1 – Pedi, e dar-se-vos-á, buscai, e achareis; batei, e
abrir-se-vos-á. Porque todo o que pede, recebe; e o que busca, acha; e a quem
bate, abrir-se-á. Ou qual de vós, porventura, é o homem que, se seu filho lhe
pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, porventura, se lhe pedir um peixe, lhe dará
uma serpente? Pois se vós outros, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos
filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos Céus, dará boas dádivas aos que
lhas pedirem. (Mateus, VII: 7-11).
2 – Segundo o modo de ver terreno, a máxima: Buscai e
achareis, é semelhante a esta outra: Ajuda-te e o céu te ajudará. É o princípio
da lei do trabalho, e por conseguinte, da lei do progresso. Porque o progresso
é o produto do trabalho, desde que é este que põe em ação as forças da
inteligência.
Na infância da Humanidade, o homem só aplica a sua
inteligência na procura de alimentos, dos meios de se preservar das intempéries
e de se defender dos inimigos. Mas Deus lhe deu, a mais do que ao animal, o
desejo constante de melhorar, ou seja, essa aspiração do melhor, que o impele à
pesquisa dos meios de melhorar a sua situação, levando-o às descobertas, às
invenções, ao aperfeiçoamento da ciência, pois é a ciência que lhe proporciona
o que lhe falta. Graças às suas pesquisas, sua inteligência se desenvolve, sua
moral se depura. Às necessidades do corpo sucedem as necessidades do espírito:
após o alimento material, ele necessita do alimento espiritual. É assim que o
homem passa da selvageria à civilização.
Mas o progresso que cada homem realiza individualmente,
durante a vida terrena, é coisa insignificante, e num grande número deles, até
mesmo imperceptível. Como, então, a Humanidade poderia progredir, sem a
preexistência e a reexistência da alma? Se as almas deixassem a Terra todos os
dias, para não mais voltar, a Humanidade se renovaria sem cessar com as
entidades primitivas, que teriam tudo a fazer e tudo a aprender. Não haveria
razão, portanto, para que o homem de hoje fosse mais adiantado que o dos primeiros
tempos do mundo,pois que, para cada nascimento, o trabalho intelectual teria de
recomeçar. A alma voltando, ao contrário, com o seu progresso já realizado, e
adquirindo de cada vez alguma experiência a mais, vai assim passando
gradualmente da barbárie à civilização material, e desta à civilização moral.
(Ver cap. IV, nº 17).
3 – Se Deus tivesse liberado o homem do trabalho físico,
seus membros seriam atrofiados; se o livrasse do trabalho intelectual, seu
espírito permaneceria na infância, nas condições instintivas do animal. Eis
porque ele fez do trabalho uma necessidade, e lhe disse: Busca e acharás;
trabalha e produzirás; e dessa maneira serás filho das tuas obras, terás o
mérito da sua realização, e serás recompensado segundo o que tiveres feito.
4 – É em virtude da aplicação desse princípio que os
Espíritos não vêm poupar ao homem o seu trabalho de pesquisar, trazendo-lhe
descobertas e invenções já feitas e prontas para a utilização, de maneira a só
ter que tomá-las nas mãos, sem sequer o incômodo de um pequeno esforço, nem
mesmo de pensar. Se assim fosse, o mais preguiçoso poderia enriquecer-se, e o
mais ignorante tornar-se sábio, ambos sem nenhum esforço, e atribuindo-se o
mérito do que não haviam feito. Não, os Espíritos não vêm livrar o homem da lei
do trabalho, mas mostrar-lhe o alvo que deve atingir e a rota que leva a ele, dizendo: Marcha e o atingirás!
Encontrarás pedras nos teus passos; mantém-te vigilante, e afasta-as por ti
mesmo! Nós te daremos a força necessária, se quiseres empregá-la. (Ver Livro
dos Médiuns, cap. XXVI, nº 291 e segs.).
5 – Segundo a compreensão moral, essas palavras de Jesus
significam o seguinte: Pedi à luz que deve clarear o vosso caminho, e ela vos
será dada; pedi a força de resistir ao mal, e a tereis; pedi a assistência dos
Bons Espíritos, e eles virão ajudar-vos, e como o anjo de Tobias, vos servirão
de guias; pedi bons conselhos, e jamais vos serão recusados; batei à nossa
porta, e ela vos será aberta; mas pedi sinceramente, com fé, fervor e
confiança; apresentai-vos com humildade e não com arrogância, sem o que sereis
abandonados às vossas próprias forças, e as próprias quedas que sofrerdes
constituirão a punição do vosso orgulho.
É esse o sentindo dessas palavras do Cristo: Buscai e
achareis, batei e abrir-se-vos-á.
TEXTOS DE APOIO
AJUDA-TE
Sim, nas leis da reencarnação, quase todos nós, os filhos da Terra, temos o passado a resgatar, o presente a viver e o futuro a construir.
Lembremo-nos, assim, de que, nas concessões da Providência Divina, o nosso mais precioso lugar de trabalho chama-se “aqui” e o nosso melhor tempo chama-se “agora”.
Detenhamo-nos, por isso, na importância das horas de hoje.
Ontem, perturbação. Hoje, reequilíbrio.
Ontem, o poder transviado. Hoje, a subalternidade edificante.
Ontem, a ostentação. Hoje, o anonimato.
Ontem, a incompreensão. Hoje, o entendimento.
Ontem, o desperdício. Hoje, a parcimônia.
Ontem, a ociosidade. Hoje, a diligência.
Ontem, a sombra. Hoje, a luz.
Ontem, o arrependimento. Hoje, a reconstrução.
Ontem, a violência. Hoje, a harmonia.
Ontem, o ódio. Hoje, o amor.
Diz-nos a sabedoria de todos os tempos — “Ajuda-te que o Céu te ajudará” —, afirmativa sublime que nos permitimos parafrasear, acentuando: “Ajuda-te hoje, que o Céu te ajudará sempre”.
Autor: André Luiz Psicografia de Francisco Cândido Xavier
BUSCAIS E ACHAREIS
“Buscai e achareis”.
Amai os vossos inimigos.
Orai pelos que vos perseguem e caluniam.
Se alguém vos fere numa face, oferecei também a outra.
Acumulai tesouros nos Céus.
Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei.”
Meditemos nas afirmações de Cristo a nosso respeito.
Nunca te permitas o vazio inútil na caminhada do Bem.
Não te fixes nos empeços da senda.
Reflete nas bênçãos recebidas.
Rememora os obstáculos que passaram e pensa nas alegrias
que o trabalho te concede.
Nunca te rendas à tentação do repouso desnecessário e nem
te aconselhes com o desalento de vez que, em tuas áreas de serviço, encontras
sempre tudo aquilo de que mais necessitas, a fim de seguir adiante.
Conforme os princípios de causa e efeito, que nos traçam
a lei da reencarnação, cada qual de nós traz consigo a soma de tudo o que já
fez de si, com a obrigação de subtrair os males que tenhamos colecionado até a
completa extinção, multiplicando os bens que já possuamos, para dividi-los com
os outros, na construção da felicidade geral.
Recorda os esforços que desenvolves para que a bondade e
a tolerância não se te afastem da vida e dispõe-te a entender e auxiliar, em
louvor do Bem.
Emmanuel - Livro: Caminho Iluminado - Francisco Cândido
Xavier
MARIA DE MAGDALA
Maria de Magdala ouvira as pregações do Evangelho do
Reino, não longe da Vila principesca onde vivia à conta de prazeres, em
companhia de patrícios romanos, e tomara-se de admiração profunda pelo
Messias.
Que novo amor era aquele apregoado aos pescadores singelos
por lábios tão divinos? Até ali, caminhara ela sobre as rosas rubras do desejo,
embriagando-se com o vinho de condenáveis alegrias. Contudo, seu coração estava
sequioso e em desalento. Era jovem e formosa, emancipara-se dos preconceitos
férreos de sua raça; sua beleza lhe escravizara aos caprichos de mulher os mais
ardentes admiradores ; mas, seu espírito tinha fome de amor. O profeta
nazareno havia plantado em sua alma novos pensamentos. Depois que lhe ouvira a
palavra, observou que as facilidades da vida lhe traziam agora um tédio mortal
ao espírito sensível. As músicas voluptuosas não lhe encontravam eco no íntimo,
os enfeites romanos de sua habitação se tornaram áridos e tristes. Maria chorou
longamente, embora não compreendesse ainda o que pleiteava o profeta
desconhecido ; entretanto, seu convite amoroso parecia ressoar-lhe nas fibras
mais sensíveis de mulher. Jesus chamava os homens para uma vida nova.
Decorrida uma noite de grandes meditações e antes do
famoso banquete em Naim, onde ela ungiria publicamente os pés de Jesus com os
bálsamos perfumados de seu afeto, notou-se que uma barca tranqüila conduzia a
pecadora a Cafarnaum. Dispusera-se a procurar o Messias, após muitas
hesitações. Como a receberia o Senhor, na residência de Simão? Seus conterrâneos
nunca lhe haviam perdoado o abandono do lar e a vida de aventuras. Para todos,
era ela a mulher perdida, que teria de encontrar a lapidação na praça publica.
Sua consciência, porém, lhe pedia que fosse. Jesus tratava a multidão com
especial carinho. Jamais lhe observara qualquer expressão de desprezo para com
as numerosas mulheres de vida equívoca que o cercavam. Além disso, sentia-se
seduzida pela sua generosidade. Se possível, desejaria trabalhar na execução de
suas idéias puras e redentoras. Propunha-se a amar, como Jesus amava, sentir
com os seus sentimentos sublimes. Se necessário, saberia renunciar a tudo. Que
lhe valiam as jóias, as flores raras, os banquetes suntuosos, se, ao fim de
tudo isso, conservava a sua sede de amor?!...
Envolvida por esses pensamentos profundos, Maria de
Magdala perpetrou o umbral da humilde residência de Simão Pedro, onde Jesus
parecia esperá-la, tal a bondade com que a recebeu num grande sorriso. A
recém-chegada sentou-se com indefinível emoção a estrangular-lhe o peito.
Vencendo, contudo, as suas mais fortes impressões, assim
falou, em voz súplice, feitas as primeiras saudações :
– Senhor, ouvi a vossa palavra consoladora e venho ao
vosso encontro!... Tendes a clarividência do céu e podeis adivinhar como tenho
vivido! Sou uma filha do pecado. Todos me condenam. Entretanto, Mestre,
observai como tenho sede do verdadeiro amor!... Minha existência, como todos os
prazeres, tem sido estéril e amargurada...
As primeiras lágrimas lhe borbulharam dos olhos, enquanto
Jesus a contemplava, com bondade infinita. Ela, porém, continuou :
– Ouvi o vosso amoroso convite ao Evangelho! Desejava ser
das vossas ovelhas; mas, será que Deus me aceitaria?
O Profeta nazareno fitou-a, enternecido, sondando as
profundezas de seu pensamento e respondeu bondoso :
– Maria, levanta os olhos para, o céu e regozija-te no
caminho porque escutaste a Boa-Nova do Reino e Deus te abençoa as alegrias.
Acaso poderias pensar que alguém no mundo estivesse condenado ao pecado eterno.
Onde, então, o amor de Nosso Pai? Nunca viste a primavera dar flores sobre uma
casa em ruínas? As ruínas são as criaturas humanas;porém as flores são a
esperança em Deus. Sobre tôdas as falências e desventuras próprias do homem as
bênçãos paternais de Deus descem e chamam. Sentes hoje êsse novo Sol a
iluminar-te o destino! Caminha agora, sob a sua luz, porque o amor cobre a
multidão dos pecados.
A pecadora de Magdala escutava o Mestre, bebendo-lhe as
palavras. Homem algum havia falado assim a sua alma incompreendida, os mais
levianos lhe pervertiam as boas inclinações, os aparentemente virtuosos a
desprezavam sem piedade. Engolfada em pensamentos confortadores e ouvindo as
referências de Jesus ao amor, Maria acentuou, levemente:
-No entanto, Senhor, tenho amado e tenho sede de amor!...
– Sim – redargüiu Jesus – tua sede é real.
O mundo viciou tôdas as fontes de redenção e é
imprescindível compreenda que em suas sendas a virtude tem de marchar por uma
porta muito estreita. Geralmente, um homem deseja ser bom como os outros, ou
honesto como os demais, olvidando que o caminho onde todos passam é de fácil
acesso e de marcha sem edificações. A virtude no mundo foi transformada na
porta larga da conveniência própria. Há os que amam aos que lhe pertencem ao
círculo pessoal, os que são sinceros com os seus amigos, os que defendem seus
familiares, os que adoram os deuses do favor. O que verdadeiramente ama, porém,
conhece a renúncia suprema a todos os bens do mundo e vive feliz, na sua senda
de trabalhos para o difícil acesso às luzes da redenção. O amor sincero não
exige satisfações passageiras, que se extinguem no mundo com a primeira ilusão;
trabalha sempre, sem amargura e sem ambição, com as júbilos do sacrifício. Só o
amor que renuncia sabe caminhar para, a vida suprema!...
Maria o escutava, embevecida. Ansiosa por compreender
inteiramente aqueles ensinos novos, interrogou atenciosamente :
– Só o ardor pelo sacrifício poderá saciar a sede do
coração?
Jesus teve um gesto afirmativo e continuou :
Somente o sacrifício contém o divino mistério da vida.
Viver bem é saber imolar-se. Acreditas que o mundo pudesse manter o equilíbrio
próprio tão só com os caprichos antagônicos e por vezes criminosos dos que se
elevam à galeria dos triunfadores? Toda luz humana vem do coração experiente e
brando dos que foram sacrificados.
Um guerreiro coberto de louros ergue os seus gritos de
vitória sobre os cadáveres que juncam o chão; mas, apenas os que tombaram fazem
bastante silêncio, para que se ouça no mundo a mensagem de Deus. O primeiro
pode fazer a experiência para um dia ; os segundos constroem à estrada
definitiva na eternidade.
Na tua condição de mulher, já pensaste no que seria o
mundo, sem as mães exterminadas no silêncio e no sacrifício? Não são elas as
cultivadoras do jardim da vida, onde os bonecas travam a, batalha!... Muitas
vezes, o campo enflorescido se cobre de lama e sangue; mas, na sua tarefa
silenciosa, os corações maternais não desesperam e reedificam o jardim da vida,
imitando a Providência Divina que espalha sobre um cemitério os lírios
perfumados de seu amor!...
Maria de Magdala, ouvindo aquelas advertências, começou a
chorar, a sentir no íntimo o deserto da mulher sem filhos. Por fim, exclamou :
– Desgraçada de mim, Senhor, que não poderei ser mãe!...
Então, atraindo-a, brandamente, a si, o Mestre
acrescentou:
– E qual das mães será maior aos olhos de Deus? A que se
devotou somente aos filhos de sua carne, ou a que se consagrou, pelo espírito,
aos filhos das outras mães?
Aquela interrogação pareceu despertá-la para meditações
mais profundas. Maria sentiu-se amparada por uma energia interior diferente,
que até então desconhecera. A palavra de Jesus lhe honrava o espírito ;
convidava-a a ser mãe de seus irmãos em humanidade, aquinhoando-os com os bens
supremos das mais elevadas virtudes da vida. Experimentando radiosa felicidade
em seu mundo íntimo; contemplou o Messias com os olhos nevoados de lágrimas e,
no êxtase de sua imensa alegria, murmurou comovidamente :
– Senhor, doravante renunciarei a todos os prazeres
transitórios do mundo, para adquirir o amor celestial que me ensinastes!...
Acolherei como filhas as minhas irmãs no sofrimento, procurarei os infortunados
para aliviar-lhes as feridas do coração, estarei com os aleijados e leprosos...
Nesse instante, Simão Pedro passou pelo aposento,
demandando o interior, e a observou com certa estranheza. A convertida de
Magdala lhe sentiu o olhar glacial, quase denotando desprezo, e, já receosa de
um dia perder a convivência do Mestre, perguntou com interesse :
Senhor, quando partirdes deste mundo, como ficaremos?
Jesus compreendeu o motivo e o alcance de sua palavra e
esclareceu :
– Certamente que partirei, mas estaremos eternamente
reunidos em espírito. Quanto ao futuro, com o infinito de suas perspectivas, é
necessário que cada um tome sua cruz, em busca da porta estreita da redenção,
colocando acima de tudo a fidelidade a Deus e, em segundo lugar, a perfeita
confiança em si mesmo.
Observando que Maria, ainda opressa pelo olhar estranho
de Simão Pedro, se preparava a regressar, o Mestre lhe sorriu com bondade e
disse:
– Vai, Maria!... Sacrifica-te e ama sempre.
Longo é o caminho, difícil à jornada, estreita a porta ;
mas, a fé remove os obstáculos... Nada temas, é preciso crer somente!
Mais tarde, depois de sua gloriosa visão do Cristo
ressuscitado, Maria de Magdala voltou de Jerusalém para a Galiléia, seguindo os
passos dos companheiros queridos.
A mensagem da ressurreição espalhara uma alegria
infinita.
Após algum tempo, quando os apóstolos e seguidores do
Messias procuravam reviver o passado junto ao Tiberíades, os discípulos diretos
do Senhor abandonaram a região, a serviço da Boa-Nova. Ao disporem-se os dois
últimos companheiros a partir em definitiva par a Jerusalém, Maria de Magdala,
temendo a solidão da saudade, rogou fervorosamente lhe permitísseis
acompanhá-los à cidade dos profetas ; ambos, no entanto, se negaram a anuir aos
seus desejos. Temiam-lhe o pretérito de pecadora, não confiavam em seu coração
de mulher. Maria compreendeu, mas, lembrou-se do Mestre e resignou-se.
