8 – E ao outro dia, como saíssem de Betânia, teve fome. E
tendo visto ao longe uma figueira, foi lá a ver se acharia nela alguma coisa; e
quando chegou a ela, nada achou, senão folhas, porque não era tempo de figos. E
falando-lhe disse: Nunca jamais coma alguém fruto de ti para sempre; o que os
discípulos ouviram. E no outro dia pela manhã, ao passarem pela figueira, viram
que ela estava seca até as raízes. Então, lembrando Pedro, disse para Jesus:
Olha, Mestre, como secou a figueira que tu amaldiçoaste. E respondendo Jesus,
lhes disse: Tende fé em Deus. Em verdade vos afirmo que todo o que disse a este
monte: Tira-te daí e lança-te ao mar, e isto sem hesitar no seu coração, mas
tendo fé de que tudo o que disser sucederá, ele o verá cumprir assim. (Marcos,
XI: 12-14 e 20-23).
9 – A figueira seca é o símbolo das pessoas que apenas
aparentam o bem, mas na realidade nada produzem de bom: dos oradores que
possuem mais brilho do que solidez, dotados do verniz das palavras de maneira
que estas agradam aos ouvidos; mas, quando as analisamos, nada revelam de
substancial para o coração; e, quando as acabamos de ouvir, perguntamos que
proveito tivemos.
É também o símbolo de todas as pessoas que podem ser
úteis e não o são; de todas as utopias, de todos os sistemas vazios, de todas
as doutrinas sem bases sólidas. O que falta, na maioria das vezes, é a
verdadeira fé, a fé realmente fecunda, a fé que comove as fibras do coração, em
uma palavra, a fé que transporta montanhas. São árvores frondosas, mas sem
frutos, e é por isso que Jesus as condena a esterilidade, pois dia virá em que
ficarão secas até à raiz. Isso quer dizer que todos os sistemas, todas as
doutrinas que não produziram nenhum bem para a humanidade, serão reduzidas a
nada; e que todos os homens voluntariamente inúteis, que não se utilizaram os
recursos de que estavam dotados, serão tratados como a figueira seca.
10 – Os médiuns são os intérpretes dos Espíritos. Suprem
o organismo material que falta a estes, para nos transmitirem as suas
instruções. Eis porque são dotados de faculdades para esse fim. Nestes tempos
de renovação social, desempenham uma missão especial: são como árvores que
devem dispensar o alimento espiritual aos seus irmãos. Por isso,
multiplicam-se, de maneira a que o alimento seja abundante. Espalham-se por
toda parte, em todos os países, em todas as classes sociais, entre os ricos e
os pobres, os grandes e os pequenos, a fim de que em parte alguma haja
deserdados, e para provar aos homens que todos são chamados. Mas se eles
desviam de seu fim providencial a faculdade preciosa que lhes foi concedida, se
a colocam a serviço de coisas fúteis e prejudiciais, ou dos interesses
mundanos; se, em vez de frutos salutares, dão maus frutos; se se recusam a
torná-la proveitosa para os outros; se nem mesmo para si tiram os proveitos da
melhoria própria, então se assemelham à figueira estéril. Deus, então, lhe retirará
um dom que se tornou inútil entre as suas mãos; a semente que não souberam
semear; e os deixará tornarem-se presas
dos maus Espíritos.
TEXTOS DE APOIO
QUE SENTIMOS SOBRE
NÓS?
"Quando saiam de Betânia, ele teve fome; e, vendo ao
longe uma figueira, para ela encaminhou-se, a ver se acharia alguma coisa;
tendo-se, porém, aproximado, só achou folhas, visto não ser tempo de
figos." O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo XIX - item 8
Os sentimentos que mais necessitamos compreender para
nossa harmonia são aqueles que dizem respeito a nós próprios.
Que sentimos sobre nós? Qual a relação afetiva que temos
conosco? Como temos tratado a nós mesmos? A partir de uma viagem nesse
desconhecido mundo íntimo, faremos descobertas fascinantes e primordiais para
uma integração harmoniosa com a Lei Divina e o próximo. A partir da harmonia
que podemos criar com nossa "vida profunda", essa busca de si mesmo
terá como prêmio o encontro com o "eu verdadeiro", aquilo que realmente
somos - a singularidade.
Como começar essa viagem de auto-encontro em favor da
consolidação de uma relação pacífica e amorosa conosco? Como trabalhar a
aplicação do auto-amor?
Façamos, inicialmente, algumas indagações.
Que fatores íntimos determinam a nossa dependência de
situações e pessoas? Que causas emocionais ou psicológicas podem afastar-nos do
desejo de sermos criativos e espontâneos? O que nos impede de avançar em
direção aos nossos sonhos íntimos de realização e felicidade? Por que ainda não
temos conseguido progresso na construção de valores pessoais em sintonia com os
propósitos iluminados da Doutrina Espírita? O que realmente queremos da vida?
O primeiro ato educativo na construção do valor pessoal é
diluir a ilusão da inferioridade. Buscar as raízes do desamor que usamos
conosco. O Criador nos ama como estamos. Temos um nobre significado para Deus.
Somente nós, por enquanto, ainda não descobrimos o valor que possuímos.
Inegavelmente, poucos de nós apresentamos bom aproveitamento nas oportunidades
corporais pretéritas, no entanto, o destaque acentuado aos deslizes e quedas
nas vidas sucessivas somente agrava o estado íntimo de amargura da alma. Renascemos
com novo corpo para esquecer e olhar para frente. As indagações que devemos
assinalar nesta etapa são: Por que não me sinto digno? Quais são minhas reais
intenções? Que lições tenho a aprender quando me sinto inferior? Por que
determinada atitude ou acontecimento me faz sentir inferior?
Outro aspecto na valorização pessoal a considerar são os
julgamentos que aplicam a nós. O que importa é o que faremos diante deles. Como
reagiremos? Podemos nos culpar ou adotar o cuidado de refletir sobre o valor
que tenham para nós. Quando não cultuamos o auto-amor, os julgamentos alheios
constituem espessas algemas das mais nobres aspirações. Em quaisquer situações
o amor é nossa couraça pessoal. Quem se ama sabe se defender sem fugas e ter
respostas emocionais inteligentes e serenas aos estímulos do meio. Não
crescemos sem conviver; isso não significa que devamos permitir a outrem
ultrapassar os limites em relação à nossa intimidade. Somente nós próprios
podemos penetrar com sabedoria e naturalidade a subjetividade de nosso ser.
