TEXTOS PARA GRUPOS DO WATZAP
CAP I – 27/11
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP I – NÃO VIM DESTRUIR A LEI
NA PRESENÇA DO CRISTO
“Em verdade vos digo que o Cia e a Terra não passarão sem
que tudo o que se acha na lei esteja perfeitamente cumprido, enquanto reste um
único iota e um único ponto.” Jesus (Mateus, 5:18)
“O Cristo foi o Iniciador da mais pura, da mais sublime
moral, da moral evangélico Cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torna-los
irmãos; que há de brotar de todos
os corações a caridade e o amor
do próximo e estabelecer entre os humanos uma
solidariedade comum; de uma perfeita moral, enfim, que há de transformar a
Terra, tornando-a morada de Espíritos
superiores aos que hoje a habitam.”
(Cap. 1, item: 9)
A ciência dos homens vem liquidando todos os problemas,
alusivos ao reconforto da Humanidade.
Observou a escravidão do homem pelo próprio homem e
dignificou o trabalho, através de leis compassivas e justas. Reconheceu o
martírio social da mulher que as civilizações mantinham em multimilenário
regime de cativeiro e conferiu-lhe acesso às universidades e profissões.
Inventariou os desastres morais do analfabetismo e criou
a grande imprensa.
Viu que a criatura humana tombava prematuramente na
morte, esmagada em atividade excessiva pela própria sustentação e deu-lhe a
força motriz.
Examinou o insulamento dos cegos e administrou-lhes
instrução adequada.
Catalogou os delinquentes por enfermos transformou
prisões em penitenciárias escolas.
Comoveu-se, diante das moléstias contagiosas, e fabricou
a vacina.
Emocionou-se, perante os feridos e doentes desesperados,
e inventou a anestesia.
Anotou os prejuízos da solidão e construiu máquinas
poderosas que interligassem os continentes.
Analisou o desentendimento sistemático que oprimia as
nações e ofereceu-lhes o livro e o telegrafo, o rádio e a televisão que as
aproxima na direção de um mundo só.
Entretanto, os vencidos da angústia aglomeram-se na Terra
de hoje como enxameavam na Terra de ontem...
Articulam-se todas as formas e despontam de todas as
direções.
Perderam o emprego, que lhes garantia a estabilidade
familiar e desorientam-se abatidos à procura de pão,
foram despejados de teto, hipotecado a solução de constringentes
necessidades e vagueiam sem rumo.
Encontram-se despojados de esperança pela deserção dos
afetos mais caros e abeiram-se do suicídio.
Caíram em perigosos conflitos da consciência e aguardam
leve sorriso que
os reconforte. Envelheceram sacrificados pelas exigências
de filhos queridos que
lhes renegaram a convivência nos dias da provação e
amargam doloroso abandono. Adoeceram gravemente e viram-se transferidos da
equipe doméstica para os azares da mendicância.
Transviaram-se no pretérito e renasceram, trazendo no
próprio corpo os sinais aflitivos das culpas que resgatam, pedindo cooperação.
Despediram-se dos que mais amavam no frio portal do túmulo
e carregam os últimos sonhos da existência cadaverizados agora no esquife do
próprio peito.
Abraçaram tarefas de bondade e ternura e são mulheres
supliciadas de fadiga e de pranto, conduzindo os filhinhos que alimentam à
custa das próprias lágrimas.
Gemem, discretos, e surgem na forma de crianças,
desprezadas, à maneira de flores que a ventania quebrou, desapiedada, no
instante do amanhecer.
Para eles, os que tombaram no sofrimento moral, a ciência
dos homens não dispõe de recursos.
É por isso que Jesus, ao reuni-los em multidão, no tope
do monte, desfraldou a bandeira da caridade e, proclamando as bem-aventuranças
eternas, no-los entregou por filhos do coração...
Companheiros da Terra, quando estendes uma palavra
consoladora ou um abraço fraterno, uma gota de bálsamo ou uma concha de sopa,
aliviando os que choram, estás diante deles, na presença do Cristo, com quem
aprendemos que o
único remédio capaz de curar as angústias da vida nasce
do amor, que derrama, sublime, da ciência de Deus.
LIVRO DA ESPERANÇA – EMMANUEL - FCX
VISÃO DE EURÍPEDES
Começara Eurípedes Barsanulfo, o apóstolo da mediunidade,
em Sacramento, no Estado de Minas Gerais, a observar-se fora do corpo físico,
em admirável desdobramento, quando, certa feita, à noite, viu a si próprio em
prodigiosa volitação. Embora inquieto, como que arrastado pela vontade de
alguém num torvelinho de amor, subia, subia...
Subia sempre.
Queria parar, e descer, reavendo o veículo carnal, mas
não conseguia. Braços intangíveis tutelavam-lhe a sublime excursão. Respirava
outro ambiente. Envergava forma leve, respirando num oceano de ar mais leve
ainda... Viajou, viajou, à maneira de pássaro teleguiado, até que se reconheceu
em campina verdejante. Reparava na formosa paisagem, quando não longe, avistou um
homem que meditava, envolvido por doce luz.
Como que magnetizado pelo desconhecido, aproximou-se...
Houve, porém, um momento, em que estacou, trêmulo.
Algo lhe dizia no íntimo para que não avançasse mais...
E num deslumbramento de júbilo, reconheceu-se na presença
do Cristo.
Baixou a cabeça, esmagado pela honra imprevista, e ficou
em silêncio, sentindo-se como intruso, incapaz de voltar ou seguir adiante.
Recordou as lições do Cristianismo, os templos do mundo,
as homenagens prestadas ao Senhor, na literatura e nas artes, e a mensagem
d’Ele a ecoar entre os homens, no curso de quase vinte séculos...
Ofuscado pela grandeza do momento, começou a chorar...
Grossas lágrimas banhavam-lhe o rosto, quando adquiriu
coragem e ergueu os olhos, humilde.
Viu, porém, que Jesus também chorava...
Traspassado de súbito sofrimento, por ver-lhe o pranto,
desejou fazer algo que pudesse reconfortar o Amigo Sublime... Afagar-lhe as
mãos ou estirar-se à maneira de um cão leal aos seus pés...
Mas estava como que chumbado ao solo estranho...
Recordou, no
entanto, os tormentos do Cristo, a se perpetuarem nas criaturas que até hoje,
na Terra, lhe atiram incompreensão e sarcasmo...
