APASCENTA AS MINHAS OVELHAS. Jesus (João 21:17)

APASCENTA AS MINHAS OVELHAS.  Jesus (João 21:17)
"APASCENTA AS MINHAS OVELHAS" JESUS (Jo 21:17)

TEXTOS PARA GRUPOS DO WATZAP CAP I – 31/10

TEXTOS PARA GRUPOS DO WATZAP


CAP I – 31/10

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP I – NÃO VIM DESTRUIR A LEI

 

SIGAMOS COM JESUS

Maomé foi valoroso condutor de homens.

Milhões de pessoas curvaram-se-lhe às ordens.

Todavia, deixou o corpo como qualquer mortal e seus restos foram encerrados numa urna, que é visitada, anualmente, por milhares de curiosos e seguidores.

Carlos V, poderoso imperador da Espanha, sonhou com o domínio de toda a Terra, dispôs de riquezas imensas, governou muitas regiões; entretanto, entregou, um dia, a coroa e o manto ao asilo de pó.

Napoleão era um grande homem.

Fez muitas guerras.

Dominou milhões de criaturas.

Deixou o nome inesquecível no livro das nações.

Hoje, porém, seu túmulo é venerado em Paris...

Muita gente faz peregrinação até lá, para visitar-lhe os ossos...

Como acontece a Maomé, a Carlos V e a Napoleão, os maiores heróis do mundo são lembrados em monumentos que lhes guardam os despojos.

Com Jesus, todavia, é diferente.

No túmulo de Nosso Senhor, não há sinal de cinzas humanas.

Nem pedrarias, nem mármores de preço, com frases que indiquem, ali, a presença da carne e do sangue.

Quando os apóstolos visitaram o sepulcro, na gloriosa manhã da Ressurreição, não havia aí nem luto, nem tristeza.

Lá encontraram um mensageiro do reino espiritual que lhes afirmou: “Não está aqui.”

E o túmulo está aberto e vazio, há quase dois mil anos. Seguindo, pois, com Jesus, através da luta de cada dia, jamais

encontraremos a angústia da morte e, sim, a vida incessante.

No caminho de notáveis orientadores do mundo poderemos encontrar formosos espetáculos da glória passageira; contudo, é muito difícil não terminarmos a experiência em desilusão e poeira.

Somente Jesus oferece estrada invariável para a Ressurreição Divina.

Quem se desenvolve, portanto, com o exemplo e com a palavra do Mestre, trabalhando por revelar bondade e luz, em si mesmo, desde as lutas e ensinamentos do mundo, pode ser considerado cidadão celeste.

ALVORADA CRISTÃ - Francisco Cândido Xavier - DITADO PELO ESPÍRITO NEIO LÚCIO

 

 

A EXPERIÊNCIA DO MESTRE

Desceu um dia o Mestre, à terra, a observar se os homens seus irmãos, sabiam-se amar.

E ao tocar o solo, notou uma criança, deitada na calçada, triste, sem esperança, que ao ver o Nazareno, só pode balbuciar: Papai e Mamãe não tenho, e começou a chorar.

O Mestre comovido, ficou a contemplar, a linda criatura, sofrendo sem cessar. A face torturada, porém, de cor singela, fazia-lhe notar, sua alma muito bela.

Aconchegou-a bem, e disse-lhe assim: sossegue meu amor, confie agora em mim.

Sacou do seu bornal, um pouco de alimento de vez que a pequenina, estava em desalento.

Depois esta comeu, sorriu alegremente, e começou a rir feliz e mais contente.

Jesus agasalhou-a, com fraternal carinho, lhe aquecendo bem, o corpo tão fraquinho.

A noite já chegava, em densa escuridão, e o Mestre levantou-a, tomando-lhe a mão.

Após perambularem, por diferentes ruas Jesus ia relendo, nas almas quase nuas, da gente que passava, sem se preocupar, daqueles dois amigos, andando devagar.

Jesus parou então, à frente de um portão tocou a campainha e esperou em vão. E disse à companheira, com um sutil sorriso; esses que não atendem, não querem o Paraíso.

Seguiram passo a passo, até outra mansão, e como recompensa, soltaram-lhes um cão que investiu feroz, de modo ameaçador, porém aos pés do Mestre, fitou-o com Amor.

Falou-lhe então Jesus: não temas, mal não faz este é um amigo leal, o dono é o Satanaz.

E o cão olhando o Mestre, saltou de alegria, pois já compreendera, o Filho de Maria.

Jesus disse à garota: estás vendo a humanidade?

Só vive a proclamar o Amor, a Caridade. Mas vamos adiante, a uma hospedaria, e lá descansaremos, até raiar o dia.  Porém em lá chegando, não pode se alojar de vez que o anfitrião, lhe disse sem esperar.

Que queres, que desejas, com esse olhar profundo? Não sei se és fugitivo, ladrão ou vagabundo.

E as portas se fecharam, de modo tão violento, ficando os dois irmãos, expostos ao relento.

O jovem Nazareno, para a pequena olhou, e a linda pequenina, ao mesmo então falou: - Papai e Mamãe diziam, Jesus também sofreu, por ter amado tanto, por nós Ele morreu.

Jesus fitou-a bem com divinal ternura, beijou-a suavemente, com natural doçura, e sempre paciente, risonho e de mansinho tornou-a   em seus braços; e pondo-se a caminho,

O Celestial Messias, aos Céus o olhar alçou e mui contritamente, em prece suplicou;

Meus Deus e meu Senhor, no erro se comprazem...

Perdoa-lhes Meu Pai, não sabem o que fazem.

Darwin Charles.


CAP II – 01/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP II – MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO

 

NA DIREÇÃO DO BEM

O Senhor tudo criou na direção do bem.

Todas as criaturas, por isto, são chamadas a produzir proveitosamente.

A erva tenra sustenta os animais.

A fonte oculta socorre o inseto humilde.

A árvore é abençoada companheira dos homens.

A flor produzirá fruto.

O fruto dar-nos-á mesa farta.

O rio distribui as águas.

A chuva lava o céu e sacia a terra sedenta.

A pedra faz o alicerce de nossa casa.

A boa palavra revela o bom caminho.

Como desconhecer os santos propósitos da vida, se a natureza que a sustenta reflete os sábios desígnios da Providência?

Grande escola para o nosso espírito, a Terra é um livro gigantesco em que podemos ler a mensagem de amor universal que o Pai Celeste nos envia.

Desde a gota de orvalho que alimenta o cacto espinhoso, à luz do Sol que brilha no alto para todos os seres, podemos sentir o apelo da Infinita Sabedoria ao serviço de cooperação na felicidade, na paz e na alegria dos semelhantes.

Todo homem e toda mulher nascem no mundo para tarefas santificantes, segundo a Divina Lei.

Com alegria, o bom administrador governa os interesses do povo.

Com alegria, o bom lavrador ara o solo e protege a sementeira.

O homem que semeia no chão, garantindo a subsistência das criaturas, é irmão daquele que dirige o pensamento das nações para o conhecimento divino.

A mulher que recebe homenagens pelas suas virtudes públicas é irmã daquela que, na intimidade do lar, se sacrifica pela criancinha doente.

Deus conhece as pessoas pelo que produzem, assim como nós conhecemos as árvores pelos frutos que nos estendem.

Em razão disto, os homens bons são amados e respeitados.

A presença deles atrai o carinho e a veneração dos semelhantes.

Os maus, todavia, são portadores de ações e palavras indesejáveis e toda gente lhes evita o convívio, tanto quanto nos afastamos das plantas espinhosas e ingratas.

O homem bom compreende que a vida lhe pede a bênção do serviço e levanta-se cada manhã, pensando: — “Que belo dia para trabalhar!”

O mau, porém, ergue-se de mau humor.

Não sabe sorrir para os que o cercam e costuma exclamar: — “Dia terrível! Que destino cruel! Detesto o trabalho e odeio a vida!”

Um homem, qual esse, precisa de auxílio dos homens bons, porque em não se dedicando ao serviço digno será realmente muito infeliz.

ALVORADA CRISTÃ - Francisco Cândido Xavier - DITADO PELO ESPÍRITO NEIO LÚCIO

 

PODIA SER PIOR

 

O médium Filgueiras era espírita de grande serenidade.

Certa feita, um amigo, que ele não via desde muito, visita-lhe a casa e, depois das saudações habituais, dá notícias do próprio pessimismo.

Declara-se ausente de toda atividade doutrinária. Continua espírita de convicção, mas afastou-se do trabalho mediúnico, da leitura, das sessões, das preces...

Inquirido por Filgueiras, começou a explicar-se : – Imagine você que minha infelicidade começou quando o meu sócio conseguiu furtar-me quase tudo o que eu possuía. Foi terrível desastre...

– Mas podia ser pior! – falou Filgueiras, preenchendo a pausa da conversação.

– Em seguida, estabeleci-me com pequena loja; no entanto, meu único empregado ateou fogo a tudo, após roubar-me...

– Podia ser pior... – atalhou Filgueiras.

– O azar não ficou aí, pois, quando me viu sem qualquer recurso, a companheira me abandonou, buscando aventuras inconfessáveis...

– Podia ser pior...

– Depois disso, minha única filha, aquela que ainda se mantinha ao meu lado, ouviu as insinuações de um homem que a seduziu, desprezando-me com amargas palavras...

– Podia ser pior...

– Por fim, meu irmão, a única pessoa que ainda me dispensava proteção e carinho, foi assassinado por um salteador que escapou à cadeia.

– Mas podia ser pior... – acentuou Filgueiras, calmo.

O outro sorriu, mal-humorado e objetou:

– Ora essa! Que podia ser pior? Dois ladrões me acabam com os negócios, dois malandros me acabam com a família e um assassino me acaba com o único irmão... Que podia ser pior, Filgueiras?

O prestimoso médium abanou a cabeça e respondeu calmamente:

– Podia ser pior, sim, meu amigo! Podia ser você o autor de tantos crimes; entretanto, cá está conversando comigo, de consciência purificada e mãos limpas. Sofrer dos outros é, de algum modo, trilhar o caminho em que Jesus transitou, mas fazer sofrer os outros é outra coisa...

O amigo silenciou e, ao despedir-se, rogou a Filgueiras o benefício de um passe.

HILÁRIO SILVA - ALMAS EM DESFILE – FRANCISCO CANDIDO XAVIER


CAP III – 02/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP III – HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI

 

A VIDEIRA

“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador.” — Jesus. (JOÃO, capítulo 15, versículo 1.)

 

Deus é o Criador Eterno cujos desígnios permanecem insondáveis a nós outros. Pelo seu amor desvelado criam-se todos os seres, por sua sabedoria movem-se os mundos no Ilimitado.

Pequena e obscura, a Terra não pode perscrutar a grandeza divina, O Pai, entretanto, envolve-nos a todos nas vibrações de sua bondade gloriosa.

Ele é a alma de tudo, a essência do Universo.

Permanecemos no campo terrestre, de que Ele é dono e supremo dispensador.

No entanto, para que lhe sintamos a presença em nossa compreensão limitada, concedeu-nos Jesus como sua personificação máxima.

Útil seria que o homem observasse no Planeta a sua imensa escola de trabalho; e todos nós, perante a grandeza universal, devemos reconhecer a nossa condição de seres humildes, necessitados de aprimoramento e iluminação.

Dentro de nossa pequenez, sucumbiríamos de fome espiritual, estacionados na sombra da ignorância, não fosse essa videira da verdade e do amor que o Supremo Senhor nos concedeu em Jesus-Cristo. De sua seiva divina procedem todas as nossas realizações elevadas, nos serviços da Terra. Alimentados por essa fonte sublime, compete-nos reconhecer que sem o Cristo as organizações do mundo se perderiam por falta de base. NEle encontramos o pão vivo das almas e, desde o princípio, o seu amor infinito no orbe terrestre é o fundamento divino de todas as verdades da vida.

EMMANUEL – FCX - Caminho verdade e vida

 

 

FELIZ SEM SABER

O médium João Luna estava doente, cansado.

Lavador de carros, ganhando pouco, afligia-se ao ver a esposa e os quatro filhinhos, descalços e mal vestidos, no barraco suburbano, constituído por dois cômodos pequeninos, quase que totalmente remendados por fragmentos de zinco.

Preocupados, alguns amigos conduziram-no à residência de Dona Augusta de Lima, conhecida médium no centro da cidade.

Como fazia com todos, a bondosa senhora recebeu o grupo amavelmente, abrindo as portas da moradia.

Embora arrasado pelo desânimo, João admirava o interior doméstico.

A mobília inglesa emoldurava-se de telas custosas, de esculturas gregas, de copiosa alfaia italiana e de belos tapetes em que sobressaíam os gobelins na talagarça unida.

Enquanto conversavam, refrescos eram servidos em cristais da Boêmia.

Findo o repasto, a médium convidou os circunstantes à oração.

Bastava a prece para que João se recuperasse.

E Dona Augusta transmitiu o passe e orou.

E pediu a Deus se compadecesse dela, afirmando-se a mulher mais sofredora do mundo.

Dizia-se exausta de provações, fatigada, abatida, sem coragem de prosseguir. E chorava.

E rogava a compaixão divina para a sua existência, verdadeiro “vale de lágrimas”, segundo a sua própria expressão.

Quando terminou, João parecia realmente melhor. Sorria.

Os visitantes apresentavam despedidas.

Luna, muito comovido, exclamou para a dona da casa:

-Dona Augusta, Deus lhe pague o que a senhora fez por mim.

- Como assim, meu irmão? – disse a médium – eu nada fiz.

E Luna observou, reanimado, sem qualquer intenção de ferir:

- Recebi muito em sua prece, pois, se a senhora no conforto que Deus lhe deu afirma que é a mulher mais sofredora da Terra, eu, na minha casa de zinco, devo ser feliz sem saber.

HILÁRIO SILVA - ALMAS EM DESFILE – FRANCISCO CANDIDO XAVIER


CAP IV – 03/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP IV – NINGUÉM PODERÁ VER O REINO DE DEUS SE NÃO NASCER DE NOVO

 

VIVEREMOS SEMPRE

Filho, não humilhes os ignorantes e os fracos.

Todos somos viajores da vida eterna.

Do berço ao túmulo atravessamos apenas um ato do imenso drama de nossa evolução para Deus.

Por vezes, o senhor veste o traje pobre do operário humilde para conhecer-lhe as duras necessidades, e o operário humilde veste o suntuoso traje do senhor para conhecer-lhe as duras obrigações na tarefa administrativa.

Quando um homem menospreza as oportunidades de tempo e dinheiro que o Céu lhe confia, volta ao mundo em outro corpo, experimentando a escassez de tudo.

Não escarneças do aleijado. Tua boca poderá cobrir-se de cicatrizes.

Não recolhas os bens que te não pertencem. Teus braços são suscetíveis de caírem paralíticos, sem que possas acariciar o que é teu, provisoriamente.

Não caminhes ao encontro do mal, porque o mal dispõe de recursos para surpreender-te, talvez com a perturbação e com a morte.

Ajuda e passa adiante, expandindo um coração compassivo para com todas as dores e cheio de amor e perdão para todas as ofensas.

Quando não puderes louvar, cala-te e espera, porque a língua viciada na definição dos defeitos alheios regressa ao mundo em plena mudez.

Quem chega através de um berço risonho, na maioria dos casos é alguém que torna ao campo da carne, a fim de restaurar-se e aprender.

Assim como a flor se destina ao fruto que alimenta, o teu conhecimento deve produzir a bondade que constrói e santifica.

Lembra-te de que longo é o caminho e que necessitaremos trocar de corpo, na direção da vitória final, tantas vezes quantas forem precisas, até que a indispensabilidade da vestimenta física se desvaneça com as encarnações sucessivas...

Colheremos da sementeira que fizermos.

Não desprezes, assim, os menos felizes.

O malfeitor e o vagabundo que se deixaram escravizar pelos demônios da preguiça são igualmente nossos irmãos. Ajudemo-los, através de todos os meios ao nosso alcance.

Nem sempre o verdadeiro infortunado é aquele que se debate num leito de sofrimento. Não olvides o infeliz bem trajado que cruza as avenidas da ignorância, sem paz e sem luz.

Filho meu, voltaremos ainda à Terra, provavelmente, muitas vezes...

O serviço de redenção assim o exige.

Ama a todos.

Auxilia indistintamente.

Semeia o bem, à margem de todas as estradas.

Recorreremos ao amparo de muitos. É da Lei do Senhor que não avancemos sem os braços fraternos uns dos outros.

Prepara, desde agora, a colaboração de que necessitarás, a fim de prosseguirmos, em paz, montanha acima! Sê irmão de todos, para que te sintas, desde hoje, no centro da grande família humana, e o Senhor Supremo te abençoará.

ALVORADA CRISTÃ - Francisco Cândido Xavier - DITADO PELO ESPÍRITO NEIO LÚCIO

 

 

A ESTRELA VERDE

Era uma vez...

Milhões de estrelas no céu. Haviam estrelas de todas as cores: brancas, lilases, prateadas, douradas, vermelhas, azuis...

Um dia, elas procuraram o Senhor Deus Todo Poderoso, o Senhor do Universo e lhe disseram: - Senhor Deus, gostaríamos de viver na Terra, entre os homens.

- Assim será feito, respondeu Deus. Conservarei todas vocês pequeninas como são vistas. Podem descer à Terra.

Conta-se que, naquela noite houve uma linda chuva de estrelas.

Algumas se aninharam nas torres das igrejas, outras foram brincar de correr como vaga-lumes, nos campos, outras misturaram-se aos brinquedos das crianças e a Terra ficou maravilhosamente iluminada.

Porém, passado algum tempo, as estrelas resolveram abandonar os homens e voltar para o céu, deixando a Terra escura e triste.

- Por que voltaram? - perguntou Deus, à medida que elas chegavam ao céu.

- Senhor, não nos foi possível permanecer na Terra. Lá existe muita miséria, muita violência, muita guerra, muita maldade, muita doença, muita injustiça...

