11 – Não julgueis, pois, para não serdes julgados; porque
com o juízo que julgardes os outros, sereis julgados; e com a medida com que
medirdes, vos medirão também a vós. (Mateus, VII: 1-2).
12 – Então lhe trouxeram os escribas e os fariseus uma
mulher que fora apanhada em adultério, e a puseram no meio, e lhe disseram:
Mestre, esta mulher foi agora mesmo apanhada em adultério; e Moisés, na Lei,
mandou apedrejar a estas tais. Qual é a vossa opinião sobre isto? Diziam pois
os judeus, tentando-o, para o poderem acusar. Jesus, porém, abaixando-se,
pôs-se a escrever com o dedo na terra. E como eles perseveraram em fazer-lhes
perguntas, ergueu-se Jesus e disse-lhes: Aquele dentre vós que estiver sem
pecado atire-lhe a primeira pedra. E tornando a abaixar-se, escrevia na terra.
Mas eles, ouvindo-o, foram saindo um a um, sendo os mais velhos os primeiros. E
ficou só Jesus com a mulher, que estava no meio, em pé. Então, erguendo-se,
Jesus lhe disse: Mulher, onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou? Respondeu
ela: Ninguém, Senhor. Então Jesus lhe disse: Nem eu tampouco te condenarei;
vai, e não peques mais. (João, VIII: 3-11).
13 – “Aquele que estiver sem pecado atire-lhe a primeira
pedra”, disse Jesus. Esta máxima faz da indulgência um dever, pois não há quem
dela não necessite para si mesmo. Ensina que não devemos julgar os outros mais
severamente do que nos julgamos a nós mesmos, nem condenar nos outros os que
nos desculpamos em nós. Antes de reprovar uma falta de alguém, consideremos se
a mesma reprovação não nos pode ser aplicada.
A censura de conduta alheia pode ter dois motivos:
reprimir o mal, ou desacreditar a pessoa cujos atos criticamos. Este último
motivo jamais tem escusa, pois decorre da maledicência e da maldade. O primeiro
pode ser louvável, e torna-se mesmo um dever em certos casos, pois dele pode
resultar um bem, e porque sem ele o mal jamais será reprimido na sociedade.
Aliás, não deve o homem ajudar o progresso dos seus semelhantes? Não se deve,
pois, tomar no sentido absoluto este princípio: “Não julgueis para não serdes
julgados”, porque a letra mata e o espírito vivifica.
Jesus não podia proibir de se reprovar o mal, pois ele
mesmo nos deu o exemplo disso, e o fez em termos enérgicos. Mas quis dizer que
autoridade da censura está na razão da autoridade moral daquele que a
pronuncia. Tornar-se culpável daquilo que se condena nos outros é abdicar dessa
autoridade, e mais ainda, arrogar-se arbitrariamente o direito de repressão. A
consciência íntima, de resto, recusa qualquer respeito e toda submissão
voluntária àquele que, investido de algum poder, viola as leis e os princípios
que está encarregado de aplicar. A única autoridade legítima, aos olhos de
Deus, é a que se apóia no bom exemplo. É o que resulta evidentemente das
palavras de Jesus.
TEXTOS DE APOIO
TUA MEDIDA
“Não julgueis, afim de que não sejais julgados, porque
vós sereis julgados segundo houverdes julgado os outros, e se servirá para
convosco da mesma medida da qual vos servistes para com eles.” (E.S.E. Capítulo
10, item 11)
Toda opinião ou juízo que desenvolvemos no presente está intimamente
ligado a fatos antecedentes.
Quase sempre,
todos estamos vinculados a fatores de situações pretéritas, que incluem
atitudes de defesa, negações ou mesmo inúmeras distorções de certos aspectos
importantes da vida. Tendências ou pensamentos julgadores estão sedimentados em
nossa memória profunda, são subprodutos de uma série de conhecimentos que
adquirimos na idade infantil e também através das vivências pregressas.
Censuras,
observações, admoestações, superstições, preconceitos, opiniões, informações e
influências do meio, inclusive de instituições diversas, formaram em nós um
tipo de “reservatório moral” - coleção de regras e preceitos a ser
rigorosamente cumpridos -, do qual nos servimos para concluir e catalogar as
atitudes em boas ou más.
Nossa concepção
ético-moral está baseada na noção adquirida em nossas experiências domésticas,
sociais e religiosas, das quais nos servimos para emitir opiniões ou pontos de
vista, a fim de harmonizarmos e resguardarmos tudo aquilo em que acreditamos como
sendo “verdades absolutas”. Em outras palavras, como forma de defender e
proteger nossos “valores sagrados”, isto é, nossas aquisições mais fortes e
poderosas, que nos servem como forma de sustentação.
Em razão disso, os freqüentes julgamentos que fazemos em relação
às outras pessoas nos informam sobre tudo aquilo que temos por dentro.
Explicando melhor, a “forma” e o “material” utilizados para sentenciar os
outros residem dentro de nós.
Melhor do que medir ou apontar o comportamento de alguém seria
tomarmos a decisão de visualizar bem fundo nossa intimidade, e nos perguntarmos
onde está tudo isso em nós. Os indivíduos podem ser considerados, nesses casos,
excelente espelho, no qual veremos quem somos realmente. Ao mesmo tempo,
teremos uma ótima oportunidade de nos transformar intimamente, pois estaremos analisando
as características gerais de nossos conceitos e atitudes inadequados.
Só poderemos nos reabilitar ou reformar até onde conseguimos
nos perceber; ou seja, aquilo que não está consciente em nós dificilmente
conseguiremos reparar ou modificar.
Quando não enxergamos a nós mesmos, nossos comportamentos
perante os outros não são totalmente livres para que possamos fazer escolhas ou
emitir opiniões. Estamos amarrados a formas de avaliação, estruturadas nos
mecanismos de defesa - processos mentais inconscientes que possibilitam ao
indivíduo manter sua integridade psicológica através de uma forma de
“autoengano.”
Certas pessoas, simplesmente por não conseguirem conviver
com a verdade, tentam sufocar ou enclausurar seus sentimentos e emoções,
disfarçando-os no inconsciente.
Em todo comportamento humano existe uma lógica, isto é, uma
maneira particular de raciocinar sobre sua verdade; portanto, julgar, medir e
sentenciar os outros, não se levando em conta suas realidades, mesmo sendo
consideradas preconceituosas, neuróticas ou psicóticas, é não ter bom senso ou
racionalidade, pois na vida somente é válido e possível o “autojulgamento”.
Não obstante, cada ser humano descobre suas próprias formas
de encarar a vida e tende a usar suas oportunidades vivenciais, para tornar-se
tudo aquilo que o leva a ser um “eu individualizado”.
Devemos reavaliar nossas idéias retrógradas, que
estreitam nossa personalidade, e, a partir daí, julgar os indivíduos de forma não
generalizada, apreciando suas singularidades, pois cada pessoa tem uma
consciência própria e diversificada das outras tantas consciências.
Julgar uma ação é diferente de julgar a criatura. Posso
julgar e considerar a prostituição moralmente errada, mas não posso e não devo
julgar a pessoa prostituída. Ao usarmos da empatia, colocando-nos no lugar do
outro, “sentindo e pensando com ele”, em vez de “pensar a respeito dele”,
teremos o comportamento ideal diante dos atos e atitudes das pessoas.
Segundo Paulo de Tarso, “é indesculpável o homem, quem quer
que seja, que se arvora em ser juiz. Porque julgando os outros, ele condena a
si mesmo, pois praticará as mesmas coisas, atraindo-as para si, com seu
julgamento”. (1)
O “Apóstolo dos Gentios” manifesta-se claramente, evidenciando
nessa afirmativa que todo comportamento julgador estará, na realidade,
estabelecendo não somente uma sentença, ou um veredicto, mas, ao mesmo tempo,
um juízo, um valor, um peso e uma medida de como julgaremos a nós mesmos.
Essencialmente, tudo aquilo que decretamos ou sentenciamos
tornar-se-á nossa “real medida”: como iremos viver com nós mesmos e com os
outros.
O ser humano é um verdadeiro campo magnético, atraindo pessoas
e situações, as quais se sintonizam amorosamente com seu mundo mental, ou mesmo
de forma antipática com sua maneira de ser. Dessa forma, nossas afirmações
prescreverão as águas por onde a embarcação de nossa vida deverá navegar.
Com freqüência, escolhemos, avaliamos e emitimos opiniões
e, conseqüentemente, atraímos tudo aquilo que irradiamos. A psicologia diz que
uma parte considerável desses pensamentos e experiências, os quais usamos para
julgar e emitir pareceres, acontece de modo automático, ou seja, através de
mecanismos não perceptíveis.
É quase inconsciente para a nossa casa mental o que escolhemos
ou opinamos, pois, sem nos dar conta, acreditamos estar usando o nosso
“arbítrio”, mas, na verdade, estamos optando por um julgamento predeterminado e
estabelecido por “arquivos que registram tudo o que nos ensinaram a respeito do
que deveríamos fazer ou não, sobre tudo que é errado ou certo.
Poder-se-á dizer que um comportamento é completamente livre
para eleger um conceito eficaz somente quando as decisões não estão confinadas
a padrões mentais rígidos e inflexíveis, não estão estruturadas em conceitos
preconceituosos e não estão alicerçadas em idéias ou situações semelhantes que
foram vivenciadas no passado.