Nessa linha de pensamento, não se conteve.
Abriu a boca e falou suplicante: - Senhor, por que choras?
O interpelado não respondeu.
Mas desejando certificar-se de que era ouvido, Eurípedes
reiterou: - Choras pelos descrentes do mundo?
Enlevado, o missionário de Sacramento notou que o Cristo
lhe correspondia agora ao olhar.
E, após um instante de atenção, respondeu em voz
dulcíssima: - Não, meu filho, não sofro pelos descrentes aos quais devemos
amor. Choro por todos os que conhecem o Evangelho, mas não o praticam...
Eurípedes não saberia descrever o que se passou então.
Como se caísse em profunda sombra, ante a dor que a
resposta lhe trouxera, desceu, desceu...
E acordou no corpo de carne.
Era madrugada.
Levantou-se e não mais dormiu.
E desde aquele dia, sem comunicar a ninguém a divina
revelação que lhe vibrava na consciência, entregou-se aos necessitados e aos
doentes, sem repouso sequer de um dia, servindo até a morte.
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER E WALDO VIEIRA - A VIDA ESCREVE
- PELO ESPÍRITO HILÁRIO SILVA
CAP II – 28/11
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP II – MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO
NA CONSTRUÇÃO DO FUTURO
“Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo...” Jesus
(João, 18: 36)
“Todo cristão, pois, firmemente crê na vida futura, mas a
ideia que muitos fazem dela é ainda vaga, incompleta e por Isso mesmo, falsa em
diversos pontos. Para grande número, de pessoas, não, há, a tal respeito, mais
de que uma crença, balda de certeza absoluta, donde as dúvidas e mesma a
incredulidade, O Espiritismo veio completar, nesse ponto, coma em vários
outros, o ensino do Cristo, fazendo-o, quando os homens já se mostram maduros
bastante para apreenderem a verdade.” (Cap. 11, Item 3)
Esperavas pelos irmãos do caminho a fim de te entregares
A construção da Terra melhor e quedaste, muita vez, em amargoso desalento
porque tardem a vir.
Observa, porém, a estrada longa da evolução, para que o
entendimento te pacifique.
Milhares deles são corações de pensamento verde que te
rogam apoio e outros muitos seguem trilha adiante, inibidos por névoas
interiores que desconhecem.
Repara os que se renderam às lágrimas excessivas.
Choraram tanto que turvaram os olhos não mais divisando
os companheiros infinitamente mais desditosos a lhes suplicarem auxílio nas
vascas da aflição.
Contempla os que passam vaidosos sem saberem utilizar,
construtivamente, os favores da fortuna. Habituaram-se tanto às enganosas
vantagens da moeda abundante que perderam o senso íntimo.
Enumera os que se embriagam de poder transitório.
Abusaram tanto da autoridade que caíram na exaltação da
paranoia sem darem conta disso.
Relaciona os que asseveram amar, transformando a
afetividade no egoísmo envolvente.
Apaixonaram-se tanto por criaturas e coisas, cultivando
exigências que deliram positivamente sem perceber.
Anota os que avançam, hipnotizados pelas dignidades que
receberam do mundo.
Fascinaram-se tanto pelas honras exteriores que olvidaram
os semelhantes a quem lhes compete o dever de servir.
Nenhum deles atrasou por maldade. Foram vítimas da ilusão
que frequentemente, se agiganta qual imenso nevoeiro na periferia da vida, mas
regressarão depois à verdade triunfante para atenderem is tarefas que realizas.
Para todos eles que ainda não conseguiram chegar à grande
renovação é compreensível o adiamento do trabalho a fazer.
Entretanto, nada nos justificaria desânimo ou deserção na
Obra do Cristo, porque embora estejamos consideravelmente distantes da
sublimação necessária, transportamos conosco o raciocínio lúcido e libertado no
sustento da fé.
LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel) – FCX
O LAR DAS CRIANÇAS
Amigos espirituais diversos, estávamos a postos. E os
companheiros encarnados iam chegando.
Seriam discutidos os estatutos para a fundação do lar de
crianças, junto a grande organização espírita.
Mesa-redonda.
Cada qual poderia expender francamente seus pontos de
vista. Desabafo. Franqueza. Antes, porém, o cafezinho. E, ao cafezinho, Augusto
Franco, conselheiro da casa e dos mais experientes, argumentava:
- Se Deus não se compadece da Humanidade, estaremos
perdidos.
O campo social é manicômio sem portas.
Todos brincam de viver.
Há por toda parte soberano desprezo ao trabalho, e o
vício e a criminalidade vão crescendo.
Abusos no cinema.
Preguiça delituosa.
Todas as bebidas liberadas.
Maconha.
Máquinas e empregados para todos os misteres.
Residências superluxuosas.
Festas inoportunas.
Há domicílios com bilhares, bar interno, cinema próprio,
salões de baile e piscinas, quando temos milhares de companheiros a quem falta
o estritamente necessário.
Altas rodas passam a noite no pif-paf.
Pais e mães abandonam meninos a criaturas mercenárias
que, muitas vezes, lhes administram entorpecentes para estarem, durante a
noite, mais à vontade.
E, em consequência, temos a granel quadrilhas juvenis,
tragédias passionais, crianças delinquentes e vagabundos inveterados.
E alongou-se a crônica verbal.
O ponderado orientador da casa, tantas vezes esteio firme
da instituição, registrou com acerto todos os desacertos do mundo.
A pequena assembleia ouvia, ouvia...
Nisso, porém, o horário avançou além do tempo previsto.
- E a nossa reunião? _ perguntou Franco, percebendo que
retardara.
Os companheiros, todavia, pareciam desenxabidos... Todos
monossilábicos.
- Creio seja melhor adiar... - disse Cunha, o presidente
da casa.
E Leivas, o tesoureiro, aderiu, aprovando com a cabeça.
- Outro dia...- acrescentou D. Ricardina, a secretária.
E todos os demais, à uma, pronunciaram a palavra
"depois".
Franco, porém, não concordou.
Sentia-se culpado e pedia escusas. Exigia que o
perdoassem pela comprida conversação, mas vivia espantado com os desastres
morais.
Não houve outro recurso senão atendê-lo.
O prestimoso conselheiro instava com tanta humildade que
Felício Cunha buscou a papelada e, como de outras vezes, pronunciou a prece de
abertura, rogando a inspiração de Jesus.
