4 – As
vicissitudes da vida são de duas espécies, ou, se quisermos, tem duas origens
bem diversas, que importa distinguir: umas têm sua causa na vida presente; outras, fora
desta vida.
Remontando à fonte dos males terrenos, reconhece-se que
muitos são as consequências naturais do caráter e da conduta daqueles que os
sofrem. Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua
imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição! Quantas pessoas arruinadas por
falta de ordem, de perseverança, por mau comportamento ou por terem limitado os
seus desejos!
Quantas uniões infelizes, porque resultaram dos cálculos
do interesse ou da vaidade, nada tendo com isso o coração! Que de dissensões de
disputas funestas, poderiam ser evitadas com mais moderação e menos
suscetibilidade! Quantas doenças e aleijões são o efeito da intemperança e dos
excessos de toda ordem!
Quantos pais infelizes com os filhos, por não terem
combatido as suas más tendências desde o princípio. Por fraqueza ou
indiferença, deixaram que se desenvolvessem neles os germes do orgulho, do
egoísmo e da tola vaidade, que ressecam o coração. Mais tarde, colhendo o que
semearam, admiram-se e afligem-se com a sua falta de respeito e a sua
ingratidão. Que todos os que têm o coração ferido pelas vicissitudes e as
decepções da vida, interroguem friamente a própria consciência. Que remontem
passo a passo à fonte dos males que os afligem, e verão se, na maioria das
vezes, não podem dizer: “Se eu tivesse ou não tivesse feito tal coisa, não
estaria nesta situação”.
A quem, portanto, devem todas essas aflições, senão a si
mesmos? O homem é, assim, num grande número de casos o autor de seus próprios
infortúnios. Mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, e menos humilhante
para a sua vaidade, acusar a sorte, a Providência, a falta de oportunidade, sua
má estrela, enquanto, na verdade, sua má estrela é a sua própria incúria.
Os males dessa espécie constituem, seguramente, um número
considerável das vicissitudes da vida. O homem os evitará, quando trabalhar
para o seu adiantamento moral e intelectual.
5 – A lei humana alcança certas faltas e as pune. O
condenado pode então dizer que sofreu a consequência do que praticou. Mas a lei
não alcança nem pode alcançar a todas as faltas. Ela castiga especialmente as
que causam prejuízos à sociedade, e não as que prejudicam apenas os que as
cometem. Mas Deus vê o progresso de todas as criaturas. Eis por que não deixa
impune nenhum desvio do caminho reto. Não há uma só falta, por mais leve que
seja, uma única infração à sua lei, que não tenha consequências forçosas e
inevitáveis, mais ou menos desagradáveis. Donde se segue que, nas pequenas como
nas grandes coisas, o homem é sempre punido naquilo em que pecou. Os
sofrimentos consequentes são então uma advertência de que ele andou mal.
Dão-lhe as experiências e o fazem sentir, a diferença entre o bem e o mal, bem
como a necessidade de se melhorar, para evitar no futuro o que já foi para ele
uma causa de mágoas. Sem isso, ele não teria nenhum motivo para se emendar, e
confiante na impunidade, retardaria o seu adiantamento, e portanto, a sua
felicidade futura.
Mas a experiência chega, algumas vezes, um pouco tarde; e
quando a vida já foi desperdiçada e perturbada, gastas as forças, e o mal é
irremediável, então o homem se surpreende a dizer: “Se no começo da vida eu
soubesse o que hoje sei, quantas faltas teria evitado; se tivesse de recomeçar,
eu me portaria de maneira inteiramente outra; mas já não há mais tempo!” Como o
trabalhador preguiçoso que diz: “Perdi o meu dia”, ele também diz: “Perdi a
minha vida”. Mas, assim como para o trabalhador o sol nasce no dia seguinte, e
começa uma nova jornada, em que pode recuperar o tempo perdido, para ele também
brilhará o sol de uma vida nova, após a noite do túmulo, e na qual poderá
aproveitar a experiência do passado e pôr em execução suas boas resoluções para
o futuro.
TEXTOS DE APOIO
EXAMINA A
PRÓPRIA AFLIÇÃO
Examina a própria aflição para que não se converta a tua
inquietude em arrasadora tempestade emotiva.
Todas as aflições se caracterizam por tipos e nomes
especiais.
A aflição do egoísmo chama-se egolatria.
A aflição do vício chama-se delinqüência.
A aflição da agressividade chama-se cólera.
A aflição do crime chama-se remorso.
A aflição do fanatismo chama-se intolerância.
A aflição da fuga chama-se covardia.
A aflição da inveja chama-se despeito.
A aflição da leviandade chama-se insensatez.
A aflição da indisciplina chama-se desordem.
A aflição da brutalidade chama-se violência.
A aflição da preguiça chama-se rebeldia.
A aflição da vaidade chama-se loucura.
A aflição do relaxamento chama-se evasiva.
A aflição da indiferença chama-se desânimo.
A aflição da inutilidade chama-se queixa.
A aflição do ciúme chama-se desespero.
A aflição da impaciência chama-se intemperança.
A aflição da sovinice chama-se miséria.
A aflição da injustiça chama-se crueldade.
Cada criatura tem a aflição que lhe é própria.
A aflição do reino doméstico e da esfera profissional, do
raciocínio e do sentimento...
Os corações unidos ao Sumo Bem, contudo, sabem que
suportar as aflições menores da estrada é evitar as aflições maiores da vida e,
por isso, apenas eles, anônimos heróis da vida cotidiana, conseguem receber e
acumular em si mesmos os talentos de amor e paz reservados por Jesus aos
sofredores da Terra, quando pronunciou no monte a divina promessa:
- <<Bem aventurados os aflitos!>>
De "Religião dos Espíritos", de Francisco
Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel
CRENÇAS E CARMA
“... A quem, pois, culpar de todas as suas aflições senão
a si mesmo? O homem é, assim, num grande número de casos, o artífice dos seus
próprios infortúnios; mas, em vez de o reconhecer, ele acha mais simples, menos
humilhante para a sua vaidade, acusar a sorte, a Providência...” (Capítulo 5,
item 4.)