Humilde e sozinha, resistiu a tôdas as propostas
condenáveis que a solicitavam para uma nova queda de sentimentos. Sem recursos
para viver, trabalhou pela própria manutenção, em Magdala e Dalmanuta. Foi
forte nas horas mais ásperas, alegre nos sofrimentos mais escabrosos, fiel a
Deus nos instantes escuros e pungentes. De vez em quando, ia às sinagogas,
desejosa de cultivar a lição de Jesus; mas, as aldeias da Galiléia estavam
novamente subjugadas pela intransigência do judaísmo. Ela compreendeu que
palmilhava agora o caminho estreito, onde ia só, com a sua confiança em Jesus.
Por vezes, chorava de saudade, quando passeava no silêncio da praia, recordando
a presença do Messias. As aves do lago, ao crepúsculo, vinham pousar, como
outrora, nas alcaparreiras mais próximas, o horizonte oferecia, como sempre, o
seu banquete de luz. Ela contemplava as ondas mansas e lhes confiava suas
meditações.
Certo dia, um grupo de leprosos veio a Dalmanuta ;
procediam da Iduméia aqueles infelizes, cansados e triste, em supremo
abandono. Perguntavam por Jesus Nazareno, mas tôdas as portas se lhes fechavam.
Maria foi ter com eles e, sentindo-se isolada, com amplo direito de empregar a
sua liberdade, reuniu-os sob as árvores da praia e lhes transmitiu as palavras
de Jesus, enchendo-lhes os corações das claridades do Evangelho. As autoridades
locais, entretanto, ordenaram a expulsão imediata, dos enfermos. A grande
convertida percebeu tamanha alegria no semblante dos infortunados, em face de suas
fraternas revelações, com respeito às promessas do Senhor, que se pôs em marcha
para Jerusalém, na companhia deles. Todo o grupo passou a noite ao relento,
mas, sentia-se que os júbilos do Reino de Deus agora os dominavam. Todos se
interessavam pelas descrições de Maria, devoravam-lhe as exortações,
contagiados de sua alegria e de sua fé. Chegados à cidade, foram conduzidos ao
vale dos leprosos, que ficava distante, onde Madalena perpetrou com
espontaneidade de coração. Seu espírito recordava as lições do Messias e uma
coragem indefinível se assenhoreara de sua alma.
Dali em diante, tôdas as tardes, a mensageira do
Evangelho reunia a turba de seus novos amigos e lhes dizia o ensinamento de
Jesus. Rostos ulcerados enchiam-se de alegria, olhos sombrias e tristes
tocavam-se de nova luz. Maria lhes explicava que Jesus havia exemplificado o
bem até à morte, ensinando que todos os seus discípulos deviam ter bom ânimo
para vencer o mundo. Os agonizantes arrastavam-se até junto dela e lhe beijavam
a túnica singela. A filha de Magdala, lembrando o amor do Mestre, tomava-os em
seus braços fraternos e carinhosos.
Em breve tempo, sua epiderme apresentava, igualmente,
manchas violáceas e tristes. Ela compreendeu a sua nova situação e recordou a
recomendação do Messias de que somente sabiam viver os que sabiam imolar-se. E
experimentou grande gozo, por haver levado aos seus companheiros de dor uma
migalha de esperança. Desde a sua chegada, em todo o vale se falava daquele
Reino de Deus que a criatura devia edificar no próprio coração. Os moribundos
esperavam a morte com um sorriso ditoso nos lábios, os que a lepra deformara ou
abatera guardavam bom ânimo, nas fibras mais sensíveis.
Sentindo-se ao termo de sua tarefa meritória, Maria de
Magdala desejou rever antigas afeições de seu circulo pessoal, que se
encontravam em Éfeso. Lá estavam João e Maria, além de outros companheiros dos
júbilos cristãos. Adivinhava que as suas últimas dores terrestres vinham muito
próximas ; todavia, deliberou pôr em prática o seu humilde desejo.
Nas despedidas, seus companheiros da infortúnio material
vinham suplicar-lhe os derradeiros conselhos e recordações. Envolvendo-os no
seu carinho, a emissária do Evangelho lhes dizia apenas :
– Jesus deseja intensamente que nos amemos una aos outros
e que participemos de suas divinas esperanças, na mais extrema lealdade a
Deus!...
Dentre aqueles doentes, os que ainda se equilibravam
pelos caminhos lhe traziam o fruto das esmolas escassas, as crianças
abandonadas vinham beijar-lhe as mãos.
Na fortaleza de sua fé, a ex-pecadora abandonou o vale,
afastando-se de suas choupanas misérrimas, através das estradas ásperas. A
peregrinação foi-lhe difícil e angustiosa. Para satisfazer aos seus intentos
recorreu à caridade, sofreu penosas humilhações, submeteu-se ao sacrifício.
Observando as feridas pustulentas, que substituíam a sua antiga beleza,
alçava-se em reconhecer que seu espírito não tinha motivos para lamentações.
Jesus a esperava e sua alma era fiel.
Realizada a sua aspirarão, por entre dificuldades infinitas,
Maria achou-se, um dia, às portas da cidade ; mas, invencível abatimento lhe
dominava os centros de força física. No justo momento de suas efusões
afetuosas, quando. o casario de defeso se lhe desdobrava à vista, seu corpo
alquebrado negou-se a caminhar. Modesta família de cristãos do subúrbio
recolheu-a a uma tenda humilde, caridosamente. Madalena pôde ainda rever
amizades bem caras, consoante seus desejos. Entretanto, por largos dias de
padecimentos, debateu-se entre a vida e a morte.
Uma noite, atingiram o auge as profundas dores que
sentia. Sua alma estava iluminada por brandas reminiscências e, não obstante
seus olhos se acharem selados pelas pálpebras intumescidas, via com os olhos da
imaginação o lago querido, os companheiros de fé, o Mestre bem-amado. Seu
espírito parecia transpor as fronteiras da eternidade radiosa. De minuto a
minuto, ouvia-se-lhe um gemido surdo, enquanto os irmãos de crença lho rodeavam
o leito de dor, com as preces sinceras de seus corações amigos e desvelados.
Em dado instante, observou-se que seu peito não mais
arfava. Maria, no entanto, experimentava consoladora sensação de alívio.
Sentia-se sob as árvores de Cafarnaum e esperava o Messias. As aves cantavam
nos ramos próximos e as ondas sussurrantes vinham beijar-lhe os pés. Foi quando
viu Jesus aproximar-se, mais belo do que nunca. Seu olhar tinha o reflexo do
céu e no semblante trazia um júbilo indefinível. O Mestre estendeu-lhe as mãos
e ela se prosternou, exclamando, como antigamente :
– Senhor!...
Jesus recolheu-a, brandamente, nos braços e murmurou :
– Maria, já passaste a porta estreita!... Amaste muito!
Vem! Eu te espero aqui!
Irmão X - Humberto de Campos - Do livro “Boa Nova”.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
CAMPEONATOS
Buscai e
achareis...”JESUS - MATEUS, 7: 7.
“Se Deus houvesse isentado o homem do trabalho do corpo,
seus membros se teriam atrofiado; se o houvesse Isentado do trabalho da
inteligência, seu espírito teria permanecido na infância, no estado de instinto
animal. ” - Cap. 25, 3.
Costumamos admirar as personalidades que se galardoam na
Terra.
Tribunos vencem inibição e gaguez, em adestramento
laborioso, aprimorando adição.
Poetas torturam versos, durante anos, transfigurando-se
em estetas perfeitos, ajustando a emoção aos rigores da forma.
Pintores reconstituem os próprios traços, centenas de
vezes, fixando, por fim, os coloridos da natureza.
Atletas despendem tempo indeterminado, manejando bolas e
raquetas ou submetendo- se a severos regimes, em matérias de alimentação e
disciplina, para se garantirem-nos a opulência da evidência.
Todos eles são dignos de apreço, pelas técnicas obtidas,
à custa de longo esforço, e todos, conquanto sem intenção, traçam o caminho que
se nos indica às vitórias da alma, porquanto existem campeonatos ocultos, sem
qualquer aplauso no mundo, embora atenciosamente seguidos da Esfera Espiritual.
Se aspiramos a libertação da impulsividade que nos
arrasta aos flagelos da cólera e da incontinência, é forçoso nos afeiçoemos aos
regulamentos interiores.
Tribunos, poetas, pintores e atletas terão lido e ouvido
treinadores eméritos, mas, sem a consagração deles mesmos aos exercícios que
lhes atribuíram eficiência, não passariam de aspirantes aos títulos que
apresentam.
Assim também, no campo do espírito.
Não adquiriremos equilíbrio e entendimento, abnegação e
fé, unicamente desejando semelhantes aquisições.
Não ignoramos que, em certos episódios da vida, não
remediaremos a dificuldade com atitudes meigas e que surgem lances, na estrada,
nos quais o silêncio não é a diretriz ideal; não desconhecermos que, em
determinadas circunstâncias, a caridade não deve ser vasada em moldes de
frouxidão e que o sentimento não é feito de pedra para resistir, intocável, a
todos os aguilhões do desejo...
Entretanto, se aplicarmos em nós as regras em eu a
eficácia acreditamos, sofreando impulsos inferiores, cinco, duzentas,
oitocentas, duas mil, dez mil ou cinqüenta mil vezes, praticando humildade e
paciência, pela obtenção dos pequeninos triunfos do mundo íntimo, que somente
nós próprios conseguimos avaliar, conquistaremos o burilamento do espírito,
encontrando a palavra certa e a conduta exata, nas mais diversas situais
variados problemas.
Tudo é questão de início e o êxito depende da lealdade à
consciência, porquanto exclusivamente aqueles que cultivam fidelidade à própria
consciência é que se dispõem a prosseguir e perseverar.
Emmanuel - do livro:
O Livro da Esperança - Francisco Cândido Xavier
AUXÍLIO DO ALTO
“Porque aquele que
pede, recebe; e, o que busca, encontra; e, ao que bate, se abre.”- JESUS - MATEUS,
7: 8.
“Desta maneira, serás filho das tuas obras, terás delas o
mérito e serás recompensado de acordo com o que hajas feito. - Cap. 25, 3.
Deus auxilia sempre.
Observa, porém, o edifício ainda o mais singelo que se
levanta no mundo.
Todos os recursos utilizados procedem fundamentalmente da
Bondade Infinita.
A inteligência do arquiteto, a força do obreiro, o apoio
no solo e os materiais empregados constituem dons da Eterna Sabedoria, contudo,
delineamentos da planta, elementos de alvenaria, metais diversos e agentes
outros da construção não se expressaram e nem se arregimentaram no serviço a
toque mágico.
O lavrador roga bom tempo a Deus, mas não colhe sem
plantar, embora Deus lhe enriqueça as tarefas com os favores do clima.
As leis de Deus protegem a casa, no entanto, se o morador
não a protege, as mesmas leis de Deus, com o tempo, transformam-na em ruína,
até que apareça alguém com suficiente compreensão do próprio dever, que se
proponha a reconstruí-la e habita-la com respeito e segurança.
Em toda parte, a natureza encarece o Apoio Divino, mas
não deixa de recomendar, ainda que sem palavras, o impositivo do Esforço
Humano.
A Criação pode ser comparada à imensa propriedade do
Criador que a’usufrui com todas as criaturas, em condomínio perfeito, no qual
as responsabilidades crescem com a extensão dos conhecimentos e dos bens
obtidos.
Não te digas, dessa forma, sem a obrigação de pensar,
estudar, influenciar, programar, agir e fazer.
“Ajuda-te que o Céu te ajudará” - proclama a sabedoria.
Isso, no fundo, equivale a dizer que as leis de Deus
estão invariavelmente prontas a efetuarem o máximo em nosso favor, entretanto,
nada conseguirão realizar por nos, se não dermos de nós pelo menos o mínimo.
Emmanuel do livro: O Livro da Esperança - Francisco
Cândido Xavier
SETOR PESSOAL
“... a cada um segundo as suas abras.”JESUS,MATEUS, 16:
27.
“Não, os Espíritos não vêm isentar o homem da lei do
trabalho: vêm unicamente mostrar-lhe a meta que lhe cumpre atingir e a caminho
que a ela conduz, dizendo- lhe: Anda e chegarás. Toparás com pedras; olha e
afasta-as tu mesmo.
Nós te daremos a força necessária, se a quiseres
empregar”. - - Cap.25, 4.
Para clarear a noção da responsabilidade pessoa’, nunca é
demais recorrer às lições vivas da natureza.
No plano físico, Deus é o fulcro gerador de toda energia,
no entanto, o sol é a usina que assegura a vitalidade terrestre; é o fundamento
divino do mundo, mas a rocha é o alicerce que sus~ tenta o vale; é o
proprietário absoluto do solo, todavia, a árvore é o gênio maternal que deita o
fruto; é o senhor supremo das águas, entretanto, a fonte é o vaso que
dessedenta os homens.
Igualmente, no plano moral, Deus é a raiz da justiça, no
entanto, o legislador é o tronco dos estatutos de governança, é a cabeça
insondável da sabedoria, mas o professor é vértebra da escola; é a inspiração
do trabalho, todavia, o operário é o agente da tarefa; é a essência do campo,
entretanto, o lavrador.
é o instrumento da sementeira.
Assim também ocorre na esfera de nossos deveres
particulares.
Tudo aquilo de que dispomos, incluindo afeições,
condições, oportunidades, títulos e recursos pertencem, originariamente a Deus, contudo, é forçoso zelarmos pelo setor das próprias obrigações,
porquanto, queiramos ou não, responderemos a Deus, através das leis que
orientam a vida, pelo serviço individual que nos cabe fazer.
Emmanuel do livro: O Livro da Esperança - Francisco
Cândido Xavier
AÇÃO E PRECE
Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e
abrir-se-vos-á. - Jesus. (Mateus, 7:7).
Prece é luz.
Serviço é merecimento.
Prece é luz.
Serviço é bênção.
Muitos irmãos rogam o auxílio do Céu trancando, porém, o
coração ao auxílio em favor dos companheiros que lhes solicitam apoio e
cooperação na Terra.
A evolução, no entanto, em qualquer território da vida, é
entretecida em bases de intercâmbio.
O lavrador retém o solo e os elementos da natureza, mas
se aspira a alcançar os prodígios da colheita deve plantar.
O artista possui a pedra e os instrumentos com que lhe
possa alterar a estrutura, mas se quer a obra-prima há que burilá-la com
atenção.
No versículo sétimo do capítulo sete dos apontamentos do
apóstolo Mateus, no Evangelho, diz-nos Jesus: "Pedi e dar-se-vos-á; buscai
e achareis; batei e abrir-se-vos-á".
Em linguagem de todos os tempos isto quer dizer: desejai
ardentemente e as oportunidades aparecerão; empenhai-vos a encontrar o objeto
de vossos anseios e tê-lo-eis à vista; todavia é preciso combater o bom
combate, trabalhar, agir e servir para que se vos descerrem os horizontes e as
realizações que demandais.
Semelhantes princípios regem as leis da prece.
A oração ampara sempre; no entanto se o interessado em
proteção e socorro não lhe prestigia a influência, ajudando-lhe a ação, a
benefício dos seus próprios efeitos, de certo que não funciona.
Por Emmanuel, do
livro Segue-me! Francisco Cândido Xavier
NO ATO DE ORAR
Um pai terrestre, conquanto as deficiências
compreensíveis da condição humana, jamais oferece pedra ao filho que pede pão.
Buscará, sempre que possível, resguardar as esperanças
dos descendentes, mas, no interesse deles próprios, lhes concederá isso ou
aquilo, consultando-lhe a conveniência e a segurança, até que se ergam a nível
de madureza, responsabilidade, merecimento e habilitação, suscetíveis de lhes assegurar
a liberdade de pedir o que desejam.
Isso acontece aos pais terrenos...
Desse modo, se experimentas desconfiança e inquietação,
no ato de orar, simplesmente porque choras e sofres, lembra-te da compaixão e
do discernimento que já presidem o lar humano e não descreias da perfeita e
infinita misericórdia do Pai Celestial.
EMMANUEL,
Palavras de Vida Eterna, F C Xavier
DEUS EM NÓS
Cap. XXV - Item 1 - ESE
"E Deus pelas mãos de Paulo fazia maravilhas
extraordinárias". ATOS, 19:11
Quem pode delimitar a extensão das bênçãos que dimanam da
Altura?
Por ser sempre de origem inferior, o mal é limitado como
todas as manifestações devidas exclusivamente às criaturas; o bem, no entanto,
possui caráter divino e, semelhante aos atributos do Pai Excelso, traz em si a
qualidade de ser infinito em qualquer direção.
Antes de tudo, vigora a intenção sincera do espírito no
ato que procura executar.
Assim, utiliza as próprias possibilidades a serviço da
Vontade Divina, oferecendo o coração às realizações com Jesus, e o ilimitado
surgir-te-á gradativamente nas faixas da experiência, sob a forma de esperança
e consolação, júbilo e paz.
Por mais sombrios te pareçam aos ideais de hoje os dias
do passado, não te entregues ao desânimo.
Ergue os sentimentos e conjuga as próprias ações ao novo
roteiro entrevisto.