Foram iniciados os estudos para o lançamento da obra, e,
porque todos os amigos gaguejassem, como se estivessem receosos de expor o
pensamento, Cunha foi claro.
- Augusto - falou, corajoso -, creio que todos nós, sem
prévia combinação, preferiríamos o entendimento para outra hora, a fim de não
contrariarmos a você mesmo.
- Ora essa! Como assim?
E Cunha, abrindo um relatório:
- Você é o autor da maior parte de nossos planos.
Veja bem.
Você quer uma casa complexa. Esperamo-la simples.
Você quer um monumento. Aspiramos a um lar.
Você pede a construção de trinta e dois aposentos.
Pretendemos apenas quinze, e olhe lá que vão abrigar muitas crianças.
Você solicita um salão de festas. Não queremos qualquer
ruído inútil.
Você reclama empregados pagos. Não tencionamos remunerar
cooperador algum.
Você julga que as crianças devem ser mantidas sem
trabalho. Consideramos que todas devem estudar e servir, segundo a vocação e a
capacidade delas, fazendo-se úteis o mais cedo possível.
Você espera um parque de brincar, adornado com uma fonte
luminosa. Nós tememos semelhante aquisição, que viria favorecer a
irresponsabilidade infantil.
Você planeja a compra de noventa globos e dez lustres
para luzes elétricas. Estamos satisfeitos com quarenta lâmpadas simples.
Você propõe a compra de muitos metros quadrados de
ladrilhos brancos e azuis. Não contamos com material dessa espécie, crendo que
os ladrilhos singelos nada deixam a desejar.
Você indica várias peças de mármore. Escolhemos apenas
cimento.
Você diz que precisaremos de quarenta colchões de mola.
Teremos colchões vulgares.
Você especifica um número exagerado de pias e banheiros,
tapetes e móveis. Sonhamos uma casa confortável, sem ser suntuosa, simples sem
ser miserável, onde as crianças não sejam bibelôs para os nossos caprichos e,
sim, nossos próprios filhos.
E como suspiramos por nossos filhos libertos dos
prejuízos morais que vergastam a Terra, admitimos seja nosso dever não enganar
a nós próprios, abraçando a realidade sem os perigos da fantasia, porque
realmente, meu caro, o futuro vem aí...
Augusto Franco, apanhado de surpresa, mastigou em seco,
tossiu, pigarreou e disse desapontado:
- É... é ..., de fato vocês têm razão ...
E depois de um instante em silêncio, como se estivesse
falando para dentro de si: - Meu Deus, é muita coisa sobrando! ...
Lima, contudo, o vice-presidente da casa, pediu que fosse
adiado o debate geral do assunto, e Cunha, com aquiescência de todos, orou,
calmo, encerrando a reunião.
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER E WALDO VIEIRA - A VIDA ESCREVE
- PELO ESPÍRITO HILÁRIO SILVA
CAP III – 29/11
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP III – HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU
PAI
NO REINO EM CONSTRUÇÃO
“Na casa de meu Pai há muitas moradas; se assim não
fosse, já eu volo feria dito, pois me vou para vos preparar o lugar.” Jesus
(João, 14: 2)
“Entretanto, nem todos os Espíritos que encarnam na Terra
vão para aí em expiação”. (Cap. 111, Item 14)
Escutaste o pessimismo que se esmera em procurar as
deficiências da Humanidade, como quem se demora deliberadamente nas arestas
agressivas do mármore de obra prima inacabada e costumas dizer que a Terra está
perdida.
Observa, porém, as multidões que se esforçam
silenciosamente pela santificação do porvir.
Compulsaste as folhas da imprensa, lendo a história do
autor de homicídio lamentável e sob a extrema revolta, trouxeste ao labirinto
das opiniões contraditórias a tua própria versão do acontecimento, asseverando
que estamos todos no teatro do crime.
Recorda, contudo, os milhões de pais e mães, tocados de
abnegação e heroísmo, que abraçam todos os sacrifícios no lar para que a
delinquência desapareça.
Conheceis jovens que se transviaram na leviandade,
desvairando-se em golpes de selvageria e loucura e, examinando acremente
determinados sucessos que devem estar catalogados na patologia da mente,
admites que a juventude moderna se encontra em adiantado processo de desagregação
do caráter.
Relaciona, todavia, os milhões de rapazes e meninas,
debruçados sobre livros e máquinas, através do labor e do estudo, em muitas
circunstâncias imolando o próprio corpo à fadiga precoce, para integrarem
dignamente a legião do progresso.
Sabes que há companheiros habituados aos prazeres
noturnos e, ao vê-los comprando o próprio desgaste a prego de ouro, acreditas
que toda a comunidade humana jaz entregue à demência e ao desperdício.
Reflete, entretanto, nos milhões de cérebros e braços que
atravessam a noite, no recinto das fábricas e junto aos linotipos em hospitais
e escritórios, nas atividades da limpeza e da vigilância, de modo a que a
produção e a cultura, a saúde e a tranquilidade do povo sejam asseguradas.
Marcaste o homem afortunado que enrijeceu mãos e bolsos,
na sovinice, e esposas a convicção de que todas as pessoas abastadas são
modelos completos; de avareza e crueldade.
Considera, no entanto, os milhões de tarefeiros do
serviço e da beneficência, que diariamente colocam o dinheiro em circulação, a
fim de que os homens conheçam a honra de trabalhar e a alegria de viver. Não
condenes a Terra pelo desequilíbrio de alguns.
Medita, em todos os que se encontram suando e sofrendo,
lutando e amando, no levantamento do futuro melhor, e reconhecerás que o Divino
Construtor do Reino de Deus no mundo está esperando também por ti.
LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel) – FCX
MORADAS
Havia em uma fazenda onde os trabalhadores viviam tristes
e isolados.
Os trabalhadores estendiam suas roupas surradas no varal
e alimentavam seus magros cães com o pouco que sobrava das refeições.
Todos que viviam ali, trabalhavam na roça de Sinhôzinho,
um homem rico e poderoso, que, dono de muitas terras, exigia que todos
trabalhassem duro e pagava pouco.
Um dia chegou ali um novo empregado.
Era um jovem agricultor em busca de trabalho.
Recebeu como todos, uma velha casa, onde iria morar
enquanto trabalhasse ali.
O jovem vendo aquela casa suja e largada, resolveu
dar-lhe vida nova.
Pegou uma parte de suas economias, foi até a cidade e
comprou algumas latas de tinta.