Mentalidade é a
capacidade intelectual, ou seja, o conjunto de crenças, costumes, hábitos e
disposições psíquicas de um indivíduo. São registros profundos situados no
corpo espiritual, raízes de nosso modo de agir e pensar, acumulados na noite
dos tempos.
Nossa mentalidade
atrai tudo aquilo que irradiamos consciente ou inconscientemente.
Portanto, certos
conceitos que mantemos atraem prosperidade e nos fazem muito bem; outros tantos
nos desconectam do progresso e da realidade espiritual.
Porque ainda não
vemos as coisas sem o manto da ilusão é que acreditamos em prêmios e castigos;
na realidade, suportamos apenas as consequências de nossos atos.
Dessa forma, tudo
o que está acontecendo em tua vida é produto de tuas crenças e pensamentos que
se materializam; não se trata, pois, de punições nem recompensas, mas reações
desencadeadas pelas tuas ações mentais.
Certas ideias sobre o carma não condizem com a coerência
e com a lógica da reencarnação, levando-te a interpretações distorcidas e
irreais sobre as Leis Divinas.
Carma, em
sânscrito, quer dizer simplesmente ”ação”.
Tuas ações, ou
seja, teus carmas são positivos ou negativos, de conformidade com o que fizeste
e segundo tuas convicções e valores pessoais.
Deus não julga os atos pessoais, mas criou leis perfeitas
que dirigem o Universo. Porque tens o livre-arbítrio como patrimônio, é que
deves admitir que a vida dá chances iguais para todos: a diferença está na
credulidade de cada um.
A seguir, algumas formas negativas de pensar: “Não posso mudar,
é meu carma”; “Tenho que sofrer muito, são erros do passado”.
Se golpearmos algo para a frente, este objeto terá a
força e a direção que lhe imprimirmos.
Se continuarmos, pois, a golpeá-lo, recolheremos
sucessivos retornos com relativa frequência e intensidade, conforme nossa ação
promotora.
São assim teus carmas: atos e atitudes que detonas
continuadas vezes, vida após vida, recebendo, como consequência, as reações
decorrentes de tua liberdade de agir.
Por que, então, não mudas teu carma?
Jesus afirmou que as ações benevolentes impedem os
efeitos negativos, quando asseverou:
“Muito lhe foi perdoado porque muito amou, mas a quem pouco
se perdoa, é porque pouco ama”. (1) Ou ainda: “O amor cobre a multidão de
pecados”. (2)
Algumas religiões e sociedades vingativas e condenadoras impuseram
a crença da punição como forma de resgatar a
consciência intranquila perante as leis morais. Outras,
mais radicais ainda, diziam que somente o sofrimento e o castigo até a “quarta geração”
(3) eram o tributo necessário para que as criaturas pudessem se harmonizar
perante o tribunal sagrado, com isso olvidando que a Providência Divina usa
como método real de evolução apenas a educação e o amor.
Aquele que muito amou foi perdoado, não aquele que muito sofreu.
O amor é que cobriu, isto é, resgatou a multidão dos pecados, não a punição ou
o castigo.
O sofrimento apenas nos serve como “transporte das almas”
de retorno ao amor, de onde saímos, fruto da Paternidade Divina. A função da
dor é ampliar horizontes para realmente vislumbrarmos os concretos caminhos
amorosos do equilíbrio.
Como o golpe ao objeto pode ser modificado, repensa e
muda também tuas ações, diminuindo intensidades e frequências e recriando novos
roteiros em tua existência.
Transformar ações amando é alterar teu carma para melhor,
atraindo pessoas e situações harmoniosas para junto de ti.
(1) Lucas 7:47.
(2) 1º Pedro 4:8.
(3) Êxodo 34:7.
Hammed – livro: Renovando Atitudes
LIÇÕES DO MOMENTO
Deus é amor invariável e o amor desafivela os grilhões do
espírito.
Se há repouso na consciência, a evolução da alma
ergue-se, desenvolta, dos alicerces insubstituíveis do sacrifício.
Quem não se bate pelo bem, desce imperceptivelmente para
as fileiras do mal.
Junto à correção sempre existe o desacerto, exaltando o
mérito do dever na conduta digna.
Identifique, na dificuldade, o favor da Providência
Divina para dilatar-lhe a paz, sentindo, no imprevisto da experiência mais
grave, o fulcro de incitamento à perseverança na boa intenção e vendo, na
tibiez de quantos imergiram na invigilância, o exemplo indelével daquilo que
não deve ser feito.
Quanto maior a sombra em torno, mais valiosa a fonte de
luz.
Desse modo, a alegria pura viceja entre a dor e o
obstáculo; a resignação santificante nasce em meio às provas difíceis; a renúncia
intrépida irrompe no seio da injustiça das emulações acirradas, e a pureza
construtiva surge, não raro, em ambiente de viciação mais ampla.
Eis por que, em seu círculo pessoal, se entrecruzam
mensagens importantes e diversas a lhe doarem o estímulo e a consolação, o
entendimento e a claridade de que você carece para ajustar-se espiritualmente,
através das lides variadas de cada instante.
O chefe irritadiço é instrumento providencial da
corrigenda.
O companheiro problemático deixa-nos livre caminho à sementeira
da fraternidade sem mescla.
O engano é precioso contraste a ressaltar as linhas
configurativas da atitude melhor.
A tortuosidade do caminho demonstra a excelência da
estrada reta.
