APASCENTA AS MINHAS OVELHAS. Jesus (João 21:17)

APASCENTA AS MINHAS OVELHAS.  Jesus (João 21:17)
"APASCENTA AS MINHAS OVELHAS" JESUS (Jo 21:17)

TEXTOS PARA GRUPOS DO WATZAP


CAP I – 15/06

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP I – NÃO VIM DESTRUIR A LEI

 

Um dia, Deus, em sua inesgotável caridade, permitiu que o homem visse a verdade varar as trevas.

Esse dia foi o do advento do Cristo.

Depois da luz viva, voltaram as trevas.

Após alternativas de verdade e obscuridade, o mundo novamente se perdia.

Então, semelhantemente aos profetas do Antigo Testamento, os Espíritos se puseram a falar e a vos advertir.

O mundo está abalado em seus fundamentos; reboará o trovão. Sede firmes!

O Espiritismo é de ordem divina, pois que se assenta nas próprias Leis da Natureza, e estai certos de que tudo o que é de ordem divina tem grande e útil objetivo.

O vosso mundo se perdia; a Ciência, desenvolvida à custa do que é de ordem moral, mas conduzindo-vos ao bem-estar material, redundava em proveito do espírito das trevas.

Como sabeis, cristãos, o coração e o amor têm de caminhar unidos à Ciência.

O reino do Cristo, ah! passados que são dezoito séculos e apesar do sangue de tantos mártires, ainda não veio.

Cristãos, voltai para o Mestre, que vos quer salvar.

Tudo é fácil àquele que crê e ama; o amor o enche de inefável alegria.

Sim, meus filhos, o mundo está abalado; os bons Espíritos vo-lo dizem sobejamente; dobrai-vos à rajada que anuncia a tempestade, a fim de não serdes derribados, isto é, preparai-vos e não imiteis as virgens loucas, que foram apanhadas

desprevenidas à chegada do esposo.

A revolução que se apresta é antes moral do que material.

Os grandes Espíritos, mensageiros divinos, sopram a fé, para que todos vós, obreiros esclarecidos e ardorosos, façais ouvir a vossa voz humilde, porquanto sois o grão de areia; mas sem grãos de areia não existiriam as montanhas.

Assim, pois, que estas palavras — “Somos pequenos” — careçam para vós de significação.

A cada um a sua missão, a cada um o seu trabalho.

Não constrói a formiga o edifício de sua república e imperceptíveis animálculos não elevam continentes?

Começou a nova cruzada.

Apóstolos da paz universal, que não de uma guerra, modernos São Bernardos, olhai e marchai para frente; a lei dos mundos é a do progresso.

Fénelon. (Poitiers, 1861.) – E.S.E. CAP I ITEM 10

E.S.E. CAP I ITEM 10

 

 

PRESENÇA DIVINA.

Um homem, ignorante ainda das Leis de Deus, caminhava ao longo de enorme pomar, conduzindo um pequeno de seis anos.

Eram Antoninho e seu tio, em passeio na vizinhança de casa em que residiam.

Contemplavam, com água na boca, as laranjas maduras, e respiravam, a bom respirar, o ar leve e puro da manhã.

A certa altura da estrada, o velho depôs uma sacola sobre a grama verde e macia e começou a enchê-la com os frutos que descansavam em grandes caixas abertas, ao mesmo tempo que lançava olhares medrosos, em todas as direções.

Preocupado com o que via, Antoninho dirigiu-se ao companheiro e indagou:

- Que fazes, titio?

Colocando o indicador da mão direita nos lábios entreabertos, o velho respondeu:

-Psiu!... Psiu!...

Em seguida, acrescentou em voz baixa:

- Aproveitemos agora, enquanto ninguém nos vê, e apanhemos algumas laranjas, às escondidas.

O menino, contudo, muito admirado, apontou com um dos pequenos dedos para o céu e exclamou:

-Mas, o senhor não sabe que Deus nos está vendo?

Muito espantado, o velho empalideceu e voltou a recolocar os frutos na caixa, de onde os havia retirado, murmurando:

- Obrigado, meu Deus, por haveres despertado a minha consciência, pelos lábios de uma criança.

E, desse momento, o tio de Antoninho passou a ser realmente outro homem.

Extraído do livro Pai Nosso de Meimei - psicografado por Chico Xavier.


 

CAP II – 16/06

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP II – MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO

 

Que não é deste mundo o reino de Jesus todos compreendem, mas também na Terra não terá Ele uma realeza?

Nem sempre o título de rei implica o exercício do poder temporal.

Dá-se esse título, por unânime consenso, a todo aquele que, pelo seu gênio, ascende à primeira plana numa ordem de ideias quaisquer, a todo aquele que domina o seu século e influi sobre o progresso da Humanidade.

É nesse sentido que se costuma dizer: o rei ou príncipe dos filósofos, dos artistas, dos poetas, dos escritores etc.

Essa realeza, oriunda do mérito pessoal, consagrada pela posteridade, não revela, muitas vezes, preponderância bem maior do que a que cinge a coroa real?

Imperecível é a primeira, enquanto esta outra é joguete das vicissitudes; as gerações que se sucedem à primeira sempre a bendizem, ao passo que, por vezes, amaldiçoam a outra.

Esta, a terrestre, acaba com a vida; a realeza moral se prolonga e mantém o seu poder, governa, sobretudo, após a morte.

Sob esse aspecto não é Jesus mais poderoso rei do que os potentados da Terra?

Razão, pois, lhe assistia para dizer a Pilatos, conforme disse: “Sou rei, mas o meu reino não é deste mundo.”

E.S.E. CAP II ITEM 4

 

O GRANDE PRÍNCIPE.

Um rei oriental, poderoso e sábio, achando-se envelhecido e doente, reuniu os três filhos, deu a cada um deles dois camelos carregados de ouro, prata e pedras preciosas e terminou-lhes gastar esses tesouros, em viagens pelo reino, durante três meses, com a obrigação de voltarem, logo após, a fim de que lhe pudesse efetuar a escolha do príncipe que o sucederia no trono.

Findo o prazo estabelecido, os jovens regressaram à casa paterna. Os dois mais velhos exibiam mantos riquíssimos e chegaram com enorme ruído de carruagens, mas o terceiro vinha cansado e ofegante, arrimando-se a um bordão qual mendigo, despertando a ironia e o assombro de muita gente.

O rei bondoso abençoou-os discretamente e dispôs-se a ouvi-los, perante compacta multidão.

O primeiro aproximou-se, fez larga reverência, e notificou:

- Meu pai e meu soberano, viajei em todo o centro do País e adquiri, para teu descanso, um admirável palácio, onde teu nome será venerado para sempre. Comprei escravos vigorosos que te sirvam e reuni, nesse castelo, digno de ti, todas as maravilhas de nosso tempo. Dessa moradia resplandecente, poderás governar sempre honrado, forte e feliz.

O monarca pronunciou algumas palavras de agradecimento, m mostrou amoroso gesto de aprovação e mandou que o segundo filho s adiantasse:

- Meu pai e meu rei! - exclamou, contente - trago-te a coleção de tapetes mais ricos do mundo. Dezenas de pessoas perderam o dom da vista, a fim de tecê-los. Aproxima-se da cidade uma caravana de vinte camelos, carregando essas preciosidades que te ofereço, ó augusto dirigente, para revelares tua fortuna e poder! ...

O monarca expressou gratidão numa frase carinhosa e recomendou que o mais moço tomasse a palavra.

O filho mais novo, alquebrado e mal vestido, ajoelhou-se e falou então:

- Amado pai, não trouxe qualquer troféu para o teu trono venerável e glorioso ... Viajei pela terra que o Supremo Senhor lhe confiou, de Norte a Sul e de Leste a Oeste, e vi que os súditos esperam de teu governo e a paz e o bem-estar, tanto quanto o crente aguarda a felicidade da Proteção do Céu ... Nas montanhas, encontrei a febre devorando corpos mal abrigados e movimentei médicos e remédios, em favor dos sofredores. Ao Norte, vi a ignorância dominando milhares de meninos e jovens desamparados e instalei escolas em nome de tua administração justiceira. A Oeste, nas regiões pantanosas, fui surpreendido por bandos de leprosos e dei-lhes conveniente asilo em teu nome. Nas cidades do Sul, notei que centenas de mulheres e crianças são vilmente exploradas pela maldade humana e inicie a construção de oficinas em que o trabalho edificante as recolha. Nas fronteiras, conheci inúmeros escravos de ombros feridos amargurados e doentes, libertei-os, anunciando-lhes a magnanimidade de tua coroa! ...

A comoção interrompeu-o. Fez grande silêncio e viu-se que o velho soberano mostrava os olhos cheios de lágrimas.

O rapaz cobrou novo ânimo e terminou:

- Perdoa-me se entreguei teu dinheiro aos necessitados e desculpa-me se regresso à tua presença envolvido em extrema pobreza, por haver conhecido, de perto, a miséria, a enfermidade, a ignorância e a fome nos domínios que o Céu conferiu às tuas mãos benfeitoras ... A única dádiva que te trago, amado pai, é o meu  coração reconhecido pelo ensinamento que me deste, permitindo-me contemplar o serviço que me cabe fazer ... Não desejo descansar enquanto houver sofrimento neste reino, porque aprendi contigo que as necessidades dos filhos do povo são iguais às dos filhos do rei ! ...

O velho monarca, em pranto, muito trêmulo, desceu do trono, abraçou demoradamente o filho esfarrapado, retirou a coroa e colocou-a sobre a fronte dele, exclamando, solene: - Grande Príncipe: Deus, o eterno Senhor te abençoe para sempre ! Ê a ti que compete o direito de governar, enquanto viveres.

A multidão aplaudiu, delirando de júbilo, enquanto o jovem soberano, ajoelhado, soluçava de emoção e reconhecimento.

Extraído do livro Alvorada Cristã - Neio Lúcio - psicografado por Chico Xavier.


CAP III – 17/06

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP III – HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI

 

Os mundos regeneradores servem de transição entre os mundos de expiação e os mundos felizes.

A alma penitente encontra neles a calma e o repouso e acaba por depurar-se.

Sem dúvida, em tais mundos o homem ainda se acha sujeito às leis que regem a matéria; a Humanidade experimenta as vossas sensações e desejos, mas liberta das paixões desordenadas de que sois escravos, isenta do orgulho que impõe silêncio ao coração, da inveja que a tortura, do ódio que a sufoca.

Em todas as frontes, vê-se escrita a palavra amor; perfeita equidade preside às relações sociais, todos reconhecem Deus e tentam caminhar para Ele, cumprindo-lhe as leis.

Nesses mundos, todavia, ainda não existe a felicidade perfeita, mas a aurora da felicidade.

O homem lá é ainda de carne e, por isso, sujeito às vicissitudes de que libertos só se acham os seres completamente desmaterializados.

Ainda tem de suportar provas, porém, sem as pungentes angústias da expiação.

Comparados à Terra, esses mundos são bastante ditosos e muitos dentre vós se alegrariam de habitá-los, pois que eles representam a calma após a tempestade, a convalescença após a moléstia cruel.

Contudo, menos absorvido pelas coisas materiais, o homem divisa, melhor do que vós, o futuro; compreende a existência de outros gozos prometidos pelo Senhor aos que deles se mostrem dignos, quando a morte lhes houver de novo ceifado os corpos, a fim de lhes outorgar a verdadeira vida.

Então, liberta, a alma pairará acima de todos os horizontes.

Não mais sentidos materiais e grosseiros; somente os sentidos de um perispírito puro e celeste, a aspirar as emanações do próprio Deus, nos aromas de amor e de caridade que do seu seio emanam.

E.S.E. CAP III ITEM 17

 

O ASTRONALTA DO FUTURO

Lucas, menino de sete anos, andava sempre olhando para o céu, admirando as estrelas e sonhando acordado.

Adorava o espaço e gostava de imaginar que era um astronauta. Sempre que se reunia com amiguinhos, em sua casa, a brincadeira mais frequente era que estavam numa nave espacial, em viagem pelas galáxias. Inventavam dificuldades, obstáculos e problemas, que eles mesmos resolviam, retornando sempre em segurança para o planeta Terra.

Quando Lucas ganhou uma roupa de astronauta, ficou eufórico.

Aí não conseguia mais fazer nada.

Passava o tempo todo dentro da roupa, vivendo no seu mundo de fantasia.

Na escola, tinha dificuldade em manter o pensamento na aula. Estava sempre viajando.

Certo dia, ele não conseguiu fazer os deveres de casa, e a professora perguntou: — Por que não fez as tarefas, Lucas?

De cabeça baixa, envergonhado por ser repreendido na frente dos colegas, ele respondeu: — Esqueci, professora.

Daniel, um garoto que estava sempre brincando e fazendo piadas a respeito de tudo, sugeriu: — Vai ver que estava viajando pelas estrelas, professora.

Todos caíram na gargalhada. — Silêncio! — ordenou a professora.

Depois, olhando para o engraçadinho perguntou: — Por que você disse isso, Daniel?

O menino, encabulado, respondeu: — Desculpe-me, professora, mas o Lucas está sempre brincando de viagens espaciais!

— Ah! Então é por isso que você não fez as tarefas, Lucas?

— É verdade, professora. Quando brinco não vejo o tempo passar. Adoro colocar minha roupa de astronauta e imaginar que estou no espaço em missão.

— Entendo. Mas por que tanto interesse? O que você espera com isso?

Diante da atenção da professora, Lucas explicou: — Tenho vontade de conhecer outros planetas, de encontrar vida em outros mundos, de conhecer seres diferentes. Quando crescer, vou estudar bastante e quero ser um astronauta!

A professora, que o fitava séria, considerou: — Mas não percebe que, agora, você pode se prejudicar, e até ser reprovado, se não estudar? Além do mais, Lucas, tudo isso é bobagem. Até agora ninguém provou que existe vida em outros mundos. Acho melhor esquecer essas besteiras e tratar de estudar. Vamos à aula!

A professora voltou-se para o quadro-negro, escrevendo a matéria do dia, e ninguém mais falou no assunto.

Lucas, porém, estava profundamente chateado. Sentia-se humilhado perante os colegas.

A professora havia acabado com seus sonhos, com seus planos para o futuro.

Triste e desiludido, de cabeça baixa, Lucas retornou para casa.

Ao vê-lo chegar desanimado, a mãe perguntou: — Olá, meu filho! O que houve? Parece que você está um pouco triste. Venha cá, sente-se perto da mamãe e me conte o que aconteceu.

O garoto relatou o acontecido na sala de aulas e, com lágrimas nos olhos, quis saber: — Mamãe, é verdade que não existe vida em outros planetas?

A mãezinha arregalou os olhos, surpresa: — Como não, meu filho? O fato de ainda não terem encontrado vida não significa que não exista. As viagens espaciais são feitas exatamente para encontrar vestígios de vida em outros mundos.

— Ah, é verdade? Estou mais tranquilo — respondeu o menino, aliviado.

A mãe pensou um pouco, e prosseguiu: — Além disso, meu filho, julgo que sua professora não conhece direito o Evangelho de Jesus.

E, diante do garoto maravilhado, a mãe explicou: — Quando Jesus disse: Há muitas moradas na Casa de meu Pai, falou exatamente sobre esse assunto. Qual é a Casa do Pai, Lucas?

— Aprendi que é tudo o que existe!

— Exato, meu filho. Então, a Casa de Deus, nosso Pai, é o Universo, com tudo o que ele contém: o Sol, a Lua, as Estrelas, os Planetas e tudo o mais. Você acha que o Criador, que é a sabedoria suprema, criaria tudo isso para nada? Por exemplo, você criaria uma cidade para colocar vida inteligente apenas num pequeno barraco, de um bairro bem distante?

— Claro que não, mamãe!

— Então, Lucas, nosso Pai Celeste também não faria isso.

Ainda preocupado, o menino retrucou: — Então, por que até agora não foi encontrado vida em outros mundos, mamãe?

A mãezinha pensou um pouco e concluiu: — Talvez ainda seja cedo, meu filho. A quantidade de planetas que existe no Universo é imensa, o que torna a busca mais difícil. Acontece, também, que nossos aparelhos e naves não são equipados de maneira a realizar essa façanha, no momento. Além disso, com toda a violência que existe na nossa sociedade, as guerras, que são fruto do orgulho, do egoísmo e da ambição dos homens, o que acha que iria acontecer se Deus permitisse que o ser humano desembarcasse num outro planeta?

— Iria levar brigas para lá! — respondeu o garoto.

— Isso mesmo, meu filho. Levaria confusão, desordem, agressividade, violência, e muito mais. Tudo o que existe aqui em nosso mundo. E isso Deus não pode permitir.

Lucas ficou calado, refletindo no que a mãe tinha dito.

Vendo o filho pensativo, a mãe concluiu: — Mas não perca a esperança, meu filho. Confie em Deus. Tudo isso vai mudar. No futuro, quando o homem for melhor, quando conseguir viver em paz com seus irmãos, quando souber respeitar a si mesmo, ao seu semelhante e à própria natureza, Deus permitirá que realize seu desejo e encontre vida em outros mundos. Até lá, não deixe de sonhar, mas prepare-se e estude bastante...

Lucas encheu-se de alegria e de renovadas esperanças ante as palavras da mãezinha.

E continuou olhando para o espaço infinito, admirando as estrelas e sonhando com o dia em que seria um astronauta, para levar a paz a outros planetas.

Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação Espírita

Autora: Célia Xavier Camargo


CAP IV – 18/06

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP IV – NINGUÉM PODRÁ VER O REINO DE DEUS SE NÃO NASCER DE NOVO

 

No Espaço, os Espíritos formam grupos ou famílias entrelaçados pela afeição, pela simpatia e pela semelhança das inclinações.

Ditosos por se encontrarem juntos, esses Espíritos se buscam uns aos outros.

A encarnação apenas momentaneamente os separa, porquanto, ao regressarem à erraticidade, novamente se reúnem como amigos que voltam de uma viagem.

Muitas vezes até uns seguem a outros na encarnação, vindo aqui reunir-se numa mesma família, ou num mesmo círculo, a fim de trabalharem juntos pelo seu mútuo adiantamento.

Se uns encarnam e outros não, nem por isso deixam de estar unidos pelo pensamento.

Os que se conservam livres velam pelos que se acham em cativeiro.

Os mais adiantados se esforçam por fazer que os retardatários progridam.

Após cada existência, todos têm avançado um passo na senda do aperfeiçoamento.

Cada vez menos presos à matéria, mais viva se lhes torna a afeição recíproca, pela razão mesma de que, mais depurada, não tem a perturbá-la o egoísmo, nem as sombras das paixões.

Podem, portanto, percorrer, assim, ilimitado número de existências corpóreas, sem que nenhum golpe receba a mútua estima que os liga.

Está bem visto que aqui se trata de afeição real, de alma a alma, única que sobrevive à destruição do corpo, porquanto os seres que neste mundo se unem apenas pelos sentidos nenhum motivo têm para se procurarem no mundo dos Espíritos.

Duráveis somente o são as afeições espirituais; as de natureza carnal se extinguem com a causa que lhes deu origem. Ora, semelhante causa não subsiste no mundo dos Espíritos, enquanto a alma existe sempre.

No que concerne às pessoas que se unem exclusivamente por motivo de interesse, essas nada realmente são umas para as outras: a morte as separa na Terra e no céu.

E.S.E. CAP IV ITEM 18

 

O GRILO PERNETA

Tinhoso era um grilo sapeca.

Desgarrava-se dos irmãos e lá ia o arteiro a fazer das suas.

Só muito tarde voltava para casa.

- Tinhoso - Dizia-lhe a mãe grilo - Você não deve andar por aí.

- Hum ... - respondia Tinhoso, sem cerimônia - se tenho pernas ando por onde quero!

- Devemos andar só por onde nos convêm, Tinhoso.

O Grilo sapeca afastava de beicinho caído.

Um dia lá se foi de novo.

Correu e pulou por todos os lugares diferentes, até que ... tchuáááá ... caiu numa lagoa.

- Socorro! ... Socorro! ...

Ele gritava desesperado.

E aí se afogou, sem apelação.

Tempos depois, Tinhoso renasceu na mesma família.

Mas Tinhoso, pobrezinho, nasceu perneta.

Fizeram para ele uma muleta.

E de muleta ele saia a passear apenas pelas redondezas, vigiado pela mãe e pelos irmãos.

Lá ia ele aborrecido, no seu toc-toc ...

Sua vontade era sair pulando por aí.

Suspirava e nada podia fazer.

Um dia muito triste, vendo os irmãos, que tinham todas as perninhas, quis saber a razão de ser perneta.

- Tive um outro filho. Ele era muito traquina e andava sempre desgarrado de todos. Um dia, caiu na lagoa e como não havia quem pudesse socorrê-lo, afogou-se.

Tinhoso ouviu atentamente.

- Talvez - disse-lhe a mãe - tenha sido você mesmo, na outra encarnação.

Tinhoso estava admirado.

- Quem usa mal as pernas, um dia nasce sem elas. É um modo doloroso de aprender a ter educação e disciplina, meu filho.

Tinhoso, a partir de então, já sem tanta tristeza, voltou a conviver com os demais.

Sempre que ia reclamar de ser perneta, lembrava-se da lagoa e sabia que ele próprio era o culpado de seu defeito.

E tratava, por isso, de bem usar a perna e ... a muleta.

 

Labels: Historinhas

Autor: Roque Jacintho.


CAP V – 19/06

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP V – BEM AVENTURADOS OS AFLITOS

 

Não há crer, no entanto, que todo sofrimento suportado neste mundo denote a existência de uma determinada falta. Muitas vezes são simples provas buscadas pelo Espírito para concluir a sua depuração e ativar o seu progresso.

Assim, a expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação.

Provas e expiações, todavia, são sempre sinais de relativa inferioridade, porquanto o que é perfeito não precisa ser

provado.

Pode, pois, um Espírito haver chegado a certo grau de elevação e, nada obstante, desejoso de adiantar-se mais, solicitar uma missão, uma tarefa a executar, pela qual tanto mais recompensado será, se sair vitorioso, quanto mais rude haja sido a luta.

Tais são, especialmente, essas pessoas de instintos naturalmente bons, de alma elevada, de nobres sentimentos inatos, que parece nada de mau haverem trazido de suas precedentes existências e que sofrem, com resignação toda cristã, as maiores dores, somente pedindo a Deus que as possam suportar sem murmurar.

Pode-se, ao contrário, considerar como expiações as aflições que provocam queixas e impelem o homem à revolta contra Deus.

Sem dúvida, o sofrimento que não provoca queixumes pode ser uma expiação; mas é indício de que foi buscada voluntariamente, antes que imposta, e constitui prova de forte resolução, o que é sinal de progresso.

Os Espíritos não podem aspirar à completa felicidade, até que não se tenham tornado puros: qualquer mácula lhes interdita a entrada nos mundos ditosos.

São como os passageiros de um navio onde há doentes pestosos, aos quais se veda o acesso à cidade a que aportem, até que se hajam expurgado.