Portanto, temos um processo interior - o sentimento de
inferioridade - e uma força externa - os julgamentos, a aprovação social. Ambos
consorciam-se, frequentemente, contra nossos anseios de crescimento. Somente
com a aquisição da autonomia saberemos lidar com tais fatores educativos.
Não fomos educados para devolver o outro a si mesmo na
busca de seus caminhos. Fomos educados para manter o outro pensando como nós,
escolhendo por nossas escolhas, opinando conforme os padrões de pensamento que
adotamos e agindo de conformidade com nossa avaliação de certo e errado. E' o
regime de possessividade e submissão nas relações. E' mais confortável ser
orientado, ter respostas prontas para nossas dúvidas e angústias ou pedir a
alguém que nos indique a escolha mais acertada. Em inúmeras ocasiões é mais
cômodo se ajustar a muitos julgamentos que acreditar nos ideais pessoais e nos
nossos sentimentos. Consideremos, dessa forma, quanto necessitamos investir na
erradicação da acomodação em busca da solidificação da autonomia psicológica em
favor da liberdade que ansiamos.
Um impedimento frequente na construção da autonomia é o
medo de rejeição - uma das mais graves consequências da baixa auto-estima. Como
seremos interpretados? Qual será o conceito que farão de nós a partir do
instante em que decidirmos por um caminho afinado com o que sentimos e
pensamos?
A necessidade da aprovação alheia é extremamente
enraizada na vida emocional. Todas as pessoas e suas respectivas idéias a nosso
respeito merecem carinho e consideração, respeito e fraternidade.
Porém, conceder a outrem o direito de aprovar ou
reprovar...
A palavra aprovação, entre outros sinônimos, quer dizer:
ter a nossa atitude reconhecida como moralmente boa. Analisando com cuidado, a
aprovação se torna um julgamento, uma forma de interpretar e definir o que deve
ou não ser feito e da forma como deve ser feito.
Sigamos a intuição, aprendendo a ler as mensagens sutis
da vida interior despachadas pelo sentimento, evitando o desprezo ao que
sentimos. Mesmo as sensações desconfortáveis à consciência nos ensinam algo. A
garantia de que vamos aprender depende do trato que daremos ao nosso mundo
íntimo. O respeito incondicional que devemos usar conosco. Amar-nos como
merecemos ser amados.
Uma vez alfabetizados pelo coração, passaremos a fruir
uma vida mais plena, felizes com nossa condição, permitindo-nos evoluir com
naturalidade, sem condenações e severidade.
O Espiritismo é remédio para nossas dores e roteiro para
libertação de nossas consciências. Estudá-lo, sim, entretanto, a maioridade
espiritual nas atitudes somente florescerá ao renovarmos o modo de sentir a
nós, ao próximo e ávida.
Informação e transformação. Do contrário, ficaremos na
superfície da proposta do amor, assim como a figueira na qual Jesus procurou
frutos, adornados pelas folhas da cultura e vazios dos frutos do crescimento
real.
Livro: Escutando Sentimentos - Ermance Dufaux - Wanderley
S. Oliveira
TENDE FÉ EM DEUS
"E Jesus, respondendo, disse-lhes: tende fé em
Deus." - (Marcos, 11:12.)
Bastas vezes, as dificuldades na concretização de um
projeto elevado se nos afiguram inamovíveis.
Começamos por reconhecer-lhes o peso inquietante e
estimáveis companheiros acabam por destacar-nos a importância delas, como a
dizer-nos que é preciso renunciar ao bem que pretendemos fazer.
Tudo, aparentemente, é obstáculo intransponível...
Mas Deus intervém e uma porta aparece.
Há circunstâncias, nas quais o problema com que somos
defrontados, numa questão construtiva, é julgado insolúvel.
Passamos a inquietar-nos e, não raro, especialistas no
assunto comparecem junto de nós, apontando-nos a impraticabilidade da solução.
As obscuridades crescem por sombras indevassáveis...
Mas Deus interfere e desponta uma luz.
Em certas ocasiões, uma pessoa querida, ao perturbar-se
de chofre, fornece a impressão de doente irrecuperável.
Afligimo-nos ao vê-la assim em desequilíbrio e, quase
sempre, observadores amigos comentam a inexequibilidade de qualquer melhoria,
induzindo-nos a largá-la ao próprio infortúnio.
Avoluma-se a prova que lembra angústia inarredável...
Mas Deus determina e surge um remédio.
Ocorrem-te no mundo as mesmas perplexidades, em matéria
de saúde, família, realizações.
Salientam-se fases de trabalho em que a luta é suposta
invencível, com absoluto desânimo daqueles que te rodeiam, mas Deus providencia
e segues, tranqüilo, à frente.
Por mais áspera a crise, por maior a consternação, não
percas o otimismo e trabalha, confiante.
Ouçamos, nós todos, a indicação de Jesus:
- "Tende fé em Deus".
De Palavras de Vida
Eterna, de Francisco Cândido Xavier, Espírito Emmanuel
MÉDIUNS DE TODA PARTE
“Assim como tu me enviaste ao mando, também eu os enviei
ao mundo. JESUS - JOÃO, 17: 18.
“A figueira que secou é o símbolo dos que apenas
aparentam propensão para o bem, mas que em realidade, nada de bom produzem.. ”
- Cap. 19, 9.“
Os médiuns são intérpretes dos espíritos.
Representam para eles os órgãos materiais que lhes
transmitem as instruções.
Daí serem dotados de faculdades para esse efeito.
Nos tempos modernos de renovação social, cabe-lhes missão
especialíssima: são árvores destinadas a fornecer alimento espiritual a seus
irmãos.
Multiplicam-se em número para que haja alimento farto.
Existem, por toda parte, entre os ricos e os pobres,
entre os grandes e os pequenos, a fim de que, em nenhum ponto faltem, para que
todos os homens se reconheçam chamados à verdade.