Após a purificação necessária, a água mais poluída da
sarjeta se torna límpida e cristalina com se jamais houvesse experimentado o
convívio da impureza.
O presente é perene traço de união entre os resquícios do
pretérito e uma vida futura melhor.
Plasma em ti mesmo as forças reconstrutivas de tuas novas
resoluções, para que se exprimam em obras de aprimoramento e de amor.
Reconhecendo a nossa origem na Fonte de Todas as
Perfeições, é natural que podemos e precisamos realizar em torno de nós as
obras perfeitas a que estamos destinados por nossa própria natureza.
Eis o valor do registro dos Atos dos Apóstolos ao
recordar-nos a magnitude das tarefas de Paulo, quando o Iniciado de Damasco se
dispôs a caminhar, auxiliando e aprendendo, no holocausto das próprias energias
à exaltação do bem.
As mãos, tanto quanto o conjunto de instrumentos e
possibilidades de que nos servimos na vida comum, esperam passivamente o ensejo
de se aplicarem aos Desígnios Superiores, segundo as nossas deliberações
pessoais.
Quando agimos no bem, sentimos a presença de Deus em nós.
Medita no emprego dos teus recursos no campo da fraternidade.
Desterra de teu caminho a barreira do desalento e
prossegue confiante, vanguarda a fora.
O solo frutifica sempre quando ajudado pelo cultivador.
Usa, pois, o arado com que o Senhor te enriquece as mãos,
trabalhando a leira que te cabe, com firmeza e esperança, na certeza de que a
colheita farta coroar-te-á os esforços, cada vez mais, desde que permaneças
apoiado no propósito seguro de corresponder ao programa de trabalho que o Pai
te reserva, na oficina da luz, em busca da Alegria Inalterável.
Emmanuel Do livro
O Espírito da Verdade. Francisco C Xavier e Waldo Vieira.
HÁ UM SÉCULO
Cap. XXV - Item 2 - ESE
I
Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita, naquela
triste manhã de abril de 1860, estava exausto, acabrunhado.
Fazia frio.
Muito embora a consolidação da Sociedade Espírita de
Paris e a promissora venda de livros, escasseava o dinheiro para a obra
gigantesca que os Espíritos Superiores lhe haviam colocado nas mãos.
A pressão aumentava...
Missivas sarcásticas avolumavam-se à mesa.
Quando mais desalentado se mostrava, chega a paciente
esposa, Madame Rivail - a doce Gaby -, a entregar-lhe certa encomenda,
cuidadosamente apresentada.
II
O professor abriu o embrulho, encontrando uma carta singela.
E leu:
"SR. Allan Kardec:
Respeitoso abraço.
Com a minha gratidão, remeto-lhe o livro anexo, bem como
a sua história, rogando-lhe, antes de tudo, prosseguir em suas tarefas de
esclarecimento da Humanidade, pois tenho fortes razões para isso.
Sou encadernador desde a meninice, trabalhando em grande
casa desta capital.
Há cerca de dois anos casei-me com aquela que se revelou
minha companheira ideal. Nossa vida corria normalmente e tudo era alegria e
esperança, quando, no início deste ano, de modo inesperado, minha Antoinette
partiu desta vida, levada por sorrateira moléstia.
Meu desespero foi indescritível e julguei-me condenado ao
desamparo extremo.
Sem confiança em Deus, sentindo as necessidades do homem
do mundo e vivendo com as dúvidas aflitivas de nosso século, resolvera seguir o
caminho de tantos outros, ante a fatalidade. ..
A prova da separação vencera-me, e eu não passava, agora,
de trapo humano.
Faltava ao trabalho e meu chefe, reto e ríspido,
ameaçava-me com a dispensa.
Minhas forças fugiam.
Namorara diversas vezes o Sena e acabei planeando o
suicídio. "Seria fácil, não sei nadar" — pensava.
Sucediam-se noites de insônia e dias de angústia. Em
madrugada fria, quando as preocupações e o desânimo me dominaram mais
fortemente, busquei a Ponte Marie.
Olhei em torno, contemplando a corrente.. .
E, ao fixar a mão direita para atirar-me, toquei um
objeto algo molhado que se deslocou da amurada, caindo-me aos pés.
Surpreendido, distingui um livro que o orvalho umedecera.
Tomei o volume nas mãos e, procurando a luz mortiça de
poste vizinho, pude ler, logo no frontispício, entre irritado e curioso:
"Esta obra salvou-me a vida. Leia-a com atenção e
tenha bom proveito. — A. Laurent."
Estupefato, li a obra — "O Livro dos Espíritos"
— ao qual acrescentei breve mensagem, volume esse que passo às suas mãos
abnegadas, autorizando o distinto amigo a fazer dele o que lhe aprouver."
Ainda constavam da mensagem agradecimentos finais, a
assinatura, a data e o endereço do remetente.
O Codificador desempacotou, então, um exemplar de "O
Livro dos Espíritos" ricamente encadernado, em cuja capa viu as iniciais
do seu pseudônimo e na página do frontispício, levemente manchada, leu com
emoção não somente a observação a que o missivista se referira, mas também
outra, em letra firme:
"Salvou-me também. Deus abençoe as almas que
cooperaram em sua publicação. — Joseph Perrier."
III
Após a leitura da carta providencial, o Professor Rivail
experimentou nova luz a banhá-lo por dentro...
Conchegando o livro ao peito, raciocinava, não mais em
termos de desânimo ou sofrimento, mas sim na pauta de radiosa esperança.
Era preciso continuar, desculpar as injúrias, abraçar o
sacrifício e desconhecer as pedradas...
Diante de seu espírito turbilhonava o mundo necessitado
de renovação e consolo. Allan Kardec levantou-se da velha poltrona, abriu a
janela à sua frente, contemplando a via pública, onde passavam operários e
mulheres do povo, crianças e velhinhos...
O notável obreiro da Grande Revelação respirou a longos
haustos, e, antes de retomar a caneta para o serviço costumeiro, levou o lenço
aos olhos e limpou uma lágrima...
Hilário Silva - Do
livro O Espírito da Verdade. Francisco C Xavier e Waldo Vieira.
ASSISTÊNCIA À CRIANÇA
Fracasso da educação sem Deus
O Centro Espírita Eurípedes Barsanulfo, situado na Vila
de Peirópolis, à distância de vinte quilômetros de Uberaba, dedicava sua
reunião aos serviços de assistência à criança. Lá estávamos em reduzida
caravana de amigos. O tema da noite era Educação. E o texto de O Evangelho
Segundo o Espiritismo que saiu para o nosso estudo foi o item 2 do capítulo
XXV. Diversos comentários se fizeram ouvir.
Ao término da reunião a mensagem recebida foi o soneto
Lição da Vida, da poetisa desencarnada Narcisa Amália. Nós, os companheiros
presentes à reunião, concordamos em enviar-lhe a mensagem, na expectativa de
vê-la publicada, para nossos estudos, com os seus comentários doutrinários.
Do livro Diálogo
dos Vivos. Francisco Cândido Xavier e J.
Herculano Pires.
LIÇÃO DA VIDA
Narcisa Amália
Veio o mestre à prisão para encargos de ensino,
Guiava jovem turma às lições do Direito;
Junto dele estacou, de chofre, um carro estreito
A transportar um morto – um malfeitor menino,
Fala à equipe curiosa um guarda em desatino:
– ‘Matei-o!... Era ladrão e matador perfeito!...”
O corpo envolto em pano é visto com respeito...
Solene, o mestre exclama: “Infeliz assassino!...”
E prosseguiu: “Já sei... O morto não me ilude,
Para ser um bandido assim na juventude,
Certo, nasceu da lama agarrado ao gatilho...”
Depois, descobre o corpo... Em todos, vibra o espanto.
O professor tombara a desfazer-se em pranto.
E gritava: “Oh! meu Deus! Ah! meu filho... Meu filho!...”
Do livro Diálogo
dos Vivos.Francisco Cândido Xavier e J.
Herculano Pires.
O ENGANO DO MESTRE
Irmão Saulo
A educação puramente foral perde a sua essência que é o
amor. O mestre se habitua aos objetivos imediatos do ensino, esquecendo-se da
formação moral e espiritual, dos fins verdadeiros do processo educativo. O quadro que o soneto de Narcisa Amália nos apresenta não é imaginário, não tem
apenas a finalidade de chocar-nos pelo seu aspecto trágico. Seu verdadeiro
objetivo é mostrar-nos a falência da educação formal, convertida em máquina de
ensino, incapaz de atingir a alma do educando.
0 mestre sem amor revela a sua frieza ao dizer, diante do
cadáver de uma criança assassinada: “O morto não me ilude”. Na verdade, o morto
não o iludia, mas ele se enganava. Não havia sido a lama dos bairros miseráveis
nem o apego precoce ao gatilho que transformara aquela criança em criminosa. A
causa deformadora estava no coração do pai, do mestre que não aprendera a amar,
que não conseguira entender a verdadeira nutre da educação. Não era um mestre,
mas um profissional do ensino.
A vida, a grande educadora, que não se formaliza nem
profissionaliza, surpreende-nos às vezes com lições terríveis. Fatos como esse,
episódios em que o fracasso do mestre o leva a desilusões arrasadoras, ocorrem
com mais frequência do que se supõe. Apenas as ocorrências mais trágicas
aparecem no noticiário da imprensa. Outras, de natureza mais íntima, são
abafadas com lágrimas no próprio lar.
Pestalozzi, mestre de Kardec, foi um apóstolo da
Educação. Kardec aprendeu com ele que educar é amar. Por isso, Kardec insiste
no valor e na importância da Educação como única maneira eficiente de
modificarmos o mundo, melhorando o homem. A Educação sem Deus dos nossos dias,
produzida pelos abusos do sectarismo religioso, terá de ser substituída pela
Educação Espírita, onde a fé não é imposta de maneira arbitrária, mas se
desenvolve no educando à luz da razão e ante a comprovação dos fatos. Estamos
vendo no mundo o resultado de uma educação errada e deformada.
O soneto de Narcisa Amália é um choque emocional para nos
despertar, a nós, espíritas, da negligência nesse terreno. Temos fundado
escolas, é verdade, mas nos esquecemos do principal que é dar a essas escolas
um sistema seguro de Educação Espírita, elaborado com amor pelos educadores
espíritas. Para isso já existe, entre nós, a revista especializada do Grupo
Espírita de Estudos Pedagógicos. Mas, quantos espíritas já se interessaram por
ela? Quantos professores espíritas leram os exemplares já publicados? Até
quando continuaremos indiferentes ao problema maior que nos desafia nesta hora
do mundo? Que cada qual responda para si mesmo.
Do livro Diálogo
dos Vivos. Francisco Cândido Xavier e J.
Herculano Pires.
O QUE FAZER?
Francisco Cândido Xavier
Cremos que, em vista das muitas dificuldades da nossa
época, muitos companheiros, antes da nossa reunião, se referiam à necessidade
de uma solução para os nossos problemas mais urgentes.
O que fazer ante as lutas materiais e morais que nos são
impostas pelos dias de hoje em que ocorrem tantas renovações?
Que recursos para
levantar as energias de tantos amigos que se mostram desencorajados perante as
questões aflitivas do mundo em transformação?
De que maneira erguer as energias dos irmãos que se
sentem incompreendidos ou desalentados?
Em que fórmula de atitude encontrar e
conservar a tranqüilidade?
Iniciada a reunião, o item 2 do capítulo XXV de O
Evangelho Segundo o Espiritismo nos ofereceu estudos interessantes sobre o
assunto que se debatia. No término de nossas tarefas, o nosso amigo André Luiz
compareceu com a página No Rumo da Paz.
Do livro
Astronautas do Além, de Francisco Cândido Xavier e J.Herculano Pires
NO RUMO DA PAZ
André Luiz
Se você retirar a sombra de tristeza que lhe cobre o
olhar, observará que o Sol e o Tempo renasceram, hoje, a fim de que você possa
refazer-se e recomeçar.
Não se sabe de ninguém que houvesse conseguido a
restauração ou o êxito em clima de desabafo.
Sorrir atraindo dedicações e possibilidades ou mostrar a
face agoniada da irritação, suscitando adversários ou problemas, dependerá
sempre de você mesmo.
Ódio e medo, inveja ou ciúme, desespero ou ressentimento
desajustam a mente, e a mente desequilibrada envenena o corpo.
Procure ver o melhor dos outros e dê aos outros o melhor
de você, porque o pessimismo jamais edifica.
Você receberá auxílio e assistência na medida exata das
suas prestações de serviço ao próximo, recebendo ainda, por acréscimo, valiosas
bonificações da Providência Divina.
Recordemos que situar-nos nas dificuldades dos outros, de
modo a senti-las como se fossem nossas, para auxiliar aos outros, sem exigência
ou compensação, é a maneira mais justa de garantir a paz.
Lembremo-nos sempre de que a criatura humana, seja qual
for a condição em se encontre, conquanto as imperfeições ou fraquezas que ainda
carregue, é um anjo em formação, caindo às vezes para levantar-se e aprender as
lições do Bem com mais segurança. E, segundo as leis de evolução, toda a
criatura, a fim de burilar-se, é chamada a esforço máximo, no qual a
dificuldade e o sofrimento estão incluídos por ingredientes de progresso e
sublimação.
Por isso mesmo, em quaisquer ocasiões, seja de alegria ou
inquietação, fracasso ou refazimento, se aspiramos a seguir para as vanguardas
de elevação e felicidade, amor e luz, só nos resta uma solução: trabalhar.
Do livro
Astronautas do Além, de Francisco Cândido Xavier e J.Herculano Pires -
Espíritos diversos
ANJO EM FORMAÇÃO
Irmão Saulo
Nossa mente fragmentária dificilmente compreende o ensino
espírita segundo o qual “tudo se encadeia no Universo”. O eu nos separa dos
outros, das coisas e dos seres. Sentimo-nos, apesar de todas as raízes que nos
prendem à terra e de todos os liames que nos amarram aos outros, como seres
independentes. Isolamo-nos na trincheira ilusória do nosso eu para enfrentar o
mundo e os homens. Não raro nos dispomos a enfrentar a Deus e aos anjos,
duvidando de tudo, como se a medida precária, a fita métrica da nossa razão
constituísse o fio de prumo da realidade universal.
Preferimos a afirmação de Protágoras de que o homem é a
medida de todas as coisas (e o homem nesse caso, somos nós e não os outros) à
lição platônica de que é Deus a medida única do todo. Essa atitude de
isolamento arrogante, que gera o orgulho e a vaidade, fecha-nos no peque-nino
universo do nosso eu particular. Daí a conhecida afirmação de Sartre,
característica do nosso tempo: “os outros são o inferno”. E como vivemos com os
outros, deles dependendo, a eles amarrados pela estrutura social e pela
dinâmica espiritual, sentimo-nos no inferno.
A mensagem de André Luiz, renovando a lição essencial do
Cristo, vem lembrar-nos que não somos apenas homens, mas anjos em formação.
Como homens sofremos porque nos situamos na zona intermediária da evolução,
entre os animais e os anjos. Nossas angústias, nosso tédio, nosso desespero
decorrem do conflito corpo-espírito. Mas nossas esperanças se alimentam das
claridades celestes que se acendem progressivamente em nossa alma. Nosso corpo
nos isola no mundo, mas nosso espírito nos liga a todas as coisas e a todos os
seres. Esse corpo se fecha nas sensações materiais, reduzidas à percepção
sensorial. Mas nosso espírito se abre nas emoções espirituais que nos dão a percepção
extra-sensorial.
A solução dos nossos problemas está assim em nós mesmos.
A fase de transição que hoje vivemos na Terra exige de nós a compreensão global
da vida. E o caminho para essa compreensão é o serviço ao próximo – que nos
liga aos outros – o desenvolvimento das nossas experiências através do
trabalho, a busca de uma visão nova da vida como processo evolutivo – em que os
fins imediatos são apenas meios para atingirmos a finalidade real da
existência.
Do livro Astronautas do Além, de Francisco Cândido Xavier
e J.Herculano Pires -
A BUSCA DO MELHOR
"Pedi e se vos dará; buscai e achareis; batei à
porta e se vos abrirá; porque todo aquele que pede recebe, quem procura acha, e
se abrirá àquele que bater à porta..." "... mas Deus lhe deu, a mais
do que ao animal, o desejo incessante do melhor, e é este desejo do melhor que
o impele à procura dos meios de melhorar sua posição..." (Cap. XXV, itens
1 e 2)
"Nenhum ser humano deseja ser infeliz
intencionalmente", pois nenhuma criatura ousa fazer alguma coisa de
propósito, a fim de que venha a sofrer ou a se tornar derrotada.
Quando agimos erroneamente, é porque optamos pelo que nos
parecia "melhor', conforme nossa visão, visto que todos os nossos
comportamentos estão alicerçados em nossa própria maneira de perceber a vida.
Sócrates afirmava que "ninguém que saiba ou acredite
que haja coisas melhores do que as que faz, ou que estão a seu alcance,
continua a fazê-las quando conhece a possibilidade de outras melhores".
A compreensão do "melhor" depende do
desenvolvimento de um raciocínio lógico para cada situação, e se dá na criatura
através de uma sequência progressiva, onde se leva em conta a maturidade
espiritual adquirida em experiências evolutivas no decorrer dos tempos.