Nossos julgamentos serão sempre os motivos de nossa
liberdade ou de nossa prisão no processo de desenvolvimento e crescimento
espiritual.
Se criaturas afirmarem “idosos não têm direito ao amor”, limitando
o romance só para os jovens, elas estarão condenando-se a uma velhice de
descontentamento e solidão afetiva, desprovida de vitalidade.
Se pessoas declararem “homossexualidade é abominável” e, ao
longo do tempo, se confrontarem com filhos, netos, parentes e amigos que têm
algum impulso homossexual, suas medidas estarão estabelecidas pelo ódio e pela
repugnância a esses mesmos entes queridos.
Se indivíduos decretarem ‘jovens não casam com idosos”, estarão
circunscrevendo as afinidades espirituais a faixas etárias e demarcando suas afetividades
a padrões bem estreitos e apertados
quanto a seus relacionamentos.
Se alguém subestimar e ironizar “o desajuste emocional
dos outros”, poderá, em breve tempo, deparar-se em sua própria existência com
perplexidades emocionais ou dilemas mentais que o farão esconder-se, a fim de
não ser ridicularizado e inferiorizado, como julgou os outros anteriormente.
Se formos juízes da “moral ideológica” e “sentimental”,
sentenciando veementemente o que consideramos como “erros alheios”, estaremos
nos condenando ao isolamento intelectual, bem como ao afetivo, pela própria detenção
que impusemos aos outros, por não deixarmos que eles se lançassem a novas
idéias e novas simpatias.
“Não julgueis, a fim de que não sejais julgados”, ou
mesmo,
“se servirá para convosco da mesma medida da qual vos
servistes para com eles”, quer dizer, alertemo-nos quanto a tudo aquilo que afirmamos
julgando, pois no “auditório da vida” todos somos “atores” e “escritores” e, ao
mesmo tempo, “ouvintes” e “espectadores” de nossos próprios discursos, feitos e
atitudes.
Para sermos livres realmente e para nos movermos em qualquer
direção com vista à nossa evolução e crescimento como seres eternos, é
necessário observarmos e concatenarmos nossos “pesos” e “medidas”, a fim de que
não venhamos a sofrer constrangimento pela conduta infeliz que adotarmos na
vida em forma de censuras e condenações diversas.
Livro: Renovando Atitudes - Hammed - Francisco do Espirito Santo Neto
A LIÇÃO DO
DISCERNIMENTO
Finda a cena brutal, em que o povo pretendia lapidar a
mulher infeliz, na raça pública, Pedro, que seguia o Senhor, de perto,
interpelou-o, zelosamente:
- Mestre, desculpando os erros das mulheres que fogem ao
ministério do lar, não estaremos oferecendo apoio à devassidão? Abrir os braços
no espetáculo deprimente que acabamos de ver não será proteger o pecado?
Jesus meditou, meditou... e respondeu:
- Simão, seremos sempre julgados pela medida com que
julgarmos os nossos semelhantes.
- Sim - clamou o apóstolo, irritado -, compreendo a
caridade que nos deve afastar dos juízos errôneos, mas porventura conseguiremos
viver sem discernir? Uma pecadora, trazida ao apedrejamento, não perturbará a
tranquilidade das famílias? Não representará um quadro de lama para as crianças
e para os jovens? Não será uma excitação à prática do mal?
Ante as duras interrogações, o Messias observou, sereno:
- Quem poderá examinar agora o acontecimento, em toda a
extensão dele?
Sabemos, acaso, quantas lágrimas terá vertido essa desventurada
mulher até à queda fatal no grande infortúnio? Quem terá dado a esse pobre coração
feminino o primeiro impulso para o despenhadeiro? E quem sabe, Pedro, essa
desditosa irmã terá sido arrastada à loucura, atendendo a desesperadoras
necessidades?
O discípulo, contudo, no propósito de exalçar a justiça,
acrescentou:
- De qualquer modo, a corrigenda é inadiável imperativo.
Se ela nos merece compaixão e bondade, há então, noutros setores, o culpado ou
os culpados que precisamos punir. Quem terá provocado a cena desagradável a que
assistimos?
Geralmente, as mulheres desse naipe são reservadas e fogem
à multidão... Que motivos teriam trazido essa infeliz ao clamor da praça?
Jesus sorriu, complacente, e tornou:
- Quem sabe a pobrezinha andaria à procura de
assistência?
O pescador de Cafarnaum acentuou, contrariado:
- O responsável devia expiar semelhante delito. Sou contra
a desordem e na gritaria que presenciamos estou convencido de que o cárcere e
os açoites deveriam funcionar...
Nesse ponto de entendimento, velha mendiga que ouvia a
conversação, caminhando vagarosamente, quase junto deles, exclamou para Simão,
surpreendido:
- Galileu bondoso, herdeiro da fé vitoriosa de nossos pais,
graças sejam dadas a Deus nosso Poderoso Senhor! A mulher apedrejada é filha de
minha irmã paralítica e cega.
Moramos nas vizinhanças e vínhamos ao mercado em busca de
alimento. Abeirávamo-nos daqui, quando fomos assaltadas por um rapaz que,
depois de repelido por ela, em luta corpo a corpo, saiu indicá-la ao povo para
a lapidação, simplesmente porque minha infeliz sobrinha, digna de melhor sorte,
não tem tido até hoje uma vida regular... Ambas estamos feridas e, com
dificuldade, tornaremos para a casa... Se é possível, galileu generoso,
restabelece a verdade e faze a justiça!
- E onde está o miserável? - gritou Simão, enérgico, diante
do Mestre, que o seguia, bondoso.
- Ali!... Ali!... - informou a velhinha, com júbilo de
uma criança reconduzida repentinamente à alegria. E apontou uma casa de
peregrinos, para onde o apóstolo se dirigiu, acompanhado de Jesus que o
observava, sereno.
Por trás da antiga porta, escondia-se um homem, trêmulo
de vergonha.
Pedro avançou de punhos cerrados, mas, a breves segundos,
estacou, pálido e abatido.
O autor da cena triste era Efraim, filho de Jafar, pupilo
de sua sogra e comensal de sua própria mesa.
Seguira o Messias com piedosa atitude, mas Pedro bem
reconhecia agora que o irmão adotivo de sua mulher guardava intenção diferente.
Angustiado, em lágrimas de cólera e amargura, Simão adiantou-se
para o Cristo, à maneira do menino necessitado de proteção, e bradou:
- Mestre, Mestre!... Que fazer?!...
Jesus, porém, acolheu-o amorosamente nos braços e
murmurou:
- Pedro, não julguemos para não sermos julgados. Aprendamos,
contudo, a discernir.
Livro: Contos E Apólogos – Humberto De Campos – Irmão X
OS OPOSTOS
"...Como continuassem a interrogá-lo, ele se ergueu
e lhes disse: Aquele dentre vós que estiver sem pecado, atire a primeira pedra.
Depois, abaixando-se de novo, continuou a escrever sobre a terra..." (E.S.E.
Cap. X, ítem 12)
"Aquele dentre vós que estiver sem pecado, lhe atire
a primeira pedra", assim enunciou Jesus Cristo diante da mulher
surpreendida em adultério. Ele conhecia a intimidade das criaturas humanas e as
via como um livro completamente aberto. Sabia de suas carências e necessidades
condizentes com seu grau evolutivo, bem como conhecia todo o mecanismo
proveniente de sua "sombra", quer dizer, a soma de tudo aquilo que
elas não desejam ter e ver em si mesmas.
O termo "sombra" foi desenvolvido por Carl
Gustav Jung, eminente psiquiatra e psicólogo suiço, para conceituar o somatório
dos lados rejeitados da realidade humana, que permanecem inconscientes por não
querermos vê-los.
Jesus sabia que todos ali presentes fariam daquela mulher
um "bode expiatório" para aliviar suas consequências de culpa,
projetando sobre ela seus sentimentos e emoções não aceitos e apedrejando-a
sumariamente, conforme as leis da época.
Em consequência, todos ali reunidos sentiriam
momentaneamente um alívio ao executá-la, ou mesmo, "livres dos
pecados", pois nela seria projetados os chamados defeitos repugnantes e
desprezíveis, como se dissessem para si mesmos: "não temos nada com
isso".
O Mestre, porém, induziu-os a fazer uma
"instrospecção", impulsionando-os para uma viagem interior,
indagando: "quem de vós não tem pecados?"
Somos, a todo instante, tentados a encobrir nossas
vulnerabilidades ou "pontos fracos" por não aceitarmos ser natural
que parte de nós é segura e generosa, enquanto outra duvida e é egoísta. Faz-se
necessário admitirmos nossos "pecados" porque somente dessa forma
iremos confrontar-nos com nossos "sótãos fechados" e promover nosso
amadurecimento espiritual.
Admitindo nossos lados positivo e negativo, em outras
palavras, nossa "polaridade", passaremos a observar nossa
ambivalência, rejeitando assim as barreiras que nos impedem de ser autênticos.
Urge que reconheçamos nossa condição humana de criaturas em processo de
desenvolvimento evolucional.
Ao assumirmos, porém, nossos "opostos" como
elementos naturais da estrutura humana (egoísmo-desinteresse, dominação -
submissão, adulação - aversão, ciúme - indiferença, malícia- ingenuidade,
vaidade - desmanzelo, apego - apatia), aprendemos a não nos comportar como o
pêndulo - ora num extremo, ora no outro.