Faça, pois, do momento que transcorre, a lição recolhida
para o momento a transcorrer, verificando quantas vezes, em vinte e quatro
horas, você é requisitado a auxiliar os semelhantes, e não regateie cooperação.
Na oficina de trabalho, buscam-lhe a gentileza no amparo
de muitos corações que se sentem ao desabrigo.
Na via pública, esbarra-lhe o passo, companheiros que vão
e vêm buscando encontrar o sorriso que você pode ofertar-lhes como incentivo à
esperança.
No recesso do lar, o alvorecer encontra-lhe a presença,
em novas possibilidades de exaltar a confiança nos Desígnios da Altura.
Na conversação comum, requisições ostensivas
auscultam-lhe a disposição de estender conhecimento e virtude, na enfermagem
das chagas morais, entrevistas na modulação das vozes e nos traços dos
semblantes, afora variegados ensejos de assistir o próximo, a lhe desafiarem a
eficiência e a vigilância, tais como a necessidade interior estampada no
silêncio do visitante, o azedume do colega menos feliz, o doente a buscar-lhe
os préstimos, o sofredor a rogar-lhe compreensão, a abordagem da criancinha
desvalida, a surpresa menos agradável, a correspondência a exigir-lhe a atenção
ou o noticiário intranquilo que a imprensa propala.
Pureza inoperante é utopia igual a qualquer outra, e, em
razão disso, ignorar a poça infecta é manter-lhe a inconveniência.
Não menospreze, assim, a lição do momento, na certeza de
que renovamos ideias, experiências e destinos, cada dia, segundo as
particularidades das manifestações de nosso livre-arbítrio.
André Luiz. - Do livro O Espírito da Verdade. Psicografia
de Waldo Vieira.
O BEM ANTES
Não ignoramos que a lei de causa e efeito funciona
mecanicamente, em todos os domínios do Universo.
Sabemos, porém, que diariamente criamos destino.
Decerto que a Eterna Sabedoria não nos concede a
inteligência para obedecermos passivamente aos impulsos exteriores; confere-nos
inteligência e razão para obedecermos às leis por ela estabelecidas, com o preciso
discernimento entre o bem e o mal.
Cabe-nos, assim, criar o bem e promovê-lo com todas as
possibilidades ao nosso alcance.
Deploramos a tragédia passional em que se envolveram
amigos dos mais queridos ....
Indaguemos de nós sobre o que efetuamos, em favor deles,
para que não se arrojassem na delinqüência.
Espantamo-nos perante a desolação de mães desvalidas que
se condenam à morte, à frente dos próprios filhos desamparados...
Perguntemos-nos quanto ao que foi feito por nós, a fim de que a penúria não as
levasse à grimpas do desespero.
Lamentamos desajustes domésticos e perturbações
coletivas, incompreensões e sinistros; entretanto, em qualquer falha nos
mecanismos da vida é necessário inquirir, quanto à nossa conduta, no sentido de
remover, em tempo hábil, a ocorrência infeliz.
“O bem antes de tudo” deve erigir-se por item fundamental
do nosso programa de cada
dia.
Atendamos ao socorro fraterno, na imunização contra o
mal, com o desvelo dentro do qual nos premunimos contra acidentes, em
respeitando os sinais de trânsito.
Alguém se permitirá dizer que, se somos livres, nada temos
a ver com as experiências do próximo; e estamos concordes com semelhante
assertiva, no tocante a viver, de vez que todos dispomos de independência nas
escolhas e ações da existência, das quais forneceremos contas respectivas, ante
a Vida Maior; contudo, em matéria de conviver, coexistimos na interdependência,
em que necessitamos do amparo uns dos outros, para sustentar o bem de todos.
Os viajantes de um navio, a pleno oceano, reclamam auxílio
mútuo, a fim de que se evite o soçobro da embarcação.
Nós, os Espíritos encarnados e desencarnados, em serviço
no Planeta, não nos achamos em condição diferente. Daí a necessidade de
fazermos todo bem que nos seja possível na reparação desse ou daquele desastre,
mas, para que tenhamos sempre a consciência tranquila, é preciso saber se
fizemos o bem antes.
GUARDE CERTEZA
O ato de rebeldia e dureza, antes de manifestar-se em
maligna agitação, transforma o templo da alma em foco de lixo vibratório.
A palavra precipitada e ferina, antes de ferir o ouvido alheio,
entenebrece os processos mentais do seu autor, com a sombra da invigilância.
A queixa, embora
aparentemente justa, antes de parasitar o equilíbrio do próximo, vicia as
intenções mais íntimas do seu portador.
A opinião estagnada e orgulhosa, antes de acabrunhar o
interlocutor, cristaliza as possibilidades de atualização e aperfeiçoamento de
quem a manifesta.
O hábito lamentável, superficialmente comum, antes de sugerir
a trilha da frustração ao vizinho, aprisiona quem o cultiva em malhas
invisíveis de lodo e sombra.
A repetição deliberada de um erro, antes de dilapidar a
reputação do delinquente, intoxica-lhe a vontade e solapa-lhe a segurança.
A grande ação delituosa, antes de exteriorizar-se para o
conhecimento de todos, é precedida por pequenas ações infelizes, ocultas nos propósitos
escusos daquele que a perpetra.
O desculpismo improcedente, antes de ser vã tentativa de
iludir os outros, constitui a realização efetiva da ilusão naquele que o
promove.
Antes de agirmos, mentalizamos a ação.
Antes de atuarmos na vida exterior, atuamos em nossa vida
profunda.
Antes de sermos bons ou maus para todos, somos bons ou
maus para nós mesmos.
Guarde certeza dessas realidades.
Antes de colher o sorriso da felicidade que esperamos
através dos outros, é preciso vivermos o bem desinteressado e puro que fará
felizes aqueles que nos farão felizes por nossa vez.
