TEXTOS PARA GRUPOS DO WATZAP
CAP I – 15/06
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP I – NÃO VIM DESTRUIR A LEI
Um dia, Deus, em sua inesgotável caridade, permitiu que o
homem visse a verdade varar as trevas.
Esse dia foi o do advento do Cristo.
Depois da luz viva, voltaram as trevas.
Após alternativas de verdade e obscuridade, o mundo
novamente se perdia.
Então, semelhantemente aos profetas do Antigo Testamento,
os Espíritos se puseram a falar e a vos advertir.
O mundo está abalado em seus fundamentos; reboará o
trovão. Sede firmes!
O Espiritismo é de ordem divina, pois que se assenta nas
próprias Leis da Natureza, e estai certos de que tudo o que é de ordem divina
tem grande e útil objetivo.
O vosso mundo se perdia; a Ciência, desenvolvida à custa
do que é de ordem moral, mas conduzindo-vos ao bem-estar material, redundava em
proveito do espírito das trevas.
Como sabeis, cristãos, o coração e o amor têm de caminhar
unidos à Ciência.
O reino do Cristo, ah! passados que são dezoito séculos e
apesar do sangue de tantos mártires, ainda não veio.
Cristãos, voltai para o Mestre, que vos quer salvar.
Tudo é fácil àquele que crê e ama; o amor o enche de
inefável alegria.
Sim, meus filhos, o mundo está abalado; os bons Espíritos
vo-lo dizem sobejamente; dobrai-vos à rajada que anuncia a tempestade, a fim de
não serdes derribados, isto é, preparai-vos e não imiteis as virgens loucas,
que foram apanhadas
desprevenidas à chegada do esposo.
A revolução que se apresta é antes moral do que material.
Os grandes Espíritos, mensageiros divinos, sopram a fé,
para que todos vós, obreiros esclarecidos e ardorosos, façais ouvir a vossa voz
humilde, porquanto sois o grão de areia; mas sem grãos de areia não existiriam
as montanhas.
Assim, pois, que estas palavras — “Somos pequenos” —
careçam para vós de significação.
A cada um a sua missão, a cada um o seu trabalho.
Não constrói a formiga o edifício de sua república e
imperceptíveis animálculos não elevam continentes?
Começou a nova cruzada.
Apóstolos da paz universal, que não de uma guerra,
modernos São Bernardos, olhai e marchai para frente; a lei dos mundos é a do
progresso.
Fénelon.
(Poitiers, 1861.) – E.S.E. CAP I ITEM 10
E.S.E. CAP I ITEM 10
PRESENÇA DIVINA.
Um homem, ignorante ainda das Leis de Deus, caminhava ao
longo de enorme pomar, conduzindo um pequeno de seis anos.
Eram Antoninho e seu tio, em passeio na vizinhança de
casa em que residiam.
Contemplavam, com água na boca, as laranjas maduras, e
respiravam, a bom respirar, o ar leve e puro da manhã.
A certa altura da estrada, o velho depôs uma sacola sobre
a grama verde e macia e começou a enchê-la com os frutos que descansavam em
grandes caixas abertas, ao mesmo tempo que lançava olhares medrosos, em todas
as direções.
Preocupado com o que via, Antoninho dirigiu-se ao
companheiro e indagou:
- Que fazes, titio?
Colocando o indicador da mão direita nos lábios entreabertos,
o velho respondeu:
-Psiu!... Psiu!...
Em seguida, acrescentou em voz baixa:
- Aproveitemos agora, enquanto ninguém nos vê, e
apanhemos algumas laranjas, às escondidas.
O menino, contudo, muito admirado, apontou com um dos
pequenos dedos para o céu e exclamou:
-Mas, o senhor não sabe que Deus nos está vendo?
Muito espantado, o velho empalideceu e voltou a recolocar
os frutos na caixa, de onde os havia retirado, murmurando:
- Obrigado, meu Deus, por haveres despertado a minha
consciência, pelos lábios de uma criança.
E, desse momento, o tio de Antoninho passou a ser
realmente outro homem.
Extraído do livro Pai Nosso de Meimei - psicografado por
Chico Xavier.
CAP II – 16/06
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP II – MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO
Que não é deste mundo o reino de Jesus todos compreendem,
mas também na Terra não terá Ele uma realeza?
Nem sempre o título de rei implica o exercício do poder
temporal.
Dá-se esse título, por unânime consenso, a todo aquele
que, pelo seu gênio, ascende à primeira plana numa ordem de ideias quaisquer, a
todo aquele que domina o seu século e influi sobre o progresso da Humanidade.
É nesse sentido que se costuma dizer: o rei ou príncipe
dos filósofos, dos artistas, dos poetas, dos escritores etc.
Essa realeza, oriunda do mérito pessoal, consagrada pela
posteridade, não revela, muitas vezes, preponderância bem maior do que a que
cinge a coroa real?
Imperecível é a primeira, enquanto esta outra é joguete
das vicissitudes; as gerações que se sucedem à primeira sempre a bendizem, ao
passo que, por vezes, amaldiçoam a outra.
Esta, a terrestre, acaba com a vida; a realeza moral se
prolonga e mantém o seu poder, governa, sobretudo, após a morte.
Sob esse aspecto não é Jesus mais poderoso rei do que os
potentados da Terra?
Razão, pois, lhe assistia para dizer a Pilatos, conforme
disse: “Sou rei, mas o meu reino não é deste mundo.”
E.S.E.
CAP II ITEM 4
O
GRANDE PRÍNCIPE.
Um rei
oriental, poderoso e sábio, achando-se envelhecido e doente, reuniu os três filhos,
deu a cada um deles dois camelos carregados de ouro, prata e pedras preciosas e
terminou-lhes gastar esses tesouros, em viagens pelo reino, durante três meses,
com a obrigação de voltarem, logo após, a fim de que lhe pudesse efetuar a
escolha do príncipe que o sucederia no trono.
Findo o
prazo estabelecido, os jovens regressaram à casa paterna. Os dois mais velhos
exibiam mantos riquíssimos e chegaram com enorme ruído de carruagens, mas o
terceiro vinha cansado e ofegante, arrimando-se a um bordão qual mendigo,
despertando a ironia e o assombro de muita gente.
O rei
bondoso abençoou-os discretamente e dispôs-se a ouvi-los, perante compacta
multidão.
O primeiro
aproximou-se, fez larga reverência, e notificou:
- Meu pai
e meu soberano, viajei em todo o centro do País e adquiri, para teu descanso,
um admirável palácio, onde teu nome será venerado para sempre. Comprei escravos
vigorosos que te sirvam e reuni, nesse castelo, digno de ti, todas as
maravilhas de nosso tempo. Dessa moradia resplandecente, poderás governar
sempre honrado, forte e feliz.
O monarca
pronunciou algumas palavras de agradecimento, m mostrou amoroso gesto de
aprovação e mandou que o segundo filho s adiantasse:
- Meu pai
e meu rei! - exclamou, contente - trago-te a coleção de tapetes mais ricos do
mundo. Dezenas de pessoas perderam o dom da vista, a fim de tecê-los.
Aproxima-se da cidade uma caravana de vinte camelos, carregando essas
preciosidades que te ofereço, ó augusto dirigente, para revelares tua fortuna e
poder! ...
O monarca
expressou gratidão numa frase carinhosa e recomendou que o mais moço tomasse a
palavra.
O filho
mais novo, alquebrado e mal vestido, ajoelhou-se e falou então:
- Amado
pai, não trouxe qualquer troféu para o teu trono venerável e glorioso ...
Viajei pela terra que o Supremo Senhor lhe confiou, de Norte a Sul e de Leste a
Oeste, e vi que os súditos esperam de teu governo e a paz e o bem-estar, tanto
quanto o crente aguarda a felicidade da Proteção do Céu ... Nas montanhas,
encontrei a febre devorando corpos mal abrigados e movimentei médicos e
remédios, em favor dos sofredores. Ao Norte, vi a ignorância dominando milhares
de meninos e jovens desamparados e instalei escolas em nome de tua
administração justiceira. A Oeste, nas regiões pantanosas, fui surpreendido por
bandos de leprosos e dei-lhes conveniente asilo em teu nome. Nas cidades do
Sul, notei que centenas de mulheres e crianças são vilmente exploradas pela
maldade humana e inicie a construção de oficinas em que o trabalho edificante
as recolha. Nas fronteiras, conheci inúmeros escravos de ombros feridos
amargurados e doentes, libertei-os, anunciando-lhes a magnanimidade de tua
coroa! ...
A comoção
interrompeu-o. Fez grande silêncio e viu-se que o velho soberano mostrava os
olhos cheios de lágrimas.
O rapaz
cobrou novo ânimo e terminou:
-
Perdoa-me se entreguei teu dinheiro aos necessitados e desculpa-me se regresso
à tua presença envolvido em extrema pobreza, por haver conhecido, de perto, a
miséria, a enfermidade, a ignorância e a fome nos domínios que o Céu conferiu
às tuas mãos benfeitoras ... A única dádiva que te trago, amado pai, é o
meu coração reconhecido pelo ensinamento
que me deste, permitindo-me contemplar o serviço que me cabe fazer ... Não
desejo descansar enquanto houver sofrimento neste reino, porque aprendi contigo
que as necessidades dos filhos do povo são iguais às dos filhos do rei ! ...
O velho
monarca, em pranto, muito trêmulo, desceu do trono, abraçou demoradamente o
filho esfarrapado, retirou a coroa e colocou-a sobre a fronte dele, exclamando,
solene: - Grande Príncipe: Deus, o eterno Senhor te abençoe para sempre ! Ê a
ti que compete o direito de governar, enquanto viveres.
A multidão
aplaudiu, delirando de júbilo, enquanto o jovem soberano, ajoelhado, soluçava
de emoção e reconhecimento.
Extraído
do livro Alvorada Cristã - Neio Lúcio - psicografado por Chico Xavier.
CAP III – 17/06
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP III – HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU
PAI
Os mundos regeneradores servem de transição entre os
mundos de expiação e os mundos felizes.
A alma penitente encontra neles a calma e o repouso e
acaba por depurar-se.
Sem dúvida, em tais mundos o homem ainda se acha sujeito
às leis que regem a matéria; a Humanidade experimenta as vossas sensações e
desejos, mas liberta das paixões desordenadas de que sois escravos, isenta do
orgulho que impõe silêncio ao coração, da inveja que a tortura, do ódio que a
sufoca.
Em todas as frontes, vê-se escrita a palavra amor;
perfeita equidade preside às relações sociais, todos reconhecem Deus e tentam
caminhar para Ele, cumprindo-lhe as leis.
Nesses mundos, todavia, ainda não existe a felicidade
perfeita, mas a aurora da felicidade.
O homem lá é ainda de carne e, por isso, sujeito às
vicissitudes de que libertos só se acham os seres completamente
desmaterializados.
Ainda tem de suportar provas, porém, sem as pungentes
angústias da expiação.
Comparados à Terra, esses mundos são bastante ditosos e
muitos dentre vós se alegrariam de habitá-los, pois que eles representam a
calma após a tempestade, a convalescença após a moléstia cruel.
Contudo, menos absorvido pelas coisas materiais, o homem
divisa, melhor do que vós, o futuro; compreende a existência de outros gozos
prometidos pelo Senhor aos que deles se mostrem dignos, quando a morte lhes
houver de novo ceifado os corpos, a fim de lhes outorgar a verdadeira vida.
Então, liberta, a alma pairará acima de todos os
horizontes.
Não mais sentidos materiais e grosseiros; somente os
sentidos de um perispírito puro e celeste, a aspirar as emanações do próprio
Deus, nos aromas de amor e de caridade que do seu seio emanam.
E.S.E.
CAP III ITEM 17
O ASTRONALTA DO FUTURO
Lucas, menino de sete anos, andava sempre olhando para o
céu, admirando as estrelas e sonhando acordado.
Adorava o espaço e gostava de imaginar que era um
astronauta. Sempre que se reunia com amiguinhos, em sua casa, a brincadeira
mais frequente era que estavam numa nave espacial, em viagem pelas galáxias. Inventavam
dificuldades, obstáculos e problemas, que eles mesmos resolviam, retornando
sempre em segurança para o planeta Terra.
Quando Lucas ganhou uma roupa de astronauta, ficou
eufórico.
Aí não conseguia mais fazer nada.
Passava o tempo todo dentro da roupa, vivendo no seu
mundo de fantasia.
Na escola, tinha dificuldade em manter o pensamento na
aula. Estava sempre viajando.
Certo dia, ele não conseguiu fazer os deveres de casa, e
a professora perguntou: — Por que não fez as tarefas, Lucas?
De cabeça baixa, envergonhado por ser repreendido na
frente dos colegas, ele respondeu: — Esqueci, professora.
Daniel, um garoto que estava sempre brincando e fazendo
piadas a respeito de tudo, sugeriu: — Vai ver que estava viajando pelas
estrelas, professora.
Todos caíram na gargalhada. — Silêncio! — ordenou a
professora.
Depois, olhando para o engraçadinho perguntou: — Por que
você disse isso, Daniel?
O menino, encabulado, respondeu: — Desculpe-me,
professora, mas o Lucas está sempre brincando de viagens espaciais!
— Ah! Então é por isso que você não fez as tarefas,
Lucas?
— É verdade, professora. Quando brinco não vejo o tempo
passar. Adoro colocar minha roupa de astronauta e imaginar que estou no espaço
em missão.
— Entendo. Mas por que tanto interesse? O que você espera
com isso?
Diante da atenção da professora, Lucas explicou: — Tenho
vontade de conhecer outros planetas, de encontrar vida em outros mundos, de
conhecer seres diferentes. Quando crescer, vou estudar bastante e quero ser um
astronauta!
A professora, que o fitava séria, considerou: — Mas não
percebe que, agora, você pode se prejudicar, e até ser reprovado, se não
estudar? Além do mais, Lucas, tudo isso é bobagem. Até agora ninguém provou que
existe vida em outros mundos. Acho melhor esquecer essas besteiras e tratar de
estudar. Vamos à aula!
A professora voltou-se para o quadro-negro, escrevendo a
matéria do dia, e ninguém mais falou no assunto.
Lucas, porém, estava profundamente chateado. Sentia-se
humilhado perante os colegas.
A professora havia acabado com seus sonhos, com seus
planos para o futuro.
Triste e desiludido, de cabeça baixa, Lucas retornou para
casa.
Ao vê-lo chegar desanimado, a mãe perguntou: — Olá, meu
filho! O que houve? Parece que você está um pouco triste. Venha cá, sente-se
perto da mamãe e me conte o que aconteceu.
O garoto relatou o acontecido na sala de aulas e, com
lágrimas nos olhos, quis saber: — Mamãe, é verdade que não existe vida em
outros planetas?
A mãezinha arregalou os olhos, surpresa: — Como não, meu
filho? O fato de ainda não terem encontrado vida não significa que não exista.
As viagens espaciais são feitas exatamente para encontrar vestígios de vida em
outros mundos.
— Ah, é verdade? Estou mais tranquilo — respondeu o
menino, aliviado.
A mãe pensou um pouco, e prosseguiu: — Além disso, meu
filho, julgo que sua professora não conhece direito o Evangelho de Jesus.
E, diante do garoto maravilhado, a mãe explicou: — Quando
Jesus disse: Há muitas moradas na Casa de meu Pai, falou exatamente sobre esse
assunto. Qual é a Casa do Pai, Lucas?
— Aprendi que é tudo o que existe!
— Exato, meu filho. Então, a Casa de Deus, nosso Pai, é o
Universo, com tudo o que ele contém: o Sol, a Lua, as Estrelas, os Planetas e
tudo o mais. Você acha que o Criador, que é a sabedoria suprema, criaria tudo
isso para nada? Por exemplo, você criaria uma cidade para colocar vida
inteligente apenas num pequeno barraco, de um bairro bem distante?
— Claro que não, mamãe!
— Então, Lucas, nosso Pai Celeste também não faria isso.
Ainda preocupado, o menino retrucou: — Então, por que até
agora não foi encontrado vida em outros mundos, mamãe?
A mãezinha pensou um pouco e concluiu: — Talvez ainda
seja cedo, meu filho. A quantidade de planetas que existe no Universo é imensa,
o que torna a busca mais difícil. Acontece, também, que nossos aparelhos e
naves não são equipados de maneira a realizar essa façanha, no momento. Além
disso, com toda a violência que existe na nossa sociedade, as guerras, que são
fruto do orgulho, do egoísmo e da ambição dos homens, o que acha que iria
acontecer se Deus permitisse que o ser humano desembarcasse num outro planeta?
— Iria levar brigas para lá! — respondeu o garoto.
— Isso mesmo, meu filho. Levaria confusão, desordem,
agressividade, violência, e muito mais. Tudo o que existe aqui em nosso mundo.
E isso Deus não pode permitir.
Lucas ficou calado, refletindo no que a mãe tinha dito.
Vendo o filho pensativo, a mãe concluiu: — Mas não perca
a esperança, meu filho. Confie em Deus. Tudo isso vai mudar. No futuro, quando
o homem for melhor, quando conseguir viver em paz com seus irmãos, quando
souber respeitar a si mesmo, ao seu semelhante e à própria natureza, Deus
permitirá que realize seu desejo e encontre vida em outros mundos. Até lá, não
deixe de sonhar, mas prepare-se e estude bastante...
Lucas encheu-se de alegria e de renovadas esperanças ante
as palavras da mãezinha.
E continuou olhando para o espaço infinito, admirando as
estrelas e sonhando com o dia em que seria um astronauta, para levar a paz a
outros planetas.
Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação
Espírita
Autora:
Célia Xavier Camargo
CAP IV – 18/06
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP IV – NINGUÉM PODRÁ VER O REINO DE DEUS
SE NÃO NASCER DE NOVO
No Espaço, os Espíritos formam grupos ou famílias
entrelaçados pela afeição, pela simpatia e pela semelhança das inclinações.
Ditosos por se encontrarem juntos, esses Espíritos se
buscam uns aos outros.
A encarnação apenas momentaneamente os separa, porquanto,
ao regressarem à erraticidade, novamente se reúnem como amigos que voltam de
uma viagem.
Muitas vezes até uns seguem a outros na encarnação, vindo
aqui reunir-se numa mesma família, ou num mesmo círculo, a fim de trabalharem
juntos pelo seu mútuo adiantamento.
Se uns encarnam e outros não, nem por isso deixam de
estar unidos pelo pensamento.
Os que se conservam livres velam pelos que se acham em cativeiro.
Os mais adiantados se esforçam por fazer que os
retardatários progridam.
Após cada existência, todos têm avançado um passo na
senda do aperfeiçoamento.
Cada vez menos presos à matéria, mais viva se lhes torna
a afeição recíproca, pela razão mesma de que, mais depurada, não tem a
perturbá-la o egoísmo, nem as sombras das paixões.
Podem, portanto, percorrer, assim, ilimitado número de
existências corpóreas, sem que nenhum golpe receba a mútua estima que os liga.
Está bem visto que aqui se trata de afeição real, de alma
a alma, única que sobrevive à destruição do corpo, porquanto os seres que neste
mundo se unem apenas pelos sentidos nenhum motivo têm para se procurarem no
mundo dos Espíritos.
Duráveis somente o são as afeições espirituais; as de natureza
carnal se extinguem com a causa que lhes deu origem. Ora, semelhante causa não
subsiste no mundo dos Espíritos, enquanto a alma existe sempre.
No que concerne às pessoas que se unem exclusivamente por
motivo de interesse, essas nada realmente são umas para as outras: a morte as
separa na Terra e no céu.
E.S.E.
CAP IV ITEM 18
O GRILO PERNETA
Tinhoso era um grilo sapeca.
Desgarrava-se dos irmãos e lá ia o arteiro a fazer das
suas.
Só muito tarde voltava para casa.
- Tinhoso - Dizia-lhe a mãe grilo - Você não deve andar
por aí.
- Hum ... - respondia Tinhoso, sem cerimônia - se tenho
pernas ando por onde quero!
- Devemos andar só por onde nos convêm, Tinhoso.
O Grilo sapeca afastava de beicinho caído.
Um dia lá se foi de novo.
Correu e pulou por todos os lugares diferentes, até que
... tchuáááá ... caiu numa lagoa.
- Socorro! ... Socorro! ...
Ele gritava desesperado.
E aí se afogou, sem apelação.
Tempos depois, Tinhoso renasceu na mesma família.
Mas Tinhoso, pobrezinho, nasceu perneta.
Fizeram para ele uma muleta.
E de muleta ele saia a passear apenas pelas redondezas,
vigiado pela mãe e pelos irmãos.
Lá ia ele aborrecido, no seu toc-toc ...
Sua vontade era sair pulando por aí.
Suspirava e nada podia fazer.
Um dia muito triste, vendo os irmãos, que tinham todas as
perninhas, quis saber a razão de ser perneta.
- Tive um outro filho. Ele era muito traquina e andava
sempre desgarrado de todos. Um dia, caiu na lagoa e como não havia quem pudesse
socorrê-lo, afogou-se.
Tinhoso ouviu atentamente.
- Talvez - disse-lhe a mãe - tenha sido você mesmo, na
outra encarnação.
Tinhoso estava admirado.
- Quem usa mal as pernas, um dia nasce sem elas. É um
modo doloroso de aprender a ter educação e disciplina, meu filho.
Tinhoso, a partir de então, já sem tanta tristeza, voltou
a conviver com os demais.
Sempre que ia reclamar de ser perneta, lembrava-se da
lagoa e sabia que ele próprio era o culpado de seu defeito.
E tratava, por isso, de bem usar a perna e ... a muleta.
Labels: Historinhas
Autor: Roque Jacintho.
CAP V – 19/06
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP V – BEM AVENTURADOS OS AFLITOS
Não há crer, no entanto, que todo sofrimento suportado
neste mundo denote a existência de uma determinada falta. Muitas vezes são
simples provas buscadas pelo Espírito para concluir a sua depuração e ativar o
seu progresso.
Assim, a expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a
prova é uma expiação.
Provas e expiações, todavia, são sempre sinais de
relativa inferioridade, porquanto o que é perfeito não precisa ser
provado.
Pode, pois, um Espírito haver chegado a certo grau de
elevação e, nada obstante, desejoso de adiantar-se mais, solicitar uma missão,
uma tarefa a executar, pela qual tanto mais recompensado será, se sair
vitorioso, quanto mais rude haja sido a luta.