A balança volta sempre ao ponto de equilíbrio, e é
justamente essa a nossa meta de aprendizagem na Terra. Nem avareza, nem
esbanjamento; nem preguiça, nem superentusiasmo; nem tanto lá, nem tanto cá;
tudo com "equanimidade", isto é, dando igual importância aos lados, a
fim de acharmos o meio-termo.
As polaridades unidas formam a totalidade, ou a unidade,
mesmo porque nossa visão depende de ambas as partes unidas, para que nossas
observações e estruturas não sejam claudicantes. Em suma, unir as polaridades
em nossa consciência nos torna "unos" ou seres totais.
Com essa determinação, vamos adquirir um bom nível de
permeabilidade e conseguir transcender os limites e interligar nossos opostos,
atingindo um estado de consciência elevada, o que permitirá que nosso
consciente e nosso inconsciente se fundam numa "unidade total".
As pesquisas da atualidade analisaram as metades do
cérebro e chegaram à conclusão de que cada uma tem funções, capacidades e suas
respectivas áreas, onde atuam as diferentes responsabilidades da psique humana.
O lado esquerdo cuida do corpo, da linguagem, da leitura,
da escrita, dos cálculos, do tempo, do pensamento digital e linear e do lado
direito do corpo, entre outras coisas; enquanto que o direito se prende às
percepções da forma, da sensação do espaço, da intuição, do simbolismo, da
atemporidade, da música, do olfato e do lado esquerdo do corpo, entre outras
funções.
Usar a totalidade cerebral é ter uma visão real da vida
que nos cerca portanto, com apenas metade do cérebro, teremos a bipartição da
verdade, ou melhor, a não-conexão dos opostos.
O Mestre afirmou-nos: "Eu e meu Pai somos um",
querendo dizer que Ele era pleno, pois enxergava tudo no Universo como um
"todo", através de sua consciência iluminada e integralizada.
Jesus não agia dividido em "pares opostos". Não
pensava e não sentia como homem ou mulher, mas como espírito imortal; não
visualizava o interior e exterior, antes observava o Universo e a nós por
inteiro, "dentro e fora", argumentando que o "Reino de
Deus" e "as muitas moradas da Casa do Pai" estavam no exterior e,
ao mesmo tempo, no interior.
Por isso, não há nada a corrigir ou a consertar em nós, a
não ser melhorar a nossa própria forma de ver as coisas, aprendendo a conhecer
amplamente as interligações dos opostos, a fim de atingirmos o equilíbrio
perfeito.
"Pecado, em síntese, são as extremidades de nossa
polaridade existencial. Daí decorre a afirmação de Jesus de Nazaré aos homens
que somente olhavam um dos lados do fato naquele julgamento e que, ao mesmo
tempo, escondiam sentimentos e emoções que gostariam que não existissem.
Em suma, a ferramenta vital para interligar os opostos
chama-se amor, porque amar é buscar a unificação das pessoas e das coisas, pois
ele quer fundir e não dividir.
O amor tem que ser absolutamente incondicional porque,
enquanto for seletivo e preferencial, não será amor real. Quem ama realmente
constitui um "nós", isto é, "une", sem anular o próprio
"eu".
O Sol emite raios para todas as criaturas e não distribui
sua luminosidade segundo o merecimento de cada um. Assim também é o amor do
Mestre: não diferencia bons e maus, certos e errados, poderosos e simples; não
separa, nem divide, simplesmente ama a todos, pelo próprio prazer de amar.
Hammed – Livro Renovando Atitudes -Francisco do Espirito Santo Neto
DISCERNIR E CORRIGIR
“... com o critério com que julgardes sereis julgados; e
com a medida com que tiverdes medido vos medirão também”. – Jesus (MATEUS, 7:2)
Viste o companheiro em necessidade e comentaste-lhe a
posição...
Possuía ele recursos expressivos e, talvez por
imprevidência, caiu em penúria dolorosa...
Usufrui conhecimentos superiores e feriu-te a
sensibilidade por arrojar-se em terríveis despenhadeiros do coração que, às
vezes, os últimos dos menos instruídos conseguem facilmente evitar...
Detinha oportunidades de melhoria, com as quais milhares
de criaturas sonham debalde e procedeu impensadamente, qual se não retivesse as
vantagens que lhe brilham nas mãos...
Desfruta ambiente distinto, capaz de guindá-lo às alturas
e prefere desconhecer as circunstâncias
que o favorecem, mergulhando-se na sombra das atitudes negativas...
Mantinha valiosas possibilidades de elevação espiritual,
no levantamento de apostolados sublimes, e emaranhou-se em tramas obsessivas
que lhe exaurem as forças...
Tudo isso, realmente, podes observar e referir.
Entra, porém, na esfera do próprio entendimento e
capacita-te de que te não é possível a imediata penetração no campo das causas.
Ignoramos qual teria sido o nosso comportamento na trilha
do companheiro em dificuldade, com a soma dos problemas que lhe pesam no
espírito.
Não te permitas, assim, pensar ou agir, diante dele, sem
que a fraternidade te comande as definições.
Ainda mesmo no esclarecimento absoluto que, em casos
numerosos, reclama austeridade sobre nós mesmos, é possível propiciar o remédio
da fraqueza a doentes da alma pelo veículo da compaixão, como se administra
piedosamente a cirurgia aos acidentados.
Se conseguimos discernir o bem do mal, é que já
conhecemos o mal e o bem, e se o Senhor nos permite identificar as necessidades
alheias, é porque, de um modo ou de outro, já podemos auxiliar.
Livro Palavras de Vida Eterna – Psicografia Francisco
Cândido Xavier – Espírito Emmanuel.
PECADO E PUNIÇÃO
Jesus havia terminado uma de suas pregações na praça
pública, quando percebeu que a multidão se movimentava em alvoroço. Alguns
populares mais exaltados prorrompiam em gritos, enquanto uma mulher ofegante,
cabelos desgrenhados e faces macilentas, se aproximava dele, com uma súplica de
proteção a lhe sair dos olhos tristes. Os muitos judeus ali aglomerados
excitavam o ânimo geral, reclamando o apedrejamento da pecadora, na conformidade
das antigas tradições.
Solicitado, então, a se constituir juiz dos costumes do
povo, o Mestre exclamou com serenidade e desassombro, causando estupefação aos
que o ouviram :
– Aquele que estiver sem pecado atire a primeira pedra.
Por toda a assembléia se fez sentir uma surpresa
inquietante. As acusações morreram nos lábios mais exaltados. A multidão
ensimesmava-se, para compreender a sua própria situação. Enquanto isso, o
Mestre pôs-se a escrever no solo despreocupadamente.
Aos poucos, o local ficara quase deserto. Apenas Jesus e
alguns discípulos lá se conservavam, tendo ao lado a mulher a ocultar as faces
com as mãos.
Em dado instante, o Mestre Divino ergueu a fronte e
perguntou à infeliz :
– Mulher, onde estão os teus juízes?
Observando que a pecadora lhe respondia apenas com o
olhar reconhecido, onde as lágrimas aljofravam num misto de agradecimento e
alegria, Jesus continuou :
– Ninguém te condenou? Também eu não te condeno. Vai e
não peques mais.
A infeliz criatura retirou-se, experimentando uma
sensação nova no espírito. A generosidade do Messias lhe iluminava o coração,
em claridades vivas que lhe banhavam a alma toda. Mas, enquanto a pecadora se
retirava, presa de intensa alegria, os poucos discípulos que se encontravam junto
do Senhor não conseguiam ocultar a estranheza que lhes causara o seu gesto. Por
que não condenara ele aquela mulher de vida censurável aos olhos de todos? Não
se tratava de uma adúltera? Nesse ínterim, João se aproximou e interrogou:
– Mestre, por que não condenastes a meretriz de vida
infame?
Jesus fixou no discípulo o olhar calmo e bondoso e
redargüiu :
– Quais as razões que aduzes em favor dessa condenação?
Sabes o motivo por que essa pobre mulher se prostituiu? Terás sofrido alguma
vez a dureza das vicissitudes que ela atravessou em sua vida? Ignoras o vulto
das necessidades e das tentações que a fizeram sucumbir a meio do caminho. Não
sabes quantas vezes tem sido ela objeto do escárnio dos pais, dos filhos e dos
irmãos das mulheres mais felizes. Não seria justo agravar-lhe os padecimentos
infernais da consciência pesarosa e sem rumo.
– Entretanto – exclamou João, defendendo os princípios da
lei antiga – ela pecou e fez jus à punição. Não está escrito que os homens
pagarão, ceitil por ceitil, os seus próprios erros?
O Mestre sorriu sem se perturbar e esclareceu :
– Ninguém pode contestar que ela tenha pecado; quem
estará irrepreensível na face da Terra? Há sacerdotes da lei, magistrados e
filósofos, que prostituíram suas almas por mais baixo preço ; contudo, ainda
não lhes vi os acusadores. A hipocrisia costuma, campear impune, enquanto se
atiram pedras ao sofrimento. João, o mundo está cheio de túmulos caiados. Deus,
porém, é o Pai de Bondade Infinita que aguarda os filhos pródigos em sua casa.
Poder-se-ia desejar para a pecadora humilde tormento maior do que aquele a que
ela própria se condenou por tempo indeterminado? Quantas vezes lhe tem faltado
pão à boca faminta ou a manifestação de um carinho sincero à alma angustiada?
