3 – Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e
espaçoso o caminho que leva à perdição, e muitos são os que entram por ela. Que
estreita é a porta, e que apertado o caminho que leva para a vida, e quão
poucos são os que acertam com ela! (Mateus, VII: 13-14).
4 – E perguntou-lhe alguém: Senhor, são poucos, então, os
que se salvam? E ele lhes disse: Porfiai por entrar pela porta estreita, porque
vos digo que muitos procurarão entrar e não o poderão. E quando o pai de
família tiver entrado, e fechado à porta, vós estareis de fora, e começareis a
bater à porta, dizendo: Abre-nos, Senhor! E ele vos responderá, dizendo: Não
sei de onde sois. Então começareis a dizer: Nós somos aqueles que, em tua
presença, comemos e bebemos, a quem ensinaste nas nossas praças. E ele vos
responderá: Não sei de onde sois; apartai-vos de mim todos os que obrais a
iniqüidade. Ali será o choro e o ranger de dentes, quando virdes que Abrão, e
Isaac e Jacó, e todos os profetas, estão no Reino de Deus, e que vós ficais
fora dele, excluídos. E virão do oriente e do ocidente, e do setentrião e do
meio-dia, muitos que se assentarão à mesa do Reino de Deus. E então os que são
últimos serão os primeiros, e os que são os primeiros serão os últimos. (Lucas,
XII: 23-30).
5 – A porta da perdição é larga, porque as más paixões
são numerosas e o caminho do mal é o mais freqüentado. A da salvação é estreita
porque o homem que deseja transpô-la deve fazer grandes esforços para vencer as
suas más tendências, e poucos se resignam a isso. Completa-se a máxima: São
muitos os chamados e poucos os escolhidos.
Esse é o estado atual da humanidade terrena, porque,
sendo a Terra um mundo de expiações, nela predomina o mal. Quando estiver
transformada, o caminho do bem será o mais freqüentado. Devemos entender essas
palavras, portanto, em sentido relativo e não absoluto. Se esse tivesse de ser
o estado normal da humanidade, Deus teria voluntariamente condenado à perdição
a imensa maioria das criaturas, suposição inadmissível, desde que se reconheça
que Deus é todo justiça e todo bondade.
Mas quais as faltas de que esta humanidade seria culpada,
para merecer uma sorte tão triste, no presente e no futuro, se toda ela
estivesse na Terra e a alma não tivesse outras experiências? Por que tantos
escolhos semeados no seu caminho? Por que essa porta tão estreita,que apenas a
um pequeno número é dado transpor, se a sorte da alma está definitivamente
fixada, após a morte? É assim que, com a unicidade da existência, estamos
incessantemente em contradição com nós mesmos e com a justiça de Deus. Com a
anterioridade da alma e a pluralidade dos mundos, o horizonte se alarga,
iluminam se os pontos mais obscuros da fé, o presente e o futuro se mostram
solidários com o passado, e somente assim podemos compreender toda a
profundidade, toda a verdade e toda a sabedoria das máximas do Cristo.
TEXTOS DE APOIO
A PORTA ESTREITA
Aceitemos a dificuldade por mestra amorável, se esperamos
que a vida nos entregue os seus tesouros.
Sem a porta estreita do obstáculo não conseguiríamos
medir a nossa capacidade de trabalho ou ajuizar quanto à nossa fé.
As lições do próprio suor são as mais preciosas.
Os ensinamentos hauridos na própria renúncia são aqueles
que se nos estampam na alma, no campo evolutivo.
Ouvimos mil conselhos edificantes e sorrimos, ante o
fracasso iminente.
Basta, porém, por vezes, uma pequena dor para que se nos
consolide a cautela à frente do perigo.
Com discernimento louvável improvisamos prodigiosos
facilitários de felicidade para os outros, indicando-lhes o melhor caminho para
a vitória no bem ou para a comunhão com Deus, entretanto, à primeira alfinetada
do caminho sobre nossas esperanças mais caras, habitualmente, nos desmandamos à
distância do equilíbrio justo, espalhando golpes e lágrimas, exigências e
sombras.
Saibamos, no entanto, respeitar na “porta estreita” que o
mundo nos impõe o socorro da Vida Maior, a fim de que possamos reconsiderar a
própria marcha.
Por vezes, ela é a enfermidade que nos auxilia a
preservar as vantagens da saúde, em muitas fases de nossa luta é a
incompreensão alheia, que nos compele ao reajuste necessário; em muitos passos da senda é a prova que nos
segrega no isolamento, impelindo-nos a seguir pela escada miraculosa da prece,
da Terra para os Céus...