Livro: Estude e Viva Francisco Cândido Xavier E Waldo
Vieira Pelos Espíritos Emmanuel E André Luiz
NA HORA DA FADIGA
Quando o cansaço te procure no serviço do bem, reflete
naqueles irmãos que suspiram pelo mínimo das facilidades que te enriquecem as
mãos.
Pondera não apenas
nas dificuldades dos que, ainda em plenitude das forças físicas, se viram
acometidos por lesões cerebrais, mas também no infortúnio dos que se acham em
processos obsessivos, vinculados às trevas da delinquência.
Observa não
somente a tortura dos paralíticos, reclusos em leitos de provação, mas igualmente
a dor dos que não souberam entender a função educativa das lutas terrestres e
caminham, estrada afora de coração enrijecidos na indiferença.
Considera não
apenas o suplício dos que nascem em dolorosa condição de idiotia, reclamando o
recurso alheio nas menores operações da vida orgânica, mas também o perigoso
desequilíbrio daqueles que, no fastígio do conforto material, resvalam em ateísmo
e vaidade, fugindo deliberadamente às realidades do espírito.
Medita não somente
na aflição dos que foram acidentados em desastres terríveis, mas igualmente na
angústia dos que foram atropelados pela calúnia, tombando moralmente em revolta
e criminalidade, por não saberem assimilar o benefício do sofrimento.
Quando a fadiga te
espreite na esfera da ação, pensa naqueles companheiros, ilhados em padecimento
do corpo e da alma, a esperarem pelo auxílio, ainda que ligeiro, de teu
pensamento, de tua palavra, de tua providência, de tuas mãos. . .
Se o desânimo te
ameaça, examina se o abatimento não será unicamente anseio de repousar, antes
do tempo, e se te reconheces conscientemente disposto de energias para ser
útil, não te confies à inércia ou à lamentação.
Quando a fadiga
apareça, recorda que alguém existe, a orientar-te e a fortalecer-te na execução
das tarefas que o Alto te confiou; alguém com suficiente amor e poder, a esperar-te
os recursos e dons na construção da Vida Melhor... Esse alguém é Jesus, a quem
aceitamos por Mestre e que certa feita, asseverou, positivo, à frente dos
seguidores espantados por vê-lo a servir um dia consagrado ao descanso: - “meu
Pai trabalha até hoje e eu trabalho também”.
DOENÇAS FANTASMAS
Somos defrontados com frequência por aflitivo problema
cuja solução reside em nós.
A ele debitamos
longas fileiras de irmãos nossos que não apenas infelicitam o lar onde são
chamados à sustentação do equilíbrio, mas igualmente enxameiam nos consultórios
médicos e nas casas de saúde, tomando o lugar de necessitados autênticos.
Referimo-nos às
criaturas menos vigilantes, sempre inclinada ao exagero de quaisquer sintomas
ou impressões e que se tornam doentes imaginários, vítimas que se fazem de si
mesmas nos domínios das moléstias-fantasmas.
Experimentam, às
vezes, leve intoxicação, superável sem maiores esforços, e, dramatizando em
demasia pequeninos desajustes orgânicos, encharcam-se de drogas, respeitáveis
quando necessárias, mas que funcionam a maneira de cargas elétricas inoportunas,
sempre que impropriamente aplicadas.
Atingido esse
ponto, semelhantes devotos da fantasia e do medo destrutivo caem fisicamente em
processos de desgastes, cujas as consequência ninguém pode prever, ou entram,
modo imperceptíveis para eles, nas calamidades sutis da obsessão oculta, pelas quais
desencarnados menos felizes lhes dilapidam as forças.
Depois disso,
instalada a alteração do corpo ou da mente, é natural que o desequilíbrio real
apareça e se consolide, trazendo até mesmo a desencarnação precoce, em agravo
de responsabilidade daqueles que se entibiam diante da vida, sem coragem para
trabalhar, sofrer e lutar.
Precatemo-nos
contra esse perigo absolutamente dispensável.
Se uma dor
aparece, auscultemos nossa conduta, verificando se não demos causa à benéfica
advertência da Natureza.
Se surge a
depressão nervosa, examinemos o teor das emoções a que estejamos entregando as
energias do pensamento, de modo a saber se o cansaço não se resume a um aviso
salutar da própria alma, para que venhamos a clarear a existência e o rumo.
Antes de lançar
qualquer pedido angustiado de socorro, aprendamos a socorrer-nos através da
auto análise, criteriosa e consciente.
Ainda que não seja
por nós, façamos isso pelos outros, aqueles outros que nos amam e que perdem, inconsequentemente,
recurso e tempo valiosos, sofrendo em vão com a leviandade e a fraqueza de que
fornecemos testemunhos.
Nós que nos
esmeramos no trabalho desobssessivo, em Doutrina Espírita, consagremos a
possível atenção a esse assunto, combatendo as doenças-fantasmas que são
capazes de transformar-nos em focos de padecimentos injustificáveis a que nos conduzimos
por fatores lamentáveis de auto-obsessão.
Livro: Estude e Viva Francisco Cândido Xavier E Waldo Vieira Pelos Espíritos Emmanuel E André Luiz
E OLHAI POR VÓS
"E olhai por vós, não aconteça que os vossos
corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez e dos cuidados desta vida, e
venha sobre vós de improviso aquele dia." - Jesus. (LUCAS, 21:34.)
Em geral, o homem se interessa por tudo quanto diga
respeito ao bem-estar imediato da existência física, descuidando-se da vida
espiritual, a sobrecarregar sentimentos de vícios e inquietações de toda sorte.
Enquanto lhe sobra
tempo para comprar aflições no vasto noticiário dos planos inferiores da
atividade terrena, nunca encontra oportunidade para escassos momentos de
meditação elevada.