Raras dores no mundo serão idênticas às agonias de suas noites silenciosas e
tristes. Êsse o seu doloroso inferno, sua, aflitiva condenação. EÉ que, em
todos os planos da vida, o instituto da justiça divina funciona, natura!mente,
com seus princípios de compensação.
“Cada ser traz consigo a fagulha sagrada do Criador e
erige, dentro de si, o santuário de sua presença ou a muralha sombria da
negação; mas, só a luz e o bem são eternos e, um. dia, todos os redutos do mal
cairão, para que Deus resplandeça no espírito de seus filhos. Não é para
ensinar outra coisa que está escrito na lei – “Vós sois deuses!”Porventura, não
sabes que a herança de um pai se divide entre os filhos em partes iguais? As
criaturas transviadas são as que não souberam entrar na posse de seu quinhão
divino, permutando-o pela satisfação de seus caprichos no desregramento ou no
abuso, na egolatria ou no crime, pagando alto preço pelas suas decisões
voluntárias. Examinada a situação por êsse prisma, temos de reconhecer no mundo
uma vasta escola de regeneração, onde tôdas as criaturas se reabilitam da
traição aos seus próprios deveres. A Terra, portanto, pode ser tida na conta de
um grande hospital, onde o pecado é a doença de todos ; o Evangelho, no
entanto, traz ao homem enfermo o remédio eficaz, para que tôdas as estradas se
transformem em suave caminho de redenção.
“É por isso que não condeno o pecador para afastar o
pecado e, em tôdas as situações, prefiro acreditar sempre no bem. Quando
observares, João, os seres mais tristes e miseráveis, arrastando-se numa noite
pejada de sombra e desolação lembra-te da semente grosseira que encerra um
gérmen divino e que um dia se elevará do seio da terra para o beijo de luz do
Sol.”
Terminada a explicação do Mestre, o filho de Zebedeu,
deixando transparecer na luz do olhar a sua profunda admiração pôs-se a meditar
nos ensinamentos recebidos.
***
Muito tempo ainda não transcorrera depois desse
acontecimento, quando Jesus subiu de Cafarnaum. para Jerusalém, acompanhado por
alguns de seus discípulos. Celebravam-se festas tradicionais entre os judeus. O
Messias chegou num sábado, sob a fiscalização severa dos espíritos rigoristas
de sua época. Não foras< poucos os paralíticos que o cercaram, ansiosos pelo
benefício de sua virtude salvadora. Escandalizando os fanáticos, o Mestre orava
e consolava, na sua jornada de gloriosa redenção. Explicando que o sábado fora
feito para o homem e não o homem para o sábado, enfrentava sorridente as
preocupações dos mais exigentes.
Vendo tantos cegos e aleijados aglomerados à passagem,
"Tiago o interpelou:
– Mestre, sendo Deus tão misericordioso, porque pune seus
filhos com defeitos e moléstias tão horríveis?...
– Acreditas, Tiago – respondeu Jesus – que Deus desça de
sua sabedoria e de seu amor para punir seus próprios filhos? O Pai tem o seu
plano determinado com respeito à criação inteira; mas, dentro desse plano, a
cada criatura cabe uma parte na edificação, pela qual terá de responder.
Abandonando o trabalho divino, para viver ao sabor dos caprichos próprios, a
alma cria para si a situação correspondente, trabalhando para reintegrar-se no
plano divino, depois de se haver deixado levar pelas sugestões funestas,
contrárias à sua própria paz.
João compreendeu que a Palavra do Messias era a
confirmação dos ensinamentos que já ouvira de seus lábios, na tarde em que a
multidão exigia o apedrejamento da pecadora.
Afastaram-se, em seguida, do Tanque de Betsaida cujas
águas eram tidas, em Jerusalém, na conta de miraculosa e onde o Mestre fizera
andar paralíticos, dera vista a cegos e limpara leprosos. Na companhia de Tiago
e João, o Senhor encaminhou-se para o templo, onde um dos paralíticos que ele
havia curado relatava o acontecido, cheio de sincera alegria. Jesus
aproximou-se dele e deixando entrever aos seus discípulos que desejava
confirmar os ensinamentos sobre pecado e punição, falou-lhe abertamente, como
se lê no texto evangélico de João : – “Eis que estás são. Não peques mais, para
que te vão suceda coisa pior.”
***
Desde que esses ensinos foram dados, novas idéias de
fraternidade povoaram o mundo, com respeito aos transviados, aos criminosos e
aos inimigos, atingindo a própria organização política dos Estados.
O Império Romano vulgarizara os mais nefandos processos
de regeneração ou de vingança. Escravos ignorantes eram pasto das feras, nos
divertimentos públicos, pelas faltas mais insignificantes nas casas dos
patrícios. Só de uma vez, trinta mil desses servos, a quem se negava qualquer
bem do espírito, foram crucificados numa festa, próximo aos soberbos aquedutos
da Via Ápia. Os açoites humilhantes eram castigo suave.
Entretanto, desde a tarde em que Jesus se encontrou com a
pecadora em frente da multidão, um pensamento novo entrou a dominar aos poucos
o espírito do mundo. A substância evangélica do ensino inolvidável penetrou o
aparelho judiciário de todos os povos. A sociedade começou a compreender suas
obrigações e procurou segregar o criminoso, como se isola um doente, buscando
auxiliar-lhe a reforma definitiva, por todos os meios ao seu alcance. Os
menores delinqüentes foram amparados pelas numerosas escolas de regeneração.
Todo o sistema da justiça humana evolveu para os princípios da magnanimidade, e
os juízes modernos, lavrando suas sentenças, sem nunca haverem manuseado o
Novo-Testamento, talvez ignorem, que procedem assim por ter sido Jesus o grande
reformador da criminologia.
Irmão X - Humberto de Campos - Do livro “Boa Nova”.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
SOCORRAMOS
“...Com a medida com que tiverdes medido vos hão de
medir.” –Jesus. (Mateus, 7:2.)
Decerto observarás , em toda parte, desacordos,
desentendimentos, desajustes, discórdias...
Junto do próprio coração, surpreenderás os que parecem
residir em regiões morais diferentes. Entes amados desertam da estrada justa,
amigos queridos abraçam perigosas experiências.
Como ajudar aos que nos parecem mergulhados no erro?
Censurar é fazer mais distância, desprezá-los será
perdê-los.
É imprescindível saibamos socorrê-los, através do bem
efetivo e incessante.
Para começar, sintamo-nos na posição deles, a
comungar-lhes a luta.
Situemo-nos aos pés dos problemas em que se encontram e
atendamos à prestação do serviço silencioso.
Se aparece oportunidade, algo façamos para
testemunhar-lhes apreço.
No pensamento, guardemo-los todos em vibrações de
entendimento e carinho.
Na palavra, envolvamo-los na benção do verbo nobre.
Na atitude, amparemo-los quanto seja possível.
Em todo e qualquer processo de ação, fortalecê-los para o
bem é o nosso dever maior.
À frente, pois, daqueles que se te afiguram desnorteados,
estende o coração e as mãos para auxiliar, porque todos estamos no caminho da
evolução e, segundo a assertiva do nosso Divino Mestre, "com a medida com
que tivermos medido nos hão de medir a nós".
Emmanuel - Livro Palavras De Vida Eterna. Psicografia de
Francisco Cândido Xavier
COMUNIDADE
“Porque com o juízo quê julgardes, sereis julgados e a medida
com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.” Jesus (Mateus, 7:2)
“A caridade e a fraternidade não se decretam em
leis. Se uma e a outra não estiverem no
coração, o egoísmo ai sempre imperará.
Cabe ao Espiritismo fazêlos, penetrar nele.” (E.S.E. Cap. 25, Item 8)
Sempre que possas, lança um gesto de amor àqueles que se
apagam no dia a dia, para que te não faltem segurança e conforto. Vértice não
se empina sem base. Banqueteiaste, selecionando iguarias. Legiões de pessoas
se esfalfam nas tarefas do campo ou nas
lides da indústria para que o pão te não falhe. Resides no lar, onde restauras
as forças. Dezenas de obreiros sofreram duras provas ao levantálo.
Materializas o pensamento na página fulgurante que o teu nome chancela.
Multidões de operários atendem ao serviço, para que o papel te obedeça.
Ostentas o cetro da autoridade. Milhares de companheiros suportam obscuras
atividades para que o poder te brilhe nas mãos. Quanto puderes, como puderes e
onde puderes, na pauta da consciência tranqüila, cede algo dos bens que
desfrutas, em favor dos companheiros anônimos que te garantem os bens. Protege
os braços que te alimentam. Ajuda aos que te sustentam a moradia. Escreve em
auxílio dos que te favorecem a inteligência. Ampara os que te asseguram o bemestar.
Ninguém consegue ser ou ter isso ou aquilo, sem que
alguém lhe apóie os movimentos naquilo ou nisso. Trabalha a beneficio dos
outros, considerando o esforço que os
outros realizam por ti. Não há rio sem fontes, como não existe frente sem
retaguarda.
Na terra, o astrônomo que define a luz das estrelas é
também constrangido a sustentarse com os recursos do chão.