Mediante as diversas existências corpóreas é que os Espíritos se vão expungindo, pouco a pouco, de suas imperfeições. As provações da vida os fazem adiantar-se, quando bem suportadas.

Como expiações, elas apagam as faltas e purificam.

São o remédio que limpa as chagas e cura o doente.

Quanto mais grave é o mal, tanto mais enérgico deve ser o remédio.

Aquele, pois, que muito sofre deve reconhecer que muito tinha a expiar e deve regozijar-se à ideia da sua próxima cura. Dele depende, pela resignação, tornar proveitoso o seu sofrimento e não lhe estragar o fruto com as suas impaciências, visto que, do contrário, terá de recomeçar.

E.S.E. CAP V ITEM 9 E 10

 

A HISTÓRIA DA ÁRVORE

A sementinha soltou-se da árvore e caiu no solo, e lá permaneceu. Certo dia um vento passou soprando forte, e a arrastou para longe.

Nesse lugar estranho, longe do local onde sempre vivera, longe da árvore mãe que a tinha agasalhado, a sementinha sentia-se solitária, mas confiante de que sua vida ia mudar. Uma manhã, olhando para o alto, viu pesadas nuvens que se acumulavam no céu e percebeu que ia chover.

Logo, o vento começou a soprar, e a chuva forte caiu, molhando a terra, se acumulando em poças e depois formando um pequeno regato.

A sementinha, apavorada, viu-se arrastada pela enxurrada por um longo trecho... Até que notou que havia parado. A lama acabou por envolvê-la, e ali ela ficou, escondida no escuro, coberta pela terra.

Sem nada ver, a sementinha sentia-se muito triste. Estava sozinha e sem poder sair daquele lugar onde não entrava luz. Não gostava da escuridão, nem da umidade, nem da terra que a mantinha presa, impedindo-a de ver o sol.

Todavia, ela não perdia as esperanças de ter um futuro melhor. Confiava que o Criador não a fizera nascer em vão.

E a sementinha sentia a vida pulsar dentro de si: Toc...toc...toc... Eram as batidas do seu coração.

Mas o que adiantava ter um coração, sentir-se viva, se nada podia fazer, entregue à inutilidade embaixo da terra?

Então, a sementinha, em lágrimas, orou com muita fé:

– Ajude-me, Senhor. Quero ter uma vida diferente, realizar alguma coisa de útil e de bom! Não me deixe aqui sem poder fazer nada.

Depois, cansada de chorar, a sementinha acabou por se acomodar, adormecendo aconchegada à terra.

Certo dia, algum tempo depois, ela acordou. Dormira bastante. Sentia-se descansada. Teve vontade de espreguiçar-se.

Encheu o peito de ar e abriu os braços com força. Então, viu que dois delicados brotinhos surgiam do seu corpo. Mais animada, começou a fazer força: Esticou... esticou... esticou bem os braços... e, cheia de alegria, conseguiu romper o solo!

E um espetáculo lindo surgiu diante de seus olhos maravilhados: O céu azul, as árvores verdes e floridas que existiam ali perto, os pássaros, e especialmente o Sol, cujos raios mornos aqueciam seu corpo, fortalecendo sua seiva.

Poucos dias depois, já era uma linda plantinha, forte e decidida, cheia de pequenos galhos e de folhas verdinhas.

 Em breve, tinha crescido e se transformado num belo arbusto. Não demorou muito, e era uma árvore, de tronco robusto e cujos galhos avançavam para todos os lados formando uma grande copa.

Surpresa e feliz, descobriu que era uma Macieira!

Agora, olhando tudo do alto, a Macieira pensava em como se modificara sua vida. Os pássaros vinham fazer ninhos em seus ramos; os pequenos animais se abrigavam sob sua copa; as pessoas protegiam-se sob sua sombra, as crianças subiam em seus galhos, e, no tempo certo, colhiam seus frutos, alimentando-se com suas doces e saborosas maçãs. E até os vermes existentes no solo se beneficiavam, aproveitando os frutos estragados que caíam no chão.

 E a Macieira acolhia a todos, satisfeita por poder ser útil. Sentia-se agora feliz e realizada.

Seu coração grande e generoso, repleto de gratidão, reconhecia o quanto devia à terra que a agasalhara em seu seio por tanto tempo, à água que mantivera sua vida latente, e ao calor do sol que lhe dera condições de crescer e se desenvolver.

Compreendia agora que, sem as dificuldades que tinha atravessado, não poderia ter chegado a ser a bela árvore em que se transformara.

E certamente, agradecia a Deus, que a criara, consciente de que precisava passar por aquele processo de aprendizado para crescer e realizar a tarefa que lhe fora destinada.

Sentia-se importante; deixara de considerar-se inútil.

Sua tarefa poderia ser pequena, mas só ela a poderia realizar, por isso agora se considerava muito feliz.

 

Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação Espírita

Autora: Célia Xavier Camargo


CAP VI – 20/06

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP VI - O CRISTO CONSOLADOR

 

Sou o grande médico das almas e venho trazer-vos o remédio que vos há de curar.

Os fracos, os sofredores e os enfermos são os meus filhos prediletos.

Venho salvá-los.

Vinde, pois, a mim, vós que sofreis e vos achais oprimidos, e sereis aliviados e consolados.

Não busqueis alhures a força e a consolação, pois que o mundo é impotente para dá-las.

Deus dirige um supremo apelo aos vossos corações, por meio do Espiritismo.

Escutai-o.

Extirpados sejam de vossas almas doloridas a impiedade, a mentira, o erro, a incredulidade.

São monstros que sugam o vosso mais puro sangue e que vos abrem chagas quase sempre mortais.

Que, no futuro, humildes e submissos ao Criador, pratiqueis a sua Lei divina.

Amai e orai; sede dóceis aos Espíritos do Senhor; invocai-o do fundo de vossos corações.

Ele, então, vos enviará o seu Filho bem-amado, para vos instruir e dizer estas boas palavras: “Eis-me aqui; venho até vós, porque me chamastes.” – O Espírito de Verdade. (Bordeaux, 1861.)

Deus consola os humildes e dá força aos aflitos que lha pedem.

Seu poder cobre a Terra e, por toda a parte, junto de cada lágrima colocou Ele um bálsamo que consola.

A abnegação e o devotamento são uma prece contínua e encerram um ensinamento profundo.

A sabedoria humana reside nessas duas palavras.

Possam todos os Espíritos sofredores compreender essa verdade, em vez de clamarem contra suas dores, contra os

sofrimentos morais que neste mundo vos cabem em partilha.

Tomai, pois, por divisa estas duas palavras: devotamento e abnegação, e sereis fortes, porque elas resumem todos os deveres que a caridade e a humildade vos impõem.

O sentimento do dever cumprido vos dará repouso ao espírito e resignação.

O coração bate então melhor, a alma se asserena e o corpo se forra aos desfalecimentos, por isso que o corpo tanto menos forte se sente, quanto mais profundamente golpeado é o espírito. – O Espírito de Verdade. (Havre, 1863.)

E.S.E. CAP VI ITEM 7 E 8

 

DEDÉ, O ELEFANTINHO

Na clareira de uma grande floresta morava, com sua família, um pequeno elefante. Pequeno, modo de dizer, porque na realidade ele era muito maior que qualquer dos outros animais da floresta, seus amigos.

No entanto, esse elefantinho, que possuía uma família amorosa, uma vida tranquila, bons amigos e um lugar lindo para morar, vivia sempre insatisfeito.

E sabem por quê? Por causa da sua tromba que era enorme!

Olhava os outros animais e não se conformava com seu aspecto. E perguntava para sua mãe:

- Por que só eu, mamãe, entre todos os meus amigos, tenho o nariz tão comprido e tão feio?

- Porque Deus quis assim, meu filho. E tudo o que Deus faz é bem feito, Dedé.

- Mas eu queria ter o focinho delicado como o coelho, ou o elegante focinho afilado da raposa! - respondia o elefantinho revoltado.

Inconformado com a sua figura, o pobre Dedé ficava horas a mirar-se nas límpidas águas do lago, chorando e se lamentando da sorte:

- Buá!... buá!... buá!... Como sou horrível!

Certo dia, após muito chorar, deitou-se à sombra de uma árvore e dormiu. Quando acordou, para espanto seu, notou que alguma coisa estava faltando nele. Afinal descobriu:

- Minha tromba sumiu! Viva!... Minha tromba sumiu!...

No lugar dela havia um focinho como o do porco, parecendo uma tomada. Agradeceu a Deus o socorro que lhe enviara e levantou-se para mostrar aos amigos o seu novo e belo focinho, tão elegante e discreto.

Mas como estava muito calor, Dedé resolveu refrescar-se nas águas do lago.

Tentou pegar água com o focinho para lavar as costas, mas não conseguiu. E era tão bom quando podia jogar água como um chuveiro!

- Não tem importância, pensou. - Estou com fome e vou comer algumas folhas.

Saiu da água e dirigiu-se para a árvore onde lá no alto viu umas lindas e tenras folhinhas novas.

Logo percebeu que não conseguiria.

Esticou... esticou... esticou o focinho e nada. Era muito curto e não conseguia alcançar o galho da árvore.

Tentou apanhar algumas folhas no chão, como sempre fazia com a tromba, mas também não deu certo.

Chiiii! Tentou coçar as costas, tentou tomar água, mas tudo sem resultado.

Ele, que estava tão satisfeito e animado com o novo focinho, começou a ficar triste e desolado, pensando que ia morrer de fome e sede sem a sua tromba.

Andou um pouco pela floresta pensando em como iria resolver o seu problema, quando encontrou o coelho e o esquilo, seus amigos. Ambos deram um grito, assustados, sem o terem reconhecido.

- Sou eu, Dedé. Não me reconhecem?

O coelho e o esquilo olharam para ele, já mais tranquilos, e responderam a uma só voz:

- O que aconteceu, Dedé? Você está horrível!

E ele contou como tinha pedido tanto a Deus para que lhe tirasse a tromba indesejável.

- Ora, e agora como é que você vai nos levar para passear nas suas costas? Sem a tromba, como é que vamos subir?

- É mesmo! - lembrou-se Dedé, já arrependido.

Deixou os amigos e foi para casa. Mas seu pai, sua mãe e os irmãozinhos não o aceitaram, dizendo:

- Vá embora! Não reconhecemos você!

- Mas eu sou o Dedé! Não me reconhecem?

- Mentiroso. O Dedé é bem diferente e tem uma linda tromba como a nossa. Suma daqui!

E o elefantinho, expulso pela família que ele tanto amava e que não o reconhecera, afastou-se a chorar desconsolado.

Nisso, Dedé acordou ainda com lágrimas a caírem pelo seu rosto. E muito satisfeito percebeu que tudo não passara de um sonho. Olhou sua tromba, novamente no lugar, com muito carinho, e suspirou aliviado.

Correu a contar à sua mãe o sonho que tivera e acrescentou com firmeza:

- Agora eu sei que Deus sabe realmente o que faz. Nossa tromba é muito importante e útil em nossa vida.

- Exatamente, meu filho, e fico feliz que você tenha entendido essa verdade - concordou sorrindo a mãe de Dedé.

E desse dia em diante nunca mais Dedé desejou ser diferente, vivendo sempre feliz com o que Deus lhe concedera.

 

Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação Espírita

Autora: Célia Xavier Camargo


CAP VII - 21/06

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP VII – BEM AVENTURADOS OS POBRES DE ESPÍRITO

 

Por essa ocasião, os discípulos se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram: “Quem é o maior no Reino dos Céus?”

— Jesus, chamando a si um menino, o colocou no meio deles e respondeu: “Digo-vos, em verdade, que, se não vos

converterdes e tornardes quais crianças, não entrareis no Reino dos Céus. Aquele, portanto, que se humilhar e se tornar pequeno como esta criança será o maior no Reino dos Céus e aquele que recebe em meu nome a uma criança, tal como acabo de dizer, é a mim mesmo que recebe.” (Mateus, 18:1 a 5.)

Então, a mãe dos filhos de Zebedeu se aproximou dele com seus dois filhos e o adorou, dando a entender que lhe queria pedir alguma coisa. Disse-lhe Ele: “Que queres?” “Manda”, disse ela, “que estes meus dois filhos tenham assento no teu Reino, um à tua direita e o outro à tua esquerda.”

— Mas Jesus lhe respondeu: “Não sabes o que pedes; podeis vós ambos beber o cálice que Eu vou beber?”

— Eles responderam: “Podemos.” — Jesus lhes replicou: “É certo que bebereis o cálice que Eu beber; mas, pelo que respeita a vos sentardes à minha direita ou à minha esquerda, não me cabe a mim vo-lo conceder; isso será para aqueles a quem meu Pai o tem preparado.”

— Ouvindo isso, os dez outros apóstolos se encheram de indignação contra os dois irmãos. Jesus, chamando-os para perto de si, lhes disse: “Sabeis que os príncipes das nações as dominam e que os grandes as tratam com império. Assim não deve ser entre vós; ao contrário, aquele que quiser tornar-se o maior, seja vosso servo; e aquele que quiser ser o primeiro entre vós seja vosso escravo; do mesmo modo que o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de muitos.” (Mateus, 20:20 a 28.)

Jesus entrou em dia de sábado na casa de um dos principais fariseus para aí fazer a sua refeição. Os que lá estavam o observaram. Então, notando que os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes uma parábola, dizendo:

“Quando fordes convidados para bodas, não tomeis o primeiro lugar, para que não suceda que, havendo entre os convidados uma pessoa mais considerada do que vós, aquele que vos haja convidado venha a dizer-vos: dai o vosso lugar a este, e vos vejais constrangidos a ocupar, cheios de vergonha, o último lugar. Quando fordes convidados, ide colocar-vos no último lugar, a fim de que, quando aquele que vos convidou chegar, vos diga: meu amigo, venha mais para cima. Isso então será para vós um motivo de glória, diante de todos os que estiverem convosco à mesa; porquanto todo aquele que se eleva será rebaixado e todo aquele que se abaixa será elevado.” (Lucas, 14:1 e 7 a 11.)

Estas máximas decorrem do princípio de humildade que Jesus não cessa de apresentar como condição essencial da felicidade prometida aos eleitos do Senhor e que Ele formulou assim: “Bem-aventurados os pobres de espírito, pois que o Reino dos Céus lhes pertence.” Ele toma uma criança como tipo da simplicidade de coração e diz: “Será o maior no Reino dos  Céus aquele que se humilhar e se fizer pequeno como uma criança, isto é, que nenhuma pretensão alimentar à superioridade ou à infalibilidade.

A mesma ideia fundamental se nos depara nesta outra máxima: Seja vosso servidor aquele que quiser tornar-se o maior, e nesta outra: Aquele que se humilhar será exalçado e aquele que se elevar será rebaixado.

O Espiritismo sanciona pelo exemplo a teoria, mostrando-nos na posição de grandes no mundo dos Espíritos os que eram pequenos na Terra; e bem pequenos, muitas vezes, os que na Terra eram os maiores e os mais poderosos.

E que os primeiros, ao morrerem, levaram consigo aquilo que faz a verdadeira grandeza no céu e que não se perde nunca: as virtudes, ao passo que os outros tiveram de deixar aqui o que lhes constituía a grandeza terrena e que se não leva para a outra vida: a riqueza, os títulos, a glória, a nobreza do nascimento.

Nada mais possuindo senão isso chegam ao outro mundo, privados de tudo, como náufragos que tudo perderam, até as próprias roupas.

Conservaram apenas o orgulho que mais humilhante lhes torna a nova posição, porquanto veem colocados acima de si e resplandecentes de glória os que eles na Terra espezinharam.

O Espiritismo aponta-nos outra aplicação do mesmo princípio nas encarnações sucessivas, mediante as quais os que, numa existência, ocuparam as mais elevadas posições, descem, em existência seguinte, às mais ínfimas condições, desde que os tenham dominado o orgulho e a ambição.

Não procureis, pois, na Terra, os primeiros lugares, nem vos colocar acima dos outros, se não quiserdes ser obrigados a descer. Buscai, ao contrário, o lugar mais humilde e mais modesto, porquanto Deus saberá dar-vos um mais elevado no céu, se o merecerdes.

E.S.E. CAP VII ITEM 3 A 6

 

A BALEIA

Ela nasceu grande e forte.

Desde recém-nascida era muito maior do que os outros habitantes das profundezas do oceano.

Afinal, era uma baleia. Uma linda baleia branca!

Mas a Baleia não conseguia brincar e se divertir como todos os outros seres do mar por causa do seu tamanho.

Com o passar do tempo, como só conseguisse brincar com as outras baleias iguais a ela, começou a desenvolver dentro de si um enorme desprezo pelas outras criaturas, fossem peixes, moluscos ou crustáceos.

Considerava-os pequenos e insignificantes, e o orgulho pelo seu tamanho e beleza tomou conta do seu coração. Quando eles se aproximavam querendo brincar, ou apenas conversar, ela respondia altaneira:

– Não se enxergam? Vejam o meu tamanho e vejam o de vocês! Vão procurar sua turma que eu tenho mais o que fazer.

E como muitos seres do mar se afastassem à sua aproximação temendo ser esmagados por ela, a Baleia acreditou-se verdadeiramente invencível e auto suficiente, afirmando convicta e cheia de orgulho:

– Eu sou forte e poderosa. Não preciso de ninguém.

Certo dia, contudo, passeando com sua mamãe, afastou-se do cardume encantada com a beleza de alguns corais que vira ao longe.

Aquela região era absolutamente desconhecida para ela.

Não se preocupou, porém. Era grande e sabia se defender. Não havia morador das profundezas do mar que pudesse vencê-la. Quanto ao caminho de casa, logo o encontraria. Era só questão de tempo. Com sua inteligência e sua força não tinha medo de nada.

Assim pensando, a Baleia percorreu enormes distâncias sem saber para que lado estava indo. Já estava cansada quando, sem perceber, aproximou-se muito de uma praia e ficou presa num banco de areia. Lutou bastante, debateu-se, suplicando ajuda: – Socorro! Socorro! Estou presa e não posso sair! Socorro! Acudam!

Mas, qual! Aquela era uma praia quase deserta e dificilmente passava alguém.

Há horas estava fora da água, sob o sol inclemente. Exausta de lutar, sentia-se cada vez mais fraca.

Ninguém atendia às suas súplicas e a pobre baleia azul pensou que era o fim. Morreria ali, sem socorro e longe da família.

Chorou, chorou muito. Desesperou-se e compreendeu, finalmente, que não era tão auto suficiente como sempre acreditara. E que o seu tamanho, aquele enorme corpo do qual sempre se orgulhara, era justamente a razão de estar presa no banco de areia.

Com lágrimas nos olhos, lamentava-se: – Ah! Se eu fosse pequenina como os outros peixes não estaria agora nesta situação.

Meditou bastante e decidiu que, se conseguisse se salvar, seria diferente e não desprezaria ninguém. Deixaria de ser tão orgulhosa e faria amizade com todo mundo.

Algumas horas depois passou um garoto pela praia. Vendo-a, gritou encantado: – Uma baleia! E parece que está encalhada, pobrezinha. Vou buscar ajuda.

Se fosse em outra época, a Baleia reviraria os olhos com desprezo, não acreditando que uma criatura tão insignificante pudesse ser de alguma utilidade. Agora, porém, era diferente. Agradeceu a Deus pelo auxílio que lhe mandava na pessoa de uma criança tão pequena.

Logo depois o menino voltou com o pai e algumas pessoas das redondezas. Com grande esforço, aproveitando a subida da maré, conseguiram finalmente soltar a pequena baleia, que sumiu nas águas, toda feliz.

Um pouco adiante, encontrou sua mãe, muito preocupada, que a procurava sem descanso. Ufa! Que alívio!

Naquele dia, no fundo do mar houve grande festa, e os peixes ficaram admirados de serem convidados pela Baleia.

E, mais ainda, de serem recebidos com muito carinho e atenção pela linda baleia, agora, toda sorridente e gentil.

Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação Espírita

Autora: Célia Xavier Camargo


CAP VIII – 22/06

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP VIII – BEM AVENTURADOS OS QUE TEM O CORAÇÃO PURO

 

Deixai venham a mim as criancinhas, pois tenho o leite que fortalece os fracos.

Deixai venham a mim todos os que, tímidos e débeis, necessitam de amparo e consolação.

Deixai venham a mim os ignorantes, para que eu os esclareça.

Deixai venham a mim todos os que sofrem, a multidão dos aflitos e dos infortunados:

Eu lhes ensinarei o grande remédio que suaviza os males da vida e lhes revelarei o segredo da cura de suas feridas!

Qual é, meus amigos, esse bálsamo soberano, que possui tão grande virtude, que se aplica a todas as chagas do coração e as cicatriza?

É o amor, é a caridade!

Se possuís esse fogo divino, que é o que podereis temer?

Direis a todos os instantes de vossa vida: “Meu Pai, que a tua vontade se faça e não a minha;

se te apraz experimentar-me pela dor e pelas tribulações, bendito sejas, porquanto é para meu bem, eu o sei, que a tua mão sobre mim se abate.

Se é do teu agrado, Senhor, ter piedade da tua criatura fraca, dar-lhe ao coração as alegrias sãs, bendito sejas ainda. Mas faze que o amor divino não lhe fique amodorrado na alma, que incessantemente faça subir aos teus pés o testemunho do seu reconhecimento!”

Se tendes amor, possuís tudo o que há de desejável na Terra, possuís preciosíssima pérola, que nem os acontecimentos, nem as maldades dos que vos odeiem e persigam poderão arrebatar.

Se tendes amor, tereis colocado o vosso tesouro lá onde os vermes e a ferrugem não o podem atacar e vereis apagar-se da vossa alma tudo o que seja capaz de lhe conspurcar a pureza;

sentireis diminuir dia a dia o peso da matéria e, qual pássaro que adeja nos ares e já não se lembra da Terra, subireis continuamente, subireis sempre, até que vossa alma, inebriada, se farte do seu elemento de vida no seio do Senhor.

– Um Espírito protetor. (Bordeaux, 1861.)

E.S.E. CAP VIII ITEM 19

 

 

TUCUMIM, O INDIOZINHO

Tucumim era um pequeno índio muito estimado em toda a floresta. Gostava de correr, brincar com os animais, pescar. Caçar só quando estava com muita fome, pois evitava provocar sofrimento em outros seres da Criação.

Alimentava-se geralmente de raízes, ervas ou frutos silvestres que colhia no meio do mato.

Amava o sol, a lua, o vento, a chuva e, principalmente, as outras criaturas.  Quando encontrava um animalzinho ferido, não descansava enquanto não o visse curado.

Certa vez, voltando de um passeio pela floresta, Tucumim viu um passarinho preso numa arapuca, com a asinha quebrada. Retirou a ave da arapuca e colocou uma pequena tala, que amarrou com fibra vegetal, para imobilizar a asa. Em poucos dias a avezinha, já curada, partiu, agradecendo ao amigo com lindos trinados pela alegria de poder voar novamente.  