E o Senhor lhes disse: - Claro, o lugar de vocês é aqui no céu. A Terra é o lugar do transitório, daquilo que passa, daquele que cai, daquele que erra, daquele que morre e nada é perfeito. O céu é o lugar da perfeição, do imutável, do eterno, onde nada perece.

Depois que chegaram todas as estrelas e conferindo o seu número, Deus falou de novo: - Mas está faltando uma estrela. Perdeu-se pelo caminho?

Um anjo, que estava por perto, retrucou:

- Não, Senhor, uma estrela resolveu ficar entre os homens. Ela descobriu que seu lugar é exatamente onde existe imperfeição, onde há limite, onde as coisas não vão bem, onde há luta e dor.

- Mas que estrela é essa? - voltou Deus a perguntar.

- É a esperança, Senhor.

- E qual a cor dessa estrela - insistiu Deus.

E o Anjo: - É verde, Senhor. É a única estrela dessa cor.

E quando, então, olharam para a Terra, a Estrela não estava só.

A Terra estava novamente iluminada, porque havia uma estrela verde no coração de cada pessoa.

Porque o único sentimento que o Homem tem e Deus não possui é a Esperança.

Deus já conhece o futuro e a Esperança é própria da pessoa humana.

Própria daquele que erra, daquele que não é perfeito, daquele que não sabe como será o futuro.

Essa ESPERANÇA - a sua Estrela Verde, os anjos lhe entregam agora.

Não a apague......

Desconheço o autor


CAP V – 04/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP V – BEM AVENTURADOS OS AFLITOS

 

HEROÍSMO OCULTO

Terás ouvido narrativas em torno de feitos sublimes, nos quais criaturas intrépidas ofereceram a própria existência para salvar os outros, quais os que tombaram na defesa da coletividade, em honra da justiça, e os que foram surpreendidos pela desencarnação inesperada, em louvor da ciência, ao perquirirem processos de socorro aos sofrimentos da Humanidade.

Reverenciemos, sim, o nome dos que se esqueceram, a benefício dos semelhantes contudo, não nos será lícito esquecer que existe um heroísmo obscuro, tão autêntico e tão belo quanto aquele que assinala os protagonistas das grandes façanhas, perante a morte - o heroísmo oculto dos que sabem viver, dia por dia, no círculo estreito das próprias obrigações, a despeito dos empecilhos e das provações que os supliciam na estrada comum.

Pondera isso, quando os embaraços da vida te amarguem o coração!...

Certifica-te de que se existem multidões na Terra que aplaudem as demonstrações de coragem dos que sabem morrer pelas causas nobres, existem multidões no Mundo Espiritual que aplaudem os testemunhos da compreensão e sacrifício dos que sabem viver, no auxílio ao próximo, apagando-se, a pouco e pouco, em penhor do levantamento de alguém ou da melhoria de alguns na arena terrestre.

Reflitamos no assunto e observa a parte mais difícil da existência que o Senhor te confiou...

Será ela talvez o cativeiro a obrigações domésticas inadiáveis, o conflito íntimo, a condução laboriosa de um filho doente, a tutela de um companheiro menos feliz, a tolerância permanente para com o esposo ou a esposa em desequilíbrio ou, ainda, a responsabilidade pessoal e direta na garantia das obras de benemerência e cultura, elevação e concórdia na direção da comunidade.

A matrícula na escola do heroísmo silencioso está aberta constantemente, a nós todos.

Revisemos a anotação do Divino Mestre: "Quem quiser caminhar nos meus passos, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me."

Qual será e como será a cruz que te pesa nos ombros?

Seja ela qual for, lembra-te de que o Cristo de Deus nos aguarda no monte da vitória e da redenção, esperando tenhamos suficiente coragem para abraçar o heroísmo oculto na fidelidade aos nossos próprios deveres até o fim.

ALMA E CORAÇÃO – EMMANUEL - FCX

 

 

A FELICIDADE NÃO ESTÁ ONDE SE PROCURA

Conto Sufi

Nasrudin encontrou um homem desconsolado sentado à beira do caminho e perguntou-lhe os motivos de tanta aflição.

– Não há nada na vida que interesse, irmão.

Tenho dinheiro suficiente para não precisar trabalhar e estou nesta viagem só para procurar algo mais interessante do que a vida que levo em casa.

Até agora, eu nada encontrei.

Sem mais palavra, Nasrudin arrancou-lhe a mochila e fugiu com ela estrada abaixo, correndo feito uma lebre.

Como conhecia a região, foi capaz de tomar uma boa distância.

A estrada fazia uma curva e Nasrudin foi cortando o caminho por vários atalhos, até que retornou à mesma estrada, muito à frente do homem que havia roubado.

Colocou a mochila bem do lado da estrada e escondeu-se à espera do outro.

Logo apareceu o miserável viajante, caminhando pela estrada tortuosa, mais infeliz do que nunca pela perda da mochila.

Assim que viu sua propriedade bem ali, à mão, correu para pegá-la, dando gritos de alegria.

– Essa é uma maneira de se produzir felicidade – disse Nasrudin.

 

Somente alcança o objetivo, quando se tem um.....

Buscar a felicidade própria olhando para os outros não é o caminho para encontra-la;

Esperar que a felicidade esteja nas mãos de outros e que seja dada como presente, também não é;

A felicidade está no íntimo de cada um, somente precisa ser descoberta ....

As vezes está depois da curva, onde só podemos vislumbrar o resto do caminho, quando passamos por ela....

Desconheço o autor


CAP VI – 05/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP VI - O CRISTO CONSOLADOR

 

PARA O REINO DE DEUS

Certamente, Jesus esteve, está e estará sempre conosco, no levantamento do Reino de Deus, e por isso mesmo, urge reconhecer que, para isso, ele não nos reclama demonstrações de heroísmo ou espetáculos de grandeza.

Tudo em semelhante edificação é compreensível e simples, mas, por esta razão, o Mestre espera que as nossas tarefas compreensíveis e simples sejam cumpridas por nós, em regime de esforço máximo, a fim de que venhamos a colaborar na fundação da estrutura eterna.

Para que atinjamos no mundo, o Reino de Deus, não nos pede o Senhor peregrinações de sacrifício a regiões particulares; espera, entretanto, demonstremos coragem suficiente para viver, dia por dia, no exato cumprimento de nossos deveres, na viagem difícil da reencarnação.

Não exige nos diplomemos nos preceitos gramaticais do idioma em que desfrutamos agora o privilégio do entendimento mútuo, espera, porém, que saibamos dizer sempre a palavra equilibrada e reconfortante, em auxílio de nossos companheiros da Humanidade.

Não nos obriga a renúncia dos bens terrenos; espera, todavia, que nos dediquemos a administrá-los sensatamente, empregando as sobras possíveis no socorro aos irmãos em penúria.

Não nos impele as ginásticas especiais para o desenvolvimento prematuro de forças físicas e psíquicas; espera, entretanto, nos esforcemos para barrar pensamentos infelizes, dominando as nossas tendências inferiores.

Não nos solicita a perfeição moral de um dia para outro; espera, contudo, nos disponhamos a cooperar com ele, suportando injúrias e esquecendo-as, em favor do bem comum.

Não nos determina sistemas sacrificiais de alimentação ou processos de vida incompatíveis com as nossas necessidades justas e naturais; espera, porém, sejamos no respeito ao corpo que a Lei da Reencarnação nos haja emprestado, guardando fidelidade invariável aos compromissos que assumimos, uns a frente dos outros.

Não nos aconselha o afastamento da vida social, sob o pretexto de preservarmos qualidade para a glória celeste; espera, no entanto, que exerçamos bondade e paciência, perdão e amor, no trato recíproco, a fim de que, a pouco e pouco, nos certifiquemos de que todos somos irmãos perante o mesmo Pai.

Jesus não nos pede o impossível; solicita-nos apenas a colaboração e trabalho na medida de nossas possibilidades humanas, cabendo-nos, porém, observar que, se todos aguardamos ansiosamente o Mundo Feliz de Amanhã, é preciso lembrar que, assim como um edifício se levanta da base, o Reino de Deus começa de nós.

ALMA E CORAÇÃO – EMMANUEL – FCX

 

 

"A TEIA DA ARANHA"

Certa vez, um homem estava sendo perseguido por vários malfeitores que queriam matá-lo.

O homem, correndo, virou em um atalho que saía da estrada e entrava pelo meio do mato e, no desespero, elevou uma oração a Deus da seguinte maneira:

- Deus, Todo Poderoso, fazei com que dois anjos venham do céu e tapem a entrada da trilha para que os bandidos não me matem, por favor!

Nesse momento escutou que os homens se aproximavam da trilha onde ele se escondia e viu que na entrada da trilha apareceu uma minúscula aranha.

A aranha começou a tecer uma teia na entrada da trilha.

O homem se pôs a fazer outra oração cada vez mais angustiado:

- Senhor, eu Vos pedi anjos, não uma aranha.

- Por favor, Senhor, com Tua mão poderosa coloca um muro forte na entrada desta trilha, para que os homens não possam entrar e me matar...

Então ele abriu os olhos esperando ver um muro tapando a entrada e viu apenas a aranha tecendo a teia.

Os malfeitores estavam entrando na trilha, na qual ele se encontrava, e ele estava esperando apenas a morte.

Quando os malfeitores passavam em frente da trilha o homem escutou:

- Não, por aqui não.

-Você não está vendo que tem até teia de aranha?

-Nada entrou por aqui.

-Continuemos procurando nas próximas trilhas.

 

Fé é crer no que não se vê, é perseverar diante do impossível.

Às vezes pedimos muros para estarmos seguros, mas Deus pede que tenhamos confiança Nele...

Desconheço o autor


CAP VII – 06/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA.  PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP VII – BEM AVENTURADOS OS POBRES DE ESPÍRITO

 

LUCROS

“E o que tens ajuntado para quem será?” — Jesus. (LUCAS, capítulo 12, versículo 20.)

 

Em todos os agrupamentos humanos, palpita a preocupação de ganhar.

O espírito de lucro alcança os setores mais singelos.

Meninos, mal saídos da primeira infância, mostram-se interessados em amontoar egoisticamente alguma coisa.

A atualidade conta com mães numerosas que abandonam seu lar a desconhecidos, durante muitas horas do dia, a fim de experimentarem a mina lucrativa.

Nesse sentido, a maioria das criaturas converte a marcha evolutiva em corrida inquietante.

Por trás do sepulcro, ponto de chegada de todos os que saíram do berço, a verdade aguarda o homem e interroga:

— Que trouxeste?

O infeliz responderá que reuniu vantagens materiais, que se esforçou por assegurar a posição tranquila de si mesmo e dos seus.

Examinada, porém, a bagagem, verifica-se, quase sempre, que as vitórias são derrotas fragorosas.

Não constituem valores da alma, nem trazem o selo dos bens eternos.

Atingida semelhante equação, o viajor olha para trás e sente frio.

Prende-se, de maneira inexplicável, aos resultados de tudo o que amontoou na Crosta da Terra.

A consciência inquieta enche -se de nuvens e a voz do Evangelho soa-lhe aos ouvidos: Pobre de ti, porque teus lucros foram perdas desastrosas!

“E o que tens ajuntado para quem será?”

CAMINHO VERDADE E VIDA – EMMANUEL – FCX

 

 

O PIRILAMPO

Nunca te afirmes imprestável.

Num aldeamento de colonização, surgiu um químico dedicado à fabricação de remédios pesquisando as qualidades de certo arbusto que existia unicamente em cavernas.

Detendo informes de antigos, habitantes da região, muniu-se de lâmpada elétrica, vela e fósforos para descer aos escaninhos de grande furna.

O homem começou a distanciar-se da luz do sol e porque a sombra se condenasse, acendeu a lâmpada desdobrando uma corda que, na volta, lhe orientasse o caminho.

A breves instantes, porém, as pilhas se esgotaram. Recorreu aos fósforos e inflamou a vela, entretanto, a vela se derreteu e os fósforos foram gastos inteiramente, sem que ele atingisse o que desejava.

Dispunha-se ao regresso, quando viu em pequeno recôncavo do espaço estreito e escuro o brilho intermitente de um pirilampo.

Aproximou-se curioso e, à frente dessa luz, achou a planta que buscava, com enorme proveito na tarefa a que se propunha.

Anotemos a conclusão.

Quem não pode ser a luz solar, terá possivelmente o clarão da lâmpada.

Quem não consegue ser a lâmpada terá consigo o valor de uma vela acesa ou de um fósforo chamejante.

E quem não disponha de meios a fim de substituir a vela ou o fósforo, trará sem dúvida, o brilho de um pirilampo.

ANTOLOGIA DA CRIANÇA – EMMANUEL – FCX

 

OBSERVEMOS OS PEQUENOS SINAIS DOS CÉUS; DEUS NOS CERCA DE CUIDADOS E MEIOS PARA SEGUIR EM FRENTE.


CAP VIII – 07/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP VIII – BEM AVENTURADOS OS QUE TEM O CORAÇÃO PURO

 

MOCIDADE

“Foge também dos desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor.” — Paulo. (2ª EPÍSTOLA A TIMÓTEO, capítulo 2, versículo 22.)

 

Quase sempre os que se dirigem à mocidade lhe atribuem tamanhos poderes que os jovens terminam em franca desorientação, enganados e distraídos.

Costuma-se esperar deles a salvaguarda de tudo.

Concordamos com as suas vastas possibilidades, mas não podemos esquecer que essa fase da existência terrestre é a que apresenta maior número de necessidades no capítulo da direção.

O moço poderá e fará muito se o espírito envelhecido na experiência não o desamparar no trabalho.

Nada de novo conseguirá erigir, caso não se valha dos esforços que lhe precederam as atividades.

Em tudo, dependerá de seus antecessores.

A juventude pode ser comparada a esperançosa saída de um barco para viagem importante.

A infância foi a preparação, a velhice será a chegada ao porto.

Todas as fases requisitam as lições dos marinheiros experientes, aprendendo-se a organizar e a terminar a viagem com o êxito desejável.

É indispensável amparar convenientemente a mentalidade juvenil e que ninguém lhe ofereça perspectivas de domínio ilusório.

Nem sempre os desejos dos mais moços constituem o índice da segurança no futuro.

A mocidade poderá fazer muito, mas que siga, em tudo, “a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor”.

Caminho verdade e vida – Emmanuel – FCX

 

 

EXPLICAÇÕES DO MESTRE

Em plena conversação edificante, Sara, a esposa de Benjamim, o criador de cabras, ouvindo os comentários do Mestre, nos doces entendimentos do lar de Cafarnaum, perguntou, de olhos fascinados pelas revelações novas:

— A ideia do Reino de Deus, em nossas vidas, é realmente sublime; todavia, como iniciar-me nela?

Temos ouvido as pregações à beira do lago e sabemos que a Boa Nova aconselha, acima de tudo, o amor e o perdão... Eu desejaria ser fiel a semelhantes princípios, mas sinto-me presa a velhas normas.

Não consigo desculpar os que me ofendem, não entendo uma vida em que troquemos nossas vantagens pelos interesses dos outros, sou apegada aos meus bens e ciumenta de tudo o que aceito como sendo propriedade minha.

A dama confessava-se com simplicidade, não obstante o sorriso desapontado de quem encontra obstáculos quase invencíveis.

   Para isso —   comentou Pedro —, é indispensável a boa-vontade.

— Com a fé em Nosso Pai Celestial — aventurou a esposa de Simão — , atravessaremos os tropeços mais duros.

Em todos os presentes transparecia ansiosa expectativa quanto ao pronunciamento do Senhor, que falou, em seguida a longo silêncio:

   Sara, qual é o serviço fundamental de tua casa?

   É a criação de cabras — redarguiu a interpelada, curiosa.

   Como procedes para conservar o leite inalterado e puro no benefício doméstico?

— Senhor, antes de qualquer providência, é imprescindível lavar, cautelosamente, o vaso em que ele será depositado. Se qualquer detrito ficar na ânfora, em breve todo o leite se toca de franco azedume e já não servirá para os serviços mais delicados.

Jesus sorriu e explanou:

— Assim é a revelação celeste no coração humano.

- Se não purificamos o vaso da alma, o conhecimento, não obstante superior, se confunde com as sujidades de nosso íntimo, como que se degenerando, reduzindo a proporção dos bens que poderíamos recolher.

- Em verdade, Moisés e os Profetas foram valorosos portadores de mensagens divinas, mas os descendentes do Povo Escolhido não purificaram suficientemente o receptáculo vivo do espírito para recebê-las.

- É por isto que os nossos contemporâneos são justos e injustos, crentes e incrédulos, bons e maus ao mesmo tempo.

- O leite puro dos esclarecimentos elevados penetra o coração como alimento novo, mas aí se mistura com a ferrugem do egoísmo velho.

- Do serviço renovador da alma restará, então, o vinagre da incompreensão, adiando o trabalho efetivo do Reino de Deus.

A pequena assembleia, na sala de Pedro, recebia a lição sublime e singela, comovidamente, sem qualquer interferência verbal.

O Mestre, porém, levantando-se com discrição e humildade, afagou os cabelos da senhora que o interpelara e concluiu, generoso:

— O orvalho num lírio alvo é diamante celeste, mas, na poeira da estrada, é gota lamacenta.

- Não te esqueças desta verdade simples e clara da Natureza.

NEIO LUCIO – JESUS NO LAR - FCX


CAP IX – 08/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP IX – BEM AVENTURADOS OS MANSOS E PACÍFICOS

 

ENERGIA E BRANDURA

 

Na marcha do dia-dia, urge harmonizar as manifestações de nossas qualidades com o espírito de proporção e proveito, a fim de que o extremismo não nos imponha acidentes, no trânsito de nossas tarefas e relações.

 

Energia na fé; não demais que tombe em fanatismo.

Brandura na humildade; não demais que entremostre relaxamento.

 

Energia na convicção; não demais que se transforme em teimosia.

Brandura na humildade; não demais que degenere em servilismo.

 

Energia na justiça; não demais que seja crueldade.

Brandura na gentileza; não demais que denuncie bajulação.