Se, porém, desviam do objetivo providencial a preciosa
faculdade que lhes foi concedida; se a empregam em cousas fúteis ou prejudiciais;
se a colocam em serviço dos interesses mundanos; se, ao invés de frutos
sazonados dão maus frutos; se, se recusam a utilizá-la em benefício dos outros;
ou se nenhum proveito tiram dela, no sentido de se aperfeiçoarem, são
comparáveis à figueira estéril.
Estas considerações tão ricas de oportunidade, à frente
da extensão constante das tarefas espíritas na atualidade, não são nossas.
São conceitos textuais de Allan Kardec, no item 10, do
capítulo 19 de “0 Evangelho Segundo o Espiritismo”, escritos há quase um
século.
Os médiuns são legiões.
Funcionam aos milhares, em todos os pontos do globo
terrestre.
Seja na administração ou na colaboração, na beneficência
ou no estudo, na tribuna ou na pena, no consolo ou na cura, no trabalho
informativo ou na operação de fenômenos, todos são convocados a servir com
sinceridade e desinteresse, na construção do bem, com base no burilamento de si
próprios.
Acima de todos, representando a escola sábia e imaculada,
que não pode responsabilizar- se pelos erros ou defecções dos alunos, brilha a
Doutrina Espírita, na condição de Evangelho Redivivo, traçando orientação clara
e segura.
Fácil concluir, desse modo, que situar a mediunidade na
formação do bem de todos ou gastar-lhe os talentos em movimentações infelizes é
escolha de cada um.
Emmanuel - do livro: O Livro da Esperança - Psicografado por
Francisco Cândido Xavier
SERVIÇO MEDIÚNICO
Um tema aparentemente comum, mas sempre atualizado, foi o
centro de nossa conversação: os médiuns portadores de faculdade em crise, com necessidade
de assistência espiritual. Em geral, chegam ao ambiente espírita e pedem
socorro para certas indisposições psíquicas claramente ligadas aos problemas
mediúnicos. Mas, se recebem orientação sobre serviço, é muito difícil que a
aceitem. Chamados à reunião, O Evangelho Segundo o Espiritismo nos deu o item 9
do capítulo XIX.
Depois da leitura e dos comentários, foi o nosso Cornélio
Pires quem compareceu com a página da noite.
Livro Caminhos de
Volta – Psicografia Francisco Cândido Xavier – Espíritos Diversos.
PEDIDO E FUGA
Cornélio Pires
Dona Branca pediu a Irmão Silveira,
Guia e mentor do Centro de Traíra:
- “Rogo o seu passe, irmão! Veja se tira
Este mal que me segue a vida inteira!
Sempre sonho que estou em perambeira,
Vejo os mortos, mas penso que é mentira,
Minha cabeça fraca gira, gira ...
Sinto febre, cansaço, batedeira!”
O guia disse: “Irmã, venha ... Não tema!
É só mediunidade o seu problema ...
Venha! Serviço é luz! Não se embarace ...
Dona Branca fez prece e compromisso,
Mas nunca veio ao trato de serviço
E nunca mais voltou pedindo passe.
Livro Caminhos de Volta – Psicografia Francisco Cândido
Xavier – Espíritos Diversos.
MÉDIUNS INICIANTES
No intercâmbio espiritual, encontramos vasto grupo de
companheiros, carecedores de especial atenção — os médiuns iniciantes.
Muitas vezes, fascinados pelo entusiasmo excessivo,
diante do impacto das revelações espirituais que os visitam de jato, solicitam
o entendimento e o apoio dos irmãos experimentados, para que não se percam,
através de engodos brilhantes.
Induzamo-los a reconhecer que estamos todos à frente dos
Espíritos generosos e sábios, à feição de cooperadores, perante autoridades de
serviço, que nos esperam o concurso eficiente e espontâneo.
Não nos compete avançar sem a devida preparação,
conquanto supervisionados por mentores respeitáveis e competentes.
Tanto quanto para nós, para cada médium urge o dever de
estudar para discernir, e trabalhar para merecer.
Tão-só porque os seareiros da mediunidade revelem
facilidades para a transmissão de observações e mensagens, isso não exime da
responsabilidade na apresentação, condução e aplicação dos assuntos de que se
tornam intérpretes. Indispensável se capacitem de que a morte não altera a
personalidade humana, de modo fundamental. Acesso à esfera dos seres
desencarnados, ainda jungidos ao plano físico, é semelhante ao ingresso em
praça pública da própria Terra, onde enxameiam Inteligências de todos os tipos.
Admitido a construções de ordem superior, o médium é
convidado ao discernimento e à disciplina, para que se lhe aclarem e aprimorem
as faculdades, cabendo-lhe afastar-se do <<tudo querer>> e do
<<tudo fazer>> a que somos impelidos, nós todos, quando imaturos na
vida, pelos que se afazem à rebeldia e à perturbação.
Ajudemos os médiuns iniciantes a perceber que na
mediunidade, como em qualquer outra atividade terrestre, não há conhecimento
real onde o tempo não consagrou a aprendizagem, e que todos os encargos são
nobres onde a luz da caridade preside as realizações.
Para esse fim, conduzamo-los a se esclarecerem nos
princípios salutares e libertadores da Doutrina Espírita.
Médiuns para fenômenos surgem de toda parte e de todas as
posições. Médiuns para a edificação do aprimoramento e da felicidade, entre as
criaturas, são apenas aqueles que se fazem autênticos servidores da Humanidade.
De Estude e Viva, de Francisco Cândido Xavier e Waldo
Vieira, pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz
OS MÉDIUNS E O
MUNDO
Chico Xavier
“A nossa reunião pública foi antecedida de acalorados
debates em torno da situação dos médicos. Alguns companheiros que nos visitavam
traziam interpelações diversas e outras perguntas surgiram, numerosas.
Devem os médiuns ser encerrados em retiros ou colégios de
consagração absoluta ao Mundo Divino, como as ventais e os sacerdotes da
Antigüidade? Se os médiuns guardarem a obrigação da vida em êxtases espirituais
permanentes, no intercâmbio exclusivo com os planos divinos, como viverem a
existência que lhes foi concedida na reencarnação, na qual precisam trabalhar
para se alimentarem, vestirem, para se instruírem e viver à própria custa?