Por vezes o abandono de afeições muito amadas a
impulsionar-nos para os braços de Cristo em variadas circunstâncias, é o
desencanto ante a enganosa satisfação de nossos desejos na experiência física,
inspirando-nos ideais mais altos e, em alguns casos, é a visitação da morte que
nos abriga a refletir na imortalidade triunfante...
Por onde fores, cada dia, agradece a dificuldade que nos
melhore e nos eleve à grande renovação.
Jesus não escolheu a larga avenida do menor esforço.
Da Manjedoura ao Calvário, movimentou-se entre os
obstáculos que se transfiguraram para Ele em degraus para a volta ao Pai
Celestial e, aceitando na cruz, a sua maior mensagem de amor à Humanidade de
todos os séculos, legou-nos, com exemplo vivo, a porta estreita do sacrifício
como sendo o nosso mais belo caminho de paz e libertação.
Do Livro: Abrigo
de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel
MURALHA DO TEMPO
"Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta
que conduz à perdição." JESUS (MATEUS, 7:13.)
Em nos referindo a semelhante afirmativa do Mestre, não
nos esqueçamos de que toda porta constitui passagem incrustada em qualquer
construção, a separar dois lugares, facultando livre curso entre eles.
Porta, desse modo, é peça arquitetônica encontradiça em
paredes, muralhas e veículos, permitindo, em todos os casos, franco passadouro.
E as portas referidas por Jesus, a que estrutura se
entrosam ?
Sem dúvida, a porta estreita e a porta larga pertencem à
muralha do tempo, situada à frente de todos nós.
A porta estreita revela o acerto espiritual que nos
permite marchar na senda evolutiva, com o justo aproveitamento das horas.
A porta larga expressa-nos o desequilíbrio interior, com
que somos forçados à dor da reparação, com lastimáveis perdas de tempo.
Aquém da muralha, o passado e o presente.
Além da muralha, o futuro e a eternidade.
De cá, a sementeira do "hoje".
De lá, a colheita do "amanhã".
A travessia de uma das portas é ação compulsória para
todas as criaturas.
Porta larga - entrada na ilusão – saída pelo reajuste...
Porta estreita - saída do erro - entrada na renovação...
O momento atual é de escolha da porta, estreita ou larga.
Os minutos apresentam valores particulares, conforme
atravessemos a muralha, pela porta do serviço e da dificuldade ou através da
porta dos caprichos enganadores.
Examina, por tua vez, qual a passagem que eleges por teus
atos comuns, na existência que se desenrola, momento a momento.
Por milênios, temos sido viajores do tempo a ir e vir
pela porta larga, nos círculos de viciação que forjamos para nós mesmos,
engodados na autoridade transitória e na posse amoedada, na beleza física e na
egolatria aviltante.
Renovemo-nos, pois, em cristo, seguindo-o, nas abençoadas
lições da porta estreita, a bendizer os empecilhos da marcha, conservando
alegria e esperança Na conversão do tempo Em dádivas da felicidade maior.
Emmanuel - Do Livro O Espírito da Verdade.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier
A PORTA DIVINA
“Eu sou a porta; se alguém entra por mim, salvar-se-á.” –
Jesus. (João, 10:9.)
Nos caminhos da vida, cada companheiro portador de
expressão intelectual um pouco mais alta converte-se naturalmente em voz
imperiosa para os nossos ouvidos. E cada pessoa que segue à frente de nós abre
portas ao nosso espírito.
Os inconformados abrem estradas à rebelião e à
indisciplina.
Os velhacos oferecem passagem para o cativeiro em que
exerçam dominação.
Os escritores de futilidades fornecem passaporte para a
província do tempo perdido.
Os maledicentes encaminham quem os ouve a fontes
envenenadas.
Os viciosos quebram as barreiras benéficas do respeito
fraternal, desvendando despenhadeiros onde o perigo é incessante.
Os preguiçosos conduzem à guerra contra o trabalho
construtivo.
Os perversos escancaram os precipícios do crime.
Ainda que não percebas, várias pessoas te abrem portas,
cada dia, através da palavra falada ou escrita, da ação ou do exemplo.
Examina onde entras com o sagrado depósito da confiança.
Muita vez, perderás longo tempo para retomar o caminho que te é próprio.
Não nos esqueçamos de que Jesus é a única porta de
verdadeira libertação.
Através de muitas estações no campo da Humanidade, é
provável recebamos proveitosas experiências, amealhando-as à custa de
desenganos terríveis, mas só em Cristo, no clima sagrado de aplicação dos seus
princípios, é possível encontrar a passagem abençoada de definitiva salvação.
Emmanuel - Do livro Caminho Verdade e Vida. Psicografia
de Francisco Cândido Xavier.
NA FORJA DA VIDA
“Entrai pela porta estreita porque larga é a porta da
perdição e espaçoso o caminho que a ela conduz e muitos são os que entram por
ela.”- JESUS - MATEUS, 7:13.