Chegando em casa, em suas horas vagas, cuidou da limpeza,
pintou as paredes com cores alegres e brilhantes, colocou flores nos vasos, e
fez um lindo jardinzinho.
Aquela casa limpa e arrumada, chamava a atenção de todos
que passavam.
O jovem sempre alegre, trabalhava feliz na fazenda.
Os outros trabalhadores lhe perguntavam: - "Como você consegue trabalhar feliz e
sempre cantando, com o pouco dinheiro que ganhamos?".
O jovem olhou para os amigos e disse: -"Bem, este trabalho, hoje, é tudo que
tenho. Ao invés de blasfemar e reclamar, prefiro agradecer por ele. Quando
aceitei este trabalho sabia de suas limitações.
Não é justo que agora que estou aqui, fique reclamando. Eu aceitei e
farei com o maior capricho e amor aquilo que aceitei fazer.
Os outros olharam admirados.
Como ele pode pensar assim?
Afinal, acreditavam ser vítimas das circunstâncias,
abandonados pelo destino.
O entusiasmo do rapaz em pouco tempo chamou a atenção de
Sinhôzinho, que passou a observar à distância os passos dele.
Um dia Sinhôzinho pensou:- Alguém que cuida com tanto
carinho da casa que emprestei, cuidará também com o mesmo capricho da minha
fazenda. Ele é o único aqui que pensa como eu. Estou velho e preciso de alguém
que me ajude na administração da fazenda.
Sinhôzinho foi até a casa do rapaz, e após tomar um café
fresco, ofereceu ao jovem um emprego de administrador da fazenda.
O rapaz prontamente aceitou.
Seus amigos agricultores foram perguntar-lhe: -"O que faz com que algumas pessoas
sejam bem sucedidas e outras não?
E ouviram com atenção a resposta: - Existe no homem a capacidade de
comprometer-se e realizar. A moradia de
cada um é sua responsabilidade e reflete seu estado de espírito.
Há moradia de pedra e moradia de carne. Comprometer-se
com melhorias e realiza-las é elevar-se a planos mais altos a cada esforço e
realização.
Desconheço o autor.
CAP IV – 30/11
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP IV – NINGUÉM PODERÁ VER O REINO DE DEUS
SE NÃO NASCER DE NOVO
EVOLUÇÃO E APRIMORAMENTO
“Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade, digo-te:
Ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo.”
Jesus (João, 3: 3)
“A reencarnação é a volta da alma ou Espírito à vida
corpórea, mas em outro corpo especialmente formado para ele e que nada tem de
comum com o antigo.” (Cap. IV, Item 4)
Decididamente, em nome da Eterna Sabedoria, o homem é o
senhor da evolução na Terra.
Todos os elementos se lhe sujeitam à discrição.
Todos os reinos do planeta rendem-lhe vassalagem.
Montanhas ciclópicas sofrem-lhe a carga de explosivos,
transfigurando-se em matéria-prima destinada à edificação de cidades
prestigiosas.
Minérios por ele arrancados às entranhas do globo,
suportam-lhe os fornos incandescentes, a fim de lhe garantirem utilidade e
conforto.
Rios e fontes obedecem-lhe as determinações,
transferindo-se de leito, com vistas à fertilização da gleba sedenta.
Florestas atendem-lhe a derrubada, favorecendo o
progresso.
Animais, ainda mesmo aqueles de mais pujança e volume,
obedecemlhe as ordens, quedandose integralmente domesticados.
A eletricidade e o magnetismo plasma-lhe os desejos.
E o próprio átomo, síntese de força cósmica, descerra-lhe
os segredos, aceitando-lhe as rédeas.
Mas não é só no domínio dos recursos materiais que o
homem governa, soberano.
Ele pesquisa as reações populares e comanda a política;
investiga os fenômenos da natureza e levanta a ciência; estuda as manifestações
do pensamento e cria a instrução; especializa o trabalho e faz a indústria;
relaciona as imposições do comércio e controla a economia.
Claramente, nós, os espíritos em aperfeiçoamento, no
aperfeiçoamento terrestre, conseguimos alterar ou manobrar as energias e os
seres inferiores do orbe a que transitoriamente, nos ajustamos, e do qual nos é
possível catalogar os impróprios da luz infinita, estuantes no Universo.
À face disso, não obstante sustentados pelo Apoio Divino,
nas lides educativas que nos são necessárias, o aprimoramento moral corre por
nossa conta.
O professor ensina, mas o aluno deve realizar-se.
Os espíritos superiores nos amparam. e esclarecem, no
entanto, é disposição da Lei que cada consciência responda pelo próprio
destino.
Meditemos nisso, valorizando as oportunidades em nossas
mãos.
Por muito alta que seja a quota de trabalho corretivo que
tragas dos compromissos assumidos em outras reencarnações, possuis determinadas
sobras de tempo — do tempo que é patrimônio igual para todos —, e com o tempo
de que dispões, basta usares sabiamente a vontade, que tanta vez manejamos para
agravar nossas dores, a fim de te consagrares ao serviço do bem e ao estudo
iluminativo, quando quiseres, como quiseres, onde quiseres e quanto quiseres,
melhorando-te sempre.
LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel) – FCX
A ESCOLA DAS ALMAS
Congregados, em torno do Cristo, os domésticos de Simão
ouviram a voz suave e persuasiva do Mestre, comentando os sagrados textos.
Quando a palavra divina terminou a formosa preleção, a
sogra de Pedro indagou, inquieta:
— Senhor, afinal
de contas, que vem a ser a nossa vida no lar?
Contemplou-a Ele, significativamente, demonstrando a
expectativa de mais amplos esclarecimentos, e a matrona acrescentou:
— Iniciamos a tarefa entre flores para encontrarmos
depois pesada colheita de espinhos. No começo é a promessa de paz e compreensão;
entretanto, logo após, surgem pedras e dissabores...
Reparando que a senhora galileia se sensibilizara até à s
lágrimas, deu-se pressa Jesus em responder:
— O lar é a escola das almas, o templo onde a sabedoria
divina nos habilita, pouco a pouco, ao grande entendimento da Humanidade.
E, sorrindo, perguntou:
— Que fazes
inicialmente à s lentilha, antes de servi-las à refeição?
A interpelada respondeu, titubeante:
— Naturalmente, Senhor, cabe-me levá-las ao fogo para que
se façam suficientemente cozidas. Depois, devo temperá-las, tornando-as
agradáveis ao sabor.