 

Energia na sinceridade; não demais que descambe no desrespeito.

Brandura na paz; não demais que se acomode em preguiça.

 

Energia na coragem; não demais que se faça temeridade.

Brandura na prudência; não demais que se recolha em comodismo.

 

No caminho da vida, há que aprender com a própria vida.

 

Vejamos o carro moderno nas viagens de hoje; nem passo a passo, porque isso seria ignorar o progresso, diante do motor; nem velocidade além dos limites justos, o que seria abusar do motor para descer ao desastre e à morte prematura.

Em tudo, equilíbrio, porque, se tivermos equilíbrio, asseguraremos, em toda parte e em qualquer tempo, a presença de caridade e paciência, em nós mesmos, as duas guardiãs capazes de garantir-nos trajeto seguro e chegada feliz.

 

ALMA E CORAÇÃO – EMMANUEL - FCX

 

 

A EXALTAÇÃO DA CORTESIA

 

À frente da multidão de sofredores e desalentados, relacionou o Mestre as bem-aventurança s, destacando, com ênfase, a declaração de que os mansos herdariam a Terra.

A afirmativa, porém, soou entre os discípulos de maneira menos agradável.

Tal asserção não seria encorajamento à ociosidade mental?

Se o Evangelho reclamava espíritos valorosos na sementeira das verdades renovadoras, como acomodar a promessa com a necessidade do destemor?

Se o mal era atrevido e contundente, em todos os climas e posições, como estabelecer o triunfo inadiável do bem através da incapacidade de reagir, embora pacificamente?

Nessas interrogações imprecisas, reuniu-se a assembleia familiar no domicílio de Pedro.

Iniciados os comentários edificantes da noite, entreolhavam-se os discípulos entre a indagação e a curiosidade.

O Divino Amigo parecia perceber os motivos da expectação, em torno, mas esperava, sereno, que os seguidores se pronunciassem.

Foi então que Judas, rompendo o véu de respeito que aureolava a presença do Mestre, inquiriu, loquaz:

— Senhor, por que atribuíste aos mansos a posse final da Terra?

- Os corações acovardados gozarão de semelhante bênção?

Os incapazes de testemunhar a fé, nos momentos graves de luta e sacrifício, serão igualmente bem-aventurados?

Jesus não respondeu, de imediato.

Vagueou o olhar, através dos circunstantes, como a pedir-lhes a exposição de quaisquer dúvidas que lhes povoassem a alma.

Pedro cobrou ânimo e perguntou:

— Sim, Mestre: se um malfeitor visitar-me a casa, não devo recordar-lhe os imperativos do acatamento recíproco? Entregar-me-ei sem qualquer admoestação fraternal aos seus delituosos caprichos, a pretexto de guardar a mansidão a que te referiste?

O Cristo sorriu, como tantas vezes, e enunciou, calmo:

— Enganaram-se todos, naturalmente.

- Eu não fiz o elogio da preguiça, que se mascara de humildade, nem da covardia que se veste de cordura para melhor acomodar-se à s conveniências humanas.

As criaturas que se afeiçoam a semelhantes artifícios sofrerão duramente os instrumentos espirituais de que o mundo se utiliza para reajustar os caracteres tortuosos e indecisos.

- Exaltei, na realidade, a cortesia de que somos credores uns dos outros.

- Bem-aventurados os homens de trato ameno que sabem usar a energia construtiva entre o gesto de bondade e o verbo da compreensão!

- Bem-aventurados os filhos do equilíbrio e da gentileza que aprendem a negar o mal, sem ferir o irmã o ignorante que os solicita sem saber o que pede!

- Abençoados os que repetem mil vezes a mesma lição, sem alarde, para que o próximo lhes aproveite a influenciação na felicidade justa de todos!

- Bem-aventurados aqueles que sabem tratar o rico e o pobre, o sábio e o inculto, o bom e o mau, com espírito de serviço e entendimento, dando a cada um, de conformidade com os seus méritos e necessidades e deixando os sinais de melhoria, de elevação, bem-estar e contentamento por onde cruzam!

- Em verdade vos digo que a eles pertencerá o domínio espiritual da Terra, porque todo aquele que acolhe os semelhantes, dentro das normas do amor e do respeito, é senhor dos corações que se aperfeiçoam no mundo!

Alívio e alegria transbordaram do ânimo geral e, de olhos fitos, agora, nas águas imensas do grande lago, o Senhor pediu a Mateus encerrasse o fraterno entendimento da noite, pronunciando uma prece.

JESUS NO LAR – NEIO LUCIO - FCX


CAP X – 09/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP X – BEM AVENTURADOS OS MISERICORDIOSOS

 

COMO PERDOAR

Na maioria dos casos, o impositivo do perdão surge entre nós e os companheiros de nossa intimidade, quando o suco adocicado da confiança se nos azeda no coração.

Isso acontece porque, geralmente, as mágoas mais profundas repontam entre os Espíritos vinculados uns aos outros na esteira da convivência.

Quando nossas relações adoeçam, no intercâmbio com determinados amigos que, segundo a nossa opinião pessoal, se transfiguram em nossos opositores, perguntemo-nos com sinceridade: “como perdoar, se perdoar não se resume à questão de lábios e sim a problema que afeta os mais íntimos mecanismos do sentimento?”.

Feito isso, demo-nos pressa em reconhecer que as criaturas em desacerto pertencem a Deus e não a nós; que também temos erros a corrigir e reajustes em andamento; que não é justo retê-las em nossos pontos de vista, quando estão, qual nos acontece, sob os desígnios da Divina Sabedoria que mais convém a cada um, nas trilhas do burilamento e do progresso.

seguida, recordemos as bênçãos de que semelhantes criaturas nos terão enriquecido no passado e conservemo-las em nosso culto de gratidão, conforme a vida nos preceitua.

Lembremo-nos também de que Deus já lhes terá concedido novas oportunidades de ação e elevação em outros setores de serviço e que será desarrazoado de nossa parte manter processos de queixa contra elas, no tribunal da vida, quando o próprio Deus não lhes sonega Amor e Confiança.

Quando te entregares realmente a Deus, a Deus entregando os teus adversários como autênticos irmãos teus, - tão necessitados do Amparo Divino quanto nós mesmos, penetrarás a verdadeira significação das palavras de Cristo: “Pai, perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores”, reconciliando-te com a vida e com a tua própria alma.

Então, saberás oscular de novo a face de quem te ofendeu, e quem te ofendeu encontrará Deus contigo e te dirá com a mais pura alegria no coração: “bendito sejas...”.

ALMA E CORAÇÃO – EMMANUEL – FCX

 

 

A MENSAGEM DA COMPAIXÃO

Dentro da noite clara, a assembleia familiar em casa de Pedro centralizara-se no exame das dificuldades no trato com as pessoas.

Como estender os valores da Boa Nova?

Como instalar o mesmo dom e a mesma benção em mentalidades diversas entre si?

Findo o longo debate fraternal, em que Jesus se mantivera em pesado silêncio, João perguntou-lhe preocupado:

   Senhor, que fazer diante da calúnia que nos dilacera o coração?

— Tem piedade do caluniador e trabalha no bem de todos — respondeu o Celeste Mentor, sorrindo — , porque o amor desfaz as trevas do mal e o serviço destrói a ideia desrespeitosa.

— Mestre — ajuntou Tiago, filho de Zebedeu —  e como agir perante aquele que nos ataca, brutalmente?

— Um homem que se conduz pela violência — acentuou o Cristo, bondoso — deve estar louco ou envenenado. Auxiliemo-lo a refazer-se.

— Senhor — aduziu Judas, mostrando os olhos esfogueados —  e quando o homem que nos ofende se reveste de autoridade respeitável, qual seja a dum príncipe ou dum sacerdote, com todas as aparências do ordenador consciente e normal?

— A serpente pode ocultar-se num ramo de flores e há vermes que se habituam nos frutos de bela apresentação.

O homem de elevada categoria que se revele violento e cruel é enfermo, ainda assim, compadece-te dele, porque dorme num pesadelo de escuras ilusões, do qual será constrangido a despertar, um dia.

Ampara-o como puderes e marcha em teu caminho, agindo na felicidade comum.

— Mestre, e quando a nossa casa é atormentada por um crime?

Como procederei diante daquele que me atraiçoa a confiança, que me desonra o nome ou me ensanguenta o lar?

— Apieda-te do delinquente de qualquer classe — elucidou Jesus — e não desejes violar a Lei que o próximo desrespeitou, porque o perseguidor e o criminoso de todas as situações carregam consigo abrasadora fogueira.

Uma falta não resgata outra falta e o sangue não lava sangue.

Perdoa e ajuda.

O tempo está encarregado de retribuir a cada criatura, de acordo com o seu esforço.

— Mestre — atalhou Bartolomeu — que fazer do juiz que nos condena com parcialidade?

— Tem compaixão dele e continua cooperando no bem de todos os que te cercam.

Há sempre um juiz mais alto, analisando aqueles que censuram ou amaldiçoam e, além de um horizonte, outros horizontes se desdobram, mais dilatados e luminosos.

— Senhor — indagou Tadeu —  como proceder diante da mulher que amamos, quando se entrega às quedas morais?

   Jesus fitou-o com brandura, e inquiriu, por sua vez:

— Os sofrimentos íntimos que a dilaceram, dia e noite, não constituirão, por si só , aflitiva punição?

Fez-se balsâmico silêncio no círculo doméstico e, logo ao perceber que os aprendizes haviam cessado as interrogações, o Senhor concluiu:

— Se pretendemos banir os males do mundo, cultivemos o amor que se compadece no serviço que constrói para a felicidade de todos.

Ninguém se engane.

As horas são inflexíveis instrumentos da Lei que distribui a cada um, segundo as suas obras.

Ninguém procure sanar um crime, praticando outros crimes, porque o tempo tudo transforma na Terra, operando com as labaredas do sofrimento ou com o gelo da morte.

JESUS NO LAR - FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - PELO ESPÍRITO NEIO LÚCIO


CAP XI – 10/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XI – AMAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO

 

PROVAÇÕES DOS ENTES QUERIDOS

 

Não temos pela frente tão-só as nossas dificuldades, mas igualmente as dificuldades das pessoas queridas, pelas quais, muitas vezes, sofremos muito mais que por nós próprios.

Forçoso, porém, anotar que, em nos interessando pelo apoio aos entes queridos, nunca estamos a sós, porquanto Deus, que no-los emprestou ao convívio, permanece velando sem olvidá-los.

Nos dias de cinza e sombra de provação, doemos aos entes amados o melhor de nossa ternura, mas evitemos insuflar-lhes pessimismo ou desconfiança, ansiedade ou inquietação.

Se nos pedem conselhos, não descambemos para sugestões pessoais, e sim, ajudemo-los a buscar a Inspiração Divina, através da prece, porque Deus lhe conhece as necessidades e lhes traçará seguro roteiro ao comportamento.

Se doentes, mais que justo, lhe ministremos assistência e carinho; todavia, empenhamo-nos em guiar-lhes o pensamento para o otimismo, convencidos de que Deus lhes resguarda a existência em cada batimento do coração.

Se empreendem mudanças em seu próprio caminho, abstenhamo-nos de interferir nas decisões que assumam, e sim, ao invés disso, diligenciemos abençoar-lhes os planos de renovação e melhoria, compreendendo que a Divina Providência vigia sobre nós, orientando-lhes os passos.

Se resvalam em duras provas, trabalhemos por aliviá-los e libertá-los, que isso é dever nosso, mas sem torturá-los com a nossa inconformidade e aflição, na certeza de que Deus não está ausente do quinhão de lutas regenerativas ou edificantes que nos cabem a todos, em certas faixas de tempo.

Auxiliemos aos nossos entes queridos a serem autênticos, como são e como devem ser perante a vida.

Indiscutivelmente, tanto quanto irrompem problemas em nossa estrada, problemas outros inúmeros aparecem no campo da ação, daqueles que mais amamos; no entanto, a fim de ampará-los com eficiência e segurança, atuemos em favor deles, em bases de equilíbrio de amor, reconhecendo que não estamos sozinhos na empresa socorrista, de vês que muito antes de nós, Deus estava e continua a estar no caso de cada um.

ALMA E CORAÇÃO – EMMANUEL - FCX

 

 

A REGRA DE AJUDAR

João, no auge da curiosidade juvenil, compreendendo que se achava à frente de novos métodos de viver, tal a grandeza com que o Evangelho transparecia dos ensinamentos do Senhor, perguntou a Jesus qual a maneira mais digna de se portar o aprendiz, diante do próximo, no sentido de ajudar aos semelhantes, ao que o Amigo Divino respondeu, com voz clara e firme:

— João, se procuras uma regra de auxiliar os outros, beneficiando a ti mesmo, não te esqueças de amar o companheiro de jornada terrestre, tanto quanto desejas ser querido e amparado por ele.

A pretexto de cultivar a verdade, não transformes a própria existência numa batalha em que teus pés atravessem o mundo, qual furioso combatente no deserto; recorda que a maioria dos enfermos conhece, de algum modo, a moléstia que lhes é própria, reclamando amizade e entendimento, acima da medicação.

Lembra-te de que não há corações na Terra, sem problemas difíceis a resolver; em razão disso, aprende a cortesia fraternal para com todos.

Acolhe o irmão do caminho, não somente com a saudação recomendada pelos imperativos da polidez, mas também com o calor do teu sincero propósito de servir.

Fixa nos olhos as pessoas que te dirigirem a palavra, testemunhando-lhes carinhoso interesse, e guarda sempre a posição de ouvinte delicado e atencioso;

não levantes demasiadamente a voz, porque a segurança e a serenidade com que os mais graves assuntos devem ser tratados não dependem de ruído.

Abstém-te das conversações improfícuas; o comentário menos digno é sempre invasão delituosa em questões pessoais.

Louva quem trabalha e, ainda mesmo diante dos maus e dos ociosos, procura exaltar o bem que são suscetíveis de produzir.

Foge ao pessimismo, guardando embora a prudência indispensável perante as criaturas arrojadas em negócios respeitáveis, mas passageiros, do mundo;

a tristeza improdutiva, que apenas sabe lastimar-se, nunca foi útil à Humanidade, necessitada de bom ânimo.

Usa, cotidianamente, a chave luminosa do sorriso fraterno; com o gesto espontâneo de bondade, podemos sustar muitos crimes e apagar muitos males.

Faze o possível por ser pontual; não deixes o companheiro à tua espera, a fim de que te não seja atribuída uma falsa importância.

Agradece todos os benefícios da estrada, respeitando os grandes e os pequenos; se o Sol aquece a vida, é a semente de trigo que fornece o pão.

Deixa que as águas vivas e invisíveis do Amor, que procedem de Deus, Nosso Pai, atravessem o teu coração, em favor do círculo de luta em que vives; o Amor é a força divina que engrandece a vida e confere poder.

Façamos, sobretudo, o melhor que pudermos, na felicidade e na elevação de todos os que nos cercam, não somente aqui, mas em qualquer parte, não apenas hoje, mas sempre.

Silenciou o Cristo e, assinalando a beleza do programa exposto, o jovem apóstolo inquiriu respeitosamente:

   Senhor, como conseguirei executar tão expressivos ensinamentos?

O Mestre respondeu, resoluto:

   A boa-vontade é nosso recurso de cada hora.

E, afagando os cabelos do discípulo inquieto, encerrou as preces da noite.

JESUS NO LAR - PELO ESPÍRITO DE NEIO LÚCIO - FRANCISCO C XAVIER


CAP XII – 11/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XII – AMAI OS VOSSOS INIMIGOS

 

EFEITO DO PERDÃO

Dentre os ângulos do perdão, um existe dos mais importantes, que nos cabe salientar: os resultados dele sobre nós mesmos, quando temos a felicidade de desculpar.

Muito frequentemente interpretamos o perdão como sendo simples ato de virtude e generosidade, em auxílio do ofensor, que passaria a contar com a absoluta magnanimidade da vítima; acontece, porém, que a vítima nem sempre conhece até que ponto se beneficiará o agressor da liberalidade que flui do comportamento, porquanto, não nos é dado penetrar no íntimo mais íntimo dos outros e, por outro lado, determina a bondade se relegue ao esquecimento os detritos de todo mal.

Urge perceber, no entanto, que, quando conseguimos desculpar o erro ou a provocação de alguém contra nós, exoneramos o mal de qualquer compromisso para conosco, ao mesmo tempo que nos desvencilhamos de todos os laços suscetíveis de apresar-nos a ele.

Pondera semelhante realidade e não te admitas carregando os explosivos do ódio ou os venenos da mágoa que destroem a existência ou corroem as forças orgânicas, arremessando a criatura para a vala da enfermidade ou da morte sem razão de ser.

Efetivamente, conhecerás muitas vezes a intromissão do mal em teu caminho, mormente se te consagras com a diligência e decisão à seara do bem, mas não te permitas a leviandade de acolhê-lo e transporta-lo contigo, à maneira de lâmina enterrada por ti mesmo no próprio coração.

Ante ofensas quaisquer, defende-te, pacifica-te e restaura-te, perdoando sempre. Nas trilhas da vida, somos nós próprios quem acolhe em primeiro lugar e mais intensivamente os resultados da intolerância, quando nos entrincheiramos na dureza de alma.

Sem dúvida, é impossível saber, quando venhamos a articular o perdão em favor dos outros, se ele foi corretamente aceito ou se produziu as vantagens que desejávamos; entretanto, sempre que olvidemos o mal que se nos faça, podemos reconhecer, de pronto, os benefícios efeitos do perdão conosco, em forma de equilíbrio e de paz agindo em nós.

ALMA E CORAÇÃO EMMANAUEL - FCX

 

 

AMIGOS

Conta uma lenda árabe que dois amigos viajavam pelo deserto certo dia discutiram.

Um deles esbofeteou outro, que ofendido e sem nada dizer escreveu na areia "Hoje, meu melhor amigo me bateu no rosto".

Mais tarde fizeram as pazes e seguiram viagem.

Ao chegar a um oásis resolveram tomar banho.

