9 – Por que vês tu, pois, o argueiro no olho do teu
irmão, e não vês a trave no teu olho? Ou como dizes a teu irmão: Deixa-me
tirar-te do teu olho o argueiro, quando tens no teu uma trave? Hipócrita, tira
primeira a trave do teu olho, e então verás como hás de tirar o argueiro do
olho de teu irmão. (Mateus, VII: 3-5).
10 – Um dos caprichos da humanidade é ver cada qual o mal
alheio antes do próprio. Para julgar-se a si mesmo, seria necessário poder
mirar-se num espelho, transportar-se de qualquer maneira fora de si mesmo, e
considerar-se como outra pessoa, perguntando: Que pensaria eu, se visse alguém
fazendo o que faço? É o orgulho, incontestavelmente, o que leva o homem a
disfarçar os seus próprios defeitos, tanto morais como físicos. Esse capricho é
essencialmente contrário à caridade, pois a verdadeira caridade é modesta,
simples e indulgente. A caridade orgulhosa é um contra senso, pois esses dois
sentimentos se neutralizam mutuamente. Como, de fato, um homem bastante fútil
para crer na importância de sua personalidade e na supremacia de suas
qualidades, poderia ter ao mesmo tempo, bastante abnegação para ressaltar nos
outros o bem que poderia eclipsá-lo, em lugar do mal que poderia pô-lo em
destaque? Se o orgulho é a fonte de muitos vícios, é também a negação de muitas
virtudes. Encontramo-lo no fundo e como móvel de quase todas as ações. Foi por
isso que Jesus se empenhou em combatê-lo, como o principal obstáculo ao
progresso.
TEXTOS DE APOIO
AJUDE SEMPRE
Diante da noite, não acuse as trevas. Aprenda a fazer
lume.
Em vão condenará você o pântano. Ajude-o a purificar-se.
No caminho pedregoso, não atire calhaus nos outros.
Transforme os calhaus em obras úteis.
Não amaldiçoe o vozerio alheio. Ensine alguma lição
proveitosa, com o silêncio.
Não adote a incerteza, perante as situações difíceis.
Enfrente-as com a consciência limpa.
Debalde censurará você o espinheiro. Remova-o com bondade.
Não critique o terreno sáfaro. Ao invés disso, dê-lhe
adubo.
Não pronuncie más palavras contra o deserto. Auxilie a
cavar um poço sob a areia escaldante.
Não é vantagem desaprovar onde todos desaprovaram. Ampare
o seu irmão com a boa palavra.
É sempre fácil observar o mal e identificá-lo.
Entretanto, o que o Cristo espera de nós outros é a descoberta e o cultivo do
bem para que o Divino Amor seja glorificado.
Autor: André Luiz Psicografia de Francisco Cândido Xavier
ESTUDANDO O ORGULHO
"Uma das insensatezes da Humanidade consiste em
vermos o mal de outrem, antes de vermos o mal que está em nós. Para julgar-se a
si mesmo, fora preciso que o homem pudesse ver seu interior num espelho,
pudesse, de certo modo, transportar-se para fora de si próprio, considerar-se
como outra pessoa e perguntar: Que pensaria eu, se visse alguém fazer o que
faço? Incontestavelmente, é o orgulho que induz o homem a dissimular, para si
mesmo, os seus defeitos, tanto morais, quanto físicos. Semelhante insensatez é essencialmente
contrária à caridade, porquanto a verdadera caridade é modesta, simples e
indulgente. Caridade orgulhosa é um contrasenso, visto que esses dois
sentimentos se neutralizam um ao outro. Com efeito, como poderá um homem,
bastante presunçoso para acreditar na importância da sua personalidade e na
supremacia das suas qualidades, possuir ao mesmo tempo abnegação bastante para
fazer ressaltar em outrem o bem que o eclipsaria, em vez do mal que o
exalçaria? Por isso mesmo, porque é o pai de muitos vícios, o orgulho é também
a negação de muitas virtudes. Ele se encontra na base e como móvel de quase
todas as ações humanas. Essa a razão por que Jesus se empenhou tanto em
combatê-lo, como principal obstáculo ao progresso." O Evangelho Segundo o
Espiritismo -cap. 10 - item 10
O projeto de melhoria individual de todos nós esbarrará
ainda por longo tempo com essa mazela moral que constitui a raiz de larga soma
de atitudes humanas.