Todos nós acumulamos informações, instruções, noções em
nossas multifárias vivências anteriores. A princípio, passamos a vivenciá-las
superficialmente. Aos poucos, vamos analisando-as e assimilando-as, entre
processos de reelaboração, para só depois passar a integrá-las em definitivo em
nós mesmos, isto é, incorporá-las por inteiro.
Em "fazer nosso melhor" está contido o quanto
de amadurecimento conseguimos recolher nas experiências da vida e também como
usamos e inter-relacionamos essas mesmas experiências quando deparamos com
fatos e situações no decorrer dos caminhos.
Fundamentalmente, somos agora o que de melhor poderíamos
ser, já que estamos fazendo conforme nossas possibilidades de interpretação,
junto aos outros e perante a vida, porque sempre optamos de acordo com nossa
"gradação evolutiva".
Perguntamo-nos, porém, quanto aos indivíduos que matam,
mentem, caluniam e fingem: porventura, um ladrão que assalta alguém não saberá
o certo, ou o justo? Desconhece o que está fazendo?
Instrução é conhecer com o intelecto e, portanto, não é a
mesma coisa que "saber com todo o nosso ser"; isto é, só integraremos
o "saber" de alguma coisa quando ela se encontrar completamente
"contida" em nós próprios. Aí, de fato poderemos dizer que aprendemos
e assimilamos totalmente.
Assim analisando, apenas o que sentimos em profundidade,
ou experimentamos vivenciando, é que é considerado o nosso "melhor".
Não o que lemos, não o que escutamos, não o que os outros ensinam, ou mesmo o
que tentam nos mostrar. Estar na "cabeça" não é o mesmo que
"estar na alma inteira".
Aparentemente, podemos julgar um ato como negativo, mas,
quando atingirmos o âmago da criatura e observarmos como ela foi educada, quais
valores recebeu na infância, o meio social em que cresceu, aí entenderemos o
que a motivou a agir daquela forma e o porquê daquele seu padrão
comportamental.
Obviamente que o nosso melhor de hoje sofrerá amanhã
profundas alterações. Aliás, a própria evolução é um processo que nos incita
sempre ao melhor, pois é propósito do Universo fazer-nos progredir cada vez
mais para nos aproximar da sabedoria plena.
A natureza humana tende sempre a compensar suas faltas e
insuficiências. Consta cientificamente que todo organismo está sempre buscando
se atualizar, ou se suprir, pois quando gasta energia tem sempre a necessidade
de recompor essa carência energética, expressando-se em algumas ocasiões com a
sensação da fome ou da sede.
Notamos que essa força que busca melhorar-nos, ou mesmo
contrabalancear-nos, é como se fosse uma "alavanca poderosa" que
tende sempre a atualizar-nos, mantendo-nos sempre no melhor equilíbrio
possível. Quando um pulmão adoece e deixa de funcionar, o outro pulmão faz a
função de ambos; assim também pode ocorrer com nosso rim.
Em outros casos, essa força interna tenta reparar os
deficientes visuais e auditivos, compensando-os com maior percepção,
sensibilidade e tato. Estruturas ósseas fraturadas se recompõem e se
solidificam mais fortalecidas no local exato onde houve a lesão.
Além disso, verifica-se que nosso sistema imunológico,
que é essa mesma força em ação, exerce grande influência sobre o organismo para
mante-lo no seu melhor desempenho, conservando a própria subsistência orgânica
através de mecanismos de autodefesa, com que elimina todos e quaisquer
elementos estranhos que possam vir a comprometê-lo.
Por definição, "processo de atualização" é a
capacidade de adaptação às novas necessidades, ou mesmo a modificação de
comportamento íntimo para melhores posturas, a fim de que se conserve a
individualidade integralizada.
Ao analisarmos as estruturas físicas, sistemas e órgãos
da constituição corpórea, veremos que funcionam por meio de uma atividade
perfeita de compensação, e que sempre impulsionam a criatura a manter-se
fisicamente melhor. Também sob o aspecto psicológico, esse fenômeno ocorre para
que todos nós possamos ajustar-nos diante da vida, de acordo com o nosso
"melhor". Todo nosso propósito íntimo é fundamentalmente bom, porque
ninguém consegue agir de modo diferente do que assimilou como certo ou
favorável.
A intenção dos seres humanos se baseia no cabedal de
capacidades e habilidades próprias, porém os meios de execução pelos quais eles
atuam são sempre questionáveis, pois outros indivíduos, nas mesmas situações,
tomariam medidas diferentes, baseados em seu "estágio evolutivo".
Ainda examinando essa questão, é imperativo dizer que,
quando estamos fazendo o nosso "melhor", agimos de acordo com o que
sabemos nesse exato momento e, dessa forma, a Providência Divina estará nos
protegendo. Porém, quando propositadamente não correspondemos com atos e
atitudes ao nosso grau de justiça e conhecimento, passamos a não mais receber
"condescendência espiritual", visto que transgredimos os limites das
leis naturais que nos amparam e sustentam.
Escreveu o apóstolo Pedro que "Deus julga a cada um
de acordo com suas obras". Tais palavras poderão ser interpretadas como a
certeza de sermos avaliados pelo "Poder Divino" segundo nossa
capacidade de escolha, ou seja, levando-se em conta nosso conjunto de funções
mentais e espirituais, bem como a nossa aptidão racional de fazer, decidir,
analisar e tomar decisões.
As nossas "obras", as quais são referenciadas
no texto evangélico, não são edifícios de alvenaria, perecíveis e passageiros;
são nossas construções íntimas - o "maior potencial" que já
conquistamos ou consequimos atingir, em todos os sentidos da vida.
Isso equivale a dizer que o nosso "melhor" será
sempre o ponto-chave na apreciação e no cálculo da "Contabilidade
Divina", ao registrar se os "céus nos ajudarão", se
"acharemos o que buscamos", se "as portas se abrirão" ou se
"peranecerão fechadas".
Livro: Renovando Atitudes - Hammed – Francisco do
Espírito Santo Neto
ROGATIVA DAS MÃOS
Cap. XXV - Item 3 - ESE
1- Nascemos com
você para a realização de sua tarefa.
Não nos deixe
desocupadas.
2- Evite usar-nos
em bebidas e alimentos impróprios.
Não nos
obrigue a impor-lhe o suicídio.
3- Não se queixe
do mundo.
Em verdade,
não conseguimos apanhar estrelas, mas podemos plantar flores.
4- É possível que
você tenha necessidade de estender-nos algumas vezes para pedir.
Antes, porém,
dirija-nos ao trabalho, para que venhamos a merecer.
5- Refere-se você
à genialidade do cérebro.
Entretanto,
sem nós, a Torre Eiffel ficaria em projeto e as sinfonias de Beethoven não
passariam de sonho.
6- Orgulha-se você
de muitas máquinas.
Contudo, sem a
nossa cooperação, seriam elas inúteis
7- Você diz que a
manutenção da própria existência está pela hora da morte.
Mas, se você
quiser, cultivaremos feijão, arroz, milho ou batatas e enriqueceremos a vida.
8- Lamenta-se você
quanto à falta de empregados.
Não olvide,
porém, que é um insulto exigir dos outros aquilo que podemos fazer por nós
mesmos.
9- Afirma-se você
sem tempo para ajudar, mas despende longas horas em conversações sem proveito.
Recorde que
Deus não nos confiou a você para sermos guardadas no bolso ou para sermos
dependuradas em janelas e postes, poltronas e balaústres
10-Em muitas ocasiões você sai na sombra da tristeza ou
do desânimo, conservando a cabeça como pote de fel.
Entretanto, se
você colocar-nos no serviço do bem, vazaremos suas mágoas através do suor, e você
sorrirá cada instante, encontrando a alegria de viver em forma de nova luz.
André Luiz - Do
livro O Espírito da Verdade. Psicografia de Waldo Vieira.
NOS PRIMEIROS TEMPOS
Francisco C. Xavier
Alguns companheiros iniciantes nas tarefas espíritas
estiveram conosco pela manhã. O tema principal de nossa conversação foi a
mediunidade nos primeiros tempos de prática. Falávamos da necessidade de
orientação e esclarecimento a respeito, destacando os estudos e as observações
de Allan Kardec. De quando em quando, fixávamo-nos na indagação: Como começar?
Nossos comentários se alongaram. Quando nos decidimos à
prece em conjunto, em ligeira reunião de estudos, O Evangelho Segundo o
Espiritismo nos ofereceu o item 3 do capítulo XXV, que comentamos em animado
diálogo. Chegando ao final de nossa tarefa, nosso amigo espiritual André Luiz
escreveu a página Começo Mediúnico.
Do livro Amanhece.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
COMEÇO MEDIÚNICO
André Luiz
"Se você deseja cooperar com os Bons Espíritos na
Causa do Bem, não exija mediunidade espetacular.
Procure engajar-se numa equipe de criaturas dedicadas à
compreensão e ao auxílio em favor do próximo.
Estude, agindo para colaborar com mais segurança.
Comece na certeza de que você precisa muito mais dos
outros que os outros de você.
Não se queixe nem acuse a ninguém.
Se esse ou aquele companheiro lhe experimenta a humildade
ou a paciência, ao invés de lamentar-se, agradeça a oportunidade de aprender e
progredir.
Não olvide que você se encontra em atividade do Plano
Espiritual, numa construção de paz e amor.
Para ser canal do bem, é preciso ajustar-se ao
reservatórios do bem.
Os mensageiros da Bênção de Deus, para abençoarem por seu
intermédio, esperam que você igualmente abençoe.
Quando você estiver trabalhando e auxiliando, entendendo
que mediunidade com Jesus é serviço ao próximo, encontrará o seu próprio
caminho e a sua própria orientação na intimidade dos Benfeitores Espirituais,
compartilhando-lhes a paz e a alegria que decorrem do bem aos outros, que é e será
o Bem de Todos para sempre."
Do livro Amanhece. Psicografia de Francisco Cândido
Xavier.
INDAGAÇÕES
Quantas indagações estavam no ânimo dos companheiros,
antes das nossas tarefas, naquela noite, eu não saberia dizer.
Por que a enfermidade, às vezes sem explicação? Como
enfrentar desilusões junto de amigos que pareciam inalteráveis? De que maneira
interpretar as dificuldades orgânicas, por vezes até mesmo certas mutilações em
criaturas inteligentes?
Como superar os problemas que se enfileiram na existência
de cada criatura na Terra, como se cada um estivesse a esperar pela solução do
anterior a fim de aparecer?
Nesse clima, a execução do programa de trabalho começou
para o nosso grupo. Aberto O Evangelho Segundo o Espiritismo, surgiram os itens
3 e 4 do capítulo XXV para as nossas reflexões. E foi o nosso amigo André Luiz
quem escreveu a, página da noite, intitulada Não Tema, em que sinto um
apontamento de consolo e de alerta para o nosso ânimo geral, nas lutas
construtivas do dia a dia.
Do livro
Astronautas do Além, de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires
NÃO TEMA
André Luiz
"Não tema, creia somente" - diz o Senhor.
Creia na harmonia, na justiça, na verdade, no bem...
Somos
livres, sob a proteção de leis vigilantes.
Deus não se ausenta.
Por isso, quanto nos aconteça é sempre o melhor do que
nos mostremos capazes de receber.
Em muitas ocasiões a enfermidade inesperada no corpo é
apoio antecipado às necessidade da alma; a afeição que nos deixa é amputação no
mundo afetivo para que possamos sobreviver naquilo que estejamos fazendo de
mais útil; o desejo contrariado é providência contra perigo invisível; a
inibição orgânica é recurso para a condensação de nossas energias em auxílio à
realização de tarefa determinada; o prejuízo é comunicado prévio para que não
se caia em débitos insolvíveis; a penúria material é desafio a que nos
levantemos para o trabalho.
Não desfaleça na prova que a vida lhe trouxe.
A Terra é um educandário em cujas lições somos todos
alunos e examinadores uns dos outros.
Hoje é possível esteja sofrendo o cerco de numerosos
problemas, entretanto, se você atende às instruções do amor, que nos traçam
caminho certo entre as margens da humildade e do serviço, encontrará você o
rumo exato de todas as soluções.
Para isso, porém, é necessário que você não permaneça no
canto da inércia, colecionando pedras e espinhos que lhe pesem no coração ou
lhe firam a alma.
Esqueça tudo o que foi tristeza ou desequilíbrio e entre
no sistema de ação edificante que nos reforma o destino.
Todos os que lutaram e venceram, todos os que tombaram na
sombra e se reergueram para a luz, sofrendo, lutando, construindo e renovando,
nunca deixaram de trabalhar.
Nota: Os itens mencionados de O Evangelho Segundo o
Espiritismo ensinam que o trabalho é uma exigência natural da evolução do homem
e que os espíritos não vêm libertar-nos do esforço próprio na solução dos
nossos problemas, mas apenas monstra-nos “o alvo que devemos atingir e a rota a
que ele nos conduz”.
Do livro
Astronautas do Além, de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires
RESPOSTAS
Irmão Saulo
As respostas às indagações formuladas pelos visitantes de
Chico Xavier foram dadas por André Luiz que, por sinal, revestiu de novas
palavras e nova forma de expressão os ensinos espíritas sobre a finalidade da
vida humana na Terra. Os Espíritos do Senhor são bons professores e não se
cansam de repetir as lições para os alunos desatino, revestindo-as das mais
diferentes roupagens a fim de atingirem a compreensão de todos. O Educandário
da Terra é orientado pela Pedagogia do Céu cujo método fundamental é o amor.
Frederic Myers, o famoso psicólogo inglês, em seus
estudos sobre a personalidade humana, verificou que a nossa consciência se
divide em duas partes essenciais: a supraliminar e a subliminar. Encontrou isso
nos seus estudos espíritas, confirmados por suas pesquisas hipnóticas. A
consciência supraliminar é a que utilizamos no mundo, adaptada às exigências da
vida material. A consciência subliminar é a que se destina ao mundo espiritual,
onde teremos de viver depois da morte.
Podemos figurar a consciência como uma esfera cortada ao
meio, uma laranja partida em duas metades. Esse corte é o limiar. A metade que
fica acima dele é a que Myers chamou de supraliminar; a que fica abaixo é a
subliminar. A parte de cima está cheia de indagações sobre a vida e a morte. A
parte de baixo encerra todas as respostas. Porque a vida no mundo é um
aprendizado e para aprender, temos de enfrentar muitos problemas e procurar
resolvê-los. Na consciência subliminar – a parte de baixo – armazenamos o
aprendizado feito em várias encarnações. Mas esse aprendizado não está completo
e é por isso que voltamos ao Educandário Terreno. Quando uma prova difícil
desafia a consciência supraliminar, a consciência de baixo, a subliminar, a
socorre com os recursos provenientes das experiências anteriores.
Mas a consciência subliminar – a de baixo – é a que está
em ligação com o mundo espiritual, adaptada a ele e não ao mundo terreno. Por
isso, a Parapsicologia hoje nos mostra que a percepção extrasensorial provém do
inconsciente. E é por intermédio dessa consciência interna e profunda que os
Espíritos nos socorrem com suas intuições. Meditando sobre isso,
compreenderemos melhor a lição de André Luiz: “A Terra é um educandário em
cujas lições somos todos alunos e examinadores uns dos outros”.
Do livro Astronautas do Além, de Francisco Cândido Xavier
e J. Herculano Pires -
BENFEITORES E
BÊNÇÃOS
Confiemos nos benfeitores e nas bênçãos que nos
enriquecem os dias, sem no entanto, esquecer as próprias obrigações, no
aproveitamento do amparo que nos ofertam.
Pais abnegados da
Terra, que nos propiciam o ensejo da reencarnação, por muito se façam
servidores de nossa felicidade, não nos retiram da experiência de que somos carecedores.
Mestres que nos
arrancam às sombras da ignorância, por muito carinho nos dediquem, não nos
isentam do aprendizado.
Amigos que nos
reconfortam na travessia dos momentos amargos, por mais nos estimem, não nos
carregam a luta íntima.
Cientistas que nos
refazem as forças, nos dias de enfermidade, por mais que nos amem, não usam por
nós a medicação que as circunstâncias nos aconselham.
Instrutores da
alma que nos orientam a viagem de elevação, por muito nos protejam, não nos
suprimem o suor da subida moral.
Ninguém vive sem a
cooperação dos outros.
Encontramo-nos,
porém, à frente do amor de que todos somos necessitados, assim como o vegetal,
diante do apoio da Natureza. A planta não se cria sem ar, não medra sem sol,
não dispensa o auxílio da terra e não prospera sem água, mas deve produzir por
si mesma.
Assim também, no
reino do espírito.
Todos temos
problemas reclamando o concurso alheio, mas ninguém pode forjar a solução do
esforço para o bem que depende exclusivamente de nós.
Livro: Estude E Viva - Francisco Cândido Xavier E Waldo
Vieira Pelos Espíritos Emmanuel E André Luiz
RESGUARDE-SE
Resguarde-se
dos tentáculos do
desânimo, com a prece sincera;
das arremetidas da
sombra, com a vigilância efetiva;
dos ataques do
medo, com a luz da meditação;
dos miasmas do
tédio, com o serviço incessante;
das nuvens da
ignorância,com a bênção do estudo;
das labaredas da
revolta, com a fonte da confiança;
das armadilhas do
fanatismo, com a fé raciocinada;
das águas mortas
do estacionamento, com o trabalho constante e desinteressado
no bem.
Cada espírito traz
em si as forças ofensivas do mal e os recursos defensivos do
bem, na marcha da evolução.
A vitória do bem,
conquanto seja fatal, depende, pois do livre arbítrio de cada um.