Fixa com interesse
as ondas destruidoras de ódio e treva que assolam nações, mas não vê,
comumente, as sombras que o invadem.
Vasculha os males
do vizinho e distrai-se dos que lhe são próprios.
Não cuida senão de
alimentar convenientemente o veículo físico, mergulhando-se no mar de fantasias
ou encarcerando-se em laços terríveis de dor, que ele próprio cria, ao longo do
caminho.
Depois de plasmar
escuros fantasmas e de nutrir os próprios verdugos, clama, desesperado, por
Jesus e seus mensageiros.
O Mestre, porém,
não se descuida em tempo algum e, desde muito, recomendou vele cada um por si,
na direção da espiritualidade superior.
Sabia o Senhor
quanto é amargo o sofrimento de improviso e não nos faltou com o roteiro,
antecedendo-nos a solicitação, há muitos séculos.
Retire-se cada um
dos excessos na satisfação egoística, fuja ao relaxamento do dever, alije as
inquietações mesquinhas - e estará preparado à sublime transformação.
Em verdade, a
Terra não viverá indefinidamente, sem contas; contudo, cada aprendiz do
Evangelho deve compreender que o instante da morte do corpo físico é dia de
juízo no mundo de cada homem.
Livro: Vinhas de Luz - Emmanuel - Psicografia de Chico
Xavier
DESALENTO E
MATERIALISMO
Grande número de
visitantes, inclinados ao estudo da Doutrina Espírita, alguns deles egressos de
tratamento psiquiátrico, apresentavam-se em nossa reunião pública do Grupo
Espírita da Prece. A maioria falava de insegurança e desalento perante as lutas
necessárias e edificantes da vida. Comentavam alguns, ainda, os avanços do
materialismo e a descrença, às vezes fria, de muitos homens de cultura
científica.
Quando o horário nos chamou à execução do programa
doutrinário da noite, O Evangelho Segundo o Espiritismo nos deu para estudo o
item 4 do capítulo V. As explanações do tema pelos companheiros espíritas foram
as melhores. No término dos trabalhos, Emmanuel escreveu a página sobre
religião e tratamento de saúde.
RELIGIÃO E
TRATAMENTO
Companheiros vários indagam pelo motivo do
recrudescimento das moléstias mentais nos tempos modernos.
Milhares de pessoas se acusam portadoras de traumas e
frustrações, recorrendo às ciências psicológicas para tratamento adequado.
Realmente, a formulação de recursos medicamentosos a que
se endereçam, com a chancela da autoridade profissional, poderia ser feita sem
maior especificação. Entretanto, os pacientes desejam algo mais que o socorro
químico.
Precisam destacadamente da palavra esclarecedora e
edificante que lhes recomponha as emoções e lhes ilumine o entendimento.
Por isso mesmo, o médico das forças espirituais é
procurado hoje, à feição de sacerdote da ciência, habilitado a oficiar na
religião da consciência reta a fim de educar a vida e sublimá-la.
Que isso é alto progresso humano não há negar. Isso,
porém, demonstra igualmente que a assistência religiosa é inarredável da paz e
da felicidade das criaturas.
O aprimoramento da técnica acelerou o engrandecimento da
indústria.
A indústria avançada incentivou a produção de valores
materiais.
E, no parque imenso das facilidades e garantias ao
reconforto físico, a carência de alimento espiritual patrocina desequilíbrios
em múltiplas direções.
A anemia da vida interior estabelece pequenos e grandes
colapsos do mundo íntimo e, em razão disso, sobram perturbações e necessidades
da alma em quase todos os setores da evolução.
À frente do painel de semelhantes conflitos, meditemos na
importância do amparo religioso e não permitas se te apague a luz da fé onde
estiveres.
Se te encontras a sós, nos princípios religiosos que te
nutrem a vida, faze o teu momento de reflexão e de prece, entre os horários de
cada dia ; atende ao culto periódico da oração e do estudo iluminativo com os
familiares e amigos que te possam acompanhar nos impulsos de reverência a Deus
; não sonegues a palavra serena e reconfortante da crença que abraças nos
diálogos com os irmãos de caminho ; e, quanto puderes, prestigia o templo
religioso a que te vinculas, cooperando espontaneamente, a fim de que a tua
casa de fé, possa atender aos programas de serviço ao próximo em que se
compromete, diante do Eterno Bem.
Compreendamos, por fim, que o progresso tecnológico, na
ciência, é irreversível, mas em nossa condição de espíritos imortais,
encarnados ou não, somos obrigados a reconhecer que o amparo espiritual na religião
é irreversível também.
Emmanuel - Do livro Amanhece. Psicografia de Francisco
Cândido Xavier.
NEM CASTIGO NEM PERDÃO
O espírita encontra na própria fé - o Cristianismo
Redivivo - estímulos novos para viver com alegria, pois, com ele, os conceitos
fundamentais da existência recebem sopros poderosos de renovação.
A Terra não é prisão de sofrimento eterno.
É escola abençoada das almas.
A felicidade não é miragem do porvir.
É realidade de hoje.
A dor não é forjada por outrem.
É criação do próprio espírito.
A virtude não é contentamento futuro.
É júbilo que já existe.
A morte não é santificação automática.
É mudança de trabalho e de clima.
O futuro não é surpresa atordoante.
É consequência dos atos presentes.
O bem não é o conforto do próximo, apenas.
É ajuda a nós mesmos.
Deus é Equidade Soberana, não castiga nem perdoa, mas o
ser consciente profere para si mesmo as sentenças de absolvição ou culpa ante
as Leis Divinas.
Nossa conduta é o processo, nossa consciência o tribunal.
Não nos esqueçamos, portanto, de que, se a Doutrina
Espírita dilata o entendimento da vida, amplia a responsabilidade da criatura.