O estudo atento do orgulho será um caminho de infinitas
descobertas para todo aquele que anseia pelas conquistas interiores.
Orgulho é o sentimento de superioridade pessoal
resultante do processo natural de crescimento do espírito; um
"subproduto" do instinto de conservação, um princípio que foi
colocado no homem para o bem, porque sem o "sentimento de valor
pessoal" e a "necessidade de estima" não encontraríamos
motivação para existir e não formaríamos um autoconceito de dignidade pessoal.
O problema não é o sentimento de orgulho, mas o
descontrole de seus efeitos. No atual estágio de aprendizado, ainda não temos
plena capacidade de controlá-lo. Ele está presente em quase tudo o que fazemos.
Isso o torna uma paixão ou, como dizem os bondosos Guias da Verdade, "o
excesso de que se acresceu a vontade." Conceituemo-lo, portanto, como uma
paixão crônica por si mesmo, impropriamente denominado como "amor"
próprio.
A esse respeito afirma Allan Kardec: "Todas as
paixões têm seu princípio num sentimento, ou numa necessidade natural. O
princípio das paixões não é, assim, um mal, pois que assenta numa das condições
providenciais da nossa existência. A paixão propriamente dita é a exageração de
uma necessidade ou de um sentimento. Está no excesso e não na causa e este
excesso se torna um mal, quando tem como consequência um mal qualquer. "(l)0
Livro dos Espíritos - questão 907. 2)0 Livro dos Espíritos - questão 907.
"'O Livro dos Espíritos - questão 908.
Seu principal reflexo na vida interior dá-se no
departamento mental da imaginação, no qual está armazenada a "matriz
superdimensionada" da imagem que fazemos de nós. A partir dessa matriz,
que tem "vida própria" como uma "segunda personalidade",
processa-se e dinamiza-se todo um complexo de valores morais e afetivos que
regulam a rotina de boa parte das operações psíquicas e emocionais do ser,
determinando atitudes, palavras, escolhas, aspirações e gostos.
A vaidade e a indiferença, o preconceito e a presunção, o
desprezo e o melindre, a pretensão e a inveja são alguns reflexos inevitáveis
desse "estado orgulhoso de ser" nas ações de cada dia. E o conjunto
dos hábitos derivados desses reflexos formam o que chamamos de personalismo - o
estado de supervalorização do eu.
O personalismo é a expressão mais perceptível e concreta
do orgulho. E a excessiva e "incontrolável" valorização conferida a nós
mesmos levando-nos a supor termos direitos e qualidades maiores do que aquelas
as quais realmente possuímos.
Traçar uma diferença entre ambos constitui um desafio
para o bom observador. Digamos que enquanto o orgulho incapacita-nos para
verificar as próprias imperfeições, o personalismo tem como efeito gerar idéias
de que tudo aquilo que parta de nós é o melhor e mais correto. Em outras
palavras, a superioridade pessoal provocada pelo sentimento de orgulho
interfere na formulação de juízos. A partir disso, estipulamos concepções
pessoais como verdades incontestáveis. Isso é o personalismo.
Podemos mesmo dizer que o reflexo do orgulho é um
"outro eu", uma "segunda natureza" enraizada nas
profundezas da subconsciencia capaz de fazer-nos sentir e pensar em coisas que
não correspondem ao que verdadeiramente desejamos e sentimos.
Especialmente para quantos se encontram em renovação
íntima, torna-se essencial a compreensão desse tema na melhor aferição do que
se passa na esfera dos pensamentos e dos impulsos, tomando por base a
influência que o orgulho exerce sobre as engrenagens da vida mental.
Com razão ímpar "Um Espírito Familiar" afirmou:
"Só o orgulho pode impedir que vos vejais quais realmente sois. Mas, se
vós mesmos não o vedes, outros o vêem por vós. "4) Esse sentimento cria
uma ilusão, uma distorção na realidade. A "representação mental" do
que somos, gerada pelo orgulho, que quase sempre atende a interesses
personalistas, pode ser considerada como uma verdadeira patologia. Aliás, os
estudiosos das ciências psíquicas, quando tomam por fundamento o ego na
explicação de muitas doenças, o fazem com sensatez, porque as enfermidades
mentais encontram razoáveis explicações nesse enfoque. Quanto mais ausência de
controle sobre essa "paixão narcisista", mais haverá desconexão com a
realidade.