“Larga é a porta da perdição porque são numerosas as
paixões más e porque o maior número envereda pelo caminho do mal.” - Cap.18; 5.
Trazes contigo a flama do ideal superior e anelas
concretizar os grandes sonhos de que te nutres, mas, diante da realidade
terrestre, costumas dizer que a dificuldade é invencível.
Afirmas haver encontrado incompreensões e revezes,
entraves e dissabores, por toda parte, no entanto...
O pão que consomes é o resumo de numerosas obrigações que
começaram no cultivo do solo; a vestimenta que te agasalha é o remate de longas
tarefas iniciadas de longe com o preparo do fio; o lar que te acolhe foi
argamassado com o suor dos que se uniram ao levantá-lo; a escola que te
revela—a cultura guarda a renunciação de quantos se consagram ao ministério do
ensino; o livro que te instrui custou a vigília dos que sofreram para fixar, em
caracteres humanos, o clarão das idéias nobres; a oficina que te assegura a
subsistência encerra o concurso dos seareiros do bem, a favor do progresso; o
remédio que te alivia é o produto das atividades conjugadas de muita gente.
Animais que te auxiliam, fontes que te refrigeram,
vegetais que te abençoam e objetos que te atendem, submetem-se a constantes
adaptações e readaptações para que te possam servir.
Se aspiras, desse modo, à realização do teu alto destino,
não desdenhes lutar, a fim de obtê-lo.
Na forja da vida, nada se faz sem trabalho e nada se
consegue de bom sem apoio no próprio sacrifício.
Se queres, na sombra do vale, exaltar o tope do monte,
basta contemplar-lhe a grandeza, mas se te dispões a comungar-lhe o fulgor
solar na beleza do cimo, será preciso usar a cabeça que carregas nos ombros,
sentir com a própria alma, mover os pés em que te susténs e agir com as
próprias mãos.
Emmanuel do livro O Livro da Esperança - Psicografado por Francisco
Cândido Xavier
MEIO-BEM
E porque estreita
é a porta, e apertado o caminho que leva à vida poucos há que a encontrem.”-
JESUS - MATEUS, 7:14.
“Amados irmãos -
aproveitai dessas lições; é difícil o praticá-las, porém, a alma colhe delas
imenso bem. Crede-me, fazei o sublime
esforço que vos peço: “Amai-vos” e vereis a Terra em breve transformada em
paraíso, onde as almas dos justos virão repousar. Cap. 11, 9.
Freqüentemente,
somos defrontados por aqueles que admiram o amor aos semelhantes e que, sem
coragem para cortar as raízes do apego si próprios, se afeiçoam às atividades
do meio-bem, continuando envolvidos no movimento do mal.
Emprestam valioso
concurso a quem administra, mas requisitam favores e privilégios, suscitando
dificuldades.
Financiam tarefas
beneficentes, distendendo reais beneficentes, no entanto, cobram tributos de
gratidão, multiplicando problemas.
Entram em lares
sofredores, fazendo-se necessários pelo carinho que demonstram, mas solicitam
concessões que ferem, quais rijos golpes.
Oferecem
cooperação, preciosa, em socorrendo as aflições alheias, no entanto, exigem
atenções especiais, criando constrangimentos.
Alimentam necessitados
e põem-lhes cargas nos ombros.
Acolhem crianças
menos felizes, reservando-lhes o jugo da servidão no abrigo familiar.
Elogiam
companheiros para que esses mesmos companheiros lhes erijam um trono.
Protegem amigos
diligenciando convertê-los em joguetes e escravos.
Não desconhecemos
que todo cultivador espera resultados da lavoura a que se dedica e nem
ignoramos que semear e colher conforme a plantação, constituem operações
matemáticas no mecanismo da Lei.
Examinamos aqui
tão-somente a estranha atitude daqueles que não negam a eficácia da abnegação,
entregando-se, porém, ao desvairado egoísmo de quem costuma distribuir cinco
moedas, no auxilio aos outros, com a intenção de obter cinco mil.
Efetivamente, o
mínimo bem vale por luz divina, mas se levado a efeito sem propósitos
secundários, como no caso da humilde viúva do Evangelho que se destacou, nos
ensinamentos do Cristo por haver cedido de si mesma a singela importância de
dois vinténs sem qualquer condição.
Precatemo-nos
desse modo, contra o sistema do meio-bem, por onde o mal se insinua,
envenenando a fonte das boas obras.
Estrada construída
pela metade patrocina acidentes.
Víboras penetram
em casa, varando brechas.
0 bem pede doação
total para que se realize no mundo o bem de todos.