Tais são, especialmente, essas pessoas de instintos
naturalmente bons, de alma elevada, de nobres sentimentos inatos, que parece
nada de mau haverem trazido de suas precedentes existências e que sofrem, com
resignação toda cristã, as maiores dores, somente pedindo a Deus que as possam
suportar sem murmurar.
Pode-se, ao contrário, considerar como expiações as
aflições que provocam queixas e impelem o homem à revolta contra Deus.
Sem dúvida, o sofrimento que não provoca queixumes pode
ser uma expiação; mas é indício de que foi buscada voluntariamente, antes que
imposta, e constitui prova de forte resolução, o que é sinal de progresso.
Os Espíritos não podem aspirar à completa felicidade, até
que não se tenham tornado puros: qualquer mácula lhes interdita a entrada nos
mundos ditosos.
São como os passageiros de um navio onde há doentes pestosos,
aos quais se veda o acesso à cidade a que aportem, até que se hajam expurgado.
Mediante as diversas existências corpóreas é que os
Espíritos se vão expungindo, pouco a pouco, de suas imperfeições. As provações
da vida os fazem adiantar-se, quando bem suportadas.
Como expiações, elas apagam as faltas e purificam.
São o remédio que limpa as chagas e cura o doente.
Quanto mais grave é o mal, tanto mais enérgico deve ser o
remédio.
Aquele, pois, que muito sofre deve reconhecer que muito
tinha a expiar e deve regozijar-se à ideia da sua próxima cura. Dele depende,
pela resignação, tornar proveitoso o seu sofrimento e não lhe estragar o fruto
com as suas impaciências, visto que, do contrário, terá de recomeçar.
E.S.E. CAP V ITEM 9 E 10
A HISTÓRIA DA ÁRVORE
A sementinha soltou-se da árvore e caiu no solo, e lá
permaneceu. Certo dia um vento passou soprando forte, e a arrastou para longe.
Nesse lugar estranho, longe do local onde sempre vivera,
longe da árvore mãe que a tinha agasalhado, a sementinha sentia-se solitária,
mas confiante de que sua vida ia mudar. Uma manhã, olhando para o alto, viu
pesadas nuvens que se acumulavam no céu e percebeu que ia chover.
Logo, o vento começou a soprar, e a chuva forte caiu,
molhando a terra, se acumulando em poças e depois formando um pequeno regato.
A sementinha, apavorada, viu-se arrastada pela enxurrada
por um longo trecho... Até que notou que havia parado. A lama acabou por
envolvê-la, e ali ela ficou, escondida no escuro, coberta pela terra.
Sem nada ver, a sementinha sentia-se muito triste. Estava
sozinha e sem poder sair daquele lugar onde não entrava luz. Não gostava da
escuridão, nem da umidade, nem da terra que a mantinha presa, impedindo-a de
ver o sol.
Todavia, ela não perdia as esperanças de ter um futuro
melhor. Confiava que o Criador não a fizera nascer em vão.
E a sementinha sentia a vida pulsar dentro de si:
Toc...toc...toc... Eram as batidas do seu coração.
Mas o que adiantava ter um coração, sentir-se viva, se
nada podia fazer, entregue à inutilidade embaixo da terra?
Então, a sementinha, em lágrimas, orou com muita fé:
– Ajude-me, Senhor. Quero ter uma vida diferente,
realizar alguma coisa de útil e de bom! Não me deixe aqui sem poder fazer nada.
Depois, cansada de chorar, a sementinha acabou por se
acomodar, adormecendo aconchegada à terra.
Certo dia, algum tempo depois, ela acordou. Dormira
bastante. Sentia-se descansada. Teve vontade de espreguiçar-se.
Encheu o peito de ar e abriu os braços com força. Então,
viu que dois delicados brotinhos surgiam do seu corpo. Mais animada, começou a
fazer força: Esticou... esticou... esticou bem os braços... e, cheia de
alegria, conseguiu romper o solo!
E um espetáculo lindo surgiu diante de seus olhos
maravilhados: O céu azul, as árvores verdes e floridas que existiam ali perto,
os pássaros, e especialmente o Sol, cujos raios mornos aqueciam seu corpo,
fortalecendo sua seiva.
Poucos dias depois, já era uma linda plantinha, forte e
decidida, cheia de pequenos galhos e de folhas verdinhas.
Em breve, tinha
crescido e se transformado num belo arbusto. Não demorou muito, e era uma
árvore, de tronco robusto e cujos galhos avançavam para todos os lados formando
uma grande copa.
Surpresa e feliz, descobriu que era uma Macieira!
Agora, olhando tudo do alto, a Macieira pensava em como
se modificara sua vida. Os pássaros vinham fazer ninhos em seus ramos; os
pequenos animais se abrigavam sob sua copa; as pessoas protegiam-se sob sua
sombra, as crianças subiam em seus galhos, e, no tempo certo, colhiam seus frutos,
alimentando-se com suas doces e saborosas maçãs. E até os vermes existentes no
solo se beneficiavam, aproveitando os frutos estragados que caíam no chão.
E a Macieira
acolhia a todos, satisfeita por poder ser útil. Sentia-se agora feliz e
realizada.
Seu coração grande e generoso, repleto de gratidão,
reconhecia o quanto devia à terra que a agasalhara em seu seio por tanto tempo,
à água que mantivera sua vida latente, e ao calor do sol que lhe dera condições
de crescer e se desenvolver.
Compreendia agora que, sem as dificuldades que tinha
atravessado, não poderia ter chegado a ser a bela árvore em que se
transformara.
E certamente, agradecia a Deus, que a criara, consciente
de que precisava passar por aquele processo de aprendizado para crescer e
realizar a tarefa que lhe fora destinada.
Sentia-se importante; deixara de considerar-se inútil.
Sua tarefa poderia ser pequena, mas só ela a poderia
realizar, por isso agora se considerava muito feliz.
Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação
Espírita
Autora: Célia Xavier Camargo
CAP VI – 20/06
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP VI - O CRISTO CONSOLADOR
Sou o grande médico das almas e venho trazer-vos o
remédio que vos há de curar.
Os fracos, os sofredores e os enfermos são os meus filhos
prediletos.
Venho salvá-los.
Vinde, pois, a mim, vós que sofreis e vos achais
oprimidos, e sereis aliviados e consolados.
Não busqueis alhures a força e a consolação, pois que o
mundo é impotente para dá-las.
Deus dirige um supremo apelo aos vossos corações, por
meio do Espiritismo.
Escutai-o.
Extirpados sejam de vossas almas doloridas a impiedade, a
mentira, o erro, a incredulidade.
São monstros que sugam o vosso mais puro sangue e que vos
abrem chagas quase sempre mortais.
Que, no futuro, humildes e submissos ao Criador,
pratiqueis a sua Lei divina.
Amai e orai; sede dóceis aos Espíritos do Senhor;
invocai-o do fundo de vossos corações.
Ele, então, vos enviará o seu Filho bem-amado, para vos
instruir e dizer estas boas palavras: “Eis-me aqui; venho até vós, porque me
chamastes.” – O Espírito de Verdade. (Bordeaux, 1861.)
Deus consola os humildes e dá força aos aflitos que lha
pedem.
Seu poder cobre a Terra e, por toda a parte, junto de
cada lágrima colocou Ele um bálsamo que consola.
A abnegação e o devotamento são uma prece contínua e
encerram um ensinamento profundo.
A sabedoria humana reside nessas duas palavras.
Possam todos os Espíritos sofredores compreender essa
verdade, em vez de clamarem contra suas dores, contra os
sofrimentos morais que neste mundo vos cabem em partilha.
Tomai, pois, por divisa estas duas palavras: devotamento
e abnegação, e sereis fortes, porque elas resumem todos os deveres que a
caridade e a humildade vos impõem.
O sentimento do dever cumprido vos dará repouso ao
espírito e resignação.
O coração bate então melhor, a alma se asserena e o corpo
se forra aos desfalecimentos, por isso que o corpo tanto menos forte se sente,
quanto mais profundamente golpeado é o espírito. – O Espírito de Verdade.
(Havre, 1863.)
E.S.E. CAP VI ITEM 7 E 8
DEDÉ, O ELEFANTINHO
Na clareira de uma grande floresta morava, com sua
família, um pequeno elefante. Pequeno, modo de dizer, porque na realidade ele
era muito maior que qualquer dos outros animais da floresta, seus amigos.
No entanto, esse elefantinho, que possuía uma família
amorosa, uma vida tranquila, bons amigos e um lugar lindo para morar, vivia
sempre insatisfeito.
E sabem por quê? Por causa da sua tromba que era enorme!
Olhava os outros animais e não se conformava com seu
aspecto. E perguntava para sua mãe:
- Por que só eu, mamãe, entre todos os meus amigos, tenho
o nariz tão comprido e tão feio?
- Porque Deus quis assim, meu filho. E tudo o que Deus
faz é bem feito, Dedé.
- Mas eu queria ter o focinho delicado como o coelho, ou
o elegante focinho afilado da raposa! - respondia o elefantinho revoltado.
Inconformado com a sua figura, o pobre Dedé ficava horas
a mirar-se nas límpidas águas do lago, chorando e se lamentando da sorte:
- Buá!... buá!... buá!... Como sou horrível!
Certo dia, após muito chorar, deitou-se à sombra de uma
árvore e dormiu. Quando acordou, para espanto seu, notou que alguma coisa
estava faltando nele. Afinal descobriu:
- Minha tromba sumiu! Viva!... Minha tromba sumiu!...
No lugar dela havia um focinho como o do porco, parecendo
uma tomada. Agradeceu a Deus o socorro que lhe enviara e levantou-se para
mostrar aos amigos o seu novo e belo focinho, tão elegante e discreto.
Mas como estava muito calor, Dedé resolveu refrescar-se
nas águas do lago.
Tentou pegar água com o focinho para lavar as costas, mas
não conseguiu. E era tão bom quando podia jogar água como um chuveiro!
- Não tem importância, pensou. - Estou com fome e vou
comer algumas folhas.
Saiu da água e dirigiu-se para a árvore onde lá no alto
viu umas lindas e tenras folhinhas novas.
Logo percebeu que não conseguiria.
Esticou... esticou... esticou o focinho e nada. Era muito
curto e não conseguia alcançar o galho da árvore.
Tentou apanhar algumas folhas no chão, como sempre fazia
com a tromba, mas também não deu certo.
Chiiii! Tentou coçar as costas, tentou tomar água, mas
tudo sem resultado.
Ele, que estava tão satisfeito e animado com o novo
focinho, começou a ficar triste e desolado, pensando que ia morrer de fome e
sede sem a sua tromba.
Andou um pouco pela floresta pensando em como iria
resolver o seu problema, quando encontrou o coelho e o esquilo, seus amigos.
Ambos deram um grito, assustados, sem o terem reconhecido.
- Sou eu, Dedé. Não me reconhecem?
O coelho e o esquilo olharam para ele, já mais
tranquilos, e responderam a uma só voz:
- O que aconteceu, Dedé? Você está horrível!
E ele contou como tinha pedido tanto a Deus para que lhe
tirasse a tromba indesejável.
- Ora, e agora como é que você vai nos levar para passear
nas suas costas? Sem a tromba, como é que vamos subir?
- É mesmo! - lembrou-se Dedé, já arrependido.
Deixou os amigos e foi para casa. Mas seu pai, sua mãe e
os irmãozinhos não o aceitaram, dizendo:
- Vá embora! Não reconhecemos você!
- Mas eu sou o Dedé! Não me reconhecem?
- Mentiroso. O Dedé é bem diferente e tem uma linda
tromba como a nossa. Suma daqui!
E o elefantinho, expulso pela família que ele tanto amava
e que não o reconhecera, afastou-se a chorar desconsolado.
Nisso, Dedé acordou ainda com lágrimas a caírem pelo seu
rosto. E muito satisfeito percebeu que tudo não passara de um sonho. Olhou sua
tromba, novamente no lugar, com muito carinho, e suspirou aliviado.
Correu a contar à sua mãe o sonho que tivera e
acrescentou com firmeza:
- Agora eu sei que Deus sabe realmente o que faz. Nossa
tromba é muito importante e útil em nossa vida.
- Exatamente, meu filho, e fico feliz que você tenha
entendido essa verdade - concordou sorrindo a mãe de Dedé.
E desse dia em diante nunca mais Dedé desejou ser
diferente, vivendo sempre feliz com o que Deus lhe concedera.
Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação
Espírita
Autora: Célia Xavier Camargo
CAP VII - 21/06
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP VII – BEM AVENTURADOS OS POBRES DE
ESPÍRITO
Por essa ocasião, os discípulos se aproximaram de Jesus e
lhe perguntaram: “Quem é o maior no Reino dos Céus?”
— Jesus, chamando a si um menino, o colocou no meio deles
e respondeu: “Digo-vos, em verdade, que, se não vos
converterdes e tornardes quais crianças, não entrareis no
Reino dos Céus. Aquele, portanto, que se humilhar e se tornar pequeno como esta
criança será o maior no Reino dos Céus e aquele que recebe em meu nome a uma
criança, tal como acabo de dizer, é a mim mesmo que recebe.” (Mateus, 18:1 a
5.)
Então, a mãe dos filhos de Zebedeu se aproximou dele com
seus dois filhos e o adorou, dando a entender que lhe queria pedir alguma
coisa. Disse-lhe Ele: “Que queres?” “Manda”, disse ela, “que estes meus dois
filhos tenham assento no teu Reino, um à tua direita e o outro à tua esquerda.”
— Mas Jesus lhe respondeu: “Não sabes o que pedes; podeis
vós ambos beber o cálice que Eu vou beber?”
— Eles responderam: “Podemos.” — Jesus lhes replicou: “É
certo que bebereis o cálice que Eu beber; mas, pelo que respeita a vos
sentardes à minha direita ou à minha esquerda, não me cabe a mim vo-lo
conceder; isso será para aqueles a quem meu Pai o tem preparado.”
— Ouvindo isso, os dez outros apóstolos se encheram de
indignação contra os dois irmãos. Jesus, chamando-os para perto de si, lhes
disse: “Sabeis que os príncipes das nações as dominam e que os grandes as tratam
com império. Assim não deve ser entre vós; ao contrário, aquele que quiser tornar-se
o maior, seja vosso servo; e aquele que quiser ser o primeiro entre vós seja
vosso escravo; do mesmo modo que o Filho do Homem não veio para ser servido,
mas para servir e dar a vida pela redenção de muitos.” (Mateus, 20:20 a 28.)
Jesus entrou em dia de sábado na casa de um dos
principais fariseus para aí fazer a sua refeição. Os que lá estavam o
observaram. Então, notando que os convidados escolhiam os primeiros lugares,
propôs-lhes uma parábola, dizendo:
“Quando fordes convidados para bodas, não tomeis o
primeiro lugar, para que não suceda que, havendo entre os convidados uma pessoa
mais considerada do que vós, aquele que vos haja convidado venha a dizer-vos:
dai o vosso lugar a este, e vos vejais constrangidos a ocupar, cheios de
vergonha, o último lugar. Quando fordes convidados, ide colocar-vos no último
lugar, a fim de que, quando aquele que vos convidou chegar, vos diga: meu
amigo, venha mais para cima. Isso então será para vós um motivo de glória,
diante de todos os que estiverem convosco à mesa; porquanto todo aquele que se
eleva será rebaixado e todo aquele que se abaixa será elevado.” (Lucas, 14:1 e
7 a 11.)
Estas máximas decorrem do princípio de humildade que
Jesus não cessa de apresentar como condição essencial da felicidade prometida
aos eleitos do Senhor e que Ele formulou assim: “Bem-aventurados os pobres de
espírito, pois que o Reino dos Céus lhes pertence.” Ele toma uma criança como
tipo da simplicidade de coração e diz: “Será o maior no Reino dos Céus aquele que se humilhar e se fizer pequeno
como uma criança, isto é, que nenhuma pretensão alimentar à superioridade ou à
infalibilidade.
A mesma ideia fundamental se nos depara nesta outra
máxima: Seja vosso servidor aquele que quiser tornar-se o maior, e nesta outra:
Aquele que se humilhar será exalçado e aquele que se elevar será rebaixado.
O Espiritismo sanciona pelo exemplo a teoria,
mostrando-nos na posição de grandes no mundo dos Espíritos os que eram pequenos
na Terra; e bem pequenos, muitas vezes, os que na Terra eram os maiores e os mais
poderosos.
E que os primeiros, ao morrerem, levaram consigo aquilo que
faz a verdadeira grandeza no céu e que não se perde nunca: as virtudes, ao
passo que os outros tiveram de deixar aqui o que lhes constituía a grandeza
terrena e que se não leva para a outra vida: a riqueza, os títulos, a glória, a
nobreza do nascimento.
Nada mais possuindo senão isso chegam ao outro mundo,
privados de tudo, como náufragos que tudo perderam, até as próprias roupas.
Conservaram apenas o orgulho que mais humilhante lhes
torna a nova posição, porquanto veem colocados acima de si e resplandecentes de
glória os que eles na Terra espezinharam.
O Espiritismo aponta-nos outra aplicação do mesmo
princípio nas encarnações sucessivas, mediante as quais os que, numa
existência, ocuparam as mais elevadas posições, descem, em existência seguinte,
às mais ínfimas condições, desde que os tenham dominado o orgulho e a ambição.
Não procureis, pois, na Terra, os primeiros lugares, nem
vos colocar acima dos outros, se não quiserdes ser obrigados a descer. Buscai,
ao contrário, o lugar mais humilde e mais modesto, porquanto Deus saberá
dar-vos um mais elevado no céu, se o merecerdes.
E.S.E. CAP VII ITEM 3 A 6
A BALEIA
Ela nasceu grande e forte.
Desde recém-nascida era muito maior do que os outros
habitantes das profundezas do oceano.
Afinal, era uma baleia. Uma linda baleia branca!
Mas a Baleia não conseguia brincar e se divertir como
todos os outros seres do mar por causa do seu tamanho.
Com o passar do tempo, como só conseguisse brincar com as
outras baleias iguais a ela, começou a desenvolver dentro de si um enorme
desprezo pelas outras criaturas, fossem peixes, moluscos ou crustáceos.
Considerava-os pequenos e insignificantes, e o orgulho
pelo seu tamanho e beleza tomou conta do seu coração. Quando eles se
aproximavam querendo brincar, ou apenas conversar, ela respondia altaneira:
– Não se enxergam? Vejam o meu tamanho e vejam o de
vocês! Vão procurar sua turma que eu tenho mais o que fazer.
E como muitos seres do mar se afastassem à sua
aproximação temendo ser esmagados por ela, a Baleia acreditou-se
verdadeiramente invencível e auto suficiente, afirmando convicta e cheia de
orgulho:
– Eu sou forte e poderosa. Não preciso de ninguém.
Certo dia, contudo, passeando com sua mamãe, afastou-se
do cardume encantada com a beleza de alguns corais que vira ao longe.
Aquela região era absolutamente desconhecida para ela.
Não se preocupou, porém. Era grande e sabia se defender.
Não havia morador das profundezas do mar que pudesse vencê-la. Quanto ao
caminho de casa, logo o encontraria. Era só questão de tempo. Com sua
inteligência e sua força não tinha medo de nada.
Assim pensando, a Baleia percorreu enormes distâncias sem
saber para que lado estava indo. Já estava cansada quando, sem perceber,
aproximou-se muito de uma praia e ficou presa num banco de areia. Lutou
bastante, debateu-se, suplicando ajuda: – Socorro! Socorro! Estou presa e não
posso sair! Socorro! Acudam!
Mas, qual! Aquela era uma praia quase deserta e
dificilmente passava alguém.
Há horas estava fora da água, sob o sol inclemente.
Exausta de lutar, sentia-se cada vez mais fraca.
Ninguém atendia às suas súplicas e a pobre baleia azul
pensou que era o fim. Morreria ali, sem socorro e longe da família.
Chorou, chorou muito. Desesperou-se e compreendeu,
finalmente, que não era tão auto suficiente como sempre acreditara. E que o seu
tamanho, aquele enorme corpo do qual sempre se orgulhara, era justamente a
razão de estar presa no banco de areia.
Com lágrimas nos olhos, lamentava-se: – Ah! Se eu fosse
pequenina como os outros peixes não estaria agora nesta situação.
Meditou bastante e decidiu que, se conseguisse se salvar,
seria diferente e não desprezaria ninguém. Deixaria de ser tão orgulhosa e
faria amizade com todo mundo.
Algumas horas depois passou um garoto pela praia.
Vendo-a, gritou encantado: – Uma baleia! E parece que está encalhada,
pobrezinha. Vou buscar ajuda.
Se fosse em outra época, a Baleia reviraria os olhos com
desprezo, não acreditando que uma criatura tão insignificante pudesse ser de
alguma utilidade. Agora, porém, era diferente. Agradeceu a Deus pelo auxílio
que lhe mandava na pessoa de uma criança tão pequena.
Logo depois o menino voltou com o pai e algumas pessoas
das redondezas. Com grande esforço, aproveitando a subida da maré, conseguiram
finalmente soltar a pequena baleia, que sumiu nas águas, toda feliz.
Um pouco adiante, encontrou sua mãe, muito preocupada,
que a procurava sem descanso. Ufa! Que alívio!
Naquele dia, no fundo do mar houve grande festa, e os
peixes ficaram admirados de serem convidados pela Baleia.
E, mais ainda, de serem recebidos com muito carinho e
atenção pela linda baleia, agora, toda sorridente e gentil.
Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação
Espírita
Autora: Célia Xavier Camargo
CAP VIII – 22/06
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP VIII – BEM AVENTURADOS OS QUE TEM O
CORAÇÃO PURO
Deixai venham a mim as criancinhas, pois tenho o leite
que fortalece os fracos.
Deixai venham a mim todos os que, tímidos e débeis, necessitam
de amparo e consolação.
Deixai venham a mim os ignorantes, para que eu os
esclareça.
Deixai venham a mim todos os que sofrem, a multidão dos
aflitos e dos infortunados:
Eu lhes ensinarei o grande remédio que suaviza os males
da vida e lhes revelarei o segredo da cura de suas feridas!
Qual é, meus amigos, esse bálsamo soberano, que possui
tão grande virtude, que se aplica a todas as chagas do coração e as cicatriza?
É o amor, é a caridade!
Se possuís esse fogo divino, que é o que podereis temer?
Direis a todos os instantes de vossa vida: “Meu Pai, que
a tua vontade se faça e não a minha;
se te apraz experimentar-me pela dor e pelas tribulações,
bendito sejas, porquanto é para meu bem, eu o sei, que a tua mão sobre mim se
abate.