Se os médiuns necessitam de estar na Terra, como acontece
com as outras pessoas que se casam ou não se casam; se não podem trabalhar sem
apoio de alguém; se precisam de motivação para aprender a servir; se não
conseguem, de modo algum, essa ou aquela realização vivendo ou caminhando
sozinhos – como conciliar tarefa mediúnica e reclusão sistemática?
Se os médiuns devem dar com desinteresse os resultados do
trabalho que prestam, seja aos Bons Espíritos ou seja aos irmãos em humanidade,
dispendendo o tempo e a força que Deus lhes deu, como igualmente deu às outras
pessoas, como impedir-lhes o relacionamento com os outros, de modo a
encontrarem trabalho e recursos para se sustentarem e sustentarem os seres a
que se vinculam, a fim de não serem cargas pesadas no grupo social a que
pertencem?
Devem os médiuns ser criaturas angélicas na Terra ou
seres humanos naturais, procurando o aperfeiçoamento próprio através de erros e
acertos, como sucede a qualquer um?
Nesse clima de indagações foi iniciada a nossa reunião
pública. E O Evangelho Segundo o Espiritismo nos ofereceu para estudo o item 10
do capítulo XIX, sendo que, no término das nossas tarefas, o nosso caro
Emmanuel escreveu a “Página aos Médiuns” que muitos de nossos amigos presentes
e nós mesmos desejaríamos ver acrescida com suas anotações e estudos, sempre
valiosos para nós todos.”
Do livro Na Era do
Espírito. Psicografia de Francisco C. Xavier e Herculano Pires. Espíritos
Diversos
PÁGINA AOS MÉDIUNS
Emmanuel
Médiuns espíritas!
Quando vos conscientizais relativamente à distância entre
a vossa condição humana e a espiritualidade sublime da Doutrina de Luz e Amor
que abraçastes, muitos de vós outros recuais ante as lutas por sustentar.
Compreendamos, no entanto, que quase todos nós, os
companheiros encarnados e desencarnados, trazidos às tarefas do Espiritismo,
somos seres endividados de outras épocas, empenhados ao trabalho de
aperfeiçoamento gradativo com o amparo de Jesus.
Tiranos de ontem, somos agora convocados a exercícios de
obediência e tolerância para as aquisições de humildade.
Autoridades absorventes que dilapidávamos os bens que se
nos confiavam, em benefício de todos, vemo-nos induzidos, na atualidade, a
servir em regime de carência a fim de aprendermos moderação à frente da vida.
Inteligências despóticas que abusávamos da frase escrita
ou falada, prejudicando multidões, estamos hoje entre inibições e dificuldades,
nos domínios da expressão verbal, de modo a reconhecermos quanto respeito se
deve à palavra.
Criaturas que infelicitávamos outras muitas,
deteriorando-lhes a existência em nome do coração, achamo-nos presentemente em
longos calvários do sexo a fim de aprimorarmos os impulsos do próprio amor.
Incluímo-nos em vossos problemas, conquanto desenfaixados
provisoriamente dos laços físicos, porquanto as vossas lutas de hoje foram as
nossas de ontem, tanto quanto os vossos conflitos de hoje serão talvez nossos
amanhã, quando, pela reencarnação, estivermos na posição que atualmente
ocupais.
A despeito, no entanto, de todos os obstáculos,
espose-mos na construção do bem o caminho da sombra para a luz.
Natural tropeceis, através de quedas e desilusões, moí
vezes necessárias à formação de nossas melhores experiências. Entretanto, não
vos marginalizeis na estufa da ociosidade ou na furna da autocompaixão.
Trabalhemos compreendendo e sigamos servindo.
Fraquezas e imperfeições temo-ias ainda conosco e talvez
por longo tempo, de vez que burilamento espiritual não é assunto de mágica..
Convençamo-nos, porém, de que unicamente com a doação do
melhor de nós mesmos, na edificação do bem de todos, é que descobriremos a
senda traçada à nossa melhoria e elevação.
Recordemos.
O ouro não se desentranha da ganga simplesmente porque
leiamos algum compêndio de mineração diante do cascalho que o segrega,
conquanto o compêndio de mineração favoreça as atividades relacionadas com a
extração e acrisolamento do ouro.
Purificar-se-á o metal, em verdade, tão-somente no clima
do cadinho esfogueante.
Um médico reterá consigo a ciência de curar, mas isso não
quer dizer esteja ele inacessível à doença, embora o dever que lhe cabe na preservação
do equilíbrio orgânico.
Um dia Jesus nos afirmou que os obreiros do Evangelho
serão conhecidos pelos frutos. E Allan Kardec, no item 10 do capítulo XIX de O
Evangelho Segundo o Espiritismo vos comparou às árvores proveitosas. Não nos
será lícito esquecer que todas as árvores da Terra, por mais preciosas, se
lançam frondes, flores e frutos na direção dos Céus, nenhuma delas produzirá se
não tiver as raízes vinculadas aos ingredientes no chão.
Do livro Na Era do Espírito. Psicografia de Francisco C.
Xavier e Herculano Pires. Espíritos Diversos
MEDIUNIDADE E
SERVIÇO
Irmão Saulo
Agora, que as clausuras religiosas começam a se abrir e o
isolamento sacerdotal se converte em vivência social, seria curioso se os
espíritas instituíssem um sistema de segregação para os médiuns. Tanto mais que
o Espiritismo é uma doutrina aberta, só comparável ao Cristianismo primitivo
dos tempos em que Jesus e os seus discípulos viviam no meio do povo, servindo a
Deus no serviço aos homens.
A mediunidade não é privilégio, não é concessão especial,
mas faculdade humana natural. Todos a possuímos, em maior ou menor grau,
conforme as nossas necessidades. Assim como devemos empregar a nossa
inteligência e as nossas habilidades ao serviço do próximo, assim também
devemos utilizar a nossa mediunidade na boa orientação das relações sociais. O
médium isolado seria um contra-senso, como a lâmpada sob o alqueire de que nos
fala o Evangelho. Sua função não é esconder a luz que possui, mas irradiá-la em
benefício de todos.
A missão mediúnica é semelhante a todas as demais missões
que o espírito, ao encarnar, traz para a Terra. A natureza social da
mediunidade condiciona o médium a todas as exigências das relações humanas. Na
verdade, a sociabilidade atinge na mediunidade o seu mais alto grau, pois o
médium é o indivíduo colocado a serviço de duas coletividades, a visível e a
invisível. Sua função social transcende o plano horizontal das relações
existenciais, estabelecendo as relações do plano vertical entre os homens e os
espíritos. E essas relações, até ontem consideradas sobrenaturais, são hoje
reconhecidas como naturais, comuns a todas as criaturas.