É por isso que a
Doutrina Espírita nos esclarece que o bem deve ser praticado com absoluto
desinteresse e infatigável devotamento, sem que nos seja licito, em se tratando
de nossa pessoa, reclamar bem algum.
Extraído do livro:
O Livro da Esperança - Psicografado Por Francisco Cândido Xavier
PORTA ESTREITA
"Porfiai por entrar pela porta estreita, porque eu
vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão." - Jesus. (LUCAS,
13:24.)
Antes da reencarnação necessária ao progresso, a alma
estima na "porta estreita" a sua oportunidade gloriosa nos círculos
carnais.
Reconhece a
necessidade do sofrimento purificador.
Anseia pelo
sacrifício que redime.
Exalta o obstáculo
que ensina.
Compreende a
dificuldade que enriquece a mente e não pede outra coisa que não seja a lição,
nem espera senão a luz do entendimento que a elevará nos caminhos infinitos da
vida.
Obtém o vaso
frágil de carne, em que se mergulha para o serviço de retificação e
aperfeiçoamento.
Reconquistando,
porém, a oportunidade da existência terrestre, volta a procurar as "portas
largas" por onde transitam as multidões.
Fugindo à
dificuldade, empenha-se pelo menor esforço.
Temendo o
sacrifício, exige a vantagem pessoal.
Longe de servir
aos semelhantes, reclama os serviços dos outros para si.
E, no sono doentio
do passado, atravessa os campos de evolução, sem algo realizar de útil,
menosprezando os compromissos assumidos.
Em geral, quase
todos os homens somente acordam quando a enfermidade lhes requisita o corpo às
transformações da morte.
"Ah! se fosse
possível voltar!...
" - pensam todos.
Com que aflição
acariciam o desejo de tornar a viver no mundo, a fim de aprenderem a humildade,
a paciência e a fé!...
com que transporte
de júbilo se devotariam então à felicidade dos outros! ...
Mas... é tarde.
Rogaram a
"porta estreita" e receberam-na, entretanto, recuaram no instante do
serviço justo.
E porque se
acomodaram muito bem nas "portas largas", volvem a integrar as
fileiras ansiosas daqueles que procuram entrar, de novo, e não conseguem.
Livro: Vinha de Luz - Emmanuel – Psicografia de Chico
Xavier
A SENDA ESTREITA
"Porfiai por entrar pela porta estreita..." -
JESUS (Lucas, 13:24.).
Não te aconselhes
com a facilidade humana para a solução dos problemas que te inquietam a alma.
Realização pede
trabalho.
Vitória exige
luta.
Muitos jornadeiam
no mundo na larga avenida dos prazeres efêmeros e esbarram no cipoal do tédio
ou da intemperança, quando não sucumbem sob as farpas do crime.
Muitos preferem a
estrada agradável dos caprichos pessoais atendidos e caem, desavisados, nos
fojos de tenebrosos enganos, quando não se despenham nos precipícios de tardio
arrependimento.
Seja qual for a
experiência em que te situas, na terra, lembra-te de que ninguém recebe um
berço entre homens para acomodar-se com a inércia, no desprezo deliberado às
leis que regem a vida.
Nosso dever é a
nossa escola.
Por isso mesmo, a
senda estreita a que se refere Jesus é a fidelidade que nos cabe manter limpa e
constante, no culto às obrigações assumidas diante do Bem Eterno.
Para sustentá-la,
é imprescindível sacrificar no santuário do coração tudo aquilo que constitua
bagagem de sombra no campo de nossas aspirações e desejos.
Adaptamos-nos à
disciplina do próprio espírito na garantia da felicidade geral é estabelecer em
nós próprios o caminho para o Céu que almejamos.
Não te detenhas
no círculo das vantagens que se apagam em fulguração passageira, de vez que a
ociosidade compra, em desfavor de si mesma, as chagas da penúria e as trevas da
ignorância.
Porfía na
renuncia que eleva e edifica, enobrece e ilumina.
Não desdenhas a
provação e o trabalho, a abnegação e o suor.
E, em todas as
circunstâncias, recorda sempre que a "porta larga" é a paixão
desregrada do "eu" e a "porta estreita" é sempre o amor
intraduzível e incomensurável de Deus.
Francisco Cândido
Xavier - Livro Ceifa de Luz - Pelo Espírito Emmanuel
COMER E BEBER
Emmanuel
"Então, começareis a dizer: Temos comido e bebido na
tua presença e tens ensinado nas nossas ruas."
- Jesus (LUCAS, 13.26.)
O versículo de Lucas, aqui anotado, refere-se ao pai de
família que cerrou a porta aos filhos ingratos.