Se é do teu agrado, Senhor, ter piedade da tua criatura fraca,
dar-lhe ao coração as alegrias sãs, bendito sejas ainda. Mas faze que o amor
divino não lhe fique amodorrado na alma, que incessantemente faça subir aos
teus pés o testemunho do seu reconhecimento!”
Se tendes amor, possuís tudo o que há de desejável na
Terra, possuís preciosíssima pérola, que nem os acontecimentos, nem as maldades
dos que vos odeiem e persigam poderão arrebatar.
Se tendes amor, tereis colocado o vosso tesouro lá onde
os vermes e a ferrugem não o podem atacar e vereis apagar-se da vossa alma tudo
o que seja capaz de lhe conspurcar a pureza;
sentireis diminuir dia a dia o peso da matéria e, qual
pássaro que adeja nos ares e já não se lembra da Terra, subireis continuamente,
subireis sempre, até que vossa alma, inebriada, se farte do seu elemento de
vida no seio do Senhor.
– Um Espírito protetor. (Bordeaux, 1861.)
E.S.E. CAP VIII ITEM 19
TUCUMIM, O INDIOZINHO
Tucumim era um pequeno índio muito estimado em toda a
floresta. Gostava de correr, brincar com os animais, pescar. Caçar só quando
estava com muita fome, pois evitava provocar sofrimento em outros seres da
Criação.
Alimentava-se geralmente de raízes, ervas ou frutos
silvestres que colhia no meio do mato.
Amava o sol, a lua, o vento, a chuva e, principalmente,
as outras criaturas. Quando encontrava
um animalzinho ferido, não descansava enquanto não o visse curado.
Certa vez, voltando de um passeio pela floresta, Tucumim
viu um passarinho preso numa arapuca, com a asinha quebrada. Retirou a ave da
arapuca e colocou uma pequena tala, que amarrou com fibra vegetal, para
imobilizar a asa. Em poucos dias a avezinha, já curada, partiu, agradecendo ao
amigo com lindos trinados pela alegria de poder voar novamente.
Nesse mesmo dia, andando à procura de raízes comestíveis,
Tucumim topou com um coelhinho, seu amigo, que estava numa armadilha com a pata
machucada. O indiozinho colocou sobre o ferimento uma pasta feita com ervas,
conforme lhe ensinara seu avô, e, em pouco tempo, o coelhinho saiu pulando.
Antes de internar-se na floresta, ele se virou como a dizer: — Obrigado,
Tucumim. Você é um amigão!
Na manhã seguinte, quando foi pescar, Tucumim ouviu
gemidos de dor. Era uma oncinha caída num buraco preparado como armadilha e
que, na queda, tinha se machucado. Incansável, Tucumim fez um curativo na
ferida e logo a oncinha corria feliz pela floresta, muito agradecida pela
ajuda.
Tucumim, porém, estava preocupado.
Quem estaria colocando aquelas armadilhas na floresta e
tirando a paz de seus habitantes? Sentiu medo. Seu avô sempre dissera que ele
deveria ter muito cuidado com o homem branco, que era mau e matava sem piedade,
pelo prazer de matar. Por isso, Tucumim tinha muito medo dos homens brancos.
Na verdade, nunca tinha visto um homem branco.
Imaginava-os gigantescos e de fisionomia terrível e assustadora.
Assim, ao encontrar pegadas diferentes no chão, concluiu
que só poderiam ser de homem branco, e ficou apavorado.
Contou na aldeia o que estava acontecendo e todos os
índios ficaram assustados também. Resolveram sair e procurar essa criatura
malvada que estava colocando em pânico os moradores da mata.
Procuraram... procuraram... procuraram...
Estavam cansados de andar quando ouviram uma voz que
gritava: — Socorro! Socorro! Tirem-me daqui!...
Seguindo o som da voz, chegaram até a beira de um grande
buraco, no fundo do qual um homem gemia de dor.
Apesar de assustados, de arco e flechas em punho, os
índios gritavam satisfeitos: — Nós o apanhamos! Nós o apanhamos! Vamos acabar
com ele!
Porém, Tucumim, que possuía um coração bondoso e
sensível, ao ver aquela criatura gemendo de dor, condoído pensou: - “Mas ele
não tem a aparência terrível e assustadora que eu imaginava. É igualzinho a
nós. Só a roupa é diferente.”
Virando-se para seus irmãos de raça, falou: — Não podemos
matá-lo. Não percebem que ele é uma criatura como nós, que sofre e chora?
Vamos, ajudem-me a tirá-lo do buraco. Está ferido e precisando de ajuda.
Com o auxílio de um cipó, os índios retiraram o caçador
com todo o cuidado, colocando-o sobre a relva, à sombra de uma árvore.
Emocionado, o
caçador não parava de agradecer: — Se não fossem vocês, provavelmente eu
morreria dentro daquele buraco. Não sei como lhes agradecer. Percebo agora o
mal que fiz colocando todas aquelas armadilhas na floresta. Acabei caindo numa
delas e agradeço a Deus por vocês terem me salvado. Como posso retribuir o bem
que me fizeram?
Tucumim, porta-voz de toda a tribo, respondeu: — É fácil.
Não coloque mais armadilhas na floresta. Deixe os animais em paz.
O caçador, envergonhado, concordou: — Nunca mais farei
isso, prometo. Agora sei que tive o que merecia. Cada um é responsável por tudo
o que faz, e eu mereci essa lição. Perdoem-me. Quero que sejamos amigos.
Percebendo a sinceridade do homem, os índios
estenderam-lhe as mãos em sinal de amizade e depois o levaram para a taba.
Nesse dia prepararam uma grande festa para comemorar o
acontecimento. Afinal, todos somos
irmãos!
Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação
Espírita
Autora: Célia Xavier Camargo
CAP IX – 23/06
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP IX – BEM AVENTURADOS OS MANSOS E
PACÍFICOS
A dor é uma bênção que Deus envia a seus eleitos; não vos
aflijais, pois, quando sofrerdes; antes, bendizei de Deus onipotente que, pela
dor, neste mundo, vos marcou para a glória no céu.
Sede pacientes.
A paciência também é uma caridade e deveis praticar a lei
de caridade ensinada pelo Cristo, enviado de Deus.
A caridade que consiste na esmola dada aos pobres é a
mais fácil de todas.
Outra há, porém, muito mais penosa e, conseguintemente,
muito mais meritória: a de perdoarmos aos que Deus colocou em nosso caminho
para serem instrumentos do nosso sofrer e para nos porem à prova a paciência.
A vida é difícil, bem o sei.
Compõe-se de mil bagatelas, que são outras tantas picadas
de alfinetes, mas que acabam por ferir.
Se, porém, atentarmos nos deveres que nos são impostos,
nas consolações e compensações que, por outro lado, recebemos, havemos de
reconhecer que são as bênçãos muito mais numerosas do que as dores.
O fardo parece menos pesado, quando se olha para o alto,
do que quando se curva para a terra a fronte.
Coragem, amigos!
Tendes no Cristo o vosso modelo.
Mais sofreu Ele do que qualquer de vós e nada tinha de
que se penitenciar, ao passo que vós tendes de expiar o vosso passado e de vos
fortalecer para o futuro.
Sede, pois,
pacientes, sede cristãos. Essa palavra resume tudo.
– Um Espírito amigo. (Havre, 1862.)
E.S.E. CAP IX ITEM 7
O REI E SEU FORMOSO CAVALO...
No tempo em que não existia a locomotiva fácil na Terra,
um grande rei simpatizou com fogoso cavalo de cores claras, da criação de sua
casa; mas, ao desejá-lo para os serviços do palácio, foi assim informado pelo
chefe da cavalariça:
- Majestade, este animal é vítima de muitas tentações.
Basta que movimente, de leve, para assustar-se e ocasionar desastres. Uma
simples folha seca na estrada é razão para inúmeros coses.
O rei ouviu, atencioso, e afirmou que remediaria a
situação.
No dia seguinte, mandou atrelá-lo a enorme carroça de
limpeza, onde o cavalo se viu tão preso que não pôde fazer outros movimentos,
além dos necessários.
Depois de algumas semanas, o monarca determinou fizesse
ele o duro serviço dos burros, transportando cargas pesadíssimas.
A princípio, o animal se rebelava, escouceando o ar e
relinchando fortemente; entretanto, foi tantas vezes visitado pelos gritos e
pelos chicotes dos peões e tantos fardos suportou que, ao fim de algum tempo,
era um modelo de mansidão e brandura, sendo colocado no serviço real, com
grande contentamento para o soberano.
Assim acontece conosco, na vida.
Destinados ao trabalho da Vontade de Deus, se vivemos
entregues às tentações do mal, desobedientes e egoístas, determina o Senhor que
sejamos confiados à luta e à provação, à
dificuldade e ao sofrimento, os quais, pouco a pouco, nos ensinam a humildade e o respeito, a diligência e a
doçura.
Depois de passarmos pelos variados processos de educação
indispensável ao nosso burilamento, sermos então aproveitados, com êxito e
segurança, nos serviços gerais de Bondade de Deus, junto de nossos irmãos.
Extraido do livro Pai Nosso de Meimei - psicografado por
Chico Xavier.
CAP X – 24/06
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP X – BEM AVENTURADOS OS MISERICORDIOSOS
Uma das insensatezes da Humanidade consiste em vermos o
mal de outrem, antes de vermos o mal que está em nós. Para julgar-se a si
mesmo, fora preciso que o homem pudesse ver seu interior num espelho, pudesse, de
certo modo, transportar-se para fora de si próprio, considerar-se como outra
pessoa e perguntar: Que pensaria eu se visse alguém fazer o que faço?
Incontestavelmente, é o orgulho que induz o homem a
dissimular, para si mesmo, os seus defeitos, tanto morais quanto físicos.
Semelhante insensatez é essencialmente contrária à
caridade, porquanto a verdadeira caridade é modesta, simples e indulgente.
Caridade orgulhosa é um contrassenso, visto que esses
dois sentimentos se neutralizam um ao outro.
Com efeito, como poderá um homem, bastante presunçoso
para acreditar na importância da sua personalidade e na supremacia das suas
qualidades, possuir ao mesmo tempo abnegação bastante para fazer ressaltar em outrem
o bem que o eclipsaria, em vez do mal que o exalçaria?
Por isso mesmo, porque é o pai de muitos vícios, o
orgulho é também a negação de muitas virtudes.
Ele se encontra na base e como móvel de quase todas as ações
humanas.
Essa a razão por que Jesus se empenhou tanto em
combatê-lo, como principal obstáculo ao progresso.
E.S.E.
CAP X ITEM 10
A GALINHA INTRANSIGENTE
Existiu certa vez uma galinha que nunca estava satisfeita
com nada. Vivia de mal com o mundo e não perdoava a menor ofensa, mesmo
involuntária.
Passava o tempo a queixar-se da vida e a criticar tudo o
que os animais da fazenda faziam. No terreiro, ninguém estava livre dos seus
comentários.
Se um patinho se machucava, ela logo dizia:
— Bem feito! Quem manda dona Pata deixar seus filhotes
soltos por aí?
Se o cachorrinho era picado por uma abelha ao enfiar o
focinho no tronco de uma árvore, ela logo exclamava com ar satisfeito:
— Teve o que merecia! Quem manda ficar enfiando o nariz
onde não deve?
Se o gatinho, sem querer, entornava o prato de leite, ela
reagia:
— Também com a educação que dona Gata lhe dá, só podia
ser um trapalhão mesmo!
E assim ela criticava todos os animais do terreiro. E ai
de alguém que lhe fizesse a mínima ofensa. Jamais teria o seu perdão.
Certo dia, ela descuidou-se arrumando o galinheiro e não
viu que um de seus pintinhos desaparecera.
Quando percebeu, ficou apavorada e saiu gritando por ele:
— Chiquinho! Chiquinho! Onde está você?
Mas nada do Chiquinho aparecer. Perguntou para os
vizinhos, para dona coruja, sempre muito esperta, e nada. Ninguém sabia dar
notícias do pintinho.
Todos estavam preocupados e ajudando a procurar o filhote
da galinha, até que dona Vaca lembrou-se de tê-lo visto atravessando o pasto a
caminho do riacho.
Correram todos, e lá chegando ficaram surpresos e
encantados com a cena que viram.
O pintinho caíra na água e, não sabendo nadar, debatera-se,
ficando preso em umas plantas na outra margem do riacho que, embora estreito,
não dava para alcançar.
O patinho, excelente nadador, já fizera vãos esforços
para soltar o pintinho, que estava preso por uma das patas, mas ele era muito
fraco e não tinha força suficiente.
O cachorrinho e o gatinho tiveram uma idéia e, nesse
exato momento, a colocavam em execução.
O cachorrinho, que era o mais forte, se pendurou num
galho de árvore à margem do regato e, ao mesmo tempo, segurou uma das patas do
gatinho, que se esticou... esticou... esticou até conseguir agarrar o Chiquinho
pelo pescoço. Depois, puxando-o com força, pode livrá-lo dos ramos que o
prendiam.
Foi um alívio geral! Em pouco tempo, Chiquinho estava nos
braços da mamãe Galinha, que respirava aliviada.
— Graças a Deus! Não sei como agradecer a vocês todos
pela ajuda que me deram! — disse com lágrimas nos olhos.
Depois, pensando um pouco, completou envergonhada:
— E logo eu que sempre fui tão intolerante com todos!
Mas, nunca mais criticarei ninguém. Nunca se sabe quando nós também vamos
precisar da ajuda e do perdão dos outros. Hoje, por minha falta de atenção, meu
filho quase perde a vida. Porém, em vez de me censurar, vocês me ajudaram.
Quero que me perdoem tudo o que já lhes fiz, como espero que Deus me perdoe
também.
E deste dia em diante, dona Galinha transformou-se numa
criatura boa, paciente, tolerante e compreensiva para com as falhas do próximo
e nunca mais criticou ninguém.
Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação
Espírita
Autora:
Célia Xavier Camargo
CAP XI – 25/06
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XI – AMAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO
Meus caros condiscípulos, os Espíritos aqui presentes vos
dizem, por meu intermédio: “Amai muito, a fim de serdes amados.”
É tão justo esse pensamento, que nele encontrareis tudo o
que consola e abranda as penas de cada dia; ou melhor: pondo em prática esse
sábio conselho, elevar-vos-eis de tal modo acima da matéria que vos
espiritualizareis antes
de deixardes o invólucro terrestre.
Havendo os estudos espíritas desenvolvido em vós a
compreensão do futuro, uma certeza tendes: a de caminhardes
para Deus, vendo realizadas todas as promessas que
correspondem às aspirações de vossa alma.
Por isso, deveis elevar-vos bem alto para julgardes sem
as constrições da matéria, e não condenardes o vosso próximo sem terdes
dirigido a Deus o pensamento.
Amar, no sentido profundo do termo, é o homem ser leal,
probo, consciencioso, para fazer aos outros o que queira que estes lhe façam; é
procurar em torno de si o sentido íntimo de todas as dores que acabrunham seus
irmãos, para suavizá-las; é considerar como sua a grande família humana, porque
essa família todos a encontrareis, dentro de certo período, em mundos mais
adiantados; e os Espíritos que a compõem são, como vós, filhos de Deus,
destinados a se elevarem ao infinito.
Assim, não podeis recusar aos vossos irmãos o que Deus
liberalmente vos outorgou, porquanto, de vosso lado, muito vos alegraria que
vossos irmãos vos dessem aquilo de que necessitais.
Para todos os sofrimentos, tende, pois, sempre uma
palavra de esperança e de conforto, a fim de que sejais inteiramente amor e
justiça.
Crede que esta sábia exortação: “Amai bastante, para
serdes amados”, abrirá caminho; revolucionária, ela segue sua rota, que é
determinada, invariável.
Mas já ganhastes muito, vós que me ouvis, pois que já
sois infinitamente melhores do que éreis há cem anos.
Mudastes tanto, em proveito vosso, que aceitais de boa
mente, sobre a liberdade e a fraternidade, uma imensidade de ideias novas, que
outrora rejeitaríeis.
Ora, daqui a cem anos, sem dúvida aceitareis com a mesma
facilidade as que ainda vos não puderam entrar no cérebro.
Hoje, quando o movimento espírita há dado tão grande
passo, vede com que rapidez as ideias de justiça e de renovação, constantes nos
ditados espíritas, são aceitas pela parte mediana do mundo inteligente.
É que essas ideias correspondem a tudo o que há de divino
em vós.
É que estais preparados por uma sementeira fecunda: a do
século passado, que implantou no seio da sociedade terrena as grandes ideias de
progresso.
E, como tudo se encadeia sob a direção do Altíssimo,
todas as lições recebidas e aceitas virão a encerrar-se na permuta universal do
amor ao próximo.
Por aí, os Espíritos encarnados, melhor apreciando e
sentindo, se estenderão as mãos, de todos os confins do vosso planeta.
Uns e outros reunir-se-ão, para se entenderem e amarem,
para destruírem todas as injustiças, todas as causas
de desinteligências entre os povos.
Grande conceito de renovação pelo Espiritismo, tão bem
exposto em O livro dos espíritos; tu produzirás o portentoso milagre do século
vindouro, o da harmonização de todos os interesses materiais e espirituais dos
homens, pela aplicação deste preceito bem compreendido: “Amai bastante, para
serdes amados.”
– Sanson, ex-membro da Sociedade Espírita de Paris. (1863.)
E.S.E.
CAP XI ITEM 11
A VISÃO DE JOAQUINA.
Joaquina era uma jovem muito alegre, ativa e
trabalhadeira. Sabem por que ela era alegre? porque conhecia e tinha consigo um
tesouro, o maior tesouro da Terra.
Este tesouro de Joaquina era tão valioso, que a fazia a
mulher mais rica da Terra.
Podia haver um rei que possuísse coroas cravadas de
brilhantes ou cofres cheios de ouro e pedras preciosas, que ele não seria mais
rico que Joaquina.
Podia haver um negociante que tivesse muitas fábricas e
indústrias, onde milhares de trabalhadores ganhassem o pão de cada-dia, que
este negociante, não seria mais rico que Joaquina.
Podia haver um fazendeiro, dono de imensas terras e
muitas plantações e gados, que ele não seria mais rico que Joaquina.
Podia haver um homem que fosse dono de uma frota imensa
de aviões, trens e caminhões, que ele não seria mais rico que Joaquina.
Um dia Joaquina ia por uma estrada cheia de sol, ia feliz
colhendo flores, quando encontrou um lindo menino de nome Marcelo.
- Olá Marcelo, bom dia - disse ela.
- Bom dia - disse Marcelo, que era muito educado e
inteligente. O menino olhou para ela curioso. Iam pela mesma estrada. Joaquina
tomou umas flores e deu a Marcelo.
- Para que quero
flores? - Perguntou o menino que estava aborrecido com alguma coisa.
- você não quer as flores, Marcel? Está bem. Continuaram
andando. Adiante, Joaquina tomou um lanche que era um bolo muito gostoso e quis
dar a Marcelo.
- Para que eu quero um bolo? - Perguntou o menino que
continuava aborrecido com alguma coisa.
- Você não quer o bolo, Marcel? está bem.
Mais adiante, como estivesse ameaçando chuva Joaquina e
Marcelo viram uma cabana e foram se abrigar. Ela acendeu a lareira de falou: -
Quer ouvir uma estória. Marcelo?
- Para que eu quero uma estória? - Perguntou o menino.
- Nisto bateram à porta e Joaquina foi atender. eram
muitas crianças. Elas entraram. Colocaram as flores nos vasos, serviram-se do
bolo que Joaquina trazia e pediram para ouvir estórias.
Joaquina contava toda as estórias que sabia.
O menorzinho dos meninos um pretinho bem pretinho; com um
lindo sorriso, chamado Francisco lhe perguntou:
- Joaquina onde está o teu tesouro?
- Do que ele é feito? - Perguntou Soraia.
- Ela tomando o guri no colo, respondeu: - Meu tesouro é
o Amor. Ele é feito de carinho, paciência e perdão. Ele é feito de ternura e
trabalho.
- Quem foi que deu o amor pra você - Quis saber Vinicius.
- Quem me deu o Amor foi Jesus. Ele me ensinou que por
mais dinheiro que alguém possa ser. Por mais inteligente. Por mais querido, se
este alguém não tiver Amor pelos outros será sempre muito pobre, um verdadeiro
mendigo.
- E como você distribui o Amor de Jesus? - Perguntou
André.
- Nós distribuímos este Amor de muitas formas, também em
formato de estórias, como Jesus gostava de fazer. As estórias de Jesus se
chamavam parábolas.
- Para que servem estas estórias? - Quis saber Alam.
- Enquanto as estórias são contadas os anjinhos da guarda
aproveitam para acender luzinhas dentro das crianças, estas luzinhas podem ser
de todas as cores, podem ser acesas no coração, na cabeça, nas mãos, no
estômago, nos olhos e nos pés.
- O que acontece quando se acende luzinhas no coração? -
Perguntou Jussara.
- Quando acesas no coração, as crianças ficam cada vez
mais bondosas.
- E quando acendem luzinhas na cabeça? - Perguntou Tiago,
que parara de chorar, pois sempre queria a mamãe por perto.
- Quando acesas na cabeça, a criança fica cada vez mais
inteligente.
- E quando acendem luzinhas no estômago? - Perguntou
Fabiana.
- Quando acendem luzinhas no estômago a criança fica cada
vez mais calmas.
- E quando acendem luzinhas nos olhos? - Perguntou
curiosa Karina.
- Quando acendem luzinhas nos olhos a criança fica cada
vez mais esperta.
- Quando acendem luzinhas nas mãos a criança fica cada
vez mais estudiosa e trabalhadeira - Respondeu Joaquina.
- E quando acendem luzinhas nos pés? _ perguntou Renata.
- Quando acendem luzinhas nos pés a criança fica cada vez
mais forte.
- E para que servem estas luzinhas? - Perguntou Flávia.
- estas luzinhas servem para iluminar o caminho, quando
chega a noite - Falou Joaquina.
- Para iluminar o caminho à noite a gente usa as luzes
das casas e dos postes, dos carros ou lanternas - Falou Marcelo.
- Mas a noite que estamos falando chama-se sofrimento, e
para enfrentar esta noite é preciso ter pelo menos uma destas luzinhas acesas
dentro de nós, Marcelo.
A chuva tinha passado e Joaquina ia continuar seu caminho
e convidou as crianças.
- Vamos juntos?
- Que estrada é aquela? - Perguntou Otávio.