As raízes das grandes provas irrompem do passado - subsolo
da nossa existência -, e, na estrada da evolução, quem sai de uma vida entra em
outra, porque berço e túmulo são, simultaneamente, entradas e saídas em planos
de Vida Eterna.
André Luiz - Livro O Espírito da Verdade – Francisco C.
Xavier
EM TORNO DA
VIRTUDE
Se uma criatura possui enorme fortuna, podendo
desmandar-se na prodigalidade ou na avareza, e busca empregá-la no bem-estar e
no progresso, na educação e no aprimoramento dos semelhantes...
Se dispõe de autoridade com recursos para manejar a
própria influência em seu exclusivo proveito, e procura aplicá-la no auxílio
aos outros...
Se sofre acusação indébita com elementos para justiçar-se
do modo que considere mais justo, e prefere esquecer a ofensa recebida,
reconhecendo-se igualmente passível de errar...
Se já efetuou, em favor de alguém, todos os serviços ao
seu alcance, recolhendo invariavelmente a incompreensão por resposta, e
prossegue amparando esse alguém, através dos meios que se lhe fazem possíveis,
sem exigência e sem queixa...
Essa pessoa ter-se-á colocado, evidentemente, a cavaleiro
das piores tentações que lhe assediavam a vida.
Todos nós, – os espíritos em evolução e resgate nas trilhas
do Universo, – recapitulamos as experiências em que tenhamos falido. A vista
disso, todas as provações na escola terrestre assumem a feição de ensinamentos
e testes indispensáveis. Há quem renasça mostrando extrema beleza, física, a
fim de superar inclinações ao; desregramento carregando um cérebro privilegiado
para vencer a vaidade da inteligência; detendo valiosa titulação acadêmica de
modo a subjugar a propensão para o abuso; ou exercendo encargos difíceis nas
causas nobres, de maneira a extinguir os impulsos de deserção ou deslealdade.
Cada qual de nós, no internato da reencarnação, é
examinado nas tendências inferiores que trazemos das existências passadas, a
fim de aprendermos que somente nos será possível conquistar o bem, vencendo o
mal que nos procure, tantas vezes quantas necessárias, mesmo além do débito
pago ou da sombra extinta.
Fácil, pois, observar que sem a presença da tentação, a
virtude não aparece e assim será sempre para que a inocência não seja uma flor
estéril e para que as grandes teorias de elevação não se façam sementes
frustras no campo da Humanidade.
Emmanuel - Do
livro Alma e Coração. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
CONTROLE SEXUAL
Interroguem friamente suas consciências todos os que são
feridos no coração pelas vicissitudes e decepções da vida; remontem, passo a
passo, à origem dos males que os torturam e verifiquem se, as mais das vezes,
não poderão dizer: Se eu houvesse feito, ou deixado de fazer tal coisa, não
estaria em semelhante condição. Do item 4, do Cap. V, de "O Evangelho
Segundo o Espiritismo".
Existe o mundo sexual dos Espíritos de evolução primária,
inçado de ligações irresponsáveis, e existe o mundo sexual dos Espíritos
conscientes, que já adquiriram conhecimento das obrigações próprias, à frente
da vida; o primeiro se constitui de homens e mulheres psiquicamente não muito
distantes da selva, remanescentes próximos da convivência com os brutos,
enquanto que o segundo é integrado pelas consciências que a verdade já
iluminou, estudantes das leis do destino à luz da imortalidade.
O primeiro grupo se mantém fixado à poligamia, às vezes
desenfreada, e só, muito pouco a pouco, despertará para as noções da responsabilidade
no plano do sexo, através de experiências múltiplas na fieira das
reencarnações.
O segundo já se levantou para a visão panorâmica dos
deveres que nos competem, diante de nós mesmos, e procura elevar os próprios
impulsos sexuais, educando-os pelos mecanismos da contenção.
Falar de governo e administração, no campo sexual, aos
que ainda se desvairam em manifestações poligâmicas, seria exigir do silvícola
encargos tão-somente atribuíveis ao professor universitário, razão por que será
justo deter-se alguém nesse ou naquele estudo alusivo à educação sexual apenas
com aqueles que se mostrem suscetíveis de entender as reflexões exatas, nesse
particular. Estabelecida a ressalva, perguntemos a nós mesmos se nos seria
lícito abandonar, no mundo, os compromissos de natureza afetiva, assumidos
diante uns dos outros. Assim nos externamos para considerar que a ligação
sexual entre dois seres na Terra envolve a obrigação de proteger a
tranqüilidade e o equilíbrio de alguém que, no caso, é o parceiro ou a parceira
da experiência "a dois", e, muito comumente, os "dois" se
transfiguram em outros mais, na pessoa dos filhos e demais descendentes. Urge,
desse modo, evitar arrastamentos no terreno da aventura, em matéria de sexo,
para que a desordem nos ajustes propostos ou aceitos não venha a romper a
segurança daquele ou daquela que tomamos sob nossa assistência e cuidado, com
reflexos destrutivos sobre todo o grupo, em que nos arraigamos através da
afinidade. Não se trata, em nossas definições, do chamado "vínculo indissolvível"
criado por leis humanas, de vez que, em toda parte, encontramos companheiros e companheiras lesados pelo
comportamento de parceiros escolhidos para a vivência sexual e que, por isso
mesmo, adquirem, depois de prejudicados, o direito natural de se vincularem à
outra ligação ou a outras ligações subseqüentes, procurando companhia ao nível
de sua confiança e respeitabilidade; reportamo-nos ao impositivo da lealdade
que deve ser respondida com lealdade, seja qual for o tipo de união em que os parceiros
se comuniquem sexualmente um com o outro, sustentando o equilíbrio recíproco.