Assim sendo, para
a sua felicidade, resguarde-se de toda contemporização com os enganos que nascem de você mesmo,
Estude E Viva - Francisco Cândido Xavier E Waldo
Vieira Emmanuel E André Luiz
CONFIRMAÇÃO DO SONHO
Em nossa reunião da noite, O Evangelho Segundo o
Espiritismo nos dera para estudo o item 4 do capítulo XXV, referente à
necessidade do trabalho como recurso de aperfeiçoamento e evolução. Tivemos os
comentários habituais. Após a reunião tive de ir a um telefone público no
centro da cidade. E na rua fui abordado por um companheiro que até então não
conhecia.
Disse-me ele estar chegando da cidade de Ribeirão Preto e
declarou-se em grande desalento. Desejava uma palavra do Alto e me informou
haver sonhado, na noite da véspera, com o poeta Juca Muniz de quem fora amigo
em Salesópolis, Estado de São Paulo, dando-lhe respostas a várias perguntas.
Surpreendido pelo que ouvia e trazendo no bolso o
original da mensagem que recebera na sessão, momentos antes, do referido poeta,
dei ciência ao companheiro do que ocorrera e lemos juntos a comunicação do
amigo espiritual. O recém-chegado de Ribeirão Preto, de sorriso nos lábios,
disse que aceitava a mensagem como sendo exclusivamente para ele.
Dei-lhe o original psicografado, mas tiramos a cópia a
fim de enviá-la para publicação. Registro o acontecido na certeza de que os
Amigos Espirituais organizaram a ocorrência para reconforto do nosso irmão em
prova. Agradeço desde já a sua valiosa contribuição, caro Professor, nas
observações doutrinárias que fizer para a nossa edificação geral.
Do livro Diálogo
dos Vivos. Francisco Cândido Xavier e J.
Herculano Pires.
RESPOSTAS DE AMIGO
Juca Muniz
Jamais te digas inútil
E deixa a idéia do azar,
Cada pessoa no mundo
Tem um dom a partilhar.
Escuta!... O Céu nota e vê
O teu passo hora por hora...
Deus necessita de ti
Onde te encontras agora.
Prova na escola da vida,
Ensino que vai e vem...
Desânimo não resolve,
Nem auxilia a ninguém.
Felicidade, a rigor,
Tal qual se busca entender;
É a gente dar-se, de todo,
Ao que se deve fazer.
Se queres paz e alegria
Ouve este aviso comum:
Não desistas do trabalho,
Nem guardes remorso algum
O que tens, seja alegria,
Saúde, corpo doente,
Encargo, inércia, penúria,
Tudo começa na mente.
Qualquer recurso no tempo,,
Alegria, luz e paz,
Treva, aflição, amargura,
Vem daquilo que se faz.
Trabalha. Nada reclames.
Desajustes passarão.
Serviço silencioso
É base de promoção.
Do livro Diálogo dos Vivos. Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires.
ENCONTRO NO ALÉM
Irmão Saulo
Os estudos de Freud sobre os sonhos marcam um momento
significativo na evolução dos estudos psicológicos modernos. Sem querer e até
mesmo sem o perceber, o gênio vienense batia na porta certa do castelo da alma.
O ceticismo de Freud não lhe permitiu entrar pela porta, mas coube ao seu
discípulo Karl Jung aventurar alguns passos nesse sentido. Jung era médium e
relata episódios curiosos nas suas memórias, referentes a fenômenos mediúnicos
ocorridos com ele na presença do mestre. Hoje, psicanalistas mais audaciosos,
como Jean Ehrenwald, apoiados na franquia parapsicológica, investigam os sonhos
para-normais e procuram utilizá-los na clínica.
Kardec – quando Freud estava ainda na primeira infância –
realizou pacientes e profundas investigações sobre a libertação da alma durante
o sono. Esse trabalho, realizado na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas,
foi publicado na Revista Espírita e pode hoje ser consultado pelos estudiosos.
A coleção da Revista, em 12 volumes, foi traduzida integralmente pelo Eng.º
Júlio Abreu Filho e editada em São Paulo pela Edicel.
Chico Xavier recebeu psicograficamente, na série Nosso
Lar, de André Luiz, e em outros escritos, descrições curiosas dos espíritos
sobre a influência espiritual em nossas vidas através dos sonhos. E o episódio
que nos relata constitui uma prova espontânea da legitimidade da teoria
espírita dos sonhos, constante de O Livro dos Espíritos. Uma prova a mais, pois
na verdade são muitas as provas espontâneas dadas em todo o mundo.
Como vemos no episódio citado, o poeta Juca Muniz atendeu
aos apelos do amigo através do sonho. E para confirmar o sonho, psicografou os
seus versos pela mediunidade de Chico Xavier, antes que aquele chegasse a
encontrar-se com o médium. As tentativas de explicação telepática desse
episódio só podem partir de pessoas sectárias. As provas parapsicológicas dos
fenômenos theta e a identificação do poeta comunicante desfazem a hipótese de
telepatia.
Do livro Diálogo dos Vivos. Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires.
SE VOCÊ QUISER
Cap. XXV - Item 5 - ESE
Diz você que o mundo é um amontoado de males infinitos.
Entretanto, se você quiser construir o bem na própria
alma, respirará, desde agora, na faixa do mundo melhor que surgirá em si mesmo.
Diz você que a casa onde reside é uma forja de sofrimento
pela incompreensão dos familiares que lhe ignoram os idéias; contudo, se você
quiser servir com paciência e bondade, ajudando a cada um sem reclamar
retribuição, embora pouco a pouco, passarão todos eles a conhecer-lhe os
princípios, através de seus atos, convertendo-se-lhe o lar em ninho de bênçãos.
Diz você que a ingratidão mora em seu campo de trabalho,
transfigurando-o em lugar de suplício, mas se você quiser consagrar-se ao
próprio dever, com humildade e tolerância, observará que o seu exemplo
granjeará o respeito e o carinho dos outros, transformando-se-lhe a tarefa em
manancial de alegria.
Diz você haver perdido a fé, ante aqueles que ensinam a
virtude sem praticá-la, no entanto, se você quiser, cumprirá com tanto
devotamento as próprias obrigações, que a fé lhe brilhará no coração, por fonte
de júbilo intransferível.
Diz você que não dispõe de recursos para ajudar ao
companheiro em luta maior, mas se você quiser repousar menos alguns minutos, em
seus lazeres de cada dia, poderá converter algumas horas, cada semana, em
auxílio ou consolação para os semelhantes, conquistando a simpatia e o concurso
de muita gente.
Não se queixe em circunstância alguma.
Lembre-se de que a vida e o tempo são concessões de Deus
diretamente a você, e, acima de qualquer angústia ou provação, a vida e o tempo
responderão a você com a bênção da luz ou com a experiência da sombra, como
você quiser.
André Luiz - Do livro O Espírito da Verdade. Francisco C Xavier e Waldo Vieira.
ISTO É SER
SOLIDÁRIO!
Jorge era um desses meninos “elétricos”.
Em época de férias escolares, o dia parecia curto para
brincar de tudo quanto queria: jogar bola, empinar pipa, brincar de esconde-esconde,
jogar bolinha de gude, …
– Haja energia – costuma comentar sua mãe.
Jorge também adorava animais, tanto que se fazia
acompanhar sempre de sua cachorrinha Tetê.
Tetê tinha pelos brilhantes e um olhar afetuoso.
Certo dia, Jorge foi passear em uma feira de legumes,
verduras e frutas que ficava um pouco distante do seu bairro, na intenção de
ajudar alguma senhora a carregar sua sacola de compras. Em dado momento, sentiu
falta de Tetê.
– Tetê! Tetê! – chamou apreensivo.
– Tetê! Tetê! – continuo a chamar Jorge.
Ninguém a vira. Procurou o dia todo pela sua amiguinha
Tetê, sem resultado. A noite sobreveio, impedindo-o de continuar a busca.
No dia seguinte, Jorge andou desolado pelas ruas,
chamando por Tetê. Em determinada hora, deu-se conta de ter chegado a uma rua
que desconhecia.
Foi então que ouviu o choro de alguém. Olhou a sua volta
e viu um menino a chorar.
– Por que você está chorando? – perguntou Jorge.
– Minha bola novinha, que acabei de ganhar, caiu naquele
buraco e não consigo pegá-la!…
– Eu me chamo Jorge! Qual é o seu nome?
– Meu nome é Hélio, mas pode me chamar de Helinho.
– Helinho, não se preocupe, eu vou ajudá-lo a recuperar
sua bola!
– Mas o buraco é estreito e parece muito fundo. É escuro
e vai ser impossível descer até a bola.
– Não se preocupe – disse Jorge.
Habilidoso e esperto, Jorge pediu uma corda comprida e
resistente ao novo amigo, deu alguns nós, amarrou uma ponta a uma árvore e outra
jogou para dentro do buraco.
Helinho compreendeu o plano: Jorge ia descer até o fundo
em busca da bola.
Jorge pediu a Helinho que cuidasse da corda pôs-se a
descer, com muita cautela.
A bola foi imediatamente encontrada, pois o buraco não era
tão fundo quanto haviam imaginado.
Ao se preparar para subir, Jorge ouviu um gemido. Dirigiu
o olhar para o local de onde viera o som do gemido e pareceu vislumbrar um
vulto. Tateou naquela direção e quase não coube em si de tanta alegria: era sua
cachorrinha Tetê!
A cachorrinha, que se perdera no dia anterior, caiu no
buraco e se machucou, a ponto de não poder latir ou se mexer. Por isso, ela
gemia.
Helinho ficou muito feliz com sua bola e agradeceu a
ajuda de Jorge.
E Jorge, não menos feliz, foi para casa levando sua Tetê
nos braços. E lá chegando, tratou de sua amiga com muito carinho e poucos dias
depois os dois brincavam alegremente com a amiga Carol.
DANILO E O
PASSAGEIRO DO ÔNIBUS
Logo que o pequeno Danilo aprendeu a falar, sua mãe começou
a ensinar-lhe boas maneiras.
Aos poucos, o menino foi se familiarizando com as
expressões “por favor”, “obrigado”, “com licença”, “desculpe” e outras, que
tornam a vida bem mais agradável.
Um dia a mãe de Danilo convidou-o para um passeio a um
lugar muito bonito, que ele sempre quis conhecer. O menino ia fazer aniversário
dentro de alguns dias e esse passeio era o presente que ele queria ganhar.
Entraram num ônibus e ao caminharem pelo corredor
procurando lugar, o motorista deu partida bruscamente, o que fez Danilo cambalear
e pisar o pé de um senhor.
Imediatamente, o senhor puxou o pé, contrariado.
– Desculpe senhor… Foi sem querer… – disse Danilo.
O senhor logo sorriu. Os demais passageiros olharam para
o garotinho e sorriram também. Todos estavam admirados de ver uma criança tão
pequena falar com tanta delicadeza.
Ao vagar dois lugares, Danilo e o senhor se acomodaram.
– Como é seu nome? Perguntou, sorrindo.
– Danilo Monaro – foi a resposta do menininho.
– Que idade você tem?
– Cinco anos! Mas vou completar seis anos dentro de
algumas semanas.
– Em que dia você faz aniversário? Tornou o senhor.
Danilo deu-lhe a data.
– Onde é que você mora?
Danilo deu-lhe o endereço.
Todos os passageiros do ônibus prestavam atenção àquela
curiosa conversa e sorriam ao olhar aquele menininho educado e risonho.
Alguns dias se passaram. No dia de seu aniversário,
Danilo recebeu, surpreendido, um pacote com um cartãozinho escrito com letra forte:
“Do seu amigo do ônibus”.
O pacote continha um presente, mas o cartão não tinha
nenhuma assinatura.
Os anos se foram passando e, por incrível que pareça,
Danilo continuou recebendo em cada ano um presente de aniversário, “De seu
amigo do ônibus”, até completar 18 anos. Era então um bonito jovem, muito
gentil, mas continuava ainda sem saber quem era o “amigo desconhecido”, que
havia conquistado num ônibus, há quase doze anos.
Foi nessa época que houve grande escassez de leite na
cidade onde morava Danilo. O jovem tinha de levantar muito cedo para comprar
leite para a mamadeira do irmãozinho e voltava, muitas vezes, de mãos abanando.
Naquele dia havia sido assim e preocupado com a situação,
Danilo telefonou para a indústria de laticínios:
– Por favor, tenho um irmãozinho de colo que precisa de
leite, com urgência! O senhor pode fazer alguma coisa?
– Lamento muito – respondeu -, o leite está muito
escasso. Nosso caminhão entregará só dentro de três dias.
– Três dias?!… Meu irmãozinho não pode espera tanto,
senhor.
– Lamento… – tornou a voz – está difícil… Em todo o caso,
qual é o seu nome?
– Danilo Monaro. Por favor, ajude-nos!
Uma hora mais tarde, um automóvel parou em frente à casa
de Danilo. O motorista bateu à porta e perguntou:
– É aqui que mora Danilo Monaro?
– Sim, sou eu mesmo.
– Trouxe-lhe três litros de leite.
– Quem mandou?
O motorista entregou-lhe um envelope.
Danilo abriu-o rapidamente e encontrou um cartão com as
palavras: “De seu amigo do ônibus”.
Danilo quase não podia acreditar. Então o seu
desconhecido amigo de tantos anos era o dono da indústria de laticínios! E
sorriu, feliz. Agora poderia agradecer-lhe todos os presentes que havia
recebido, desde o dia em que, ainda garotinho, ao entrar em um ônibus, havia
dito ao senhor cujo pé pisara:
– Desculpe senhor… Foi sem querer…
O SERVO FELIZ
Certo dia chegaram ao Céu um Marechal, um Filósofo, um
Político e um Lavrador.
Um Emissário Divino
recebeu-os, em elevada esfera, a fim de ouvi-los.
O Marechal aproximou-se, reverente, e falou:
- Mensageiro do
Comando Supremo, venho da Terra distante.
- Conquistei
muitas medalhas de mérito, venci numerosos inimigos, recebi várias homenagens
em monumentos que me honram o nome.
- Que deseja em troca de seus grandes serviços? – indagou
o Enviado.
- Quero entrar no céu.
O Anjo respondeu
sem vacilar:
- Por enquanto,
não pode receber a dádiva. Soldados e adversários, mulheres e crianças
chamam-no insistentemente da Terra. Verifique o que alegam de sua passagem pelo
mundo e volte mais tarde.
O Filósofo acercou-se do preposto divino e pediu:
- Anjo do Criador
Eterno, venho do acanhado círculo dos homens. Dei às criaturas muita matéria de
pensamento. Fui laureado por academias diversas. Meu retrato figura na galeria
dos dicionários terrestres.
- Que pretende
pelo que fez? – perguntou o Emissário.
- Quero entrar no
Céu.
- Por agora, porém
– respondeu o mensageiro sem titubear -, não lhe cabe a concessão. Muitas
mentes estão trabalhando com as idéias que você deixou no mundo e reclamam-lhe
a presença, de modo a saber separar-lhe os caprichos pessoais da inspiração sublime.
Regresse ao velho posto, solucione seus problemas e torne oportunamente.
O Político
tomou a palavra e acentuou:
- Ministro do Todo
Poderoso, fui administrador dos interesses públicos. Assinei várias leis que
influenciaram meu tempo. Meu nome figura em muitos documentos oficiais.
- Que pede em compensação? – perguntou o Emissário do
Alto.
- Quero entrar no Céu.
O Enviado, no entanto, respondeu, firme:
- Por enquanto, não pode ser atendido. O povo mantém opiniões
divergentes a seu respeito. Inúmeras pessoas pronunciam-lhe o nome com amargura
e esses clamores chegam até aqui. Retorne ao seu gabinete, atenda às questões
que lhe interessam a paz íntima e volte depois.
Aproximou-se então, o Lavrador e falou, humilde:
- Mensageiro de Nosso Pai, fui cultivador da terra...
plantei o milho, o arroz, a batata e o feijão. Ninguém me conhece, mas eu tive
a glória de conhecer as bênçãos de Deus e recebe-las, nos raios do Sol, na
chuva benfeitora, no chão abençoado, nas sementes, nas flores, nos frutos, no
amor e na ternura dos meus filhinhos...
O Anjo sorriu e
disse:
- Que prêmio deseja?
O Lavrador pediu, chorando de emoção:
- Se nosso Pai
permitir, desejaria voltar ao campo e continuar trabalhando. Tenho saudades da
contemplação dos milagres de cada dia... A luz surgindo no firmamento nas horas
certas, a flor desabrochando por si mesma, o pão a multiplicar-se!... Se puder,
plantarei o solo novamente para ver a grandeza divina a revelar-se no grão,
transformado em dadivosa espiga... Não aspiro a outra felicidade se não a de
prosseguir aprendendo, semeando, louvando e servindo!...
O Mensageiro Espiritual abraçou-o e exclamou, chorando
igualmente, de júbilo:
- Venha comigo! O Senhor deseja vê-lo e ouvi-lo, porque
diante do Trono Celestial apenas comparece quem procura trabalhar e servir sem
recompensa.
Francisco Cândido Xavier, obra Alvorada Cristã. Ditado pelo Espírito
Neio Lúcio.
A CONTA DA VIDA
Quando Levindo completou vinte e um anos, a Mãezinha
recebeu-lhe os amigos, festejou a data e solenizou o acontecimento com grande
alegria.