Nesse mesmo dia, andando à procura de raízes comestíveis, Tucumim topou com um coelhinho, seu amigo, que estava numa armadilha com a pata machucada. O indiozinho colocou sobre o ferimento uma pasta feita com ervas, conforme lhe ensinara seu avô, e, em pouco tempo, o coelhinho saiu pulando. Antes de internar-se na floresta, ele se virou como a dizer: — Obrigado, Tucumim. Você é um amigão!

Na manhã seguinte, quando foi pescar, Tucumim ouviu gemidos de dor. Era uma oncinha caída num buraco preparado como armadilha e que, na queda, tinha se machucado. Incansável, Tucumim fez um curativo na ferida e logo a oncinha corria feliz pela floresta, muito agradecida pela ajuda.

Tucumim, porém, estava preocupado.

Quem estaria colocando aquelas armadilhas na floresta e tirando a paz de seus habitantes? Sentiu medo. Seu avô sempre dissera que ele deveria ter muito cuidado com o homem branco, que era mau e matava sem piedade, pelo prazer de matar. Por isso, Tucumim tinha muito medo dos homens brancos.

Na verdade, nunca tinha visto um homem branco. Imaginava-os gigantescos e de fisionomia terrível e assustadora.

Assim, ao encontrar pegadas diferentes no chão, concluiu que só poderiam ser de homem branco, e ficou apavorado.

Contou na aldeia o que estava acontecendo e todos os índios ficaram assustados também. Resolveram sair e procurar essa criatura malvada que estava colocando em pânico os moradores da mata.

Procuraram... procuraram... procuraram...

Estavam cansados de andar quando ouviram uma voz que gritava: — Socorro! Socorro! Tirem-me daqui!...

Seguindo o som da voz, chegaram até a beira de um grande buraco, no fundo do qual um homem gemia de dor.

Apesar de assustados, de arco e flechas em punho, os índios gritavam satisfeitos: — Nós o apanhamos! Nós o apanhamos! Vamos acabar com ele!

Porém, Tucumim, que possuía um coração bondoso e sensível, ao ver aquela criatura gemendo de dor, condoído pensou: - “Mas ele não tem a aparência terrível e assustadora que eu imaginava. É igualzinho a nós. Só a roupa é diferente.”

Virando-se para seus irmãos de raça, falou: — Não podemos matá-lo. Não percebem que ele é uma criatura como nós, que sofre e chora? Vamos, ajudem-me a tirá-lo do buraco. Está ferido e precisando de ajuda.

Com o auxílio de um cipó, os índios retiraram o caçador com todo o cuidado, colocando-o sobre a relva, à sombra de uma árvore.    

 Emocionado, o caçador não parava de agradecer: — Se não fossem vocês, provavelmente eu morreria dentro daquele buraco. Não sei como lhes agradecer. Percebo agora o mal que fiz colocando todas aquelas armadilhas na floresta. Acabei caindo numa delas e agradeço a Deus por vocês terem me salvado. Como posso retribuir o bem que me fizeram?

Tucumim, porta-voz de toda a tribo, respondeu: — É fácil. Não coloque mais armadilhas na floresta. Deixe os animais em paz.

O caçador, envergonhado, concordou: — Nunca mais farei isso, prometo. Agora sei que tive o que merecia. Cada um é responsável por tudo o que faz, e eu mereci essa lição. Perdoem-me. Quero que sejamos amigos.

Percebendo a sinceridade do homem, os índios estenderam-lhe as mãos em sinal de amizade e depois o levaram para a taba.

Nesse dia prepararam uma grande festa para comemorar o acontecimento.  Afinal, todos somos irmãos!

 

Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação Espírita

Autora: Célia Xavier Camargo


CAP IX – 23/06

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP IX – BEM AVENTURADOS OS MANSOS E PACÍFICOS

 

A dor é uma bênção que Deus envia a seus eleitos; não vos aflijais, pois, quando sofrerdes; antes, bendizei de Deus onipotente que, pela dor, neste mundo, vos marcou para a glória no céu.

Sede pacientes.

A paciência também é uma caridade e deveis praticar a lei de caridade ensinada pelo Cristo, enviado de Deus.

A caridade que consiste na esmola dada aos pobres é a mais fácil de todas.

Outra há, porém, muito mais penosa e, conseguintemente, muito mais meritória: a de perdoarmos aos que Deus colocou em nosso caminho para serem instrumentos do nosso sofrer e para nos porem à prova a paciência.

A vida é difícil, bem o sei.

Compõe-se de mil bagatelas, que são outras tantas picadas de alfinetes, mas que acabam por ferir.

Se, porém, atentarmos nos deveres que nos são impostos, nas consolações e compensações que, por outro lado, recebemos, havemos de reconhecer que são as bênçãos muito mais numerosas do que as dores.

O fardo parece menos pesado, quando se olha para o alto, do que quando se curva para a terra a fronte.

Coragem, amigos!

Tendes no Cristo o vosso modelo.

Mais sofreu Ele do que qualquer de vós e nada tinha de que se penitenciar, ao passo que vós tendes de expiar o vosso passado e de vos fortalecer para o futuro.

 Sede, pois, pacientes, sede cristãos. Essa palavra resume tudo.

– Um Espírito amigo. (Havre, 1862.)

E.S.E. CAP IX ITEM 7

 

 

O REI E SEU FORMOSO CAVALO...

No tempo em que não existia a locomotiva fácil na Terra, um grande rei simpatizou com fogoso cavalo de cores claras, da criação de sua casa; mas, ao desejá-lo para os serviços do palácio, foi assim informado pelo chefe da cavalariça:

- Majestade, este animal é vítima de muitas tentações. Basta que movimente, de leve, para assustar-se e ocasionar desastres. Uma simples folha seca na estrada é razão para inúmeros coses.

O rei ouviu, atencioso, e afirmou que remediaria a situação.

No dia seguinte, mandou atrelá-lo a enorme carroça de limpeza, onde o cavalo se viu tão preso que não pôde fazer outros movimentos, além dos necessários.

Depois de algumas semanas, o monarca determinou fizesse ele o duro serviço dos burros, transportando cargas pesadíssimas.

A princípio, o animal se rebelava, escouceando o ar e relinchando fortemente; entretanto, foi tantas vezes visitado pelos gritos e pelos chicotes dos peões e tantos fardos suportou que, ao fim de algum tempo, era um modelo de mansidão e brandura, sendo colocado no serviço real, com grande contentamento para o soberano.

Assim acontece conosco, na vida.

Destinados ao trabalho da Vontade de Deus, se vivemos entregues às tentações do mal, desobedientes e egoístas, determina o Senhor que sejamos confiados à  luta e à provação, à dificuldade e ao sofrimento, os quais, pouco a pouco, nos ensinam a  humildade e o respeito, a diligência e a doçura.

Depois de passarmos pelos variados processos de educação indispensável ao nosso burilamento, sermos então aproveitados, com êxito e segurança, nos serviços gerais de Bondade de Deus, junto de nossos irmãos.

 

Extraido do livro Pai Nosso de Meimei - psicografado por Chico Xavier.


CAP X – 24/06

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP X – BEM AVENTURADOS OS MISERICORDIOSOS

 

Uma das insensatezes da Humanidade consiste em vermos o mal de outrem, antes de vermos o mal que está em nós. Para julgar-se a si mesmo, fora preciso que o homem pudesse ver seu interior num espelho, pudesse, de certo modo, transportar-se para fora de si próprio, considerar-se como outra pessoa e perguntar: Que pensaria eu se visse alguém fazer o que faço?

Incontestavelmente, é o orgulho que induz o homem a dissimular, para si mesmo, os seus defeitos, tanto morais quanto físicos.

Semelhante insensatez é essencialmente contrária à caridade, porquanto a verdadeira caridade é modesta, simples e indulgente.

Caridade orgulhosa é um contrassenso, visto que esses dois sentimentos se neutralizam um ao outro.

Com efeito, como poderá um homem, bastante presunçoso para acreditar na importância da sua personalidade e na supremacia das suas qualidades, possuir ao mesmo tempo abnegação bastante para fazer ressaltar em outrem o bem que o eclipsaria, em vez do mal que o exalçaria?

Por isso mesmo, porque é o pai de muitos vícios, o orgulho é também a negação de muitas virtudes.

Ele se encontra na base e como móvel de quase todas as ações humanas.

Essa a razão por que Jesus se empenhou tanto em combatê-lo, como principal obstáculo ao progresso.

E.S.E. CAP X ITEM 10

 

A GALINHA INTRANSIGENTE

 

Existiu certa vez uma galinha que nunca estava satisfeita com nada. Vivia de mal com o mundo e não perdoava a menor ofensa, mesmo involuntária.

Passava o tempo a queixar-se da vida e a criticar tudo o que os animais da fazenda faziam. No terreiro, ninguém estava livre dos seus comentários.

Se um patinho se machucava, ela logo dizia:    

— Bem feito! Quem manda dona Pata deixar seus filhotes soltos por aí?

Se o cachorrinho era picado por uma abelha ao enfiar o focinho no tronco de uma árvore, ela logo exclamava com ar satisfeito:

— Teve o que merecia! Quem manda ficar enfiando o nariz onde não deve?

Se o gatinho, sem querer, entornava o prato de leite, ela reagia:

— Também com a educação que dona Gata lhe dá, só podia ser um trapalhão mesmo!

E assim ela criticava todos os animais do terreiro. E ai de alguém que lhe fizesse a mínima ofensa. Jamais teria o seu perdão.

Certo dia, ela descuidou-se arrumando o galinheiro e não viu que um de seus pintinhos desaparecera.

Quando percebeu, ficou apavorada e saiu gritando por ele:

— Chiquinho! Chiquinho! Onde está você?                                                                               

Mas nada do Chiquinho aparecer. Perguntou para os vizinhos, para dona coruja, sempre muito esperta, e nada. Ninguém sabia dar notícias do pintinho.

Todos estavam preocupados e ajudando a procurar o filhote da galinha, até que dona Vaca lembrou-se de tê-lo visto atravessando o pasto a caminho do riacho.

Correram todos, e lá chegando ficaram surpresos e encantados com a cena que viram.

O pintinho caíra na água e, não sabendo nadar, debatera-se, ficando preso em umas plantas na outra margem do riacho que, embora estreito, não dava para alcançar.

O patinho, excelente nadador, já fizera vãos esforços para soltar o pintinho, que estava preso por uma das patas, mas ele era muito fraco e não tinha força suficiente.

O cachorrinho e o gatinho tiveram uma idéia e, nesse exato momento, a colocavam em execução.

O cachorrinho, que era o mais forte, se pendurou num galho de árvore à margem do regato e, ao mesmo tempo, segurou uma das patas do gatinho, que se esticou... esticou... esticou até conseguir agarrar o Chiquinho pelo pescoço. Depois, puxando-o com força, pode livrá-lo dos ramos que o prendiam.

Foi um alívio geral! Em pouco tempo, Chiquinho estava nos braços da mamãe Galinha, que respirava aliviada.

— Graças a Deus! Não sei como agradecer a vocês todos pela ajuda que me deram! — disse com lágrimas nos olhos.

Depois, pensando um pouco, completou envergonhada:

— E logo eu que sempre fui tão intolerante com todos! Mas, nunca mais criticarei ninguém. Nunca se sabe quando nós também vamos precisar da ajuda e do perdão dos outros. Hoje, por minha falta de atenção, meu filho quase perde a vida. Porém, em vez de me censurar, vocês me ajudaram. Quero que me perdoem tudo o que já lhes fiz, como espero que Deus me perdoe também.

E deste dia em diante, dona Galinha transformou-se numa criatura boa, paciente, tolerante e compreensiva para com as falhas do próximo e nunca mais criticou ninguém.

 

Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação Espírita

Autora: Célia Xavier Camargo

 


CAP XI – 25/06

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XI – AMAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO

 

Meus caros condiscípulos, os Espíritos aqui presentes vos dizem, por meu intermédio: “Amai muito, a fim de serdes amados.”

É tão justo esse pensamento, que nele encontrareis tudo o que consola e abranda as penas de cada dia; ou melhor: pondo em prática esse sábio conselho, elevar-vos-eis de tal modo acima da matéria que vos espiritualizareis antes

de deixardes o invólucro terrestre.

Havendo os estudos espíritas desenvolvido em vós a compreensão do futuro, uma certeza tendes: a de caminhardes

para Deus, vendo realizadas todas as promessas que correspondem às aspirações de vossa alma.

Por isso, deveis elevar-vos bem alto para julgardes sem as constrições da matéria, e não condenardes o vosso próximo sem terdes dirigido a Deus o pensamento.

Amar, no sentido profundo do termo, é o homem ser leal, probo, consciencioso, para fazer aos outros o que queira que estes lhe façam; é procurar em torno de si o sentido íntimo de todas as dores que acabrunham seus irmãos, para suavizá-las; é considerar como sua a grande família humana, porque essa família todos a encontrareis, dentro de certo período, em mundos mais adiantados; e os Espíritos que a compõem são, como vós, filhos de Deus, destinados a se elevarem ao infinito.

Assim, não podeis recusar aos vossos irmãos o que Deus liberalmente vos outorgou, porquanto, de vosso lado, muito vos alegraria que vossos irmãos vos dessem aquilo de que necessitais.

Para todos os sofrimentos, tende, pois, sempre uma palavra de esperança e de conforto, a fim de que sejais inteiramente amor e justiça.

Crede que esta sábia exortação: “Amai bastante, para serdes amados”, abrirá caminho; revolucionária, ela segue sua rota, que é determinada, invariável.

Mas já ganhastes muito, vós que me ouvis, pois que já sois infinitamente melhores do que éreis há cem anos.

Mudastes tanto, em proveito vosso, que aceitais de boa mente, sobre a liberdade e a fraternidade, uma imensidade de ideias novas, que outrora rejeitaríeis.

Ora, daqui a cem anos, sem dúvida aceitareis com a mesma facilidade as que ainda vos não puderam entrar no cérebro.

Hoje, quando o movimento espírita há dado tão grande passo, vede com que rapidez as ideias de justiça e de renovação, constantes nos ditados espíritas, são aceitas pela parte mediana do mundo inteligente.

É que essas ideias correspondem a tudo o que há de divino em vós.

É que estais preparados por uma sementeira fecunda: a do século passado, que implantou no seio da sociedade terrena as grandes ideias de progresso.

E, como tudo se encadeia sob a direção do Altíssimo, todas as lições recebidas e aceitas virão a encerrar-se na permuta universal do amor ao próximo.

Por aí, os Espíritos encarnados, melhor apreciando e sentindo, se estenderão as mãos, de todos os confins do vosso planeta.

Uns e outros reunir-se-ão, para se entenderem e amarem, para destruírem todas as injustiças, todas as causas

de desinteligências entre os povos.

Grande conceito de renovação pelo Espiritismo, tão bem exposto em O livro dos espíritos; tu produzirás o portentoso milagre do século vindouro, o da harmonização de todos os interesses materiais e espirituais dos homens, pela aplicação deste preceito bem compreendido: “Amai bastante, para serdes amados.”

– Sanson, ex-membro da Sociedade Espírita de Paris. (1863.)

E.S.E. CAP XI ITEM 11

 

 

A VISÃO DE JOAQUINA.

Joaquina era uma jovem muito alegre, ativa e trabalhadeira. Sabem por que ela era alegre? porque conhecia e tinha consigo um tesouro, o maior tesouro da Terra.

Este tesouro de Joaquina era tão valioso, que a fazia a mulher mais rica da Terra.

Podia haver um rei que possuísse coroas cravadas de brilhantes ou cofres cheios de ouro e pedras preciosas, que ele não seria mais rico que Joaquina.

Podia haver um negociante que tivesse muitas fábricas e indústrias, onde milhares de trabalhadores ganhassem o pão de cada-dia, que este negociante, não seria mais rico que Joaquina.

Podia haver um fazendeiro, dono de imensas terras e muitas plantações e gados, que ele não seria mais rico que Joaquina.

Podia haver um homem que fosse dono de uma frota imensa de aviões, trens e caminhões, que ele não seria mais rico que Joaquina.

Um dia Joaquina ia por uma estrada cheia de sol, ia feliz colhendo flores, quando encontrou um lindo menino de nome Marcelo.

- Olá Marcelo, bom dia - disse ela.

- Bom dia - disse Marcelo, que era muito educado e inteligente. O menino olhou para ela curioso. Iam pela mesma estrada. Joaquina tomou umas flores e deu a Marcelo.

 - Para que quero flores? - Perguntou o menino que estava aborrecido com alguma coisa.

- você não quer as flores, Marcel? Está bem. Continuaram andando. Adiante, Joaquina tomou um lanche que era um bolo muito gostoso e quis dar a Marcelo.

- Para que eu quero um bolo? - Perguntou o menino que continuava aborrecido com alguma coisa.

- Você não quer o bolo, Marcel? está bem.

Mais adiante, como estivesse ameaçando chuva Joaquina e Marcelo viram uma cabana e foram se abrigar. Ela acendeu a lareira de falou: - Quer ouvir uma estória. Marcelo?

- Para que eu quero uma estória? - Perguntou o menino.

- Nisto bateram à porta e Joaquina foi atender. eram muitas crianças. Elas entraram. Colocaram as flores nos vasos, serviram-se do bolo que Joaquina trazia e pediram para ouvir estórias.

Joaquina contava toda as estórias que sabia.

O menorzinho dos meninos um pretinho bem pretinho; com um lindo sorriso, chamado Francisco lhe perguntou:

- Joaquina onde está o teu tesouro?

- Do que ele é feito? - Perguntou Soraia.

- Ela tomando o guri no colo, respondeu: - Meu tesouro é o Amor. Ele é feito de carinho, paciência e perdão. Ele é feito de ternura e trabalho.

- Quem foi que deu o amor pra você - Quis saber Vinicius.

- Quem me deu o Amor foi Jesus. Ele me ensinou que por mais dinheiro que alguém possa ser. Por mais inteligente. Por mais querido, se este alguém não tiver Amor pelos outros será sempre muito pobre, um verdadeiro mendigo.

- E como você distribui o Amor de Jesus? - Perguntou André.

- Nós distribuímos este Amor de muitas formas, também em formato de estórias, como Jesus gostava de fazer. As estórias de Jesus se chamavam parábolas.

- Para que servem estas estórias? - Quis saber Alam.

- Enquanto as estórias são contadas os anjinhos da guarda aproveitam para acender luzinhas dentro das crianças, estas luzinhas podem ser de todas as cores, podem ser acesas no coração, na cabeça, nas mãos, no estômago, nos olhos e nos pés.

- O que acontece quando se acende luzinhas no coração? - Perguntou Jussara.

- Quando acesas no coração, as crianças ficam cada vez mais bondosas.

- E quando acendem luzinhas na cabeça? - Perguntou Tiago, que parara de chorar, pois sempre queria a mamãe por perto.

- Quando acesas na cabeça, a criança fica cada vez mais inteligente.

- E quando acendem luzinhas no estômago? - Perguntou Fabiana.

- Quando acendem luzinhas no estômago a criança fica cada vez mais calmas.

- E quando acendem luzinhas nos olhos? - Perguntou curiosa Karina.

- Quando acendem luzinhas nos olhos a criança fica cada vez mais esperta.

- Quando acendem luzinhas nas mãos a criança fica cada vez mais estudiosa e trabalhadeira - Respondeu Joaquina.

- E quando acendem luzinhas nos pés? _ perguntou Renata.

- Quando acendem luzinhas nos pés a criança fica cada vez mais forte.

- E para que servem estas luzinhas? - Perguntou Flávia.

- estas luzinhas servem para iluminar o caminho, quando chega a noite - Falou Joaquina.

- Para iluminar o caminho à noite a gente usa as luzes das casas e dos postes, dos carros ou lanternas - Falou Marcelo.

- Mas a noite que estamos falando chama-se sofrimento, e para enfrentar esta noite é preciso ter pelo menos uma destas luzinhas acesas dentro de nós, Marcelo.

A chuva tinha passado e Joaquina ia continuar seu caminho e convidou as crianças.

- Vamos juntos?

- Que estrada é aquela? - Perguntou Otávio.

- Ela não se mede por quilómetros, conta-se pelas horas, pelo tempo, pelos anos.

- Onde ela começa? - Perguntou Mayra.

- Ela começa na cidade chamada berço e termina quando encontramos a porteira da morte, que abre a fazenda do mundo Espiritual.

- Você nos leva com você? - Perguntou Jõao Marcos.

- Podemos seguir juntos, pelo menos por um pedaço da estrada. E eu repartirei com vocês tudo de bom que tiver em meu tesouro.

- Mas e as outras crianças? Você não pode levar todas - Inquiriu Estevão.

- Há muitas irmãs minhas pela estrada. as crianças que não vierem comigo irão com estas minhas irmãs, que também tem o tesouro do Amor que Jesus lhes deu.

- E este tesouro não acaba? - Foi a vez da Cristina falar.

- Este é um tesouro mágico, diferente. Quanto mais você tira dele mais ela aumenta. e nós deixaremos pedrinhas de valor pelo caminho para marcar a estrada certa. Vocês podem me ajudar a marcar e estrada?

- Eu ajudo - Falou Rodolfo, que era o menor do grupo, ganhando até do Francisquinho e do Tiago - O que eu faço?

- Seja obediente para o papai e a mamãe. Aqui está a pedra da obediência. Ela é transparente como a água.

- Eu sou obediente - Redargui Nazira.

- Eu também - Falou José.

- Eu também quero deixar marcas na estrada, como o João e Maria daquela estória que todo o mundo conhece. Falou Isabela.

_ Nunca se canse de aprender. - Disse Joaquina - Esta é a pedrinha verde do esforço próprio.

Mauro gostou tanto da pedra que quis uma igual.

- Está bem - disse Joaquina, dando-lhe uma pedra turquesa.

- Que pedra é esta? - Falou António.

- É a pedra do respeito aos outros.

- E eu? perguntou ao mesmo tempo Caroline e Vítor.

- Vocês dois marcarão o caminho com estas pedrinhas vermelhas que representam o carinho que devemos dar a todas as criaturas.

- Mas deste jeito não vai sobrar pedra nenhuma para mim - Falou Nazira.

-  Você leva estas pepitas douradas.

- O que elas representam?

- Elas representam a alegria, que é o sorriso, a palavra boa, a confiança.

- E eu? - Perguntou José.

- Leva com você a pedra lilás da amizade. Sem amigos a estrada seria um deserto muito triste.

- E que pedrinha eu levo? - Pediu Marcelo António.

- Aqui para você temos a pedra prateada. Ela é toda feita de lágrimas e representa o perdão. Às vezes precisamos perdoar as pessoas, porque elas não nos entendem.

- E Eu? tem uma pedrinha para eu levar? - Exclamou João Marcos.

- Você marcará o caminho com a pedra rósea do trabalho, sem o trabalho nada existe.