Como acentua Emmanuel, os médiuns, por mais elevados que
sejam, não passam de criaturas em resgate dos erros do passado. Isolá-los,
negar-lhes o direito à vida normal dos homens, furtá-los a experiência da vida,
seria regredirmos no tempo, esquecendo os princípios fundamentais do
Espiritismo para cairmos de novo no conceito errôneo dos privilégios
espirituais. Mediunidade é serviço, mas sobretudo serviço fraterno – que só
pode ser realizado com proveito no ombro a ombro da vida comum.
Do livro Na Era do Espírito. Psicografia de Francisco C.
Xavier e Herculano Pires. Espíritos Diversos
INICIAÇÃO MEDIÚNICA
Francisco C. Xavier
Os assuntos relativos a iniciação mediúnica, dominavam as
conversações, antes de nossa reunião pública, quando o horário nos chamou às
tarefas espirituais. Logo depois da prece inicial, O Evangelho Segundo o
Espiritismo nos ofereceu a estudo o item 10 do capitulo XIX As explanações
referentes a mediunidade e a médiuns surgiram com segurança entre os presentes.
Ao final da reunião, a mensagem sobre o tema foi dada por Emmanuel.
Do livro Amanhece.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
MEDIUNIDADE E NÓS
Emmanuel
Se aspiras a ser intérprete da Espiritualidade Superior,
matrícula-te, antes de tudo na Escola do Bem de Todos, para que os mensageiros
do Bem Eterno te encontrem no lugar certo.
Arreda de ti qualquer idéia de mal.
Prepara-te, amando e compreendendo.
Ninguém consegue educação sem experiência.
Ninguém progride sem o concurso dos outros.
Ninguém se adianta sem movimentação no caminho.
Para isso, trabalha sempre.
Não basta, no entanto, a ação por si só. Imprescindível
configurá-la em proveito.
Toda circunstância é campo de criatividade para que se
realize o melhor.
A vida é o educandário.
O tempo é a riqueza de todos equitativamente distribuída.
O próximo é o instrutor.
Discípulos da evolução, somos todos.
Serviço é nosso ponto de encontro.
Se nos propomos a melhorar a existência, é imperioso
melhorar-nos.
Se queremos receber é preciso esvaziar as próprias mãos,
em auxílio dos semelhantes, a fim de repletar-nos com recursos novos nas fontes
do Suprimento Infinito.
A represa garante a usina porque aprende a guardar
distribuindo.
A força elétrica se faz luz, aceitando transformar-se
para a nobreza do beneficio.
Mas a represa e a força elétrica nada conseguiriam sem
disciplina para louvor da utilidade.
Pensemos nisso e honorifiquemos o lugar que é nosso,
cumprindo tão bem quanto se nos faça possível, a tarefa que a vida nos entregou
a executar.
Toda atividade na criação do bem é importante.
O copo de água é filho das nascentes profundas.
A vela acesa que dissipa a sombra é irmã da estrela que
desfaz a resistência das trevas.
Ergue-te, assim, para realizar o melhor que puderes.
Traduzir os Emissários do Bem será sempre unirmo-nos a
eles em serviço constante.
Ninguém sabe quem teria sido o samaritano da parábola :
se um homem de elevada cultura espiritual ou se um analfabeto no conhecimento
da vida; se um representante da autoridade ou se um homem a esconder-se das
próprias culpas. Entretanto, porque se compadeceu e auxiliou, porque agiu e
serviu, em favor do próximo, conseguiu identificar-se com o trabalho dos anjos.
Do livro Amanhece. Psicografia de Francisco Cândido
Xavier.
PARÁBOLA DA
FIGUEIRA ESTÉRIL
“Pela manhã, ao voltar Jesus à cidade, teve fome. E vendo
uma figueira à beira do caminho, dela se aproximou, e não achou nela senão folhas;
e disse-lhe: Nunca jamais nasça de ti frutos, no mesmo instante secou a
figueira. E vendo isto os seus discípulos maravilharam-se e perguntaram: Como é
que repentinamente secou a figueira? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade vos digo
que se tiverdes fé e não duvidardes, fareis não só o que foi feito à figueira,
mas até se disserdes a este monte: Levanta te e lança-te ao mar, isto será
feito; e tudo o que, com fé, pedirdes em vossas orações, haveis de receber.” (Mateus,
XXI 18-22. – Lucas, XIII, 6-9.)
Magnífica parábola! Estupendo ensinamento! Qual lições
aprendemos nestes poucos versículos do Evangelho!
Se encararmos a narrativa pelo lado científico,
observaremos a morte de uma árvore em virtude de uma grade descarga de fluidos
magnéticos, que imediatamente secaram a mesma.
A Psicologia Moderna, com suas teorias edificantes e
substanciosas, e com seus fatos positivos, mostra-nos o poder do magnetismo que
utiliza os fluidos do Universo para destruir, conservar e vivificar.
A cura das moléstias abandonadas pela Ciência Oficial e a
mumificação de cadáveres, pelo magnetismo, se acham registrados nos anais da
História, não deixando mais dúvida a esse respeito.
No caso da figueira não se trata de uma conservação mas,
ao contrário, de uma destruição, semelhante à destruição das células
prejudiciais e causadoras de enfermidades, como na cura dos dez leprosos, e
outras narradas pelos Evangelhos.
A figueira não dava fruto porque sua organização celular
era insuficiente ou deficiente, e Jesus, conhecendo se mal, quis dar uma lição a
seus discípulos, não só para lhes ensinar a terem fé, mas também para lhes
fazer ver que os homens e as instituições infrutíferas, como aquela árvore,
sofreriam as mesmas conseqüências.
Pelo lado filosófico, realça da parábola a necessidade
indispensável da prática das boas obras, não só pelas Instituições, como pelos
homens.
Um indivíduo, por mais bem vestido e mais rico que seja encaramujado
no seu egoísmo, é semelhante a uma figueira, da qual, em nos aproximando, não
vemos mais que folhas.