No íntimo, no entanto, a bondosa senhora estava triste,
preocupada.
O filho, até à maioridade, não tolerava qualquer
disciplina. Vivia ociosamente, desperdiçando o tempo e negando-se ao trabalho.
Aprendera as primeiras letras, a preço de muita dedicação materna, e lutava
contra todos os planos de ação digna.
Recusava bons conselhos e inclinava-se, francamente, para
o desfiladeiro do vício.
Nessa noite, todavia, a abnegada Mãe orou, mais
fervorosa, suplicando a Jesus o encaminhasse à elevação moral. Confiou-o ao
Céu, com lágrimas, convencida de que o Mestre Divino lhe ampararia a vida
jovem.
As orações da devotada criatura foram ouvidas, no Alto,
porque Levindo, logo depois de arrebatara pelas asas do sono, sonhou que era
procurado por um mensageiro espiritual, a exibir largo documento na mão.
Intrigado, o rapaz perguntou-lhe a que devia a surpresa
da semelhante visita.
O emissário fitou nele os grandes olhos e respondeu:
- Meu amigo, venho trazer-te a conta dos seres
sacrificados, até agora, em teu proveito.
- Até hoje, para sustentar-te a existência, morreram,
aproximadamente, 2.000 aves, 10 bovinos, 50 suínos, 20 carneiros e 3.000 peixes
diversos. Nada menos de 60.000 vidas do reino vegetal foram consumidos pela
tua, relacionando-se as do arroz, do milho, do feijão, do trigo, das várias
raízes e legumes. Em média calculada, bebeste 3.000 litros de leite, gastaste
7.000 ovos e comeste 10.000 frutas. Tens explorado fartamente as famílias de
seres do ar e das águas, de galinheiros e estábulos, pocilgas e redis. O preço
dos teus dias nas hortas e pomares vale por uma devastação. Além disto, não
relacionamos aqui os sacrifícios maternos, os recursos e doações de teu pai, os
obséquios dos amigos e as atenções de vários benfeitores que te rodeiam. Em
troca, que fizeste de útil? Não restituíste ainda à Natureza a mínima parcela
de teu débito imenso. Acreditas, porventura, que o centro do mundo repousa em
tuas necessidades individuais e que viverás sem conta nos domínios da Criação?
Produze algo de bom, marcando a tua passagem pela Terra. Lembra-te de que a
própria erva se encontra em serviço divino. Não permitas que a ociosidade te paralise
o coração e desfigure o espírito!...
O moço, espantado, passou a ver o desfile dos animais que
havia devorado e, sob forte espanto, acordou...
Amanhecera.
O sol de ouro como que cantava em toda parte um hino
glorioso ao trabalho pacífico.
Levindo escapou da cama, correu até à genitora e
exclamou:
- Mãezinha, arranje-me serviço! Arranje-me serviço!...
- Oh! meu filho – disse a senhora num transporte de
júbilo -, que alegria! Como estou contente!... Que aconteceu?
E o rapaz, preocupado, informou:
- Nesta noite passada, eu vi a conta da vida.
Saí em diante, converteu-se Levindo num homem honrado e
útil.
Francisco Cândido
Xavier. Da obra: Alvorada Cristã. Ditado pelo Espírito Neio Lúcio.
CONVITE À REFLEXÃO
- "Batei e abrir-se-vos-á." (Mateus: capítulo
7º, versículo 7.)
"Se eu soubesse!...
"Agora é tão tarde!...
"Por um pouco!...
"Não tive oportunidade...
"Confesso que eram boas as minhas intenções...
"Não recuarei, nunca!
"Tudo está arruinado, agora!
"Perdi, e desisto!
"Só há uma saída: a morte!"
Estes e muitos outros conceitos são arrolados para se
justificarem fracassos e rebeldias nos empreendimentos da vida.
Expressões derrotistas e fraseologia de lamentação
deplorável são apresentadas a fim de traduzir os estados dalma, vencida, em
atitude mórbida como "a lavar as mãos" ante as ocorrências que
resultam dos insucessos na luta.
Na maioria das vezes, no entanto, tais cometimentos
infelizes decorrem da ausência de ponderação como conseqüência dos engodos a
que o homem se permite por ambição desmedida ou precipitação.
Paulatinamente o salutar exercício da reflexão é
marginalizado e a criatura, mesmo ante a severidade das lições graves, não
recua à meditação de cujo labor poderia armazenar valiosa colheita.
Antes, portanto, de agir, reflete; após atuar,
reflexiona.
A reflexão ensina a entesourar incomparáveis jóias de paz
e incorruptíveis bens que ninguém ou nada pode tomar ou destruir.
Em qualquer circunstância, pois, reflexão! Ela te
conceberá o sol da harmonia a benefício da iluminação interior, se lhe bateres
à porta e aguardares que seja aberta.
FRANCO, Divaldo Pereira. Convites da Vida. Joanna de Ângelis. LEAL. Cap 47.
AJUDA TE E O CÉU TE AJUDARÁ
AJUDE A VOCÊ MESMO
Não ambicione do seu vizinho senão os dons excelentes que lhe exornam o espírito.
Não permita que os dissabores governem o leme de seu destino.
Não entregue o templo de sua memória às más impressões.
Não retire sua experiência dos fundamentos espirituais.
Não se esqueça de que o ideal superior, objeto de sua admiração, deve corporificar-se em seus caminhos.
Não se prenda ao mal; no entanto, não se desvie das obrigações de fraternidade para com aqueles que foram atingidos pelo mal.
Não apague o archote da fé em seus dias claros, para que não falte luz a você nos dias escuros.
Não fuja às lições da estrada evolutiva, por mais difíceis e dolorosas, a fim de que a vida, mais tarde, lhe abra o santuário da sabedoria.
Não lhe falte tempo para cultivar o que é belo, eterno e bom.
Não olvide que a justiça institui a ordem universal, mas só o amor dilata a obra divina.
XAVIER, Francisco Cândido. Agenda Cristã. Pelo Espírito André Luiz.Cap 49.
AJUDE SEMPRE
Diante da noite, não acuse as trevas. Aprenda a fazer lume.
Em vão condenará você o pântano. Ajude-o a purificar-se.
No caminho pedregoso, não atire calhaus nos outros. Transforme os calhaus em obras úteis.
Não amaldiçoe o vozerio alheio. Ensine alguma lição proveitosa, com o silêncio.
Não adote a incerteza, perante as situações difíceis. Enfrente-as com a consciência limpa.
Debalde censurará você o espinheiro. Remova-o com bondade.
Não critique o terreno sáfaro. Ao invés disso, dê-lhe adubo.
Não pronuncie más palavras contra o deserto. Auxilie a cavar um poço sob a areia escaldante.
Não é vantagem desaprovar onde todos desaprovaram. Ampare o seu irmão com a boa palavra.
É sempre fácil observar o mal e identificá-lo. Entretanto, o que o Cristo espera de nós outros é a descoberta e o cultivo do bem para que o Divino Amor seja glorificado.
XAVIER, Francisco Cândido. Agenda Cristã. Pelo Espírito André Luiz. Cap 12.
VÓS, PORTANTO...
"Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que, pelo engano dos homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados e descaiais da vossa firmeza." - Pedro. (II PEDRO, 3:17.)
O esclarecimento íntimo é inalienável tesouro dos discípulos sinceros do Cristo.
O mundo está cheio de enganos dos homens abomináveis que invadiram os domínios da política, da ciência, da religião e ergueram criações chocantes para os espíritos menos avisados; contam-se por milhões as almas com eles arrebatadas às surpresas da morte e absolutamente desequilibradas nos círculos da vida espiritual. Do cume falso de suas noções individualistas precipitam-se em despenhadeiros apavorantes, onde perdem a firmeza e a luz.
Grande número dos imprevidentes encontram socorro justo, porquanto desconheciam a verdadeira situação. Não se achavam devidamente informados. Os homens abomináveis ocultavam-lhes o sentido real da vida.
Semelhante benemerência, contudo, não poderá atingir os aprendizes que conhecem, de antemão, a verdade.
O aluno do Evangelho somente se alimentará de equívocos deploráveis, se quiser. Rodopiará, por isso mesmo, no torvelinho das sombras se nele cair voluntariamente, no capítulo da preferência individual.
O ignorante alcançará justificativa.
A vítima será libertada.
O doente desprotegido receberá enfermagem e remédio.
Mas o discípulo de Jesus, bafejado pelos benefícios do Céu todos os dias, que se rodeia de esclarecimentos e consolações, luzes e bênçãos, esse deve saber, de antemão, quanto lhe compete realizar em serviço e vigilância e, caso aceite as ilusões dos homens abomináveis, agirá sob a responsabilidade que lhe é própria, entrando na partilha das aflitivas realidades que o aguardam nos planos inferiores.
XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel.
VOCÊ MESMO
Lembre-se de que você mesmo é:
O melhor secretário de sua tarefa.
O mais eficiente propagandista de seus ideais.
A mais clara demonstração de seus princípios.
O mais alto padrão do ensino superior que seu espírito abraça e a mensagem viva das elevadas noções que você transmite aos outros.
Não se esqueça, igualmente, de que:
O maior inimigo de suas realizações mais nobres, a completa ou incompleta negação do idealismo sublime que você apregoa.
A nota discordante da sinfonia do bem que pretende executar.
O arquiteto de suas aflições e o destruidor de suas oportunidades de elevação - é você mesmo.
XAVIER, Francisco Cândido. Agenda Cristã. Pelo Espírito André Luiz. FEB. Capítulo 42.
VIVER EM PAZ
"Vivei em paz..." Paulo (II Coríntios, 13:11)
Mantém-te em paz.
É provável que os outros te guerreiem gratuitamente, hostilizando-te a maneira de viver entretanto, podes avançar em teu roteiro, sem guerrear a ninguém.
Para isso, contudo - para que a tranqüilidade te banhe o pensamento -, é necessário que a compaixão e a bondade te sigam todos os passos.
Assume contigo mesmo o compromisso de evitar a exasperação.
Junto da serenidade, poderás analisar cada acontecimento e cada pessoa no lugar e, na posição que lhes dizem respeito.
Repara, carinhosamente, os que te procuram no caminho...
Todos os que surgem, aflitos ou desesperados, coléricos ou desabridos, trazem chagas ou ilusões.
Prisioneiros da vaidade ou da ignorância, não souberam tolerar a luz da verdade e clamam irritadiços...
Unge-te de piedade e penetra-lhes os recessos do ser, e identificarás em todos eles crianças espirituais que se sentem ultrajadas ou contundidas.
Uns acusam, outros choram.
Ajuda-os, enquanto podes.
Pacificando-lhes a alma, harmonizarás, ainda mais, a tua vida.
Aprendamos a compreender cada mente em seu problema.
Recorda-te de que a Natureza, sempre divina em seus fundamentos, respeita a lei do equilíbrio e conserva-a sem cessar.
Ainda mesmo quando os homens se mostram desvairados, nos conflitos abertos, a Terra é sempre firme e o Sol fulgura sempre.
Viver de qualquer modo é de todos, mas viver em paz consigo mesmo é serviço de poucos.
XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel. FEB. Cap 123.
VIVER MELHOR
Todos queremos ser felizes, viver melhor.
Entretanto, ouçamos a experiência.
A felicidade não é um tapete mágico. Ela nasce do bem que você espalhe, não daqueles que se acumulam inutilmente.
Tanto isto é verdade que a alegria é a única doação que você pode fazer sem possuir nenhuma.
Você pode estar em dificuldade e suprimir muitas dificuldades dos outros.
Conquanto às vezes sem qualquer consolação, você dispõe de imensos recursos para reconfortar e reerguer os irmãos em prova ou desvalimento.
A receita de vida melhor será sempre melhorar-nos, através da melhora que venhamos a realizar para os outros.
A vida é dom de DEUS em todos.
E quem serve só pra si não serve para os objetivos da vida, porque viver é participar, progredir, elevar, integrar-se.
Se aspiramos a viver melhor, escolhamos o lugar de servir na causa do bem de todos.
Para isso, não precisa você condicionar-se a alheios pontos de vista.
Engaje-se na filera de servidores que se lhe afine com as aptidões.
Aliste-se em qualquer serviço no bem comum.
É tão importante colaborar na higiene do seu bairro ou na construção de uma escola, quanto auxiliar a uma criança necessitada ou prestar apoio a um doente.
Procure a Paz, garantindo a Paz onde esteja.
Viva em segurança, cooperando na segurança dos outros.
Aprendamos a entregar o melhor de nós à vida que nos rodeia e a vida nos fará receber o melhor dela própria.
Seja feliz, fazendo os outros felizes.
Saia de você mesmo ao encontro dos outros, mas não resmungue, nem se queixe contra ninguém. E os outros nos farão encontrar DEUS.
Não julgue que semelhante instrução seja assunto unicamente para você que ainda se acha na Terra. Se você acredita que os chamados mortos estão em paz gratuita, engano seu, porque os mortos se quiserem paz que aprendam a sair de si mesmos e a servirem também.
XAVIER, Francisco Cândido. Respostas da Vida. Pelo Espírito André Luiz. Cap 4.
VIVER
Cada qual de nós, seja onde for, está sempre construindo a vida que deseja.
Existência é a soma de tudo o que fizemos de nós até hoje.
Toda melhoria que realizamos em nós, é melhoria na estrada que somos chamados a percorrer.
Toda idéia que você venha a aceitar influenciará seu espírito; escolha os pensamentos do bem para orientar-lhe o caminho e o bem transformará sua vida numa cachoeira de bênçãos.
se você cometeu algum erro não se detenha para lamentar-se; raciocine sobre o assunto e retifique a falha havida porque somente assim, a existência lhe converterá o erro em lição.
Muito difícil viver bem se não aprendermos a conviver.
A viga por fora de nós é a imagem daquilo que somos por dentro.
Viver é lei da natureza, mas a vida pessoal é a obra de cada um.
Toda vez que criticamos a experiência dos outros, estamos apontando em nós mesmos os pontos fracos que precisamos emendar em nossas próprias experiências.
Seu ideal é o seu caminho, tanto quanto seu trabalho é você.
XAVIER, Francisco Cândido. Respostas da Vida. Pelo Espírito André Luiz. Ca 15.
VIVAMOS CALMAMENTE
"Que procureis viver sossegados." Paulo (I Tessalonicenses, 4:11)
Viver sossegado não é apodrecer na preguiça.
Há pessoas, cujo corpo permanece em decúbito dorsal, agasalhadas, contra o frio da dificuldade, por excelentes cobertores da facilidade econômica, mas torturadas mentalmente por indefiníveis aflições.
Viver calmamente, pois, não é dormir na estagnação.
A paz decorre da quitação de nossa consciência para com a vida, e o trabalho reside na base de semelhante equilíbrio.
Se desejamos saúde, é necessário lutar pela harmonia do corpo.
Se esperamos colheita farta, é indispensável plantar com esforço e defender a lavoura com perseverança e carinho.
Para garantir a fortaleza do nosso coração, contra o assédio do mal, é imprescindível saibamos viver dentro da serenidade do trabalho fiel aos compromissos assumidos com a ordem e com o bem.
O progresso dos ímpios e o descanso dos delinqüentes são paradas de introdução à porta do inferno criado por eles mesmos.
Não queiras, assim, estar sossegado, sem esforço, sem luta, sem trabalho, sem problemas...
Todavia, consoante a advertência do apóstolo, vivamos calmamente, cumprindo com valor, boa-vontade e espírito de sacrifício, as obrigações edificantes que o mundo nos impõe cada dia, em favor de nós mesmos.
XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel. Cap 136.
AUTO-ENCONTRO
A ansiosa busca de afirmação da personalidade leva o indivíduo, não raro, a encetar esforços em favor das conquistas externas, que o deixam frustrado, normalmente insatisfeito.
Transfere-se, então, de uma para outra necessidade que se lhe torna meta prioritária, e, ao ser conseguida, novo desinteresse o domina, deixando-o aturdido.
A sucessão de transferências termina por exauri-lo, ferindo-lhe os interesses reais que ficam á margem.
Realmente, a existência física é uma proposta oportuna para a aquisição de valores que contribuem para a paz e a realização do ser inteligente. Isto, porém, somente será possível quando o centro de interesse não se desviar do tema central, que é a evolução.
Para ser conseguida, faz-se imprescindível uma avaliação de conteúdos, a fim de saber-se o que realmente é transitório e o que é de largo curso e duração.
Essa demorada reflexão selecionará os objetivos reais dos aparentes, ensejando a escolha daqueles que possuem as respostas e os recursos plenificadores.
Hoje, mais do que antes essa decisão se faz urgente, por motivos óbvios, pois que, enquanto escasseiam o equilíbrio individual e coletivo, a saúde e a felicidade, multiplicam-se os desaires e as angústias ceifando os ideais de enobrecimento humano.
Se de fato andas pela conquista da felicidade, tenta o auto-encontro.
Utilizando-te da meditação prolongada, penetrar-te-ás, descobrindo o teu ser real, imortal, que aguarda ensejo de desdobramento e realização.
Certamente, os primeiros tentames não te concederão resultados apreciáveis.
Perceberás que a fixação da mente na interiorização será interrompida, inúmeras vezes, pelas distrações habituais do intelecto e da falta de harmonia.
Desacostumado a uma imersão, a tua tentativa se fará prejudicada pela irrupção das idéias arquivadas no inconsciente, determinantes de tua conduta inquieta, irregular, conflitiva.