LIVRO DA ESPERANÇA pelo Espírito Emmanuel – Francisco C.Xavier
NÓS E O MUNDO
“Dai e servosá dado”
Jesus (Lucas, 6: 38)
“Vós, porém, que vos
retirais do mundo,
para Me evitar as seduções e viver no insulamento, que utilidade
tendes na Terra? Onde a vossa coragem
nas provações, uma vez que fugis à luta e desertais a combate?” (E.S.E. Cap.O5,
Item 26)
Muitos religiosos afirmam que o mundo é poço de tentações
e culpas, procurando o deserto para acobertar a pureza, entretanto, mesmo ai,
no silencioso retiro em que se entregam a perigoso ócio da alma, por mais
humildes se façam, comem, os frutos e vestem a vestimenta que o mundo lhes
oferece. Muitos escritores alegam que o mundo é vasto arsenal de incompreensão
e discórdia, viciação e delinqüência, Como quem se vê diante de um serpentário,
contudo, é no mundo que recolhem o precioso material em que gravam as próprias
idéias e encontram os leitores que lhes compram os livros. Muitos pregadores
clamam que o mundo é vale de malicia e perversidade, qual se as criaturas
humanas vivessem mergulhadas em piscina de lodo, todavia, é no mundo que
adquirem os conhecimentos com que ornam o próprio verbo e acham os ouvintes que
lhes registram respeitosamente a palavra. Muitas pessoas dizem que o mundo é
antro de perdição em que as trevas do mal senhoreiam a vida, no entanto, é no
mundo que receberam o regaço materno para tomarem o arado da experiência é no
mundo que se nutrem confortavelmente a fim de demandarem mais altos planos
evolutivos. O mundo, porém, obraprima da Criação, indiferentes às acusações
gratuitas que lhe são desfechadas, prossegue florindo e renovando, guiando
o progresso e sustentando as esperanças
da Humanidade. Fugir de trabalhar e sofrer no mundo, a título de resguardar a
virtude, é abraçar o egoísmo mascarado de santidade. O aluno diplomado em curso
superior não pode criticar a bisonhice das mentes infantis, reunidas nas linhas
primárias da escola. Os bons são realmente bons se amparam os menos bons. Os
sábios fazem jus à verdadeira sabedoria se buscam dissipar a névoa da
ignorância.
O Espírita, na essência, é o cristão chamado a entender e
auxiliar. Doemos, pois, ao mundo ainda que seja o mínimo do máximo que
recebemos dele, compreendendo e servindo aos outros, sem atribuir ao mundo os
erros e desajustes que estão em nós.
Emmanuel – Livro da Esperança – Francisco C Xavier
DOAÇÃO DE NÓS
“Daí e
dar-se-vos-à. . .” –JESUS. (Lucas, 6:38.)
Deus te deu a ciência, a fim de que a estendas, em
benefício de nossos irmãos, com tal devotamento que a ignorância jamais consiga
entenebrecer os caminhos da humanidade.
Deus te deu o discernimento, para que o teu concurso verbal
ajude a compreensão dos que te ouvem, de tal modo que a tua presença, seja onde
for, venha a se constituir em luz que dissipe a sombra do desequilíbrio e o
nevoeiro da discórdia.
Deus te deu a autoridade, a fim de que exerças a justiça
com misericórdia, de tal maneira que a compaixão não desapareça do mundo, sob
as rajadas da violência.
Deus te deu a fortuna para que o teu dinheiro se faça
coluna do trabalho e da beneficência, com tal abnegação que a penúria jamais
aniquile os nossos companheiros ainda felizes, nas trilhas da provação e do
desespero.
Deus constantemente algo te dá, entretanto só conservarás
e multiplicarás os talentos recebidos através das doações que fizeres.
Todos somos tão-somente usufrutuários dos bens da vida,
os quais, no fundo, pertencem unicamente ao Senhor do Universo, que no-los
conserva nas mãos, segundo o proveito e o rendimento que lhes venhamos a
imprimir.
“Daí e dar-se-vos-à” – afirmou Jesus. Isso, na essência,
quer dizer: Deus te dá para que dês.
Francisco Cândido
Xavier - Livro Ceifa de Luz - Pelo Espírito Emmanuel
AUTO-PROTEÇÃO
“Pois com o
critério que julgardes sereis julgados; e com a medida com que tiverdes medido
vos medirão também” – JESUS. (Mateus,
7:2.)
A gentileza deve ser examinada, não apenas por chave de
ajuste nas relações humanas, mas igualmente em sua função protetora para
aqueles que a cultivam.
Não falamos aqui do sorriso de indiferença que paira,
indefinido, na face, quando o sentimento está longe de colori-lo.
Reportamo-nos à compreensão e, conseqüentemente, à
tolerância e ao respeito com que somos todos chamados à garantia da paz
recíproca.
De quando em quando, destaquemos uma faixa de tempo para
considerar quantas afeições e oportunidades preciosas temos perdido, unicamente
por desatenção pequenina ou pela impaciência de um simples gesto.
Quantas horas gastas com arrependimento tardios e quantas
agressões vibratórias adquiridas à custa de nossas próprias observações,
censuras, perguntas e respostas mal conduzidas!
O que fizermos a outrem, fará outrem a nós e por nós.
Reflitamos nos temas da auto-proteção.
A fim de nutrir-nos ou aquecer-nos, outros não se
alimentam e nem se agasalham em nosso lugar e, por mais nos ame, não consegue
alguém substituir-nos na medicação de que estejamos necessitados.
Nas questões da alma, igualmente, os reflexos da bondade
e as respostas da simpatia hão de ser plantados por nós, se aspiramos à paz em
nós.
Francisco Cândido Xavier - Livro Ceifa de Luz - Pelo
Espírito Emmanuel
CONTEMPLA MAIS LONGE
“Porque com a mesma medida com que medirdes também vos
medirão.” – Jesus. (Lucas, 6:38).
Para o esquimó, o céu é um continente de gelo, sustentado
a focas.
Para o selvagem da floresta, não há outro paraíso, além
da caça abundante.
Para o homem de religião sectária, a glória de
além-túmulo pertence exclusivamente a ele e aos que se lhe afeiçoam.
Para o sábio, este mundo e os círculos celestiais que o
rodeiam são pequeninos departamentos do Universo.
Transfere a observação para o teu campo de experiência
diária e não olvides que as situações externas serão retratada em teu plano
interior, segundo o material de reflexão que acolhes na consciência.
Se preferes a tristeza, anotarás o desalento, em cada
trecho do caminho.
Se duvidas de ti próprio, ninguém confia em teu esforço.
Se te habituaste às perturbações e aos atritos,
dificilmente saberás viver em paz contigo mesmo.
Respirarás na zona superior ou inferior, torturada ou
tranqüila, em que colocas a própria mente. E, dentro da organização na qual te
comprazes, viverás com os gênios que invocas. Se te deténs no repouso, poderás
adquiri-lo em todos os tons e matizes, e, se te fixares no trabalho,
encontrarás mil recursos diferentes de servir.
Em torno de teus passos, a paisagem que te abriga será
sempre em tua apreciação aquilo que pensas dela, porque com a mesma medida que
aplicares à Natureza, obra viva de Deus, a Natureza igualmente te medirá.
Emmanuel - Pão Nosso – Psicografia: Francisco Cândido
Xavier
E O ADÚLTERO?
“E, pondo-a no meio, disseram-lhe: – Mestre, esta mulher
foi apanhada, no próprio ato, adulterando.” – João, 8:4
O caso da pecadora apresentada pela multidão a Jesus
envolve considerações muito significativas, referentemente ao impulso do homem
para ver o mal nos semelhante, sem enxergá-lo em si mesmo.
Entre as reflexões que a narrativa sugere, identificamos
a do errôneo conceito de adultério unilateral.
Se a infeliz fôra encontrada em pleno delito, onde se
recolhera o adúltero que não foi trazido a julgamento pelo cuidado popular?
Seria ela a única responsável? se existia uma chaga no organismo coletivo,
requisitando intervenção a fim de ser extirpada, em que furna se ocultava
aquele que ajudava a fazê-la?
A atitude do Mestre, naquela hora, caracterizou-se por
infinita sabedoria e inexcedível amor. Jesus não podia centralizar o peso da
culpa na mulher desventurada e, deixando perceber o erro geral, indagou dos que
se achavam sem pecado.
O grande e espontâneo silêncio, que então se fez,
constituiu resposta mais eloqüente que qualquer declaração verbal.
Ao lado da mulher adúltera permaneciam também os homens
pervertidos, que se retiraram envergonhados.
O homem e a mulher surgem no mundo com tarefas
específicas que se integram, contudo, num trabalho essencialmente uno, dentro
do plano da evolução universal. No capítulo das experiências inferiores, um não
cai sem o outro, porque a ambos foi concedido igual ensejo de santificar.
Se as mulheres desviadas da elevada missão que lhes cabe
prosseguem sob triste destaque no caminho social, é que os adúlteros continuam
ausentes da hora de juízo, tanto quanto no momento da celebre sugestão de
Jesus.
Emmanuel - Pão Nosso – Psicografia: Francisco Cândido
Xavier
PRESERVA A TI PRÓPRIO
“Vai, e não peques
mais”. – Jesus. (João, 8:11)
A semente valiosa que não ajudas, pode perder-se.
A árvore tenra que não proteges, permanece exposta à
destruição.
A fonte que não amparas, poderá secar-se.
A água que não distribuis, forma pântanos.
O fruto não aproveitado, apodrece.
A terra boa que não defendes, é asfixiada pela erva
inútil.
A enxada que não utilizas, cria ferrugem.
As flores que não cultivas, nem sempre se repetem.