— Pretenderias,
também, porventura, servir pão cru à mesa?
— De modo algum — tornou a velha humilde — antes de
entregá-lo ao consumo caseiro, compete-me guardá-lo ao calor do forno. Sem essa
medida...
O Divino Amigo então considerou:
— Há também um banquete festivo, na vida celestial, onde
nossos sentimentos devem servir à glória do Pai. O lar, na maioria das vezes, é
o cadinho santo ou o forno preparador. O que nos parece aflição ou sofrimento
dentro dele é recurso espiritual. O coração acordado para a Vontade do Senhor
retira as mais luminosas bênçãos de suas lutas renovadoras, porque, somente aí,
de encontro uns com os outros, examinando aspirações e tendências que não são
nossas, observando defeitos alheios e suportando-os, aprendemos a desfazer as
próprias imperfeições. Nunca notou a rapidez da existência de um homem? A vida
carnal é idêntica à flor da erva. Pela manhã emite perfume, à noite,
desaparece... O lar é um curso ligeiro para a fraternidade que desfrutaremos na
vida eterna. Sofrimentos e conflitos naturais, em seu círculo, são lições.
A sogra de Simão escutou atenciosa e ponderou:
— Senhor, há criaturas, porém, que lutam e sofrem; no
entanto, jamais aprendem. O Cristo pousou na interlocutora os olhos muito
lúcidos e tornou a indagar:
— Que fazes das lentilhas endurecidas que não cedem à
ação do fogo?
— Ah! sem dúvida, atiro-as ao monturo, porque feririam a
boca do comensal descuidado e confiante.
— Ocorre o mesmo — terminou o Mestre — com a alma rebelde
à s sugestões edificantes do lar. A luta comum mantém a fervura benéfica;
todavia, quando chega a morte, a grande selecionadora do alimento espiritual
para os celeiros de Nosso Pai, os corações que não cederam ao calor
santificante, mantendo-se na mesma dureza, dentro da qual foram conduzidos ao
forno bendito da carne, serão lançados fora, a fim de permanecerem, por tempo
indeterminado, na condição de adubo, entre os detritos da Natureza.
JESUS NO LAR – NEIO LUCIO - FCX
CAP V – 01/12
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP V – BEM AVENTURADOS OS AFLITOS
O REMÉDIO JUSTO
“Bemaventurados os que choram porque serão consolados.”
Jesus (Mateus, 5:4)
“Por estas palavras: ‘Bemaventurados os aflitos, pois
que serão consolados’, Jesus aponta a compensação que hão de ter os que sofrem
e a resignação que leva o padecente a bendizer do sofrimento, come prelúdio da
cura.”
(Cap. V, Item 12)
Perguntas, muitas vezes, pela presença dos espíritos
guardiões, quando tudo indica, que forças contrárias às tuas noções de
segurança e conforto, comparecem, terríveis, nos caminhos terrestres.
Desastres, provações, enfermidades e flagelos inesperados
arrancam-te indagações aflitivas.
Onde os amigos desencarnados que protegem as criaturas?
Como não puderam prevenir certos transes que te parecem
desoladoras calamidades?
Se aspiras, no entanto, a conhecer a atitude moral dos
espíritos benfeitores, diante dos padecimentos desse matiz, consulta os
corações que amam verdadeiramente na Terra.
Ausculta o sentimento das mães devotadas que bendizem com
lágrimas as grades do manicômio para os filhos que se desvairaram no vicio, de
modo a que não se transfiram da loucura à criminalidade confessa.
Ouve os gemidos de amargura suprema dos pais amorosos que
entregam os rebentos, do próprio sangue no hospital, para que lhes seja
amputado esse ou aquele membro do corpo, a fim de que a moléstia corruptora, a
que fizeram jus pelos erros do passado, não lhes abrevie a existência.
Escuta as esposas abnegadas, quando compelidas a
concordarem chorando com os suplícios do cárcere para os companheiros queridos,
evitando-se-lhes a queda, em fossas mais profundas de delinquência.
Perquire o pensamento dos filhos afetuosos, ao
carregarem, esmagados de dor, os pais endividados em doenças
infectocontagiosas na direção das casas de isolamento, a fim de que não se
convertam em perigo para a comunidade.
Todos eles trocam as frases de carinho e os dedos
veludosos pelas palavras e pelas mãos de guardas e enfermeiros, algumas vezes
desapiedados e frios, embora continuem mentalmente jungidos aos seres que mais
amam, orando e trabalhando para que lhes retornem ao seio.
Quando vejas alguém submetido aos mais duros entraves, não
suponhas que esse alguém permaneça no olvido por parte dos benfeitores
espirituais que lhe seguem a marcha.
O amor brilha e paira sobre todas as dificuldades, à
maneira do sol que paira e brilha sobre todas as nuvens.
Ao invés de revolta e desalento, oferece paz e esperança
ao companheiro que chora, para que, à frente de todo mal, todo o bem prevaleça.
Isso porque onde existem almas sinceras, à procura do
bem, o sofrimento é sempre oremédio justo da vida para que, junto delas, não
suceda o pior.
LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel) – FCX
A SENTENÇA CRISTÃ
Um juiz cristão, rigoroso nas aplicações da lei humana,
mas fiel no devotamento ao Evangelho, encontrando-se em meio duma sociedade
corrompida e perversa, orou, implorando a presença de Jesus.
Tantas sentenças condenatórias devia proferir
diariamente, que se lhe endurecera o coração.
Atormentado, porém, entre a confiança que consagrava ao
Divino Mestre e as acusações que se acreditava compelido a formular, rogou,
certa noite, ao Senhor, lhe esclarecesse o espírito angustiado.
Efetivamente, sonhou que Jesus vinha desfazer-lhe as
dúvidas aflitivas.
Ajoelhou-se aos pés do Amoroso Amigo e perguntou:
— Mestre, que normas adotar perante um homicida? Não
estará logicamente incurso nas penas legais?
O Cristo sorriu, de leve, e respondeu:
— Sim, o criminoso está condenado a receber remédio
corretivo, por doente da alma.
O juiz considerou estranha a resposta; contudo.
prosseguiu indagando:
— Como agir, ante o delinquente rude, Senhor?
— Está condenado a valer-se de nosso auxílio, através da
educação pelo amor paciente e construtivo — explicou Jesus, bondoso e calmo.
— Mestre, e que corrigenda aplicar ao preguiçoso?