Pensando bem, a maioria de nós, considerados normais,
vivemos lampejos de "loucura passageira" na imaginação fértil e
desordenada na qual, muitas vezes, embrenhamos ante os acontecimentos do dia a
dia. O orgulhoso, dessa forma, vive intensamente de máscaras que correspondem a
essas idealizações do seu imaginário, para fazer com que o mundo à sua volta
acredite que ele seja quem ele próprio acredita ser. Naturalmente, como sempre,
a sua auto-imagem é exacerbada em qualidades que nem sempre possui, procedendo
de modo a sempre esconder as imperfeições, gerando a dissimulação.
A dissimulação é o preço elevado que paga o orgulhoso
para manter as aparências. Trata-se de uma inaceitação de suas sombras
interiores, uma necessidade obsessiva e neurotizante de manter um status, para
evitar críticas ou para não perder sua suposta "autoridade". Isso
causa muita dor aos orgulhosos, pois não há como "maquiar" para si
mesmo a verdade de seu mundo interior. A todo instante está diante daquilo que
não gostaria de ver em si. Somente ele, e mais ninguém, sabe como é doloroso ter
que encontrar consigo, com sua verdade pessoal em contraposição à
"identidade fictícia" que criou para os outros, e sob a regência da
qual passa a'viver. Até mesmo as doenças costumam ser ocultadas pelo orgulhoso;
para ele isso é um "código de fragilidade" que não pode ser revelado.
Essa dissimulação é desgastante e é uma das expressões mais comuns da
personalidade orgulhosa.
Nesse quadro de "teatralizar papéis", em regime
de condicionamento milenar, ocorre um leque de prejuízos para a organização
mental da criatura, porque a mente implementa uma rotina de manutenção dessa
"falsa personalidade" impedindo uma análise fiel da realidade
profunda de si mesma, conforme explica o codificador no estudo das obsessões:
"Todas as imperfeições morais são outras tantas portas abertas ao acesso
dos maus Espíritos. A que, porém, eles exploram com mais habilidade é o
orgulho, porque é a que a criatura menos confessa a si mesma."5) O orgulho
tem esse mecanismo de produzir uma ilusão da avaliação individual, transferindo
o mal para os outros, onde é menos penoso verificá-lo...
Como se trata de alguém que quer sempre manter um perfil
perante os demais, o orgulhoso enfrenta sérios obstáculos nos relacionamentos
por habituar-se aos estereótipos. Os estereótipos, ou padrões e critérios de
conduta social, funcionam como "bóias demarcatórias" para que o
orgulhoso navegue com seu conceito de "segurança" no mar da vida
interpessoal, mantendo aparências e impressionando o meio. Para isso, adota
concepções prévias sobre o outro como forma de identificação, com as quais
estabelece seus limites em relação às pessoas, impedindo-se de ser assertivo,
espontâneo e autêntico nas ligações humanas, tendo como único objetivo manter
sua suposta superioridade pessoal, insuflada pela força do orgulho.
Suas manifestações são tão variáveis e de difícil
catalogação, em algumas personalidades, que analisaremos apenas algumas
legendas a fim de ampliar nossas anotações nesse estudo, destacando seus
respectivos roteiros reeducativos:
- Melindre é o orgulho na mágoa. Cultivemos a coragem de
ser criticados.
- Pretensão é o orgulho nas aspirações. Aprendamos a
contentar com a alegria de trabalhar, sem expectativas pessoais.
- Presunção é o orgulho no saber. Tomemos por divisa que
toda opinião deve ser escutada com o desejo de aprender.
- Preconceito é o orgulho nas concepções. Habituemos a
manter análises imparciais e flexíveis.
- Indiferença é o orgulho na sensibilidade. Adotemos a
aceitação e respeito em todas ocasiões de êxitos e insucessos alheios.