O que havia sido esbofeteado começou a afogar-se, mas o amigo salvou-o.

Quando recuperou escreveu numa pedra "Hoje meu melhor amigo salvou-me a vida".

Intrigado, o amigo perguntou:

- Por que depois que te bati, você escreveu na areia e agora escreveu na pedra?

Sorrindo, o outro amigo respondeu:

- Quando um grande amigo nos ofende, deveremos escrever na areia, onde o vento do esquecimento e do perdão se encarregam de apagar.

Porém quando nos faz algo grandioso, deveremos gravar na pedra da memória do coração, onde vento nenhum do mundo poderá apagar!

Desconheço o autor


CAP XIII – 12/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XIII – QUE A MÃO ESQUERDA NÃO SAIBA O QUE FAZ A DIREITA

 

NA SEMENTEIRA DO AMOR

Ajuda sempre, filho meu.

Pensa no bem, exalta-lhe a grandeza e intensifica-lhe os dons na Terra.

A glória mais expressiva do perdão não reside tanto na superioridade daquele que o dispensa, mas sim na soma de benefícios gerais que virão depois dele.

O mais alto valor do concurso fraterno não está contido no socorro às necessidades materiais de ordem imediata e, sim, no estimulo à confiança e à fraternidade.

Somente os espíritos em desequilíbrio extremo, fundamente cristalizados no mal, menosprezam as manifestações do bem.

Sei que é difícil julgar o destino de uma dádiva e, por vezes, teu pensamento se perde, inutilmente, em complicadas conjeturas.

“Terei dado para o bem? terei dado para o mal?“

— interrogas a ti mesmo.

Mas, se não deste quanto possuis, se apenas concedeste migalhas do tesouro que o Senhor te confiou, não poderás ajudar ao próximo, tranquilamente, em nome do mesmo generoso Senhor que tudo te emprestou no mundo, a título precário?

Claro que te não rogo favorecer o crime e a desordem visíveis ao nosso olhar.

Entretanto, se te posso pedir alguma coisa, em tempo algum te negues à cooperação fraterna.

Não abandones o enfermo, receando aborrecimentos, e nem fujas ao irmão desditoso que caiu nas malhas da justiça, temendo dissabores.

Se tua bondade não for compreendida, aprende a esperar.

Não é mais cristão aquele que serve por amor de servir, sem qualquer expectativa de remuneração?

Não te esqueças de que o Mestre foi conduzido ao madeiro da angústia, por ajudar e amar sempre...

Erra, auxiliando.

Será melhor assim, porque todos estamos sob o olhar da Vigilância Divina.

O homem que ajuda por vaidade e ostentação, quase sempre, em pouco tempo, cria para si mesmo o hábito de auxiliar, atingindo sublimes virtudes.

Aquele, porém, que muito fiscaliza os beneficiados e raciocina com excesso quanto ao “dar” e ao “não dar” converte-se, não raro, em calculista da piedade, a endurecer o coração, por séculos numerosos.

Ouve! Estamos à frente do tempo infinito...

É imprescindível semear.

Não adubes o vício e o crime.

Todavia, não olvides que é necessário plantar muito amor, para que o amor nos favoreça.

ALVORADA CRISTÃ - Francisco Cândido Xavier - DITADO PELO ESPÍRITO NEIO LÚCIO

 

 

AHMAD MUSSAIN E O IMPERADOR

O Imperador Mahmud El-Ghazna passeava um dia com o sábio Ahmad Mussain, que tinha reputação de ler pensamentos.

O Imperador, há algum tempo, vinha tentando que o sábio fizesse diante dele uma demonstração de sua capacidade. Como Ahmad se recusava a fazer a sua vontade, Mahmud havia decidido recorrer a um ardil para que o sábio, sem o perceber, exercesse seus extraordinários dotes na sua presença.

- Ahmad — chamou o Imperador.

- Que desejas, Senhor?

- Qual é o ofício do homem que está perto de nós?

- É um carpinteiro.

- Como se chama?

- Ahmad, como eu.

- Será que comeu alguma coisa doce recentemente?

- Sim, comeu.

Chamaram o homem e ele confirmou tudo o que o sábio havia dito.

- Tu - disse o Imperador - te recusaste a fazer uma demonstração dos teus poderes na minha presença.

Percebeste que te forcei, sem que o notasses, a demonstrar tua capacidade, e que o povo te transformaria num santo se eu contasse em público as revelações que me fizeste?

Como é possível que continues ocultando a tua condição de sufi e pretendas passar por um homem qualquer?

- Admito que posso ler pensamentos — concordou Ahmad — mas o povo não percebe quando faço isso.

Minha dignidade e meu amor-próprio não me permitem exercer esse dom com propósitos frívolos.

Por isso meu segredo continua ignorado.

- Mas admites que agora mesmo acabas de usar teus poderes?

- Não, absolutamente não.

- Então como pudeste responder minhas perguntas corretamente?

- Facilmente, Senhor.

Quando me chamaste, esse homem virou a cabeça, o que me indicou que seu nome era igual ao meu.

Deduzi que era carpinteiro porque, neste bosque, só dirigia o olhar para árvores aproveitáveis.

E sei que acabara de comer alguma coisa doce, porque vi que estava espantando as abelhas que procuravam pousar nos seus lábios.

Lógica, meu Senhor.

Nada de dons ocultos ou especiais.

Desconheço o autor


CAP XIV – 13/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XIV – HONRA TEU PAI E TUA MÃE

 

APONTAMENTO

Manifestaste Indisfarçável aborrecimento, ante as observações paternas que te contrariaram os propósitos impensados.

Ontem, abusaste da alimentação, hoje pretendias uma excursão inconveniente.

Referiu-se teu pai às necessidades do espírito, com acentuada tristeza; todavia, longe de lhe entenderes a nobreza do gesto, buscaste, intempestivo, os braços maternos, na ânsia incontida de aprovação aos teus caprichos juvenis.

Foste, porém, injusto.

O jovem que recusa a orientação acertada dos mais velhos que lhe desejam o bem, procede qual lavrador leviano que reprova a boa semente.

Estimas as longas incursões no pomar, quando as laranjeiras se cobrem de frutos e quando a parreira deita uvas doces.

Acreditas, no entanto, que as árvores excelentes teriam crescido sem cuidado? admites que a vinha não necessitou de amparo em pequena?

Todas as plantas, mormente as mais tenras, sofrem insistentes perseguições de detritos e vermes. Sem carinhosas mãos que as protejam, ser-lhes-ia impraticável o desenvolvimento e a frutificação; muitos dias de vigilância requerem do pomicultor antes de nos atenderem na chácara.

Ignoras que o mesmo acontece no campo do coração?

As más experiências de uma criança acompanham-na a vida inteira.

Diz antigo provérbio: “com o tempo, a folha da amoreira converte-se em veludoso cetim”; mas não podemos esquecer que também com o tempo as águas desamparadas e esquecidas se transformam em pântano.

Não te revoltes contra a sementeira de reflexão e bondade que o carinho paterno realiza em teu espírito.

Sobretudo, não te impressiones com a fantasiosa opinião de colegas da rua, O tempo dará corpo aos princípios inferiores ou superiores que abraçares e, enquanto o companheiro estranho ao teu lar pode ser o amigo de alguns dias, o papai ser-te-á o amigo e benfeitor de muitos anos.

ALVORADA CRISTÃ - Francisco Cândido Xavier - DITADO PELO ESPÍRITO NEIO LÚCIO

 

 

A FAMA DE RICO

O coronel Manoel Rabelo, influente fazendeiro no Brasil Central, fora acometido de paralisia nas pernas.

Vivia no leito, rodeado pelos filhos atentos. Muito carinho. Assistência contínua.

No decurso da doença veio a conhecer a Doutrina Espírita, que lhe abriu novos horizontes à vida mental.

Pouco a pouco desprendia-se da idéia de posse.

Para que morrer com fama de rico?

Queria agora a paz, a bênção da paz.

Viúvo, dono de expressiva fortuna e prevendo a desencarnação próxima, chamou os quatro filhos adultos e repartiu entre eles os seus bens.

Terras, sítios, casas e animais, avaliados em seis milhões de cruzeiros, foram divididos escrupulosamente.

Com isso, porém, veio a reviravolta.

Donos de riqueza própria, os filhos se fizeram distantes e indiferentes.

Muito embora as rogativas paternas, as visitas eram raras e as atenções inexistentes.

Rabelo, muito triste e quase completamente abandonado, perguntava a si mesmo se não havia cometido precipitação ou imprudência.

Os filhos não eram espíritas e mostravam irresponsabilidade completa.

Nessa conjuntura, apareceu-lhe antigo e inesperado devedor. O Coronel Antônio Matias, seu amigo da mocidade, veio desobrigar-se de empréstimo vultuoso, que havia tomado sob palavra, e pagou-lhe dois milhões de cruzeiros em cédulas de contado.

Na presença de dois filhos, Rabelo colocou o dinheiro em cofre forte, ao pé da cama.

Sobreveio o imprevisto.

Os quatro filhos voltaram às antigas manifestações de ternura. Revezavam-se junto dele.

Papas de aveia. Caldos de galinha. Frutas e vitaminas.

Mantinham os cobertores quentes e fiscalizavam a passagem do vento pelas janelas.

Raramente Rabelo ficava algumas horas sozinho.

E, assim, viveu ainda dois anos, desencarnando em grande serenidade.

Exposto o cadáver à visitação pública, fecharam-se os filhos no quarto do morto e, abrindo aflitamente o cofre, somente encontraram lá um bilhete escrito e assinado pela vigorosa letra paterna, entre as páginas de surrado exemplar de “O Evangelho segundo o Espiritismo”.

O papel assim dizia:

“Meus filhos,

Deus abençoe vocês todos.

O dinheiro que me restava distribuí entre vários amigos para obras espíritas de caridade.

Lego, porém, a vocês, o capítulo décimo quarto de “O Evangelho segundo o Espiritismo”.

E os quatro, extremamente desapontados, leram a legenda que se seguia:

“Honrai a vosso pai e a vossa mãe. — Piedade filial.”

ALMAS EM DESFILE – HILÁRIO SILVA - FCX


CAP XV – 14/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XV – FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO

 

SERVIÇO A QUEM SERVE

Beneficência pouco lembrada, – aquela que devemos aos que nos beneficiam.

Quantas vezes nos será possível realizar prodígios de amor simplesmente moderando estados de impaciência ou de angústia!

Dentro do lar, medita na importância do teu sorriso para o anjo materno que se esfalfa em atender-te e no valor de tua tranquilidade para o coração paternal que tudo daria para ver-te feliz!

No grupo de trabalho, considera a importância de tua paz, em favor dos companheiros de equipe, a fim de que funcionem com eficiência e harmonia, nas engrenagens da ação.

Nas empresas do bem, pondera quanto ao imperativo das tuas atitudes de solidariedade e compreensão, em apoio dos irmãos chamados a graves tarefas, na direção ou na subalternidade, de modo a garantirem as boas obras.

Em muitas ocasiões, de uma simples frase de afeto jorram fontes de alegria para legiões de pessoas.

Por isso mesmo, igualmente nas horas obscuras de doença e prostração, pensa no alto sentido de tua serenidade em socorro dos entes queridos que te rodeiam.

Ampara o médico que te ampara, oferecendo-lhe clima ao tratamento preciso.

Auxilia aos enfermeiros que te auxiliam para que te escorem com segurança, sem atropelos inúteis.

Todos temos problemas a resolver, mas todos somos concitados pela sabedoria da vida a doar calma e cooperação, paz e felicidade aos outros, para que os outros nos ajudem na solução de nossos próprios enigmas.

Todos carecemos de alguma causa, porém, é indispensável convir que para receber é preciso dar.

Em síntese, ninguém há que não reclame o serviço de alguém, no entanto, é imperioso ajudar e servir aos que nos servem, a fim de que eles nos possam mais amplamente entender e auxiliar.

ALMA E CORAÇÃO – EMMANUEL – FCX

 

 

FALTA DE CARIDADE

O templo espírita tinha dimensões pequenas.

Mas os amigos arranjaram um microfone.

E Neves da Cruz, o orador convidado, falou para grande multidão.

Gente por toda parte, entupindo portas e abafando janelas.

A maior parte dos ouvintes enfrentava a noite, do lado de fora.

Depois de belas considerações em alta voz, Neves terminou: - Caridade, meus amigos! Todos podemos dar.

Os Mensageiros Divinos acompanham todos aqueles que servem com amor.

Fugir à caridade é cair na avareza.

Viver na preguiça é cair no tédio.

E avareza e tédio fazem as doenças sem cura.

Muito aplaudido, Neves retirou-se para o lanche em casa de amigos.

E, depois do lanche, o recolhimento no hotel, para a viagem no dia seguinte.

Fazia calor e, sem sono, desceu à calçada e pôs-se a ler sob a luz da marquise.

Nisso, passa um velho esfarrapado e pede, estendendo a mão magra como graveto de carne viva:

- Uma esmola pelo amor de Deus!

Neves enfia a mão gorda e quente no bolso do paletó, e, sentindo-se antecipadamente na posse da oferta, diz o mendigo: - Que os bons Espíritos o acompanhem...

O provável doador, no entanto, só encontra uma nota de cem cruzeiros como dinheiro trocado, e desiste.

Vendo que a mão vinha vazia, o ancião completou, revoltado: - E nunca o alcancem...

Notando que estava sendo censurado, Neves torna a mergulhar os dedos no bolso, e o pedinte falou, novamente encorajado: - Que os bons Espíritos o acompanhem e nunca o alcancem com doenças...

Cem cruzeiros, porém, no conceito do Neves, era muito, e a mão voltou sem nada.

Ao perder a esperança, o velho acrescentou: - Que possam ser curadas.

- Mas isso é uma injúria! – disse Neves, irritado. – Quem ensinou o senhor a pedir assim, rogando pragas?

E o velho: - Hoje, na casa espírita, um homem falou que os bons Espíritos acompanham as pessoas caridosas e que falta de caridade faz as moléstias sem cura.

Neves, ruborizado, sem dizer palavra, meteu a mão no bolso, arrancou a cédula de cem cruzeiros e deu-a ao velho.

ALMAS EM DESFILE – HILÁRIO SILVA - FCX


CAP XVI – 15/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XVI – SERVIR A DEUS E A MAMON

 

DÁ DE TI MESMO

Declaraste não possuir dinheiro para auxiliar.

Acreditas que um pouco de papel ou um tanto de níquel te substituem o coração?

Esqueces-te, meu filho, de que podes sorrir para o doente e estender a mão ao necessitado?

A flor não traz consigo uma bolsa de ouro, entretanto espalha perfume no firmamento.

O céu não exibe chuvas de moedas, mas enche o mundo de luz. Quanto pagas pelo ar fresco que, em bafejos amigos, te visita o quarto

pela manhã?

O oxigênio cobra-te imposto?

Quanto te custa a ternura materna?

As aves cantam gratuitamente.

A fonte que te oferece o banho reconfortador não exige mensalidade.

A árvore abre-te os braços acolhedores, repletos de flor e fruto, sem pedir vintém.

A bênção divina, cada noite, conduz o teu pensamento a bendito repouso no sono e não fazes retribuição de espécie alguma. Habitualmente sonhas, colhendo rosas em formoso jardim, junto de companheiros felizes; no entanto, jamais te lembraste de agradecer aos gênios espirituais que te proporcionam venturoso descanso.

A estrela brilha sem pagamento.

O Sol não espera salário.

Porque não aprenderes com a Natureza em torno?

Porque não te fazeres mais alegre, mais comunicativo, mais doce?

Tens a fisionomia seca e ensombrada por faltar-te dinheiro excessivo e reclamas recursos materiais para ser bom, quando a bondade não nasce dos cofres fortes.

Sê irmão de teu irmão, companheiro de teu companheiro, amigo de teu amigo.

Na ciência de amar, resplandece a sabedoria de dar.

Mostra um semblante sereno e otimista, aonde fores.

Estende os braços, alonga o coração, comunica-te com o próximo, através dos fios brilhantes da amizade fiel.

Que importa se alguém te não entende o gesto de amor?

Que seria de nós, meu filho, se a mão do Senhor se recolhesse a distância, por temer-nos a rudeza e a maldade?

Dá de ti mesmo, em toda parte.

Muito acima do dinheiro, pairam as tuas mãos amigas e fraternais.

ALVORADA CRISTÃ - Francisco Cândido Xavier - DITADO PELO ESPÍRITO NEIO LÚCIO

 

 

A LENDA DO DINHEIRO

Conta-se que, no princípio do mundo, o Senhor entrou em dificuldades no desenvolvimento da obra terrestre, porque os homens se entregaram a excessivo repouso.

Ninguém se animava a trabalhar.

Terra solta amontoava-se aqui e ali.

Minerais variados estendiam-se ao léu.

Águas estagnadas apareciam em toda parte.

O Divino Organizador pretendia erguer lares e templos, educandários e abrigos diversos, mas... com que braços?

Os homens e as mulheres da Terra, convidados ao suor da edificação por amor, respondiam: — “para quê?“

E comiam frutos silvestres, perseguiam animais para devorá-los e dormiam sob as grandes árvores.

Após refletir muito, o Celeste Governador criou o dinheiro, adivinhando que as criaturas, presas da ignorância, se não sabiam agir por amor, operariam por ambição.

E assim aconteceu.

Tão logo surgiu o dinheiro, a comunidade fragmentou-se em pequenas e grandes facções, incentivando-se a produção de benefícios gerais e de valores imaginativos.

Apareceram candidatos a toda espécie de serviços.

O primeiro deles pediu ao Senhor permissão para fundar uma grande olaria.

Outro requereu meios de pesquisar os minérios pesados, de maneira a transformá-los em utensílios.

Certo trabalhador suplicou recursos para aproveitamento de grandes áreas na exploração de cereais.

Outro, ainda, implorou empréstimo para produzir fios, de modo a colaborar no aperfeiçoamento do vestuário. Servidores de várias procedências vieram e solicitaram auxílio financeiro destinado à criação de remédios.