- Ela não se mede por quilómetros, conta-se pelas horas,
pelo tempo, pelos anos.
- Onde ela começa? - Perguntou Mayra.
- Ela começa na cidade chamada berço e termina quando
encontramos a porteira da morte, que abre a fazenda do mundo Espiritual.
- Você nos leva com você? - Perguntou Jõao Marcos.
- Podemos seguir juntos, pelo menos por um pedaço da
estrada. E eu repartirei com vocês tudo de bom que tiver em meu tesouro.
- Mas e as outras crianças? Você não pode levar todas -
Inquiriu Estevão.
- Há muitas irmãs minhas pela estrada. as crianças que
não vierem comigo irão com estas minhas irmãs, que também tem o tesouro do Amor
que Jesus lhes deu.
- E este tesouro não acaba? - Foi a vez da Cristina
falar.
- Este é um tesouro mágico, diferente. Quanto mais você
tira dele mais ela aumenta. e nós deixaremos pedrinhas de valor pelo caminho
para marcar a estrada certa. Vocês podem me ajudar a marcar e estrada?
- Eu ajudo - Falou Rodolfo, que era o menor do grupo,
ganhando até do Francisquinho e do Tiago - O que eu faço?
- Seja obediente para o papai e a mamãe. Aqui está a
pedra da obediência. Ela é transparente como a água.
- Eu sou obediente - Redargui Nazira.
- Eu também - Falou José.
- Eu também quero deixar marcas na estrada, como o João e
Maria daquela estória que todo o mundo conhece. Falou Isabela.
_ Nunca se canse de aprender. - Disse Joaquina - Esta é a
pedrinha verde do esforço próprio.
Mauro gostou tanto da pedra que quis uma igual.
- Está bem - disse Joaquina, dando-lhe uma pedra
turquesa.
- Que pedra é esta? - Falou António.
- É a pedra do respeito aos outros.
- E eu? perguntou ao mesmo tempo Caroline e Vítor.
- Vocês dois marcarão o caminho com estas pedrinhas
vermelhas que representam o carinho que devemos dar a todas as criaturas.
- Mas deste jeito não vai sobrar pedra nenhuma para mim -
Falou Nazira.
- Você leva estas
pepitas douradas.
- O que elas representam?
- Elas representam a alegria, que é o sorriso, a palavra
boa, a confiança.
- E eu? - Perguntou José.
- Leva com você a pedra lilás da amizade. Sem amigos a
estrada seria um deserto muito triste.
- E que pedrinha eu levo? - Pediu Marcelo António.
- Aqui para você temos a pedra prateada. Ela é toda feita
de lágrimas e representa o perdão. Às vezes precisamos perdoar as pessoas,
porque elas não nos entendem.
- E Eu? tem uma pedrinha para eu levar? - Exclamou João
Marcos.
- Você marcará o caminho com a pedra rósea do trabalho,
sem o trabalho nada existe.
- Marcelo estava a
um canto quieto e calado. Joaquina olhou para ele e pediu.
- Vamos, Marcelo. Para você guardei uma pedra muito valiosa
e gostaria que você a levasse consigo.
- Que pedra é essa? - Quis saber o menino.
Ela tomou de si uma linda gema em forma de coração feita
com todas as cores do arco-íris e lhe mostrou.
- Esta, meu querido é a pedra da esperança, Eu a venho
guardando há muito tempo para todos aqueles que muito amo e gostaria
partilhasse comigo do tesouro de Jesus.
Meimei.
fonte: A VISÃO DE JOAQUINA de Meimei - (psicografada por
Marilusa moreira Vasconcellos)
CAP XII – 26/06
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XII – AMAI OS VOSSOS INIMIGOS
Se o amor do próximo constitui o princípio da caridade,
amar os inimigos é a mais sublime aplicação desse princípio, porquanto a posse de
tal virtude representa uma das maiores vitórias alcançadas contra o egoísmo e o
orgulho.
Entretanto, há geralmente equívoco no tocante ao sentido
da palavra amar, neste passo.
Não pretendeu Jesus, assim falando, que cada um de nós
tenha para com o seu inimigo a ternura que dispensa a um irmão ou amigo.
A ternura pressupõe confiança; ora, ninguém pode
depositar confiança numa pessoa, sabendo que esta lhe quer mal; ninguém pode
ter para com ela expansões de amizade, sabendo-a capaz de abusar dessa atitude.
Entre pessoas que desconfiam umas das outras, não pode
haver essas manifestações de simpatia que existem entre as que comungam nas
mesmas ideias.
Enfim, ninguém pode sentir, em estar com um inimigo,
prazer igual ao que sente na companhia de um amigo.
A diversidade na maneira de sentir, nessas duas
circunstâncias diferentes, resulta mesmo de uma lei física: a da assimilação e
da repulsão dos fluidos.
O pensamento malévolo determina uma corrente fluídica que
impressiona penosamente.
O pensamento benévolo nos envolve num agradável eflúvio.
Daí a diferença das sensações que se experimenta à
aproximação de um amigo ou de um inimigo.
Amar os inimigos não pode, pois, significar que não se
deva estabelecer diferença alguma entre eles e os amigos.
Se este preceito parece de difícil prática, impossível
mesmo, é apenas por entender-se falsamente que ele manda se dê no coração,
assim ao amigo, como ao inimigo, o mesmo lugar.
Uma vez que a pobreza da linguagem humana obriga a que
nos sirvamos do mesmo termo para exprimir matizes diversos de um sentimento, à
razão cabe estabelecer as diferenças, conforme os casos.
Amar os inimigos não é, portanto, ter-lhes uma afeição
que não está na natureza, visto que o contato de um inimigo nos faz bater o
coração de modo muito diverso do seu bater, ao contato de um amigo.
Amar os inimigos é não lhes guardar ódio, nem rancor, nem
desejos de vingança;
é perdoar-lhes, sem pensamento oculto e sem condições, o
mal que nos causem;
é não opor nenhum obstáculo à reconciliação com eles; é
desejar-lhes o bem, e não o mal;
é experimentar júbilo, em vez de pesar, com o bem que lhes
advenha;
é socorrê-los, apresentando-se ocasião;
é abster-se, quer por palavras, quer por atos, de tudo o
que os possa prejudicar;
é, finalmente, retribuir-lhes sempre o mal com o bem, sem
a intenção de os humilhar.
Quem assim procede preenche as condições do mandamento:
Amai os vossos inimigos.
E.S.E.
CAP XII ITEM 3
AMIGOS PARA SEMPRE
Carlinha costumava sempre brincar com seu vizinho, Hugo,
que era bom, mas muito arteiro.
Um dia, Hugo ficou com raiva de Carlinha porque ela não
quis brincar de esconde-esconde com ele, preferindo a companhia de uma
amiguinha.
As meninas estavam brincando de casinha, quando o garoto,
furioso, chegou, agarrou a boneca de Carlinha e saiu correndo com ela. A garota
abandonou a amiga e saiu atrás dele. Quando conseguiu alcançá-lo, a boneca
estava estraçalhada: braços para um lado, pernas para o outro e a linda roupa,
rasgada. –
Carlinha pegou os restos da boneca de estimação e correu
para casa, chorando muito.
– O que aconteceu, minha filha? – perguntou a mãe ao
vê-la chegar aos gritos. Carlinha contou o que tinha acontecido, afirmando
entre soluços.
– Nunca mais vou brincar com o Hugo. Nunca mais quero
vê-lo. Nunca o perdoarei, mamãe.
A mãezinha pegou a filha no colo com imenso carinho,
consolando-a.
– Sei que está sofrendo, filhinha, mas isso passa. Ele
gosta de você e ficou com ciúmes, por isso reagiu assim. Vocês são tão amigos!
Logo estarão juntos de novo.
Mas a pequena afirmava, decidida: – Nunca, mamãe. Hugo
não é mais meu amigo.
– Carlinha, boneca a gente pode comprar outra, minha
filha. Mas uma amizade não tem preço. Algum dia você vai entender isso –
ponderou, com calma.
Percebendo, porém, que naquele momento não adiantava
dizer mais nada, pois a filha estava muito magoada, a senhora calou-se.
Dois dias depois, Carlinha estava triste e desanimada.
Sozinha, não tinha ânimo para brincar, uma vez que perdera seu grande amigo.
Notando sua tristeza, a mãe sugeriu: – Carlinha, porque
não faz as pazes com Hugo? Ele já veio procurá-la e você não quis brincar nem
falar com ele.
– Não consigo, mamãe.
A mãe, que estava preparando o almoço, parou e disse: –
Minha filha, que tal comprar uma bola nova para o Hugo? Ele vai gostar.
– Ah, mamãe! Ele destrói minha boneca preferida e eu
ainda tenho que dar um presente a ele?
– Sabe por que, minha filha? Você estará fazendo um bem a
ele. Hugo também está triste, se sentindo culpado pelo que lhe fez.
– Está bem. A professora de Evangelização disse, outro
dia, que temos que praticar a caridade.
– Exatamente – concordou a mãe, sorrindo.
Mais tarde saíram e compraram uma linda bola. Depois,
Carlinha foi levar o presente para ele, selando a paz entre eles.
Ao voltar, a mãe perguntou: – Como foi seu encontro com
Hugo, Carlinha?
A menina pensou um pouco e respondeu: – Mais ou menos.
Ele gostou da bola e pediu-me desculpas pela boneca quebrada.
– E você, não ficou contente?
Carlinha ficou calada, pensativa. Depois, contou: – Sabe,
mamãe. Fizemos as pazes, mas aqui dentro, bem no fundo – e colocou a mão no
coração – ainda estou triste e magoada.
A senhora abraçou a filha, explicando: – É que você ainda
não o perdoou, minha querida. Lembra-se que falou que iria fazer um bem a ele,
isto é, um gesto de caridade? Pois bem. Você fez a caridade mais fácil que é a
material. Mas tem a caridade maior e mais difícil de ser praticada que é a
caridade moral, especialmente, o perdão.
– É verdade. Ainda não o perdoei realmente.
– Para seu bem, procure esquecer o que ele lhe fez.
Enquanto não perdoá-lo, você não será feliz, minha filha.
– Vou tentar, mamãe.
Alguns dias depois, Hugo foi procurar Carlinha. Trazia um
pacote nas mãos.
– Isto é para você, Carlinha. Sei que não é a mesma
coisa, mas gostaria que você aceitasse.
A menina abriu e viu uma linda bonequinha, nova em folha.
– É linda, Hugo! Como conseguiu?
O menino, com olhos brilhantes e o peito estufado de
satisfação contou: – Quando quebrei sua boneca me senti muito mal. Você sabe
que somos pobres e mamãe não teria dinheiro para lhe comprar outra boneca. Mas,
eu queria reparar meu erro.
Pedi ajuda a
algumas pessoas amigas, e comecei a trabalhar para ganhar alguns trocados.
Lavei carros, limpei jardins, varri calçadas, entreguei
encomendas, arrumei cozinha, cuidei de cachorros, e muito mais. Assim, consegui
comprar, com meu esforço, essa boneca para você.
Carlinha estava surpresa. Não pensou que ele tivesse
ficado tão abalado.
– Você não diz nada, Carlinha. Aceite o presente, com meu
pedido de desculpas. Estou muito arrependido. Por favor!
Olhou o garoto que, à sua frente, suplicava com lágrimas
nos olhos, a menina aproximou-se dele e deu-lhe um grande abraço.
– Claro que eu o perdoo, Hugo. Somos amigos e a amizade
não tem preço.
Naquele instante, Carlinha sentiu que de dentro do seu
peito uma nuvem escura se desprendia, enquanto uma pequena luz começava a
brilhar, produzindo bem-estar, paz e alegria.
E completou com um sorriso: – Agora somos amigos para
sempre!
Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação
Espírita
Autora: Célia Xavier Camargo
CAP XIII – 27/06
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XIII – QUE A MÃO ESQUERDA NÃO SAIBA O
QUE FAZ A DIREITA
Nas grandes calamidades, a caridade se emociona e
observam-se impulsos generosos, no sentido de reparar os desastres.
No entanto, a par desses desastres gerais, há milhares de
desastres particulares, que passam despercebidos: os dos que jazem sobre um catre
(leito) miserável sem se queixarem.
Esses infortúnios discretos e ocultos são os que a
verdadeira generosidade sabe descobrir, sem esperar que peçam assistência.
Quem é esta mulher de ar distinto, de traje tão simples,
embora bem cuidado, e que traz em sua companhia uma mocinha tão modestamente vestida?
Entra numa casa de sórdida aparência, onde sem dúvida é conhecida,
pois que à entrada a saúdam respeitosamente. Aonde vai ela?
Sobe até a mansarda (sotão), onde jaz uma mãe de família
cercada de crianças.
À sua chegada, refulge a alegria naqueles rostos
emagrecidos.
É que ela vai acalmar ali todas as dores.
Traz o de que necessitam, condimentado de meigas e
consoladoras palavras, que fazem que os seus protegidos, que
não são profissionais da mendicância, aceitem o
benefício, sem corar.
O pai está no hospital e, enquanto lá permanece, a mãe
não consegue com o seu trabalho prover as necessidades da família.
Graças à boa senhora, aquelas pobres crianças não mais
sentirão frio, nem fome; irão à escola agasalhadas e, para as menorzinhas, o
leite não secará no seio que as amamenta.
Se entre elas alguma adoece, não lhe repugnarão a ela, à
boa dama, os cuidados materiais de que essa necessite.
Dali vai ao hospital levar ao pai algum reconforto e
tranquilizá-lo sobre a sorte da família.
No canto da rua, uma carruagem a espera, verdadeiro
armazém de tudo o que destina aos seus protegidos, que lhe recebem
sucessivamente a visita.
Não lhes pergunta qual a crença que professam, nem quais
suas opiniões, pois considera como seus irmãos e filhos de Deus todos os
homens.
Terminado o seu giro, diz de si para consigo: Comecei bem
o meu dia.
Qual o seu nome? Onde mora? Ninguém o sabe.
Para os infelizes, é um nome que nada indica; mas é o
anjo da consolação.
À noite, um concerto de bênçãos se eleva em seu favor ao
Pai celestial: católicos, judeus, protestantes, todos a bendizem.
Por que tão singelo traje? Para não insultar a miséria
com o seu luxo.
Por que se faz acompanhar da filha? Para que aprenda como
se deve praticar a beneficência.
A mocinha também quer fazer a caridade. A mãe, porém, lhe
diz: “Que podes dar, minha filha, quando nada tens de teu? Se eu te passar às
mãos alguma coisa para que dês a outrem, qual será o teu mérito? Nesse caso, em
realidade, serei eu quem faz a caridade; que merecimento terias nisso? Não é
justo. Quando visitamos os doentes, tu
me ajudas a tratá-los. Ora, dispensar cuidados é dar
alguma coisa. Não te parece bastante isso? Nada mais simples. Aprende a fazer
obras úteis e confeccionarás roupas para essas criancinhas. Desse modo, darás
alguma coisa que vem de ti.” É assim que aquela mãe verdadeiramente cristã
prepara a filha para a prática das virtudes que o Cristo ensinou.
É espírita ela? Que importa!
Em casa, é a mulher do mundo, porque a sua posição o
exige. Ignoram, porém, o que faz, porque ela não deseja outra aprovação, além
da de Deus e da sua consciência.
Certo dia, no entanto, imprevista circunstância leva-lhe à
casa uma de suas protegidas, que andava a vender trabalhos executados por suas
mãos.
Esta última, ao vê-la, reconheceu nela a sua benfeitora.
“Silêncio!” — ordena-lhe a senhora — “não o digas a ninguém.” — Falava assim
Jesus.
E.S.E.
CAP XIII ITEM 4
FAZER O BEM SEM OSTENTAÇÃO
Elisa, de onze anos, era uma menina que gostava de ajudar
todo mundo. Fosse criança, adulto, idoso, ela não fazia distinção. Se pudesse
fazer alguma coisa pela pessoa, não deixava passar a oportunidade.
Além disso, também gostava dos animais e das plantas.
Quando via um cãozinho abandonado na rua, trazia logo para casa; diante de uma
plantinha seca, logo pegava água para molhar.
Seus pais, pessoas muito boas, a educaram desde cedo na
observância do Evangelho de Jesus. Todas as semanas, em dia combinado, eles
faziam o estudo do Evangelho no Lar, com grande satisfação e aproveitamento da
menina.
Certo dia, porém, a mãe saiu para visitar uma amiga que
morava na periferia, e levou a filha. No trajeto, encontraram um garoto muito
pobrezinho e Elisa o cumprimentou:
- Como vai, José? E a família? Olhe, mamãe! Está vendo
essa camiseta? Fui eu que dei ao José!...
De cabeça baixa, evergonhado, o garoto respondeu: - Nós
vamos bem, Elisa, graças a Deus! - e seguiu em frente.
Mais adiante, Elisa viu uma senhora que estendia umas
roupas e chamou a atenção da mãe: - Reconhece o vestido que aquela senhora está
vestindo? Era seu, mamãe!
A mulher, tendo ouvido, balançou a cabeça com expressão
chateada e disse: - Tem razão, Elisa. Foi você que me deu este vestido, e eu lhe
agradeço. Muito obrigada! A senhora tem uma filha muito boazinha, dona Fátima -
completou dirigindo-se à mãe.
- Fico contente que tenha lhe servido, Ana. Assim, quando
tiver outros, poderei trazer-lhe - disse a mãe de Elisa com um sorriso.
Virando a esquina, Elisa deparou-se com outra menina que
ajudara, depois foi um homem, e assim por diante. Ora era um par de calçados,
roupas ou brinquedos.
A mãe, a cada nova menção, sentia-se mais constrangida do
que as pessoas citadas pela filha.
Ao chegarem ao endereço aonde Fátima precisava ir, ela
conversou com a dona da casa, uma costureira amiga sua a quem costumava levar
serviço, e retornaram. A mãe queria dizer algo à filha, mas achou melhor
esperar chegarem a casa para conversarem calmamente.
Alberto, o pai de Elisa, já as aguardava para o Evangelho
no Lar. Sentaram-se à mesa, Elisa fez a prece inicial e o pai abriu o
Evangelho. A página era: "Fazer o bem sem ostentação".
Após a leitura, a mãe perguntou se a filha tinha
entendido a lição, que fora providencial ao que ela respondeu:
- Mais ou menos, mamãe. O que quer dizer "que a mão
esquerda não saiba o que faz a direita? "... Elas estão tão perto que é
impossível isso acontecer!
- Trata-se de sentido figurado, Elisa. Jesus quis nos
ensinar a sermos discretos ao praticarmos a caridade. Isto é, que, ao fazer o
bem, não saiamos a divulgar o que fizemos.
Entendeu, filha?
- Mas por que?
- Se as pessoas a quem fizermos o bem nos agradecerem,
estaremos pagos. Já recebemos pelo que fizemos. Deus não nos dará a recompensa
pela nossa boa ação - completou o pai.
Elisa ficou pensativa, depois olhou para a mãe e
perguntou:
- Quer dizer que agi mal hoje, não é mamãe?
- Não, Elisa. Mas seria melhor se tivesse se calado
diante das pessoas a quem ajudou. O que achou da reaçào delas? - Fátima disse,
fitando a filha com carinho.
A menina pensou um pouco e comentou:
- Achei estranha a reação dos meus amigos! Não pareciam
estar contentes!...
- Isso mesmo, Elisa. Coloque-se na posição deles. Se você
estivesse vestindo roupas ou calçados velhos, que ganhou de alguém por não
poder comprar, ficaria satisfeita se a pessoa que deu comentasse o fato?
- Não, mamãe. Acho que me sentiria muito evergonhada,
constrangida...
- Exatamente, Elisa. Ninguém fica contente numa situação
dessas, filha. Por isso, o melhor é fazer o bem e esquecer. A pessoa
beneficiada sempre irá lembrar, e é nisso que consiste o mérito de quem ajuda.
Deus, que tudo sabe e tudo vê, dará a recompensa que merecemos.
- Tem toda razão, mamãe. Devo pedir desculpas a eles pelo
que eu fiz?
fátima, imediatamente, levantou as mãos sorridente:
-Não!... De modo algum filha; sua desculpas só fariam com
que eles voltassem a lembrar-se do que
aconteceu. É como se você revirasse a faca numa ferida aberta, que iria doer de
novo. Basta não tocar mais no assunto.
- Entendi, mamãe. E que Deus me perdoe pelo que eu fiz,
mesmo sem saber.
- Não se preocupe. Deus é nosso Pai, minha filha, e nos
envolve sempre com muito amor. Além disso, Ele sabe que você não fez por mal.
MEIMEI
CAP XIV – 28/06
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XIV – HONRA TEU PAI E TUA MÃE
Os laços do sangue não criam forçosamente os liames entre
os Espíritos.
O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do
Espírito, porquanto o Espírito já existia antes da formação do corpo.
Não é o pai quem cria o Espírito de seu filho; ele mais
não faz do que lhe fornecer o invólucro corpóreo, cumprindo-lhe, no entanto,
auxiliar o desenvolvimento intelectual e moral do filho, para fazê-lo
progredir.
Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes
próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações,
que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena.
Mas também pode acontecer sejam completamente estranhos
uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente
anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes
serve de provação.
Não são os da consanguinidade os verdadeiros laços de
família, e sim os da simpatia e da comunhão de ideias, os quais prendem os
Espíritos antes, durante e depois de suas encarnações.
Segue-se que dois seres nascidos de pais diferentes podem
ser mais irmãos pelo Espírito, do que se o fossem pelo sangue.
Podem então atrair-se, buscar-se, sentir prazer quando
juntos, ao passo que dois irmãos consanguíneos podem repelir-se, conforme se observa
todos os dias: problema moral que só o Espiritismo podia resolver pela
pluralidade das existências.
Há, pois, duas espécies de famílias: as famílias pelos
laços espirituais e as famílias pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras
se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através
das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem
com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência atual.
E.S.E.
CAP XIV ITEM 8
A FORÇA DO EXEMPLO
Dora, ou Dorinha, como a chamavam, era menina viva e
inteligente, porém tinha um problema: a preguiça.
Detestava qualquer tipo de tarefa, por mais simples que
fosse. Para levantar cedo e ir à escola era aquela dificuldade! Alegava-se
sempre cansada. Nunca fazia os deveres de casa, passados pela professora, e não
estudava para as provas. Por isso, suas notas eram péssimas.