— Está condenado a manejar a enxada ou a picareta,
conquistando o pão com o suor do rosto.
— Que farei da mulher pervertida? — interrogou o jurista,
surpreso.
— Está condenada a beneficiar-se de nosso amparo
fraterno, a fim de que se reerga para a elevação do trabalho e para a dignidade
humana.
— Senhor, como julgar o ignorante?
— Está condenado aos bons livros.
— E o fanático?
— Está condenado a ser ouvido e interpretado com
tolerância e caridade, até que aprenda a libertar a própria alma.
— Mestre, e que diretrizes adotar, ante um ladrão?
— Está condenado à oficina e à escola, sob vigilância
benéfica.
— E se o ladrão é um assassino?
— Está condenado ao hospício, onde se lhe cure a mente
envenenada.
O magistrado passou a meditar gravemente e lembrou-se de
que deveria modificar todas as peças do tribunal, substituindo a discriminação
de castigos diversos por remédio, serviço, fraternidade e educação.
Todavia, não se sentindo bem com a própria consciência,
endereçou ao Senhor suplicante olhar, e perguntou, depois de longos instantes:
— Mestre, e de mim mesmo, que farei?
Jesus sorriu, ainda uma vez, e disse, sereno:
— O cristão está condenado a compreender e ajudar, amar e
perdoar, educar e construir, distribuir tarefas edificantes e bênçãos de luz
renovadora, onde estiver.
Nesse momento, o juiz acordou em lágrimas e, de posse da
sublime lição que recebera, reconheceu que, dali em diante, seria outro homem.
ALVORADA CRISTÃ - Francisco Cândido Xavier DITADO PELO
ESPÍRITO NEIO LÚCIO
CAP VI – 02/12
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP VI - O CRISTO CONSOLADOR
CRISTÃOS SEM CRISTO
“Vinde a mim todos vós que estais aflitos e
sobrecarregados que eu vos aliviarei.” Jesus (Mateus, 11: 28)
“Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse do
Consolador prometido: conhecimento das cousas, fazendo que o homem saiba donde
vem para onde vai e porque está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios
da lei de Deus, consola pela fé e pela esperança”. (Cap. VI, Item 4)
Reverencia o Divino Mestre, com todas as forças da alma,
entretanto, não menosprezes honrá-lo na pessoa dos semelhantes.
Guarda-lhe as memórias entre flores de carinho, mas
estende os braços aos que clamam por ele, entre os espinhos da aflição.
Esculpe-lhe as reminiscências nas obras-primas da
estatutária, sem qualquer intuito de idolatria, satisfazendo aos ideais de
perfeição que a beleza te arranca aos sonhos de arte, no entanto, socorre,
pensando nele, aos que passam diante de ti, retalhados pelo cinzel oculto do
sofrimento.
Imagina-lhe o semblante aureolado de amor, ao fixa-lo nas
telas em que se te corporifiquem os anseios de luz, mas suaviza o infortúnio
dos que esperam por ele, nos quadros vivos da angústia humana.
Proclama-lhe a glória invencível no verbo eloquente, mas
deixa que a sinceridade e a brandura te brilhem na boca, serenando, em seu
nome, os corações atormentados que duvidam e se perturbam entre as sombras da
Terra.
Grava-lhe os ensinamentos inesquecíveis, movimentando a
pena que te configura as luminosas inspirações, no entanto, assinala as
diretrizes dele com, a energia renovadora dos teus próprios exemplos.
Dedica-lhe os cânticos de fidelidade e louvor que te
nascem da gratidão, mas ouve os apelos dos que jazem detidos nas trevas,
suplicando-lhe liberdade e esperança.
Busca-lhe a presença, no culto da prece, rogando-lhe
apoio e consolação, no entanto, oferece-lhe mãos operosas no auxílio aos que
varam o escuro labirinto da agonia moral, para os quais essa ou aquela ninharia
de tuas facilidades constitui novo estímulo à paciência.
Através de numerosas reencarnações, temos sido cristãos
sem Cristo. Conquistadores, não nos pejávamos de implorar-lhe patrocínio aos
excessos do furto.
Latifundiários cruéis, não nos envergonhávamos de solicitar-lhe
maior número de escravos que nos atendessem ao despotismo, em clamorosos
sistemas de servidão.
Piratas, dobrávamos insensatamente os joelhos para
agradecer-lhe a presa fácil.
Guerreiros, impetrávamos dele, em absoluta insanidade,
nos inspirasse o melhor modo de oprimir.
Agora que a Doutrina Espírita no-lo revela, por mentor
claro e direto da alma, ensinando-nos a responsabilidade de viver, é imperioso
saibamos dignifica-lo na própria consciência, acima de demonstrações
exteriores, procurando refleti-lo em nós mesmos.
Entretanto, para, que isso aconteça, é preciso, antes de
tudo, matricular o raciocínio na escola da caridade, que será sempre a mestra
sublime do coração.
LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel) – FCX
A TRILOGIA BENDITA
Em tempos remotos, o Senhor vinha ao mundo frequentes
vezes entender-se com as criaturas.
Certa vez, encontrou um homem irado e mau, que outra
coisa não fazia senão atormentar os semelhantes.
Perseguia, feria e matava sem piedade.
Quando esse espírito selvagem viu o Senhor, aproximou-se
atraído pela luz d’Ele, a chorar de arrependimento.
O Cristo, bondoso, dirigiu-lhe a palavra:
— Meu filho, porque te entregaste assim à perversidade?
Não temes a justiça do Pai? Não acreditas no Celeste Poder? A vida exige fraternidade
e compreensão.
O malfeitor, que se mantinha prisioneiro da ignorância,
respondeu em lágrimas:
— Senhor, de hoje em diante serei um homem bom.
Alguns anos passaram e Jesus voltou ao mesmo sítio.
Lembrou-se do infeliz a quem havia aconselhado e buscou-o.
Depois de certa procura, foi achá-lo oculto numa choça,
extremamente abatido.
Interpelado quanto à causa de tão lamentável
transformação, o mísero respondeu:
— Ai de mim, Senhor! Depois que passei a ser bom, ninguém
me respeitou! Fiz-me escárnio da rua... Tenho usado a compaixão e a
generosidade, segundo me ensinaste, mas em troca recebo apenas o ridículo, a
pedrada e a dilaceração...
O Mestre, porém, abençoou-o e falou.