O Senhor a todos atendeu com alegria.

Em breve, olarias e lavouras, teares rústicos e oficinas rudimentares se improvisaram aqui e acolá, desenvolvendo progresso amplo na inteligência e nas coisas.

Os homens, ansiosamente procurando o dinheiro, a fim de se tornarem mais destacados e poderosos entre si, trabalhavam sem descanso, produzindo tijolos, instrumentos agrícolas, máquinas, fios, óleos, alimento abundante, agasalho, calçados e inúmeras invenções de conforto, e, assim, a terra menos proveitosa foi removida, as pedras aproveitadas e os rios canalizados convenientemente para a irrigação; os frutos foram guardados em conserva preciosa; estradas foram traçadas de norte a sul, de leste a oeste e as águas receberam as primeiras embarcações.

Toda gente perseguia o dinheiro e guerreava pela posse dele.

Vendo, então, o Senhor que os homens produziam vantagens e prosperidade, no anseio de posse, considerou, satisfeito:

- Meus filhos da Terra não puderam servir por amor, em vista da deficiência que, por enquanto, lhes assinala a posição; todavia, o dinheiro estabelecera benéficas competições entre eles, em benefício da obra geral.

Reterão provisoriamente os recursos que me pertencem e, com a sensação da propriedade, improvisarão todos os produtos e materiais de que o aprimoramento do mundo necessita.

Esta é a minha Lei de Empréstimo que permanecerá assentada no Céu.

Cederei possibilidades a quantos me pedirem, de acordo com as exigências do aproveitamento comum; todavia, cada beneficiário apresentar-me-á contas do que houver despendido, porque a Morte conduzi-los-á, um a um, à minha presença.

Este decreto divino funcionará para cada pessoa, em particular, até que meus filhos, individualmente, aprendam a servir por amor à felicidade geral, livres do grilhão que a posse institui.

Desde então, a maioria das criaturas passou a trabalhar por dedicação ao dinheiro, que é de propriedade exclusiva do Senhor, da aplicação do qual cada homem e cada mulher prestarão contas a Ele mais tarde.

ALVORADA CRISTÃ - Francisco Cândido Xavier - DITADO PELO ESPÍRITO NEIO LÚCIO


CAP XVII – 16/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XVII – SEDE PERFEITOS

 

O DIVINO SERVIDOR

Quando Jesus nasceu, uma estrela mais brilhante que as outras luzia, a pleno céu, indicando a manjedoura.

A princípio, pouca gente lhe conhecia a missão sublime.

Em verdade, porém, assumindo a forma duma criança, vinha Ele, da parte de Deus, nosso Pai Celestial, a fim de santificar os homens e iluminar os caminhos do mundo.

O Supremo Senhor que no-lo enviou é o Dono de Todas as Coisas.

Milhões de mundos estão governados por suas mãos.

Seu poder tudo abrange, desde o Sol distante, até o verme que se arrasta sob nossos pés; e Jesus, emissário d’Ele na Terra, modificou o mundo inteiro.

Ensinando e amando, aproximou as criaturas entre si, espalhou as sementes da compaixão fraternal, dando ensejo à fundação de hospitais e escolas, templos e instituições, consagrados à elevação da Humanidade. Influenciou, com seus exemplos e lições, nos grandes impérios, obrigando príncipes e administradores, egoístas e maus, a modificarem programas de governo.

Depois de sua vinda, as prisões infernais, a escravidão do homem pelo homem, a sentença de morte indiscriminada a quantos não pensassem de acordo com os mais poderosos, deram lugar à bondade salvadora, ao respeito pela dignidade humana e pela redenção da vida, pouco a pouco.

Além dessas gigantescas obras, nos domínios da experiência material, Jesus, convertendo-se em Mestre Divino das almas, fêz ainda muito mais.

Provou ao homem a possibilidade de construir o Reino da Paz, dentro do próprio coração, abrindo a estrada celeste à felicidade de cada um de nós.

Entretanto, o maior embaixador do Céu para a Terra foi igualmente criança. Viveu num lar humilde e pobre, tanto quanto ocorre a milhões de meninos, mas não passou a infância despreocupadamente. 

Possuiu companheiros carinhosos e brincou junto deles.

No entanto, era visto diariamente a trabalhar numa carpintaria modesta.

Vivia com disciplina.

Tinha deveres para com o serrote, o martelo e os livros.

Por representar o Supremo Poder, na Terra, não se movia à vontade, sem ocupações definidas.

Nunca se sentiu superior aos pequenos que o cercavam e jamais se dedicou à humilhação dos semelhantes.

Eis porque o jovem mantido à solta, sem obrigações de servir, atender e respeitar, permanece em grande perigo.

Filho de pais ricos ou pobres, o menino desocupado é invariavelmente um vagabundo.

E o vagabundo aspira ao título de malfeitor, em todas as circunstâncias.

Ainda que não possua orientadores esclarecidos no ambiente em que respira, o jovem deve procurar o trabalho edificante, em que possa ser útil ao bem geral, pois se o próprio Jesus, que não precisava de qualquer amparo humano, exemplificou o serviço ao próximo, desde os anos mais tenros, que não devemos fazer a fim de aproveitar o tempo que nos é concedido na Terra?

ALVORADA CRISTÃ - Francisco Cândido Xavier - DITADO PELO ESPÍRITO NEIO LÚCIO

 

 

A JÓIA

No grande transatlântico em que cento e oitenta pessoas seguiam da América do Sul para a América do Norte, dentre as quais cento e dez brasileiros, o Sr. Zenóbio de Carvalho era cavalheiro dos mais simpáticos. Prestativo. Cordial. Sempre um sorriso bom, distribuindo coragem.

Acompanhava uma filhinha de quatro anos para tratamento de saúde em Nova York e, com o rosto já coberto de rugas, dava a idéia de sessenta anos de idade, quando ultrapassara apenas as faixas dos quarenta.

Exteriorizava, porém, tamanho encanto na convivência, que se tornara por todos estimado.

Entretanto, Carvalho, conhecido como distinto comerciante no sul brasileiro, estava preso a um hábito forte.

Toda manhã e toda tarde era visto no tombadilho compulsando livros espíritas.

Ninguém dava a isso maior interesse, menos o velho professor Marques Botelho, que não ia com semelhante atitude.

E todas as vezes que o negociante saía da cabina para ler diante do mar, o educador tomava uma das obras de Hemingway, que andava recordando para familiarizar-se com o inglês, e postava-se em outra poltrona, ao lado dele, como em desafio, a baforar fumaça espessa, pelo cachimbo encastoado de prata.

Às vésperas do desembarque, reuniram-se todos os viajantes no salão de festas, para o lanche em comum.

Carvalho chegou, como sempre, conduzindo um livro espírita e, porque as circunstâncias o colocassem renteando com o cordial adversário, o professor, em meio à festa, apontou o volume, com antipatia evidente, e falou, em voz alta:

- Sinto ojeriza especial por tudo quanto se relacione com Espiritismo...

- Ora, ora, mas por quê? – indagou Zenóbio, humilde.

- Há precisamente vinte e dois anos – comentou o educador -, estive em Buenos Aires, estudando a instrução na Argentina, e hospedei-me com um amigo na rua de Córdova, onde me roubaram precioso anel de brilhantes, lembrança de minha mãe. Meu amigo viu o vulto do ladrão que desapareceu numa construção próxima, onde se praticavam sessões espíritas. Providenciamos a inquirição policial. O bando espírita esteve detido, mas tudo em vão... Desde essa época, não vou com essa droga...

O negociante ruborizou-se e respondeu:

- Sinto-me realmente numa hora de testemunho. Devo confessar que, em minha mocidade, fui ladrão, mas, há vinte anos, após um roubo por mim praticado, alguém se compadeceu de minha juventude viciada e colocou-me nas mãos uma obra de Allan Kardec. Reformei-me. Compreendi que a vontade cria o destino e sou hoje outro homem...

- Oh! Oh!...

Exclamações explodiam de todas as bocas.

- Sr. Carvalho – aparteou o catedrático -, não tive a intenção de ofendê-lo... Não tenho simpatia pelo Espiritismo, mas não creio que o senhor tenha errado alguma vez. Perdoe-me.

Mas Zenóbio, agora sorrindo sereno, enfiou a mão no bolso interno do paletó e arrancou de lá um anel e entregou-o ao educador, exclamando:

- Fui eu que lhe furtei a jóia, em Buenos Aires.Há vinte anos eu a trago no bolso, para devolvê-la ao legítimo dono.

Num rasgo de imenso valor moral, fitou os circunstantes e acentuou:

- Creiam que hoje é um dos mais belos dias de minha vida...

E terminou, ante o emocionado silêncio de todos:

- Graças a Deus!

ALMAS EM DESFILE – HILARIO SILVA - FCX


CAP XVIII – 17/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XVIII – MUITOS OS CHAMADOS E POUCOS OS ESCOLHIDOS

 

SOMOS CHAMADOS A SERVIR

O legislador, com a pena, traça decretos para reger o povo.

O escritor utiliza o mesmo instrumento e escreve livros que renovam o pensamento do mundo.

Mas, não é só a pena que, manejada pelo homem, consegue expressar a sabedoria, a arte e a beleza, dentro da vida.

Uma vassoura simples faz a alegria da limpeza e, sem limpeza, o administrador ou o poeta não conseguem trabalhar.

O arado arroteia o solo e traça linhas das quais transbordarão o milho, o arroz, a batata e o trigo, enchendo os celeiros.

A enxada grava sulcos abençoados no chão, a fim de que a sementeira progrida.

A plaina corrige a madeira bruta, cooperando na construção do lar.

A janela é um poema silencioso a comunicar-nos com a natureza externa; o leito é um santuário horizontal, convidando ao descanso.

O malho toma o ferro e transforma-o em utilidades preciosas.

O prato recolhe o alimento e nos sugere a Caridade.

O moinho recebe os grãos e converte-os no milagre da farinha.

O barro desprezível, nas mãos operosas ao oleiro, em breve surge metamorfoseado em vaso precioso.

Todos os instrumentos de trabalho no mundo, tanto quanto a pena, concretizam os ideais superiores, as aspirações de serviço e os impulsos nobres da alma.

Ninguém suponha que, perante Deus, os grandes homens sejam sômente aqueles que usam a autoridade intelectual manifestada. Quando os políticos orientam e governam, é o tecelão quem lhes agasalha o corpo. Se os juizes se congregam nas mesas de paz e justiça, são os lavradores quem lhes ofertam recurso ao jantar.

Louvemos, pois, a Divina Inteligência que dirige os serviços do mundo!

Se cada árvore produz, segundo a Sua especialidade a benefício da Prosperidade comum, lembremo-nos de que Somos todos chamados a servir na obra do Senhor, de maneira diferente

Cada trabalhador em seu campo seja honrado pela Cota de bem que produza e cada servo Permaneça Convencido de que a maior homenagem suscetível de ser prestada por nós ao Senhor é a correta execução do nosso dever, Onde estivermos.

ALVORADA CRISTÃ - Francisco Cândido Xavier - DITADO PELO ESPÍRITO NEIO LÚCIO

 

 

A FORÇA DO EXEMPLO

José do Espírito Santo, modesto espírita de Nilópolis, Estado do Rio, falava à porta do

Centro, a pequeno grupo de amigos:

— Sim, meus irmãos, a caridade é a maior bênção.

Nisso, passam dois estudantes, ouvem breves trechos da palestra e avançam conversando:

— Você ouviu? Todo espírita é só “fachada”!

— Realmente. Fazem as coisas “para inglês ver”.

Logo depois, os rapazes deparam com infeliz mendigo. Pálido e doente. Sem paletó.

Camisa em frangalhos. Pele à mostra.

A tiritar de frio, estende-lhes a mão magra.

Um dos estudantes dá-lhe alguns centavos.

Notam, então, que José do Espírito Santo vem vindo sozinho, pela rua. E um deles diz:

— Olhe! Lá vem o “tal”! Aposto que não dará nada a esse homem.

— Sim. Vamos ver. Afastemos um pouco, senão ele vai querer “fazer cartaz”. Os dois jovens ficaram escondidos na esquina, um pouco adiante.

O pedinte roga auxílio.

José chega junto dele e o abraça, fraterno. Em seguida, apalpa os bolsos e exclama:

— Infelizmente, meu amigo, estou sem um níquel...

Os jovens entreolharam-se, rindo... Um deles recorda:

— Não lhe disse?...

O espírita condoeu-se, vendo a nudez do homem que tremia de frio. Deitou um olhar em torno para ver se estava sendo observado. Sentiu a rua deserta.

Num gesto espontâneo, tirou o paletó. Dependurou a peça num portão de residência próxima, arrancou a camisa felpuda e, seminu, vestiu-a no companheiro boquiaberto, mas encantado.

A seguir, após recobrir, à pressa, o busto nu com o paletó, disse com simplicidade:

— Meu amigo, é só isso que tenho hoje. Volte aqui mesmo amanhã. E estugou o passo para a frente, enquanto o necessitado sorria, feliz.

No outro dia, os dois estudantes estavam no templo espírita, ouvindo a pregação.

ALMAS EM DESFILE – HILARIO SILVA - FCX


CAP XIX – 18/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XIX – A FÉ TRANSPORTA MONTANHAS

 

EM TI MESMO

“Tens fé? Tem-na em ti mesmo, diante de Deus.” — Paulo. (ROMANOS, capítulo 14, versículo 22.)

 

No mecanismo das realizações diárias, não é possível esquecer a criatura aquela expressão de confiança em si mesma, e que deve manter na esfera das obrigações que tem de cumprir à face de Deus.

Os que vivem na certeza das promessas divinas são os que guardam a fé no poder relativo que lhes foi confiado e, aumentando-o pelo próprio esforço, prosseguem nas edificações definitivas, com vistas à eternidade.

Os que, no entanto, permanecem desalentados quanto às suas possibilidades, esperando em promessas humanas, dão a ideia de fragmentos de cortiça, sem finalidade própria, ao sabor das águas, sem roteiro e sem ancoradouro.

Naturalmente, ninguém poderá viver na Terra sem confiar em alguém de seu círculo mais próximo; mas, a afeição, o laço amigo, o calor das dedicações elevadas não podem excluir a confiança em si mesmo, diante do Criador.

Na esfera de cada criatura, Deus pode tudo; não dispensa, porém, a cooperação, a vontade e a confiança do filho para realizar.

Um pai que fizesse, mecanicamente, o quadro de felicidades dos seus descendentes, exterminaria, em cada um, as faculdades mais brilhantes.

Por que te manterás indeciso, se o Senhor te conferiu este ou aquele trabalho justo?

Faze -o retamente, porque se Deus tem confiança em ti para alguma coisa, deves confiar em ti mesmo, diante d’Ele.

 

CAMINHO VERDADE E VIDA – EMMANUEL - FCX

 

 

A TIRA DE PAPEL

A sessão terminara.

Armindo pensava, enquanto as pessoas deixavam o salão.

Ali viera pela primeira vez por insistência de amigos que lhe indicaram o Espiritismo como recurso para asserenar-lhe a angústia.

Ecoavam nele, ainda, as palavras do orador, moço a brandir verbo firme e brilhante:

- A fé em Deus traz a alegria de viver. É sol na alma. Tenhamos confiança e, sobretudo, ajudemos aqueles que não a possuem, confortando os desesperados. Ajudar a alguém é ajudar-nos. Servir é servir-nos...

E Armindo cismava:

O pregador diz essas coisas, mas não creio que as faça. É muito moço ainda. Cheio de vida. Quero ver quando chegar na minha idade... Cinquenta e seis anos... Quanta decepção! Quanta dor!...

E, meditando, não percebeu que quase todos os circunstantes já se haviam retirado, deixando-o quase só...

Armindo levanta-se e vê um montículo de papel sobre a mesa.

São pequenas tiras indicando os nomes de doentes que haviam recorrido às orações daquela noite no templo espírita.

Brota-lhe uma ideia de súbito.

Apanharia um nome e aplicaria os conselhos ouvidos.

Consolaria a alguém necessitado, tentando melhorar a sua própria mente.

Toma de um pedacinho de papel e lê nele um nome de mulher, com o endereço respectivo.

- Amanhã é domingo – refletiu. – Visitarei essa pessoa pela manhã.

Realmente, às oito horas batia à porta de pequena casa, a desmoronar-se em bairro distante.

Mocinha triste atende.

Armindo pergunta pela mulher indicada.

E a jovem fala baixinho:

- Meu senhor, Conceição acaba de desencarnar. Entre, faça o favor.

Emocionado, Armindo vê junto a catre paupérrimo duas senhoras humildes compondo o corpo inerte de mulher moça, observadas por duas crianças de olhar agoniado.

Depois das saudações, uma das senhoras assinala, discreta:

- Era câncer. Descansou, coitada. Há três meses vinha sofrendo horrivelmente. Armindo, consternado, ouviu o esclarecimento.

Nisso, um homem penetra no quarto penumbroso.

- É o marido da morta e pai dos meninos – esclarece a senhora, falando de novo.

Armindo dirige-se para ele, fazendo menção de cumprimentá-lo, e, extremamente surpreendido, reconhece nele o orador da noite precedente, de olhos molhados, mas de fisionomia tranquila.

ALMAS EM DESFILE – HILARIO SILVA - FCX


CAP XX – 19/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XX – OS TRABALHADORES DA ÚLTIMA HORA

 

PERTO DE TI

Ouves expressivos comunicados do Plano Espiritual, quanto ao trabalho que te espera no mundo.

Comumente, depois disso, deixas que o próprio pensamento divague ao longe, pesquisando notícias dos males enormes que assolam a Terra.

Sabes que as grandes necessidades reclamam as grandes intervenções, e refletes, para logo, nas missões gigantescas, como sejam: a extinção da guerra, supressão dos preconceitos raciais que prejudicam povos inteiros, a cura de doenças que vergastam a Humanidade ou a decifração dos enigmas da ciência.

Em verdade, tudo isso demanda a presença de missionários especializados; entretanto, urge atendas aos Desígnios Divinos, na execução dos serviços menos importantes que se amontoam, junto de ti.