Concordamos que a criatura é conduzida, na maior parte das vezes, pelo inconsciente, que lhe dita o pensamento e as ações, como resultado normal das próprias construções mentais anteriores.
A mudança de hábito necessita de novo condicionamento, a fim de mergulhares nesse oceano tumultuado, atingindo-lhe o limite que concede acesso às praias da harmonia, do autodescobrimento, da realização interior.
Nessa façanha verás o desmoronar de muitas e vazias ambições, que cultivas por ignorância ou má educação; o soçobrar de inúmeros engodos; o desaparecer de incontáveis conflitos que te aturdem e devastam.
Amadurecerás lentamente e te acalmarás, não te deixando mais abater pelo desânino, nem exaltar pelo entusiasmo dos outros.
Ficarás imune à tentação do orgulho e à pedrada da inveja, à incompreensão gratuita e à inimizade perseguidora, porque somente darás atenção à necessidade de valorização do ser profundo e indestrutível que és.
Terminarás por te venceres, e essa será a tua mais admirável vitória.
Não cesses, portanto, logo comeces a busca interior, de dar-lhe prosseguimento se as dificuldades e distrações do ego se te apresentarem perturbadoras.
FRANCO, Divaldo Pereira. Momentos Enriquecedores. Joanna de Ângelis.
AUTO CONSCIENTIZAÇÃO
Os dias atuais, caracterizados pelos conflitos psicológicos, em face do tumulto que domina o pensamento da sociedade e as ambições de cada indivíduo, exigem profundas reflexões, a fim de que a harmonia permaneça nos sentimentos humanos e na conduta pessoal em relação a si mesmo.
As admiráveis conquistas da Psicologia profunda, contribuindo para a solução dos muitos distúrbios que se apresentam perturbadores, convidam à meditação em torno da realidade que se é, para que sejam superados os condicionamentos em que se encontra, de forma a situar-se com equilíbrio ante os desafios e as injunções, não raro, penosos, que se apresentam em toda parte exigindo decisões inadiáveis.
Atordoando-se ante o volume das atividades que defronta, o indivíduo percebe-se desequipado de valores que lhe facultem uma boa administração das injunções em que se encontra, não sabendo o rumo que deve seguir.
Convidado, porém, à auto-reflexão, à autoconscientização mediante as quais poderá descobrir a sua realidade essencial, recusa-se por automatismo, receando penetrar-se em profundidade, em razão do atavismo castrador a que se submete.
A sombra que o condiciona ao aceito e determinado ameaça-o de sofrimento, caso busque iluminar o seu lado escuro, permitindo-lhe a auto identificação que se encarregará de libertá-lo das aflições e conflitos de comportamento, que são heranças ancestrais nele prevalecentes.
Vitimado pelo jogo das paixões sensoriais, anula a própria alma que discerne, e procura não se deixar vencer pelos desejos infrenes que o arrastam ao jogo ilusório do prazer desmedido.
Apresentando-se incapaz, no entanto, de lutar pela libertação interior, permite-se arrastar mais facilmente pelo tumulto dos jogos da sensualidade, naufragando nas aspirações de enobrecimento e de cultura, de beleza e de espiritualidade, temendo perder a oportunidade que a todos é oferecida de desfrutar as facilidades e permissões morais que constituem a ordem do dia.
A estrutura psicológica do ser humano é trabalhada por mecanismos muito delicados, sofrendo os golpes violentos da ignorância, do prazer brutalizado, dos vícios inveterados. Não suportando a alta carga de tensões que esses impositivos lhe exigem, libera conflitos e temores primitivos que estão adormecidos, desequilibrando as emoções, cujos equipamentos sutis geram distonias e depressões.
O desvario do sexo, que se tornou objeto de mercado, transformando homens e mulheres em coisas de fácil aquisição, é também instrumento de projeção social, de conquista econômica, de exaltação do ego, despertando nas mentes imaturas psicologicamente ânsias malcontidas de desejos absurdos, nele centralizando todas as aspirações, por considerá-lo indispensável ao triunfo no círculo em que se movimenta.
Incompleto, por não saber integrar os seus conteúdos psicológicos da anima à sua masculinidade e do animus à sua feminilidade, conseguindo a realização da obra-prima que lhe deve constituir meta, o ser humano deixa-se arrastar pelas imposições de um em detrimento do outro, afligindo-se sem saber por qual motivo.
Procura, então, agônico e insatisfeito, recuperação na variedade dos prazeres, identificando-se mais confuso, a um passo de transtorno sempre mais grave, qual ocorre a todo instante no organismo social e nos relacionamentos inter-pessoais.
A sombra governa-o, e ele se recusa à luz da libertação.
O Apóstolo Paulo afirmou: Não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse eu faço. (Romanos, 7-19.)
Nesse auto-reconhecimento, o nobre servidor do Evangelho de Jesus denunciava a existência do seu lado escuro, impulsionando-o a atitudes que reprovava e não conseguia impedir-se de praticar. Mediante, porém, esforço perseverante e autoconscientização da própria fragilidade psicológica, o arauto da Era Nova conseguiu atingir a culminância do seu apostolado, quando proclamou: (...) E vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim... (Gálatas, 2:20.)
Somente através da coragem para encontrar a consciência mediante uma análise tranqüila das possibilidades de que dispõe é que a criatura humana logrará liberar-se da situação conflitiva que a domina, facultando-se selecionar os valores reais daqueles ilusórios aos quais se atribui significados, mas que sem-pre deixam frustração e vazio existencial.
A experiência física tem objetivos bem delineados que se apresentam acima da vacuidade dos interesses imediatistas que dominam na moderna sociedade consumista. Esse seu consumismo exterior resulta dos obscuros conflitos internos que projetam para fora e para outrem sua imagem de inquietação, transferindo-a do eu profundo, como necessidade de agitação para fugir de si mesmo.
Sucede que, nessa ansiosa projeção, o ser se torna consumido pelos demais, e por sua vez, destituído dos sentimentos profundos de amor, procura consumir os outros, utilizando dos seus recursos e qualidades reais ou imaginárias para saciar a sede de prazer em que se aturde, e seguir adiante.
Não saciado, porque essas experiências somente mais afligem, surge a necessidade das extravagâncias, pelas libações alcoólicas, pelo uso de substâncias químicas alucinantes, pelas aberrações sexuais intituladas de variedades para o prazer, pela agressividade, pela violência, ou pela queda nos abismos da depressão, da loucura, do suicídio...
A única alternativa disponível, portanto, para o ser humano de hoje, qual ocorreu com o de ontem, é o mergulho interior, a autodescoberta, a conscientização da sua realidade de Espírito imortal em viagem transitória pelo corpo, a fim de adquirir novas realizações, reparando males anteriores e conseguindo harmonia íntima, para que possa desfrutar de todas as concessões que se lhe encontram à disposição, premiando-o pelo esforço de autoconquista e autolibertação.
Naturalmente que, ao ser ativado o mecanismo de identificação do ser real, o hábito da fuga dos compromissos superiores induz à projeção, para poupar-se à dor, o que constitui um grande erro, porquanto o sofrimento se tornará ainda mais penoso.
É óbvio que somente a claridade vence as sombras, e a autoconscientização é o foco de luz direcionado à escuridão que predomina no comportamento psicológico do ser humano.
Jesus asseverou com propriedade ser a luz do mundo, porque a Humanidade se encontrava em profunda escuridão, qual ocorre nos dias presentes. A Sua é a mensagem de responsabilidade pessoal perante a vida, e de serviço constante em favor de si mesmo e da coletividade. Trazendo aos homens e mulheres o Seu exemplo de amor e de abnegação, não se propôs carregar o fardo do mundo, a fim de liberá-los de suas responsabilidades, mas ensinou a todos como conduzirem os seus problemas e angústias, solucionando-os com o amor a Deus, a si mesmos e ao próximo, por ser esse sentimento de amor a perene luz de libertação de toda a sombra existente no mundo íntimo e na sociedade em geral.
Divaldo P. Franco. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, no dia 11 de julho de 2000, em Paramirim, Bahia. Extraído da Revista Reformador, Junho de 2001..
AUTO DESOBSESSÃO
Se você já pode dominar a intemperança mental...
Se esquece os próprios constrangimentos, a fim de cultivar o prazer de servir...
Se sabe escutar o comentário infeliz, sem passá-lo adiante...
Se vence a indisposição contra o estudo e continua, tanto quanto possível, em contato com a leitura construtiva...
Se olvida mágoas sinceramente, mantendo um espírito compreensivo e cordial, à frente dos ofensores...
Se você se aceita como é, com as dificuldades e conflitos que tem, trabalhando alegremente com tudo aquilo que não pode modificar...
Se persevera na execução dos seus propósitos enobrecedores, apesar de tudo o que se faça ou fale contra você...
Se compreende que os outros têm o direito de experimentar o tipo de felicidade a que se inclinem, como nos acontece...
Se crê e pratica o princípio de que somente auxiliando o próximo, é que seremos auxiliados...
Se é capaz de sofrer e lutar na seara do bem, sem trazer o coração amargoso e intolerante...
Então você estará dando passos largos para libertar-se da sombra, entrando, em definitivo, no trabalho da desobsessão.
Pelo Espírito André Luiz - XAVIER, Francisco Cândido. Passos da Vida.
AUTO LIBERTAÇÃO
"Nada trouxemos para este mundo e manifesto é que nada podemos levar dele." Paulo (I Timóteo, 6:7)
Se desejas emancipar a alma das grilhetas escuras do "eu", começa o teu curso de autolibertação, aprendendo a viver "como possuindo tudo a nada tendo", "com todos e sem ninguém".
Se chegaste à Terra na condição de um peregrino necessitado de aconchego e socorro e se sabes que te retirarás dela sozinho, resigna-te a viver contigo mesmo, servindo a todos, em favor do teu crescimento espiritual para a imortalidade.
Lembra-te de que, por força das leis que governam os destinos, cada criatura está ou estará em solidão, a seu modo, adquirindo a ciência da auto superação.
Consagra-te ao bem, não só pelo bem de ti mesmo, mas, acima de tudo, por amor ao próprio bem.
Realmente grande é aquele que conhece a própria pequenez, ante a vida infinita.
Não te imponhas, deliberadamente, afugentando a simpatia não dispensarás o concurso alheio na execução de tua tarefa.
Jamais suponhas que a tua dor seja maior que a do vizinho ou que as situações do teu agrado sejam as que devam agradar aos que te seguem. Aquilo que te encoraja pode espantar a muitos e o material de tua alegria pode ser um veneno para teu irmão.
Sobretudo, combate a tendência ao melindre pessoal com a mesma persistência empregada no serviço de higiene do leito em que repousas. Muita ofensa registrada é peso inútil ao coração. Guardar o sarcasmo ou o insulto dos outros não será o mesmo que cultivar espinhos alheios em nossa casa?
Desanuvia a mente, cada manhã, e segue para diante, na certeza de que acertaremos as nossas contas com Quem nos emprestou a vida e não com os homens que a malbaratam.
Deixa que a realidade te auxilie a visão e encontrarás a divina felicidade do anjo anônimo, que se confunde na glória do bem comum.
Aprende a ser só, para seres mais livre no desempenho do dever que te une a todos, e, de pensamento voltado para o Amigo Celeste, que esposou o caminho estreito da cruz, não nos esqueçamos da advertência de Paulo, quando nos diz que, com alusão a quaisquer patrimônios de ordem material, "nada trouxemos para este mundo e manifesto é que nada podemos levar dele".
XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel. Capítulo 47.
O AUXÍLIO VIRÁ
O problema que te preocupa talvez te pareça excessivamente amargo ao coração. E tão amargo que talvez não possas comenta-lo, de pronto.
Às vezes, a sombra interior é tamanha que tens a idéia de haver perdido o próprio rumo.
Entretanto, não esmoreças.
Abraça o dever que a vida te assinala.
Serve e ora.
A prece te renovará energias.
O trabalho te auxiliará.
Faze silêncio e não te queixes.
Alegre-te e espera, porque o Céu te socorrerá. Por meios que desconheces.
Deus permanece agindo.
XAVIER, Francisco Cândido. Recados do Além. Pelo Espírito Emmanuel. Cap 49.
AUXÍLIOS DO INVISÍVEL
"E, depois de passarem a primeira e segunda guarda, chegaram à porta de ferro, que dá para a cidade, a qual se lhes abriu por si mesma; e, tendo saído, percorreram uma rua e logo o anjo se apartou dele." - (ATOS, capítulo 12, versículo 10.)
Os homens esperam sempre ansiosamente o auxílio do plano espiritual. Não importa o nome pelo qual se designe esse amparo. Na essência é invaria velmente o mesmo, embora seja conhecido entre os espiritistas por "proteção dos guias" e nos círculos protestantes por "manifestações do Espírito Santo".
As denominações apresentam interesse secundário. Essencial é considerarmos que semelhante colaboração constitui elemento vital nas atividades do crente sincero.
No entanto, a contribuição recebida por Pedro, no cárcere, representa lição para todos.
Sob cadeias pesadíssimas, o pescador de Cafarnaum vê aproximar-se o anjo do Senhor, que o liberta, atravessa em sua companhia os primeiros pe rigos na prisão, caminha ao lado do mensageiro, ao longo de uma rua; contudo, o emissário afasta-se, deixando-o novamente entregue à própria liberdade, de maneira a não desvalorizar-lhe as iniciativas.
Essa exemplificação é típica.
Os auxílios do invisível são incontestáveis e jamais falham em suas multiformes expressões, no momento oportuno; mas é imprescindível não se vicie o crente com essa espécie de cooperação, aprendendo a caminhar sozinho, usando a independência e a vontade no que é justo e útil, convicto de que se encontra no mundo para aprender, não lhe sendo permitido reclamar dos instrutores a solução de problemas necessários à sua condição de aluno.
XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Emmanuel Cap 100.
AUXÍLIOS SEMPRE POSSÍVEIS
Sem quaisquer recursos especiais, você dispõe do poder de renovar e reerguer a própria vida.
Você pode ainda e sempre:
avivar o clarão da alegria onde a provação esteja furtando a tranqüilidade;
atear o calor do bom-ânimo onde a coragem desfaleça;
entretecer o ambiente preciso à resignação onde o sofrimento domina;
elevar a vibração do trabalho onde o desânimo apareça;
extrair o ouro da bênção entre pedras de condenação e censura;
colocar a flor da paciência no espinheiro da irritação;
acender a luz do entendimento e da concórdia, onde surja a treva da ignorância;
descobrir fontes de generosidade sob as rochas da sovinice;
preparar o caminho para Jesus nos corações distantes da verdade.
Tudo isso você pode fazer, simplesmente pronunciando as boas palavras da esperança e do amor.
XAVIER, Francisco Cândido. Sinal Verde. Pelo Espírito André Luiz. Cap 30.
AVANCEMOS
"Irmãos, quanto a mim, não julgo que haja alcançado a perfeição, mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, avanço para as que se encontram diante de mim." Paulo (Filipenses, 3:13 e 14)
Na estrada cristã, somos defrontados sempre por grande número de irmãos que se aquietaram à sombra da improdutividade, declarando-se acidentados por desastres espirituais.
É alguém que chora a perda de um parente querido, chamado à transformação do túmulo.
É o trabalhador que se viu dilacerado pela incompreensão de um amigo.
É o missionário que se imobilizou à face da calúnia.
É alguém que lastima a deserção de um consócio da boa luta.
É o operário do bem que clama indefinidamente contra a fuga da companheira que lhe não percebeu a dedicação afetiva.
É o idealista que espera uma fortuna material para dar início às realizações que lhe competem.
É o cooperador que permanece na expectativa do emprego ricamente remunerado para consagrar-se às boas obras.
É a mulher que se enrola no cipoal da queixa contra os familiares incompreensivos.
É o colaborador que se escandaliza com os defeitos do próximo, congelando as possibilidades de servir.
É alguém que deplora um erro cometido, menosprezando as bênçãos do tempo em remorso destrutivo.
O passado, porém, se guarda as virtudes da experiência, nem sempre é o melhor condutor da vida para o futuro.
É imprescindível exumar o coração de todos os envoltórios entorpecentes que, por vezes, nos amortalham a alma.
A contrição, a saudade, a esperança e o escrúpulo são sagrados, mas não devem representar impedimento ao acesso de nosso espírito à Esfera Superior.
Paulo de Tarso, que conhecera terríveis aspectos do combate humano, na intimidade do próprio coração, e que subiu às culminâncias do apostolado com o Cristo, nos oferece roteiro seguro ao aprimoramento.
"Esqueçamos todas as expressões inferiores do dia de ontem e avancemos para os dias iluminados que nos esperam" - eis a essência de seu aviso fraternal à comunidade de Filipos.
Centralizemos nossas energias em Jesus e caminhemos para diante.
Ninguém progride sem renovar-se.
XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel. Cap 50.
AVISO CALMANTE
O trabalho eficiente deve ser planejado, mas não olvide que as circunstâncias procedem da vida superior.
O tempo é um rio de surpresas.
Use o apoio da bondade e a bateia da tolerância para colher o ouro da Providência Divina no cascalho dos fatos desagradáveis.
A conversa fastidiosa talvez seja o veiculo da valiosa indicação.
A visita que não se espera provavelmente traga uma bênção.
O obstáculo com que não se contava, em muitas ocasiões, traduz o amparo da Espiritualidade Maior, antes que certa dificuldade apareça.
O aborrecimento de um minuto pode ser a pausa de aviso salvador.