- Desprezo é o orgulho no entendimento. Acostumemos a
pensar que para Deus tudo tem valor, mesmo que por agora não o compreendamos.
- Personalismo é o orgulho centrado no eu. Eduquemos a
abnegação nas atitudes.
- Vaidade é o orgulho do que se imagina ser. Procuremos
conhecer a nós mesmos e ter coragem para aceitarmo-nos tais quais somos,
fazendo o melhor que pudermos na melhoria pessoal.
- Inveja é o orgulho perante as vitórias alheias.
Admitamos que temos esse sentimento e o enfrentemos com dignidade e humildade.
- A falsa modéstia é orgulho da "humildade
artificial". Esforcemos pela simplicidade que vem da alma sem querer
impressionar.
- A prepotência é o orgulho de poder. Aprendamos o poder
interior conosco mesmo transformando a prepotência em autoridade.
- Dissimulação é o orgulho nas aparências. Esforcemos por
ser quem somos, sem receios, amando-nos como somos.
A reeducação moral através das reencarnações nos levará a
renovar esse quadro de penúria espiritual da Terra, sob a escravização das
sombrias manifestações orgulhosas.
Estamos todos, encarnados e desencarnados, nessa busca de
superação e enfrentamento com as nossas imperfeições milenares, e não será num
salto que venceremos a grande e demorada luta.
Apliquemo-nos nas preciosas e universais lições de Jesus,
iluminadas pelos raios da lógica espírita, e esforcemo-nos sem desistir da
longa caminhada na conquista da humildade...
Precisaremos de muita coragem para sermos humildes, ser o
que somos...
Ser humilde é tirar as capas que colocamos com o orgulho
ao longo dessa caminhada...
Ermance Dufaux – livro: Mereça ser Feliz – Wanderley S de
Oliveira
BUSQUEMOS O
MELHOR
“Por que reparas o argueiro no olho de teu irmão?”
Jesus (Mateus, 7:3)
A pergunta do Mestre, ainda agora, é clara e oportuna.
Muitas vezes, o homem que traz o argueiro num dos olhos traz igualmente consigo
os pés sangrando. Depois de laboriosa jornada na virtude, ele revela as mãos
calejadas no trabalho e tem o coração ferido por mil golpes da Ignorância
e da inexperiência. É imprescindível habituar a visão na procura do
melhor, a fim de que não sejamos ludibriados pela malícia que nos é
própria. Comumente, pelo vezo de buscar bagatelas, perdemos o ensejo das
grandes realizações. Colaboradores valiosos e respeitáveis são relegados à
margem por nossa irreflexão, em muitas circunstâncias simplesmente porque
são portadores de leves defeitos ou de sombras insignificantes do
pretérito, que o movimento em serviço poderia sanar ou dissipar.
Nódulos na madeira não impedem a obra do artífice e certos trechos empedrados
do campo não conseguem frustrar o esforço do lavrador na produção da semente
nobre. Aproveitemos o irmão de boavontade na plantação do bem, olvidando as insignificâncias
que lhe cercam a vida. Que seria de nós se Jesus não nos desculpasse os erros e
as defecções de cada dia?
E, se esperamos alcançar a nossa melhoria, contando com a
benemerência do Senhor, por que negar ao próximo a confiança no futuro?
Consagremonos à tarefa que o Senhor nos reservou na
edificação do bem e da luz e estejamos convictos de que, assim agindo, o
argueiro que incomoda o olho do vizinho, tanto quanto a trave que nos
obscurece o olhar, se desfarão espontaneamente, restituindonos a
felicidade e o equilíbrio através da incessante renovação.
Emmanuel – livro Fonte Viva – Francisco Candido Xavier
OBSERVEMOS AMANDO
“Por que vês o argueiro no olho do teu irmão?”- Jesus (MATEUS,
7:3.)
Habitualmente,
guardamos o vezo de fixar as inibições alheias, com absoluto esquecimento das
nossas.
Exageremos as
prováveis fraquezas do próximo, prejulgamos com rispidez e severidade o
procedimento de nossos irmãos...
A pergunta do
Mestre acorda-nos para a necessidade de nossa educação, de vez que, de modo
geral, descobrimos nos outros somente aquilo que somos.