 - Marcelo estava a um canto quieto e calado. Joaquina olhou para ele e pediu.

- Vamos, Marcelo. Para você guardei uma pedra muito valiosa e gostaria que você a levasse consigo.

- Que pedra é essa? - Quis saber o menino.

Ela tomou de si uma linda gema em forma de coração feita com todas as cores do arco-íris e lhe mostrou.

- Esta, meu querido é a pedra da esperança, Eu a venho guardando há muito tempo para todos aqueles que muito amo e gostaria partilhasse comigo do tesouro de Jesus.

Meimei.

fonte: A VISÃO DE JOAQUINA de Meimei - (psicografada por Marilusa moreira Vasconcellos)

 


CAP XII – 26/06

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XII – AMAI OS VOSSOS INIMIGOS

 

Se o amor do próximo constitui o princípio da caridade, amar os inimigos é a mais sublime aplicação desse princípio, porquanto a posse de tal virtude representa uma das maiores vitórias alcançadas contra o egoísmo e o orgulho.

Entretanto, há geralmente equívoco no tocante ao sentido da palavra amar, neste passo.

Não pretendeu Jesus, assim falando, que cada um de nós tenha para com o seu inimigo a ternura que dispensa a um irmão ou amigo.

A ternura pressupõe confiança; ora, ninguém pode depositar confiança numa pessoa, sabendo que esta lhe quer mal; ninguém pode ter para com ela expansões de amizade, sabendo-a capaz de abusar dessa atitude.

Entre pessoas que desconfiam umas das outras, não pode haver essas manifestações de simpatia que existem entre as que comungam nas mesmas ideias.

Enfim, ninguém pode sentir, em estar com um inimigo, prazer igual ao que sente na companhia de um amigo.

A diversidade na maneira de sentir, nessas duas circunstâncias diferentes, resulta mesmo de uma lei física: a da assimilação e da repulsão dos fluidos.

O pensamento malévolo determina uma corrente fluídica que impressiona penosamente.

O pensamento benévolo nos envolve num agradável eflúvio.

Daí a diferença das sensações que se experimenta à aproximação de um amigo ou de um inimigo.

Amar os inimigos não pode, pois, significar que não se deva estabelecer diferença alguma entre eles e os amigos.

Se este preceito parece de difícil prática, impossível mesmo, é apenas por entender-se falsamente que ele manda se dê no coração, assim ao amigo, como ao inimigo, o mesmo lugar.

Uma vez que a pobreza da linguagem humana obriga a que nos sirvamos do mesmo termo para exprimir matizes diversos de um sentimento, à razão cabe estabelecer as diferenças, conforme os casos.

Amar os inimigos não é, portanto, ter-lhes uma afeição que não está na natureza, visto que o contato de um inimigo nos faz bater o coração de modo muito diverso do seu bater, ao contato de um amigo.

Amar os inimigos é não lhes guardar ódio, nem rancor, nem desejos de vingança;

é perdoar-lhes, sem pensamento oculto e sem condições, o mal que nos causem;

é não opor nenhum obstáculo à reconciliação com eles; é desejar-lhes o bem, e não o mal;

é experimentar júbilo, em vez de pesar, com o bem que lhes advenha;

é socorrê-los, apresentando-se ocasião;

é abster-se, quer por palavras, quer por atos, de tudo o que os possa prejudicar;

é, finalmente, retribuir-lhes sempre o mal com o bem, sem a intenção de os humilhar.

Quem assim procede preenche as condições do mandamento: Amai os vossos inimigos.

E.S.E. CAP XII ITEM 3

 

 

AMIGOS PARA SEMPRE

 

Carlinha costumava sempre brincar com seu vizinho, Hugo, que era bom, mas muito arteiro.

Um dia, Hugo ficou com raiva de Carlinha porque ela não quis brincar de esconde-esconde com ele, preferindo a companhia de uma amiguinha.

As meninas estavam brincando de casinha, quando o garoto, furioso, chegou, agarrou a boneca de Carlinha e saiu correndo com ela. A garota abandonou a amiga e saiu atrás dele. Quando conseguiu alcançá-lo, a boneca estava estraçalhada: braços para um lado, pernas para o outro e a linda roupa, rasgada. –

Carlinha pegou os restos da boneca de estimação e correu para casa, chorando muito.

– O que aconteceu, minha filha? – perguntou a mãe ao vê-la chegar aos gritos. Carlinha contou o que tinha acontecido, afirmando entre soluços.

– Nunca mais vou brincar com o Hugo. Nunca mais quero vê-lo. Nunca o perdoarei, mamãe.

A mãezinha pegou a filha no colo com imenso carinho, consolando-a.

– Sei que está sofrendo, filhinha, mas isso passa. Ele gosta de você e ficou com ciúmes, por isso reagiu assim. Vocês são tão amigos! Logo estarão juntos de novo.

Mas a pequena afirmava, decidida: – Nunca, mamãe. Hugo não é mais meu amigo.

– Carlinha, boneca a gente pode comprar outra, minha filha. Mas uma amizade não tem preço. Algum dia você vai entender isso – ponderou, com calma.

Percebendo, porém, que naquele momento não adiantava dizer mais nada, pois a filha estava muito magoada, a senhora calou-se.

Dois dias depois, Carlinha estava triste e desanimada. Sozinha, não tinha ânimo para brincar, uma vez que perdera seu grande amigo.

Notando sua tristeza, a mãe sugeriu: – Carlinha, porque não faz as pazes com Hugo? Ele já veio procurá-la e você não quis brincar nem falar com ele.

– Não consigo, mamãe.

A mãe, que estava preparando o almoço, parou e disse: – Minha filha, que tal comprar uma bola nova para o Hugo? Ele vai gostar.

– Ah, mamãe! Ele destrói minha boneca preferida e eu ainda tenho que dar um presente a ele?

– Sabe por que, minha filha? Você estará fazendo um bem a ele. Hugo também está triste, se sentindo culpado pelo que lhe fez.

– Está bem. A professora de Evangelização disse, outro dia, que temos que praticar a caridade.

– Exatamente – concordou a mãe, sorrindo.

Mais tarde saíram e compraram uma linda bola. Depois, Carlinha foi levar o presente para ele, selando a paz entre eles.

Ao voltar, a mãe perguntou: – Como foi seu encontro com Hugo, Carlinha?

A menina pensou um pouco e respondeu: – Mais ou menos. Ele gostou da bola e pediu-me desculpas pela boneca quebrada.

– E você, não ficou contente?

Carlinha ficou calada, pensativa. Depois, contou: – Sabe, mamãe. Fizemos as pazes, mas aqui dentro, bem no fundo – e colocou a mão no coração – ainda estou triste e magoada.

A senhora abraçou a filha, explicando: – É que você ainda não o perdoou, minha querida. Lembra-se que falou que iria fazer um bem a ele, isto é, um gesto de caridade? Pois bem. Você fez a caridade mais fácil que é a material. Mas tem a caridade maior e mais difícil de ser praticada que é a caridade moral, especialmente, o perdão.

– É verdade. Ainda não o perdoei realmente.

– Para seu bem, procure esquecer o que ele lhe fez. Enquanto não perdoá-lo, você não será feliz, minha filha.

– Vou tentar, mamãe.

Alguns dias depois, Hugo foi procurar Carlinha. Trazia um pacote nas mãos.

– Isto é para você, Carlinha. Sei que não é a mesma coisa, mas gostaria que você aceitasse.

A menina abriu e viu uma linda bonequinha, nova em folha.

– É linda, Hugo! Como conseguiu?

O menino, com olhos brilhantes e o peito estufado de satisfação contou: – Quando quebrei sua boneca me senti muito mal. Você sabe que somos pobres e mamãe não teria dinheiro para lhe comprar outra boneca. Mas, eu queria reparar meu erro.

 Pedi ajuda a algumas pessoas amigas, e comecei a trabalhar para ganhar alguns trocados.

Lavei carros, limpei jardins, varri calçadas, entreguei encomendas, arrumei cozinha, cuidei de cachorros, e muito mais. Assim, consegui comprar, com meu esforço, essa boneca para você.

Carlinha estava surpresa. Não pensou que ele tivesse ficado tão abalado.

– Você não diz nada, Carlinha. Aceite o presente, com meu pedido de desculpas. Estou muito arrependido. Por favor!

Olhou o garoto que, à sua frente, suplicava com lágrimas nos olhos, a menina aproximou-se dele e deu-lhe um grande abraço.

– Claro que eu o perdoo, Hugo. Somos amigos e a amizade não tem preço.

Naquele instante, Carlinha sentiu que de dentro do seu peito uma nuvem escura se desprendia, enquanto uma pequena luz começava a brilhar, produzindo bem-estar, paz e alegria.

E completou com um sorriso: – Agora somos amigos para sempre!

 

Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação Espírita

Autora: Célia Xavier Camargo

 


CAP XIII – 27/06

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XIII – QUE A MÃO ESQUERDA NÃO SAIBA O QUE FAZ A DIREITA

 

Nas grandes calamidades, a caridade se emociona e observam-se impulsos generosos, no sentido de reparar os desastres.

No entanto, a par desses desastres gerais, há milhares de desastres particulares, que passam despercebidos: os dos que jazem sobre um catre (leito) miserável sem se queixarem.

Esses infortúnios discretos e ocultos são os que a verdadeira generosidade sabe descobrir, sem esperar que peçam assistência.

Quem é esta mulher de ar distinto, de traje tão simples, embora bem cuidado, e que traz em sua companhia uma mocinha tão modestamente vestida?

Entra numa casa de sórdida aparência, onde sem dúvida é conhecida, pois que à entrada a saúdam respeitosamente. Aonde vai ela?

Sobe até a mansarda (sotão), onde jaz uma mãe de família cercada de crianças.

À sua chegada, refulge a alegria naqueles rostos emagrecidos.

É que ela vai acalmar ali todas as dores.

Traz o de que necessitam, condimentado de meigas e consoladoras palavras, que fazem que os seus protegidos, que

não são profissionais da mendicância, aceitem o benefício, sem corar.

O pai está no hospital e, enquanto lá permanece, a mãe não consegue com o seu trabalho prover as necessidades da família.

Graças à boa senhora, aquelas pobres crianças não mais sentirão frio, nem fome; irão à escola agasalhadas e, para as menorzinhas, o leite não secará no seio que as amamenta.

Se entre elas alguma adoece, não lhe repugnarão a ela, à boa dama, os cuidados materiais de que essa necessite.

Dali vai ao hospital levar ao pai algum reconforto e tranquilizá-lo sobre a sorte da família.

No canto da rua, uma carruagem a espera, verdadeiro armazém de tudo o que destina aos seus protegidos, que lhe recebem sucessivamente a visita.

Não lhes pergunta qual a crença que professam, nem quais suas opiniões, pois considera como seus irmãos e filhos de Deus todos os homens.

Terminado o seu giro, diz de si para consigo: Comecei bem o meu dia.

Qual o seu nome? Onde mora? Ninguém o sabe.

Para os infelizes, é um nome que nada indica; mas é o anjo da consolação.

À noite, um concerto de bênçãos se eleva em seu favor ao Pai celestial: católicos, judeus, protestantes, todos a bendizem.

Por que tão singelo traje? Para não insultar a miséria com o seu luxo.

Por que se faz acompanhar da filha? Para que aprenda como se deve praticar a beneficência.

A mocinha também quer fazer a caridade. A mãe, porém, lhe diz: “Que podes dar, minha filha, quando nada tens de teu? Se eu te passar às mãos alguma coisa para que dês a outrem, qual será o teu mérito? Nesse caso, em realidade, serei eu quem faz a caridade; que merecimento terias nisso? Não é justo. Quando visitamos os doentes, tu

me ajudas a tratá-los. Ora, dispensar cuidados é dar alguma coisa. Não te parece bastante isso? Nada mais simples. Aprende a fazer obras úteis e confeccionarás roupas para essas criancinhas. Desse modo, darás alguma coisa que vem de ti.” É assim que aquela mãe verdadeiramente cristã prepara a filha para a prática das virtudes que o Cristo ensinou.

É espírita ela? Que importa!

Em casa, é a mulher do mundo, porque a sua posição o exige. Ignoram, porém, o que faz, porque ela não deseja outra aprovação, além da de Deus e da sua consciência.

Certo dia, no entanto, imprevista circunstância leva-lhe à casa uma de suas protegidas, que andava a vender trabalhos executados por suas mãos.

Esta última, ao vê-la, reconheceu nela a sua benfeitora. “Silêncio!” — ordena-lhe a senhora — “não o digas a ninguém.” — Falava assim Jesus.

E.S.E. CAP XIII ITEM 4

 

 

FAZER O BEM SEM OSTENTAÇÃO

Elisa, de onze anos, era uma menina que gostava de ajudar todo mundo. Fosse criança, adulto, idoso, ela não fazia distinção. Se pudesse fazer alguma coisa pela pessoa, não deixava passar a oportunidade.

Além disso, também gostava dos animais e das plantas. Quando via um cãozinho abandonado na rua, trazia logo para casa; diante de uma plantinha seca, logo pegava água para molhar.

Seus pais, pessoas muito boas, a educaram desde cedo na observância do Evangelho de Jesus. Todas as semanas, em dia combinado, eles faziam o estudo do Evangelho no Lar, com grande satisfação e aproveitamento da menina.

Certo dia, porém, a mãe saiu para visitar uma amiga que morava na periferia, e levou a filha. No trajeto, encontraram um garoto muito pobrezinho e Elisa o cumprimentou:

- Como vai, José? E a família? Olhe, mamãe! Está vendo essa camiseta? Fui eu que dei ao José!...

De cabeça baixa, evergonhado, o garoto respondeu: - Nós vamos bem, Elisa, graças a Deus! - e seguiu em frente.

Mais adiante, Elisa viu uma senhora que estendia umas roupas e chamou a atenção da mãe: - Reconhece o vestido que aquela senhora está vestindo? Era seu, mamãe!

A mulher, tendo ouvido, balançou a cabeça com expressão chateada e disse: - Tem razão, Elisa. Foi você que me deu este vestido, e eu lhe agradeço. Muito obrigada! A senhora tem uma filha muito boazinha, dona Fátima - completou dirigindo-se à mãe.

- Fico contente que tenha lhe servido, Ana. Assim, quando tiver outros, poderei trazer-lhe - disse a mãe de Elisa com um sorriso.

Virando a esquina, Elisa deparou-se com outra menina que ajudara, depois foi um homem, e assim por diante. Ora era um par de calçados, roupas ou brinquedos.

A mãe, a cada nova menção, sentia-se mais constrangida do que as pessoas citadas pela filha.

Ao chegarem ao endereço aonde Fátima precisava ir, ela conversou com a dona da casa, uma costureira amiga sua a quem costumava levar serviço, e retornaram. A mãe queria dizer algo à filha, mas achou melhor esperar chegarem a casa para conversarem calmamente.

Alberto, o pai de Elisa, já as aguardava para o Evangelho no Lar. Sentaram-se à mesa, Elisa fez a prece inicial e o pai abriu o Evangelho. A página era: "Fazer o bem sem ostentação".

Após a leitura, a mãe perguntou se a filha tinha entendido a lição, que fora providencial ao que ela respondeu:

- Mais ou menos, mamãe. O que quer dizer "que a mão esquerda não saiba o que faz a direita? "... Elas estão tão perto que é impossível isso acontecer!

- Trata-se de sentido figurado, Elisa. Jesus quis nos ensinar a sermos discretos ao praticarmos a caridade. Isto é, que, ao fazer o bem, não saiamos a divulgar o que fizemos.

Entendeu, filha?

- Mas por que?

- Se as pessoas a quem fizermos o bem nos agradecerem, estaremos pagos. Já recebemos pelo que fizemos. Deus não nos dará a recompensa pela nossa boa ação - completou o pai.

Elisa ficou pensativa, depois olhou para a mãe e perguntou:

- Quer dizer que agi mal hoje, não é mamãe?

- Não, Elisa. Mas seria melhor se tivesse se calado diante das pessoas a quem ajudou. O que achou da reaçào delas? - Fátima disse, fitando a filha com carinho.

A menina pensou um pouco e comentou:

- Achei estranha a reação dos meus amigos! Não pareciam estar contentes!...

- Isso mesmo, Elisa. Coloque-se na posição deles. Se você estivesse vestindo roupas ou calçados velhos, que ganhou de alguém por não poder comprar, ficaria satisfeita se a pessoa que deu comentasse o fato?

- Não, mamãe. Acho que me sentiria muito evergonhada, constrangida...

- Exatamente, Elisa. Ninguém fica contente numa situação dessas, filha. Por isso, o melhor é fazer o bem e esquecer. A pessoa beneficiada sempre irá lembrar, e é nisso que consiste o mérito de quem ajuda. Deus, que tudo sabe e tudo vê, dará a recompensa que merecemos.

- Tem toda razão, mamãe. Devo pedir desculpas a eles pelo que eu fiz?

fátima, imediatamente, levantou as mãos sorridente:

-Não!... De modo algum filha; sua desculpas só fariam com que eles voltassem  a lembrar-se do que aconteceu. É como se você revirasse a faca numa ferida aberta, que iria doer de novo. Basta não tocar mais no assunto.

- Entendi, mamãe. E que Deus me perdoe pelo que eu fiz, mesmo sem saber.

- Não se preocupe. Deus é nosso Pai, minha filha, e nos envolve sempre com muito amor. Além disso, Ele sabe que você não fez por mal.

MEIMEI


CAP XIV – 28/06

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XIV – HONRA TEU PAI E TUA MÃE

 

Os laços do sangue não criam forçosamente os liames entre os Espíritos.

O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porquanto o Espírito já existia antes da formação do corpo.

Não é o pai quem cria o Espírito de seu filho; ele mais não faz do que lhe fornecer o invólucro corpóreo, cumprindo-lhe, no entanto, auxiliar o desenvolvimento intelectual e moral do filho, para fazê-lo progredir.

Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena.

Mas também pode acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação.

Não são os da consanguinidade os verdadeiros laços de família, e sim os da simpatia e da comunhão de ideias, os quais prendem os Espíritos antes, durante e depois de suas encarnações.

Segue-se que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito, do que se o fossem pelo sangue.

Podem então atrair-se, buscar-se, sentir prazer quando juntos, ao passo que dois irmãos consanguíneos podem repelir-se, conforme se observa todos os dias: problema moral que só o Espiritismo podia resolver pela pluralidade das existências.

Há, pois, duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência atual.

E.S.E. CAP XIV ITEM 8

 

 

A FORÇA DO EXEMPLO

 

Dora, ou Dorinha, como a chamavam, era menina viva e inteligente, porém tinha um problema: a preguiça.

Detestava qualquer tipo de tarefa, por mais simples que fosse. Para levantar cedo e ir à escola era aquela dificuldade! Alegava-se sempre cansada. Nunca fazia os deveres de casa, passados pela professora, e não estudava para as provas. Por isso, suas notas eram péssimas.

Em casa não colaborava em nada. Se a mãe, com muito carinho, lhe pedisse para arrumar a mesa, à hora da refeição, ela alegava dor de cabeça; ou para varrer a casa, pois estava atarefada, a menina respondia que precisava estudar e fechava-se no quarto. Quando a mamãe necessitava que ela olhasse o nenê, Dorinha reclamava, irritada:

— Tudo eu? Tudo eu?!...

Enfim, Dorinha não sentia prazer em ser útil. Na verdade, só estava contente brincando, passeando, assistindo televisão ou dormindo.

Sua mãe preocupava-se com ela, tentando aconselhá-la, mas sem resultado. Nas preces, a pobre mãe pedia a Deus que a ajudasse, pois temia pelo futuro da filha.

Certo dia, Dora notou que uma pequena casa vizinha da sua, e que permanecera fechada por muitos meses, estava aberta. Uma família mudara-se durante a noite e a menina ficou curiosa para conhecer os novos vizinhos.

Ao voltar da escola, Dorinha viu um garoto sentado num banco, no jardim à frente da casa.

Sorridente, aproximou-se para travar conhecimento com o garoto, satisfeita por ter mais alguém para brincar.

— Olá! — disse, cumprimentando-o. — Como se chama?

— Olavo. E você?

— Dora. Mas todos me chamam de Dorinha.

O menino era muito simpático e atencioso. Dorinha gostou dele. Em pouco tempo, estavam conversando como velhos amigos.

Dorinha logo começou a se queixar da vida. Reclamou da escola, da mãe, dos afazeres domésticos, enfim, de tudo. E, tomando ares de vítima, dizia: — Já pensou, Olavo? Não basta ser obrigada a levantar cedo para frequentar uma escola chata, com aulas mais chatas ainda, e, quando chego em casa, exausta, ainda sou obrigada a ajudar minha mãe nas tarefas caseiras! Quem é que aguenta? Estou cansada dessa vida!

Olavo, que a fitava com olhos arregalados e brilhantes, deu um suspiro e exclamou: — Como invejo você, Dorinha!

— Por quê? Minha vida é horrível e monótona! Eu odeio essa vida! — retrucou a menina, revoltada.

E Olavo falou-lhe com doçura, afirmando:

— Pois acho a sua vida ma-ra-vi-lho-sa!!!...

— É mesmo? — indagou a garota, incrédula.

— É verdade, minha amiga. Eu nunca saio de casa, nem para ir à escola...

— Você não estuda?

— Não, Dorinha. Sou doente e muito fraco. Não posso andar como você. Antes, eu tinha um amigo grande e forte que me levava à escola nos braços, mas depois ele se mudou e não tive mais ninguém que o substituísse. Minha mãe não consegue me carregar. Seria bom se eu tivesse uma cadeira de rodas para me locomover, mas somos pobres e ainda não pudemos comprar uma.

Dorinha, de boca aberta, gaguejou: — Então, você também não pode brincar na rua? De esconde-esconde, de pular corda, correr e saltar?

— Não. Mas não me queixo...

— O que faz o dia inteiro? Deve ser bem triste sua vida.

— Até que não. Auxilio mamãe naquilo que posso: escolho o arroz, o feijão, limpo verduras, descasco batatas, enxugo a louça. Além disso, minha mãe confecciona pequenos objetos de artesanato para vender e aumentar nossa renda familiar e, quando tem serviço, eu a ajudo nessa tarefa. Também tenho amigos que me fazem companhia e me trazem revistas e livros. Passo horas entretido a ler. Enfim, acho que a minha existência é até muito boa! Conheço pessoas que possuem menos do que eu e cuja vida é bem mais difícil.

Dorinha olhava-o com admiração e respeito. Sentia-se envergonhada das suas reclamações.

Olavo sorriu e completou: — Sinto falta apenas de poder frequentar a escola. Gostaria muito de continuar estudando e aprendendo coisas novas. Mas, algum dia, se Deus quiser, eu tenho certeza de que conseguirei. Por isso, Dorinha, agradeça a Jesus tudo o que você tem: um corpo perfeito para poder andar e brincar, inteligência para estudar e aprender, e o amor de uma família.