— O teu lucro na eternidade não será pequeno com o
sacrifício. Entretanto, não basta reter a bondade. É necessário saber
distribuí-la. Para bem ajudar, é preciso discernir. Realmente é possível
auxiliar a todos. Contudo, se a muita gente devemos ternura fraterna, a
numerosos companheiros de jornada devemos esclarecimento enérgico.
Estimularemos os bons a serem melhores e cooperaremos, a benefício dos maus,
para que se retifiquem. Nunca observaste o pomicultor? Algumas árvores recebem
dele irrigação e adubo; outras, no entanto, sofrerão a poda, a fim de serem convenientemente
amparadas.
O Senhor retirou-se e o aprendiz retomou luta para
conquistar o conhecimento.
Peregrinou através de muitos livros, observou
demoradamente os quadros da vida e recebeu a palma da ciência.
Os anos correram apressados, quando o Cristo regressou e
procurou-o, novamente.
Dessa vez, encontrou-o no leito, enfermo e sem forças.
Replicando ao Divino Amigo, explicou-se:
— Ai de mim, Senhor! Fui bom e recebi injustiças,
entesourei a ciência e minhas dificuldades cresceram de vulto. Aprendi a amar e
desejar em sã consciência, a idealizar com o plano superior, mas vejo a
ingratidão e a discórdia, a dureza e a indiferença com mais clareza. Sei aquilo
que muita gente ignora e, por isto mesmo, a vida tornou-se-me um fardo
insuportável...
O Mestre, porém, sorriu e considerou:
- A tua preparação para a felicidade ainda não se acha
completa. Agora, é preciso ser forte. Acreditas que a árvore respeitável
conseguiria viver e produzir, caso não soubesse tolerar a tempestade? A firmeza
interior, diante das experiências da vida, conferir-te -á o equilíbrio
indispensável. Aprende a dizer adeus a tudo o que te prejudica na caminhada em
direção da luz divina e distribuirás a bondade, sem preocupações de recompensa,
guardando o conhecimento sem surpresas amargas. Sê inquebrantável em tua fé e
segue adiante!
O aprendiz reergueu-se e nunca mais experimentou a
desarmonia, compreendendo, enfim, que a bondade, o conhecimento e a fortaleza
são a trilogia bendita da felicidade e da paz.
ALVORADA CRISTÃ - Francisco Cândido Xavier DITADO PELO
ESPÍRITO NEIO LÚCIO
CAP VII – 03/12
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA. PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP VII – BEM AVENTURADOS OS POBRES DE
ESPÍRITO
SUPERCULTURA
“Graças te rendo, ó Pai, senhor dos Céus e da Terra, que por
haveres ocultado estas cousas aos doutos e aos prudentes e por as teres
revelado aos simples e pequeninos!” Jesus (Mateus, 11: 25)
“Homens, por que vos queixais das calamidades que vós
mesmos amontoastes sobre as vossas cabeças? Desprezastes a santa e divina moral
do Cristo; não vos espanteis, pois, de que a taça da iniquidade haja
transbordado de todos os lados.” (Cap. VII, Item 12)
Alfabetizar e instruir sempre.
Sem escola, a Humanidade se embaraçaria na selva, no
entanto, é imperioso lembrar que as maiores calamidades da guerra procedem dos
louros da inteligência sem educação espiritual.
A intelectualidade requintada entretece lauréis à
civilização, mas, por si só, não conseguiu, até hoje, frear o poder das trevas.
A supercultura, monumentalizou cidades imponentes e
estabeleceu os engenhos que as arrasam. Levantou embarcações que se alteiam
como sendo palácios flutuantes e criou o torpedo que as põe a pique. Estruturou
asas metálicas poderosas que, em tempo breve, transportam o homem, através de todos
os continentes e aprumou o bombardeiro que lhe destrói a casa.
Articulou máquinas que patrocinam o bem-estar no reduto
doméstico e não impede a obsessão que, comumente, decorre do ócio demasiado.
Organizou hospitais eficientes e, de quando a quando, lhes
superlota, as mínimas dependências com os mutilados e feridos, enfileirados por
ela própria, nas lutas de extermínio.
Alçou a cirurgia às inesperadas culminâncias e aprimorou
as técnicas do aborto.
E, ainda agora, realiza incursões a pleno espaço, nos alvores
da Astronáutica, e examina do alto os processos mais seguros de efetuar
aniquilamentos em massa pelo foguete balístico.
Iluminemos o raciocínio sem descurar o sentimento.
Burilemos o sentimento sem desprezar o raciocínio.
O Espiritismo, restaurando o Cristianismo, é universidade
da alma.
Nesse sentido, vale recordar que Jesus, o Mestre por
excelência, nos ensinou, acima de tudo, a viver construindo para o bem e para a
verdade, como a dizer-nos que a chama da cabeça não derrama, a luz da
felicidade sem o óleo do coração.
LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel) - FCX
O CRISTÃO QUE VOLTOU
Conta-se que certo cristão de recuados tempos, após
reconhecer a grandeza do Evangelho, tomou-se de profunda ansiedade pela
completa integração com o Senhor.
Ouvia, seguidos de paz celeste, as preleções dos missionários
da Revelação Divina e, embora tropeçasse nos caminhos
ásperos da Terra, permanecia em perene contemplação do
Céu, repetindo: - Jamais serei como os outros homens, arruinados e falidos na
fé!
Oh! Meu Salvador, suspiro pela eterna união contigo!
De fato, conquanto não guardasse o fingimento do fariseu,
em pronunciando semelhantes palavras, fixava as lutas e fraquezas do próximo,
com indisfarsável horror.
Assombravam-no os conflitos humanos e as experiências
alheias repercutiam-lhe na alma angustiosamente.
Não seria razoável refuriar-se na oração e aguardar o
encontro divino?
Figurava-se-lhe o mundo velho campo lodoso, ao qual era
indispensável fugir.
Concentrado em si mesmo, adotou o isolamento como norma a
seguir no trato com os semelhantes.
Desligado de todos os interesses do trabalho humano,
vivia em prece contínua, na expectativa de absoluta identificação com o Mestre.
Se alguma pessoa lhe dirigia a palavra, respondia
receoso, utilizando monossílabos apressados.
Pesados tributos de sofrimento exigia a vida de bocas
levianas e insensatas e, por isso, temia oferecer opiniões e pareceres.
Nas assembleias de oração, quase nunca era visto em companhia
de outrem.