Uma instituição, ou uma associação religiosa, onde se
faça questão de estatuto, de cultos, de dogmas, de mistérios, de ritos, de
exterioridades, mas que não pratique a caridade, não exerça a misericórdia; não
dê comida aos famintos, roupa aos nus, agasalho e trato aos doentes; não
promova a propaganda do amor ao próximo, da necessidade do erguimento da moral,
do estabelecimento a verdadeira fé, essa instituição ou associação, embora tenha
nome de religiosa, embora se diga a única religião fora da qual não há salvação
(como acontece com o Catolicismo de Roma), não passa de uma “figueira
enfolhada, mas, sem frutos”
O de que precisamos da árvore são os frutos. O de que
precisamos da religião são as boas obras.
Os dogmas só servem para obscurecer a inteligência; os
sacramentos, para falsear os ensinos do Cristo; as festas, passeatas,
procissões, imagens, etc., para consumir dinheiro em coisas vãs e iludir o
povo, com um culto que foi condenado pelos profetas dos tempos antigos, no
Velho
Testamento, e por Jesus Cristo, no Novo Testamento.
A Religião do Cristo não é a religião das “folhas” mas,
sim, a dos frutos!
A Religião do Cristo não consiste nesse ritual usado
pelas religiões humanas.
A Religião do Cristo é a da Caridade, é a do Espírito é a
da Verdade!
A fé que o Cristo preconizou, não foi, portanto, a fé em
dogmas católicos ou protestantes, mas, sim, a fé na Vida Eterna, a fé na
existência de Deus, a fé, isto é, a convicção da necessidade da prática da
Caridade!
Aquele que tiver essa fé, aquele que souber adquiri-la,
tudo o que pedir em suas orações, sem dúvida receberá, porque limitará seus
pedidos àquilo que lhe for de utilidade espiritual, assim como se tornará apto
a secar figueiras, dessas figueiras que perambulam nas ruas seguidas de meia dúzia
de bajuladores; dessas figueiras, como as religiões sem caridade, que iludem
incautos com promessas ilusórias, e com afirmações temerosas sobre os destinos
das almas.
A figueira sem frutos é uma praga no reino vegetal, assim
como os egoístas e avarentos são pragas na Humanidade, e as religiões humanas são
pragas prejudicialíssimas à Seara do Senhor. Não dão frutos; só contêm folhas.
Estudada pelo lado científico, a parábola é um portento,
porque, de fato, Jesus, com uma palavra, fez secar a figueira. Nenhum sábio da
Terra é capaz de imitar o Mestre!
Encarada pelo lado filosófico, a lição da figueira que
secou é um aviso do que vai acontecer aos homens semelhantes à figueira sem
frutos; e às religiões que igualmente só têm folhas!
Nesta Parábola aprende-se ainda que a esterilidade,
parece, é mal inevitável! Em todas as manifestações da natureza aqui e ali, se
vê a esterilidade como que desnaturando a criação ou transviando a obra de
Deus!
Nas plantas, nos animais, nos humanos, a esterilidade e é
a nota dissonante, que estorva a harmonia universal. Na Ciência, na Religião,
na Filosofia, até na Arte e a Mecânica, o ferrete da esterilidade não deixa de gravar
o seu sinal infamante!
Acontece, porém, que chegado o tempo propício, a obra
estéril desaparece para não ocupar inutilmente o campo de ação onde se implantou.
A figueira estéril da Parábola é a exemplificação de
todas essas manifestações anômalas que se desdobram às nossas vistas.
Para não sair do tema em que devemos permanecer constitui
o objeto deste livro, vamos comparar a figueira estéril com as Ciências humanas
e as religiões sacerdotais
A primeira vista não parece ao leitor que a Parábola
adapta perfeitamente a estas manifestações do pensamento absoluto e
autoritário?
Vemos uma árvore, reconhecemos nessa árvore uma figueira;
está bem entroncada, bem enfolhada, bem adubada, vamos procurar figos e nem uma
fruta encontramos!
Vemos uma segunda “árvore”, que deve ser a da Vida,
reconhecemos nela uma religião que já permanece há muitos anos e vem sendo transmitida
de geração a geração; procuramos nela verdades que iluminem, consolos que
fortifiquem, ensinos que instruam, fatos que demonstrem, e nada disso achamos,
a despeito da grande quantidade de adubo que lançam em redor dessa mesma
“árvore”!
O que falta ao Catolicismo Romano para assim se encontrar
desprovido de frutos? Faltam-lhe porventura igrejas, fiéis, dinheiro, livros, sabedoria?
Pois não tem ele seus sacerdotes no mundo todo, suas
catedrais pomposas, seus templos?
Não tem elo com o seu papa a maior fortuna que há no
mundo, completamente estéril, quando deveria converter esses tesouros, que os ladrões
alcançam, naquele outro tesouro do Evangelho, inatingível aos ladravazes e aos
vermes? Não tem ele milhões e milhões de adeptos que sustentam toda a sua
hierarquia?
Por que não pode a Igreja dar frutos demonstrativos do
verdadeiro amor, que é imortal? Por que não pode demonstrar a imortalidade da
alma, que é a melhor caridade que se pode praticar?
E o que diremos dos seus ensinos arcaicos e irrisórios,
semelhantes às folhas enferrujadas de uma figueira velha? do seu dogma do
Inferno eterno; do seu artigo de fé sobre a existência do Diabo; dos seus sacramentos
e mistérios tão caducos e absurdos, que chegam a fazer de Deus um ente
inconcebível e duvidoso?!
E assim como é a religião, é a ciência de homens, desses
mesmos homens que, embora completamente divergentes dos ensinos religiosos dos
padres, por preconceito e por servilismo andam com eles de braços dados, como
se cressem na “fé” pregada pelos sacerdotes! Essa ciência terrena que todos os
dias afirma e todos os dias se desmente!
Essa ciência que ontem negou o movimento da Terra e hoje
o afirma; que preconizou a sangria para depois condená-la; que proclamou as virtudes
do emético para anos depois execrá-lo como um deprimente; que hoje, de seringa
em punho, transformou o homem num laboratório químico, para, amanhã ou depois,
condenar como desumano esse processo!