Dorinha despediu-se do amigo com o pensamento renovado. Ao entrar em casa foi direto para a cozinha e falou, atenciosa: — Mamãe, eu arrumo a mesa. Depois do almoço, pode deixar que lavo toda a louça e varro o chão. E eu tomo conta do nenê também... 

A mãe, desacostumada daquela boa-vontade toda, perguntou surpresa: — O que aconteceu, minha filha? Você está doente? Com febre?

Dorinha riu e explicou direitinho: — Estou bem, mamãe, não se preocupe. Apenas tive um encontro muito interessante.

E, depois de contar à mãe a conversa que teve com o novo amigo Olavo, concluiu: — A partir de hoje, mamãe, vou procurar realizar minhas tarefas com otimismo e alegria!

Quanto a Olavo, os pais de Dorinha fizeram uma campanha e conseguiram comprar a cadeira de rodas que ele tanto desejava. Além disso, sabendo das dificuldades da família, levaram o garoto a um médico para tentar descobrir, dentro da medicina atualizada, recursos para sua cura.

E logo, era Dorinha, satisfeita e tranquila, que passava todas as manhãs acompanhando Olavo a caminho da escola, onde juntos iam estudar.   

 

Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação Espírita

Autora: Célia Xavier Camargo

 


CAP XV – 29/06

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XV – FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO

 

Meus filhos, na máxima: Fora da caridade não há salvação estão encerrados os destinos dos homens, na Terra e no céu; na Terra, porque à sombra desse estandarte eles viverão em paz; no céu, porque os que a houverem praticado acharão graças diante do Senhor.

Essa divisa é o facho celeste, a luminosa coluna que guia o homem no deserto da vida, encaminhando-o para a Terra da Promissão.

Ela brilha no céu, como auréola santa, na fronte dos eleitos, e, na Terra, se acha gravada no coração daqueles a quem Jesus dirá: “Passai à direita, benditos de meu Pai.”

Reconhecê-los-eis pelo perfume de caridade que espalham em torno de si.

Nada exprime com mais exatidão o pensamento de Jesus, nada resume tão bem os deveres do homem, como essa máxima de ordem divina.

Não poderia o Espiritismo provar melhor a sua origem, do que apresentando-a como regra, por isso que é um reflexo do mais puro Cristianismo. Levando-a por guia, nunca o homem se transviará.

Dedicai-vos, assim, meus amigos, a perscrutar-lhe o sentido profundo e as consequências, a descobrir-lhe, por vós mesmos, todas as aplicações.

Submetei todas as vossas ações ao governo da caridade e a consciência vos responderá.

Não só ela evitará que pratiqueis o mal, como também fará que pratiqueis o bem, porquanto uma virtude negativa não basta: é necessária uma virtude ativa.

Para fazer-se o bem, mister sempre se torna a ação da vontade; para se não praticar o mal,basta as mais das vezes a inércia e a despreocupação.

Meus amigos, agradecei a Deus o haver permitido que pudésseis gozar a luz do Espiritismo.

Não é que somente os que a possuem hajam de ser salvos; é que, ajudando-vos a compreender os ensinos do Cristo, ela

vos faz melhores cristãos.

Esforçai-vos, pois, para que os vossos irmãos, observando-vos, sejam induzidos a reconhecer que verdadeiro espírita e

verdadeiro cristão são uma só e a mesma coisa, dado que todos quantos praticam a caridade são discípulos de Jesus, sem embargo da seita a que pertençam. – Paulo, o apóstolo. (Paris, 1860.)

E.S.E. CAP XV ITEM 10

 

 

RESPOSTA DE DEUS

Jandira, uma menina de oito anos de idade, desde muito pequena se acostumara a passar por toda sorte de privações.

Não conhecera o pai, e a mãe a abandonara quando tinha pouco mais de quatro anos. Uma vizinha, apiedando-se dela, levou-a para casa.

Mas a vizinha tinha muitos filhos e logo Jandira percebeu que não poderia morar ali, que não era bem-vinda.

Com cinco anos saiu da casa que a acolhera, cansada de apanhar, e foi para a rua, acompanhando umas crianças que conheceu e que também não tinham família. Assim, Jandira foi morar com os novos amigos num casebre abandonado.

Aprendeu a pedir esmolas para poder sobreviver. Comia do que lhe davam. Apesar de todas as dificuldades da sua curta vida, Jandira jamais foi uma criança revoltada. Tinha o coração amoroso e bom, e todos a estimavam. Acreditava em Deus e tinha certeza de que Ele não a deixaria desamparada, conforme ouviu alguém ensinar certa vez.

Certo dia, enquanto pedia esmola na cidade, Jandira viu aproximar-se um homem de aspecto distinto, muito bem-vestido.

– Por caridade, uma esmola! – pediu.

Ouvindo a voz da criança, Manoel olhou e viu uma menina de rostinho sujo, roupas rasgadas, que o fitava com grandes olhos vivos e confiantes. Como estivesse com pressa, deu uma moeda sem se deter.

No dia seguinte, encontrou a garota no mesmo lugar. Ela sorriu e estendeu a mãozinha pedindo uma esmola. Novamente Manoel deu uma moeda, contra seus hábitos, e ouviu o agradecimento da menina.

– Que Deus o abençoe e que nunca lhe falte nada.

Impressionado, seguiu adiante com passos rápidos, mas não conseguiu esquecer o rostinho da garota durante todo o dia.

Na manhã seguinte, lá estava ela no mesmo lugar. A menina aproximou-se dele com uma florzinha na mão, sorridente.

– É sua. Trouxe para o senhor.

Surpreso, Manoel sentiu necessidade de parar para conversar.

– Como se chama? – perguntou.

– Jandira.

– Quantos anos tem, Jandira?   

– Acho que tenho oito ou nove anos, senhor. Não sei ao certo.

– Não vai à escola? – indagou ele.

– Não. Nunca pude estudar, apesar de ter muita vontade de aprender a ler e a escrever.

– Onde você mora, Jandira? – perguntou, impressionado.

– Num barraco, com outras crianças.

– Por quê? Não tem família?

– Minha mãe foi embora quando eu era muito pequena. Tenho apenas pai.

– Como se chama seu pai? – quis saber ele.

A menina respondeu com seriedade.

– Deus.

– Deus? Esse é o nome do seu pai? – ele perguntou, pensando não ter entendido direito.

– Sim. Deus não é o Pai de todo mundo? – respondeu ela com simplicidade.

– Ah! É verdade.

– Então, Ele não deixa que me falte nada. Tenho tudo do que preciso. Um teto para me abrigar da chuva e do frio, tomo banho num chafariz e, quando sinto fome, peço uma esmola e ganho dinheiro para comprar o que comer. Às vezes ganho comida e nem preciso pedir esmolas, e ainda posso repartir com os outros o que recebo.

Sensibilizado, Manoel perguntou:

– O que mais você gostaria de ter, Jandira?

– Nada. Eu não preciso de nada.

– Diga. Gostaria de poder ajudar – insistiu Manoel.

A menina pensou um pouco e, com os olhos rasos d’água, respondeu baixinho:

– Gostaria de ter uma família de verdade.

Manoel sentiu um aperto no coração e as lágrimas afloraram em seus olhos. Sentia-se culpado. Era rico, tinha tudo. Uma casa grande, emprego bom e não tinha filhos. Morava apenas com a esposa e nunca pensara em ajudar ninguém. E aquela criança pedia tão pouco da vida!

Tomou uma resolução. Sua esposa sempre quisera filhos e iria gostar.

Fitou a menina à sua frente, e disse:

– Agora tudo vai ser diferente, Jandira. Deus, apesar de dar-lhe tudo, como você afirmou, encarregou-me de ser seu pai aqui na Terra. Aceita? Além de um pai, terá também uma mãe.

Sem poder acreditar em tamanha felicidade, Jandira pulou nos braços de Manoel, cheia de alegria.

– Deus o mandou? Aceito! Eu sabia que ele não deixaria de atender às minhas preces. Antes de dormir – explicou – sempre pedia ao Pai do Céu que me dê um pai de verdade aqui na Terra.

Nesse momento, Jandira lembrou-se dos companheiros:

– Ah!...E meus amigos? Não posso abandoná-los!

– Não irá abandoná-los, Jandira. Como minha filha, terá condições de ajudá-los. Tenho dinheiro. Arrumaremos uma casa de verdade, alguém que tome conta deles e terão tempo de estudar para serem mais tarde criaturas dignas e úteis à sociedade.

A menina batia palmas de alegria.

– Que bom! Que bom!

Em seguida, olhou Manoel com muito carinho e, segurando a mão dele, perguntou:

– Posso chamá-lo de papai?                                                                  

 

Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação Espírita

Autora: Célia Xavier Camargo

 


CAP XVI – 30/06

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XVI – SERVIR A DEUS E A MAMON

 

Os bens da Terra pertencem a Deus, que os distribui a seu grado, não sendo o homem senão o usufrutuário, o administrador mais ou menos íntegro e inteligente desses bens.

Tanto eles não constituem propriedade individual do homem, que Deus frequentemente anula todas as previsões

e a riqueza foge àquele que se julga com os melhores títulos para possuí-la.

Direis, porventura, que isso se compreende no tocante aos bens hereditários, porém, não relativamente aos que são adquiridos pelo trabalho.

Sem dúvida alguma, se há riquezas legítimas, são estas últimas, quando honestamente conseguidas, porquanto uma propriedade só é legitimamente adquirida quando, da sua aquisição, não resulta dano para ninguém.

Contas serão pedidas até mesmo de um único ceitil mal ganho, isto é, com prejuízo de outrem.

O fato, porém, de um homem dever a si próprio a riqueza que possua, seguir-se-á que, ao morrer, alguma vantagem lhe advenha desse fato?

Não são amiúde inúteis as precauções que ele toma para transmiti-la a seus descendentes?

Decerto, porquanto, se Deus não quiser que ela lhes vá ter às mãos, nada prevalecerá contra a sua vontade.

Poderá o homem usar e abusar de seus haveres durante a vida, sem ter de prestar contas? Não.

Permitindo-lhe que a adquirisse, é possível haja Deus tido em vista recompensar-lhe, no curso da existência atual, os esforços, a coragem, a perseverança.

Se, porém, ele somente os utilizou na satisfação dos seus sentidos ou do seu orgulho; se tais haveres se lhe tornaram causa de falência, melhor fora não os ter possuído, visto que perde de um lado o que ganhou do outro, anulando o mérito de seu trabalho.

Quando deixar a Terra, Deus lhe dirá que já recebeu a sua recompensa.

– M., Espírito protetor. (Bruxelas, 1861.)

E.S.E. CAP XVI ITEM 10

 

 

O MENINO QUE SÓ RECLAMAVA

Rodrigo era um menino que estava sempre muito triste e reclamava de tudo o que tinha, nunca estava contente com nada. Tinha muitos amigos com os quais brincava todos os dias.

Uma tarde, estava conversando com dois deles, Juliana e Leonardo:

Rodrigo: Estou muito triste com Deus!

Juliana: O que aconteceu, Rodrigo?

Rodrigo: Minha mãe falou, que a gente tem que orar todos os dias, e pedir a Deus tudo o que a gente quer. Faço isso sempre, mas parece que não está dando muito certo!

Leonardo : Bem, depende de como você está se comportando minha tia sempre diz para o meu primo João, aquele bagunceiro, sabe : " - Se você não fizer tudo direitinho, o Papai do Céu vai te castigar e você não vai ter nada do que você pedir!".

Rodrigo: Ah! Acho que estou me comportando e, muito bem. Vou todos os dias à igreja, na mesma hora, quando saio da escola, e fico lá mais de meia hora lendo um livrinho de orações que eu ganhei, precisam ver! cada coisa bonita que está escrita, acho que ele deve estar gostando do que eu digo, ou será que não está?

Juliana: Acho que não é nada disso do que vocês estão dizendo. Meu pai sempre fala que Deus não castiga ninguém, e que não quer ouvir só palavras bonitas. Ele quer apenas que sejamos sinceros quando fazemos as nossas orações. Não precisamos sair de casa para orar. Basta ficar quietinho num canto e pensar em Jesus!

Rodrigo: Ah! Eu pensei que ele gostasse só de ouvir palavras bonitas. Bom, mas mesmo assim ele não está me atendendo. Eu sempre peço para o meu pai ganhar na loteria e a gente ficar muito rico, para eu poder comprar todos os brinquedos que eu quero, mas isso nunca acontece me sinto tão infeliz por causa disso!

Juliana: Infeliz! Rodrigo! Você já pensou nas coisas boas que você tem? Pai, mãe, irmãos, amigos, todos com saúde. Você é perfeito, pode crescer, trabalhar e ganhar muito dinheiro!

Já pensou no Leonardo aí, que além de não ter os pais e nem um irmão, mora com a avó velhinha e doente!

Leonardo: É mesmo Juliana. A minha avó até tem dinheiro, nós não passamos necessidades, mas não é fácil pensar que vou ficar sozinho quando ela morrer. Peço sempre nas minhas orações que Deus deixe ela ainda muito tempo comigo!

Rodrigo: É. Acho que estou pedindo muito. . . preciso pensar melhor antes de fazer os meus pedidos.

Juliana: Deus é muito justo. Não faz diferença entre as pessoas. Ele sabe o que cada um de nós precisa. Muitas vezes pedimos uma coisa e ele nos dá outra.

Rodrigo: Você tem razão. Nunca tinha pensado nisso antes. A partir de agora vou passar a pedir saúde para os meus pais e irmãos!

Juliana: Lembrem-se sempre que Deus gosta das coisas simples, sabe das nossas necessidades, ama todas as pessoas deste mundo igualmente, aceitando-nos com nossas qualidades e defeitos!

 

autor desconhecido - Labels: Historinhas

 


CAP XVII – 01/07

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XVII – SEDE PERFEITOS

 

O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza.

Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem.

Deposita fé em Deus, na sua bondade, na sua justiça e na sua sabedoria.

Sabe que sem a sua permissão nada acontece e se lhe submete à vontade em todas as coisas.

Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.

Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar.

Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte e sacrifica sempre seus interesses à justiça.

Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos.

Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes

do seu próprio interesse.

O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa.

O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus.

Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam.

Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à ideia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do Senhor.

Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado.

É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo: “Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado.”

Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los.

Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal.

Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las.

Todos os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera.

Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros.

Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado.

Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões.

Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho.

Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram.

O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente.

Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as Leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus.

Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem; mas aquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho se acha que a todas as demais conduz.

E.S.E. CAP XVII ITEM 3

 

 

TEMPO PERDIDO

Certo homem era marceneiro de profissão e possuía extraordinária facilidade para trabalhar com madeira. Era um verdadeiro mestre em seu ofício e todos admiravam seus trabalhos.

Esse homem tinha um sonho.

Desejava esculpir na madeira uma imagem de Jesus, a quem ele amava profundamente, em tamanho natural.

Conversando com um amigo, o marceneiro falou do sonho que acalentava em seu íntimo e o companheiro o incentivou:

— Então por que você não começa? Com seu talento e habilidade nas mãos, tenho certeza que a escultura será uma obra prima!

Ao que o marceneiro respondeu: — Ah! Meu amigo! Desejo não me falta. Contudo, o trabalho deverá ser perfeito e ainda não resolvi qual a madeira que irei utilizar. Sempre em dúvida, o artesão deixava o tempo passar. Uma madeira porque era muito rija; a outra porque não era resistente o suficiente; outra era macia e de fácil manejo, porém a tonalidade não o agradava.

E assim o tempo foi passando e o marceneiro não se dava conta.

Alguns anos depois reencontrou o amigo que tinha retornado à cidade e, curioso, perguntou sobre a obra.

— Já resolvi o tipo de madeira que irei trabalhar. Entretanto, ainda não iniciei porque não estou nas minhas melhores condições íntimas. Creio que para esculpir a figura do Mestre preciso estar bem comigo mesmo e com o mundo. Sabe como é, os fregueses exigem muito da minha atenção e, não raro me irrito, perdendo a paciência. Além disso, não podendo dispensar o serviço da marcenaria, onde ganho o sustento para minha família, só posso dedicar-me ao sonho acalentado pela minha alma nos momentos de folga. E aí, grande parte das vezes, eu sinto-me exausto e sonolento. Contudo — completava tentando aparentar entusiasmo —, pretendo começar minha obra prima dentro em breve.

Algum tempo depois, voltaram a se encontrar e, questionado pelo amigo que demonstrava interesse pelo assunto, o artesão argumentava: — Infelizmente, ainda não iniciei o trabalho porque as condições não permitem. A família exige muito da minha atenção e os filhos requisitam meus carinhos. Você compreende, ainda são pequenos e dependentes. Porém, quando que eles crescerem um pouco mais, poderei trabalhar em paz.

E assim o tempo foi passando. Muitos anos depois, em visita à cidade, o amigo foi procurar o marceneiro. Encontrou-o velho e doente.

Após os cumprimentos e a troca de notícias, felizes com o reencontro, o visitante interrogou, curioso: — E daí? Estou ansioso para ver o trabalho que você tanto desejava executar. Com certeza deve ter ficado soberbo!

Os olhos do artesão se apagaram e uma tristeza infinita vibrou em sua voz já trêmula pela idade: — Ah, meu amigo! Infelizmente, nem cheguei a iniciar o trabalho que representava o sonho de toda uma vida. As dificuldades foram muito grandes e a necessidade de prover o sustento da família me absorveu. Agora, encontro-me doente e sem forças. A vista está fraca e já não enxergo mais como antes, e as mãos, trêmulas, não me permitem mais trabalhar.

Penalizado, o visitante amigo viu-o puxar um lenço e enxugar uma lágrima, cheio de arrependimento e amargura.

— É tarde, meu amigo. Tive todas as condições e não soube aproveitar. Perdi a oportunidade que o Senhor me concedeu.

Tentando animá-lo, o visitante considerou: — Quem sabe? Não desanime. Talvez ainda seja possível.

O marceneiro fitou o amigo, demonstrando que compreendia toda a extensão da sua inutilidade e da sua cegueira, e respondeu convicto: — Não agora; só se for em outra existência.

 

Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação Espírita

Autora: Célia Xavier Camargo

 


CAP XVIII – 02/07

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XVIII – MUITOS OS CHAMADOS E POUCOS OS ESCOLHIDOS

 

Larga é a porta da perdição, porque são numerosas as paixões más e porque o maior número envereda pelo caminho do mal.

 É estreita a da salvação, porque a grandes esforços sobre si mesmo é obrigado o homem que a queira transpor, para vencer suas más tendências, coisa a que poucos se resignam.

É o complemento da máxima: “Muitos são os chamados e poucos os escolhidos.”

Tal o estado da humanidade terrena, porque, sendo a Terra mundo de expiação, nela predomina o mal.

Quando se achar transformada, a estrada do bem será a mais frequentada.

Aquelas palavras devem, pois, entender-se em sentido relativo, e não em sentido absoluto.

Se houvesse de ser esse o estado normal da Humanidade, teria Deus condenado à perdição a imensa maioria das suas criaturas, suposição inadmissível, desde que se reconheça que Deus é todo justiça e bondade.

Todavia, de que delitos esta Humanidade se houvera feito culpada para merecer tão triste sorte, no presente e no futuro, se toda ela se achasse degredada na Terra e se a alma não tivesse tido outras existências?

Por que tantos entraves postos diante de seus passos?

Por que essa porta tão estreita que só a muito poucos é dado transpor, se a sorte da alma é determinada para sempre, logo após a morte?

Assim é que, com a unicidade da existência, o homem está sempre em contradição consigo mesmo e com a Justiça de Deus.

Com a anterioridade da alma e a pluralidade dos mundos, o horizonte se alarga; faz-se luz sobre os pontos mais obscuros da fé; o presente e o futuro tornam-se solidários com o passado, e só então se pode compreender toda a profundeza, toda a verdade e toda a sabedoria das máximas do Cristo.

E.S.E. CAP XVIII ITEM 5

 

O ENCONTRO INESPERADO

No tempo em que Jesus andava pelo mundo, um homem desejava muito seguir o profeta que diziam ser aquele que viera para salvar os judeus do jugo dos romanos, seus conquistadores e tiranos.

Assim, quando Josué ouvia que o Rabi estava em algum lugar ali perto, corria a encontrá-lo com a esperança de vê-lo. Mas ao chegar tinha a informação de que o Profeta ali já não estava. E desse modo prosseguia Josué sem conseguir encontrá-Lo.

Certo dia, desanimado, sentou-se pensativo, num tronco à sombra de uma árvore. Por que razão só ele não conseguia ver o Profeta, encontrar-se com Ele? Sentia falta de amor, desejava que seu coração se enchesse de afeto; no entanto, ele mesmo não amava ninguém. E Josué prosseguia falando consigo mesmo: “Nunca tive o amor de uma família. Desde pequeno fui criado por uma bondosa mulher que me acolheu em seu lar após a morte de meus pais. Cresci sentindo um grande vazio no coração. E, por isso, queria ver o Rabi, pois me disseram que todas as dores, todas as angústias, encontravam nele o remédio perfeito”.

Nesse momento, deixando que lágrimas amargas brotassem de seus olhos, viu chegar um homem. Sua presença o encantou. Era alto; deveria ter caminhado bastante, pois suas sandálias estavam sujas do pó das estradas; vestia-se simplesmente com uma túnica clara e seus gestos eram delicados; os cabelos, repartidos à nazarena, caíam sobre seus ombros e em seu belo semblante havia uma terna tristeza.

Ao fitar aqueles olhos, Josué sentiu-se atraído pelo desconhecido, cuja presença o enchia de paz. Sem conseguir falar, Josué fez um gesto para que ele se sentasse a seu lado. O homem acomodou-se, depois perguntou:

— Por que está aqui, Josué?

Aquela voz mexeu com Josué, como se acalmasse seu íntimo.

— Procuro o Profeta, senhor — respondeu ele, encantado com aquela presença.

— E por que está a procurá-lo? — voltou a indagar o desconhecido.

Josué respirou fundo e respondeu, como se nada pudesse ser oculto, contando-lhe como fora sua vida, a falta de amor, a esperança de encontrar alguém que o amasse.

O desconhecido fitou-o longamente, depois considerou:

— Josué, a esperança não é uma palavra vazia e nem representa falta de atividade. É trabalho interior constante e que exige um objetivo claro e contínuo para atingir a meta que buscamos.

— Eu sei, meu Senhor, e creio que tenho tido a paciência necessária para atingir o que desejo.

Ouvindo essas palavras, o desconhecido tornou:

— Mas paciência, Josué, representa firmeza pacífica em conseguir o que almejamos. Assim, se você quer realmente alcançar seus objetivos, trabalhe incansavelmente mantendo a luz do amor acima de tudo o mais; devote-se ao próximo e será abençoado.

— Senhor, no entanto, preciso de amor; sinto falta do carinho de uma família, de amigos...

E o desconhecido prosseguiu, com entonação de voz inesquecível:

— E o que tem feito até agora para conseguir esse amor?