A amigo que não conservas, foge do teu caminho.
A medicação que não respeitas na dosagem e na
oportunidade que lhe dizem respeito, não te beneficia o campo orgânico.
Assim também é a Graça Divina.
Se não guardas o favor do Alto, respeitando-o em ti
mesmo, se não usas os conhecimentos elevados que recebes para benefício da
própria felicidade, se não prezas a contribuição que te vem de cima, não te
vale a dedicação dos mensageiros espirituais. Debalde improvisarão eles
milagres de amor e paciência, na solução de teus problemas, porque sem a adesão
de tua vontade, ao programa regenerativo, todas as medidas salvadoras
resultarão imprestáveis.
“Vai e não peques mais”.
O ensinamento de Jesus é suficiente e expressivo.
O Médico Divino proporciona a cura, mas se não a
conservamos, dentro de nós, ninguém poderá prever a extensão e as conseqüências
dos desequilíbrios que nos sitiarão a invigilância.
Emmanuel - Pão Nosso – Psicografia: Francisco Cândido
Xavier
CONSULTAS
"E na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam
apedrejadas. Tu, pois, que dizes?" - (JOÃO, 8:5.)
Várias vezes o espírito de má-fé cercou o Mestre, com
interrogações, aguardando determinadas respostas pelas quais o ridicularizasse.
A palavra d’Ele, porém, era sempre firme, incontestável, cheia de sabor divino.
Referimo-nos ao fato para considerar que semelhantes
anotações convidam o discípulo a consultar sempre a sabedoria, o gesto e o
exemplo do Mestre.
Os ensinamentos e atos de Jesus constituem lições
espontâneas para todas as questões da vida.
O homem costuma gastar grandes patrimônios financeiros
nos inquéritos da inteligência. O parecer dos profissionais do direito custa,
por vezes, o preço de angustioso sacrifício.
Jesus, porém, fornece opiniões decisivas e profundas,
gratuitamente. Basta que a alma procure a oração, o equilíbrio e a quietude. O
Mestre falar-lhe-á na Boa Nova da Redenção.
Freqüentemente, surgem casos inesperados, problemas de
solução difícil. Não ignora o homem o que os costumes e as tradições mandam
resolver, de certo modo; no entanto, é indispensável que o aprendiz do
Evangelho pergunte, no santuário do coração:
- Tu, porém, Mestre, que me dizes a isto?
E a resposta não se fará esperar como divina luz no grande
silêncio.
Livro Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel,
psicografia Francisco Cândido Xavier
SINAIS DE AMOR
"E saíram os fariseus e começaram a disputar com
ele, pedindo-lhe, para o tentarem, um sinal do Céu." - (João, 8:11.)
No Espiritismo
cristão, de quando em quando aparecem aprendizes do Evangelho, sumamente
interessados em atender a certas solicitações, no capítulo dos fenômenos
psíquicos.
Buscam sinais
tangíveis, incontestáveis. Na maioria
das vezes, movimento não passa de repetição do gesto dos fariseus antigos. Médiuns e companheiros outros, em grande
número, não se precatam de que os pedidos de demonstrações do céu são
formulados, por tentação. Há ilações
lógicas no assunto, que cabe não desprezar.
Se um espírito permanece encarnado na Terra, como poderá
fornecer sinais de Júpiter? Se as solicitações dessa natureza, endereçadas ao
próprio Cristo, foram consideradas como gênero de tentação ao Mestre, pelo
evangelho, com que direito poderão impô-las os discípulos novos aos seus amigos
do invisível? Ao contrário disso, os aprendizes fiéis devem estar preparados ao
fornecimento de demonstrações da Terra.
É justo que o cristão não possa projetar uma tela mágica sobre as nuvens
errantes, mas pode revelar como se exerce o ministério da fraternidade no
mundo.
Nunca desdobrara a paisagem total onde se movimentam os
seres invisíveis, mas está habilitado a prestar colaboração no esclarecimento
dos homens do porvir.
Quem solicita
sinais do Céu será talvez ignorante ou portador de má-fé; entretanto os que
tentem satisfazê-los andam muito distraídos do que aprenderam como Cristo. Se te requisitam demonstrações estranhas,
podes replicar com segurança resoluto, que não estás designado para à produção
de maravilhas e esclarece a teu irmão que permaneces determinado a aprender com
o Mestre, a fim de ofereceres à Terra o teu sinal de amor e luz, firme na fé,
para não sucumbires às tentações.
Emmanuel - Do livro Segue-me. Psicografia de Francisco
Cândido Xavier.
NÃO PEQUES DEMAIS
"Vai e não peques mais". - Jesus. (João, 8:11).
A semente valiosa que não ajudas, pode perder-se.
A árvore tenra que não proteges, permanece exposta à
destruição.
A fonte que não amparas, costuma secar-se.
A água que não distribuis, forma pântanos.
O fruto não aproveitado, apodrece.
A terra boa que não defendes, é asfixiada pela erva
inútil.
A enxada que não utilizas, cria ferrugem.
As flores que não cultivas, nem sempre se repetem.
O amigo que não conservas, foge do teu caminho.
A medicação que não respeitas, na dosagem e na
oportunidade de que lhe dizem respeito, não te beneficia o campo orgânico.
Assim também é a graça Divina.
Se não guardas o favor do alto, respeitando-o em ti
mesmo, se não usas os conhecimentos elevados que recebes em benefício da
própria felicidade, se não prezas a contribuição que te vem de cima, não te
vale a dedicação dos mensageiros espirituais. Debalde improvisarão eles
milagres de amor e paciência, na solução de teus problemas, porque sem a adesão
de tua vontade ao programa regenerativo todas as medidas salvadoras resultarão
imprestáveis.
"Vai e não peques mais".
O ensinamento de Jesus é suficiente e expressivo.
O médico Divino proporciona a cura, mas se não a
conservarmos, dentro de nós, ninguém poderá prever a extensão e as
conseqüências de novos desequilíbrios que nos aviltarão a invigilância.
Emmanuel - Do livro Segue-me. Psicografia de Francisco
Cândido Xavier.
COMPANHEIROS
FRANCOS
Na esfera do
sentimento, habitualmente defrontados por certa classe de amigos que são sempre
dos mais preciosos e aos quais nem sempre sabemos atribuir o justo valor:
aqueles que nos dizem a verdade, acerca das nossas necessidades de espírito.
Invariavelmente,
categorizamos em alta conta as afeições que nos assegurem conveniências de
superfície, nos quadros do mundo. Confiança naqueles que nos multipliquem as
posses efêmeras e solidariedade aos que nos garantam maior apreço no grupo
social.
Perfeitamente
cabível a nossa gratidão para com todos os benfeitores que nos enriquecem as oportunidades
de progredir e trabalhar na experiência comum.
Sejamos, porém,
honestos conosco e reconheçamos que não nos é fácil aceitar o concurso dos
companheiros cuja palavra franca e esclarecedora nos auxilia na supressão dos
enganos que nos parasitam a existência. Se nos falam, sem qualquer
circunlóquio, em torno dos perigos de que nos achamos ameaçados, à vista de
nossa inexperiência ou invigilância, ainda mesmo quando enfeitem a frase com o
arminho da bondade mais pura, freqüentemente reagimos de maneira negativa, acusando-os
de ingratos e duros de coração. Se insistem, não raro consideramo-los obsidiados,
quando não permitimos que o mel da amizade se nos transtorne na alma em vinagre
de aversão, exagerando-lhes os pequeninos defeitos, com absoluto esquecimento das
nobres qualidades de que são portadores.
Tenhamos em
consideração distinta os amigos incapazes de acalentar-nos desequilíbrios ou
ilusões. Jamais cometamos o disparate de misturá-los com os caluniadores. Os
empreiteiros da difamação e da injúria falam destruindo. Os amigos positivos e
generosos advertem e avisam com discrição e bondade. Sempre que algo nos digam,
sacudindo-nos a alma, entremos em sintonia com a própria consciência, roguemos ao
Senhor nos sustente a sinceridade e saibamos ouvi-los.
Livro Estude E
Viva -Francisco Cândido Xavier E Waldo Vieira Pelos Espíritos Emmanuel E André
Luiz
SALVO-CONDUTOS
Evite o gracejo
descaridoso.
Valorize os
intervalos de trabalho.
Observe o passado
como arquivo de experiência.
Esqueça os sinais
menos dignos das criaturas e dos fatos.
Sorria como
resposta à dificuldade.
Dissipe as nuvens
da incompreensão com a indulgência na palavra.
Respeite
invariavelmente a fé alheia.
Sirva sem ostentar
o serviço.
Melhore as
opiniões no sentido edificante.
Fuja às pequenas
manifestações de tirania disfarçada.
Coloque acima das
próprias necessidades aquilo que se faça necessário ao bem dos outros.
Reivindique como
privilégio a si mesmo a responsabilidade que lhe compete.
Ultime sem mais
delonga a obrigação atrasada.
Sopese toda
promessa antes de articulá-la na boca.
Corresponda,
quanto possível, aos anseios dos que esperam por seu auxílio.
Semelhantes ações funcionam quais preciosos salvo-condutos
desentrançando os obstáculos em nossa caminhada para a Felicidade Maior.
Livro Estude E Viva -Francisco Cândido Xavier E Waldo
Vieira Pelos Espíritos Emmanuel E André Luiz
NO EXAME DO PERDÃO
Observemos o ensinamento do Cristo, acerca do perdão.