Em casa não colaborava em nada. Se a mãe, com muito
carinho, lhe pedisse para arrumar a mesa, à hora da refeição, ela alegava dor
de cabeça; ou para varrer a casa, pois estava atarefada, a menina respondia que
precisava estudar e fechava-se no quarto. Quando a mamãe necessitava que ela
olhasse o nenê, Dorinha reclamava, irritada:
— Tudo eu? Tudo eu?!...
Enfim, Dorinha não sentia prazer em ser útil. Na verdade,
só estava contente brincando, passeando, assistindo televisão ou dormindo.
Sua mãe preocupava-se com ela, tentando aconselhá-la, mas
sem resultado. Nas preces, a pobre mãe pedia a Deus que a ajudasse, pois temia
pelo futuro da filha.
Certo dia, Dora notou que uma pequena casa vizinha da
sua, e que permanecera fechada por muitos meses, estava aberta. Uma família
mudara-se durante a noite e a menina ficou curiosa para conhecer os novos
vizinhos.
Ao voltar da escola, Dorinha viu um garoto sentado num
banco, no jardim à frente da casa.
Sorridente, aproximou-se para travar conhecimento com o
garoto, satisfeita por ter mais alguém para brincar.
— Olá! — disse, cumprimentando-o. — Como se chama?
— Olavo. E você?
— Dora. Mas todos me chamam de Dorinha.
O menino era muito simpático e atencioso. Dorinha gostou
dele. Em pouco tempo, estavam conversando como velhos amigos.
Dorinha logo começou a se queixar da vida. Reclamou da
escola, da mãe, dos afazeres domésticos, enfim, de tudo. E, tomando ares de
vítima, dizia: — Já pensou, Olavo? Não basta ser obrigada a levantar cedo para
frequentar uma escola chata, com aulas mais chatas ainda, e, quando chego em
casa, exausta, ainda sou obrigada a ajudar minha mãe nas tarefas caseiras! Quem
é que aguenta? Estou cansada dessa vida!
Olavo, que a fitava com olhos arregalados e brilhantes,
deu um suspiro e exclamou: — Como invejo você, Dorinha!
— Por quê? Minha vida é horrível e monótona! Eu odeio
essa vida! — retrucou a menina, revoltada.
E Olavo falou-lhe com doçura, afirmando:
— Pois acho a sua vida ma-ra-vi-lho-sa!!!...
— É mesmo? — indagou a garota, incrédula.
— É verdade, minha amiga. Eu nunca saio de casa, nem para
ir à escola...
— Você não estuda?
— Não, Dorinha. Sou doente e muito fraco. Não posso andar
como você. Antes, eu tinha um amigo grande e forte que me levava à escola nos
braços, mas depois ele se mudou e não tive mais ninguém que o substituísse.
Minha mãe não consegue me carregar. Seria bom se eu tivesse uma cadeira de
rodas para me locomover, mas somos pobres e ainda não pudemos comprar uma.
Dorinha, de boca aberta, gaguejou: — Então, você também
não pode brincar na rua? De esconde-esconde, de pular corda, correr e saltar?
— Não. Mas não me queixo...
— O que faz o dia inteiro? Deve ser bem triste sua vida.
— Até que não. Auxilio mamãe naquilo que posso: escolho o
arroz, o feijão, limpo verduras, descasco batatas, enxugo a louça. Além disso,
minha mãe confecciona pequenos objetos de artesanato para vender e aumentar
nossa renda familiar e, quando tem serviço, eu a ajudo nessa tarefa. Também
tenho amigos que me fazem companhia e me trazem revistas e livros. Passo horas
entretido a ler. Enfim, acho que a minha existência é até muito boa! Conheço
pessoas que possuem menos do que eu e cuja vida é bem mais difícil.
Dorinha olhava-o com admiração e respeito. Sentia-se
envergonhada das suas reclamações.
Olavo sorriu e completou: — Sinto falta apenas de poder
frequentar a escola. Gostaria muito de continuar estudando e aprendendo coisas
novas. Mas, algum dia, se Deus quiser, eu tenho certeza de que conseguirei. Por
isso, Dorinha, agradeça a Jesus tudo o que você tem: um corpo perfeito para
poder andar e brincar, inteligência para estudar e aprender, e o amor de uma
família.
Dorinha despediu-se do amigo com o pensamento renovado.
Ao entrar em casa foi direto para a cozinha e falou, atenciosa: — Mamãe, eu
arrumo a mesa. Depois do almoço, pode deixar que lavo toda a louça e varro o
chão. E eu tomo conta do nenê também...
A mãe, desacostumada daquela boa-vontade toda, perguntou
surpresa: — O que aconteceu, minha filha? Você está doente? Com febre?
Dorinha riu e explicou direitinho: — Estou bem, mamãe,
não se preocupe. Apenas tive um encontro muito interessante.
E, depois de contar à mãe a conversa que teve com o novo
amigo Olavo, concluiu: — A partir de hoje, mamãe, vou procurar realizar minhas
tarefas com otimismo e alegria!
Quanto a Olavo, os pais de Dorinha fizeram uma campanha e
conseguiram comprar a cadeira de rodas que ele tanto desejava. Além disso,
sabendo das dificuldades da família, levaram o garoto a um médico para tentar
descobrir, dentro da medicina atualizada, recursos para sua cura.
E logo, era Dorinha, satisfeita e tranquila, que passava
todas as manhãs acompanhando Olavo a caminho da escola, onde juntos iam
estudar.
Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação
Espírita
Autora: Célia Xavier Camargo
CAP XV – 29/06
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XV – FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO
Meus filhos, na máxima: Fora da caridade não há salvação
estão encerrados os destinos dos homens, na Terra e no céu; na Terra, porque à
sombra desse estandarte eles viverão em paz; no céu, porque os que a houverem
praticado acharão graças diante do Senhor.
Essa divisa é o facho celeste, a luminosa coluna que guia
o homem no deserto da vida, encaminhando-o para a Terra da Promissão.
Ela brilha no céu, como auréola santa, na fronte dos
eleitos, e, na Terra, se acha gravada no coração daqueles a quem Jesus dirá:
“Passai à direita, benditos de meu Pai.”
Reconhecê-los-eis pelo perfume de caridade que espalham
em torno de si.
Nada exprime com mais exatidão o pensamento de Jesus, nada
resume tão bem os deveres do homem, como essa máxima de ordem divina.
Não poderia o Espiritismo provar melhor a sua origem, do
que apresentando-a como regra, por isso que é um reflexo do mais puro
Cristianismo. Levando-a por guia, nunca o homem se transviará.
Dedicai-vos, assim, meus amigos, a perscrutar-lhe o
sentido profundo e as consequências, a descobrir-lhe, por vós mesmos, todas as
aplicações.
Submetei todas as vossas ações ao governo da caridade e a
consciência vos responderá.
Não só ela evitará que pratiqueis o mal, como também fará
que pratiqueis o bem, porquanto uma virtude negativa não basta: é necessária
uma virtude ativa.
Para fazer-se o bem, mister sempre se torna a ação da
vontade; para se não praticar o mal,basta as mais das vezes a inércia e a
despreocupação.
Meus amigos, agradecei a Deus o haver permitido que
pudésseis gozar a luz do Espiritismo.
Não é que somente os que a possuem hajam de ser salvos; é
que, ajudando-vos a compreender os ensinos do Cristo, ela
vos faz melhores cristãos.
Esforçai-vos, pois, para que os vossos irmãos, observando-vos,
sejam induzidos a reconhecer que verdadeiro espírita e
verdadeiro cristão são uma só e a mesma coisa, dado que
todos quantos praticam a caridade são discípulos de Jesus, sem embargo da seita
a que pertençam. – Paulo, o apóstolo. (Paris, 1860.)
E.S.E. CAP XV ITEM 10
RESPOSTA DE DEUS
Jandira, uma menina de oito anos de idade, desde muito
pequena se acostumara a passar por toda sorte de privações.
Não conhecera o pai, e a mãe a abandonara quando tinha
pouco mais de quatro anos. Uma vizinha, apiedando-se dela, levou-a para casa.
Mas a vizinha tinha muitos filhos e logo Jandira percebeu
que não poderia morar ali, que não era bem-vinda.
Com cinco anos saiu da casa que a acolhera, cansada de
apanhar, e foi para a rua, acompanhando umas crianças que conheceu e que também
não tinham família. Assim, Jandira foi morar com os novos amigos num casebre
abandonado.
Aprendeu a pedir esmolas para poder sobreviver. Comia do
que lhe davam. Apesar de todas as dificuldades da sua curta vida, Jandira
jamais foi uma criança revoltada. Tinha o coração amoroso e bom, e todos a
estimavam. Acreditava em Deus e tinha certeza de que Ele não a deixaria
desamparada, conforme ouviu alguém ensinar certa vez.
Certo dia, enquanto pedia esmola na cidade, Jandira viu
aproximar-se um homem de aspecto distinto, muito bem-vestido.
– Por caridade, uma esmola! – pediu.
Ouvindo a voz da criança, Manoel olhou e viu uma menina
de rostinho sujo, roupas rasgadas, que o fitava com grandes olhos vivos e
confiantes. Como estivesse com pressa, deu uma moeda sem se deter.
No dia seguinte, encontrou a garota no mesmo lugar. Ela
sorriu e estendeu a mãozinha pedindo uma esmola. Novamente Manoel deu uma moeda,
contra seus hábitos, e ouviu o agradecimento da menina.
– Que Deus o abençoe e que nunca lhe falte nada.
Impressionado, seguiu adiante com passos rápidos, mas não
conseguiu esquecer o rostinho da garota durante todo o dia.
Na manhã seguinte, lá estava ela no mesmo lugar. A menina
aproximou-se dele com uma florzinha na mão, sorridente.
– É sua. Trouxe para o senhor.
Surpreso, Manoel sentiu necessidade de parar para
conversar.
– Como se chama? – perguntou.
– Jandira.
– Quantos anos tem, Jandira?
– Acho que tenho oito ou nove anos, senhor. Não sei ao
certo.
– Não vai à escola? – indagou ele.
– Não. Nunca pude estudar, apesar de ter muita vontade de
aprender a ler e a escrever.
– Onde você mora, Jandira? – perguntou, impressionado.
– Num barraco, com outras crianças.
– Por quê? Não tem família?
– Minha mãe foi embora quando eu era muito pequena. Tenho
apenas pai.
– Como se chama seu pai? – quis saber ele.
A menina respondeu com seriedade.
– Deus.
– Deus? Esse é o nome do seu pai? – ele perguntou, pensando
não ter entendido direito.
– Sim. Deus não é o Pai de todo mundo? – respondeu ela
com simplicidade.
– Ah! É verdade.
– Então, Ele não deixa que me falte nada. Tenho tudo do
que preciso. Um teto para me abrigar da chuva e do frio, tomo banho num chafariz
e, quando sinto fome, peço uma esmola e ganho dinheiro para comprar o que
comer. Às vezes ganho comida e nem preciso pedir esmolas, e ainda posso
repartir com os outros o que recebo.
Sensibilizado, Manoel perguntou:
– O que mais você gostaria de ter, Jandira?
– Nada. Eu não preciso de nada.
– Diga. Gostaria de poder ajudar – insistiu Manoel.
A menina pensou um pouco e, com os olhos rasos d’água,
respondeu baixinho:
– Gostaria de ter uma família de verdade.
Manoel sentiu um aperto no coração e as lágrimas
afloraram em seus olhos. Sentia-se culpado. Era rico, tinha tudo. Uma casa
grande, emprego bom e não tinha filhos. Morava apenas com a esposa e nunca
pensara em ajudar ninguém. E aquela criança pedia tão pouco da vida!
Tomou uma resolução. Sua esposa sempre quisera filhos e
iria gostar.
Fitou a menina à sua frente, e disse:
– Agora tudo vai ser diferente, Jandira. Deus, apesar de
dar-lhe tudo, como você afirmou, encarregou-me de ser seu pai aqui na Terra.
Aceita? Além de um pai, terá também uma mãe.
Sem poder acreditar em tamanha felicidade, Jandira pulou
nos braços de Manoel, cheia de alegria.
– Deus o mandou? Aceito! Eu sabia que ele não deixaria de
atender às minhas preces. Antes de dormir – explicou – sempre pedia ao Pai do
Céu que me dê um pai de verdade aqui na Terra.
Nesse momento, Jandira lembrou-se dos companheiros:
– Ah!...E meus amigos? Não posso abandoná-los!
– Não irá abandoná-los, Jandira. Como minha filha, terá
condições de ajudá-los. Tenho dinheiro. Arrumaremos uma casa de verdade, alguém
que tome conta deles e terão tempo de estudar para serem mais tarde criaturas
dignas e úteis à sociedade.
A menina batia palmas de alegria.
– Que bom! Que bom!
Em seguida, olhou Manoel com muito carinho e, segurando a
mão dele, perguntou:
– Posso chamá-lo de papai?
Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação
Espírita
Autora: Célia Xavier Camargo
CAP XVI – 30/06
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XVI – SERVIR A DEUS E A MAMON
Os bens da Terra pertencem a Deus, que os distribui a seu
grado, não sendo o homem senão o usufrutuário, o administrador mais ou menos
íntegro e inteligente desses bens.
Tanto eles não constituem propriedade individual do
homem, que Deus frequentemente anula todas as previsões
e a riqueza foge àquele que se julga com os melhores
títulos para possuí-la.
Direis, porventura, que isso se compreende no tocante aos
bens hereditários, porém, não relativamente aos que são adquiridos pelo
trabalho.
Sem dúvida alguma, se há riquezas legítimas, são estas
últimas, quando honestamente conseguidas, porquanto uma propriedade só é
legitimamente adquirida quando, da sua aquisição, não resulta dano para
ninguém.
Contas serão pedidas até mesmo de um único ceitil mal
ganho, isto é, com prejuízo de outrem.
O fato, porém, de um homem dever a si próprio a riqueza
que possua, seguir-se-á que, ao morrer, alguma vantagem lhe advenha desse fato?
Não são amiúde inúteis as precauções que ele toma para
transmiti-la a seus descendentes?
Decerto, porquanto, se Deus não quiser que ela lhes vá
ter às mãos, nada prevalecerá contra a sua vontade.
Poderá o homem usar e abusar de seus haveres durante a
vida, sem ter de prestar contas? Não.
Permitindo-lhe que a adquirisse, é possível haja Deus
tido em vista recompensar-lhe, no curso da existência atual, os esforços, a
coragem, a perseverança.
Se, porém, ele somente os utilizou na satisfação dos seus
sentidos ou do seu orgulho; se tais haveres se lhe tornaram causa de falência,
melhor fora não os ter possuído, visto que perde de um lado o que ganhou do
outro, anulando o mérito de seu trabalho.
Quando deixar a Terra, Deus lhe dirá que já recebeu a sua
recompensa.
– M., Espírito protetor. (Bruxelas, 1861.)
E.S.E. CAP XVI ITEM 10
O MENINO QUE SÓ RECLAMAVA
Rodrigo era um menino que estava sempre muito triste e
reclamava de tudo o que tinha, nunca estava contente com nada. Tinha muitos
amigos com os quais brincava todos os dias.
Uma tarde, estava conversando com dois deles, Juliana e
Leonardo:
Rodrigo: Estou muito triste com Deus!
Juliana: O que aconteceu, Rodrigo?
Rodrigo: Minha mãe falou, que a gente tem que orar todos
os dias, e pedir a Deus tudo o que a gente quer. Faço isso sempre, mas parece
que não está dando muito certo!
Leonardo : Bem, depende de como você está se comportando
minha tia sempre diz para o meu primo João, aquele bagunceiro, sabe : " -
Se você não fizer tudo direitinho, o Papai do Céu vai te castigar e você não
vai ter nada do que você pedir!".
Rodrigo: Ah! Acho que estou me comportando e, muito bem.
Vou todos os dias à igreja, na mesma hora, quando saio da escola, e fico lá
mais de meia hora lendo um livrinho de orações que eu ganhei, precisam ver!
cada coisa bonita que está escrita, acho que ele deve estar gostando do que eu
digo, ou será que não está?
Juliana: Acho que não é nada disso do que vocês estão
dizendo. Meu pai sempre fala que Deus não castiga ninguém, e que não quer ouvir
só palavras bonitas. Ele quer apenas que sejamos sinceros quando fazemos as
nossas orações. Não precisamos sair de casa para orar. Basta ficar quietinho
num canto e pensar em Jesus!
Rodrigo: Ah! Eu pensei que ele gostasse só de ouvir
palavras bonitas. Bom, mas mesmo assim ele não está me atendendo. Eu sempre
peço para o meu pai ganhar na loteria e a gente ficar muito rico, para eu poder
comprar todos os brinquedos que eu quero, mas isso nunca acontece me sinto tão
infeliz por causa disso!
Juliana: Infeliz! Rodrigo! Você já pensou nas coisas boas
que você tem? Pai, mãe, irmãos, amigos, todos com saúde. Você é perfeito, pode
crescer, trabalhar e ganhar muito dinheiro!
Já pensou no Leonardo aí, que além de não ter os pais e
nem um irmão, mora com a avó velhinha e doente!
Leonardo: É mesmo Juliana. A minha avó até tem dinheiro,
nós não passamos necessidades, mas não é fácil pensar que vou ficar sozinho
quando ela morrer. Peço sempre nas minhas orações que Deus deixe ela ainda
muito tempo comigo!
Rodrigo: É. Acho que estou pedindo muito. . . preciso
pensar melhor antes de fazer os meus pedidos.
Juliana: Deus é muito justo. Não faz diferença entre as
pessoas. Ele sabe o que cada um de nós precisa. Muitas vezes pedimos uma coisa
e ele nos dá outra.
Rodrigo: Você tem razão. Nunca tinha pensado nisso antes.
A partir de agora vou passar a pedir saúde para os meus pais e irmãos!
Juliana: Lembrem-se sempre que Deus gosta das coisas simples,
sabe das nossas necessidades, ama todas as pessoas deste mundo igualmente,
aceitando-nos com nossas qualidades e defeitos!
autor desconhecido - Labels: Historinhas
CAP XVII – 01/07
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XVII – SEDE PERFEITOS
O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de
justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza.
Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos,
a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o
bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se
ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara
lhe fizessem.
Deposita fé em Deus, na sua bondade, na sua justiça e na
sua sabedoria.
Sabe que sem a sua permissão nada acontece e se lhe
submete à vontade em todas as coisas.
Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens
espirituais acima dos bens temporais.
Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores,
todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar.
Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo,
faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a
defesa do fraco contra o forte e sacrifica sempre seus interesses à justiça.
Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos
serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas
consolações que prodigaliza aos aflitos.
Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de
pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes
do seu próprio interesse.
O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas
decorrentes de toda ação generosa.
O homem de bem é bom, humano e benevolente para com
todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos
seus.
Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não
lança anátema aos que como ele não pensam.
Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade,
tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que
fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua
à ideia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a
pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do
Senhor.
Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a
exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra,
por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado.
É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que
também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo:
“Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado.”
Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem,
ainda, em evidenciá-los.
Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar
o mal.
Estuda suas próprias imperfeições e trabalha
incessantemente em combatê-las.
Todos os esforços emprega para poder dizer, no dia
seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera.
Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus
talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para
fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros.
Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens
pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado.
Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, sabe
que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial
emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões.
Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens,
trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa
da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho.
Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição
subalterna em que se encontram.
O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da
posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente.
Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que
aos seus semelhantes dão as Leis da Natureza, como quer que sejam respeitados
os seus.
Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que
distinguem o homem de bem; mas aquele que se esforce por possuir as que
acabamos de mencionar, no caminho se acha que a todas as demais conduz.
E.S.E.
CAP XVII ITEM 3
TEMPO PERDIDO
Certo homem era marceneiro de profissão e possuía
extraordinária facilidade para trabalhar com madeira. Era um verdadeiro mestre
em seu ofício e todos admiravam seus trabalhos.
Esse homem tinha um sonho.
Desejava esculpir na madeira uma imagem de Jesus, a quem
ele amava profundamente, em tamanho natural.
Conversando com um amigo, o marceneiro falou do sonho que
acalentava em seu íntimo e o companheiro o incentivou:
— Então por que você não começa? Com seu talento e
habilidade nas mãos, tenho certeza que a escultura será uma obra prima!
Ao que o marceneiro respondeu: — Ah! Meu amigo! Desejo
não me falta. Contudo, o trabalho deverá ser perfeito e ainda não resolvi qual
a madeira que irei utilizar. Sempre em dúvida, o artesão deixava o tempo
passar. Uma madeira porque era muito rija; a outra porque não era resistente o
suficiente; outra era macia e de fácil manejo, porém a tonalidade não o
agradava.
E assim o tempo foi passando e o marceneiro não se dava
conta.
Alguns anos depois reencontrou o amigo que tinha
retornado à cidade e, curioso, perguntou sobre a obra.
— Já resolvi o tipo de madeira que irei trabalhar.
Entretanto, ainda não iniciei porque não estou nas minhas melhores condições
íntimas. Creio que para esculpir a figura do Mestre preciso estar bem comigo
mesmo e com o mundo. Sabe como é, os fregueses exigem muito da minha atenção e,
não raro me irrito, perdendo a paciência. Além disso, não podendo dispensar o
serviço da marcenaria, onde ganho o sustento para minha família, só posso
dedicar-me ao sonho acalentado pela minha alma nos momentos de folga. E aí,
grande parte das vezes, eu sinto-me exausto e sonolento. Contudo — completava
tentando aparentar entusiasmo —, pretendo começar minha obra prima dentro em
breve.
Algum tempo depois, voltaram a se encontrar e,
questionado pelo amigo que demonstrava interesse pelo assunto, o artesão
argumentava: — Infelizmente, ainda não iniciei o trabalho porque as condições
não permitem. A família exige muito da minha atenção e os filhos requisitam
meus carinhos. Você compreende, ainda são pequenos e dependentes. Porém, quando
que eles crescerem um pouco mais, poderei trabalhar em paz.
E assim o tempo foi passando. Muitos anos depois, em
visita à cidade, o amigo foi procurar o marceneiro. Encontrou-o velho e doente.
Após os cumprimentos e a troca de notícias, felizes com o
reencontro, o visitante interrogou, curioso: — E daí? Estou ansioso para ver o
trabalho que você tanto desejava executar. Com certeza deve ter ficado soberbo!
Os olhos do artesão se apagaram e uma tristeza infinita
vibrou em sua voz já trêmula pela idade: — Ah, meu amigo! Infelizmente, nem
cheguei a iniciar o trabalho que representava o sonho de toda uma vida. As
dificuldades foram muito grandes e a necessidade de prover o sustento da
família me absorveu. Agora, encontro-me doente e sem forças. A vista está fraca
e já não enxergo mais como antes, e as mãos, trêmulas, não me permitem mais
trabalhar.