— Tenho percorrido as estradas a ver se encontro alguém que possa me amar.

Então, o celeste desconhecido lhe respondeu:

— Enquanto não aprender a doar amor, nada receberá de retorno. É da Lei Divina. Doe-se aos necessitados do caminho e conseguirá o que deseja. Aprende com a água cristalina que jorra e dessedenta os viajores, sem jamais cobrar por sua generosidade. A sombra da noite é vencida pelo dia que traz a Luz.

Assim também devemos agir. Aproveita todos os momentos como bênçãos enviadas por Deus para o progresso das criaturas.

— Sim, Senhor. Farei como diz. Mas, quem é você, que fala com sabedoria e cuja voz produz grande bem-estar e desejo de segui-lo sempre, não o deixando jamais?

O desconhecido ergueu-se e, antes de se afastar, murmurou:

— Eu sou Jesus!...

Ouvindo-lhe o nome, Josué ficou parado, sem conseguir mover-se. Quando se deu conta de que estava perdendo a oportunidade da sua vida, ele correu para alcançar o Mestre, mas não O encontrou mais.

Então, refletindo em tudo que ouvira da boca de Jesus, Josué entendeu que precisava modificar-se, tornando-se alguém digno de seguir ao encontro do Profeta de Nazaré.

A partir desse dia, por onde passasse, Josué aproveitava para trabalhar com amor, sem perder oportunidade de falar com as pessoas, ajudá-las e socorrê-las, certo de que era isso que o tornaria digno de, algum dia, ser um seguidor de Jesus de Nazaré.

MEIMEI

(Mensagem recebida por Célia X. de Camargo, em 20/10/2014.)fontehttp://www.oconsolador.com.br/ano10...

 


CAP XIX – 03/07

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XIX – A FÉ TRANSPORTA MONTANHAS

 

Diz-se vulgarmente que a fé não se prescreve, donde resulta alegar muita gente que não lhe cabe a culpa de não ter fé. Sem dúvida, a fé não se prescreve, nem, o que ainda é mais certo, se impõe.

Não; ela se adquire e ninguém há que esteja impedido de possuí-la, mesmo entre os mais refratários.

Falamos das verdades espirituais básicas e não de tal ou qual crença particular.

Não é à fé que compete procurá-los; a eles é que cumpre ir-lhe ao encontro e, se a buscarem sinceramente, não deixarão de achá-la.

Tende, pois, como certo que os que dizem: “Nada de melhor desejamos do que crer, mas não o podemos”, apenas de lábios o dizem e não do íntimo, porquanto, ao dizerem isso, tapam os ouvidos.

As provas, no entanto, chovem-lhes ao derredor; por que fogem de observá-las?

Da parte de uns, há descaso; da de outros, o temor de serem forçados a mudar de hábitos; da parte da maioria, há o orgulho, negando-se a reconhecer a existência de uma força superior, porque teria de curvar-se diante dela.

Em certas pessoas, a fé parece de algum modo inata; uma centelha basta para desenvolvê-la.

Essa facilidade de assimilar as verdades espirituais é sinal evidente de anterior progresso.

Em outras pessoas, ao contrário, elas dificilmente penetram, sinal não menos evidente de naturezas retardatárias.

As primeiras já creram e compreenderam; trazem, ao renascerem, a intuição do que souberam: estão com a educação feita; as segundas tudo têm de aprender: estão com a educação por fazer.

Ela, entretanto, se fará e, se não ficar concluída nesta existência, ficará em outra.

A resistência do incrédulo, devemos convir, muitas vezes provém menos dele do que da maneira por que lhe apresentam as coisas.

A fé necessita de uma base, base que é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer.

E, para crer, não basta ver; é preciso, sobretudo, compreender.

A fé cega já não é deste século, tanto assim que precisamente o dogma da fé cega é que produz hoje o maior número dos incrédulos, porque ela pretende impor-se, exigindo a abdicação de uma das mais preciosas prerrogativas do homem: o raciocínio e o livre-arbítrio.

É principalmente contra essa fé que se levanta o incrédulo, e dela é que se pode, com verdade, dizer que não se prescreve.

Não admitindo provas, ela deixa no espírito alguma coisa de vago, que dá nascimento à dúvida.

A fé raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa.

A criatura então crê, porque tem certeza, e ninguém tem certeza senão porque compreendeu.

Eis por que não se dobra.

Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.

A esse resultado conduz o Espiritismo, pelo que triunfa da incredulidade, sempre que não encontra oposição sistemática e interessada.

E.S.E. CAP XIX ITEM 7

 

 

O SONHO DA ESPERANÇA

Clarindo era um menino para quem as dificuldades da vida chegaram cedo. Desde tenra idade viu-se, por contingências alheias à sua vontade, obrigado a lutar pela própria sobrevivência.

Morava numa pequena casa nos arrabaldes da cidade que, embora humilde, era um verdadeiro lar, pois ali existia o amor e a paz.

Quando seu pai desencarnou, vitimado por um acidente de trabalho, tudo mudou na vida de Clarindo. 

Não contando mais com a presença e o amparo do pai, que trazia sempre o necessário para o sustento da família, a situação tornou-se muito difícil. Sua mãe foi obrigada a deixar o lar para trabalhar numa casa rica, e ele, Clarindo, também resolveu trabalhar de engraxate para ajudar nas despesas.

Como não tivessem com que pagar o aluguel da pequena casa, eles foram obrigados a mudar para uma favela, onde a generosidade de alguém lhes conseguiu um barraco.

Ao chegar na favela, o ambiente diferente e hostil causou infinita tristeza e angústia à pobre mulher que, intimamente, entrou a conversar com Deus:

 “Oh! Senhor, o que será de meu filho? Obrigado a crescer neste ambiente, a conviver com criaturas de baixo nível moral, poderá vir a se tornar um delinquente! Ajuda-me! Sinto-me tão sozinha desde que meu querido esposo morreu! Mas, confio no Senhor e sei que não me deixarás ao desamparo”.

Naquela noite, já instalados na favela, a mãe adormeceu chorando escondida para que o filho não percebesse suas lágrimas de tristeza e dor.

No dia seguinte, logo que os primeiros raios de sol invadiram o pequeno e miserável barraco pelas frestas da parede, a mãe levantou-se para preparar o café da manhã. Leite não tinha. Nem café. Só um pouco de chá e um pedaço de pão duro.      

Clarindo acordou bem disposto. Percebeu pelo rosto da mãe, inchado de tanto chorar, que ela estava sofrendo bastante.

Satisfeito e sorridente o menino contou: — Mãe, eu tive um lindo sonho esta noite.

Procurando demonstrar interesse, ela pediu: — Conte-me, meu filho. Que lindo sonho foi esse?

— Sonhei que estava num lugar muito bonito, todo cheio de flores luminosas, quando vi meu pai que se aproximava. Abraçou-me com carinho e disse-me que tivesse confiança em Deus.

“Sabe, meu filho — disse ele —, nada acontece por acaso. Numa outra existência você e sua mãe, por ambição, prejudicaram muito um seu irmão. Vocês roubaram tudo o que ele tinha e o deixaram na rua da amargura. Sem um lar, maltrapilho, seu irmão vagou por longo tempo vivendo da piedade alheia, até que ficou doente e morreu. É por isso que agora estão passando por tantas dificuldades. Confiem em Deus e suportem as privações com resignação, pois será a libertação de vocês. O Senhor é muito bom e não deixará de assisti-los”.

Surpresa e muito comovida, a mãe de Clarindo deixou que as lágrimas corressem pelo seu rosto. E o garoto, também com os olhos úmidos da emoção que ainda sentia, continuou: — Engraçado, mãe, é que, enquanto meu pai falava, eu via as cenas que ele descrevia como se fosse um filme. E sabe o que mais? Eu senti que meu pai era aquele irmão que nós prejudicamos! Será que é verdade?

A mãe olhou o filho com carinho e, comovida, falou: — Meu filho, esta é a resposta de Deus às minhas preces. Atendeu às minhas íntimas indagações através do sonho de uma criança. Sim, Clarindo. Acredito que tudo isso seja verdade. Devemos ter prejudicado muito alguém para que estejamos agora passando por essa provação.

Limpando as lágrimas, fitou o filho com determinação e coragem, e disse-lhe resoluta: — Vamos vencer, meu filho. Tenhamos bom-ânimo, coragem e muita fé em Deus que é pai e, tenho certeza, não nos deixará ao desamparo.

Clarindo sorriu feliz ao perceber que sua mãe estava mais contente e conformada.

Nesse instante alguém bate à porta. Clarindo vai atender e se depara com uma mulher pobremente vestida, mas com largo sorriso no rosto simpático. Disse a visitante:  — Olá! Sou Cecília, sua vizinha aqui do lado. Como vocês se mudaram ontem e não tiveram tempo de ajeitar as coisas, trouxe-lhes um pão quentinho que acabou de sair do forno, e uma garrafa com café.

Antes que a mãe de Clarindo tivesse tempo de agradecer a bondade da vizinha, eles viram chegar uma menina franzina, de dez anos mais ou menos, que lhe estendeu uma pequena lata com linda flor plantada: — Tome, é para a senhora. Fui eu que plantei.

Logo em seguida, surgiu na porta o rosto moreno de um homem que lhe perguntou, sorridente: — A senhora gosta de chuchu? Trouxe-lhe alguns que colhi agora mesmo no meu quintal.

Sentindo um nó na garganta, e sob forte emoção, a mãe de Clarindo abraçou os estranhos que lhe invadiam a casa como um raio de sol, enquanto pensava que tinha julgado mal as pessoas da favela, e compreendeu que todos os lugares e todas as pessoas são de Deus. Que, em qualquer situação a que formos chamados a viver, encontramos pessoas boas e podemos crescer e evoluir.

E, agradecendo ao Alto as bênçãos do momento, exclamou, sorridente: — Obrigada. Sejam bem-vindos! Foi Jesus que os enviou!

 

Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação Espírita

Autora: Célia Xavier Camargo

 


CAP XX – 04/07

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XX – OS TRABALHADORES DA ÚLTIMA HORA

 

Não escutais já o ruído da tempestade que há de arrebatar o velho mundo e abismar no nada o conjunto das iniquidades terrenas?

Ah! bendizei o Senhor, vós que haveis posto a vossa fé na sua soberana justiça e que, novos apóstolos da crença revelada pelas proféticas vozes superiores, ides pregar o novo dogma da reencarnação e da elevação dos Espíritos,

conforme tenham cumprido, bem ou mal, suas missões e suportado suas provas terrestres.

Não mais vos assusteis!

As línguas de fogo estão sobre as vossas cabeças.

Ó verdadeiros adeptos do Espiritismo!... sois os escolhidos de Deus!

Ide e pregai a palavra divina.

É chegada a hora em que deveis sacrificar à sua propagação os vossos hábitos, os vossos trabalhos, as vossas ocupações

fúteis.

Ide e pregai.

 Convosco estão os Espíritos elevados.

Certamente falareis a criaturas que não quererão escutar a voz de Deus, porque essa voz as exorta incessantemente à abnegação.

Pregareis o desinteresse aos avaros, a abstinência aos dissolutos, a mansidão aos tiranos domésticos, como aos déspotas!

Palavras perdidas, eu o sei; mas não importa.

Faz-se mister regueis com os vossos suores o terreno onde tendes de semear, porquanto ele não frutificará e não produzirá senão sob os reiterados golpes da enxada e da charrua evangélicas.

Ide e pregai!

Ó todos vós, homens de boa-fé, conscientes da vossa inferioridade em face dos mundos disseminados pelo Infinito!... lançai-vos em cruzada contra a injustiça e a iniquidade.

Ide e proscrevei esse culto do bezerro de ouro, que cada dia mais se alastra.

Ide, Deus vos guia! Homens simples e ignorantes, vossas línguas se soltarão e falareis como nenhum orador fala.

Ide e pregai, que as populações atentas recolherão ditosas as vossas palavras de consolação, de fraternidade, de esperança e de paz.

Que importam as emboscadas que vos armem pelo caminho!

Somente lobos caem em armadilhas para lobos, porquanto o pastor saberá defender suas ovelhas das fogueiras imoladoras.

Ide, homens, que, grandes diante de Deus, mais ditosos do que Tomé, credes sem fazerdes questão de ver e aceitais os fatos da mediunidade, mesmo quando não tenhais conseguido obtê-los por vós mesmos;

ide, o Espírito de Deus vos conduz.

Marcha, pois, avante, falange imponente pela tua fé!

Diante de ti os grandes batalhões dos incrédulos se dissiparão, como a bruma da manhã aos primeiros raios do sol nascente.

“A fé é a virtude que desloca montanhas”, disse Jesus.

Todavia, mais pesados do que as maiores montanhas, jazem depositados nos corações dos homens a impureza e todos os vícios que derivam da impureza.

Parti, então, cheios de coragem, para removerdes essa montanha de iniquidades que as futuras gerações só deverão conhecer como lenda, do mesmo modo que vós, que só muito imperfeitamente conheceis os tempos que antecederam

a civilização pagã.

Sim, em todos os pontos do globo vão produzir-se as subversões morais e filosóficas; aproxima-se a hora em que a luz divina se espargirá sobre os dois mundos.

Ide, pois, e levai a palavra divina: aos grandes que a desprezarão, aos eruditos que exigirão provas, aos pequenos e simples que a aceitarão; porque, principalmente entre os mártires do trabalho, desta provação terrena, encontrareis fervor e fé. Ide; estes receberão, com hinos de gratidão e louvores a Deus, a santa consolação que lhes levareis, e baixarão a fronte, rendendo-lhe graças pelas aflições que a Terra lhes destina.

Arme-se a vossa falange de decisão e coragem! Mãos à obra! o arado está pronto; a terra espera; arai!

Ide e agradecei a Deus a gloriosa tarefa que Ele vos confiou;

mas atenção!  entre os chamados para o Espiritismo muitos se transviaram; reparai, pois, vosso caminho e segui a verdade.

Pergunta. – Se, entre os chamados para o Espiritismo, muitos se transviaram, quais os sinais pelos quais reconheceremos os que se acham no bom caminho?

Resposta. – Reconhecê-los-eis pelos princípios da verdadeira caridade que eles ensinarão e praticarão.

Reconhecê-los-eis pelo número de  aflitos a que levem consolo;

reconhecê-los-eis pelo seu amor ao próximo, pela sua abnegação, pelo seu desinteresse pessoal;

reconhecê-los-eis, finalmente,

pelo triunfo de seus princípios, porque Deus quer o triunfo de sua lei; os que seguem sua lei, esses são os escolhidos e Ele lhes dará a vitória; mas Ele destruirá aqueles que falseiam o espírito dessa lei e fazem dela degrau para contentar sua vaidade e sua ambição. – Erasto, anjo da guarda do médium. (Paris, 1863.)19

E.S.E. CAP XX ITEM 4

 

 

TOMANDO UMA DECISÃO

 

    Débora, de apenas sete anos, era menina bastante esperta e ativa. Observava tudo e prestava atenção em tudo.

Certo dia, a menina foi com os pais visitar os avós paternos que moravam em uma cidade próxima. 

A chegada foi uma alegria para Débora, que gostava muito da vovó Catarina e do vovô José.

A avó veio recebê-los com grande alegria, e ela logo perguntou:

— Vovó, onde está o vovô José?

A avozinha explicou que o vovô estava deitado. Ele não tinha passado bem no dia anterior e foi ao médico, que recomendou repouso e pediu alguns exames.

Preocupado, Gilberto, pai de Débora, foi imediatamente até o quarto do pai. Cumprimentou-o e, dando-lhe um abraço, perguntou:

— O que aconteceu, papai? O senhor me parece bastante abatido!

Ao que o velhinho respondeu risonho:

— Isso não é nada, meu filho. Bobagem!

— Como bobagem, meu pai? O senhor precisa cuidar mais da sua saúde! 

— Estou bem, meu filho. Mas deixe-me dar um abraço na neta mais linda do mundo! — completou, ao ver a menina que entrara atrás do pai.

Abraçou Débora, depois contou a ela:

— Tem uma surpresa guardada para você no armário. É só pedir para a vovó.

— Obrigada, vovô. 

E Débora, curiosa para ver o presente, já estava saindo do quarto quando ouviu seu pai dizer, muito sério:

— Papai, o senhor precisa parar de tomar seus aperitivos. Com certeza, não lhe fazem bem! O álcool altera a pressão e pode provocar-lhe um problema mais grave. Quem sabe se o mal-estar que o senhor teve ontem já não é consequência disso? 

Débora escutou assustada o que seu pai tinha dito e ficou muito preocupada. 

O resto do dia eles passaram na residência dos avós e, ao anoitecer, voltaram para casa contentes, depois de horas tão agradáveis. O avô José estava bem melhor e a avó Catarina mais tranquila.

Alguns dias depois, tentando encontrar uns documentos, Gilberto já vasculhara a casa toda sem resultado. Então, resolveu procurar no lugar mais improvável: o armário na sala onde ele guardava algumas garrafas de vinho.

Ao abrir o armário ele ficou surpreso: estava completamente vazio!

Gilberto estranhou. Quem teria retirado dali todas as garrafas?

Imediatamente, foi até a cozinha, onde a esposa preparava o almoço e perguntou-lhe:

— Vera, foi você que esvaziou o armário da sala?

— Não, claro que não! 

— Será que foi a faxineira? 

— Não, querido, ela não faria isso sem uma ordem. 

— Então, quem foi?

Neste momento, Débora chegava da escola e, entrando na cozinha, ouviu a conversa dos pais. Com um pouco de medo, ela confessou:

— Fui eu, papai. 

Gilberto chegou perto da filha muito bravo e pôs as mãos na cintura:

— Por que fez isso, mocinha?

A menina respondeu a tremer:

— Papai, não fique bravo comigo! É que estava preocupada com você! 

— Preocupada comigo? Ora essa! E por quê?

Então a garota explicou que, ouvindo a conversa entre o pai e o avô, achou que o pai também podia ficar doente por causa de bebida e resolveu jogar tudo no lixo. E concluiu:

— Então, papai, como você estava preocupado com o vovô José, também fiquei preocupada com você, que é meu pai. Não quero que também fique doente! 

— E jogou tudo fora? 

— Joguei!...

E completou, mostrando grande coerência para uma menina da sua idade:

 — Depois de abrir e esvaziar as garrafas, pois eu não queria que alguém, pegando-as do lixo, também ficasse doente.

Admirado da lógica da filha, Gilberto suspirou, lembrando dos vinhos caros que foram perdidos. No entanto, não deixou de reconhecer a coragem e a determinação de Débora que tomara uma atitude, por acreditar que seria a melhor, embora pudesse ter consequências.  

Gilberto sentou-se, pegou a filha no colo, abraçou-a e disse comovido:

— Obrigado, minha filha, por me mostrar essa verdade. Você tem razão. Bebida alcoólica não faz bem a ninguém. 

— Então, você não está zangado comigo, papai?

— Não, filhinha. 

A menina respirou fundo e exclamou:  — Ainda bem! Depois que joguei as garrafas, fiquei com medo e pedi a Jesus que me ajudasse e me protegesse!...

Meimei

Fonte: O Consolador


CAP XXI – 05/07

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XXI – FALSOS CRISTOS E FALSOS PROFETAS

 

Desconfiai dos falsos profetas.

É útil em todos os tempos essa recomendação, mas, sobretudo, nos momentos de transição em que, como no atual, se elabora uma transformação da Humanidade, porque, então, uma multidão de ambiciosos e intrigantes se arvoram em reformadores e messias.

É contra esses impostores que se deve estar em guarda, correndo a todo homem honesto o dever de os desmascarar. Perguntareis, sem dúvida, como reconhecê-los.

Aqui tendes o que os assinala:

Somente a um hábil general, capaz de o dirigir, se confia o comando de um exército.

Julgais que Deus seja menos prudente do que os homens?

Ficai certos de que só confia missões importantes aos que Ele sabe capazes de as cumprir, porquanto as grandes missões são fardos pesados que esmagariam o homem carente de forças para carregá-los.

Em todas as coisas, o mestre há de sempre saber mais do que o discípulo; para fazer que a Humanidade avance moralmente e intelectualmente, são precisos homens superiores em inteligência e em moralidade.

Por isso, para essas missões são sempre escolhidos Espíritos já adiantados, que fizeram suas provas noutras

existências, visto que, se não fossem superiores ao meio em que têm de atuar, nula lhes resultaria a ação.

Isto posto, haveis de concluir que o verdadeiro missionário de Deus tem de justificar, pela sua superioridade, pelas suas virtudes, pela grandeza, pelo resultado e pela influência moralizadora de suas obras, a missão de que se diz portador. Tirai também esta outra consequência: se, pelo seu caráter, pelas suas virtudes, pela sua inteligência, ele se mostra abaixo do papel com que se apresente, ou da personagem sob cujo nome se coloca, mais não é do que um histrião de baixo estofo, que nem sequer sabe imitar o modelo que escolheu.

Outra consideração: os verdadeiros missionários de Deus ignoram-se a si mesmos, em sua maior parte; desempenham a missão a que foram chamados pela força do gênio que possuem, secundado pelo poder oculto que os inspira e dirige a seu mau grado, mas sem desígnio premeditado.

Numa palavra: os verdadeiros profetas se revelam por seus atos, são adivinhados, ao passo que os falsos profetas se dão, eles próprios, como enviados de Deus.

O primeiro é humilde e modesto; o segundo, orgulhoso e cheio de si, fala com altivez e, como todos os mendazes, parece sempre temeroso de que não lhe deem crédito.

Alguns desses impostores têm havido, pretendendo passar por apóstolos do Cristo, outros pelo próprio Cristo, e, para vergonha da Humanidade, hão encontrado pessoas assaz crédulas que lhes creem nas torpezas.

Entretanto, uma ponderação bem simples seria bastante a abrir os olhos do mais cego, a de que se o Cristo reencarnasse na Terra, viria com todo o seu poder e todas as suas virtudes, a menos se admitisse, o que fora absurdo, que houvesse degenerado.

Ora, do mesmo modo que, se tirardes a Deus um só de seus atributos, já não tereis Deus, se tirardes uma só de suas virtudes ao Cristo, já não mais o tereis.

Possuem todas as suas virtudes os que se dão como o Cristo?

Essa a questão.

Observai-os, perscrutai-lhes as ideias e os atos e reconhecereis que, acima de tudo, lhes faltam as qualidades distintivas do Cristo: a humildade e a caridade, sobejando-lhes as que o Cristo não tinha: a cupidez e o orgulho.

Notai, ademais, que neste momento há, em vários países, muitos pretensos Cristos, como há muitos pretensos Elias, muitos João ou Pedro e que não é absolutamente possível sejam verdadeiros todos.

Tende como certo que são apenas criaturas que exploram a credulidade dos outros e acham cômodo viver à custa dos que lhes prestam ouvidos.

Desconfiai, pois, dos falsos profetas, máxime numa época de renovação, qual a presente, porque muitos impostores se dirão enviados de Deus.