A beneficio de
nossa edificação recordemos a conduta do Cristo na apreciação de quantos lhe
defrontavam a marcha.
Para muitos, Maria
de Magdala era a mulher obsidiada e inconveniente; mas para ele surgiu como
sendo um formoso coração feminino, atribulado por indizíveis angustias, que,
compreendido e amparado, lhe espalharia no mundo o sol da ressurreição.
No conceito da
maioria, Zaqueu era usurário de mãos azinhavradas e infelizes; para ele, no
entanto, era o amigo do trabalho a quem transmitiria alevantadas noções de progresso
e riqueza.
Aos olhos de muita
gente, Simão Pedro era fraco e inconstante; para ele, contudo, representava o
brilhante entrando nas sombras do preconceito que fugiria à luz do
Pentecoste para veicular-lhe o Evangelho.
Na opinião do seu
tempo, Saulo de Tarso era rijo doutor da lei mosaica, de espírito endurecido e
tiranizante; para ele, porem, era um companheiro mal conduzido que buscaria em
pessoa, às portas de Damasco para ajudar-lhe a Doutrina.
Observemos amando,
porque apenas o amor puro arrancará por fim as escamas de treva dos nossos
olhos para que os outros nos apareçam na Benção de Deus que, invariavelmente,
trazem consigo.
Livro: Palavras de Vida Eterna – Emmanuel – Francisco Candido
Xavier
EM FAMÍLIA
ESPIRITUAL
“Por que vês o
argueiro no olho de teu irmão, sem notar a trave que está no teu próprio?” –
JESUS. (Mateus, 7:3)
Quanto mais nos
adentramos no conhecimento de nós mesmos, mais se nos impõe a obrigação de
compreender e desculpar, na sustentação do equilíbrio em nós e em torno de nós.
Daí a necessidade
da convivência, em que nos espelhamos uns nos outros, não para criticar-nos,
mas para entender-nos, através de bendita reciprocidade, nos vários cursos de tolerância,
em que a vida nos situa, no clima da evolução terrestre.
Assim é que, no
educandário da existência, aquele companheiro: que somente identifica o lado
imperfeito dos seus irmãos, sem observar-lhes a boa parte; que jamais se vê
disposto a esquecer as ofensas de que haja sido objeto; que apenas se lembra
dos adversários com o propósito de arrasá-los, sem reconhecer-lhes as
dificuldades e os sofrimentos; que não analisa as razões dos outros, a fixar-se
unicamente nos direitos que julga pertencer-lhe;
que não se enxerga
passível de censura ou de advertência, em momento algum; que se considera invulnerável nas opiniões que
emita ou conduta que espose; que não reconhece as próprias falhas e vigia incessantemente
as faltas alheias; que não dispõe a pronunciar uma só frase de consolação e
esperança, em favor dos caídos na penúria moral; que se utiliza da verdade exclusivamente para
ameaçar ou ferir. . .
Será talvez de
todos nós aquele que mais exija entendimento e ternura, de vez que, desajustado
na intolerância, se mostra sempre desvalido de paz e necessitado de amor.
Livro: Ceifa de Luz - emmanuel - Francisco C.Xavier
TUAS INSATISFAÇÕES
"Um dos defeitos da Humanidade é ver o mal de outrem
antes de ver o que está em nós..." "...Incontestavelmente, é o
orgulho que leva o homem a dissimular os próprios defeitos, tanto morais como
físicos..." (Cap. X, item 10)
Jovens, adultos, idosos, criaturas das várias posições
sociais e dos mais diferentes contextos de vida, sofrem a aguilhoada da
insatisfação.
Muitos solteiros procuram incessantemente parceiros
afetivos para que as "sarças da solidão" não possam alfinetar suas
necessidades íntimas de se completar no amor, esquecendo-se, porém, de que a
solidão é a falta de confiança em nós mesmos, quando nos rejeitamos e nos
desprezamos, e não apenas a falta de alguém em nossas vidas.
Muitos casados reclamam sistematicamente que já não vêem
mais o cônjuge com os mesmos olhos de antes e, por isso, sentem-se desiludidos
e abalados diante da união infeliz, que outrora julgavam acertada.