E o que falta à Ciência para solucionar esse problema da
morte, que lhe parece como fantasma funesto? Faltar-lhe-á “adubo”? Mas não
estão aí tantos sábios? não tem ela recursos disponíveis para investigação e experiência?
não lhe aparecem a todos os momentos fatos e mais fatos de ordem
supra-materiais, meta-materiais para serem estudados com método?
Senhor! Está vencido o ano que concedeste para que
cavássemos em roda da “árvore” e deitássemos adubo para alimentar e fortificar
suas raízes! Ela não dá mesmo frutos e os adubos que temos gasto só têm servido
para tornar a árvore cada vez mais frondosa e enfolhada, prejudicando assim o
já pequeno espaço de terreno! Manda cortá-la e recomenda a teus servos que não
só o façam, mas que também lhe arranquem as raízes! Ela ocupa terreno
inutilmente.
Em três dias faremos nascer em seu lugar uma que preencha
os seus fins, e tantos serão seus frutos que a multidão que nos rodeia não
vencerá apanhá-los!
A esterilidade é mal incurável, que se manifesta nas coisas
físicas e metafísicas. Há pessoas que são estéreis em sentimentos afetivos,
outras em atos de generosidade, outras o são para as coisas que afetam a inteligência.
Por mais que se ensinem, por mais que se exaltem, por mais que se ilustrem, as
mesmas, permanecem como a figueira da Parábola: não há esterco, não há adubos,
não há orvalho, não há água que as façam frutificar! Estas, só o fogo tem poder
sobre elas!
CAIRBAR SCHUTEL – PARÁBOLAS E ENSINOS DE JESUS
PARÁBOLA DA
FIGUEIRA QUE SECOU
“No dia seguinte, saindo eles de Betânia, teve fome.
Vendo ao longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se, porventura, acharia
nela alguma coisa. Aproximando-se, nada achou senão folhas; porque ainda não
era tempo de figos. Disse-lhe: Nunca jamais coma alguém fruto de ti; e seus discípulos
ouviram isto.”
“Quando chegava a tarde saíram da cidade. Ao passarem de
manhã, viram que a figueira estava seca até a raiz. Pedra, lembrando-se,
disse-lhe: Olha, Mestre, secou-se a figueira que amaldiçoaste!” (Marcos, XI,
12-14 – 19-21.)
Antes de estudarmos esta passagem, uma consideração se
apresenta às nossas vistas. Esta figueira não será a mesma que serviu de
comparação ao Mestre para a exposição da sua Parábola, cap. XIII, 6 a 9 do
Evangelho de
Lucas?
Cremos que sim, porque senão não haveria motivo para tão
sumária execução. Se a própria Parábola da Figueira Estéril ensina a
necessidade de cultivo, de concerto, de reparo, de fertilização com adubos,
antes de toda e qualquer resolução decisiva, como, de momento, sem os
requisitos preceituados neste ensinamento, Jesus resolveu fui minar a árvore
que se achava bem enfolhada, bem “copada”?
Para o leitor, insciente do sentido espiritual das
Escrituras, outra dificuldade se mostra com a aparente contradição entre a
narração do texto de Marcos e a de Mateus. Este diz: “No mesmo instante secou a
figueira.”
(Mateus XXI, 18 a 22); aquele: “Pela manhã, viram que a
figueira estava seca até a raiz.”
Entretanto, essa contradição é só aparente. Os antigos,
quando se exprimiam sobre a duração de um fato, de uma coisa, de um fenômeno qualquer,
não eram explícitos, como nós somos. Por exemplo, a palavra que traduzimos por
eternidade, queria dizer um tempo incalculável, indeterminado, de longa
duração. A Escritura fala de meses de trinta anos em vez de meses de trinta
dias. Acresce ainda a circunstância de que a hora dos hebreus abrangia, cada
uma, três das nossas. (*)
(*) Vide: Interpretação Sintética do Apocalipse, do mesmo
autor.
Para a expressão “no mesmo instante”, aplicada ao tempo
em que a figueira secou, o período de cinco horas cabe perfeitamente, se compreendermos
o modo enfático com que foi pronunciada, porque uma árvore, mesmo que cortada
pela raiz, não secará nesse espaço de tempo.
Naturalmente não era a primeira vez que Jesus e os seus
discípulos viam aquela figueira. Por três anos consecutivos viram-na sem
frutos, e mesmo depois de estercada ela permaneceu estéril. Do que Jesus se aproveitou
para demonstrar, aos que tinham de ser seus seguidores, o poder de que se achava
revestido e o alto saber que o orientava.
Acode-nos uma lembrança também interessante. Diz Marcos
que “a árvore não tinha senão folhas, porque não era tempo de figos.” Ora, esta
figueira, forçosamente devia pertencer ao número daquelas árvores que dão fruto
o ano inteiro; tanto mais que a parábola fala de cultivo e de adubo à mesma
aplicados. Se considerarmos o clima daquela região, veremos que é perfeitamente
admissível a nossa hipótese. A região fria está quase adstrita ao Norte, nas
montanhas do Líbano. A proporção que se desce para Efraim, Manassés e Judá, a
temperatura sobe, e aumenta ainda mais para os lados de Saron e nas costas do
Mediterrâneo, tocando o grau tropical no Vale do Jordão e no Mar Morto. Por
essas bandas é que se deveria encontrar a figueira, por ser mesmo o terreno
mais fértil para plantações.
A figueira, aparentemente, estaria bem situada. Por que
não dava frutos? Adubos não lhe faltaram, cuidados não lhe foram regateados!
Porque seria que só lhe vinham tronco, galhos e folhas?
Com certeza, aquele circuito onde ela se achava era
improdutivo, e improdutivo de tal modo que nem os adubos lhe venciam a
esterilidade.
Ou então a semente era “chocha”, era de fundo estéril,
tornando-se-lhe inúteis todos os cuidados.
Seja como for, o ensino de Jesus é muito significativo,
por haver escolhido uma árvore, a fim de melhor gravar no ânimo de seus
discípulos a lição que lhes queria transmitir, bem assim às gerações que
deveriam estudar nos Evangelhos a Verdade que orienta e salva.
É instrutivo porque, havendo o Mestre tomado por ponto de
comparação uma figueira, deixou bem claro que a lei de Deus, estendendo-se a
toda a criação e sendo eterna, irrevogável, tanto tem ação sobre as árvores, os
animais, como sobre as criaturas humanas.