O quadro reflete a situação dos religiosos de todos os
matizes que apenas falaram, em demasia, reportando-se ao nome de Jesus. No dia
da análise minuciosa, quando a morte abre, de novo, a porta espiritual, eis que
dirão haver "comido e bebido" na presença do Mestre, cujos ensinamentos
conheceram e disseminaram nas ruas.
Comeram e beberam apenas. Aproveitaram-se dos recursos
egoisticamente. Comeram e acreditaram com a fé intelectual. Beberam e
transmitiram o que haviam aprendido de outrem. Assimilar a lição na existência
própria não lhes interessava a mente inconstante.
Conheceram o Mestre, é verdade, mas não o revelaram em
seus corações. Também, Jesus conhecia Deus; no entanto, não se limitou a
afirmar a realidade dessas relações. Viveu o amor ao Pai, junto dos homens.
Ensinando a verdade, entregou-se à redenção humana, sem cogitar de recompensa.
Entendeu as criaturas antes que essas o entendessem, concedeu-nos supremo favor
com a sua vinda, deu-se em holocausto para que aprendêssemos a ciência do bem.
Não bastará crer intelectualmente em Jesus. É necessário
aplicá-lo a nós próprios.
O homem deve cultivar a meditação no círculo dos
problemas que o preocupam cada dia. Os irracionais também comem e bebem.
Contudo, os filhos das nações nascem na Terra para uma vida mais alta.
Livro Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel,
psicografia Francisco Cândido Xavier
A PORTA DIVINA
“Eu sou a porta; se alguém entra por mim, salvar-se-á.”–
Jesus. (João, 10:9.)
Nos caminhos da
vida, cada companheiro portador de expressão intelectual um pouco mais alta
converte-se naturalmente em voz imperiosa para os nossos ouvidos. E cada pessoa
que segue à frente de nós abre portas ao nosso espírito.
Os inconformados abrem estradas à rebelião e à
indisciplina.
Os velhacos oferecem passagem para o cativeiro em que
exerçam dominação.
Os escritores de futilidades fornecem passaporte para a
província do tempo perdido.
Os maledicentes encaminham quem os ouve a fontes
envenenadas.
Os viciosos quebram as barreiras benéficas do respeito
fraternal, desvendando despenhadeiros onde o perigo é incessante.
Os preguiçosos conduzem à guerra contra o trabalho
construtivo.
Os perversos escancaram os precipícios do crime.
Ainda que não percebas, várias pessoas te abrem portas,
cada dia, através da palavra falada ou escrita, da ação ou do exemplo.
Examina onde entras com o sagrado depósito da confiança.
Muita vez, perderás longo tempo para retomar o caminho que te é próprio.
Não nos esqueçamos de que Jesus é a única porta de
verdadeira libertação.
Através de muitas estações no campo da Humanidade, é
provável recebamos proveitosas experiências, amealhando-as à custa de
desenganos terríveis, mas só em Cristo, no clima sagrado de aplicação dos seus princípios,
é possível encontrar a passagem abençoada de definitiva salvação.
Emmanuel - Do livro Caminho Verdade e Vida. Psicografia
de Francisco Cândido Xavier.
TODOS SÃO CAMINHOS
"...Por que essa porta tão estreita, que é dada ao
menor número transpor, se a sorte da alma está fixada para sempre depois da
morte? É assim que, com a unicidade da existência, se está incessantemente em
contradição consigo mesmo e com a justiça de Deus. Com a anterioridade da alma
e a pluralidade dos mundos, o horizonte se amplia..." ( Cap. XVIII, item 5)
Também os caminhos inadequados que tomamos ao longo da
vida são parte essencial de nossa educação. A cada tropeço é preciso aprender,
levantar novamente e retornar à marcha.
Tudo o que sabemos hoje aprendemos com os acertos e erros
do passado, e cada vez que desistimos de alguma coisa por medo de errar estamos
nos privando da possibilidade de evoluir e viver.
A estrada por onde transitamos hoje é vossa via de
crescimento espiritual e nos levará a entender melhor a vida, no contato com as
múltiplas situações que contribuirão com o nosso potencial de progresso.
Devemos, no entanto, indagar de nós mesmos: "Será
este realmente meu melhor caminho?" "Porventura é correta a senda por
onde transito?". É justa a observação e têm propósito nossas dúvidas; por
isso, raciocinemos juntos:
• Se Deus, perfeição suprema, nos criou com a
probabilidade do engano, modelando-nos de tal forma que pudéssemos encontrar um
dia a perfeição, é porque contava com os nossos encontros e desencontros na
jornada existencial.
• Se nos gerou falíveis, não poderá exigir-nos
comportamentos sempre irrepreensíveis, pois conhece nossas potencialidades e
limites.
Se criaturas como nós aceitamos as falhas dos outros, por
que o Criador em sua infinita compreensão não nos aceitaria como somos?