A enfermidade súbita, quase sempre, é o processo de que se utiliza o Plano Superior para se impedir uma queda espetacular.
Atenda ao seu programa de ação, conforme os seus encargos, mas não se esqueça da paciência na trilha das suas horas.
Cada um de nós é chamado para a execução de tarefa determinada, mas a habilitação para isso vem de Deus.
XAVIER, Francisco Cândido. Busca e Acharás. Emmanuel e André Luiz.
A BOA PARTE
"Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada." Jesus (Lucas, 10:42)
Não te esqueças da "boa parte" que reside em todas as criaturas e em todas as coisas.
O fogo destrói, mas transporta consigo o elemento purificador.
A pedra é contundente, mas consolida a segurança.
A ventania açoita impiedosa, todavia, ajuda a renovação.
A enxurrada é imundície, entretanto, costuma carrear o adubo indispensável à sementeira vitoriosa.
Assim também há criaturas que, em se revelando negativas em determinados setores da luta humana, são extremamente valiosas em outros.
A apreciação unilateral é sempre ruinosa.
A imperfeição completa, tanto quanto a perfeição integral, não existem no plano em que evoluímos.
O criminoso, acusado por toda a gente, amanhã pode ser o enfermeiro que te estende o copo d'água.
O companheiro, no qual descobres agora uma faixa de trevas, pode ser depois o irmão sublimado que te convida ao bom exemplo.
A tempestade da hora em que vivemos é, muitas vezes, a fonte do bem estar das horas que vamos viver.
Busquemos o lado melhor das situações, dos acontecimentos e das pessoas.
"Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada" - disse-nos o Senhor.
Assimilemos a essência da divina lição.
Quem procura a "boa parte" e nela se detém, recolhe no campo da vida o tesouro espiritual que jamais lhe será roubado.
XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel. Cap 32.
BUSQUEMOS O EQUILÍBRIO
"Aquele que diz permanecer nele, deve também andar como ele andou". João (I João, 2:6)
Embora devas caminhar sem medo, não te cases à imprudência, a pretexto de cultivar desassombro.
Se nos devotamos ao Evangelho, procuremos agir segundo os padrões do Divino Mestre, que nunca apresentam lugar à temeridade.
Jesus salienta o imperativo da edificação do Reino de Deus, mas não sacrifica os interesses dos outros em obras precipitadas.
Aconselha a sinceridade do "sim, sim não, não", entretanto, não se confia à rudeza contundente.
Destaca as ruínas morais do farisaísmo dogmático, todavia, rende culto à Lei de Moisés.
Reergue Lázaro do sepulcro, contudo, não alimenta a pretensão de furtá-lo, em definitivo, à morte do corpo.
Consciente do poder de que se acha investido, não menospreza a autoridade política que deve reger as necessidades do povo e ensina que se deve dar "a César o que é de César e a Deus o que é de Deus".
Preso, e sentenciado ao suplício, não se perde em bravatas labiais, não obstante reconhecer o devotamento com que é seguido pelas entidades angélicas.
Atendamos ao Modelo Divino que não devemos esquecer, desempenhando a nossa tarefa, com lealdade e coragem, mas, evitemos o arrojo desnecessário que vale por leviandade perigosa.
Um coração medroso congela o trabalho.
Um coração temerário incendeia qualquer serviço, arrasando-o.
Busquemos, pois, o equilíbrio com Jesus e fugiremos, naturalmente, ao extremismo, que é sempre o escuro sinal da desarmonia ou da violência, da perturbação ou da morte.
XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel. Cap 134.
AFLIÇÃO VAZIA
Ante as dificuldades do cotidiano, exerçamos a paciência, não apenas em auxílio aos outros, mas igualmente a favor de nós mesmos.
Desejamos referir-nos, sobretudo, ao sofrimento inútil da tensão mental que nos inclina à enfermidade e nos aniquila valiosas oportunidades de serviço.
No passado e no presente, instrutores do espírito e médicos do corpo combatem a ansiedade como sendo um dos piores corrosivos da alma. De nossa parte, é justo colaboremos com eles, a benefício próprio, imunizando-nos contra essa nuvem da imaginação que nos atormenta sem proveito, ameaçando-nos a organização emotiva.
Aceitemos a hora difícil com a paz do aluno honesto, que deu o melhor de si, no estudo da lição, de modo a comparecer diante da prova, evidenciando consciência tranquila.
Se o nosso caminho tem as marcas do dever cumprido, a inquietação nos visita a casa íntima na condição do malfeitor decidido a subvertê-la ou dilapidá-la; e assim como é forçoso defender a atmosfera do lar contra a invasão de agentes destrutivos, é forçoso defender a atmosfera do lar contra a invasão de agentes destrutivos, é indispensável policiar o âmbito de nossos pensamentos, assegurando-lhes a serenidade necessária...
Tensão à face de possíveis acontecimentos lamentáveis é facilitar-lhes a eclosão, de vez que a idéia voltada para o mal é contribuição para que o mal aconteça; e tensão à frente de sucessos menos felizes é dificultar a ação regenerativa do bem, necessário ao reajuste das energias que desastres ou erros hajam desperdiçado.
Analisemos desapaixonadamente os prejuízos que as nossas preocupações injustificáveis causam aos outros e a nós mesmos, e evitemos semelhante desgaste empregando em trabalho nobilitante os minutos ou as horas que, muita vez, inadvertidamente, reservamos à aflição vazia.
Lembremo-nos de que as Leis Divinas, através dos processos de ação visível e invisível da natureza, a todos nos tratam em bases de equilíbrio, entregando-nos a elas, entre as necessidade do aperfeiçoamento e os desafios do progresso, com a lógica de quem sabe que tensão não substitui esforço construtivo, ante os problemas naturais do caminho. E façamos isso, não apenas por amor aos que nos cercam, mas também a fim de proteger-nos contra a hora da ansiedade que nasce e cresce de nossa invigilância para asfixiar-nos a alma ou arrasar-nos o tempo sem qualquer razão de ser.
XAVIER, Francisco Cândido. Encontro Marcado. Pelo Espírito Emmanuel.
AFLIÇÕES
"Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições do Cristo." - (I PEDRO, capítulo 4, versículo 13.)
É inegável que em vosso aprendizado terrestre atravessareis dias de inverno ríspido, em que será indispensável recorrer às provisões armazenadas no íntimo, nas colheitas dos dias de equilíbrio e abundância.
Contemplareis o mundo, na desilusão de amigos muito amados, como templo em ruínas, sob os embates de tormenta cruel.
As esperanças feneceram distantes, os sonhos permanecem pisados pelos ingratos. Os afeiçoados desapareceram, uns pela indiferença, outros porque preferiram a integração no quadro dos interesses fugitivos do plano material.
Quando surgir um dia assim em vossos horizontes, compelindo-vos à inquietação e à amargura, certo não vos será proibido chorar. Entretanto, é necessário não esquecerdes a divina companhia do Senhor Jesus.
Supondes, acaso, que o Mestre dos Mestres habita uma esfera inacessível ao pensamento dos homens? julgais, porventura, não receba o Salvador ingratidões e apodos, por parte das criaturas humanas, diariamente? Antes de conhecermos o alheio mal que nos aflige, Ele conhecia o nosso e sofria pelos nossos erros.
Não olvidemos, portanto, que, nas aflições, éimprescindível tomar-lhe a sublime companhia e prosseguir avante com a sua serenidade e seu bom ânimo.
XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Emmanuel. Cap 83.
ILUMINEMOS O CORAÇÃO
Guardemos o coração na luz do bem, para que nossa alma diariamente, possa banhar-se nas águas vivas da grande compreensão.
Somente assim nossos olhos aprenderão a ver ignorância onde presumimos encontrar a delinqüência e apenas desse modo, nossos ouvidos registrarão a dor e o infortúnio, onde costumamos assinalar a intemperança e a revolta.
Não basta observar as telas do mundo, na conceituação habitual da experiência terrestre, porque o raciocínio, quase sempre, mora na faixa estreita do cálculo que se atrela ao egoísmo para entregar-se ao jogo pernicioso das vantagens imediatas e nem vale criticar com a inteligência, porquanto, muitas vezes, a apreciação que nos é própria resulta de enganosa exigência do nosso modo de ser.
É preciso mergulhar o sentimento nas desventuras e necessidades alheias com a elevação do amor que não apenas situa o defeito, mas acima de tudo busca extirpá-Io em silêncio, à força de espontânea bondade e justa cooperação.
Busquemos preservar o templo íntimo contra todas as formas de condenação e de crueldade, procurando, em toda parte, a nossa quota de serviço na exaltação do bem que esposamos e, socorrendo as vítimas do mal sem nos prendermos à sombra, aprenderemos com Jesus a retirar a cegueira dos cegos, a enfermidade dos enfermos, a obsessão dos obsessos, a tristeza dos tristes, a fraqueza dos fracos, a desesperação dos desesperados e a derrota dos que se sentem vencidos, restituindo os nossos companheiros à sanidade espiritual e conservando toda a nossa existência erguida ao amor que tudo aprimora, de vez que é do coração que partem as fontes da vida.
XAVIER, Francisco Cândido. Viajor. Pelo Espírito Emmanuel.
IMUNIZAÇÃO ESPIRITUAL
Se te decides, efetivamente, a imunizar o coração contra as influências do mal, é necessário te convenças:
Que todo minuto é chamamento de Deus à nossa melhoria e renovação;
Que toda pessoa se reveste de importância particular em nosso caminho;
Que o melhor processo de receber auxílio é auxiliar em favor de alguém;
Que a paciência é o principal ingrediente na solução de qualquer problema;
Que sem amor não há base firme nas construções espirituais;
Que o tempo gasto em queixa é furtado ao trabalho;
Que desprezar a simpatia dos outros, em nossa tarefa, é o mesmo que pretender semear um campo sem cogitar de lavrá-lo;
Que não existem pessoas perversas e sim criaturas doentes a nos requisitarem amparo e compaixão;
Que o ressentimento é sempre foco de enfermidade e desequilíbrio;
Que ninguém sabe sem aprender e ninguém aprende sem estudar;
E que, em suma, não basta pedir aos Céus, através da oração, para que baixem à Terra, mas também cooperar, através do serviço ao próximo, para que a Terra se eleve igualmente para os Céus.
XAVIER, Francisco Cândido. Meditações Diárias. Pelo Espírito Emmanuel.
INQUIETAÇÃO
Se a inquietação passou a dominar-lhe o caminho, pense nela como sendo um parasito a corroer-lhe a vida e trate de arrancá-la em seu próprio favor.
Se a enfermidade lhe visita o corpo, não é com o fogo da aflição que você colaborará na própria cura e sim encarando-a, com aceitação e tratamento para afastá-la.
Se alguma ocorrência desagradável lhe impôs aborrecimentos, passe por ela e siga à frente, em sua própria tarefa, a maneira de quem não precisa parar em viagem por haver encontrado uma pedra.
Se você cometeu quaisquer erros, admita-os, fazendo quanto puder para não reincidir neles, mas lembrando sempre que você não é uma entidade angélica e sim uma criatura matriculada na escola humana.
Se o erro de alguém é a causa de sua inquietação, envie pensamentos de paz e compreensão a esse alguém, sem violentar-lhe os pontos de vista, de criatura incompleta quanto você mesmo, no educandário do mundo.
Se você faliu em algum empreendimento, note que se você prosseguir trabalhando, o fracasso, em breve, lhe servirá de lição para melhoria e sucesso.
Se você almeja situações que presentemente não consegue alcançar, faça o melhor que possa, onde esteja, e, sem dúvida, trabalhando sempre, você atingirá o lugar que deseja.
Se você sofre críticas indébitas, fique com a sua consciência e deixe aos outros os pensamentos e atitudes que pertencem a eles mesmos.
Se você receia a velhice do corpo, lembre-se de que a existência física avançada no tempo não é a noite de hoje e sim o alvorecer de amanhã.
Se a inquietação persiste em você, procure envolvê-la no calor do serviço, porque servindo você conseguirá esquecer-se e ao esquecer-se no bem dos outros, você estará em paz na força construtiva do bem.
XAVIER, Francisco Cândido. Respostas da Vida. Pelo Espírito André Luiz. Cap 35
ITENS DA PAZ
Aflição perante desastres iminentes? Talvez não aconteça.
Contrariedades e contratempos? Quase sempre são medidas da Espiritualidade Superior livrando-lhe o coração de males maiores.
Desgostos de longo alcance? Oportunidade de revisão de nosso próprio comportamento.
Injúrias e perseguições? Os que agravam o próximo são doentes necessitados de internação na clínica do silêncio e da prece.
Preterições? Compadeça-se dos que se dispõe a tomar o direito dos outros, porque ignoram os problemas que serão compelidos a enfrentar.
Erros nossos? Ensejo bendito de corrigenda em nós por nós mesmos.
Faltas ou quedas de entes queridos? Respeitemos as experiências deles, reconhecendo que estamos à frente de nossas próprias lições.
Dificuldades? A provação é o metro de avaliação de nossa própria fé.
Moléstias físicas? Pausas para iluminação e refazimento da vida Espiritual.
Profecias inquietantes? Reflitamos: O Sol que se levantou ontem pela misericórdia de Deus, pela misericórdia de Deus brilhará para nós também hoje.
XAVIER, Francisco Cândido. Respostas da Vida. Pelo Espírito André Luiz. Cap 29
LEMBRANÇAS ÚTEIS
Não viva pedindo orientação espiritual, indefinidamente. Se você já possui duas semanas de conhecimento cristão, sabe, à saciedade, a que fazer.
Não gaste suas energias, tentando consertar os outros de qualquer modo. Quando consertamos a nós mesmos, reconhecemos que o mundo está administrado pela Sabedoria Divina e que a obrigação de cooperar invariavelmente para o bem é nosso dever primordial.
Não acuse os Espíritos desencarnados sofredores, pelos seus fracassos na luta. Repare a ritmo da própria vida, examine a receita e a despesa, suas ações e reações, seus modos e atitudes, seus compromissos e determinações, e reconhecerá que você tem a situação que procura e colhe exatamente o que semeia.
Não recorra sistematicamente aos amigos espirituais, quanto a comezinhos deveres que lhe competem no caminho comum. Eles são igualmente ocupados, enfrentam problemas maiores que os seus, detêm responsabilidades mais graves e imediatas, e você, nas lutas vulgares da Terra, não teria coragem do pedir ao professor generoso e benevolente que desempenhasse funções de ama-seca.
Não espere a morte para solucionar as questões da vida, nem alegue enfermidade ou velhice para desistir de aprender, porque estamos excessivamente distantes do Céu. A sepultura não é uma cigana, cheia do promessas miraculosas, e sim uma porta mais larga do acesso a nossa própria consciência.
XAVIER, Francisco Cândido. Agenda Cristã. Pelo Espírito André Luiz Cap 18
LIBERTE SUA ALMA
Não se prenda à beleza das formas efêmeras. A flor passa breve.
Não amontoe preciosidades que pesem na balança do mundo. As correntes de ouro prendem tanto quanto as algemas de bronze.
Não se escravize às opiniões da leviandade ou da ignorância. Incitatus, o cavalo de Calígula, podia comer num balde enfeitado de pérolas, mas não deixava, por isso, de ser um cavalo.
Não alimente a avidez da posse. A casa dos numismatas vive repleta de moedas que serviram a milhões e cujos donos desapareceram.
Não perca sua independência construtiva a troco de considerações humanas. A armadilha que pune o animal criminoso é igual à que surpreende o canário negligente.
Não acredite no elogio que empresta a você qualidades imaginárias. Vespas cruéis por vezes se escondem no cálice do lírio.
Não se aflija pela aquisição de vantagens imediatas na experiência terrestre. Os museus permanecem abarrotados de mantos de reis e de outros "cadáveres de vantagens mortas".
XAVIER, Francisco Cândido. Agenda Cristã. Pelo Espírito André Luiz.Cap 37
LEMBRANÇAS ÚTEIS
Não viva pedindo orientação espiritual, indefinidamente.
Se você já possui duas semanas de conhecimento cristão,
sabe, à saciedade o que fazer.
Não gaste suas energias, tentando consertar os outros de
qualquer modo.
Quando consertamos a nós mesmos, reconhecemos que o mundo
está administrado pela Sabedoria Divina e que a obrigação de cooperar
invariavelmente para o bem é nosso dever primordial.
Não acuse os Espíritos desencarnados sofredores, pelos
seus fracassos na luta.
Repare o ritmo da própria vida, examine a receita e a
despesa, suas ações e reações, seus modos e atitudes, seus compromissos e
determinações, e reconhecerá que você tem a situação que procura e colhe
exatamente o que semeia.
Não recorra sistematicamente aos amigos espirituais
quanto a comezinhos deveres que lhe competem no caminho comum. Eles são
igualmente ocupados, enfrentam problemas maiores que os seus, detêm
responsabilidades mais graves e imediatas, e você, nas lutas vulgares da Terra,
não teria coragem de pedir ao professor generoso e benevolente que
desempenhasse funções de ama-seca.
Não espere a morte para solucionar as questões da vida,
nem alegue enfermidade ou velhice para desistir de aprender, porque estamos
excessivamente distantes do Céu. A sepultura não é uma cigana, cheia de
promessas miraculosas, e sim uma porta mais larga de acesso à nossa própria
consciência.
Autor: André Luiz Psicografia de Francisco
Cândido Xavier, do livro Do Livro Agenda Cristã.
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