Considerado o exposto, os participantes da comunhão
afetiva, conscientes dos deveres que assumem, precisam examinar até que ponto
terão gerado as causas da indisciplina ou deserção naquele ou naquela que desistiu
da própria segurança íntima para se atirar à leviandade. Justo ponderar quanto
a isso, porquanto, em muitas ocorrências dessa espécie, não é somente aquele ou
aquela que se revelam desleais, aos próprios compromissos, o culpado pela
ruptura na ligação afetiva, mas igualmente o companheiro ou a companheira que,
por desídia ou frieza, mesquinhez ou irreflexão nos votos abraçados, induz a
parceira ou o parceiro a resvalarem para a insegurança, no campo do afeto,
atraindo perturbações de feição e tamanho imprevisíveis.
Livro: Vida e Sexo – Emmanuel – Francisco C Xavier
AS TRAVESSURAS
DE POMPOM
Pompom era um lindo pintinho, mas causava muita
preocupação à mamãe Pena Branca. Sabem por quê?… Porque era muito travesso! E
pior ainda, esquecia-se dos conselhos da mãezinha rapidamente. Por isso mesmo,
aconteciam-lhe muitas coisas.
Certa vez, caiu numa valeta recém-aberta, molhando-se até
os ossos. Outra vez, quase ficou nas unhas afiadas de Dona Gata Brava, por ter
ido implicar com os seus gatinhos.
Dona Pena Branca andava muito triste com Pompom. E dizia
sempre:
– Meu filho, por que não escuta meus conselhos. Você não
me atende… Um dia você vai se arrepender por não escutar os conselhos de quem
te quer tão bem.
De fato, mamãe tinha razão, pois esse dia chegou. Sabem
quando?
Foi numa tarde muito quente, logo depois do meio dia.
– Cloc, cloc… – falou, dona Pena Branca – vamos dormir um
pouco. Está muito calor… Ninguém vai sair.
E, assim dizendo, aninhou-se logo, cercada de seus
pintinhos.
Dentro de poucos segundos, toda família dormia. Aliás,
quase toda! Porque Pompom estava bem acordado, embora estivesse com os olhinhos
fechados. O travesso pintinho pensava:
Não gosto de dormir… Só de passear… Por que mamãe não
quer que a gente saia?… Apenas uma voltinha… Não há mal nenhum…
Pompom não aguentou mais. Levantou-se e saiu a passear.
Os bichinhos estavam todos dormindo…
“Por essa eu não esperava – pensou – também, está fazendo
tanto sol”…
Pompom já estava muito cansado, quando avistou uma
árvore. Mais que depressa, correu para ela.
– Uff! Que calor!… Encontrei bem a tempo esta sombrinha!
E aninhou-se embaixo da árvore, bem junto ao tronco.
Estava tão cansado que, não demorou muito, começou a piscar, a piscar… até que
adormeceu profundamente.
Mas aí aconteceu o pior: Pompom foi aninhar-se justamente
sobre a saída do reino de Dona Formiga Amarela.
Ora, as formigas tinham de sair para o trabalho do dia e
lá estava o pintinho bem na abertura do túnel.
Que fez então Dona Formiga Amarela?… Nada mais do que
isto: reuniu todas as formigas e deu ordem:
– Atenção, pelotão! Marchar! Atacar! Já!
Pompom acordou com uma dor aguda em todo o corpo…
Sonolento, ainda, abriu os olhos e logo saiu às pressas, piando, piando,
piando, tal a quantidade de picadas que recebeu.
Pompom chegou correndo em casa assustando a todos. Mas
mamãe Pena Branca logo viu que a dor horrível de que ele se queixava era
consequência das picadas das formigas.
Resultado: Pompom inchou tanto, tanto, que não podia
andar direito. Tinha de ficar horas e horas de molho numa salmoura… E durante
muito tempo escondeu-se de todos, tão feinho que estava.
Mas a lição foi boa, pois parece que Pompom está mais
atento aos conselhos de mamãe Pena Branca que anda agora mais despreocupada e
mais feliz.
O PROBLEMA DA
TENTAÇÃO
O educador, em aula, tentava explicar aos meninos que o
móvel das tentações reside em nós mesmos; contudo, como os aprendizes mostravam
muita dificuldade para compreender, ele se fez acompanhar pelos alunos até ao
grande pátio do colégio.
Aí chegando, mandou trazer uma bela espiga de milho e
perguntou aos rapazes:
- Qual de vocês desejaria devorar esta espiga tal como
está?
Os jovens sorriram, zombeteiramente, e um deles exclamou:
- Ora vejam!... quem se animaria à comer milho cru?
O professor então mandou vir a presença deles um dos
cavalos que serviam à escola, instalou alguns obstáculos à frente do animal e
colocou a espiga ao dispor dele, sobre pequena mesa.
O grande eqüino saltou, lépido, os impedimentos e
avançou, guloso, para o bocado.
O professor benevolente e amigo esclareceu, então,
bondosamente, ante os alunos surpreendidos:
- A tentação nos procura, segundo os sentimentos que
trazemos no campo íntimo. Quando cedemos a alguma fascinação indigna, é que a
nossa vontade permanece fraca, diante dos nossos desejos inferiores. As forças
que nos tentam correspondem aos nossos próprios impulsos. Não podemos imaginar
ou querer aquilo que desconhecemos. Por esse motivo, necessitamos vigiar o
cérebro e o coração, a fim de selecionarmos as sugestões que nos visitam o
pensamento.
E, terminando, afirmou:
- As situações boas ou más, fora de nós, são iguais aos
propósitos bons ou maus que trazemos conosco.
Francisco Cândido Xavier - Da obra: Pai Nosso. Ditado
pelo Espírito Meimei.