* Pessoas não condenam seus bebês por eles não saber
comer, falar e andar corretamente; por que espíritos ainda imaturos pagariam
por atos e pensamentos que ainda não aprenderam a usar convenientemente, pela
sua própria falta de madureza espiritual?
O que pensar da Bondade Divina, que permite que almas
escolham seu roteiro, de acordo com o livre-arbítrio depois cobrasse aquilo que
elas ainda não adquiriram?
A Divindade é "Puro Amor" e sabe muito bem de
nossos mananciais espirituais, mentais, psicológicos e físicos, ou seja, de
nossa idade evolutiva, pois habita em nosso interior e sempre suaviza nossos
caminhos.
Na justa sucessão de espaço e tempo, condizente com nosso
grau de visão espiritual, recebemos, por meio do fluxo divino, a onipresença, a
onisciência e a onipotência do Criador em forma de "senso de rumo
certo", para trilharmos rotas necessárias à ampliação de nossos
sentimentos e conhecimentos.
Diz a máxima: "Não se colhem figos dos
espinheiros"; ora, como impor metas sem levar em conta a capacidade de
escolha e de discernimento dos indivíduos?
Efetivamente, nosso caminho é o melhor que podíamos
escolher, porque em verdade optamos por ele, na época, segundo nosso nível de
compreensão e de adiantamento. Se, porém, achamos hoje que ele não é o mais
adequado, não nos culpemos; simplesmente mudemos de direção, selecionando novas
veredas.
A trilha que denominamos "errada" é aquela que
nos possibilitou aprendizagem e o sentido do nosso "melhor", pois sem
o erro provavelmente não aprenderíamos com segurança a lição.
Nós mesmos é que nos provamos; a cada passo
experimentamos situações e pessoas, e delas retiramos vantagens e ampliamos
nosso modo de ver e sentir, a fim de crescermos naturalmente, desenvolvendo
nossa consciência.
Ninguém nos condena, nós é que cremos no castigo e por
isso nos autopunimos, provocando padecimento com nossos gestos mentais.
Aceitemos sem condenação todas as sendas que percorremos.
Todas são válidas se lhes aproveitarmos os elementos educativos, porque, assim
somadas, nos darão sabedoria para outras caminhadas mais felizes.
Mesmo aquelas trilhas que anotamos como caminhos do mal,
não são excursões negativas de perdição perante a vida, mas somente equivocadas
opções do nosso livre-arbítrio, que não deixam de ser reeducativas e
compensatórias a longo prazo.
Cada um percorre a estrada certa no momento exato, de
conformidade com seu estado de evolução. Tudo está certo, porque todos estamos
nas mãos de Deus.
Livro: Reforma Intima Sem Martírio – Ermance Dufaux –
Wanderley S. Oliveira
TEMPO DA REGRA ÁUREA
E - Cap. XVIII -
Item 5
Faremos hoje o bem a que aspiramos receber.
Alimentaremos para com os semelhantes os sentimentos que
esperamos alimentem eles para conosco.
Pensaremos acerca do próximo somente aquilo que estimamos
pense o próximo quanto a nós.
Falarmos as palavras que gostaríamos de ouvir.
Retificaremos em nós tudo o que nos desagrade nos outros.
Respeitaremos a tarefa do companheiro como aguardamos
respeito para a responsabilidade que nos pesa nos ombros.
Consideraremos o tempo, o trabalho, a opinião e a família
do vizinho tão preciosos quanto os nossos.
Auxiliaremos sem perguntar, lembrando como ficamos
felizes ao sermos auxiliados sem que nos dirijam perguntas.
Amparemos as vítimas do mal com a bondade que contamos
receber em nossas quedas, sem estimular o mal e sem esquecer a fidelidade à
prática do bem.
Trabalharemos e serviremos nos moldes que reclamamos do
esforço alheio.
Desculparemos incondicionalmente as ofensas endereçadas
no mesmo padrão de confiança dentro do qual aguardamos as desculpas daqueles a
quem porventura tenhamos ofendido.
Conservaremos o nosso dever em linha reta e nobre, tanto
quanto desejamos retidão e limpeza nas obrigações daqueles que nos cercam.
Usaremos paciência e sinceridade para com os nossos
irmãos, na medida com que esperamos de todos eles paciência e sinceridade,
junto de nós.
Faremos, enfim, aos outros o que desejamos os outros nos
façam.
Para que o amor não enlouqueça em paixão e para que a
justiça não se desmande em despotismo, agiremos persuadidos de que o tempo da
regra áurea, em todas as situações, agora ou no futuro, será sempre hoje.