Note-se que o
Senhor afirma, convincente: -“se o vosso
irmão agiu contra vós...”
Isso quer dizer
que Jesus principia considerando-nos na condição de pessoas ofendidas,
incapazes de ofender: ensina-nos a compreender os semelhantes, crendo-nos seguros
no trato fraternal.
Nas menores
questões de ressentimento, sujeitemo-nos a desapaixonado autoexame.
Quem sabe a reação
surgida contra nós terá nascido de ações impensadas, desenvolvidas por nós
mesmos?
Se do balanço de
consciência estivermos em débito com os outros, tenhamos suficiente coragem de
solicitar-lhes desculpas, diligenciando sanar a falta cometida e articulando
serviço que nos evidencie o intuito de reparação.
Se nos sentimos
realmente feridos ou injustiçados, esqueçamos o mal. Na hipótese de o prejuízo
alcançar-nos individualmente e tão –somente a nós, reconheçamo-nos igualmente
falíveis e ofertemos aos nossos inimigos, imediatas possibilidades de reajuste.
Se, porém, o dano em que fomos envolvidos atinge a coletividade,
cabendo à justiça e não a nós o julgamento do golpe verificado, é claro que não
nos compete louvar a leviandade. Ainda assim, podemos reconciliar-nos com os
nossos adversários, em espírito, orando por eles e amparando-os, por via
indireta, a fim de que se valorizem para
o bem geral nas tarefas que a vida lhes reservou.
De qualquer modo,
evitemos estragar o pensamento com o vinagre do azedume.
Nem sempre conseguimos jornadear, nas sendas terrestres,
junto de todos, porquanto, até que venhamos a completar o nosso curso de auto burilamento
no instituto da evolução universal, nem todos renasceremos simultaneamente em uma
só família e nem lograremos habitar a mesma casa.
Sigamos, assim, de
nossa parte, vida afora, em harmonia com todos, embora não possamos a todos
aprovar, entendendo e auxiliando, desinteressadamente, aqueles diante dos quais
ainda possuímos o dom de agradar em pessoa, e rogando a Bênção
Divina para aqueles outros junto de quem não nos será lícito
apoiar a delinqüência ou incentivar perturbação.
Livro Estude E Viva -Francisco Cândido Xavier E Waldo
Vieira Pelos Espíritos Emmanuel E André Luiz
MEMORANDO
- A balança do bem não tem cópias.
- A vontade adoece, mas nunca morre.
- Quem compensa mal com mal, atinge males maiores.
- O amor real transpira imparcialidade.
- O sofrimento acorda o dever.
- O remédio excessivo faz-se veneno.
- Somos todos familiares de Jesus.
- Nenhum enfeite disfarça a culpa.
- A vida não cansa o coração humilde.
- Toda convicção merece respeito.
- Só a consciência tranqüila dá sono calmo.
- Emoções e idéias não existem a sós.
- O tempo não desfigura a beleza espiritual.
- Mediunidade, na essência, é cooperação mútua.
- Para o cristão não existem dores alheias, porque as dores
da coletividade pertencem a ele próprio.
- Do erro nasce a correção.
- Lábios vigilantes não alardeiam vantagens.
- A caridade é o pensamento vivo do Evangelho.
Livro Estude E Viva -Francisco Cândido Xavier E Waldo
Vieira Pelos Espíritos Emmanuel E André Luiz
NOS MOMENTOS GRAVES
Use calma.
A vida pode ser um bom estado de luta, mas o
estado de guerra nunca uma vida boa.
Não delibere apressadamente.
As circunstâncias, filhas
dos Desígnios Superiores, modificam-nos a experiência, de minuto a minuto.
Evite lágrimas inoportunas.
O pranto pode complicar os
enigmas ao invés de resolvê-los.
Se você errou desastradamente, não se precipite no
desespero.
O reerguimento é a melhor medida para aquele que cai.
Tenha paciência.
Se você não chega a dominar-se, debalde
buscará o entendimento de quem não o compreende ainda.
Se a questão é excessivamente complexa, espere mais um
dia ou mais uma semana, a fim de solucioná-la.
O tempo não passa em vão.
A pretexto de defender alguém, não penetre o círculo barulhento.
Há pessoas que fazem muito ruído por simples questão de gosto.
Seja comedido nas resoluções e atitudes.
Nos instantes
graves, nossa realidade espiritual é mais visível.
Em qualquer apreciação, alusiva a segundas e terceiras
pessoas, tenha cuidado. Em outras ocasiões, outras pessoas serão chamadas a fim
de se referirem a você,
Autor: André Luiz - Psicografia de Chico Xavier. Livro:
Agenda Cristã
ADULTÉRIO E PROSTITUIÇÃO
Atire-lhe a primeira pedra aquele que estiver isento de pecado, disse Jesus.
Esta sentença faz da indulgência um dever para nós outros porque ninguém há que não necessite, para si próprio, de indulgência. Ela nos ensina que não devemos julgar com mais severidade os outros, do que nos julgamos a nós mesmos, nem condenar em outrem aquilo de que nos absolvemos. Antes de profligarmos a alguém uma falta, vejamos se a mesma censura não nos pode ser feita. Do item 13, do Cap. X, de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
É curioso notar que Jesus, em se tratando de faltas e quedas, nos domínios do espírito, haja escolhido aquela da mulher, em falhas do sexo, para pronunciar a sua inolvidável sentença: "aquele que estiver sem pecado atire a primeira pedra".
Dir-se-ia que no rol das defecções, deserções, fraquezas e delitos do mundo, os problemas afetivos se mostram de tal modo encravados no ser humano que pessoa alguma da Terra haja escapado, no cardume das existências consecutivas, aos chamados "erros do amor".
Penetre cada um de nós os recessos da própria alma, e, se consegue apresentar comportamento irrepreensível, no imediatismo da vida prática, ante os dias que correm, indague-se, com sinceridade, quanto às próprias tendências.
Quem não haja varado transes difíceis, nas áreas do coração, no período da reencarnação em que se encontre, investigue as próprias inclinações e anseios no campo íntimo, e, em sã consciência, verificará que não se acha ausente do emaranhado de conflitos, que remanescem do acervo de lutas sexuais da Humanidade.
Desses embates multimilenares, restam, ainda, por feridas sangrentas no organismo da coletividade, o adultério que, de futuro, será classificado na patologia das doenças da alma, extinguindo-se, por fim, com remédio adequado, e a prostituição que reúne em si homens e mulheres que se entregam às relações sexuais, mediante paga, estabelecendo mercados afetivos.
Qual ocorre aos flagelos da guerra, da pirataria, da violência homicida e da escravidão que acompanham a comunidade terrestre, há milênios, diluindo-se, muito pouco a pouco, o adultério e a prostituição ainda permanecem, na Terra, por instrumentos de prova e expiação, destinados naturalmente a desaparecer, na equação dos direitos do homem e da mulher, que se harmonizarão pelo mesmo peso, na balança do progresso e da vida.
Note-se que o lenocínio de hoje, conquanto situado fora da lei, é o herdeiro dos bordéis autorizados por regulamentação oficial, em muitas regiões, como sucedia notadamente na Grécia e na Roma antigas, em que os estabelecimentos dessa natureza eram constantemente nutridos por levas de jovens mulheres orientais, direta ou indiretamente adquiridas, à feição de alimárias, para misteres de aluguel. Tantos foram os desvarios dos Espíritos em evolução no Planeta – Espíritos entre os quais muito raros de nós, os companheiros da Terra, não nos achamos incluídos - que decerto Jesus, personalizando na mulher sofredora a família humana, pronunciou a inesquecível sentença, convocando os homens, supostamente puros em matéria de sexualidade, a lançarem sobre a companheira infeliz a primeira pedra.
Evidentemente, o mundo avança para mais elevadas condições de existência.
Fenômenos de transição explodem aqui e ali, comunicando renovação. E, com semelhantes ocorrências, surge para as nações o problema da educação espiritual, para que a educação do sexo não se faça irrisão com palavras brilhantes mascarando a licenciosidade.
Quando cada criatura for respeitada em seu foro íntimo, para que o amor se consagre por vínculo divino, muito mais de alma para alma que de corpo para corpo, com a dignidade do trabalho e do aperfeiçoamento pessoal luzindo na presença de cada uma, então os conceitos de adultério e prostituição se farão distanciados do cotidiano, de vez que a compreensão apaziguará o coração humano e a chamada desventura afetiva não terá razão de ser.
Livro: Vida e Sexo – Emmanuel – Francisco C Xavier
A PETIÇÃO DE
JESUS
... E Jesus, retido por deveres constrangedores, junto da
multidão, em Cafarnaum, falou a Simão, num gesto de bênção: - Vai, Pedro!
Peço-te! ... Vai à casa de Jeremias, o curtidor, para ajudar. Sara, a filha
dele, prostrada no leito, tem a cabeça conturbada e o corpo abatido. Vai sem
delonga, ora ao lado dela, e o Pai, a quem rogamos apoio, socorrerá a doente
por tuas mãos.
Na manhã ensolarada, pôs-se o discípulo em marcha, entusiasmado
e sorridente com a perspectiva de servir. À tarde, quando o sol cedia as últimas
posições à sombra noturna, vinha de retorno enunciando inquietação e pesar no
rosto áspero.
- Ah! Senhor! - disse ao Mestre que lhe escutava os
apontamentos - todo esforço baldado, tudo em vão! ...