Contudo, não observaram que a decepção não era com o
outro, porém com eles próprios. Por não aceitarem seus fracassos, é que
projetam suas incompetências e insatisfações como sendo "pelos
outros" e nunca "por si mesmos".
Várias criaturas enfrentam a probreza, lutam
incansavelmente para a aquisição de recursos amoedados, tentando dessa forma sair
das agruras da miséria.
Não percebem, todavia, que prosperidade é uma atitude de
espírito, e que quanto mais declaram à sua mente que estão abertas para aceitar
a abundância do Universo, mais a consciência se torna próspera; que a
verdadeira prosperidade não se expressa em quantia de bens materiais que
possuem, mas no receber e no dividir todo esse imenso tesouro de possibilidades
herdado pela nossa Criação Divina.
Muitos ricos labutam constantemente para acumular mais e
mais, e afirmam que isso é necessário para assegurar a manutenção dos bens já
amontoados, por previdência e cautela.
Não se dão conta de que sua insatisfação é produto da
ganância desmedida, por alimentar crenças de escassez e míngua e por acreditar
que a riqueza é que os faz homens respeitados e consideráveis, pois ainda não
tomaram consciência do que é "ser" e do que é "ter".
Outros tantos buscam o poder, como forma de encobrir o
desgosto e de se auto-afirmar perante o mundo, escravizando em plena atualidade
criaturas simplórias e incautas, para satisfazer seu "ego neurótico".
O desânimo tomou tamanha dimensão em torno deles que
acreditam que, mandando arbitrariamente e desrespeitando leis e limites dos
outros, podem eliminar o desalento que sempre os ameaça.
Jovens e adultos buscam dissimular a insatisfação
interior, e para isso adquirem títulos acadêmicos, supondo que a outorga dessa
distinção possa trazer-lhes permissão, diante da sociedade, para dominar e
sobressair, com prestígio e capacidade que pensam possuir.
O que ocorre, no entanto, é que não descobriram ainda o
verdadeiro prestígio e capacidade, somente possíveis a partir do momento em que
investirem em seus valores mais íntimos, em busca do autodomínio.
Insatisfação não se cura projetando-a sobre situações,
pessoas, títulos, poder, posições sociais, mas reconhecendo a fonte que a
produz.
Jesus de Nazaré, o Sublime Preceptor das Almas,
convoca-nos a distinguir as "verdadeiras traves" que não nos deixam
avistar as "causas reais" de nossas insatisfações, e nos receita de
forma implícita o remédio ideal: através do auto descobrimento, fazer emergir de
nossas profundezas as matrizes de nossos comportamentos inadequados, que
provocam essa incômoda atmosfera de "descontentamento" a envolver-nos
de tempos em tempos.
Hammed – livro – Renovando Atitudes – Francisco do
Espirito Santo Neto
VERBO NOSSO
“Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar
contra seu Irmão será réu de juízo” Jesus (Mateus, 5:22)
“O corpo não dá cólera àquele que não a tem, do mesmo
modo que não dá os outros vícios. Todas as virtudes e todos os vícios são
inerentes ao Espírito.” (Cap. 1O, Item 1O)
Ainda as palavras. Velho tema, dirás. E sempre novo,
repetiremos. A que existem palavras e palavras. Conhecemos aquelas que a
filologia reúne, as que a gramática disciplina, as que a praxe entretece e as
que a imprensa enfileira... Referirnosemos, contudo, ao verbo arroja de nós,
temperado na boca com os ingredientes da emoção, junto ao paladar daqueles que
nos rodeiam. Verbo que nos transporta o calor do sangue e a vibração dos
nervos, o açúcar do entendimento e o sal do raciocínio. Indispensável articulálo,
em moldes de firmeza e compreensão, a fim de não resvale fora do objetivo. No
trabalho cotidiano, seja ele natural quanto o pão simples no serviço da mesa;
no intercâmbio afetivo, usemolo à feição de água pura; nos instantes graves, façamolo
igual ao bisturi do cirurgião que se limita, prudente, à incisão na zona enfermiça,
sem golpes desnecessários; nos dias tristes, tomemolo por remédio eficiente sem fugir à dosagem. Palavras são
agentes na construção de todos os edifícios da vida. Lancemolas na direção dos
outros, com o equilíbrio e a tolerância com que desejamos venham elas até nós.