De Opinião Espírita de Francisco Cândido Xavier e Waldo
Vieira, pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz
A JORNADA REDENTORA
Aberta a doce conversação da noite, em torno da Boa Nova,
a esposa de Zebedeu perguntou, reverente, dirigindo-se a Jesus: — Senhor, como
se verificará nossa jornada para o Reino Divino? O Cristo pareceu meditar
alguns momentos e explanou:
— Num vale de longínquo país, alguns judeus cegos de
nascença habituaram-se à treva e à miséria em que viviam, e muitos anos
permaneciam na furna em que jaziam mergulhados, quando iluminado irmão de raça
por lá passou e falou-lhes da profunda beleza do Monte Sião, em Jerusalém, onde
o povo escolhido adora o Supremo Pai.
Ao lhe ouvirem a narrativa, todos os cegos experimentaram
grande comoção e lastimaram a impossibilidade em que se mantinham.
O vidente amigo, porém, esclareceu-lhes que a situação
não era irremediável.
Se tivessem coragem de aplicar a si mesmos determinadas
disciplinas, com abstinência de variados prazeres de natureza inferior a que se
haviam acostumado nas trevas, poderiam recobrar o contacto com a luz, avançando
na direção da cidade santa.
A maioria dos ouvintes recebeu as sugestões com manifesta
ironia, assegurando que os progenitores e outros antepassados haviam sido
igualmente cegos e que se lhes afigurava impossível a reabilitação dos órgãos
visuais.
Um deles, porém, moço corajoso e sereno, acreditou no
método aconselhado e aplicouo.
Entregou-se primeiramente às disciplinas apontadas e,
depois de quatro anos de meditações, trabalho intenso e observação pessoal da
Lei, com jejuns e preces, obteve a visão.
Quase enlouqueceu de alegria.
Em êxtase, contou aos companheiros a sublimidade da
experiência, comentando a largueza do céu e a beleza das árvores próximas;
contudo, ninguém acreditou nele.
Não obstante ser tomado por demente, o rapaz não
desanimou.
Agora, enxergava o caminho e conseguiria avançar.
Ausentou-se do vale fundo, mas, sem qualquer noção de
rumo, vagueou dias e noites, em estado aflitivo.
Atacado por lobos e víboras em grande número, usava a
maior cautela, reconhecendo a própria inexperiência, até que, em certa manhã,
abeirando-se de um esconderijo cavado na rocha, para colher mel silvestre, foi
aprisionado por um ladrão que lhe exigiu a bolsa; entretanto, como não
possuísse dinheiro, deixou-se escravizar pelo malfeitor que durante cinco anos
sucessivos o reteve em trabalho incessante.
O servo, porém, agiu com tamanha bondade, multiplicando
os exemplos de abnegação, que o espírito do perseguidor se modificou,
fazendo-se mais brando e reformando-se para o bem, restituindo-lhe a liberdade.
Emancipado de novo, o crente fiel recomeçou a jornada,
porque a ânsia de alcançar o templo divino povoava-lhe a mente.
Pôs-se a caminho, distribuindo fraternidade e alegria com
todos os viajores que lhe cruzassem a estrada, mas, atingindo um vilarejo onde
a autoridade era exercida com demasiado rigor, foi encarcerado como sendo um
criminoso desconhecido; no entanto, sabendo que seria traído pelas próprias
forças insuficientes, caso buscasse reagir, deixou-se trancafiar até que o
problema fosse resolvido, o que reclamou longo tempo.
Nunca, entretanto, se revelou inativo no exercício do
bem.
Na própria cadeia que lhe feria a inocência, encontrou
vastíssimas oportunidades para demonstrar boa-vontade, amor e tolerância,
sensibilizando as autoridades, que o libertaram enfim,.
O ideal de atingir o santuário sublime absorvia-lhe o
pensamento e prosseguiu na marcha; todavia, somente depois de vinte anos de
lutas e provas, das quais sempre saía vitorioso, é que conseguiu chegar ao
Monte Sião para adorar o Supremo Senhor.
O Mestre interrompeu-se, vagueou o olhar pela sala
silenciosa e rematou: — Assim é a caminhada do homem para o Reino Celestial.
Antes de tudo, é preciso reconhecer a sua condição de
cego e aplicar a si mesmo os remédios indicados nos mandamentos divinos.
Alcançado o conhecimento, apesar da zombaria de quantos o
rodeiam em posição de ignorância, é compelido a marchar por si mesmo, e sozinho
quase sempre, do escuro vale terrestre para o monte da claridade divina,
aproveitando todas as oportunidades de servir, indistintamente, ainda mesmo aos
próprios inimigos e perseguidores.
Quando o seguidor do bem compreende o dever de mobilizar
todos os recursos da jornada, em silêncio, sem perda de tempo com reclamações e
censuras, que somente denunciam inferioridade, então estará em condições de
alcançar o Reino, dentro do menor prazo, porque viverá plasmando as próprias
asas para o vôo divino, usando para isso a disciplina de si mesmo e o trabalho
incessante pela paz e alegria de todos.