Talvez não haja, até agora, qualquer chamamento que te peça atuar nos conflitos armados, em outras terras, mas o Senhor te solicita apaziguar os corações que te rodeiam para que a serenidade e a paz te presidam o campo doméstico; é possível que ninguém te aguarde, por enquanto, qualquer contribuição no banimento definitivo das moléstias consideradas insanáveis, no entanto, o Senhor te roga socorro, em favor dos irmãos doentes que choram e sofrem na área de tua influência pessoal e direta;

Provavelmente, não tens ainda a palavra convidada para traçar diretrizes, à frente das multidões; todavia, o Senhor conta com o teu verbo compreensivo e brando, nos círculos de tua convivência, garantindo tranquilidade e elevação naqueles que te partilham a vida.

Não se sabe se trazes alguma incumbência do Alto para responder aos desafios da Natureza com essa ou aquela descoberta de valor fundamental para a Humanidade, porém é certo que o Senhor te espera a colaboração para que se resolvam pequeninos problemas, no quadro das provações de quantas renteiam contigo na trilha cotidiana.

Todo serviço no bem dos outros tem grande importância perante o Divino Mestre.

Justo, assim, te interesses por todos os assuntos graves do Planeta e forçoso faças quanto possas, a benefício dos companheiros do mundo que se vejam a longa distância da estrada em que transitas, mas é imperioso entendas que o Senhor te aguarda a cooperação decidida, em todas as tarefas de: amor, compreensão, tolerância, apoio fraterno e serviço incessante, em auxílio de todos aqueles que se encontrem perto de ti.

ALMA E CORAÇÃO – EMMANUEL – FCX

 

 

O DOM DIVINO

Antigo devoto, extremamente apaixonado pelo Senhor, mantinha consigo o velho desejo de encontrá-lo,

afagá-lo e ser-lhe útil.

“Oh! se pudesse viver na intimidade do Mestre” – pensava em êxtase – “tudo faria por rodeá-lo de

cooperação e carinho...”

Por isso mesmo buscava cultivar todas as virtudes e aperfeiçoar todas as qualidades nobres, a fim de oferecer-lhe dons perfeitos.

Entre esperanças e orações, seguia a esteira infinita do tempo, aguardando o instante sublime de identificar-se com Jesus, quando, num sonho prodigioso, viu que o Senhor o visitava, acompanhando de sublime cortejo.

O carro fulgurante do Rei do mundo vinha ladeado de Arcanjos e Tronos, ostentando flores e estrelas do Paraíso.

maravilhado, o crente demandou o interior da casa, procurando jóias com que pretendia mimosear o Divino Amigo.

Não encontrou, porém, o ouro e a prata, as rosas e os perfumes, com os quais esperava render-lhe culto.

Em lugar deles, no entanto, reparou, espantado, que as suas virtudes se haviam materializado em vasos simbólicos. Tentou escolher dentre eles alguma preciosidade com que pudesse atender ao próprio coração, mas

notou que o seu amor estava representado por uma candeia sem óleo, a sua paciência era um prato fendido, que a sua fé exprimia-se numa ânfora enlameada, que a sua caridade era um jarro vistoso e vazio e outras virtudes como, por exemplo, a humanidade e o entendimento fraterno, nem chegavam a aparecer...

Desapontado e pesaroso por não haver encontrado algum recurso, de modo a satisfazer-se, o devoto reconheceu que não passava de miserável mendigo, incapaz de uma oferta condigna ao Visitante Celestial.

Quis fugir, escondendo a própria indigência, todavia, surpreendido pelo Mestre que o abraçava, bondoso,clamou em lagrimas.

-Eterno Benfeitor, perdoa-me a pobreza! Nada tenho para expressar-te o meu carinho!... Minhas virtudes

não passam de baixelas desprezíveis...

Jesus complementou as alfaias expostas, sorriu e falou, sereno:

-Realmente, as qualidades edificantes que o reino do Todo-Poderoso espera de nós revelam-se em construção, no terreno de tua alma é imprescindível que o tempo te aprimore os talentos imortais.

Entretanto, trazes contigo o dom divino oculto em todas as criaturas. É por ele que a Obra de Deus se aperfeiçoa na

Terra usando-o poder colaborar comigo em toda parte, santificando-te, cada vez mais, para a glória do paraíso.

E porque o discípulo indagasse, entre aflito e jubiloso, o Mestre completou:

-É o dom do servir, indistintamente.

Ajuda-me a velar pelos homens, pela vida, pela natureza... Auxilia comigo ao ignorante e ao doente, ao velho e à criancinha, ao animal e à erva tenra. A qualquer criatura ou a qualquer coisa que ofereças o bem é a mim mesmo que o fazes...

O devoto quis falar, traduzindo a imensa ventura que lhe banhava a lama toda, ante a lição recebida, mas, ao murmúrio do vento, que parecia chamá-lo ao trabalho, fora do aconchego doméstico, despertou no leito macio e começou a pensar.

LIVRO CARTAS DO CORAÇÃO – HUMBERTO DE CAMPOS – IRMÃO X - FCX


CAP XXI – 20/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XXI – FALSOS CRISTOS E FALSOS PROFETAS

 

CONVERSAR

“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graças aos que a ouvem.” — Paulo. (EFÉSIOS, capítulo 4, versículo 29.)

 

O gosto de conversar retamente e as palestras edificantes caracterizam as relações de legítimo amor fraternal.

As almas que se compreendem, nesse ou naquele setor da atividade comum, estimam as conversações afetuosas e sábias, como escrínios vivos de Deus, que permutam, entre si, os valores mais preciosos.

A palavra precede todos os movimentos nobres da vida.

Tece os ideais do amor, estimula a parte divina, desdobra a civilização, organiza famílias e povos.

Jesus legou o Evangelho ao mundo, conversando.

E quantos atingem mais elevado plano de manifestação, prezam a palestra amorosa e esclarecedora.

Pela perda do gosto de conversar com alguém, pode o homem avaliar se está caindo ou se o amigo estaciona em desvios inesperados.

Todavia, além dos que se conservam em posição de superioridade, existem aqueles que desfiguram o dom sagrado do verbo, compelindo-o às maiores torpezas.

São os amantes do ridículo, da zombaria, dos falsos costumes.

A palavra, porém, é dádiva tão santa que, ainda aí, revela aos ouvintes corretos a qualidade do espírito que a insulta e desfigura, colocando-o, imediatamente, no baixo lugar que lhe compete nos quadros da vida.

Conversar é possibilidade sublime.

Não relaxes, pois, essa concessão do Altíssimo, porque pela tua conversação serás conhecido.

CAMINHO VERDADE E VIDA EMMANUEL - FCX

 

 

O PERU PREGADOR

Um belo peru, após conviver largo tempo na intimidade duma família que dispunha de vastos conhecimentos evangélicos, aprendeu a transmitir os ensinamentos de Jesus, esperando-lhe também as divinas promessas.

Tão versado ficou nas letras sagradas que passou a propagá-las entre as outras aves.

De quando em quando, era visto a falar em sua estranha linguagem “glá-glé-gli- gló-glu”.

Não era, naturalmente, compreendido pelos homens.

Mas os outros perus, as galinhas, os gansos e os marrecos, bem como os patos, entendiam-no perfeitamente.

Começava o comentário das lições do Evangelho e o terreiro enchia-se logo.

Até os pintainhos se aquietavam sob as asas maternas, a fim de ouvi-lo.

O peru, muito confiante, assegurava que Jesus -Cristo era o Salvador do Mundo, que viera alumiar o caminho de todos e que, por base de sua doutrina, colocara o amor das criaturas umas para com as outras, garantindo a fórmula de verdadeira felicidade na Terra.

Dizia que todos os seres, para viverem tranquilos e contentes, deveriam perdoar aos inimigos, desculpar os transviados e socorrê-los.

As aves passaram a venerar o Evangelho; todavia, chegado o Natal do Mestre Divino, eis que alguns homens vieram aos lagos, galinheiros, currais e, depois de se referirem excessivamente ao amor que dedicavam a Jesus, laçaram frangos, patinhos e perus, matando-os, ali mesmo, ante o assombro geral.

Houve muitos gritos e lamentações, mas os perseguidores, alegando a festa do Cristo, distribuíram pancadas e golpes à vontade.

Até mesmo a esposa do peru pregador foi também morta.

Quando o silêncio se fez no terreiro, ao cair da noite, havia em toda parte enorme tristeza e irremediável angústia de coração.

As aves aflitas rodearam o doutrinador e crivaram-no de perguntas dolorosas.

Como louvar um Senhor que aceitava tantas manifestações de sangue na festa de seu natalício?

- como explicar tanta maldade por parte dos homens que se declaravam cristãos e operavam tanta matança?

- não cantavam eles hinos de homenagem ao Cristo?

-  não se afirmavam discípulos d’Ele?

- precisavam, então, de tanta morte e tanta lágrima para reverenciarem o Senhor?

O pastor alado, muito contrafeito, prometeu responder no dia seguinte.

Achava-se igualmente cansado e oprimido.

Na manhã imediata, ante o Sol rutilante do Natal, esclareceu aos companheiros que a ordem de matar não vinha de Jesus, que preferira a morte no madeiro a ter de justiçar; que deviam todos eles continuar, por isso mesmo, amando o Senhor e servindo-o, acrescentando que lhes cabia perdoar setenta vezes sete.

Explicou, por fim, que os homens degoladores estavam anunciados no versículo quinze do capítulo sete, do Apóstolo Mateus, que esclarece: — “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores”.

Em seguida, o peru recitou o capítulo cinco do mesmo evangelista, comentando as bem-aventuranças prometidas pelo Divino Amigo aos que choram e padecem no mundo.

Verificou-se, então, imenso reconforto na comunidade atormentada e aflita, porque as aves se recordaram de que o próprio Senhor, para alcançar a Ressurreição Gloriosa, aceitara a morte de sacrifício igual à delas.

ALVORADA CRISTÃ - FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - DITADO PELO ESPÍRITO NEIO LÚCIO


CAP XXII – 21/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XXII – O QUE DEUS UNIU O HOMEM NÃO SEPARA

 

PERDÃO NA INTIMIDADE

Quando nos referimos a perdão, habitualmente mentalizamos o quadro clássico em que nos vemos à frente de supostos adversários, distribuindo magnanimidade e benemerência, qual se pudéssemos viver sem a tolerância alheia.

O assunto, porém, se espraia em ângulos diversos, notadamente naqueles que se reportam ao cotidiano.

Se não soubermos desculpar as faltas dos seres que amamos, e se não pudermos ser desculpados pelos erros que cometemos diante deles, a existência em comum seria francamente impraticável, porquanto irritações e azedumes devidamente somados atingiram quotas suficientes para infligir a desencarnação prematura a qualquer pessoa.

Precisamos muito mais do perdão, dentro de casa, que na arena social, e muito mais de apoio recíproco no ambiente em que somos chamados a servir, que nas avenidas rumorosas do mundo.

Em auxílio a nós mesmos, todos necessitamos cultivar compreensão e apoio construtivo, no amparo sistemático a familiares e vizinhos, chefes e subalternos, clientes e associados, respeito constante a vida particular dos amigos íntimos, tolerância para os entes amados, com paciência e olvido diante de quaisquer ofensas que assaltem os corações. Nada de aguardamos sucessos calamitosos, dores públicas e humilhações na praça, a fim de aparecermos na posição de atores da benevolência dramatizada, apesar de nossa obrigação de fazer o bem e esquecer o mal, seja onde for.

Aprendamos a desculpar - mas a desculpar sinceramente, de coração e memória -, todas as alfinetadas e contratempos, aborrecimentos e desgostos, no círculo estreito de nossas relações pessoais, exercitando-nos em bondade real para ser realmente bons.

Tão somente assim, lograremos praticar o perdão que Jesus nos ensinou.

E se o Mestre nos ensinou perdoar setenta vezes sete aos nossos inimigos, quantas vezes deveremos perdoar aos amigos que nos entretecem a alegria de viver?

Decerto que o Senhor se fez omisso na questão porque tanto de nossos companheiros necessitam de nós, quanto nós necessitamos deles, e, por isso mesmo, de corações entrelaçados no caminho da vida, é imprescindível reconhecer que, entre os verdadeiros amigos, qualquer ocorrência será motivo para aprendermos, com segurança, a abençoar e entender, amar e auxiliar.

ALMA E CORAÇÃO – EMMANUEL – FCX

 

 

O ENSINAMENTO VIVO

Em observando qualquer edificação ou serviço, Maria Cármen não faltava à crítica.

Ante um vestido das amigas, exclamava sem-cerimônia:

— O conjunto é tolerável, mas as particularidades deixam muito a desejar. A gola foi extremamente malfeita e as mangas estão defeituosas.

Perante um móvel qualquer, rematava as observações irônicas com a frase:

— Não poderiam fazer coisa melhor? E, à frente de qualquer obra de arte, encontrava traços e ângulos para condenar.

A Mãezinha, preocupada, estudou recursos de dar-lhe proveitoso ensinamento.

Foi assim que, certa manhã, convidou a filha a visitar, em sua companhia, a construção de um edifício de vastas linhas. A jovem, que não podia adivinhar-lhe o plano, seguiu-a, surpreendida.

Percorreram algumas ruas e pararam diante do arranha-céu a levantar-se.

A senhora pediu a colaboração do engenheiro-chefe e passou a mostrar à filha os vários departamentos.

Enquanto muitos servidores abriam acomodações para os alicerces, no chão duro, manobrando picaretas, veículos pesados transportavam terra daqui para ali, com rapidez e segurança.

Pedreiros começavam a erguer paredes, suarentos e ágeis, sob a atenciosa vigilância dos técnicos que orientavam os trabalhos.

Caminhões e carroças traziam material de mais longe.

Carregadores corriam na execução do dever.

O diretor das obras, convidado pela matrona a pronunciar-se sobre a edificação, esclareceu, gentil:

— Seremos obrigados a inverter volumoso capital para resgatar as despesas.

Requisitaremos, ainda, a colaboração de centenas de trabalhadores especializados.

Carpinteiros, estucadores, vidraceiros, pintores, bombeiros e eletricistas virão completar-nos o serviço.

Qualquer construção reclama toda uma falange de servos dedicados.

A menina, revelando-se impressionada, respondeu:

— Quanta gente a pensar, a cooperar e servir!...

— Sim — considerou o chefe, sorrindo expressivamente —, edificar é sempre muito difícil.

Logo após, mãe e filha apresentaram as despedidas, encaminhando-Se, agora, para velho bairro.

Vararam algumas travessas e praças menos agradáveis e chegaram à frente de antiga casa em demolição.

Viam-se-lhe as linhas nobres, no estilo colonial, através das alas que ainda se achavam de pé.

Um homem, apenas, ali se encontrava, usando martelo de tamanho gigantesco, abatendo alvenaria e madeirame.

Ante a queda das paredes a ruirem com estrondo, de minuto a minuto, a jovem observou:

— Como é terrível arruinar, deste modo, o esforço de tantos!

A Mãezinha serena interveio, então, e falou, conselheiramente:

— Chegamos, filha, ao fim do ensinamento vivo que buscamos.

Toda a realização útil na Terra exige a paciência e o suor, o trabalho e o sacrifício de muita gente. Edificar é muito difícil. Mas destruir e eliminar é sempre muito fácil.

Bastará uma pessoa de martelo à mão para prejudicar a obra de milhares.

A crítica destrutiva é um martelo que usamos criminosamente, ante o respeitável esforço alheio.

Compreendeu?

A jovem fez um sinal afirmativo com a cabeça e, daí em diante, procurou ajudar a todos ao invés de macular, desencorajar e ferir.

ALVORADA CRISTÃ - FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - DITADO PELO ESPÍRITO NEIO LÚCIO


CAP XXIII – 22/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XXIII – MORAL ESTRANHA

 

ENSEJO AO BEM

“Jesus, porém, lhe disse: Amigo, a que vieste? — Então, aproximando-se, lançaram mão de Jesus e o prenderam.” — (MATEUS, capítulo 26, versículo 50.)

 

É significativo observar o otimismo do Mestre, prodigalizando oportunidades ao bem, até ao fim de sua gloriosa missão de verdade e amor, junto dos homens.

Cientificara-se o Cristo, com respeito ao desvio de Judas, comentara amorosamente o assunto, na derradeira reunião mais íntima com os discípulos, não guardava qualquer dúvida relativamente aos suplícios que o esperavam; no entanto, em se aproximando, o cooperador transviado beija-o na face, identificando-o perante os verdugos, e o Mestre, com sublime serenidade, recebe-lhe a saudação carinhosamente e indaga: Amigo, a que vieste?

Seu coração misericordioso proporcionava ao discípulo inquieto o ensejo ao bem, até ao derradeiro instante.

Embora notasse Judas em companhia dos guardas que lhe efetuariam a prisão, dá-lhe o título de “amigo”.

Não lhe retira a confiança do minuto primeiro, não o maldiz, não se entrega a queixas inúteis, não o recomenda à posteridade com acusações ou conceitos menos dignos.

Nesse gesto de inolvidável beleza espiritual, ensinou-nos Jesus que é preciso oferecer portas ao bem, até à última hora das experiências terrestres, ainda que, ao término da derradeira oportunidade, nada mais reste além do caminho para o martírio ou para a cruz dos supremos testemunhos.

CAMINHO VERDADE E VIDA – EMMANUEL - FCX

 

 

A EVOCAÇÃO DO COMENDADOR

Jorge Sales, o denodado orientador da instituição espírita, encontrava-se no habitual entendimento com Anatólio, o mentor desencarnado, através do médium.

As tarefas da noite haviam praticamente chegado ao fim, mas Jorge sentia-se necessitado de instrução e por isso dilatava a palestra, ao pé dos amigos, a constituírem o círculo de oração.

— Os obsidiados crescem de número — dizia Sales, preocupado —, e precisamos antepor providências...

— Sim — concordava o amigo espiritual —, é necessário estender o clima da serenidade e do trabalho, do entendimento e da prece...