Eles procuram satisfazer na Terra à sua vaidade; mas uma terrível justiça os espera, podeis estar certos. – Erasto. (Paris, 1862.)

E.S.E. CAP XXI ITEM 9

 

 

A SERVA ESCANDALIZADA

 

Ante as exclamações de Dalila, a esposa de Azor, o tecelão, quanto às maldades de alguns publicanos de mau nome que a haviam desrespeitado, em praça pública, justamente quando procurava praticar o bem, relatou Jesus, com simplicidade:

— Piedosa mulher, desejando ser mensageira do Reino Divino na Terra, bateu às portas do Paraíso, rogando trabalho.

Foi atendida, cuidadosamente, por um anjo que lhe recomendou visitasse uma taberna para salvar dois homens bons, desprevenidos, que se haviam deixado embriagar, dominados por insinuações insufladas por Espíritos das trevas.

No dia seguinte, porém, a enviada reapareceu, chorosa, explicando ao Ministro do Eterno que lhe não fora possível satisfazer-lhe à determinação, porque o recanto indicado jazia repleto de jogadores a trocarem palavras obscenas e cruéis.

O anjo, então, mandou-a a um esconderijo em floresta próxima, a fim de socorrer uma criança desamparada.

No outro dia, porém, a emissária regressou, alegando que não lhe fora exequível o trabalho porque a furna ocultava vários homens e mulheres seminus a lhe ferirem o pudor feminino.

O Administrador Celeste, sem desanimar, designou-a para auxiliar uma senhora agonizante, mas, decorridas poucas horas, a colaboradora voltou, ruborizada, ao ponto de origem, informando de que não pudera nem mesmo penetrar o quarto da enferma, porque na antecâmara o esposo da doente, palestrando com certa mulher de baixa procedência, projetava um assassínio para a noite próxima.

O prestimoso Ministro do Alto, embora com algum desapontamento, determinou-lhe o auxílio a dois homens dementes situados em extenso vale de imundos.

No dia imediato, a serva escandalizada retornava, célere, esclarecendo que não conseguira alcançar o objetivo, porquanto os loucos viviam impressionados com cenas de vida impura, a lhe causarem extrema repugnância.

O Preposto do Altíssimo, depois de ouvi-la com manifesta estranheza, pediu-lhe amparar uma jovem que se achava em perigo, mas, em breve, regressava a cooperadora sensitiva, exclamando que a criatura mencionada podia ser vista numa festa desregrada, em repulsiva condição moral.

E assim a candidata ao trabalho celeste atravessou a semana, inutilmente, cultivando a ineficiência, sob variados pretextos.

Todavia, procurando de novo o anjo para solicitar-lhe serviço, dele ouviu a exortação de que se fizera merecedora:

— Minha irmã, continue, por enquanto, desenvolvendo o seu esforço nas vulgaridades da Terra.

— Oh! e por quê? — indagou, perplexa. — Não mereço abeirar-me da vida mais alta?

— Seus olhos estão cheios de malícia — elucidou o Ministro, tolerante —, e, para servir ao Senhor, o servo do bem retifica o escândalo, com amor e silêncio, sem se escandalizar.

Calou-se o Mestre por minutos longos; depois, concluiu sem afetação:

— Quem se demora na contemplação do mal, não está em condições de fazer o bem.

Os circunstantes entreolharam-se, espantadiços, e a oração final do culto doméstico foi pronunciada, enquanto, lá fora, a lua muito alva, desfazendo a treva noturna, simbolizava radioso convite do Céu ao sublime combate pela vitória da luz.

 

CAP 34 - JESUS NO LAR – NEIO LUCIO - FCX

 


CAP XXII – 06/07

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XXII – O QUE DEUS UNIU O HOMEM NÃO SEPARA

 

Imutável só há o que vem de Deus. Tudo o que é obra dos homens está sujeito a mudança. As Leis da Natureza são as mesmas em todos os tempos e em todos os países.

As leis humanas mudam segundo os tempos, os lugares e o progresso da inteligência.

No casamento, o que é de ordem divina é a união dos sexos, para que se opere a substituição dos seres que morrem; mas as condições que regulam essa união são de tal modo humanas, que não há, no mundo inteiro, nem mesmo na cristandade, dois países onde elas sejam absolutamente idênticas, e nenhum onde não hajam, com o tempo, sofrido mudanças.

Daí resulta que, em face da lei civil, o que é legítimo num país e em dada época, é adultério noutro país e noutra

época, isso pela razão de que a lei civil tem por fim regular os interesses das famílias, interesses que variam segundo os costumes e as necessidades locais.

Assim é, por exemplo, que, em certos países, o casamento religioso é o único legítimo; noutros é necessário, além desse, o casamento civil; noutros, finalmente, este último casamento basta.

Mas, na união dos sexos, a par da Lei divina material, comum a todos os seres vivos, há outra Lei divina, imutável como todas as Leis de Deus, exclusivamente moral: a lei de amor.

Quis Deus que os seres se unissem não só pelos laços da carne, mas também pelos da alma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se lhes transmitisse aos filhos e que fossem dois, e não um somente, a amá-los, a cuidar deles e a fazê-los progredir.

Nas condições ordinárias do casamento, a lei de amor é tida em consideração?

De modo nenhum.

Não se leva em conta a afeição de dois seres que, por sentimentos recíprocos, se atraem um para o outro, visto que, as mais das vezes, essa afeição é rompida.

O de que se cogita, não é da satisfação do coração, e sim da do orgulho, da vaidade, da cupidez, numa palavra: de todos os interesses materiais.

Quando tudo vai pelo melhor consoante esses interesses, diz-se que o casamento é de conveniência e, quando as bolsas estão bem aquinhoadas, diz-se que os esposos igualmente o são e muito felizes hão de ser.

Nem a lei civil, porém, nem os compromissos que ela faz se contraiam podem suprir a lei do amor, se esta não preside à união, resultando, frequentemente, separarem-se por si mesmos os que à força se uniram; torna-se um perjúrio, se pronunciado como fórmula banal, o juramento feito ao pé do altar.

Daí as uniões infelizes, que acabam tornando-se criminosas, dupla desgraça que se evitaria se, ao estabelecerem-se as condições do matrimônio, se não abstraísse da única que o sanciona aos olhos de Deus: a lei de amor.

Ao dizer Deus: “Não sereis senão uma só carne”, e quando Jesus disse: “Não separeis o que Deus uniu”, essas palavras se devem entender com referência à união segundo a lei imutável de Deus, e não segundo a lei mutável dos homens.

E.S.E. CAP XXII ITEM 2 E 3

 

 

MEU LAR É UM INFERNO...

O pobre homem chegara ao fundo do poço e resolveu procurar seu rabino para pedir conselhos.

- Santo rabi! - clamou ele. - As coisas estão indo mal comigo, e piorando a cada momento! Somos pobres, tão pobres, que minha esposa, meus seis filhos, meus sogros e eu temos que viver num casebre de um só cômodo. Estamos sempre no caminho uns dos outros e com os nervos à flor da pele por causa de todas as nossas desgraças. Não paramos de brigar e discutir. Acredite: meu lar é um inferno e eu preferiria morrer a continuar vivendo assim!

O rabino ponderou a questão gravemente.

- Meu filho - disse por fim, - prometa que fará exatamente como eu lhe disser e sua condição irá melhorar.

- Eu prometo, rabi - respondeu o homem atormentado. - Farei tudo e qualquer coisa que me pedir.

- Diga-me, então, que animais ainda possui?

- Tenho uma vaca, uma cabra e algumas galinhas.

- Ótimo! Volte para sua família e coloque as galinhas dentro de casa para morar com vocês.

O pobre homem ficou estupefato mas, como havia prometido ao rabino, voltou para casa e levou as galinhas para morar com a família dentro de casa.

Alguns dias depois, porém, retornou ao rabino e lamentou-se:

- Rabi! Fiz como você havia dito e levei as galinhas para dentro de casa. Mas o que aconteceu? Uma desgraça, rabi, uma desgraça. As coisas estão piores do que nunca! Minha vida está um verdadeiro inferno. A casa está agora cheia de penas e titica de galinha! Salva-me, rabi, salva-me, por favor!

- Meu filho - respondeu o rabino com serenidade. - Não se desespere. Volte para casa e coloque a cabra dentro de casa para morar com vocês. Deus irá ajudá-lo!

O pobre homem achou que ia enlouquecer, mas voltou para casa e levou a cabra para dentro de casa. Mas não demorou até que voltasse correndo até o rabino.

- Santo rabi! - lamuriou-se. - Ajude-me, salve-me! A cabra está destruindo tudo dentro de casa: está transformando a minha vida num pesadelo. O cheiro está insuportável e ninguém agüenta mais a sujeira.

- Meu filho - condoeu-se o rabino. - Não se desespere. Deus irá ajudá-lo. Volte para casa e traga também a vaca para morar com vocês.

O pobre homem achou que ia enlouquecer, mas voltou para casa e levou a vaca para morar com a família dentro de casa. Logo no dia seguinte, porém, voltou desesperado ao rabino.

- Rabi, rabi! Seus conselhos só estão nos trazendo desgraças! As coisas não param de piorar. A vaca transformou minha casa num curral e agora estamos vivendo de fato no meio da bosta. Como pode um ser humano dividir o seu espaço com um animal? É um inferno, rabi, um inferno!

- Meu filho, você tem razão. Volte e tire todos os bichos de dentro de casa.

No mesmo dia o homem correu para procurar o rabino.

- Rabi, rabi! - gritou ele com o rosto resplandecente. - Minha vida voltou a ser um paraíso. A casa está limpa, sossegada e vazia como não se via há muito tempo. É um prazer viver nela.

Hassidismo

Do livro: Histórias da Alma, Histórias do Coração

Coleção Buscas - Editora Pioneira

 


CAP XXIII – 07/07

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XXIII – MORAL ESTRANHA

 

Quando Jesus declara: “Não creais que Eu tenha vindo trazer a paz, mas sim a divisão, seu pensamento, era este:

“Não creais que a minha doutrina se estabeleça pacificamente; ela trará lutas sangrentas, tendo por pretexto o meu nome, porque os homens não me terão compreendido, ou não me terão querido compreender.

Os irmãos, separados pelas suas respectivas crenças, desembainharão a espada um contra o outro e a divisão reinará no seio de uma mesma família, cujos membros não partilhem da mesma crença.

Vim lançar fogo à Terra para expungi-la dos erros e dos preconceitos, do mesmo modo que se põe fogo a um campo para destruir nele as ervas más, e tenho pressa de que o fogo se acenda para que a depuração seja mais rápida, visto que do conflito sairá triunfante a verdade.

À guerra sucederá a paz; ao ódio dos partidos, a fraternidade universal; às trevas do fanatismo, a luz da fé esclarecida.

Então, quando o campo estiver preparado, Eu vos enviarei o Consolador, o Espírito de Verdade, que virá restabelecer todas as coisas, isto é, que, dando a conhecer o sentido verdadeiro das minhas palavras, que os homens mais

esclarecidos poderão enfim compreender, porá termo à luta fratricida que desune os filhos do mesmo Deus.

Cansados, afinal, de um combate sem resultado, que consigo traz unicamente a desolação e a perturbação até o seio das famílias, reconhecerão os homens onde estão seus verdadeiros interesses, com relação a este mundo e ao outro. Verão de que lado estão os amigos e os inimigos da tranquilidade deles.

Todos então se porão sob a mesma bandeira: a da caridade, e as coisas serão restabelecidas na Terra, de acordo com a verdade e os princípios que vos tenho ensinado.”

O Espiritismo vem realizar, na época prevista, as promessas do Cristo. Entretanto, não o pode fazer sem destruir os abusos.

Como Jesus, ele topa com o orgulho, o egoísmo, a ambição, a cupidez, o fanatismo cego, os quais, levados às suas últimas trincheiras, tentam barrar-lhe o caminho e lhe suscitam entraves e perseguições.

Também ele, portanto, tem de combater; mas o tempo das lutas e das perseguições sanguinolentas passou; são todas de ordem moral as que terá de sofrer e próximo lhes está o termo.

As primeiras duraram séculos; estas durarão apenas alguns anos, porque a luz, em vez de partir de um único foco, irrompe de todos os pontos do globo e abrirá mais de pronto os olhos aos cegos.

E.S.E. CAP XXIII – ITENS 16/17

 

O URSO E O ZOOLÓGICO

Diz a lenda que o zoológico de Denver estava muito interessado em adquirir um urso polar.

O diretor do zoológico naquela época, um velho senhor de cabelos grisalhos e grandes barbas brancas, tinha uma queda por ursos polares.

Ele sempre admirara seus corpos grandes e musculosos, e respeitara a inteligência primordial que ele sentia demonstrarem em seus movimentos lentos, mas elegantes e pelo que ele via em seus olhos penetrantes.

Acima de tudo, entretanto, ele gostava de sua longa e densa pele de puro branco, que o lembravam das madeixas que adornavam seu próprio rosto.

Por causa desta especial afinidade que ele sentia pelos ursos, o diretor decidiu que os ursos polares do Zoológico de Denver deveriam ter as maiores e mais naturalísticas jaulas dentre todos os animais do zoo.

Assim ele pôs seus projetistas, engenheiros e operários para trabalhar na construção de um cercado tão grande e naturalístico em sua representação do esplendor da região ártica, que iria superar em arte e valor as jaulas de qualquer um dos maiores e mais famosos zoológicos do mundo.

A construção do cercado do urso polar andava pela metade, quando foi oferecido ao diretor um bom negócio de um dos mais bonitos ursos polares que até então vira.

De fato, ao inspecionar o animal, o diretor quase achou que fitava um espelho, quando olhou dentro dos olhos do bruto e este, balançando para frente e para trás, devolveu o olhar fixo do diretor.

Como bons negócios com ursos polares não aparecem todo dia (e ainda mais o de um exemplar tão magnífico), o diretor decidiu ir em frente e comprar o urso, mesmo com o cercado apenas parcialmente construído.

O urso foi sedado e quando acordou estava em uma pequena jaula feita com grossas barras de metal, colocada bem no meio do gigantesco cercado naturalístico ainda em obras.

Ele permaneceria na jaula menor até que a estrutura maior estivesse pronta.

O pequeno cercado era grande apenas o suficiente para que o urso polar desse quatro passos de bom tamanho antes de dar de cara com as frias barras de metal.

Nada mais tendo a fazer enquanto residia na pequena jaula, o urso logo desenvolveu um hábito de caminhar pelo minúsculo ambiente.

Ele dava quatro passos um uma direção, empinava sobre as patas traseiras para lentamente girar 180 graus, com uma convicção de que somente ursos polares são capazes, para dar quatro passos na direção oposta antes de empinar lentamente, levantar as patas dianteiras e fazer a volta.

Durante todo o dia o urso caminhava vagarosamente para frente e para trás na sua jaula, atentamente observando os operários que trabalhavam no imenso cercado em volta.

Finalmente, após meses de trabalho duro, os operários do zoológico terminaram a nova casa do urso polar.

O urso foi novamente sedado e a pequena jaula de metal que fora o mundo do urso por tantos meses foi removida. Uma multidão de visitantes, juntamente com todos os funcionários e operários do zoológico e, é claro, o orgulhoso diretor, se amontoaram ao redor do cercado e ansiosamente esperaram para ver como o urso se sairia no seu novo e magnífico ambiente.

O urso polar acordou, cautelosamente apoiou-se nos pés e sacudiu da cabeça os restos do sono induzido pela droga.

O diretor quase podia sentir a excitação que certamente estava sendo construída no peito do urso enquanto se preparava para explorar seu belo ambiente natural.

Ele ansiosamente assistiu ao urso dar quatro lentos, mas resolutos passos antes de empinar, patas dianteiras ao ar, e se virar para dar quatro passos na outra direção, empinando novamente enquanto se virava e caminhava sobre seus primeiros passos e empinava... 

 

Robert B. Dilts No livro Neuro-Linguistic Programming Vol. I (Meta Publications) Tradução: Virgílio Vasconcelos Vilela. 

 

“MUDANÇAS DE HÁBITOS E IDEIAS DEPENDEM DO RACIOCÍNIO CLARO E OTIMISTA. SÃO DIFÍCEIS, MAS TRAZEM MELHORES RESPOSTAS À VIDA.”

 


CAP XXIV – 08/07

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XXIV – NÃO COLOCAR A CANDEIA DEBAIXO DO ALQUEIRE

 

A coragem das opiniões próprias sempre foi tida em grande estima entre os homens, porque há mérito em afrontar os perigos, as perseguições, as contradições e até os simples sarcasmos, aos quais se expõe, quase sempre, aquele que não teme proclamar abertamente ideias que não são as de toda gente.

Aqui, como em tudo, o merecimento é proporcionado às circunstâncias e à importância do resultado.

Há sempre fraqueza em recuar alguém diante das consequências que lhe acarreta a sua opinião e em renegá-la; mas há casos em que isso constitui covardia tão grande, quanto fugir no momento do combate.

Jesus profliga essa covardia, do ponto de vista especial da sua doutrina, dizendo que, se alguém se envergonhar de suas palavras, desse também Ele se envergonhará; que renegará aquele que o haja renegado; que reconhecerá, perante o Pai que está nos céus, aquele que o confessar diante dos homens.

Por outras palavras: aqueles que se houverem arreceado de se confessarem discípulos da verdade não são dignos de se ver admitidos no Reino da Verdade.

Perderão as vantagens da fé que alimentem, porque se trata de uma fé egoísta que eles guardam para si, ocultando-a para que não lhes traga prejuízo neste mundo, ao passo que aqueles que, pondo a verdade acima de seus interesses materiais, a proclamam abertamente, trabalham pelo seu próprio futuro e pelo dos outros.

Assim será com os adeptos do Espiritismo.

Pois que a doutrina que professam mais não é do que o desenvolvimento e a aplicação da do Evangelho, também a eles se dirigem as palavras do Cristo.

Eles semeiam na Terra o que colherão na vida espiritual.

Colherão lá os frutos da sua coragem ou da sua fraqueza.

E.S.E. CAP XXIV ITENS 15 E 16

 

A OSTRA

Gina era uma ostra que vivia no fundo do oceano.

Morava dentro de duas conchas que lhe serviam de proteção contra animais predadores.

Achava sua vida muito boa, passeava pelo oceano, conhecendo lugares maravilhosos e, quando sentia fome, bastava abrir suas conchas e esperar que algumas algas marinhas se acomodassem no seu interior.

Um dia, quando Gina se alimentava de algas, um grão de areia aproveitou a oportunidade e se alojou no seu delicado corpo.

Ao sentir aquele corpo estranho dentro de si, tentou expulsá-lo.

Que incômodo!!!!!

Abriu novamente suas conchas para que ele saísse naturalmente.

O esforço, porém, foi em vão, pois o grão de areia havia se agarrado fortemente ao seu corpinho.

Percebendo que não havia a menor possibilidade de se livrar do intruso, Gina procurou outra solução.

Foi quando teve a ideia.

-  "Já que não é possível o grão sair da minha casa, preciso descobrir uma maneira de conviver bem com ele".

E, Gina produziu um invólucro para o grão e descobriu uma forma de sua aspereza não mais incomodá-la.

Cobriu o grão de areia com seus próprios fluidos e... A partir de então, gerou-se dentro da ostra uma pedra lisa e brilhante.

Certo dia, quando Gina abriu suas conchas para se alimentar, um pescador que passava por ali, notou a linda pedra no seu interior e delicadamente a retirou dali.

Maravilhado com a delicadeza da pedra, batizou-a com o nome de "pérola" levando-a de presente para sua esposa.  Assim Gina pode livrar-se do intruso.

Transformou algo que a incomodava em um delicado presente, que hoje todos admiram.

 

Autor desconhecido - Enviada por: Edeli Arnaldi

 

“CUIDE BEM DE SUAS PÉROLAS. ALGUÉM SABERÁ VALORIZA-LAS.”

 


CAP XXV – 09/07

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XXV – BUSCAI E ACHAREIS

 

EFEITOS DA PRECE

A prece é uma aspiração sublime, à qual Deus concedeu um poder tão mágico que os Espíritos a reclamam para si constantemente.

Suave orvalho, é um refrigério para o pobre exilado na Terra e um arranjo frutuoso para a alma em prova.

A prece age diretamente sobre o Espírito a quem é dirigida; não transforma espinhos em rosas, mas modifica sua vida de sofrimentos; não tem poder sobre a vontade imutável de Deus, mas imprime esse impulso de vontade que levanta a sua coragem, ao dar-lhe força para lutar contra as provas e as dominar.

Por esse meio é abreviado o caminho que conduz a Deus e, como efeito maravilhoso, nada pode ser comparado à prece.

Aquele que blasfema contra a prece não passa de Espírito inferior, de tal modo terreno e atrasado que nem mesmo compreende que deve se agarrar a essa tábua de salvação para se salvar.

Orar: palavra descida do Céu, é a gota de orvalho no cálice de uma flor, é o sustentáculo do caniço durante a tormenta, é a tábua do pobre náufrago durante a tempestade, é o abrigo do mendigo e do órfão, é o berço para a criança dormir.

Emanação divina, a prece nos liga a Deus pela linguagem, fazendo-o interessar-se por nós; orar a Ele é amá-lo; suplicar-lhe por um irmão é um ato de amor dos mais meritórios.

Vinda do coração, a prece contém a chave dos tesouros da graça; é o ecônomo que dispensa benefícios em nome da infinita misericórdia.

A alma, elevada para Deus por um desses impulsos sublimes da prece, desprendida de seu envoltório grosseiro, apresenta-se cheia de confiança diante dele, segura de obter o que pede com humildade.

Orai, oh! orai! fazei um reservatório de vossas santas aspirações, que será despejado no dia da justiça.

Preparai o celeiro da abundância, tão precioso durante a escassez; escondei o tesouro de vossas preces até o dia escolhido por Deus para distribuir o rico depósito.

Acumulai para vós e para os vossos irmãos, o que diminuirá as vossas angústias e vos fará transpor mais rapidamente o espaço que vos separa de Deus.

Refleti em vossa miserável natureza, contai vossas decepções, vossos perigos, sondai o abismo

tão profundo aonde vos podem arrastar as paixões, olhai em torno de vós os que caem e sentireis a imperiosa necessidade de recorrer à prece.

A oração é a âncora de salvação que impedirá a destruição do vosso navio, tão agitado pelas desordens do mundo.

Teu Espírito Familiar – (Guia Espiritual De Kardec - 15 Outubro 1860)

REVISTA ESPÍRITA - NOVEMBRO DE 1861

 

 

MODO CORRETO DE ORAR

Um Monge de grande devoção e instruído, atravessava uma vez um rio em um barco quando ao passar ao lado de uma pequena ilhota, ouviu uma voz de um homem que muito torpemente tentava elevar suas preces.

O íntimo do monge não pode mais que entristecer-se.