Sobretudo, evitemos a ironia. Todo sarcasmo é tiro a esmo. E sempre que
irritação nos visite, guardemonos em silêncio, de vez que a cólera é
tempestade magnética, no mundo da alma, e qualquer palavra que arremessamos
no momento da cólera, é semelhante ao raio fulminatório
que ninguém sabe onde vai cair.
Francisco Cândido Xavier – livro da Esperança - Emmanuel
A NECESSIDADE DE ENTENDIMENTO
Um dos companheiros trazia ao culto evangélico enorme
expressão de abatimento.
Ante as indagações fraternas do Senhor, esclareceu que
fora rudemente tratado na via pública.
Vários devedores, por ele convidados a pagamento,
responderam com ingratidão e grosseria.
Não se internou o Cristo através da consolação
individual, mas, exortando evidentemente todos os companheiros, narrou,
benevolente:
— Um grande explicador dos textos de Job possuía
singulares disposições para os serviços da compreensão e da bondade, e, talvez
por isso, organizou uma escola em que pontificava com indiscutível sabedoria.
Amparando, certa ocasião, um aprendiz irrequieto que
freqüentes vezes se lamuriava de maus tratos que recebia na praça pública, saiu
pacientemente em companhia do discípulo, pelas ruas de Jerusalém, implorando
esmolas para determinados serviços do Templo.
A maioria dos transeuntes dava ou negava, com
indiferença, mas, numa esquina movimentada, um homem vigoroso respondeu-lhes à
rogativa com aspereza e zombaria.
O mestre tomou o aprendiz pela mão e ambos o seguiram,
cuidadosos.
Não andaram muito tempo e viram-no cair ao solo, ralado
de dor violenta, provocando o socorro geral.
Verificaram, em breve, que o irmão irritado sofria de
cólicas mortais.
Demandaram adiante, quando foram defrontados por um
cavalheiro que nem se dignou responder-lhes à súplica, endereçando-lhes
tão-somente um olhar rancoroso e duro.
Orientador e tutelado acompanharam-lhe os passos, e,
quando a estranha personagem alcançou o domicílio que lhe era próprio,
repararam que compacto grupo de pessoas chorosas o aguardava, grupo esse ao
qual se uniu em copioso pranto, informando-se os dois de que o infeliz retinha
no lar uma filha morta.
Prosseguiram esmolando na via pública e, a estreito
passo, receberam fortes palavrões de um rapaz a quem se haviam dirigido.
Retraíram-se ambos, em expectativa, verificando, depois
de meia hora de observação, que o mísero não passava de um louco.
Em seguida, ouviram atrevidas frases de um velho que lhes
prometia prisão e pedradas; mas, decorridas algumas horas, souberam que o
infortunado era simplesmente um negociante falido, que se convertera de senhor
em escravo, em razão de débitos enormes.
Como o dia declinasse, o respeitável instrutor convocou o
discípulo ao regresso e ponderou: — Guardaste a lição? Aceita a necessidade do
entendimento por sagrado imperativo da vida.
Nunca mais te queixes daqueles que exibem expressões de
revolta ou desespero nas ruas.
O primeiro que nos surgiu à frente era enfermo vulgar; o
segundo guardava a morte em casa; o terceiro padecia loucura e o quarto
experimentava a falência.
Na maioria dos casos, quem nos recebe de mau-humor
permanece em estrada muito mais escura e mais espinhosa que a nossa.
E, completando o ensinamento, terminou o Senhor, diante
dos companheiros espantados: — Quando encontrarmos os portadores da aflição,
tenhamos piedade e auxiliemo-los na reconquista da paz íntima.
O touro retém os chifres, por não haver atingido, ainda,
o dom das asas.
Reclamamos, comumente, contra a ovelha que nos perturba o
repouso, balindo, atormentada; todavia, raramente nos lembramos de que o pobre
animal vai seguindo, sob laço pesado, a caminho do matadouro.
Neio Lúcio - Do Livro Jesus no Lar - Francisco C. Xavier
Nenhum comentário:
Postar um comentário