Essa lei, que rege na figueira a produção dos frutos, é a
mesma que rege nos homens a produção das boas obras.
Uma árvore sem frutos é uma árvore inútil, estéril, que
não trabalha.
Uma alma também sem virtudes é semelhante à figueira, na
qual Jesus não encontra frutos.
Há, portanto, frutos de árvores e frutos de almas; frutos
que alimentam corpos e frutos que alimentam espíritos; todos são frutos
indispensáveis à vida, tanto dos corpos, como das almas.
A figueira, por não ter frutos, secou, embora bem
enraizada, de tronco bem formado, de galhos bem ramificados, de copa bem
enfolhada.
Assim também o espírito, o homem, a mulher, e até as
crianças sem bons sentimentos, sem virtudes divinas, sem ações caritativas,
generosas, celestiais, estejam embora vestidos de seda, recamados de
brilhantes, reluzentes de ouro, hão de forçosamente sofrer as mesmas consequências
ocorridas à figueira que, por não dar frutos, secou ao império da Palavra de
Jesus.
Desta explicação resulta a necessidade de praticar-nos
sempre boas ações, e, em nossos corações, fazermos provisão dos Ensinos
Celestiais, para que o Verbo de Deus se traduza por generosas ações.
Entretanto, a Palavra de Deus não é só moral, é também
sabedoria; e se analisarmos por esta face a seca da figueira, chegaremos à
conclusão de que a Palavra de Jesus não era simples palavra, mas também ação.
Jesus, durante a sua missão terrestre, foi sempre
acompanhado de uma grande falange de Espíritos que executavam suas ordens.
Quando Jesus disse à figueira: nunca jamais coma alguém fruto de ti”, alguns
desses espíritos, com o poder de que dispunham, fizeram secar a figueira, assim
como nós o faríamos aquecendo o seu ronco.
O centurião, em cuja casa Jesus curou, à distância, um
servo que estava paralítico, compreendeu bem o poder de Jesus e por certo sabia
dos auxiliares que com Ele agiam, quando disse: “Eu também tenho soldados às
linhas ordens, e digo a um: vai ali, e ele vai; a outro: vem cá, e ele vem; ao
meu servo: faze isto, e ele o faz.”
Com isso, o centurião teria feito ver a Jesus que
conhecia o seu poder, a milícia que o acompanhava e os servos prontos a
executarem suas ordens.
CAIRBAR SCHUTEL – PARÁBOLAS E ENSINOS DE JESUS
PAIS E FILHOS
A ingratidão é um dos frutos mais diretos do egoísmo. Revolta
sempre os corações honestos. Mas, a dos filhos para com os pais apresenta
caráter ainda mais odioso. Do item 9, do Cap. XIV, de "O Evangelho Segundo
o Espiritismo".
Trazida a reencarnação para os alicerces dos fenômenos sócio-domésticos,
não é somente a relação de pais para filhos que assume caráter de importância,
mas igualmente a que se verifica dos filhos para com os pais.
Os filhos não pertencem aos pais; entretanto, de igual
modo, os pais não pertencem aos filhos.
Os genitores devem especial consideração aos que agridem
os filhos e tentam escravizá-los, qual se lhes fossem objeto de propriedade
exclusiva; todavia, encontramos, na mesma ordem de freqüência, filhos que agridem
os pais e buscam escravizá-los, como se os progenitores lhes constituíssem alimárias
domésticas.
A reencarnação traça rumos nítidos ao mútuo respeito que
nos compete de uns para com os outros.
Entre pais e filhos, há naturalmente uma fronteira de
apreço recíproco, que não se pode ultrapassar, em nome do amor, sem que o
egoísmo apareça, conturbando-lhes a existência.
Justo que os pais não interfiram no futuro dos filhos,
tanto quanto justo que os filhos não interfiram no passado dos pais.
Os pais não conseguem penetrar, de imediato, a trama do
destino que os princípios cármicos lhes reservam aos filhos, no porvir, e os
filhos estão inabilitados a compreender, de pronto, o enredo das circunstâncias
em que se mergulharam seus pais, no pretérito, a fim de que pudessem volver, do
Plano Espiritual ao renascimento no Plano Físico.
Unicamente no mundo das causas, após a desencarnação,
ser-lhes-á possível o entendimento claro, acerca dos vínculos em que se
imanizam. Invoque-se, à vista disso, o auxílio de religiosos, professores,
filósofos e psicólogos, a fim de que a excessiva agressividade filial não
atinja as raias da perversidade ou da delinqüência para com os pais e nem a excessiva
autoridade dos pais venha a violentar os filhos, em nome de extemporânea ou cruel
desvinculação.
Pais e filhos são, originariamente, consciências livres,
livres filhos de Deus empenhados no mundo à obra de auto burilamento, resgate
de débitos, reajuste, evolução.
As leis da vida englobam-lhes a individualidade no mesmo
alto gabarito de consideração. Nunca é lícito o desprezo dos pais para com os
filhos e vice-versa.
Não configuramos no assunto qualquer aspecto lírico na temática
afetiva. Apresentamos, sumariamente, princípios básicos do Universo. A
existência terrestre é muito importante no progresso e no aperfeiçoamento do
Espírito; no entanto, ao mesmo tempo, é simples estágio da criatura eterna no
educandário da experiência física, à maneira de estudante no internato.
Os pais lembram alunos, em condições mais avançadas de
tempo, no currículo de lições, ao passo que os filhos recordam aprendizes
iniciantes, quando surgem na arena de serviço terrestre, com acesso na escola,
sob o patrocínio dos companheiros que os antecederam, por ordem de matrícula e
aceitação. E que os filhos jamais acusem os pais pelo curso complexo ou difícil
em que se vejam no colégio da existência humana, porquanto, na maioria das
ocasiões, foram eles mesmos, os filhos, que, na condição de Espíritos
desencarnados, insistiram com os pais, através de afetuoso constrangimento ou suave
processo obsessivo, para que os trouxessem, de novo, à oficina de valores
físicos, de cujos instrumentos se mostravam carecedores, a fim de seguirem rumo
correto, no encalço da própria emancipação.
Livro: Vida e Sexo – Emmanuel – Francisco C Xavier
Nenhum comentário:
Postar um comentário