação superior, destroça as armadilhas bem urdidas desse revel
inimigo, alcançando a plataforma superior da glória de ajudar com desinteresse
e amor.
FRANCO, Divaldo Pereira. Espírito e Vida. Pelo Espírito
Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 28.
INCOMPREENSÃO E
FIDELIDADE
A consideração que desfrutavas, subitamente desapareceu e
passaste a engrossar as fileiras dos que padecem difamações, entre doestos
sibilinos e acusações impiedosas.
As palavras bordadas de melodias que cantavam aos teus
ouvidos, agora chegam agressivas, arrasadoras, como trovoada que prenuncia
tempestade imediata.
Os sorrisos murcharam em muitos lábios, hoje contraídos
em ríctus de amargura, quando não de cólera prestes a explodir em fúria
destrutiva.
As afeições que insinuavam segurança e as amizades que
produziam ruido, sem que possas explicar, se converteram em sombrias ameaças
como tiranos soezes, que não ocultam os sentimentos acalentados interiormente.
As mãos da fraternidade sempre distendidas a fim de
envolver-te, recolheram-se e cederam lugar a tenazes que poderiam dilacerar-te
com inusitada crueza.
A alfândega da cordialidade que trazia as portas abertas
para os tesouros da tua alegria, jaz cerrada, e fiscais impenitentes conferem
as suas bagagens, comprazendo-se em afligir-te demasiadamente, através de
referências odientas quão inconcebíveis.
Estranha amargura domina as ambições e os sonhos do teu
espírito, enquanto sombras densas comandam os teus painéis mentais.
Não estranhes o cometimento necessário de dor e o
suplemento de agonia que te chegam. Constituem indispensável processo de
burilamento que não podes postergar.
Facilidade é sinônimo de amolentamento do caráter.
Cicatriz é ônus que a ferida exige ao organismo para
liberá-lo.
Teste, avaliação de força e capacidade são medidas
aplicáveis para verificação de aprendizagem.
Em nenhum momento Jesus prometeu a Terra dos homens aos
seguidores da Boa Nova.
Todas as suas doações se referem ao Reino dos Céus, que
ora está sendo levantado entre as criaturas, tendo em vista que as suas
fundações só a pouco e pouco penetram na rocha dura das almas.
Disse Ele que o "caminho é apertado" e "a
porta estreita", reservando àqueles que lhe fossem fiéis o mesmo cálice
que sorveu.
Não é, portanto, estranhável, desde que O sigas em regime
de fidelidade, que te sintas deslocado, expulso da roda da comodidade pelos
salteadores da paz alheia, cultivadores da insensatez, usurpadores dos bens de
todos.
Renteando com eles, enquanto não te conheciam e criam na
possibilidade de subornar-te a alma sensível, para envileceres a mensagem de
que te fazes portador, por coerência, mensageiro do Senhor, utilizavam-se de
oferenda mentirosa das aparências para conquistar-te.
Constatando, porém, que o Evangelho é luz, e o Senhor é
Rei, ante a impossibilidade de os destruírem, planejam destroçar-te,
silenciando-te o verbo, ferindo-te até as entranhas, calcinando tuas horas ou
amordaçando-te.
Pigmeus não enfrentam gigantes. Traem-nos ou aliciam
outras forças para engendrarem o combate, no qual seriam esmagados, não fossem
utilizadas a astúcia e a intriga, que pensam dominar as cidadelas da força
nobre por dentro, Invencíveis, todavia, na sua nobre estrutura.
Liga-te, mais, portanto, ao Senhor.
Passaram os enganosos favores que supunhas receber.
Também passarão as débeis perseguições que ora experimentas
Içando o Espírito ao Amigo Divino, dar-te-á Ele
desconhecida coragem e ignorada resistência, revestindo-te de dúlcida alegria,
enquanto perseveres no cumprimento do dever reto, no qual avanças na direção
das estrelas.
Se sentires, nessa luta, o cerco de outras forças
conjugadas àquelas que pertencem aos teus antigos amigos, hoje transformados em
irmãos atormentados, recorda dos Espíritos Infelizes, que se rebolcam além do
túmulo em desespero e rebeldia, comprazendo-se em os afligir e os azucrinar -
como fuga para a própria desdita -, envolvendo-os na luz da oração, de modo a
ajudá-los, conquanto não te compreendam o gesto fraternal nem creiam na
honestidade dele, entregando-os todos ao Excelso Benfeitor em regime de
totalidade, a fim de permaneceres em paz.
"Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem, vos
perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa".
Mateus:´capítulo 5º, versículo 11.
"Quando vos advenha uma causa de sofrimento ou de
contrariedade, sobre ponde-vos a ela, e, quando houverdes conseguido dominar os
ímpetos da impaciência, da cólera, ou do desespero, dizei, de vós para
convosco, cheio de justa satisfação: "Fui o mais forte". Evangelho
Segundo o Espiritismo. Capítulo 5º - Item 18 parágrafo 2.
FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas. Pelo
Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 22.
RENOVAÇÃO FÍSICA
Não aguardes novo corpo físico, a fim de atender à obra
do vosso aperfeiçoamento espiritual.
Há criaturas que, a pretexto de encontrarem o infinito do
templo, eternizam erros infindáveis, mergulhando-se na ociosidade mental que é
sempre a detenção no purgatório reparador.
Daí, antes de tudo, nova forma aos pensamentos.
Ponde a simpatia onde surpreendes a aversão.
Criai as flores do amor sobre os charcos do ódio.
Sustentai o lume da esperança, além do gelo do desalento.
Guardai-vos no trabalho digno e edificante contra as
sugestões do cansaço ou da preguiça.
Fixai o sol da verdade, acima dos nevoeiros da mentira.
Acomodemo-nos com o ensinamento da realidade, esquecendo
a fantasia.
A renovação de nosso espírito para a Vida Mais Alta
depende de nós mesmos, da nossa capacidade de assimilação do Bem.
Adaptemo-nos hoje aos padrões do Cristo, impondo à nossa
alma os característicos do Divino Modelo e, amanhã, encontraremos mais elevado
degrau nas experiências de acesso à Comunhão com o Senhor.
Emmanuel - Livro Moradas de Luz – Francisco Cândido
Xavier – Espíritos Diversos
VENCEDORES
Sejam quais forem as tribulações da vida em que te
encontres...
Se tens a estrela da confiança sob as nuvens pesadas do
sofrimento...
Diante de conflitos que te pareçam calamidades,
arrasando-te a vida...
À frente de provas que mais se te figuram conspirações
das trevas, aniquilando-te o ser...
Se incompreensões de criaturas queridas te colocaram em
labirintos de pranto...
Quando te venha a idéia de eu todo te falta, ainda mesmo
os recursos indispensáveis à própria subsistência...
Ante a presença da morte, ao subtrair-te a presença de
pessoas queridas...
Nas enfermidades que te segreguem nos tratamentos
difíceis e dolorosos...
No centro de problemas que se te revelem insolúveis...
Quando os seres amados se entreguem à descrença,
ridicularizando-te a fé...
Ante as lutas da vida, quando o mundo te imponha ao
espírito o gosto amargo da solidão e da derrota...
Ergue o pensamento a Deus e confia em Deus, porque Deus
não te abandona e tomará tuas aflições e tuas lágrimas para alimentar com ela a
luz da esperança, porque, quase sempre,é com a luz da esperança dos
aparentemente vencidos que Deus ilumina o caminho dos vencedores que estão
sempre agindo e servindo na construção do Mundo Melhor.
Emmanuel - Do livro Momentos de Ouro. Psicografia de
Frâncico Cândido Xavier.
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