E a conversação avançou:

— São lutas morais por toda parte... Jovens mal saídos da infância caem perturbados, de momento para outro... Velhinhos, na derradeira quadra da existência, enlouquecem de súbito... Tem havido suicídios, crimes...

O benfeitor consolava, pelo médium falante:

— Sim, meu amigo, toda paciência é pouca a fim de vencermos com segurança...

Saibamos servir a todos, com muita compreensão da fraternidade...

— Tudo indica estarmos aqui sob a influência do velho comendador Antônio Paulo da Silveira Neves, que foi fazendeiro na região e está desencarnado há oitenta anos.

Silveira Neves foi homem terrível... Consultei documentos na municipalidade e tenho ouvido pessoas da zona, cujos ascendentes lhe comungaram a intimidade... Possuía escravos em legião e, entre eles, era conhecido por flagelo de todos... Sustentava capatazes ferozes e comandava, ele próprio, o sofrimento dos cativos, que, às vezes eram chicoteados até a morte... Não só isso. Colocava os sitiantes daqui uns contra os outros, provocando assassínios e ódios que até hoje persistem... Estou certo de que essa teia de obsessões e vinganças nasce da atração do velho

comendador... Ele deve ser a causa inicial de tudo...

— Muito ponderada a sua palavra...

— O irmão conhece o infeliz?

— Sim, conheço...

— Tenho o máximo interesse em evocá-lo...

— Não acho prudente.

— Ora! São muitos os Espíritos rebeldes evidentemente vinculados a ele...

Topo vários, a cada semana...

Uns se declaram vítimas do comendador, muitos acusam o comendador e outros ainda prometem que não haverá mudança aqui, enquanto não liquidarem o comendador...

Tenho assentado que, apesar de haver transcorrido muito tempo, é indispensável nos disponhamos a doutrinar esse Espírito.

Sem esse contacto, ao que julgo, será muito difícil a modificação para melhor, de que estamos necessitados...

— Entendo o que diz — tornou Anatólio —, mas não faça a evocação. Seria de todo inoportuna...

— Mas escute, meu amigo! Eu também pareço sofrer a influência dessa poderosa entidade... As referências ao comendador desabam sobre mim como choques elétricos. Só em ouvir-lhe o nome, sinto-me mal... Imagine que já fui orar por ele, no próprio túmulo em que lhe sepultaram o corpo, tão impressionado vivo eu... Creio que se orássemos, chamando-o ao aparelho mediúnico...

— Mas não convém...

— Insistiria, no entanto... Um entendimento direto, entre esse Espírito perseguidor e nós, talvez desse bom resultado...

— A medida é desaconselhável.

— Será que Silveira Neves desencarnado está em plano superior, embora as atrocidades que cometeu?

— Ainda não... O ex-comendador vive em luta consigo mesmo...

— Então? Trazê-lo ao esclarecimento seria caridade...

— Isso, entretanto não deve ser tentado.

— Meu amigo, por que a recusa, se o Espírito dele está em provas, segundo a sua própria informação?

— Apesar de tudo — replicou o benfeitor —, a evocação não deve ser praticada...

O interlocutor, porém, não obstante respeitoso, perguntou semi-exasperado:

— Mas por quê?

Vendo que o instrutor silenciava, discreto, repetiu:

— Diga! Diga, por quê?!...

Foi aí que Anatólio mudou o tom de voz e falou muito sereno:

— Jorge, meu amigo, a evocação não deve ser feita porque o ex-comendador Antônio Paulo da Silveira Neves é você mesmo... reencarnado.

ALMAS EM DESFILE – HILÁRIO SILVA - FCX


CAP XXIV – 23/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XXIV – NÃO COLOCAR A CANDEIA DEBAIXO DO ALQUEIRE

 

O AMIGO SUBLIME

É sempre o amigo sublime. Educa sem ferir-nos.

Diverte, edificando-nos o caráter.

Revela-nos o passado e prepara-nos, diante do porvir. Repete-nos o que Sócrates ensinou nas praças de Atenas.

Descobre-nos ao olhar maravilhado as civilizações que passaram. O Egito

resplandecente dos faraós, a Grécia dos filósofos e artistas, a Jerusalém dos hebreus, desfilam ante a nossa imaginação, ao seu toque espiritual.

Conta-nos o que realizou Moisés, o grande legislador.

Lembra-nos a palavra de Platão e Aristóteles.

Junto dele, aprendemos quanto sofreram nossos antepassados, na conquista do bem-estar de que gozamos presentemente.

Descreve-nos a inutilidade das guerras nascidas do ódio que devastaram o mundo. Aconselha-nos quanto à sementeira de tranquilidade e alegria. Ajuda-nos no entendimento de nós mesmos e na compreensão de nossos vizinhos. Dá-nos coragem para o trabalho, e humildade no caminho da experiência.

Sem ele, perderíamos as mais belas notícias de nossos avós e a obra da vida não alcançaria a necessária significação; passaríamos na Terra, em pleno desconhecimento uns dos outros, e a lição preciosa dos homens mais velhos não chegaria aos ouvidos dos mais novos; a religião e a ciência provavelmente não surgiriam à luz da realidade; os mais elevados ideais do espírito humano morreriam sem eco; a indústria, o comércio e a navegação não possuiriam pontos de apoio.

É o traço de união, entre os que ensinam e aprendem, entre os milênios que já se foram e o dia que vivemos agora.

É, ainda, a esse amigo abençoado que devemos a coleção de notícias e ensinamentos de Jesus, que renovam a Terra para o Reino Divino.

Esse inesquecível benfeitor do mundo é o livro edificante. Por isto, não nos esqueçamos

de que todo livro consagrado ao bem é um companheiro iluminado de nossa vida, merecendo a estima e o respeito universal.

ALVORADA CRISTÃ - Francisco Cândido Xavier - DITADO PELO ESPÍRITO NEIO LÚCIO

 

 

PARA QUE DISCUTIR?

Mário Altamirando, ao lado de Vitoriano Siqueira, ouvia admirado os conceitos de Melásio Batista.

O homem parecia inflamado de cóleras sagradas contra a religião.

Batista era familiar de Siqueira, e Mário, recentemente chegado ao conhecimento espírita, assombrava-se ao vê-lo assim passivo ante a agressão moral do parente.

– Tudo não passa de mistificações – clamava Batista, sarcástico –, não se salva ninguém. Por último, apareceu a chamada Doutrina Espírita.

Conjunção de beócios e exploradores. Embusteiros tornam nome de médiuns e impressionam tolos de toda parte.

E com gesticulação peculiar a muitos caçadores, fazia chiste:

– “Apóstolos”, imaginem! Deve ser o mesmo que dizer espertalhões que andam “após...  tolos”.

Mas vocês estejam certos de que a ciência, dentro em breve, fará a liquidação de Deus. A reencarnação também é balela. Já estive caçando leões na África, já fui perseguido por tigres na Índia, já fui estudar de perto o gigantesco trabalho da civilização, tanto na América do Norte, quanto na Rússia, já estive na maior altura em balão e já desci à profundeza do Pacífico, junto de pescadores japoneses, e posso afirmar a vocês que a religião será museu da Humanidade.

Batista falou, falou...

Vendo que Siqueira não reagia, Mário aquietou-se. Contudo, após a despedida, quando viajavam para cidade próxima, rumo a grande concentração espírita, interpelou o amigo quanto ao silêncio a que se recolhera.

Não teria sido oportuna uma reação construtiva?

Batista dissera absurdos.

Mas Siqueira apenas respondeu:

– Ora, ora, para que discutir? E, sorrindo, acrescentou:

– Batista vai desencarnar como nós mesmos.

A morte é lição para todos. A verdade brilhará para ele, sem necessidade de irritação para nós. Há tempo de esperar e tempo de conhecer...

Ambos os amigos demoraram-se oito dias fora do burgo em que Batista vivia em elegante casa rural, e, com surpresa, na volta, encontraram-no agonizante...

E o vigoroso ateu que caçara leões e tigres, que conhecia os mais remotos países do Globo, escalando alturas e mergulhando no oceano, morreu, vitimado por gangrena, depois da instalação de um “bicho-de- pé”...

ALMAS EM DESFILE – HILARIO MSILVA - FCX


CAP XXV – 24/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XXV – BUSCAI E ACHAREIS

 

PAZ DE ESPÍRITO

Temos hoje, em toda parte da Terra, um problema essencial a resolver, a aquisição da paz de espírito, em que se desenvolvem todas as raízes da solução aos demais problemas que sitiam a alma.

Que diretrizes, porém, adotar na obtenção de semelhante conquista?

Usar a força, impor condições, armar circunstâncias?

Não desconhecemos, no entanto, que a tensão apenas consegue impedir o fluxo das energias criadoras que dimanam das áreas ocultas do espírito, agravando conflitos e mascarando as realidades profundas de nossa vida íntima, habitualmente manifestas.

A paz de espírito, ao contrário, exclui a precipitação e a inquietude, para deter-se e consolidar-se na serenidade e no entendimento.

Para adquiri-la, por isso mesmo, urge entregar as nossas síndromes de ansiedade e de angústia à providência invisível que nos apoia.

As ciências psicológicas da atualidade nomeiam esse recurso como sendo "O poder criativo e atuante do inconsciente", mas, simplificando conceitos, a fim de adaptá-los ao clima de nossa fé, chamamos-lhe "o poder onisciente de Deus em nós".

Render-nos aos desígnios de Deus, e confiar a Deus as questões que nos surjam intrincadas no cotidiano, é a norma exata da tranquilidade suscetível de garantir-nos equilíbrio no mundo interno para o rendimento ideal da vida.

Colocar à conta de Deus a parte obscura de nossa caminhada evolutiva, mas sem desprezar a parte do dever que nos compete.

Trabalhar e esperar, realizando o melhor que pudermos.

Fé e serviço, calma sem ócio.

Pensemos nisso e alijemos o fardo dos agentes destrutivos de ódio, ressentimento, culpa, condenação, crítica ou amargura que costumamos arrastar no barro da hostilidade com que tratamos a vida, tanta vez arruinando tempo e saúde, oportunidade e interesses.

Fundamentemos a nossa paz de espírito numa conclusão clara e simples: Deus que nos tem sustentado, até agora, nos sustentará também de agora em diante.

Em suma, recordemos o texto evangélico que nos adverte sensatamente: "Se Deus é por nós, quem poderia ser contra!"

ALMA E CORAÇÃO -  EMMANUEL - FCX

 

 

O ANJO DA LIMPEZA

Adélia ouvira falar em Jesus e tomara-se de tamanha paixão pelo Céu que nutria um desejo único — ser anjo para servir ao Divino Mestre.

Para isso, a boa menina fez-se humilde e crente, e, quando se não achava na escola em contacto com os livros, mantinha-se na câmara de dormir em preces fervorosas.

Cercava-se de lindas gravuras, em que os artistas do pincel lembram a passagem do Cristo entre os homens, e, em lágrimas, repetia: — “Senhor, quero ser tua! quero servir-te!...”

A Mãezinha, em franca luta doméstica, embalde convidava-a aos serviços da casa.

Adélia sorria, abraçava-se a ela e reafirmava o propósito de preparar-se para a companhia do Divino Amigo.

A bondosa senhora, observando que o ideal da filha só merecia louvores, deixava-a em paz com os estudos e orações de cada dia.

Meses correram sobre meses e a jovem prosseguia inalterável.

Orando sempre, suplicava ao Senhor a transformasse num anjo.

Decorridos dois anos de rogativas, sonhou, certa noite, que era visitada pelo Mestre Amoroso.

Jesus envolvia-se em vasta auréola de claridade sublime. A túnica luminosa, a cair-lhe dos ombros com graça e beleza, parecia de neve coroada de sol.

Estendendo-lhe a destra compassiva, o Cristo observou-lhe:

— Adélia, ouvi tuas súplicas e venho ao teu encontro. Desejas realmente servir-me?

— Sim, Senhor! — respondeu a pequena, inflamada de comoção jubilosa, convencida de que o Salvador a conduziria naquele mesmo instante para o Céu.

— Ouve! — tornou o Mestre, docemente.

Ansiosa de pôr-se a caminho do paraíso, a jovem replicou, reverente:

— Dize, Senhor! estou pronta!... Leva-me contigo, sinto-me aflita para comparecer entre os que retêm a glória de servir-te no plano celestial!...

O Cristo sorriu, bondoso e considerou: - Não, Adélia. Nosso Pai não te colocou inutilmente na Terra. Temos enorme serviço neste mundo mesmo. Estimo tuas preces e teus pensamentos de amor, mas preciso de alguém que me ajude a retirar o lixo e os detritos que se amontoam, não longe de tua casa. Meninos Cruéis prejudicaram a rede de esgoto, a pequena distância do teu lar. Aí se concentra perigoso foco de moléstias, ameaçando trabalhadores desprevenidos, mães devotadas e crianças incautas. Vai, minha filha! Ajuda-me a salvá-los da morte. Estarei contigo, auxiliando-te nessa meritória tarefa.

A menina preocupada quis fazer perguntas, mas o Mestre afastou-se, de leve...

Acordou sobressaltada. Era dia.

Vestiu-se à pressa e procurou a zona indicada.

Corajosa muniu-se de desinfetantes, armou-se de enxada e vassoura pediu a contribuição materna, e o foco infeccioso foi extinto.

A discípula obediente, todavia, não parou mais.

Diariamente, ao regressar da escola, punha-se a colaborar com a Mamãe, em casa, zelando também quanto lhe era possível pela higiene das vias públicas e ensinando outras crianças a serem tão cuidadosas, quanto ela mesma.

Tanto trabalhou e se esforçou que, certo dia, o diretor do grupo escolar lhe conferiu o título de Anjo da Limpeza. Professoras e colegas comemoraram festivamente o acontecimento.

Chegada a noite, dormiu contente e sonhou que Jesus vinha encontrá-la, de novo.

Nimbado de luz, abraçou-a, com ternura, e disse-lhe brandamente:

— Abençoada sejas, filha minha! agora, que os próprios homens te reconhecem por benfeitora, agradeço-te os serviços que me prestas diariamente.

Anjo da Limpeza na Terra, serás Anjo de Luz no Paraíso.

Em lágrimas de alegria intensa, Adélia despertou, feliz, compreendendo, cada vez mais, que a verdadeira ventura reside em colaborar com o Senhor, nos trabalhos do bem, em toda parte.

ALVORADA CRISTÃ - FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - DITADO PELO ESPÍRITO NEIO LÚCIO


CAP XXVI – 25/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XXVI – DAR DE GRAÇA O QUE DE GRAÇA RECEBER

 

PERANTE OS CAÍDOS

Tão fácil relegar ao infortúnio os nossos irmãos caídos!...

Muitos passam por aqueles que foram acidentados em terríveis enganos e nada encontram a fim de oferecer-lhes, senão frases como estas: "eu bem disse", "avisei muito"...

No entanto, por trás da queda de nosso amigo menos feliz estão as lutas da resistência, que só a Justiça Divina pode medir.

Este foi impelido à delinquência e faz-se conhecido agora por uma ficha no cadastro policial; mas, até que se lhe consumasse a ruína, quanto abandono e quanta penúria terá arrastado na existência, talvez desde os mais recuados dias da infância!...

Aquele se arrojou aos precipícios da revolta e do desânimo, abraçando o delírio da embriaguez; contudo, até que tombasse no descrédito de si mesmo, quantos dias e quantas noites de aflição terá atravessado, a estorcegar-se sob o guante da tentação para não cair!...

Aquela entrou pelas vias da insensatez e acomodou-se no poço da infelicidade que cavou para si própria; todavia, em quantos espinheiros de necessidade e perturbação ter-se-á ferido, até que a loucura se lhe instalasse no cérebro atormentado!...

Aquele outro desertou de tarefas e compromissos em cuja execução empenhara a vitória da própria alma e resvalou para experiências menos dignas, comprometendo os fundamentos da própria vida; no entanto, quantas lágrimas vertidas, até que a razão se lhe entenebrecesse, abrindo caminho à irresponsabilidade e à demência!...

Diante dos companheiros apontados à censura, jamais condenes!

Pensa nas trilhas de provação e tristeza que hão perlustrado até que os pés se lhes esmorecessem, vacilantes, na jornada difícil!

Reflete nas correntes de fogo invisível que lhes terão requeimado a mente, até que cedessem às compulsões terríveis das trevas!...

Então, e só então, sentirás a necessidade de pensar no bem, falar no bem, procurar o bem e realizar unicamente o bem, compreendendo, por fim, a amorosa afirmação de Jesus: "Eu não vim à Terra para curar os sãos".

ALMA E CORAÇÃO – EMMANUEL – FCX

 

 

PRÊMIO AO SACRIFÍCIO

Três irmãos dedicados a Jesus leram no Evangelho que cada homem receberá sempre, de acordo com as próprias obras, e prometeram cumprir as lições do Mestre.

O primeiro colocou -se na indústria do fio de algodão e, de tal modo se aplicou ao serviço que, em breve, passou à condição de interessado nos lucros administrativos.

Dentro de vinte e cinco anos, era o chefe da organização e adquiriu títulos de verdadeiro benfeitor do povo.

Ganhava dinheiro com imensa facilidade e socorria infortunados e sofredores.

Dividia o trabalho equitativamente e distribuía os lucros com justiça e bondade.

O segundo estudou muito tempo e tornou-se juiz famoso.

Embora gozasse do respeito e da estima dos contemporâneos, jamais olvidou os compromissos que assumira à frente do Evangelho.

Defendeu os humildes, auxiliou os pobres e libertou muitos prisioneiros perseguidos pela maldade.

De juiz tornou-se legislador e cooperou na confecção de leis benéficas e edificantes.

Viveu sempre honrado, rico, feliz, correto e digno.

O terceiro, porém, era paralítico.

Não podia usar a inteligência com facilidade.

Não poderia comandar uma fábrica, nem dominar um tribunal.

Tinha as pernas mirradas.

O leito era a sua residência.