Penalizado, o visitante amigo viu-o puxar um lenço e
enxugar uma lágrima, cheio de arrependimento e amargura.
— É tarde, meu amigo. Tive todas as condições e não soube
aproveitar. Perdi a oportunidade que o Senhor me concedeu.
Tentando animá-lo, o visitante considerou: — Quem sabe?
Não desanime. Talvez ainda seja possível.
O marceneiro fitou o amigo, demonstrando que compreendia
toda a extensão da sua inutilidade e da sua cegueira, e respondeu convicto: —
Não agora; só se for em outra existência.
Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação
Espírita
Autora: Célia Xavier Camargo
CAP XVIII – 02/07
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XVIII – MUITOS OS CHAMADOS E POUCOS OS
ESCOLHIDOS
Larga é a porta da perdição, porque são numerosas as
paixões más e porque o maior número envereda pelo caminho do mal.
É estreita a da
salvação, porque a grandes esforços sobre si mesmo é obrigado o homem que a
queira transpor, para vencer suas más tendências, coisa a que poucos se
resignam.
É o complemento da máxima: “Muitos são os chamados e
poucos os escolhidos.”
Tal o estado da humanidade terrena, porque, sendo a Terra
mundo de expiação, nela predomina o mal.
Quando se achar transformada, a estrada do bem será a
mais frequentada.
Aquelas palavras devem, pois, entender-se em sentido
relativo, e não em sentido absoluto.
Se houvesse de ser esse o estado normal da Humanidade,
teria Deus condenado à perdição a imensa maioria das suas criaturas, suposição
inadmissível, desde que se reconheça que Deus é todo justiça e bondade.
Todavia, de que delitos esta Humanidade se houvera feito
culpada para merecer tão triste sorte, no presente e no futuro, se toda ela se
achasse degredada na Terra e se a alma não tivesse tido outras existências?
Por que tantos entraves postos diante de seus passos?
Por que essa porta tão estreita que só a muito poucos é
dado transpor, se a sorte da alma é determinada para sempre, logo após a morte?
Assim é que, com a unicidade da existência, o homem está
sempre em contradição consigo mesmo e com a Justiça de Deus.
Com a anterioridade da alma e a pluralidade dos mundos, o
horizonte se alarga; faz-se luz sobre os pontos mais obscuros da fé; o presente
e o futuro tornam-se solidários com o passado, e só então se pode compreender toda
a profundeza, toda a verdade e toda a sabedoria das máximas do Cristo.
E.S.E.
CAP XVIII ITEM 5
O ENCONTRO INESPERADO
No tempo em que Jesus andava pelo mundo, um homem
desejava muito seguir o profeta que diziam ser aquele que viera para salvar os
judeus do jugo dos romanos, seus conquistadores e tiranos.
Assim, quando Josué ouvia que o Rabi estava em algum
lugar ali perto, corria a encontrá-lo com a esperança de vê-lo. Mas ao chegar
tinha a informação de que o Profeta ali já não estava. E desse modo prosseguia
Josué sem conseguir encontrá-Lo.
Certo dia, desanimado, sentou-se pensativo, num tronco à
sombra de uma árvore. Por que razão só ele não conseguia ver o Profeta,
encontrar-se com Ele? Sentia falta de amor, desejava que seu coração se
enchesse de afeto; no entanto, ele mesmo não amava ninguém. E Josué prosseguia
falando consigo mesmo: “Nunca tive o amor de uma família. Desde pequeno fui
criado por uma bondosa mulher que me acolheu em seu lar após a morte de meus
pais. Cresci sentindo um grande vazio no coração. E, por isso, queria ver o
Rabi, pois me disseram que todas as dores, todas as angústias, encontravam nele
o remédio perfeito”.
Nesse momento, deixando que lágrimas amargas brotassem de
seus olhos, viu chegar um homem. Sua presença o encantou. Era alto; deveria ter
caminhado bastante, pois suas sandálias estavam sujas do pó das estradas;
vestia-se simplesmente com uma túnica clara e seus gestos eram delicados; os
cabelos, repartidos à nazarena, caíam sobre seus ombros e em seu belo semblante
havia uma terna tristeza.
Ao fitar aqueles olhos, Josué sentiu-se atraído pelo
desconhecido, cuja presença o enchia de paz. Sem conseguir falar, Josué fez um
gesto para que ele se sentasse a seu lado. O homem acomodou-se, depois
perguntou:
— Por que está aqui, Josué?
Aquela voz mexeu com Josué, como se acalmasse seu íntimo.
— Procuro o Profeta, senhor — respondeu ele, encantado
com aquela presença.
— E por que está a procurá-lo? — voltou a indagar o
desconhecido.
Josué respirou fundo e respondeu, como se nada pudesse
ser oculto, contando-lhe como fora sua vida, a falta de amor, a esperança de
encontrar alguém que o amasse.
O desconhecido fitou-o longamente, depois considerou:
— Josué, a esperança não é uma palavra vazia e nem
representa falta de atividade. É trabalho interior constante e que exige um
objetivo claro e contínuo para atingir a meta que buscamos.
— Eu sei, meu Senhor, e creio que tenho tido a paciência
necessária para atingir o que desejo.
Ouvindo essas palavras, o desconhecido tornou:
— Mas paciência, Josué, representa firmeza pacífica em
conseguir o que almejamos. Assim, se você quer realmente alcançar seus
objetivos, trabalhe incansavelmente mantendo a luz do amor acima de tudo o
mais; devote-se ao próximo e será abençoado.
— Senhor, no entanto, preciso de amor; sinto falta do
carinho de uma família, de amigos...
E o desconhecido prosseguiu, com entonação de voz
inesquecível:
— E o que tem feito até agora para conseguir esse amor?
— Tenho percorrido as estradas a ver se encontro alguém
que possa me amar.
Então, o celeste desconhecido lhe respondeu:
— Enquanto não aprender a doar amor, nada receberá de
retorno. É da Lei Divina. Doe-se aos necessitados do caminho e conseguirá o que
deseja. Aprende com a água cristalina que jorra e dessedenta os viajores, sem
jamais cobrar por sua generosidade. A sombra da noite é vencida pelo dia que
traz a Luz.
Assim também devemos agir. Aproveita todos os momentos
como bênçãos enviadas por Deus para o progresso das criaturas.
— Sim, Senhor. Farei como diz. Mas, quem é você, que fala
com sabedoria e cuja voz produz grande bem-estar e desejo de segui-lo sempre,
não o deixando jamais?
O desconhecido ergueu-se e, antes de se afastar,
murmurou:
— Eu sou Jesus!...
Ouvindo-lhe o nome, Josué ficou parado, sem conseguir
mover-se. Quando se deu conta de que estava perdendo a oportunidade da sua
vida, ele correu para alcançar o Mestre, mas não O encontrou mais.
Então, refletindo em tudo que ouvira da boca de Jesus,
Josué entendeu que precisava modificar-se, tornando-se alguém digno de seguir
ao encontro do Profeta de Nazaré.
A partir desse dia, por onde passasse, Josué aproveitava
para trabalhar com amor, sem perder oportunidade de falar com as pessoas,
ajudá-las e socorrê-las, certo de que era isso que o tornaria digno de, algum
dia, ser um seguidor de Jesus de Nazaré.
MEIMEI
(Mensagem recebida por Célia X. de Camargo, em
20/10/2014.)fontehttp://www.oconsolador.com.br/ano10...
CAP XIX – 03/07
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XIX – A FÉ TRANSPORTA MONTANHAS
Diz-se vulgarmente que a fé não se prescreve, donde
resulta alegar muita gente que não lhe cabe a culpa de não ter fé. Sem dúvida,
a fé não se prescreve, nem, o que ainda é mais certo, se impõe.
Não; ela se adquire e ninguém há que esteja impedido de
possuí-la, mesmo entre os mais refratários.
Falamos das verdades espirituais básicas e não de tal ou
qual crença particular.
Não é à fé que compete procurá-los; a eles é que cumpre
ir-lhe ao encontro e, se a buscarem sinceramente, não deixarão de achá-la.
Tende, pois, como certo que os que dizem: “Nada de melhor
desejamos do que crer, mas não o podemos”, apenas de lábios o dizem e não do
íntimo, porquanto, ao dizerem isso, tapam os ouvidos.
As provas, no entanto, chovem-lhes ao derredor; por que
fogem de observá-las?
Da parte de uns, há descaso; da de outros, o temor de serem
forçados a mudar de hábitos; da parte da maioria, há o orgulho, negando-se a
reconhecer a existência de uma força superior, porque teria de curvar-se diante
dela.
Em certas pessoas, a fé parece de algum modo inata; uma
centelha basta para desenvolvê-la.
Essa facilidade de assimilar as verdades espirituais é
sinal evidente de anterior progresso.
Em outras pessoas, ao contrário, elas dificilmente
penetram, sinal não menos evidente de naturezas retardatárias.
As primeiras já creram e compreenderam; trazem, ao
renascerem, a intuição do que souberam: estão com a educação feita; as segundas
tudo têm de aprender: estão com a educação por fazer.
Ela, entretanto, se fará e, se não ficar concluída nesta
existência, ficará em outra.
A resistência do incrédulo, devemos convir, muitas vezes
provém menos dele do que da maneira por que lhe apresentam as coisas.
A fé necessita de uma base, base que é a inteligência
perfeita daquilo em que se deve crer.
E, para crer, não basta ver; é preciso, sobretudo,
compreender.
A fé cega já não é deste século, tanto assim que
precisamente o dogma da fé cega é que produz hoje o maior número dos
incrédulos, porque ela pretende impor-se, exigindo a abdicação de uma das mais
preciosas prerrogativas do homem: o raciocínio e o livre-arbítrio.
É principalmente contra essa fé que se levanta o
incrédulo, e dela é que se pode, com verdade, dizer que não se prescreve.
Não admitindo provas, ela deixa no espírito alguma coisa de
vago, que dá nascimento à dúvida.
A fé raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lógica,
nenhuma obscuridade deixa.
A criatura então crê, porque tem certeza, e ninguém tem
certeza senão porque compreendeu.
Eis por que não se dobra.
Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a
razão, em todas as épocas da Humanidade.
A esse resultado conduz o Espiritismo, pelo que triunfa
da incredulidade, sempre que não encontra oposição sistemática e interessada.
E.S.E.
CAP XIX ITEM 7
O SONHO DA ESPERANÇA
Clarindo era um menino para quem as dificuldades da vida
chegaram cedo. Desde tenra idade viu-se, por contingências alheias à sua
vontade, obrigado a lutar pela própria sobrevivência.
Morava numa pequena casa nos arrabaldes da cidade que,
embora humilde, era um verdadeiro lar, pois ali existia o amor e a paz.
Quando seu pai desencarnou, vitimado por um acidente de
trabalho, tudo mudou na vida de Clarindo.
Não contando mais com a presença e o amparo do pai, que
trazia sempre o necessário para o sustento da família, a situação tornou-se
muito difícil. Sua mãe foi obrigada a deixar o lar para trabalhar numa casa
rica, e ele, Clarindo, também resolveu trabalhar de engraxate para ajudar nas
despesas.
Como não tivessem com que pagar o aluguel da pequena
casa, eles foram obrigados a mudar para uma favela, onde a generosidade de
alguém lhes conseguiu um barraco.
Ao chegar na favela, o ambiente diferente e hostil causou
infinita tristeza e angústia à pobre mulher que, intimamente, entrou a
conversar com Deus:
“Oh! Senhor, o que
será de meu filho? Obrigado a crescer neste ambiente, a conviver com criaturas
de baixo nível moral, poderá vir a se tornar um delinquente! Ajuda-me! Sinto-me
tão sozinha desde que meu querido esposo morreu! Mas, confio no Senhor e sei que
não me deixarás ao desamparo”.
Naquela noite, já instalados na favela, a mãe adormeceu
chorando escondida para que o filho não percebesse suas lágrimas de tristeza e
dor.
No dia seguinte, logo que os primeiros raios de sol
invadiram o pequeno e miserável barraco pelas frestas da parede, a mãe
levantou-se para preparar o café da manhã. Leite não tinha. Nem café. Só um
pouco de chá e um pedaço de pão duro.
Clarindo acordou bem disposto. Percebeu pelo rosto da
mãe, inchado de tanto chorar, que ela estava sofrendo bastante.
Satisfeito e sorridente o menino contou: — Mãe, eu tive
um lindo sonho esta noite.
Procurando demonstrar interesse, ela pediu: — Conte-me,
meu filho. Que lindo sonho foi esse?
— Sonhei que estava num lugar muito bonito, todo cheio de
flores luminosas, quando vi meu pai que se aproximava. Abraçou-me com carinho e
disse-me que tivesse confiança em Deus.
“Sabe, meu filho — disse ele —, nada acontece por acaso.
Numa outra existência você e sua mãe, por ambição, prejudicaram muito um seu
irmão. Vocês roubaram tudo o que ele tinha e o deixaram na rua da amargura. Sem
um lar, maltrapilho, seu irmão vagou por longo tempo vivendo da piedade alheia,
até que ficou doente e morreu. É por isso que agora estão passando por tantas
dificuldades. Confiem em Deus e suportem as privações com resignação, pois será
a libertação de vocês. O Senhor é muito bom e não deixará de assisti-los”.
Surpresa e muito comovida, a mãe de Clarindo deixou que
as lágrimas corressem pelo seu rosto. E o garoto, também com os olhos úmidos da
emoção que ainda sentia, continuou: — Engraçado, mãe, é que, enquanto meu pai
falava, eu via as cenas que ele descrevia como se fosse um filme. E sabe o que
mais? Eu senti que meu pai era aquele irmão que nós prejudicamos! Será que é verdade?
A mãe olhou o filho com carinho e, comovida, falou: — Meu
filho, esta é a resposta de Deus às minhas preces. Atendeu às minhas íntimas
indagações através do sonho de uma criança. Sim, Clarindo. Acredito que tudo
isso seja verdade. Devemos ter prejudicado muito alguém para que estejamos
agora passando por essa provação.
Limpando as lágrimas, fitou o filho com determinação e
coragem, e disse-lhe resoluta: — Vamos vencer, meu filho. Tenhamos bom-ânimo,
coragem e muita fé em Deus que é pai e, tenho certeza, não nos deixará ao
desamparo.
Clarindo sorriu feliz ao perceber que sua mãe estava mais
contente e conformada.
Nesse instante alguém bate à porta. Clarindo vai atender
e se depara com uma mulher pobremente vestida, mas com largo sorriso no rosto
simpático. Disse a visitante: — Olá! Sou
Cecília, sua vizinha aqui do lado. Como vocês se mudaram ontem e não tiveram
tempo de ajeitar as coisas, trouxe-lhes um pão quentinho que acabou de sair do
forno, e uma garrafa com café.
Antes que a mãe de Clarindo tivesse tempo de agradecer a
bondade da vizinha, eles viram chegar uma menina franzina, de dez anos mais ou
menos, que lhe estendeu uma pequena lata com linda flor plantada: — Tome, é
para a senhora. Fui eu que plantei.
Logo em seguida, surgiu na porta o rosto moreno de um
homem que lhe perguntou, sorridente: — A senhora gosta de chuchu? Trouxe-lhe
alguns que colhi agora mesmo no meu quintal.
Sentindo um nó na garganta, e sob forte emoção, a mãe de
Clarindo abraçou os estranhos que lhe invadiam a casa como um raio de sol,
enquanto pensava que tinha julgado mal as pessoas da favela, e compreendeu que
todos os lugares e todas as pessoas são de Deus. Que, em qualquer situação a
que formos chamados a viver, encontramos pessoas boas e podemos crescer e
evoluir.
E, agradecendo ao Alto as bênçãos do momento, exclamou,
sorridente: — Obrigada. Sejam bem-vindos! Foi Jesus que os enviou!
Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação
Espírita
Autora:
Célia Xavier Camargo
CAP XX – 04/07
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XX – OS TRABALHADORES DA ÚLTIMA HORA
Não escutais já o ruído da tempestade que há de arrebatar
o velho mundo e abismar no nada o conjunto das iniquidades terrenas?
Ah! bendizei o Senhor, vós que haveis posto a vossa fé na
sua soberana justiça e que, novos apóstolos da crença revelada pelas proféticas
vozes superiores, ides pregar o novo dogma da reencarnação e da elevação dos
Espíritos,
conforme tenham cumprido, bem ou mal, suas missões e
suportado suas provas terrestres.
Não mais vos assusteis!
As línguas de fogo estão sobre as vossas cabeças.
Ó verdadeiros adeptos do Espiritismo!... sois os
escolhidos de Deus!
Ide e pregai a palavra divina.
É chegada a hora em que deveis sacrificar à sua
propagação os vossos hábitos, os vossos trabalhos, as vossas ocupações
fúteis.
Ide e pregai.
Convosco estão os
Espíritos elevados.
Certamente falareis a criaturas que não quererão escutar
a voz de Deus, porque essa voz as exorta incessantemente à abnegação.
Pregareis o desinteresse aos avaros, a abstinência aos
dissolutos, a mansidão aos tiranos domésticos, como aos déspotas!
Palavras perdidas, eu o sei; mas não importa.
Faz-se mister regueis com os vossos suores o terreno onde
tendes de semear, porquanto ele não frutificará e não produzirá senão sob os
reiterados golpes da enxada e da charrua evangélicas.
Ide e pregai!
Ó todos vós, homens de boa-fé, conscientes da vossa
inferioridade em face dos mundos disseminados pelo Infinito!... lançai-vos em
cruzada contra a injustiça e a iniquidade.
Ide e proscrevei esse culto do bezerro de ouro, que cada
dia mais se alastra.
Ide, Deus vos guia! Homens simples e ignorantes, vossas
línguas se soltarão e falareis como nenhum orador fala.
Ide e pregai, que as populações atentas recolherão
ditosas as vossas palavras de consolação, de fraternidade, de esperança e de
paz.
Que importam as emboscadas que vos armem pelo caminho!
Somente lobos caem em armadilhas para lobos, porquanto o pastor
saberá defender suas ovelhas das fogueiras imoladoras.
Ide, homens, que, grandes diante de Deus, mais ditosos do
que Tomé, credes sem fazerdes questão de ver e aceitais os fatos da
mediunidade, mesmo quando não tenhais conseguido obtê-los por vós mesmos;
ide, o Espírito de Deus vos conduz.
Marcha, pois, avante, falange imponente pela tua fé!
Diante de ti os grandes batalhões dos incrédulos se
dissiparão, como a bruma da manhã aos primeiros raios do sol nascente.
“A fé é a virtude que desloca montanhas”, disse Jesus.
Todavia, mais pesados do que as maiores montanhas, jazem
depositados nos corações dos homens a impureza e todos os vícios que derivam da
impureza.
Parti, então, cheios de coragem, para removerdes essa
montanha de iniquidades que as futuras gerações só deverão conhecer como lenda,
do mesmo modo que vós, que só muito imperfeitamente conheceis os tempos que
antecederam
a civilização pagã.
Sim, em todos os pontos do globo vão produzir-se as
subversões morais e filosóficas; aproxima-se a hora em que a luz divina se
espargirá sobre os dois mundos.
Ide, pois, e levai a palavra divina: aos grandes que a
desprezarão, aos eruditos que exigirão provas, aos pequenos e simples que a
aceitarão; porque, principalmente entre os mártires do trabalho, desta provação
terrena, encontrareis fervor e fé. Ide; estes receberão, com hinos de gratidão e
louvores a Deus, a santa consolação que lhes levareis, e baixarão a fronte, rendendo-lhe
graças pelas aflições que a Terra lhes destina.
Arme-se a vossa falange de decisão e coragem! Mãos à
obra! o arado está pronto; a terra espera; arai!
Ide e agradecei a Deus a gloriosa tarefa que Ele vos
confiou;
mas atenção! entre
os chamados para o Espiritismo muitos se transviaram; reparai, pois, vosso
caminho e segui a verdade.
Pergunta. – Se, entre os chamados para o Espiritismo,
muitos se transviaram, quais os sinais pelos quais reconheceremos os que se
acham no bom caminho?
Resposta. – Reconhecê-los-eis pelos princípios da verdadeira
caridade que eles ensinarão e praticarão.
Reconhecê-los-eis pelo número de aflitos a que levem consolo;
reconhecê-los-eis pelo seu amor ao próximo, pela sua
abnegação, pelo seu desinteresse pessoal;
reconhecê-los-eis, finalmente,
pelo triunfo de seus princípios, porque Deus quer o
triunfo de sua lei; os que seguem sua lei, esses são os escolhidos e Ele lhes
dará a vitória; mas Ele destruirá aqueles que falseiam o espírito dessa lei e
fazem dela degrau para contentar sua vaidade e sua ambição. – Erasto, anjo da
guarda do médium. (Paris, 1863.)19
E.S.E. CAP XX ITEM 4
TOMANDO UMA DECISÃO
Débora, de
apenas sete anos, era menina bastante esperta e ativa. Observava tudo e
prestava atenção em tudo.
Certo dia, a menina foi com os pais visitar os avós
paternos que moravam em uma cidade próxima.
A chegada foi uma alegria para Débora, que gostava muito
da vovó Catarina e do vovô José.
A avó veio recebê-los com grande alegria, e ela logo
perguntou:
— Vovó, onde está o vovô José?
A avozinha explicou que o vovô estava deitado. Ele não
tinha passado bem no dia anterior e foi ao médico, que recomendou repouso e
pediu alguns exames.
Preocupado, Gilberto, pai de Débora, foi imediatamente
até o quarto do pai. Cumprimentou-o e, dando-lhe um abraço, perguntou:
— O que aconteceu, papai? O senhor me parece bastante
abatido!
Ao que o velhinho respondeu risonho:
— Isso não é nada, meu filho. Bobagem!
— Como bobagem, meu pai? O senhor precisa cuidar mais da
sua saúde!
— Estou bem, meu filho. Mas deixe-me dar um abraço na
neta mais linda do mundo! — completou, ao ver a menina que entrara atrás do
pai.
Abraçou Débora, depois contou a ela:
— Tem uma surpresa guardada para você no armário. É só
pedir para a vovó.
— Obrigada, vovô.
E Débora, curiosa para ver o presente, já estava saindo
do quarto quando ouviu seu pai dizer, muito sério:
— Papai, o senhor precisa parar de tomar seus aperitivos.