ANTE À DOR
Quando a alma mergulhou na carne referta de vibrações,
desejou transmitir tôda a musicalidade que conduzia virgem, e para que o
tumulto do ambiente não lhe perturbasse a evocação, perdeu, paulatinamente, os
registros auditivos para somente escutar nas telas da mente os acordes sublimes
da natureza e de Deus - e Beethoven ficou surdo!
Para expressar a melancolia suave e a pungente saudade de
algo que não se pode identificar, Chopin experimentou a amargura do coração
perdido entre desejos e decepções.
Destinado a ferir as cordas da emoção e tangê-las com
habilidade, o espírito retornou ao palco de antigas lutas para defrontar-se com
inimigos acirrados e vencê-los através da auto-doação, enchendo a Terra de
musicalidade superior. Inquieto, todavia, fraquejando sem cessar, Schumann
deixou-se arrastar pela caudal da obsessão, conquanto fizesse incomparável
legado, através do Lied e das nobres melodias para piano -
Oh! dor bendita, libertadora de escravos, discreta amiga
dos orgulhosos, irmã dos santos, mensageira da verdade, tanto necessitamos do
teu concurso, que se nos afiguras um anjo caído, a serviço da misericórdia para
sustentar-nos na luta redentora! Ensina-nos a descobrir a rota da humildade
para avançarmos com acerto.
A dor é a mensageira da esperança que após a crucificação
do Justo vem ensinando como se pode avançar com segurança. Recebamo-la,
pacientes, sejam quais forem as circunstâncias em que a defrontemos, nesta hora
de significativas transformações para o nosso espírito em labor de sublimação.
O sofrimento de qualquer natureza, quando aceito com
resignação - e toda aflição atual possui as suas nascentes nos atos pretérito
do espírito rebelde - propicia renovação interior com amplas possibilidades de
progresso, fator preponderante de felicidade.
A dor faculta o desgaste das imperfeições, propiciando o
descobrimento dos valiosos recursos, inexoráveis, aliás do ser.
Após a lapidação fulgura a gema.
Burilada a aresta ajusta-se a engrenagem.
Trabalhado, o metal converte-se em utilidade.
Sublimado pelo sofrimento reparador o espírito
liberta-se.
"De tal modo brilhe a vossa luz diante dos homens,
para que êles vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos
Céus. Mateus: capítulo 5º, versículo 16.
"Daí se segue que nas pequenas coisas, como nas
grandes, o homem é sempre punido por aquilo em que pecou. Os sofrimentos que
decorrem do pecado são-lhe uma advertência de que procedeu mal". Evangelho
Segundo o Espiritismo. Capítulo 5º - Item 5.
FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas. Pelo
Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 17.
DESGRAÇAS TERRENAS
Toda vez que uma desgraça se abate sobre um homem, a
verdadeira desgraça para ele é não saber receber devidamente o infortúnio que
lhe chega.
Desgraça, realmente, é o mal, o prejuízo, o dano que se
pode praticar contra alguém e não o que se recebe ou se sofre.
O que muitas vezes tem aparência de desgraça — e isto
quase sempre — é resgate intransferível e valioso que assoma à alfândega do
devedor, cobrando-lhe os débitos livremente assumidos e aceitos. Das mais duras
provações sempre resultam benefícios valiosos para o espírito imortal. Há que
considerar cada um a própria posição que mantém na vida terrena para avaliar
com acerto os acontecimentos que o visitam.
Quando somente se experimentam as emoções físicas e
conceituamos os valores imediatos, desgraças, em realidade, para tais, são os
pequenos caprichos não atendidos, as veleidades vaidosas não respeitadas, as
ambições ridículas não satisfeitas que assumem papel preponderante e se
transformam em infelicidades legítimas, porquanto, ignorando propositalmente as
realidades superiores, esses descuidados se apegam às menores coisas e aos
recursos de nenhuma monta, derrapando para a irritabilidade, as paixões, a
loucura, o suicídio: desgraças que levam o espírito às províncias de amarguras
inomináveis, a vencerem tempo sem limite em etapas de dor sem nome...
As desgraças que foram convencionadas como: perda de
saúde, prejuízos financeiros, ausência de pessoas amadas, desemprego,
acidentes, abandono por parte de queridos afetos, se constituem áspero
testemunho que chega ao ser em jornada redentora, se transformam também em
portal que transposto estoicamente descerra a dádiva da felicidade permanente e
enseja paz sem refrega de luta em atmosfera de harmonia interior.
Quando o infortúnio não resulta de imediato desatino ou
leviandade é bênção da Vida à vida, facultando vitória próxima.
Nesse particular os Espíritos Superiores levam em alta
consideração os sofrimentos humanos, as desgraças que abatem homens, famílias,
povos e, pressurosos, em nome da Misericórdia Divina, acorrem a ajudar e
socorrer esses padecentes, dando-lhes forças e coragem para permanecerem firmes
e confiantes, buscando diminuir neles a intensidade da dor, e, noutras
circunstâncias, tendo em vista os novos méritos que resultam das conquistas
individuais ou coletivas, desviando-as, atenuando-as, impedindo mesmo que se
realize, pela constrição do sofrimento, a depuração espiritual, o que faculta
meios de crescimento pelo amor em bênçãos edificantes capazes de anular o saldo
devedor constritivo e perseverante, porque se a Justiça Divina é rigorosa e
imutável, a Divina Misericórdia se consubstancia no amor, tendo-se em vista que
Deus, nosso Pai Excelso, “é amor”.
"Bem-aventurados os que choram, pois que serão
consolados". Mateus: capítulo 5º, versículo 4.
"De duas espécies são as vicissitudes da vida, ou se
o preferirem, promanam de duas fontes bem diferentes, que importa distinguir.
Umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida". Evangelho
Segundo o Espiritismo, capítulo 5º — Item 4.
FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas. Pelo
Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 16.
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