- Como era possível que alguém fora capaz de entoar tão mal aqueles mantras?

Talvez aquele homem ignorasse que os mantras deviam ser recitados com entonação adequada, com ritmo e musicalidade precisas, com pronúncia perfeita.

Decidiu então ser generoso e desviando-se de seu rumo aproximou-se a ilhota para instruir aquele homem sobre a importância da correta execução dos mantras.

Não era em vão que se considerava um grande especialista e aqueles mantras não tinham para ele qualquer segredo. Quando desembarcou na ilhota, pode ver um pobre homem de aspecto sossegado cantando alguns mantras um pouco sem acerto.

O monge, com serena paciência, dedicou algumas horas a instruir minuciosamente aquele indivíduo que a cada momento mostrava efusivas mostras de agradecimento a seu instrutor.

Quando entendeu que por fim aquele sujeito poderia recitar os mantras com certa capacidade despediu-se dele, advertindo-lhe:

- E lembre-se meu bom amigo, é tal a potência destes mantras que sua correta pronúncia permite que um homem seja capaz de caminhar sobre as águas.

E foi-se embora satisfeito com o favor prestado.

Mas apenas havia percorrido alguns metros com seu barco, ouviu a voz daquele homem a recitar os mantras ainda pior que antes.

- Que horror!

Há pessoas que são incapazes de aprender nada de nada, assim pensou o monge.

- Ei, monge - escutou atrás de si, uma voz muito perto.

Ao voltar-se viu o pobre homem que, caminhando sobre a as águas, aproximava-se de seu barco:

- Nobre monge, já me esqueci de tuas instruções sobre o modo correto de recitar os mantras. Serias, tão amável para repeti-los?

 

Desconheço a autoria

 


CAP XXVI – 10/07

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XXVI – DAR DEM GRAÇA O QUE DE GRAÇA RECEBER

 

Quem conhece as condições em que os bons Espíritos se comunicam, a repulsão que sentem por tudo o que é de interesse egoístico, e sabe quão pouca coisa se faz mister para que eles se afastem, jamais poderá admitir que os Espíritos superiores estejam à disposição do primeiro que apareça e os convoque a tanto por sessão.

O simples bom senso repele semelhante ideia.

Não seria também uma profanação evocarmos, por dinheiro, os seres que respeitamos, ou que nos são caros?

É fora de dúvida que se podem assim obter manifestações; mas quem lhes poderia garantir a sinceridade?

Os Espíritos levianos, mentirosos, brincalhões e toda a caterva dos Espíritos inferiores, nada escrupulosos, sempre acorrem, prontos a responder ao que se lhes pergunte, sem se preocuparem com a verdade.

Quem, pois, deseje comunicações sérias deve, antes de tudo, pedi-las seriamente e, em seguida, inteirar-se da natureza das simpatias do médium com os seres do mundo espiritual.

Ora, a primeira condição para se granjear a benevolência dos bons Espíritos é a humildade, o devotamento, a abnegação, o mais absoluto desinteresse moral e material.

E.S.E. CAP XXVI ITEM 8

 

A DIVINDADE DOS HOMENS

Houve um tempo em que todos os homens eram deuses.

Mas eles abusaram tanto de sua divindade que Brahma, o mestre dos deuses, tomou a decisão de lhes retirar o poder divino.

Resolveu então escondê-lo em um lugar onde seria absolutamente impossível reencontrá-lo.

O grande problema era encontrar um esconderijo.

Brahma convocou um conselho dos deuses menores, para juntos resolverem o problema.

- Enterremos a divindade do homem na terra, foi a primeira ideia dos deuses.

- Não, isso não basta, pois o homem vai cavar e encontrá-la.

Então os deuses retrucaram:

- Joguemos a divindade no fundo dos oceanos.

Mas Brahma não aceitou a proposta, pois achou que o homem, um dia iria explorar as profundezas dos mares e a recuperaria. Então os deuses concluíram:

- Não sabemos onde escondê-la, pois não existe na terra ou no mar lugar que o homem não possa alcançar um dia.

Brahma então se pronunciou:

- Eis o que vamos fazer com a divindade do homem: vamos escondê-la nas profundezas dele mesmo, pois será o único lugar onde ele jamais pensará em procurá-la.

Desde esse tempo, conclui a lenda, o homem deu a volta na terra, explorou escalou, mergulhou e cavou, em busca de algo que se encontra nele mesmo.

 

Desconheço a autoria

 


CAP XXVII – 11/07

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XXVII – PEDI E OBTEREIS

 

A prece é uma invocação, mediante a qual o homem entra, pelo pensamento, em comunicação com o ser a quem se dirige.

Pode ter por objeto um pedido, um agradecimento, ou uma glorificação.

Podemos orar por nós mesmos ou por outrem, pelos vivos ou pelos mortos.

As preces feitas a Deus escutam-nas os Espíritos incumbidos da execução de suas vontades; as que se dirigem aos bons Espíritos são reportadas a Deus.

Quando alguém ora a outros seres que não a Deus, fá-lo recorrendo a intermediários, a intercessores, porquanto nada sucede sem a vontade de Deus.

O Espiritismo torna compreensível a ação da prece, explicando o modo de transmissão do pensamento, quer no caso em que o ser a quem oramos acuda ao nosso apelo, quer no em que apenas lhe chegue o nosso pensamento.

Para apreendermos o que ocorre em tal circunstância, precisamos conceber mergulhados no fluido universal, que ocupa o Espaço, todos os seres, encarnados e desencarnados, tal qual nos achamos, neste mundo, dentro da atmosfera. Esse fluido recebe da vontade uma impulsão; ele é o veículo do pensamento, como o ar o é do som, com a diferença de que as vibrações do ar são circunscritas, ao passo que as do fluido universal se estendem ao infinito.

Dirigido, pois, o pensamento para um ser qualquer, na Terra ou no Espaço, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece entre um e outro, transmitindo de um ao outro o pensamento, como o ar transmite o som.

A energia da corrente guarda proporção com a do pensamento e da vontade.

É assim que os Espíritos ouvem a prece que lhes é dirigida, qualquer que seja o lugar onde se encontrem; é assim que os Espíritos se comunicam entre si, que nos transmitem suas inspirações, que relações se estabelecem a distância entre encarnados.

Essa explicação vai, sobretudo, com vistas aos que não compreendem a utilidade da prece puramente mística.

Não tem por fim materializar a prece, mas tornar-lhe inteligíveis os efeitos, mostrando que pode exercer ação direta e efetiva.

Nem por isso deixa essa ação de estar subordinada à vontade de Deus, Juiz supremo em todas as coisas, único apto a torná-la eficaz.

Pela prece, obtém o homem o concurso dos bons Espíritos que acorrem a sustentá-lo em suas boas resoluções e a inspirar-lhe ideias sãs.

Ele adquire, desse modo, a força moral necessária a vencer as dificuldades e a volver ao caminho reto, se deste se afastou.

Por esse meio, pode também desviar de si os males que atrairia pelas suas próprias faltas.

Um homem, por exemplo, vê arruinada a sua saúde, em consequência de excessos a que se entregou, e arrasta, até o termo de seus dias, uma vida de sofrimento: terá ele o direito de queixar-se, se não obtiver a cura que deseja?

Não, pois que houvera podido encontrar na prece a força de resistir às tentações.

E.S.E. CAP XXVII – ITENS 9 A 11

 

A CADEIRA VAZIA

Era uma singela igreja, frequentada por moradores da região daquele distante bairro de Londres.

Os anos se passavam e o pequeno grupo se mantinha constante nas reuniões, ocupando sempre os mesmos lugares.

Foi por isso mesmo muito fácil ao pastor descobrir certo dia, uma cadeira vazia.

Estranhou, mas logo esqueceu.

Na semana seguinte, a mesma cadeira vazia lá estava e ninguém soube informar o que estava acontecendo.

Na terceira ausência, o pastor resolveu visitar o faltoso.

No dia frio, foi encontrá-lo sentado, muito confortável, ao lado da lareira de sua casa, a ler.

Você está doente, meu filho? Perguntou.

A resposta foi negativa. Ele estava bem.

Talvez estivesse atravessando algum problema, ousou falar o pastor, preocupado.

Mas estava tudo em ordem.

E o homem foi explicando que simplesmente deixara de comparecer.

Afinal, ele frequentava o culto há mais de vinte anos.

Sentava na mesma cadeira, pronunciava as mesmas orações, cantava os mesmos hinos, ouvia os mesmos sermões.

Não precisava mais comparecer. Ele já sabia tudo de cor.

O pastor refletiu por alguns momentos. Depois, se dirigiu até à lareira, atiçou o fogo e de lá retirou uma brasa.

Ante o olhar surpreso do dono da casa, colocou a brasa sobre a soleira de mármore, na janela.

Longe do braseiro, ela perdeu o brilho e se apagou.

Logo, era somente um carvão coberto de cinza.

Então o homem entendeu. Levantou-se de sua cadeira, caminhou até o pastor e falou: tudo bem, pastor, entendi a mensagem.

E voltou para a igreja.

Todos nós somos brasas no braseiro da fé.

Se mantemos regular frequência ao templo religioso, estudando e trabalhando, nos conservamos acesos e quentes.

Mas, exatamente como fazem as brasas, é preciso estender o calor.

Assim, acostumemos a não somente orar, pedir e esperar graças.

Iluminados pelo evangelho de Jesus, nos disponhamos a agir em favor dos nossos irmãos.

Como as brasas unidas se transformam em um imenso fogaréu, clareando a escuridão e aquecendo as noites frias, unidos aos nossos irmãos de ideal, poderemos estabelecer o calor da esperança em muitas vidas.

Abrasados pelo amor a Jesus, poderemos transformar horas monótonas em trabalho no bem.

 

Fonte:Revista Reformador nº 2.054 de maio/2000 – A cadeira vazia de Richard Simonetti

 


CAP XXVIII – 12/07

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XXVIII – COLETÂNEA DE PRECES ESPÍRITAS

 

Os Espíritos hão dito sempre: “A forma nada vale, o pensamento é tudo. Ore, pois, cada um segundo suas convicções e da maneira que mais o toque.

Um bom pensamento vale mais do que grande número de palavras com as quais nada tenha o coração.”

Os Espíritos jamais prescreveram qualquer fórmula absoluta de preces.

Quando dão alguma, é apenas para fixar as ideias e, sobretudo, para chamar a atenção sobre certos princípios da Doutrina Espírita.

Fazem-no também com o fim de auxiliar os que sentem embaraço para externar suas ideias, pois alguns há que não acreditariam ter orado realmente, desde que não formulassem seus pensamentos.

O objetivo da prece consiste em elevar nossa alma a Deus; a diversidade das fórmulas nenhuma diferença deve criar entre os que nele creem, nem, ainda menos, entre os adeptos do Espiritismo, porquanto Deus as aceita todas quando sinceras.

O Espiritismo reconhece como boas as preces de todos os cultos, quando ditas de coração, e não de lábios somente. Nenhuma impõe, nem reprova nenhuma.

Deus, segundo ele, é sumamente grande para repelir a voz que lhe suplica ou lhe entoa louvores, porque o faz de um

modo, e não de outro.

Quem quer que lance anátema às preces que não estejam no seu formulário provará que desconhece a grandeza de Deus.

Crer que Deus se atenha a uma fórmula é emprestar-lhe a pequenez e as paixões da Humanidade.

Condição essencial à prece, segundo Paulo é que seja inteligível, a fim de que nos possa falar ao espírito.

Para isso, não basta seja dita numa língua que aquele que ora compreenda.

Há preces em língua vulgar que não dizem ao pensamento muito mais do que se fossem proferidas em língua estrangeira, e que, por isso mesmo, não chegam ao coração.

As raras ideias que elas contêm ficam, as mais das vezes, abafadas pela superabundância das palavras e pelo misticismo da linguagem.

A qualidade principal da prece é ser clara, simples e concisa, sem fraseologia inútil, nem luxo de epítetos, que são meros adornos de lentejoulas.

Cada palavra deve ter alcance próprio, despertar uma ideia, pôr em vibração uma fibra da alma.

Numa palavra: deve fazer refletir.

Somente sob essa condição pode a prece alcançar o seu objetivo; de outro modo, não passa de ruído.

E.S.E. CAP XXVIII ITEM 1

 

 

O PESO DA FÉ

Uma pobre senhora, com visível ar de derrota estampado no rosto, entrou num armazém, aproximou-se do proprietário conhecido pelo seu jeito grosseiro, e lhe pediu fiado alguns mantimentos.

Ela explicou que o seu marido estava muito doente, não podia trabalhar e que tinham sete filhos para alimentar.

O dono do armazém zombou dela e pediu que se retirasse do seu estabelecimento.

Pensando na necessidade da sua família ela implorou:

- "Por favor senhor, eu lhe darei o dinheiro assim que eu o tiver..."

Ao que o comerciante lhe respondeu que ela não tinha crédito e nem conta na sua loja.

Em pé no balcão ao lado, um freguês que assistia a conversa entre os dois se aproximou do dono do armazém e lhe disse que ele deveria dar o que aquela mulher necessitava para a sua família, por sua conta.

Então o comerciante falou meio relutante para a mulher: - "Você tem uma lista de mantimentos?"

- "Sim", respondeu ela ...

- "Muito bem, coloque a sua lista na balança e o quanto ela pesar, eu lhe darei em mantimentos".

A pobre mulher hesitou por uns instantes e com a cabeça curvada, retirou da bolsa um pedaço de papel, escreveu alguma coisa e o depositou suavemente na balança.

Os três ficaram admirados quando o prato da balança com o papel desceu e permaneceu embaixo.

Completamente pasmado com o marcador da balança, o comerciante virou-se lentamente para o seu freguês e comentou contrariado: - "Eu não posso acreditar!"

O freguês sorriu e o homem começou a colocar os mantimentos no outro prato da balança.

Como a escala da balança não equilibrava, ele continuou colocando mais e mais mantimentos até não caber mais nada.

O comerciante ficou parado ali por uns instantes olhando para a balança, tentando entender o que havia acontecido...

Finalmente, ele pegou o pedaço de papel da balança e ficou espantado pois não era uma lista de compras e sim uma oração que dizia:

- "Meu Deus, o senhor conhece as minhas necessidades e eu estou deixando isto em suas mãos..."

O homem deu as mercadorias para a mulher no mais completo silêncio. Ela agradeceu e deixou o armazém.

O freguês pagou a conta, dizendo: - "Valeu cada centavo!"

Só mais tarde o comerciante pode reparar que a balança havia quebrado. Só Deus sabe o quanto pesa uma prece...

 

Texto enviado por Odir de Oliveira


 

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ENTENDER O EVANGELHO É SITUA-LO EM NOSSA VIDA ÍNTIMA!

AOS ORADORES DO EVANGELHO, PARA QUE NOSSA TAREFA SEJA DE ACORDO COM O ESPERADO POR JESUS!

“APASCENTA AS MINHAS OVELHAS” – JESUS. (JOÃO, 21:17)

Significativo é o apelo do Divino Pastor ao coração amoroso de Simão Pedro para que lhe continuasse o apostolado.

Observando na Humanidade o seu imenso rebanho, Jesus não recomenda medidas drásticas em favor da disciplina compulsória.

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Isso equivale a dizer: - Irmão, sustenta os companheiros mais necessitados que tu mesmo.

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Ajuda ao próximo, ao invés de vergastá-lo.

Educa sempre.

Revela-te por trabalhador fiel.

Sê exigente para contigo mesmo e ampara os corações enfermiços e frágeis que te acompanham os passos.

Se plantares o bem, o tempo se incumbirá da germinação, do desenvolvimento, da florescência e da frutificação, no instante oportuno.

Não analises, destruindo.

O inexperiente de hoje pode ser o mentor de amanhã.

Alimenta a “boa parte” do teu irmão e segue para adiante.

A vida converterá o mal em detritos e o Senhor fará o resto.

(Texto número 19, extraído do livro Fonte Viva, de Emmanuel, psicografado por Chico Xavier)


IRMÃOS, RESPONSÁVEIS PELA ORATÓRIA DO EVANGELHO E DA APROXIMAÇÃO DOS OUVINTES ÀS MENSAGENS DE JESUS,

NÃO NOS ESQUEÇAMOS DO PEDIDO DO MESTRE,

APASCENTEMOS AS OVELHAS COM A DOÇURA POSSÍVEL,

COM A CONFIANÇA NECESSÁRIA,

E PRINCIPALMENTE COM O AMOR QUE DEVEMOS À QUEM ESPERA DE NÓS,

APENAS, QUE FAÇAMOS A NOSSA PARTE.

VIBRAÇÕES

VIBRAÇÕES: COMO FUNCIONAM AS VIBRAÇÕES E AS PRECES FEITAS PARA OS NECESSITADOS?

A CURA ATRAVÉS DAS VIBRAÇÕES

Certa moça, contrariada em suas inclinações, havia-se casado com um homem a quem não amava.

A mágoa que sofreu levou-a a um distúrbio mental.

Sob o domínio de uma ideia fixa, perdeu a razão e teve de ser internada.

Ela jamais ouvira falar de Espiritismo.

Se dele se tivesse ocupado teriam dito que os Espíritos lhe haviam transtornado a cabeça.

O mal provinha, assim, de uma causa moral acidental e exclusivamente pessoal.

Compreende-se que em tais casos os remédios normais nenhum efeito produzem, e como não havia obsessão, podia-se, também, duvidar do efeito da prece.

Um amigo da família e membro da Sociedade Espírita de Paris, julgou dever interrogar um Espírito superior, que respondeu:

- A ideia fixa dessa senhora, por sua mesma causa, atrai em sua volta uma porção de Espíritos maus, que a envolvem com seus fluidos e alimentam as suas idéias, impedindo que lhe cheguem as boas influências.

Os Espíritos dessa natureza abundam sempre em semelhantes meios e constituem, sempre, obstáculo à cura dos doentes.

Contudo podereis curá-la, mas para tanto é necessário uma força moral capaz de vencer a resistência.

E tal força não é dada a um só.

Cinco ou seis espíritas sinceros se reúnam todos os dias, durante alguns instantes e peçam com fervor a Deus e aos bons Espíritos que a assistam; que a vossa prece seja, ao mesmo tempo, uma magnetização mental.

Para tanto não necessitais estar junto a ela, ao contrário.

Pelo pensamento podeis levar-lhe uma salutar corrente fluídica, cuja força estará na razão de vossa intenção, aumentada pelo número.

Por tal meio podereis neutralizar o mau fluido que a envolve.

Fazei isto: tende fé em Deus e esperai."

Seis pessoas se dedicaram a esta obra de caridade e, durante um mês não faltaram à missão aceita.

Depois de alguns dias a doente estava sensivelmente mais calma; quinze dias mais tarde a melhora era manifesta e agora voltou para sua casa em estado perfeitamente normal, ignorando ainda, como o seu marido, de onde lhe veio a cura.

A maneira de agir é aqui indicada claramente e nada teríamos a acrescentar de mais preciso à explicação dada pelo Espírito.

A prece não tem apenas o efeito de levar ao doente um socorro estranho, mas o de exercer uma ação magnética.

Que não poderia o magnetismo ajudado pela prece!

Infelizmente certos magnetizadores, a exemplo de muitos médicos, fazem abstração do elemento espiritual; vêem apenas a ação mecânica, assim se privando de poderoso auxiliar.

Esperamos que os verdadeiros espíritas vejam no fato mais uma prova do bem que podem fazer em circunstâncias semelhantes.

Allan Kardec

CAUSAS DA OBSESSÃO E MEIOS DE COMBATE-LA - REVISTA ESPÍRITA, JANEIRO DE 1863 - ALLAN KARDEC


PRECE POR ENTENDIMENTO

Senhor Jesus!

Auxilia-nos a compreender mais, a fim de que possamos servir melhor, já que somente assim as bênçãos que nos concedes podem fluir, através de nós, em nosso apoio e em favor de todos aqueles que nos compartilham a existência.

Induze-nos à prática do entendimento que nos fará observar os valores que, porventura, conquistemos, não na condição de propriedade nossa e sim por manancial de recursos que nos compete mobilizar no amparo de quantos ainda não obtiveram as vantagens que nos felicitam a vida.

E ajuda-nos, oh! Divino Mestre, a converter as oportunidades de tempo e trabalho com que nos honraste em serviço aos semelhantes, especialmente na doação de nós mesmos, naquilo que sejamos ou naquilo que possamos dispor, de maneira a sermos hoje melhores do que ontem, permanecendo em Ti, tanto quanto permaneces em nós, agora e sempre.

Assim seja.

Emmanuel : Francisco Cândido Xavier - Livro: Paciência

DEZ MANEIRAS DE AJUDAR COM SEGURANÇA

NÃO DISCUTA

Se você é aprendiz do Evangelho, não ignora que o Divino Mestre permanece atento, na redenção do mundo, e que devemos estar vigilantes na execução do serviço que nos compete.

NÃO CRITIQUE

Observemos o setor de nossas obrigações e realizemos o melhor na obra geral, usando as possibilidades ao nosso alcance.

NÃO RECLAME

Contentarmo-nos com o ato de servir é simples dever e quem centraliza a mente na tarefa que lhe é própria não dispõe de tempo para formular queixas inoportunas.

NÃO CONDENE

Reparemos a parte aproveitável nas situações difíceis e esqueçamos todo mal.

NÃO EXIJA

Coopere sem rogar a colaboração alheia, de vez que a responsabilidade pertence a todos e cada um de nós será examinado de acordo com as próprias obras.

NÃO FUJA

Jamais olvide que o problema é a lição da vida. O aluno que teme o ensinamento, descerá naturalmente à retaguarda.

NÃO SE PRECIPITE

Usemos a serenidade. O trabalhador que sabe aproveitar os minutos e respeitá-los, nunca sofre os castigos do tempo.

NÃO TEMA

Quando fixamos o cérebro e o coração em Cristo somos simples agentes d’Ele e quem cumpre a Vontade do Mestre, não deve nem pode recear coisa alguma.

NÃO SE ENGANE

Ninguém precisa aplicar os raios candentes na verdade, a propósito dos mínimos acontecimentos da vida, desfigurando a alegria que deve imperar nos domínios da sementeira e da esperança, mas não perca de vista o que é essencial ao seu progresso, à sua felicidade e à sua redenção para o grande caminho.

NÃO SE ENTRISTEÇA

Lembre-se de que o Nosso Mestre é o Salvador pela Ressurreição. Sofrimento, amargura e morte são sombras. A cruz do Amigo Divino era degrau para a Glória Celeste. Seja esse pensamento uma luz permanente em nossa alma que jamais deve abrir-se ao desânimo. A certeza de que somos os seguidores felizes do Cristo Imortal é para nós motivo de soberana resistência e de eterno júbilo.

André Luiz - Do livro Cartas do coração. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.


AS VIBRAÇÕES SEGUNDO DR BEZERRA DE MENEZES

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LIVRO:INICIAÇÃO ESPÍRITA - EDGARD ARMOND

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