Com certeza, não lhe fazem bem! O álcool altera a pressão e pode provocar-lhe
um problema mais grave. Quem sabe se o mal-estar que o senhor teve ontem já não
é consequência disso?
Débora escutou assustada o que seu pai tinha dito e ficou
muito preocupada.
O resto do dia eles passaram na residência dos avós e, ao
anoitecer, voltaram para casa contentes, depois de horas tão agradáveis. O avô
José estava bem melhor e a avó Catarina mais tranquila.
Alguns dias depois, tentando encontrar uns documentos,
Gilberto já vasculhara a casa toda sem resultado. Então, resolveu procurar no
lugar mais improvável: o armário na sala onde ele guardava algumas garrafas de
vinho.
Ao abrir o armário ele ficou surpreso: estava
completamente vazio!
Gilberto estranhou. Quem teria retirado dali todas as
garrafas?
Imediatamente, foi até a cozinha, onde a esposa preparava
o almoço e perguntou-lhe:
— Vera, foi você que esvaziou o armário da sala?
— Não, claro que não!
— Será que foi a faxineira?
— Não, querido, ela não faria isso sem uma ordem.
— Então, quem foi?
Neste momento, Débora chegava da escola e, entrando na cozinha,
ouviu a conversa dos pais. Com um pouco de medo, ela confessou:
— Fui eu, papai.
Gilberto chegou perto da filha muito bravo e pôs as mãos
na cintura:
— Por que fez isso, mocinha?
A menina respondeu a tremer:
— Papai, não fique bravo comigo! É que estava preocupada
com você!
— Preocupada comigo? Ora essa! E por quê?
Então a garota explicou que, ouvindo a conversa entre o
pai e o avô, achou que o pai também podia ficar doente por causa de bebida e
resolveu jogar tudo no lixo. E concluiu:
— Então, papai, como você estava preocupado com o vovô
José, também fiquei preocupada com você, que é meu pai. Não quero que também
fique doente!
— E jogou tudo fora?
— Joguei!...
E completou, mostrando grande coerência para uma menina
da sua idade:
— Depois de abrir
e esvaziar as garrafas, pois eu não queria que alguém, pegando-as do lixo,
também ficasse doente.
Admirado da lógica da filha, Gilberto suspirou, lembrando
dos vinhos caros que foram perdidos. No entanto, não deixou de reconhecer a
coragem e a determinação de Débora que tomara uma atitude, por acreditar que
seria a melhor, embora pudesse ter consequências.
Gilberto sentou-se, pegou a filha no colo, abraçou-a e
disse comovido:
— Obrigado, minha filha, por me mostrar essa verdade.
Você tem razão. Bebida alcoólica não faz bem a ninguém.
— Então, você não está zangado comigo, papai?
— Não, filhinha.
A menina respirou fundo e exclamou: — Ainda bem! Depois que joguei as garrafas,
fiquei com medo e pedi a Jesus que me ajudasse e me protegesse!...
Meimei
Fonte: O Consolador
CAP XXI – 05/07
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XXI – FALSOS CRISTOS E FALSOS PROFETAS
Desconfiai dos falsos profetas.
É útil em todos os tempos essa recomendação, mas,
sobretudo, nos momentos de transição em que, como no atual, se elabora uma
transformação da Humanidade, porque, então, uma multidão de ambiciosos e
intrigantes se arvoram em reformadores e messias.
É contra esses impostores que se deve estar em guarda,
correndo a todo homem honesto o dever de os desmascarar. Perguntareis, sem
dúvida, como reconhecê-los.
Aqui tendes o que os assinala:
Somente a um hábil general, capaz de o dirigir, se confia
o comando de um exército.
Julgais que Deus seja menos prudente do que os homens?
Ficai certos de que só confia missões importantes aos que
Ele sabe capazes de as cumprir, porquanto as grandes missões são fardos pesados
que esmagariam o homem carente de forças para carregá-los.
Em todas as coisas, o mestre há de sempre saber mais do
que o discípulo; para fazer que a Humanidade avance moralmente e
intelectualmente, são precisos homens superiores em inteligência e em moralidade.
Por isso, para essas missões são sempre escolhidos
Espíritos já adiantados, que fizeram suas provas noutras
existências, visto que, se não fossem superiores ao meio
em que têm de atuar, nula lhes resultaria a ação.
Isto posto, haveis de concluir que o verdadeiro
missionário de Deus tem de justificar, pela sua superioridade, pelas suas
virtudes, pela grandeza, pelo resultado e pela influência moralizadora de suas
obras, a missão de que se diz portador. Tirai também esta outra consequência:
se, pelo seu caráter, pelas suas virtudes, pela sua inteligência, ele se mostra
abaixo do papel com que se apresente, ou da personagem sob cujo nome se coloca,
mais não é do que um histrião de baixo estofo, que nem sequer sabe imitar o
modelo que escolheu.
Outra consideração: os verdadeiros missionários de Deus
ignoram-se a si mesmos, em sua maior parte; desempenham a missão a que foram
chamados pela força do gênio que possuem, secundado pelo poder oculto que os
inspira e dirige a seu mau grado, mas sem desígnio premeditado.
Numa palavra: os verdadeiros profetas se revelam por seus
atos, são adivinhados, ao passo que os falsos profetas se dão, eles próprios,
como enviados de Deus.
O primeiro é humilde e modesto; o segundo, orgulhoso e
cheio de si, fala com altivez e, como todos os mendazes, parece sempre temeroso
de que não lhe deem crédito.
Alguns desses impostores têm havido, pretendendo passar
por apóstolos do Cristo, outros pelo próprio Cristo, e, para vergonha da
Humanidade, hão encontrado pessoas assaz crédulas que lhes creem nas torpezas.
Entretanto, uma ponderação bem simples seria bastante a
abrir os olhos do mais cego, a de que se o Cristo reencarnasse na Terra, viria
com todo o seu poder e todas as suas virtudes, a menos se admitisse, o que fora
absurdo, que houvesse degenerado.
Ora, do mesmo modo que, se tirardes a Deus um só de seus
atributos, já não tereis Deus, se tirardes uma só de suas virtudes ao Cristo,
já não mais o tereis.
Possuem todas as suas virtudes os que se dão como o
Cristo?
Essa a questão.
Observai-os, perscrutai-lhes as ideias e os atos e
reconhecereis que, acima de tudo, lhes faltam as qualidades distintivas do Cristo:
a humildade e a caridade, sobejando-lhes as que o Cristo não tinha: a cupidez e
o orgulho.
Notai, ademais, que neste momento há, em vários países,
muitos pretensos Cristos, como há muitos pretensos Elias, muitos João ou Pedro
e que não é absolutamente possível sejam verdadeiros todos.
Tende como certo que são apenas criaturas que exploram a
credulidade dos outros e acham cômodo viver à custa dos que lhes prestam
ouvidos.
Desconfiai, pois, dos falsos profetas, máxime numa época
de renovação, qual a presente, porque muitos impostores se dirão enviados de
Deus.
Eles procuram satisfazer na Terra à sua vaidade; mas uma
terrível justiça os espera, podeis estar certos. – Erasto. (Paris, 1862.)
E.S.E. CAP XXI ITEM 9
A SERVA ESCANDALIZADA
Ante as exclamações de Dalila, a esposa de Azor, o
tecelão, quanto às maldades de alguns publicanos de mau nome que a haviam
desrespeitado, em praça pública, justamente quando procurava praticar o bem,
relatou Jesus, com simplicidade:
— Piedosa mulher, desejando ser mensageira do Reino
Divino na Terra, bateu às portas do Paraíso, rogando trabalho.
Foi atendida, cuidadosamente, por um anjo que lhe recomendou
visitasse uma taberna para salvar dois homens bons, desprevenidos, que se
haviam deixado embriagar, dominados por insinuações insufladas por Espíritos
das trevas.
No dia seguinte, porém, a enviada reapareceu, chorosa,
explicando ao Ministro do Eterno que lhe não fora possível satisfazer-lhe à
determinação, porque o recanto indicado jazia repleto de jogadores a trocarem
palavras obscenas e cruéis.
O anjo, então, mandou-a a um esconderijo em floresta
próxima, a fim de socorrer uma criança desamparada.
No outro dia, porém, a emissária regressou, alegando que
não lhe fora exequível o trabalho porque a furna ocultava vários homens e
mulheres seminus a lhe ferirem o pudor feminino.
O Administrador Celeste, sem desanimar, designou-a para
auxiliar uma senhora agonizante, mas, decorridas poucas horas, a colaboradora
voltou, ruborizada, ao ponto de origem, informando de que não pudera nem mesmo
penetrar o quarto da enferma, porque na antecâmara o esposo da doente,
palestrando com certa mulher de baixa procedência, projetava um assassínio para
a noite próxima.
O prestimoso Ministro do Alto, embora com algum
desapontamento, determinou-lhe o auxílio a dois homens dementes situados em
extenso vale de imundos.
No dia imediato, a serva escandalizada retornava, célere,
esclarecendo que não conseguira alcançar o objetivo, porquanto os loucos viviam
impressionados com cenas de vida impura, a lhe causarem extrema repugnância.
O Preposto do Altíssimo, depois de ouvi-la com manifesta
estranheza, pediu-lhe amparar uma jovem que se achava em perigo, mas, em breve,
regressava a cooperadora sensitiva, exclamando que a criatura mencionada podia
ser vista numa festa desregrada, em repulsiva condição moral.
E assim a candidata ao trabalho celeste atravessou a
semana, inutilmente, cultivando a ineficiência, sob variados pretextos.
Todavia, procurando de novo o anjo para solicitar-lhe
serviço, dele ouviu a exortação de que se fizera merecedora:
— Minha irmã, continue, por enquanto, desenvolvendo o seu
esforço nas vulgaridades da Terra.
— Oh! e por quê? — indagou, perplexa. — Não mereço
abeirar-me da vida mais alta?
— Seus olhos estão cheios de malícia — elucidou o
Ministro, tolerante —, e, para servir ao Senhor, o servo do bem retifica o
escândalo, com amor e silêncio, sem se escandalizar.
Calou-se o Mestre por minutos longos; depois, concluiu
sem afetação:
— Quem se demora na contemplação do mal, não está em
condições de fazer o bem.
Os circunstantes entreolharam-se, espantadiços, e a
oração final do culto doméstico foi pronunciada, enquanto, lá fora, a lua muito
alva, desfazendo a treva noturna, simbolizava radioso convite do Céu ao sublime
combate pela vitória da luz.
CAP 34 - JESUS NO LAR – NEIO LUCIO - FCX
CAP XXII – 06/07
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XXII – O QUE DEUS UNIU O HOMEM NÃO
SEPARA
Imutável só há o que vem de Deus. Tudo o que é obra dos
homens está sujeito a mudança. As Leis da Natureza são as mesmas em todos os tempos
e em todos os países.
As leis humanas mudam segundo os tempos, os lugares e o
progresso da inteligência.
No casamento, o que é de ordem divina é a união dos
sexos, para que se opere a substituição dos seres que morrem; mas as condições
que regulam essa união são de tal modo humanas, que não há, no mundo inteiro,
nem mesmo na cristandade, dois países onde elas sejam absolutamente idênticas,
e nenhum onde não hajam, com o tempo, sofrido mudanças.
Daí resulta que, em face da lei civil, o que é legítimo
num país e em dada época, é adultério noutro país e noutra
época, isso pela razão de que a lei civil tem por fim
regular os interesses das famílias, interesses que variam segundo os costumes e
as necessidades locais.
Assim é, por exemplo, que, em certos países, o casamento
religioso é o único legítimo; noutros é necessário, além desse, o casamento
civil; noutros, finalmente, este último casamento basta.
Mas, na união dos sexos, a par da Lei divina material,
comum a todos os seres vivos, há outra Lei divina, imutável como todas as Leis
de Deus, exclusivamente moral: a lei de amor.
Quis Deus que os seres se unissem não só pelos laços da
carne, mas também pelos da alma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se
lhes transmitisse aos filhos e que fossem dois, e não um somente, a amá-los, a
cuidar deles e a fazê-los progredir.
Nas condições ordinárias do casamento, a lei de amor é
tida em consideração?
De modo nenhum.
Não se leva em conta a afeição de dois seres que, por
sentimentos recíprocos, se atraem um para o outro, visto que, as mais das
vezes, essa afeição é rompida.
O de que se cogita, não é da satisfação do coração, e sim
da do orgulho, da vaidade, da cupidez, numa palavra: de todos os interesses
materiais.
Quando tudo vai pelo melhor consoante esses interesses,
diz-se que o casamento é de conveniência e, quando as bolsas estão bem
aquinhoadas, diz-se que os esposos igualmente o são e muito felizes hão de ser.
Nem a lei civil, porém, nem os compromissos que ela faz
se contraiam podem suprir a lei do amor, se esta não preside à união,
resultando, frequentemente, separarem-se por si mesmos os que à força se
uniram; torna-se um perjúrio, se pronunciado como fórmula banal, o juramento
feito ao pé do altar.
Daí as uniões infelizes, que acabam tornando-se
criminosas, dupla desgraça que se evitaria se, ao estabelecerem-se as condições
do matrimônio, se não abstraísse da única que o sanciona aos olhos de Deus: a
lei de amor.
Ao dizer Deus: “Não sereis senão uma só carne”, e quando
Jesus disse: “Não separeis o que Deus uniu”, essas palavras se devem entender com
referência à união segundo a lei imutável de Deus, e não segundo a lei mutável
dos homens.
E.S.E. CAP XXII ITEM 2 E 3
MEU LAR É UM INFERNO...
O pobre homem chegara ao fundo do poço e resolveu
procurar seu rabino para pedir conselhos.
- Santo rabi! - clamou ele. - As coisas estão indo mal
comigo, e piorando a cada momento! Somos pobres, tão pobres, que minha esposa,
meus seis filhos, meus sogros e eu temos que viver num casebre de um só cômodo.
Estamos sempre no caminho uns dos outros e com os nervos à flor da pele por
causa de todas as nossas desgraças. Não paramos de brigar e discutir. Acredite:
meu lar é um inferno e eu preferiria morrer a continuar vivendo assim!
O rabino ponderou a questão gravemente.
- Meu filho - disse por fim, - prometa que fará
exatamente como eu lhe disser e sua condição irá melhorar.
- Eu prometo, rabi - respondeu o homem atormentado. -
Farei tudo e qualquer coisa que me pedir.
- Diga-me, então, que animais ainda possui?
- Tenho uma vaca, uma cabra e algumas galinhas.
- Ótimo! Volte para sua família e coloque as galinhas
dentro de casa para morar com vocês.
O pobre homem ficou estupefato mas, como havia prometido ao
rabino, voltou para casa e levou as galinhas para morar com a família dentro de
casa.
Alguns dias depois, porém, retornou ao rabino e
lamentou-se:
- Rabi! Fiz como você havia dito e levei as galinhas para
dentro de casa. Mas o que aconteceu? Uma desgraça, rabi, uma desgraça. As
coisas estão piores do que nunca! Minha vida está um verdadeiro inferno. A casa
está agora cheia de penas e titica de galinha! Salva-me, rabi, salva-me, por
favor!
- Meu filho - respondeu o rabino com serenidade. - Não se
desespere. Volte para casa e coloque a cabra dentro de casa para morar com
vocês. Deus irá ajudá-lo!
O pobre homem achou que ia enlouquecer, mas voltou para
casa e levou a cabra para dentro de casa. Mas não demorou até que voltasse
correndo até o rabino.
- Santo rabi! - lamuriou-se. - Ajude-me, salve-me! A
cabra está destruindo tudo dentro de casa: está transformando a minha vida num
pesadelo. O cheiro está insuportável e ninguém agüenta mais a sujeira.
- Meu filho - condoeu-se o rabino. - Não se desespere.
Deus irá ajudá-lo. Volte para casa e traga também a vaca para morar com vocês.
O pobre homem achou que ia enlouquecer, mas voltou para
casa e levou a vaca para morar com a família dentro de casa. Logo no dia
seguinte, porém, voltou desesperado ao rabino.
- Rabi, rabi! Seus conselhos só estão nos trazendo
desgraças! As coisas não param de piorar. A vaca transformou minha casa num
curral e agora estamos vivendo de fato no meio da bosta. Como pode um ser
humano dividir o seu espaço com um animal? É um inferno, rabi, um inferno!
- Meu filho, você tem razão. Volte e tire todos os bichos
de dentro de casa.
No mesmo dia o homem correu para procurar o rabino.
- Rabi, rabi! - gritou ele com o rosto resplandecente. -
Minha vida voltou a ser um paraíso. A casa está limpa, sossegada e vazia como
não se via há muito tempo. É um prazer viver nela.
Hassidismo
Do livro: Histórias da Alma, Histórias do Coração
Coleção Buscas - Editora Pioneira
CAP XXIII – 07/07
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XXIII – MORAL ESTRANHA
Quando Jesus declara: “Não creais que Eu tenha vindo
trazer a paz, mas sim a divisão, seu pensamento, era este:
“Não creais que a minha doutrina se estabeleça
pacificamente; ela trará lutas sangrentas, tendo por pretexto o meu nome,
porque os homens não me terão compreendido, ou não me terão querido
compreender.
Os irmãos, separados pelas suas respectivas crenças,
desembainharão a espada um contra o outro e a divisão reinará no seio de uma
mesma família, cujos membros não partilhem da mesma crença.
Vim lançar fogo à Terra para expungi-la dos erros e dos
preconceitos, do mesmo modo que se põe fogo a um campo para destruir nele as
ervas más, e tenho pressa de que o fogo se acenda para que a depuração seja
mais rápida, visto que do conflito sairá triunfante a verdade.
À guerra sucederá a paz; ao ódio dos partidos, a
fraternidade universal; às trevas do fanatismo, a luz da fé esclarecida.
Então, quando o campo estiver preparado, Eu vos enviarei
o Consolador, o Espírito de Verdade, que virá restabelecer todas as coisas,
isto é, que, dando a conhecer o sentido verdadeiro das minhas palavras, que os
homens mais
esclarecidos poderão enfim compreender, porá termo à luta
fratricida que desune os filhos do mesmo Deus.
Cansados, afinal, de um combate sem resultado, que
consigo traz unicamente a desolação e a perturbação até o seio das famílias,
reconhecerão os homens onde estão seus verdadeiros interesses, com relação a
este mundo e ao outro. Verão de que lado estão os amigos e os inimigos da
tranquilidade deles.
Todos então se porão sob a mesma bandeira: a da caridade,
e as coisas serão restabelecidas na Terra, de acordo com a verdade e os
princípios que vos tenho ensinado.”
O Espiritismo vem realizar, na época prevista, as
promessas do Cristo. Entretanto, não o pode fazer sem destruir os abusos.
Como Jesus, ele topa com o orgulho, o egoísmo, a ambição,
a cupidez, o fanatismo cego, os quais, levados às suas últimas trincheiras,
tentam barrar-lhe o caminho e lhe suscitam entraves e perseguições.
Também ele, portanto, tem de combater; mas o tempo das
lutas e das perseguições sanguinolentas passou; são todas de ordem moral as que
terá de sofrer e próximo lhes está o termo.
As primeiras duraram séculos; estas durarão apenas alguns
anos, porque a luz, em vez de partir de um único foco, irrompe de todos os
pontos do globo e abrirá mais de pronto os olhos aos cegos.
E.S.E. CAP XXIII – ITENS 16/17
O URSO E O ZOOLÓGICO
Diz a lenda que o zoológico de Denver estava muito
interessado em adquirir um urso polar.
O diretor do zoológico naquela época, um velho senhor de
cabelos grisalhos e grandes barbas brancas, tinha uma queda por ursos polares.
Ele sempre admirara seus corpos grandes e musculosos, e
respeitara a inteligência primordial que ele sentia demonstrarem em seus
movimentos lentos, mas elegantes e pelo que ele via em seus olhos penetrantes.
Acima de tudo, entretanto, ele gostava de sua longa e
densa pele de puro branco, que o lembravam das madeixas que adornavam seu
próprio rosto.
Por causa desta especial afinidade que ele sentia pelos
ursos, o diretor decidiu que os ursos polares do Zoológico de Denver deveriam
ter as maiores e mais naturalísticas jaulas dentre todos os animais do zoo.
Assim ele pôs seus projetistas, engenheiros e operários
para trabalhar na construção de um cercado tão grande e naturalístico em sua
representação do esplendor da região ártica, que iria superar em arte e valor
as jaulas de qualquer um dos maiores e mais famosos zoológicos do mundo.
A construção do cercado do urso polar andava pela metade,
quando foi oferecido ao diretor um bom negócio de um dos mais bonitos ursos
polares que até então vira.
De fato, ao inspecionar o animal, o diretor quase achou
que fitava um espelho, quando olhou dentro dos olhos do bruto e este,
balançando para frente e para trás, devolveu o olhar fixo do diretor.
Como bons negócios com ursos polares não aparecem todo
dia (e ainda mais o de um exemplar tão magnífico), o diretor decidiu ir em
frente e comprar o urso, mesmo com o cercado apenas parcialmente construído.
O urso foi sedado e quando acordou estava em uma pequena
jaula feita com grossas barras de metal, colocada bem no meio do gigantesco
cercado naturalístico ainda em obras.
Ele permaneceria na jaula menor até que a estrutura maior
estivesse pronta.
O pequeno cercado era grande apenas o suficiente para que
o urso polar desse quatro passos de bom tamanho antes de dar de cara com as
frias barras de metal.
Nada mais tendo a fazer enquanto residia na pequena
jaula, o urso logo desenvolveu um hábito de caminhar pelo minúsculo ambiente.
Ele dava quatro passos um uma direção, empinava sobre as
patas traseiras para lentamente girar 180 graus, com uma convicção de que
somente ursos polares são capazes, para dar quatro passos na direção oposta
antes de empinar lentamente, levantar as patas dianteiras e fazer a volta.
Durante todo o dia o urso caminhava vagarosamente para
frente e para trás na sua jaula, atentamente observando os operários que
trabalhavam no imenso cercado em volta.
Finalmente, após meses de trabalho duro, os operários do
zoológico terminaram a nova casa do urso polar.
O urso foi novamente sedado e a pequena jaula de metal
que fora o mundo do urso por tantos meses foi removida. Uma multidão de
visitantes, juntamente com todos os funcionários e operários do zoológico e, é
claro, o orgulhoso diretor, se amontoaram ao redor do cercado e ansiosamente
esperaram para ver como o urso se sairia no seu novo e magnífico ambiente.