Lembrou, contudo, que poderia fazer um serviço de oração e começou a tarefa pela humilde mulher que lhe fazia a limpeza doméstica.

Viu-a triste e lacrimosa e procurou conhecer-lhe as mágoas com discrição e fraternidade.

Confortou-a com ternura de irmão.

Convidou-a a orar e pediu para ela as bençãos divinas.

Bastou isto e, em breve, trazidos pela servidora reconhecida, outros sofredores vinham rogar-lhe o concurso da prece.

O aposento singelo encheu-se de necessitados.

Orava em companhia de todos, oferecia-lhes o sorriso de confiança na bondade celeste.

Comentava os benefícios da dor, expunha suas esperanças no Reino Divino.

Dava de si mesmo, gastando emoções e energias no santo serviço do bem.

Escrevia cartas inúmeras, consolando viúvas e órfãos, doentes e infortunados, insuflando-lhes paz e coragem.

Comia pouco e repousava menos.

Tanto sofreu com as dores alheias que chegou a esquecer-se de si mesmo e tanto trabalhou que perdeu o dom da vista. Cego, contudo, não ficou sozinho.

Prosseguiu colaborando com os sofredores, através da oração, ajudando-os, cada vez mais.

Morreram os três irmãos, em idade avançada, com pequenas diferenças de tempo.

Quando se reuniram, na vida espiritual, veio um Anjo examinar-lhes as obras com uma balança.

O industrial e o juiz traziam grande bagagem, que se constituía de várias bolsas, recheadas com o dinheiro e com as sentenças que haviam distribuído em benefício de muitos.

O servidor da prece trazia apenas pequeno livro, onde costumava escrever suas rogativas.

O primeiro foi abençoado pelo conforto que espalhou com os necessitados e o segundo foi também louvado pela justiça que semeara sabiamente.

Quando o Anjo, porém, abriu o livro do ex-paralítico, dele saiu uma grande luz, que tudo envolveu numa coroa resplandecente.

A balança foi incapaz de medir-lhe a grandeza.

Então, o Mensageiro falou-lhe, feliz: — Teus irmãos são benditos na Casa do Pai pelos recursos que distribuíram, em favor do próximo, mas, em verdade, não é muito difícil ajudar com o dinheiro e com a faina que se multiplicam facilmente no mundo. Sê, porém, bem-aventurado, porque deste de ti mesmo, no amor santificante. Gastaste as mãos, os olhos, o coração, as forças, os sentimentos e o tempo a benefício dos semelhantes e a Lei do Sacrifício determina que a tua moradia seja mais alta. Não transmitiste apenas os bens da vida: irradiaste os dons de Deus.

E o servidor humilde do povo foi conduzido a um céu mais elevado, de onde passou a exercer autoridade sobre muita gente.

ALVORADA CRISTÃ - FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - DITADO PELO ESPÍRITO NEIO LÚCIO


CAP XXVII – 26/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XXVII – PEDI E OBTEREIS

 

PROVAÇÕES E ORAÇÕES

Referimo-nos, muitas vezes, às circunstâncias difíceis, como sendo óbices insuperáveis, trazidos por forças cegas do destino, arrasando-nos a coragem e a alegria de viver, simplesmente porque, em certas ocasiões, as nossas súplicas ao Céu não adquiriram respostas favoráveis e prontas.

Outro, porém, ser-nos-á o ponto de vista, se considerarmos que os acontecimentos críticos são carreados até nós pelos recursos inteligentes da vida, certificando-nos a capacidade de auto-superação.

Imaginemos o desmantelo e a desordem que levariam no mundo se todos os nossos desejos fossem imediatamente atendidos.

Por outro lado, analisemos a mutabilidade de nossas situações e disposições, e verificaremos que muitas das providências solicitadas por nós ao Suprimento Divino, quando concedidas, em muitos casos, já nos encontram em outras faixas de petição.

Daí, o caráter ilícito de nossas queixas, quando alegamos que o Senhor nem sempre nos ouve nos dias de angústia.

Hoje, queremos isso ou aquilo, amanhã já não queremos aquilo ou isso.

Disputamos a posse de objeto determinado e passamos a desinteressar-nos da concessão, depois de obtida.

Como esperar que a Divina Misericórdia nos suprima o amparo ou o remédio, o socorro ou a lição, se as horas difíceis são os instrumentos de que carecemos para que se nos sulque convenientemente o espírito para as tarefas do necessário burilamento?

Se provações constrangedoras te alcançam a estrada, não te permitas a omissão da luta, através de fuga ou desânimo. Persevera trabalhando na área em que te afligem, na certeza de que são fatores de promoção a te elevarem de nível.

Tolera as condições desfavoráveis que te respondem na senda de cada dia, pois, se as aceitas, servindo e construindo, para logo observares que o amparo do Alto te sustenta na travessia de todas elas, porque em nenhum lugar e em tempo algum estaremos separados de Deus.

ALMA E CORAÇÃO – EMMANUEL – FCX

 

 

O CARNEIRO REVOLTADO

Certo carneiro muito inteligente, mas indisciplinado, reparou os benefícios que a lã espalhava em toda parte, e, desde então, julgou-se melhor que os outros seres da Criação, passando a revoltar-se contra a tosquia.

— Se era tão precioso — pensava —, porque aceitar a humilhação daquela tesoura enorme?

Experimentava intenso frio, de tempos a tempos, e, despreocupado das ricas rações que recebia no redil, detinha-se apenas no exame dos prejuízos que supunha sofrer.

Muito amargurado, dirigiu-se ao Criador, exclamando: — Meu Pai, não estou satisfeito com a minha pelagem. A tosquia é um tormento... Modifica-me, Senhor!...

O Todo-Poderoso indagou, com bondade: — Que desejas que eu faça?

Vaidosamente, o carneiro respondeu: — Quero que a minha lã seja toda de ouro.

A rogativa foi satisfeita. Contudo, assim que o orgulhoso ovino se mostrou cheio de pelos preciosos, várias pessoas ambiciosas atacaram -no sem piedade. Arrancaram-lhe, violentamente, todos os fios, deixando-o em chagas.

O infeliz, a lastimar-se, correu para o Altíssimo e implorou: — Meu Pai, muda-me novamente! não posso exibir lã dourada... encontraria sempre salteadores sem compaixão.

O Sábio dos Sábios perguntou: — Que queres que eu faça?

O animal, tocado pela mania de grandeza, suplicou: — Quero que a minha lã seja lavrada em porcelana primorosa.

Assim foi feito. Entretanto, logo que tornou ao vale, apareceu no céu enorme ventania, que lhe quebrou todos os fios, dilacerando-lhe a carne.

Regressou, aflito, ao Todo-Misericordioso e queixou-se: — Pai, renova-me!... A porcelana não resiste ao vento... estou exausto...

Disse-lhe o Senhor: — Que desejas que eu faça?

— A fim de não provocar os ladrões e nem ferir-me com porcelana quebrada, quero que a minha lã seja feita de mel.

O Criador satisfez o pedido. Todavia, logo que o pobre se achou no redil, bandos de moscas asquerosas cobriram-no em cheio e, por mais corresse campo afora, não evitou que elas lhe sugassem os fios adocicados.

O mísero voltou ao Altíssimo e implorou: — Pai, modifica-me... as moscas deixaram-me em sangue!

O Senhor indagou, de novo, com inexaurível paciência: — Que queres que eu faça?

Dessa vez, o carneiro pensou mais tempo e considerou: — Suponho que seria mais feliz se tivesse minha lã semelhante às folhas de alface.

O Todo-Bondoso atendeu-lhe mais uma vez a vontade e o carneiro voltou à planície, na caprichosa alegria de parecer diferente. No entanto, quando alguns cavalos lhe puseram os olhos, não conseguiu melhor sorte, os equinos prenderam-no com os dentes e, depois de lhe comerem a lã, abocanharam-lhe o corpo.

O carneiro correu na direção do Juiz Supremo, gotejando sangue das chagas profundas, e, em lágrimas, gemeu, humilde: — Meu Pai, não suporto mais!...

Como soluçasse longamente, o Todo-Compassivo, vendo que ele se arrependera com sinceridade, observou: — Reanima-te, meu filho! que pedes agora?

O infeliz replicou, em pranto: — Pai, quero voltar a ser um carneiro comum, como sempre fui. Não pretendo a superioridade sobre meus irmãos. Hoje sei que os meus tosquiadores de outro tempo são meus verdadeiros amigos. Nunca me deixaram em feridas e sempre me deram de comer e beber, carinhosamente...

Quero ser simples e útil, qual me fizeste, Senhor!...

O Pai sorriu, bondoso, abençoou-o com ternura e falou: — Volta e segue teu caminho em paz. Compreendeste, enfim, que meus desígnios são justos. Cada criatura está colocada, por minha Lei, no lugar que lhe compete e, se pretendes receber, aprende a dar.

Então o carneiro, envergonhado, mas satisfeito, voltou para o vale, misturou-se com os outros e daí por diante foi muito feliz.

ALVORADA CRISTÃ - Francisco Cândido Xavier - DITADO PELO ESPÍRITO NEIO LÚCIO


 

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O EVANGELHO TRAZ PAZ AO CORAÇÃO E ALIMENTO PARA A ALMA.

ENTENDER O EVANGELHO É SITUA-LO EM NOSSA VIDA ÍNTIMA!

AOS ORADORES DO EVANGELHO, PARA QUE NOSSA TAREFA SEJA DE ACORDO COM O ESPERADO POR JESUS!

“APASCENTA AS MINHAS OVELHAS” – JESUS. (JOÃO, 21:17)

Significativo é o apelo do Divino Pastor ao coração amoroso de Simão Pedro para que lhe continuasse o apostolado.

Observando na Humanidade o seu imenso rebanho, Jesus não recomenda medidas drásticas em favor da disciplina compulsória.

Nem gritos, nem xingamentos.

Nem cadeia, nem forca.

Nem chicote, nem vara.

Nem castigo, nem imposição.

Nem abandono aos infelizes, nem flagelação aos transviados.

Nem lamentação, nem desespero.

“Pedro, apascenta as minhas ovelhas! “

Isso equivale a dizer: - Irmão, sustenta os companheiros mais necessitados que tu mesmo.

Não te desanimes perante a rebeldia, nem condenes o erro, do qual a lição benéfica surgirá depois.

Ajuda ao próximo, ao invés de vergastá-lo.

Educa sempre.

Revela-te por trabalhador fiel.

Sê exigente para contigo mesmo e ampara os corações enfermiços e frágeis que te acompanham os passos.

Se plantares o bem, o tempo se incumbirá da germinação, do desenvolvimento, da florescência e da frutificação, no instante oportuno.

Não analises, destruindo.

O inexperiente de hoje pode ser o mentor de amanhã.

Alimenta a “boa parte” do teu irmão e segue para adiante.

A vida converterá o mal em detritos e o Senhor fará o resto.

(Texto número 19, extraído do livro Fonte Viva, de Emmanuel, psicografado por Chico Xavier)


IRMÃOS, RESPONSÁVEIS PELA ORATÓRIA DO EVANGELHO E DA APROXIMAÇÃO DOS OUVINTES ÀS MENSAGENS DE JESUS,

NÃO NOS ESQUEÇAMOS DO PEDIDO DO MESTRE,

APASCENTEMOS AS OVELHAS COM A DOÇURA POSSÍVEL,

COM A CONFIANÇA NECESSÁRIA,

E PRINCIPALMENTE COM O AMOR QUE DEVEMOS À QUEM ESPERA DE NÓS,

APENAS, QUE FAÇAMOS A NOSSA PARTE.

VIBRAÇÕES

VIBRAÇÕES: COMO FUNCIONAM AS VIBRAÇÕES E AS PRECES FEITAS PARA OS NECESSITADOS?

A CURA ATRAVÉS DAS VIBRAÇÕES

Certa moça, contrariada em suas inclinações, havia-se casado com um homem a quem não amava.

A mágoa que sofreu levou-a a um distúrbio mental.

Sob o domínio de uma ideia fixa, perdeu a razão e teve de ser internada.

Ela jamais ouvira falar de Espiritismo.

Se dele se tivesse ocupado teriam dito que os Espíritos lhe haviam transtornado a cabeça.

O mal provinha, assim, de uma causa moral acidental e exclusivamente pessoal.

Compreende-se que em tais casos os remédios normais nenhum efeito produzem, e como não havia obsessão, podia-se, também, duvidar do efeito da prece.

Um amigo da família e membro da Sociedade Espírita de Paris, julgou dever interrogar um Espírito superior, que respondeu:

- A ideia fixa dessa senhora, por sua mesma causa, atrai em sua volta uma porção de Espíritos maus, que a envolvem com seus fluidos e alimentam as suas idéias, impedindo que lhe cheguem as boas influências.

Os Espíritos dessa natureza abundam sempre em semelhantes meios e constituem, sempre, obstáculo à cura dos doentes.

Contudo podereis curá-la, mas para tanto é necessário uma força moral capaz de vencer a resistência.

E tal força não é dada a um só.

Cinco ou seis espíritas sinceros se reúnam todos os dias, durante alguns instantes e peçam com fervor a Deus e aos bons Espíritos que a assistam; que a vossa prece seja, ao mesmo tempo, uma magnetização mental.

Para tanto não necessitais estar junto a ela, ao contrário.

Pelo pensamento podeis levar-lhe uma salutar corrente fluídica, cuja força estará na razão de vossa intenção, aumentada pelo número.

Por tal meio podereis neutralizar o mau fluido que a envolve.

Fazei isto: tende fé em Deus e esperai."

Seis pessoas se dedicaram a esta obra de caridade e, durante um mês não faltaram à missão aceita.

Depois de alguns dias a doente estava sensivelmente mais calma; quinze dias mais tarde a melhora era manifesta e agora voltou para sua casa em estado perfeitamente normal, ignorando ainda, como o seu marido, de onde lhe veio a cura.

A maneira de agir é aqui indicada claramente e nada teríamos a acrescentar de mais preciso à explicação dada pelo Espírito.

A prece não tem apenas o efeito de levar ao doente um socorro estranho, mas o de exercer uma ação magnética.

Que não poderia o magnetismo ajudado pela prece!

Infelizmente certos magnetizadores, a exemplo de muitos médicos, fazem abstração do elemento espiritual; vêem apenas a ação mecânica, assim se privando de poderoso auxiliar.

Esperamos que os verdadeiros espíritas vejam no fato mais uma prova do bem que podem fazer em circunstâncias semelhantes.

Allan Kardec

CAUSAS DA OBSESSÃO E MEIOS DE COMBATE-LA - REVISTA ESPÍRITA, JANEIRO DE 1863 - ALLAN KARDEC


PRECE POR ENTENDIMENTO

Senhor Jesus!

Auxilia-nos a compreender mais, a fim de que possamos servir melhor, já que somente assim as bênçãos que nos concedes podem fluir, através de nós, em nosso apoio e em favor de todos aqueles que nos compartilham a existência.

Induze-nos à prática do entendimento que nos fará observar os valores que, porventura, conquistemos, não na condição de propriedade nossa e sim por manancial de recursos que nos compete mobilizar no amparo de quantos ainda não obtiveram as vantagens que nos felicitam a vida.

E ajuda-nos, oh! Divino Mestre, a converter as oportunidades de tempo e trabalho com que nos honraste em serviço aos semelhantes, especialmente na doação de nós mesmos, naquilo que sejamos ou naquilo que possamos dispor, de maneira a sermos hoje melhores do que ontem, permanecendo em Ti, tanto quanto permaneces em nós, agora e sempre.

Assim seja.

Emmanuel : Francisco Cândido Xavier - Livro: Paciência

DEZ MANEIRAS DE AJUDAR COM SEGURANÇA

NÃO DISCUTA

Se você é aprendiz do Evangelho, não ignora que o Divino Mestre permanece atento, na redenção do mundo, e que devemos estar vigilantes na execução do serviço que nos compete.

NÃO CRITIQUE

Observemos o setor de nossas obrigações e realizemos o melhor na obra geral, usando as possibilidades ao nosso alcance.

NÃO RECLAME

Contentarmo-nos com o ato de servir é simples dever e quem centraliza a mente na tarefa que lhe é própria não dispõe de tempo para formular queixas inoportunas.

NÃO CONDENE

Reparemos a parte aproveitável nas situações difíceis e esqueçamos todo mal.

NÃO EXIJA

Coopere sem rogar a colaboração alheia, de vez que a responsabilidade pertence a todos e cada um de nós será examinado de acordo com as próprias obras.

NÃO FUJA

Jamais olvide que o problema é a lição da vida. O aluno que teme o ensinamento, descerá naturalmente à retaguarda.

NÃO SE PRECIPITE

Usemos a serenidade. O trabalhador que sabe aproveitar os minutos e respeitá-los, nunca sofre os castigos do tempo.

NÃO TEMA

Quando fixamos o cérebro e o coração em Cristo somos simples agentes d’Ele e quem cumpre a Vontade do Mestre, não deve nem pode recear coisa alguma.

NÃO SE ENGANE

Ninguém precisa aplicar os raios candentes na verdade, a propósito dos mínimos acontecimentos da vida, desfigurando a alegria que deve imperar nos domínios da sementeira e da esperança, mas não perca de vista o que é essencial ao seu progresso, à sua felicidade e à sua redenção para o grande caminho.

NÃO SE ENTRISTEÇA

Lembre-se de que o Nosso Mestre é o Salvador pela Ressurreição. Sofrimento, amargura e morte são sombras. A cruz do Amigo Divino era degrau para a Glória Celeste. Seja esse pensamento uma luz permanente em nossa alma que jamais deve abrir-se ao desânimo. A certeza de que somos os seguidores felizes do Cristo Imortal é para nós motivo de soberana resistência e de eterno júbilo.

André Luiz - Do livro Cartas do coração. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.


AS VIBRAÇÕES SEGUNDO DR BEZERRA DE MENEZES

AS VIBRAÇÕES SEGUNDO DR BEZERRA DE MENEZES
LIVRO:INICIAÇÃO ESPÍRITA - EDGARD ARMOND

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