- Como assim?
E o apóstolo explicou amargamente, qual se fora um odre
de fel a derramar-se:
- A casa de Jeremias é um antro de perdição... Antes fosse
um pasto selvagem. O abastado curtidor é um homem que ajuntou dinheiro, a fim de
corromper-se. De entrada, dei com ele bebericando vinho num paiol, a cuja porta
bati, na esperança de obter informações para demandar o recinto doméstico. Não
parecia um patriarca e sim um gozador desavergonhado.
Sentava-se na palha de trigo e, de momento a momento,
colava os lábios ao gargalo de pesada botelha, desferindo gargalhadas, ao pé de
serva bonita e jovem, que se refestelava no chão, positivamente embriagada...
Ao receber-me, começou perguntando quantos piolhos trago à cabeça e acabou
mandando-me ao primogênito... Saí à procura de Zoar, o filho mais idoso, e o
achei, enfurecido, no jogo de dados em que perdia largas somas para conhecido traficante
de Jope. Acolheu-me aos berros, explicando que a sorte da irmã não lhe despertava
o menor interesse... Por fim, expulsou-me aos coices, dando a ideia de uma besta-fera
solta no campo . Afastava-me, apressado, quando esbarrei com a dona da casa.
Dei-lhe a razão de minha presença; contudo, antes de
atender-me, passou a espancar esquelética menina, alegando que a criança lhe
havia surrupiado um figo, enquanto a pequena chorosa tentava esclarecer que a
fruta havia sido devorada por galos de estimação... Somente após ensanguentar a
vítima, resolveu a megera designar o aposento
em que poderia avistar-me com a filha enferma...
Ante o olhar melancólico do ouvinte, o discípulo
prosseguiu:
- A dificuldade, porém, não ficou nisso... Visivelmente
transtornada por bagatela, a velha sovina errou na indicação, pois entrei numa
alcova estreita, onde fui defrontada por Josué, o filho mais moço do curtidor,
que mergulhava a mão num cofre de joias. Desagradavelmente surpreendido, fez-se
amarelo de raiva, acreditando decerto que eu não passava de alguém a serviço da
família, a fim de espionar-lhe os movimentos. Quando ergueu o braço para esmurrar-me,
supliquei-lhe considerasse a minha situação de visitante em missão de paz e socorro
fraterno . Embora contrafeito, conduzindo-me ao quarto da irmã... Ah! Mestre,
que tremenda desilusão!.. Não duvido de que se trata de uma doente, mas, logo
me viu, a estranha criatura se tornou inconveniente, articulando gestos
indecorosos e pronunciando frases indignas...Não aguentei mais... Fugi,
horrorizado, e regressei pelo mesmo caminho.
Observando que o Amigo Sublime se resguardava, triste e
silencioso, volveu Simão, após comprido intervalo:
- Senhor, não fui, acaso, bastante claro? Porventura, não
terei procurado cumprir-te honestamente os desejos? Seria justo, Mestre,
pronunciar o nome de Deus, ali, entre vícios e deboche, avareza e obscenidade?
Jesus, porém, depois de fitar longamente o céu, a
inflamar-se de lumes distantes, fixou no companheiro o olhar profundamente
lúcido e exclamou com serenidade:
- Pedro, conheço Jeremias, a esposa e os filhos, há muito
tempo!... Quando te incumbi de ir ao encontro deles, apenas te pedi para
auxiliar! . LIVRO : CARTAS E CRÔNICAS - HUMBERTO DE CAMPOS – IRMÃO X - FCX
JULGAMENTOS
Observando os atos dos outros, é importante lembrar que
os outros igualmente estão anotando os nossos. Sabemos, no entanto, de
experiência própria que, em muitos acontecimentos da vida, há enorme distância
entre as nossas intenções e nossas manifestações.
Quantas vezes somos interpretados como ingratos e
insensíveis, por havermos assumido atitude enérgica ante determinado setor de
nossas relações, após atravessarmos, por longo tempo, complicações e
dificuldades, nas quais até mesmo os interesses alheios foram prejudicados em
nossas mãos? E quantas outras vezes fomos considerados relapsos ou pusilânimes,
à vista de termos praticado otimismo e benevolência, perante aqueles com os
quais teremos chegado ao extremo limite da tolerância?
Em quantas ocasiões estamos sendo avaliados por
disciplinadores cruéis, quando simplesmente desejamos a defesa e a vitória dos
entes que mais amamos, e em quantas outras passamos por tutores irresponsáveis
e levianos, quando entregamos as criaturas queridas às provas difíceis que elas
mesmas disputam, invocando a liberdade que as Leis do Universo conferem a cada
pessoa consciente de si?
Reflete nisso e não julgues o próximo, através de
aparências. Deixa que o AMOR te inspire qualquer apreciação, e, quando
necessites pronunciar algum apontamento, num processo de emenda, coloca-te no
lugar do companheiro sob censura e encontrarás as palavras certas para cooperar
na obra de ilimitada misericórdia com que DEUS opera todas as construções e
todos os reajustes.
Corrige amando o que deve ser corrigido e restaura
servindo o que deve ser restaurado; entretanto, jamais condenes, porque o
Senhor descobrirá meios de invalidar as posições do mal para que o bem
prevaleça, e, toda vez que as circunstâncias te exijam examinar os atos dos
outros, recorda que os nossos atos, no conceito dos outros, estão sendo examinados
também.
Emmanuel - Livro:
Alma e Coração. Psicografia de Francisco
Cândido Xavier
A PRIMEIRA PEDRA
Há, sim, muitos companheiros errados.
Ninguém nega.
Esse, que te protegia a confiança, desabou, à maneira de
tronco pesado, sobre a plantação, ainda frágil, de tua fé.
O outro, que te parecia invulnerável no desassombro,
acovardou-se e fugiu.
Conheceste os que pregavam generosidade, agarrando-se à
avareza, e notaste os que falavam em virtude, a tombarem no vício.
Situavas a fonte do consolo em vários amigos, que
acabaram no desespero e recolhias orientações de outros tantos, que se
afundaram na corrente das sombras, quais barcos a matroca.
Em muitos casos, trocaste entusiasmo por desalento e
admiração por repugnância.
Diante de semelhantes problemas, é natural te sintas
entre a mágoa e a revolta.
No entanto, entra no santuário de ti mesmo procurando
compreender a nossa obrigação de auxiliar e servir, e reflete nas exigências de
evolução.
Coloca-te no lugar da criatura em dificuldade e enumera
quantas vezes tens sido providencialmente auxiliado, para não caíres em
tentação.
Medita nas horas em que os pensamentos infelizes te
dominam a alma; nos momentos em que tropeças e cais; nas ocasiões em que te
enganas e sofres; nos instantes em que lastimas as faltas que não desejarias
cometer; e se te sentes longe da possibilidade de errar e integralmente livre
de toda culpa, poderás, então, ouvir, de novo, a lição de Jesus e atirar a
primeira pedra.
De Canais da Vida, de Francisco Cândido Xavier, pelo
Espírito Emmanuel
NÃO PERDOAR
Bezerra de Menezes, já devotado à Doutrina Espírita,
almoçava, certa feita, em casa de Quintino Bocaiúva, o grande republicano, e o
assunto era o Espiritismo, pelo qual o distinto jornalista passara a
interessar-se.
Em meio da conversa, aproxima-se um serviçal e comunica
ao dono da casa:
- Doutor, o rapaz do acidente está aí com um policial.
Quintino, que fora surpreendido no gabinete de trabalho
com um tiro de raspão, que, por pouco, não lhe atingiu a cabeça, estava indignado
com o servidor que inadvertidamente fizera o disparo.
- Manda-o entrar – ordenou o político.
- Doutor – roga o moço preso, em lágrimas -, perdoe o meu
erro! Sou pai de dois filhos...
Compadeça-se! Não tinha qualquer má intenção...
Se o senhor me processar, que será de mim? Sua desculpa
me livrará! Prometo não mais brincar com armas de fogo! Mudarei de bairro, não
incomodarei o senhor...
O notável político, cioso da própria tranquilidade,
respondeu:
- De modo algum. Mesmo que o seu ato tenha sido de mera
imprudência, não ficará sem punição.
Percebendo que Bezerra se sentia mal, vendo-o assim
encolerizado, considerou, à guisa de resposta indireta:
- Bezerra, eu não perdoo, definitivamente não perdoo...
Chamado nominalmente à questão, o amigo exclamou desapontado:
- Ah! você não perdoa!
Sentindo-se intimamente desaprovado, Quintino falou,
irritado:
- Não perdoo erro. E você acha que estou fora do meu
direito?
O Dr. Bezerra cruzou os braços com humildade e respondeu:
- Meu amigo, você tem plenamente o direito de não
perdoar, contanto que você não erre...
A observação penetrou Quintino como um raio.
O grande político tomou um lenço, enxugou o suor que lhe
caía em bagas, tornou à cor natural, e, após refletir alguns momentos, disse ao
policial:
- Solte o homem. O caso está liquidado.
E para o moço que mostrava profundo agradecimento:
- Volte ao serviço hoje mesmo, e ajude na copa.
Em seguida, lançou inteligente olhar para Bezerra, e
continuou a conversação no ponto em que haviam ficado.
Livro: Almas em Desfile Psicografia: Francisco C. Xavier
e Waldo Vieira Espírito: Hilário Silva
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