O urso polar acordou, cautelosamente apoiou-se nos pés e
sacudiu da cabeça os restos do sono induzido pela droga.
O diretor quase podia sentir a excitação que certamente
estava sendo construída no peito do urso enquanto se preparava para explorar
seu belo ambiente natural.
Ele ansiosamente assistiu ao urso dar quatro lentos, mas
resolutos passos antes de empinar, patas dianteiras ao ar, e se virar para dar
quatro passos na outra direção, empinando novamente enquanto se virava e
caminhava sobre seus primeiros passos e empinava...
Robert B. Dilts No livro Neuro-Linguistic Programming
Vol. I (Meta Publications) Tradução: Virgílio Vasconcelos Vilela.
“MUDANÇAS DE HÁBITOS E IDEIAS DEPENDEM DO RACIOCÍNIO
CLARO E OTIMISTA. SÃO DIFÍCEIS, MAS TRAZEM MELHORES RESPOSTAS À VIDA.”
CAP XXIV – 08/07
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XXIV – NÃO COLOCAR A CANDEIA DEBAIXO DO
ALQUEIRE
A coragem das opiniões próprias sempre foi tida em grande
estima entre os homens, porque há mérito em afrontar os perigos, as
perseguições, as contradições e até os simples sarcasmos, aos quais se expõe,
quase sempre, aquele que não teme proclamar abertamente ideias que não são as
de toda gente.
Aqui, como em tudo, o merecimento é proporcionado às
circunstâncias e à importância do resultado.
Há sempre fraqueza em recuar alguém diante das
consequências que lhe acarreta a sua opinião e em renegá-la; mas há casos em
que isso constitui covardia tão grande, quanto fugir no momento do combate.
Jesus profliga essa covardia, do ponto de vista especial
da sua doutrina, dizendo que, se alguém se envergonhar de suas palavras, desse
também Ele se envergonhará; que renegará aquele que o haja renegado; que
reconhecerá, perante o Pai que está nos céus, aquele que o confessar diante dos
homens.
Por outras palavras: aqueles que se houverem arreceado de
se confessarem discípulos da verdade não são dignos de se ver admitidos no
Reino da Verdade.
Perderão as vantagens da fé que alimentem, porque se
trata de uma fé egoísta que eles guardam para si, ocultando-a para que não lhes
traga prejuízo neste mundo, ao passo que aqueles que, pondo a verdade acima de
seus interesses materiais, a proclamam abertamente, trabalham pelo seu próprio
futuro e pelo dos outros.
Assim será com os adeptos do Espiritismo.
Pois que a doutrina que professam mais não é do que o
desenvolvimento e a aplicação da do Evangelho, também a eles se dirigem as
palavras do Cristo.
Eles semeiam na Terra o que colherão na vida espiritual.
Colherão lá os frutos da sua coragem ou da sua fraqueza.
E.S.E. CAP XXIV ITENS 15 E 16
A OSTRA
Gina era uma ostra que vivia no fundo do oceano.
Morava dentro de duas conchas que lhe serviam de proteção
contra animais predadores.
Achava sua vida muito boa, passeava pelo oceano, conhecendo
lugares maravilhosos e, quando sentia fome, bastava abrir suas conchas e
esperar que algumas algas marinhas se acomodassem no seu interior.
Um dia, quando Gina se alimentava de algas, um grão de
areia aproveitou a oportunidade e se alojou no seu delicado corpo.
Ao sentir aquele corpo estranho dentro de si, tentou
expulsá-lo.
Que incômodo!!!!!
Abriu novamente suas conchas para que ele saísse
naturalmente.
O esforço, porém, foi em vão, pois o grão de areia havia
se agarrado fortemente ao seu corpinho.
Percebendo que não havia a menor possibilidade de se
livrar do intruso, Gina procurou outra solução.
Foi quando teve a ideia.
- "Já que não
é possível o grão sair da minha casa, preciso descobrir uma maneira de conviver
bem com ele".
E, Gina produziu um invólucro para o grão e descobriu uma
forma de sua aspereza não mais incomodá-la.
Cobriu o grão de areia com seus próprios fluidos e... A
partir de então, gerou-se dentro da ostra uma pedra lisa e brilhante.
Certo dia, quando Gina abriu suas conchas para se
alimentar, um pescador que passava por ali, notou a linda pedra no seu interior
e delicadamente a retirou dali.
Maravilhado com a delicadeza da pedra, batizou-a com o
nome de "pérola" levando-a de presente para sua esposa. Assim Gina pode livrar-se do intruso.
Transformou algo que a incomodava em um delicado
presente, que hoje todos admiram.
Autor desconhecido - Enviada por: Edeli Arnaldi
“CUIDE BEM DE SUAS PÉROLAS. ALGUÉM SABERÁ VALORIZA-LAS.”
CAP XXV – 09/07
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XXV – BUSCAI E ACHAREIS
EFEITOS DA PRECE
A prece é uma aspiração sublime, à qual Deus concedeu um poder
tão mágico que os Espíritos a reclamam para si constantemente.
Suave orvalho, é um refrigério para o pobre exilado na
Terra e um arranjo frutuoso para a alma em prova.
A prece age diretamente sobre o Espírito a quem é
dirigida; não transforma espinhos em rosas, mas modifica sua vida de
sofrimentos; não tem poder sobre a vontade imutável de Deus, mas imprime esse
impulso de vontade que levanta a sua coragem, ao dar-lhe força para lutar
contra as provas e as dominar.
Por esse meio é abreviado o caminho que conduz a Deus e,
como efeito maravilhoso, nada pode ser comparado à prece.
Aquele que blasfema contra a prece não passa de Espírito
inferior, de tal modo terreno e atrasado que nem mesmo compreende que deve se
agarrar a essa tábua de salvação para se salvar.
Orar: palavra descida do Céu, é a gota de orvalho no
cálice de uma flor, é o sustentáculo do caniço durante a tormenta, é a tábua do
pobre náufrago durante a tempestade, é o abrigo do mendigo e do órfão, é o
berço para a criança dormir.
Emanação divina, a prece nos liga a Deus pela linguagem,
fazendo-o interessar-se por nós; orar a Ele é amá-lo; suplicar-lhe por um irmão
é um ato de amor dos mais meritórios.
Vinda do coração, a prece contém a chave dos tesouros da
graça; é o ecônomo que dispensa benefícios em nome da infinita misericórdia.
A alma, elevada para Deus por um desses impulsos sublimes
da prece, desprendida de seu envoltório grosseiro, apresenta-se cheia de
confiança diante dele, segura de obter o que pede com humildade.
Orai, oh! orai! fazei um reservatório de vossas santas
aspirações, que será despejado no dia da justiça.
Preparai o celeiro da abundância, tão precioso durante a
escassez; escondei o tesouro de vossas preces até o dia escolhido por Deus para
distribuir o rico depósito.
Acumulai para vós e para os vossos irmãos, o que
diminuirá as vossas angústias e vos fará transpor mais rapidamente o espaço que
vos separa de Deus.
Refleti em vossa miserável natureza, contai vossas
decepções, vossos perigos, sondai o abismo
tão profundo aonde vos podem arrastar as paixões, olhai
em torno de vós os que caem e sentireis a imperiosa necessidade de recorrer à
prece.
A oração é a âncora de salvação que impedirá a destruição
do vosso navio, tão agitado pelas desordens do mundo.
Teu Espírito Familiar – (Guia Espiritual De Kardec - 15
Outubro 1860)
REVISTA ESPÍRITA - NOVEMBRO DE 1861
MODO CORRETO DE ORAR
Um Monge de grande devoção e instruído, atravessava uma
vez um rio em um barco quando ao passar ao lado de uma pequena ilhota, ouviu
uma voz de um homem que muito torpemente tentava elevar suas preces.
O íntimo do monge não pode mais que entristecer-se.
- Como era possível que alguém fora capaz de entoar tão
mal aqueles mantras?
Talvez aquele homem ignorasse que os mantras deviam ser
recitados com entonação adequada, com ritmo e musicalidade precisas, com pronúncia
perfeita.
Decidiu então ser generoso e desviando-se de seu rumo
aproximou-se a ilhota para instruir aquele homem sobre a importância da correta
execução dos mantras.
Não era em vão que se considerava um grande especialista
e aqueles mantras não tinham para ele qualquer segredo. Quando desembarcou na
ilhota, pode ver um pobre homem de aspecto sossegado cantando alguns mantras um
pouco sem acerto.
O monge, com serena paciência, dedicou algumas horas a
instruir minuciosamente aquele indivíduo que a cada momento mostrava efusivas
mostras de agradecimento a seu instrutor.
Quando entendeu que por fim aquele sujeito poderia
recitar os mantras com certa capacidade despediu-se dele, advertindo-lhe:
- E lembre-se meu bom amigo, é tal a potência destes
mantras que sua correta pronúncia permite que um homem seja capaz de caminhar
sobre as águas.
E foi-se embora satisfeito com o favor prestado.
Mas apenas havia percorrido alguns metros com seu barco,
ouviu a voz daquele homem a recitar os mantras ainda pior que antes.
- Que horror!
Há pessoas que são incapazes de aprender nada de nada,
assim pensou o monge.
- Ei, monge - escutou atrás de si, uma voz muito perto.
Ao voltar-se viu o pobre homem que, caminhando sobre a as
águas, aproximava-se de seu barco:
- Nobre monge, já me esqueci de tuas instruções sobre o
modo correto de recitar os mantras. Serias, tão amável para repeti-los?
Desconheço a autoria
CAP XXVI – 10/07
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XXVI – DAR DEM GRAÇA O QUE DE GRAÇA
RECEBER
Quem conhece as condições em que os bons Espíritos se
comunicam, a repulsão que sentem por tudo o que é de interesse egoístico, e
sabe quão pouca coisa se faz mister para que eles se afastem, jamais poderá
admitir que os Espíritos superiores estejam à disposição do primeiro que
apareça e os convoque a tanto por sessão.
O simples bom senso repele semelhante ideia.
Não seria também uma profanação evocarmos, por dinheiro,
os seres que respeitamos, ou que nos são caros?
É fora de dúvida que se podem assim obter manifestações;
mas quem lhes poderia garantir a sinceridade?
Os Espíritos levianos, mentirosos, brincalhões e toda a
caterva dos Espíritos inferiores, nada escrupulosos, sempre acorrem, prontos a
responder ao que se lhes pergunte, sem se preocuparem com a verdade.
Quem, pois, deseje comunicações sérias deve, antes de
tudo, pedi-las seriamente e, em seguida, inteirar-se da natureza das simpatias
do médium com os seres do mundo espiritual.
Ora, a primeira condição para se granjear a benevolência
dos bons Espíritos é a humildade, o devotamento, a abnegação, o mais absoluto
desinteresse moral e material.
E.S.E.
CAP XXVI ITEM 8
A DIVINDADE DOS HOMENS
Houve um tempo em que todos os homens eram deuses.
Mas eles abusaram tanto de sua divindade que Brahma, o mestre
dos deuses, tomou a decisão de lhes retirar o poder divino.
Resolveu então escondê-lo em um lugar onde seria
absolutamente impossível reencontrá-lo.
O grande problema era encontrar um esconderijo.
Brahma convocou um conselho dos deuses menores, para
juntos resolverem o problema.
- Enterremos a divindade do homem na terra, foi a
primeira ideia dos deuses.
- Não, isso não basta, pois o homem vai cavar e
encontrá-la.
Então os deuses retrucaram:
- Joguemos a divindade no fundo dos oceanos.
Mas Brahma não aceitou a proposta, pois achou que o
homem, um dia iria explorar as profundezas dos mares e a recuperaria. Então os
deuses concluíram:
- Não sabemos onde escondê-la, pois não existe na terra
ou no mar lugar que o homem não possa alcançar um dia.
Brahma então se pronunciou:
- Eis o que vamos fazer com a divindade do homem: vamos
escondê-la nas profundezas dele mesmo, pois será o único lugar onde ele jamais
pensará em procurá-la.
Desde esse tempo, conclui a lenda, o homem deu a volta na
terra, explorou escalou, mergulhou e cavou, em busca de algo que se encontra
nele mesmo.
Desconheço a autoria
CAP XXVII – 11/07
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XXVII – PEDI E OBTEREIS
A prece é uma invocação, mediante a qual o homem entra,
pelo pensamento, em comunicação com o ser a quem se dirige.
Pode ter por objeto um pedido, um agradecimento, ou uma
glorificação.
Podemos orar por nós mesmos ou por outrem, pelos vivos ou
pelos mortos.
As preces feitas a Deus escutam-nas os Espíritos
incumbidos da execução de suas vontades; as que se dirigem aos bons Espíritos
são reportadas a Deus.
Quando alguém ora a outros seres que não a Deus, fá-lo
recorrendo a intermediários, a intercessores, porquanto nada sucede sem a
vontade de Deus.
O Espiritismo torna compreensível a ação da prece,
explicando o modo de transmissão do pensamento, quer no caso em que o ser a
quem oramos acuda ao nosso apelo, quer no em que apenas lhe chegue o nosso
pensamento.
Para apreendermos o que ocorre em tal circunstância,
precisamos conceber mergulhados no fluido universal, que ocupa o Espaço, todos
os seres, encarnados e desencarnados, tal qual nos achamos, neste mundo, dentro
da atmosfera. Esse fluido recebe da vontade uma impulsão; ele é o veículo do
pensamento, como o ar o é do som, com a diferença de que as vibrações do ar são
circunscritas, ao passo que as do fluido universal se estendem ao infinito.
Dirigido, pois, o pensamento para um ser qualquer, na
Terra ou no Espaço, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa, uma corrente
fluídica se estabelece entre um e outro, transmitindo de um ao outro o
pensamento, como o ar transmite o som.
A energia da corrente guarda proporção com a do
pensamento e da vontade.
É assim que os Espíritos ouvem a prece que lhes é
dirigida, qualquer que seja o lugar onde se encontrem; é assim que os Espíritos
se comunicam entre si, que nos transmitem suas inspirações, que relações se
estabelecem a distância entre encarnados.
Essa explicação vai, sobretudo, com vistas aos que não
compreendem a utilidade da prece puramente mística.
Não tem por fim materializar a prece, mas tornar-lhe
inteligíveis os efeitos, mostrando que pode exercer ação direta e efetiva.
Nem por isso deixa essa ação de estar subordinada à
vontade de Deus, Juiz supremo em todas as coisas, único apto a torná-la eficaz.
Pela prece, obtém o homem o concurso dos bons Espíritos
que acorrem a sustentá-lo em suas boas resoluções e a inspirar-lhe ideias sãs.
Ele adquire, desse modo, a força moral necessária a
vencer as dificuldades e a volver ao caminho reto, se deste se afastou.
Por esse meio, pode também desviar de si os males que
atrairia pelas suas próprias faltas.
Um homem, por exemplo, vê arruinada a sua saúde, em
consequência de excessos a que se entregou, e arrasta, até o termo de seus
dias, uma vida de sofrimento: terá ele o direito de queixar-se, se não obtiver
a cura que deseja?
Não, pois que houvera podido encontrar na prece a força
de resistir às tentações.
E.S.E. CAP XXVII – ITENS 9 A 11
A CADEIRA VAZIA
Era uma singela igreja, frequentada por moradores da
região daquele distante bairro de Londres.
Os anos se passavam e o pequeno grupo se mantinha
constante nas reuniões, ocupando sempre os mesmos lugares.
Foi por isso mesmo muito fácil ao pastor descobrir certo
dia, uma cadeira vazia.
Estranhou, mas logo esqueceu.
Na semana seguinte, a mesma cadeira vazia lá estava e
ninguém soube informar o que estava acontecendo.
Na terceira ausência, o pastor resolveu visitar o
faltoso.
No dia frio, foi encontrá-lo sentado, muito confortável,
ao lado da lareira de sua casa, a ler.
Você está doente, meu filho? Perguntou.
A resposta foi negativa. Ele estava bem.
Talvez estivesse atravessando algum problema, ousou falar
o pastor, preocupado.
Mas estava tudo em ordem.
E o homem foi explicando que simplesmente deixara de
comparecer.
Afinal, ele frequentava o culto há mais de vinte anos.
Sentava na mesma cadeira, pronunciava as mesmas orações,
cantava os mesmos hinos, ouvia os mesmos sermões.
Não precisava mais comparecer. Ele já sabia tudo de cor.
O pastor refletiu por alguns momentos. Depois, se dirigiu
até à lareira, atiçou o fogo e de lá retirou uma brasa.
Ante o olhar surpreso do dono da casa, colocou a brasa
sobre a soleira de mármore, na janela.
Longe do braseiro, ela perdeu o brilho e se apagou.
Logo, era somente um carvão coberto de cinza.
Então o homem entendeu. Levantou-se de sua cadeira,
caminhou até o pastor e falou: tudo bem, pastor, entendi a mensagem.
E voltou para a igreja.
Todos nós somos brasas no braseiro da fé.
Se mantemos regular frequência ao templo religioso,
estudando e trabalhando, nos conservamos acesos e quentes.
Mas, exatamente como fazem as brasas, é preciso estender
o calor.
Assim, acostumemos a não somente orar, pedir e esperar
graças.
Iluminados pelo evangelho de Jesus, nos disponhamos a
agir em favor dos nossos irmãos.
Como as brasas unidas se transformam em um imenso
fogaréu, clareando a escuridão e aquecendo as noites frias, unidos aos nossos
irmãos de ideal, poderemos estabelecer o calor da esperança em muitas vidas.
Abrasados pelo amor a Jesus, poderemos transformar horas
monótonas em trabalho no bem.
Fonte:Revista Reformador nº 2.054 de maio/2000 – A
cadeira vazia de Richard Simonetti
CAP XXVIII – 12/07
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XXVIII – COLETÂNEA DE PRECES ESPÍRITAS
Os Espíritos hão dito sempre: “A forma nada vale, o
pensamento é tudo. Ore, pois, cada um segundo suas convicções e da maneira que
mais o toque.
Um bom pensamento vale mais do que grande número de
palavras com as quais nada tenha o coração.”
Os Espíritos jamais prescreveram qualquer fórmula
absoluta de preces.
Quando dão alguma, é apenas para fixar as ideias e,
sobretudo, para chamar a atenção sobre certos princípios da Doutrina Espírita.
Fazem-no também com o fim de auxiliar os que sentem
embaraço para externar suas ideias, pois alguns há que não acreditariam ter
orado realmente, desde que não formulassem seus pensamentos.
O objetivo da prece consiste em elevar nossa alma a Deus;
a diversidade das fórmulas nenhuma diferença deve criar entre os que nele
creem, nem, ainda menos, entre os adeptos do Espiritismo, porquanto Deus as
aceita todas quando sinceras.
O Espiritismo reconhece como boas as preces de todos os
cultos, quando ditas de coração, e não de lábios somente. Nenhuma impõe, nem
reprova nenhuma.
Deus, segundo ele, é sumamente grande para repelir a voz
que lhe suplica ou lhe entoa louvores, porque o faz de um
modo, e não de outro.
Quem quer que lance anátema às preces que não estejam no
seu formulário provará que desconhece a grandeza de Deus.
Crer que Deus se atenha a uma fórmula é emprestar-lhe a
pequenez e as paixões da Humanidade.
Condição essencial à prece, segundo Paulo é que seja
inteligível, a fim de que nos possa falar ao espírito.
Para isso, não basta seja dita numa língua que aquele que
ora compreenda.
Há preces em língua vulgar que não dizem ao pensamento
muito mais do que se fossem proferidas em língua estrangeira, e que, por isso
mesmo, não chegam ao coração.
As raras ideias que elas contêm ficam, as mais das vezes,
abafadas pela superabundância das palavras e pelo misticismo da linguagem.
A qualidade principal da prece é ser clara, simples e
concisa, sem fraseologia inútil, nem luxo de epítetos, que são meros adornos de
lentejoulas.
Cada palavra deve ter alcance próprio, despertar uma
ideia, pôr em vibração uma fibra da alma.
Numa palavra: deve fazer refletir.
Somente sob essa condição pode a prece alcançar o seu
objetivo; de outro modo, não passa de ruído.
E.S.E.
CAP XXVIII ITEM 1
O PESO DA FÉ
Uma pobre senhora, com visível ar de derrota estampado no
rosto, entrou num armazém, aproximou-se do proprietário conhecido pelo seu
jeito grosseiro, e lhe pediu fiado alguns mantimentos.
Ela explicou que o seu marido estava muito doente, não
podia trabalhar e que tinham sete filhos para alimentar.
O dono do armazém zombou dela e pediu que se retirasse do
seu estabelecimento.
Pensando na necessidade da sua família ela implorou:
- "Por favor senhor, eu lhe darei o dinheiro assim
que eu o tiver..."
Ao que o comerciante lhe respondeu que ela não tinha
crédito e nem conta na sua loja.
Em pé no balcão ao lado, um freguês que assistia a
conversa entre os dois se aproximou do dono do armazém e lhe disse que ele
deveria dar o que aquela mulher necessitava para a sua família, por sua conta.
Então o comerciante falou meio relutante para a mulher: -
"Você tem uma lista de mantimentos?"
- "Sim", respondeu ela ...
- "Muito bem, coloque a sua lista na balança e o
quanto ela pesar, eu lhe darei em mantimentos".
A pobre mulher hesitou por uns instantes e com a cabeça
curvada, retirou da bolsa um pedaço de papel, escreveu alguma coisa e o
depositou suavemente na balança.
Os três ficaram admirados quando o prato da balança com o
papel desceu e permaneceu embaixo.
Completamente pasmado com o marcador da balança, o
comerciante virou-se lentamente para o seu freguês e comentou contrariado: -
"Eu não posso acreditar!"
O freguês sorriu e o homem começou a colocar os
mantimentos no outro prato da balança.
Como a escala da balança não equilibrava, ele continuou
colocando mais e mais mantimentos até não caber mais nada.
O comerciante ficou parado ali por uns instantes olhando
para a balança, tentando entender o que havia acontecido...
Finalmente, ele pegou o pedaço de papel da balança e
ficou espantado pois não era uma lista de compras e sim uma oração que dizia:
- "Meu Deus, o senhor conhece as minhas necessidades
e eu estou deixando isto em suas mãos..."
O homem deu as mercadorias para a mulher no mais completo
silêncio. Ela agradeceu e deixou o armazém.
O freguês pagou a conta, dizendo: - "Valeu cada
centavo!"
Só mais tarde o comerciante pode reparar que a balança
havia quebrado. Só Deus sabe o quanto pesa uma prece...
Texto enviado por Odir de Oliveira
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