Neio Lúcio - Do Livro Jesus no Lar - Francisco C. Xavier
A CONDUTA CRISTÃ
Ibraim ben Azor, o cameleiro, entrou na residência
acanhada de Simão e, à frente do Cristo, que o fitava de olhos translúcidos,
pediu instruções da Boa-Nova, ao que Jesus respondeu com a doçura habitual, tecendo
considerações preciosas e simples, em torno do Reino de Deus no coração dos
homens.
– Mestre – perguntou Ibraim, desejando conhecer as normas
evangélicas –, na hipótese de aceitar a nova revelação, como me comportarei.
perante as criaturas de má-fé?
– Perdoarás e trabalharás sempre, fazendo quanto possível
para que se coloquem no nível de tua compreensão, desculpando-as e
amparando-as, infinitamente.
– E se me cercarem todos os dias?
– Continuarás perdoando e trabalhando a benefício delas.
– Mestre – invocou Ibraim, admirado –, a calúnia é um
braseiro a requeimar-nos o coração...
Admitamos que tais pessoas me vergastem com frases cruéis
e apontamentos injustos...
Como proceder quando me enlamearem o caminho, atirando-me
flechas incendiadas?
– Perdoarás e trabalharás sem descanso, possibilitando a
renovação do pensamento que a teu respeito fazem.
– E se me ferirem? Se a violência sujeitar-me à poeira e
a traição golpear-me pelas costas? Se meu sangue correr, em louvor da
perversidade?
– Perdoarás e trabalharás, curando as próprias chagas,
com a disposição de servir, invariavelmente, na certeza de que as leis do Justo
Juiz se cumprirão sem prejuízo dum ceitil.
– Senhor – clamou o consulente desapontado –, e se a
pesada mão dos ignorantes ameaçar-me a casa? se a maldade perseguir-me a família,
dilacerando os meus nos interesses mais caros?
– Perdoarás e trabalharás a fim de que a normalidade se
reajuste sem ódios, compreendendo que há milhões de seres na Terra fustigados por
aflições maiores que a tua, cabendo-nos a obrigação de auxiliar, não somente os
que se fazem detentores do nosso bem-querer, mas também a todos os irmãos em
Humanidade que o Pai nos recomenda amar e ajudar, incessantemente.
Ibraim, assombrado, indagou, de novo :
– Senhor, e se me prenderem por homicida e ladrão, sem
que eu tenha culpa?
– Perdoarás e trabalharás, agindo sempre segundo as sugestões
do bem, convencido de que o homem pode encarcerar o corpo, mas nunca algemará a
idéia pura, nobre e livre.
– Mestre – prosseguiu o cameleiro, intrigado –, e se me
prostrarem no leito? Se me crivarem de úlceras, impossibilitando-me qualquer
ação? Como trabalhar de braços imobilizados, quando nos resta apenas o direito
de chorar?
– Perdoarás e trabalharás com o sorriso da paciência
fiel, cultivando a oração e o entendimento no espírito edificado, confiando na
Proteção do Pai Celestial que envia socorro e alimento aos próprios vermes
anônimos do mundo.
– Mestre, e se, por fim, me matarem? se depois de todos
os sacrifícios aparecer a morte por estrada inevitável?
– Demandarás o túmulo, perdoando e trabalhando na ação
gloriosa, em benefício de todos, conservando a paz sublime da consciência.
Entre estupefato e aflito, Ibraim voltou a indagar depois
de alguns instantes:
– Senhor, e se eu conseguir tolerar os ignorantes e os
maus, ajudando-os e recebendo-lhes os insultos como benefícios, oferecendo a
luz pela sombra e o bem pelo mal, se encarar, com serenidade, os golpes
arremessados contra os meus, se receber feridas e sarcasmos sem reclamação e se
aceitar a própria morte, guardando sincera compaixão por meus algozes? Que
lugar destacado me caberá, diante da grandeza divina? que título honroso
exibirei?
Jesus, sem alterar-se, considerou :
– Depois de todos os nossos deveres integralmente cumpridos,
não passamos de meros servidores, à face do Pai, a quem pertence o Universo,
desde o grão de areia às estrelas. distantes.
Ibraim, conturbado, levantou-se, chamou o dono da casa e
perguntou a Pedro se aquele homem era realmente o Messias. E quando o pescador
de Cafarnaum confirmou a identidade do Mestre, o cameleiro, carrancudo, qual se
houvesse recebido grave ofensa, avançou para fora e seguiu para diante, sem
dizer adeus.
Livro: Contos E Apólogos – Humberto De Campos – Irmão X
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