Desviara-se de tudo e de todos na sua sede de Jesus
Cristo.
À noite, sonhava com a sublime união e, durante o dia,
consagrava-se a longos exercícios espirituais, absorvidos na preparação do dia
glorioso.
Nem por isso, contudo, a vida deixada de acenar-lhe ao
espírito, convidando-lhe o coração ao esforço ativo.
No lar, no templo, na via pública, o mundo chamava-o a pronunciamento
em setores diversos.
Entretanto, mantinha-se inflexível.
Detestava as uniões terrestres, desdenhava os laços
afetivos que unem os seres e, zombava de todas as realizações planetárias e
punha toda a sua esperança na rápida integração com o Salvador.
Se encontrava companheiros cogitando de serviços
políticos, recordava os tiranos e os exploradores da confiança pública,
asseverando que semelhantes atividades constituíam um crime.
À frente de obrigações administrativas, afirmava que a
secura e a dureza caracterizam a atitude dos que dirigem as obras terrenas e,
perante os servidores leais em ação, classificava-os à conta de bajuladores e
escravos inúteis. Examinando a arte e a beleza, desfazia-se em acusações gratuitas,
definindo-as por elemento de exaltação condenável da carne transitória e,
observando-a ciência, menoscabava-lhe as edificações.
Unir-se-ia a Jesus, - ponderava sempre – e jamais
entraria em acordo com a existência no mundo.
Se companheiros abnegados lhe pediam colaboração em
serviços terrestres, perguntava: Para quê?
E acrescentava: - Os felizes são bastante endurecidos
para se aproveitarem de meu concurso, e os infelizes bastante desesperados,
merecendo, por isso mesmo, a purificação pela dor. Não perturbarei meu
trabalho, seguirei ao encontro de meu Senhor.
E de tal modo viveu apaixonado pela glória do encontro
celeste que se retirou, um dia, do corpo, pela influência da morte, revestido
de pureza singular.
Na leveza das almas tranquilas, subiu, orgulhoso de sua vitória,
para ter com o Senhor e com Ele identificar-se para sempre.
No esforço de ascensão, passou por velhos desiludidos,
mães atormentadas, pois sofredores, jovens sem rumo e espíritos informados de
toda sorte...
Não lhes deu atenção, todavia.
Suspirava por Cristo, pretendia-lhe a convivência para a
eternidade.
Peregrinou dias e noites, procurando ansiosamente, até
que, em dado instante, lhe surgiu aos olhos maravilhados um palácio
deslumbrante.
Luzes sublimes banhavam-no todo e, lá dentro harmonias
celestes se fazem ouvir em deliciosa surdina.
O crente ajoelhou-se e chorou de júbilo intenso.
Palpita-lhe descompassado o coração amante. Ia, enfim,
concretizar o longo sonho.
Contudo, antes que se dispusesse a bater junto à portaria
resplandecente, apareceu-lhe um anjo, diante do qual se prosterna, extasiado e
feliz.
Quis falar, mas não pôde. A emoção embargava-lhe a voz.,
todavia, o mensageiro afagou-lhe a fronte e exclamou compassivo: - Jesus
compadeceu-se de ti e mandou-me ao teu encontro.
Estamos no Reino do Senhor? – inquiriu, afinal, o crente
venturoso.
Sim, respondeu o emissário angélico, - temos à frente o
início de vasta região bem-aventurada do Reino.
Posso entrar? – indagou o cristão contente.
O anjo fixou nele o olhar melancólico e informou. - Ainda
não meu amigo.
E ante o interlocutor, profundamente decepcionado,
continuou: - Realizaste a fiel adoração do Mestre, mas não executaste o trabalho
do Pai.
Teu coração em verdade palpitou pelo Cristo, entretanto,
Jesus não se enfeita de admiradores apaixonados como as árvores que se adornam
de orquídeas. Não pede cortejadores para a sua glória e sim espera que todos os
seus aprendizes sejam também glorificados. Por isso, em sua passagem pela Terra
nunca se afirmou proprietário do mundo ou doador das bênçãos. Antes, atendeu a
todos os sublimes deveres do serviço comum e convidou os homens a cumprir os
superiores desígnios do nosso Eterno Pai. Não deixou os discípulos diretos, aos
quais chamou amigos, na qualidade de flores ornamentais de sua doutrina e sim
na categoria de sal da Terra destinado à glorificação do gosto de viver.
Estabelecera-se longa pausa que o mísero desencarnado não
ousou interromper.
O mensageiro, porém, acariciando-o, com bondade, observou
ainda:
Volta, meu amigo, e completa a realização espiritual! Não
procures Jesus como admirador apaixonado, mas inútil... Torna ao plano
terrestre, luta, chora, sofre e ajuda no círculo dos outros homens! A dor
conferir-te-á dons divinos, o trabalho abrir-te-á portas benditas de elevação,
a experiência encher-te-á o caminho de infinita luz e a cooperação
entregar-te-á tesouros de valor imortal! Não necessitarás, então, procurar o Senhor,
como quem busca um ídolo, porque o Senhor te procurará como amigo fiel! Volta e
não temas!
Nesse momento, algo aconteceu de inesperado e doloroso.
Desapareceram o palácio, o anjo e a paisagem de luz... Estranha escuridão pesou
no ambiente e, quando o pobre desencarnado tornou a sentir o beijo da luz nos
olhos lacrimosos, encontrava-se, no mesmo lar modesto de onde havia saído,
ansioso agora por retomar o trabalho da realização divina noutra forma carnal.
Livro “Coletânea do Além” Psicografia de Chico Xavier –
Autores Diversos
CAP VIII – 04/12
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP VIII – BEM AVENTURADOS OS QUE TEM O
CORAÇÃO PURO
COMPANHEIROS MUDOS
“Deixai vir a mim os pequeninos” Jesus (Marcos, 1O: 14)
“O Espírito, pois, enverga, temporariamente, a túnica da
inocência e, assim, Jesus está com a verdade, quando, sem embargo da
anterioridade da alma, toma a criança por símbolo da pureza e da simplicidade.”
(Cap. VIII, Item 4)
Com excelentes razões, mobilizas os talentos da palavra,
a cada instante, permutando impressões com os outros.
Selecionas os melhores conceitos para os ouvidos de
assembleias atentas.
Aconselhas o bem, plasmando terminologia adequada para a
exaltação da virtude.
Estudas filologia e gramática, no culto à linguagem
nobre.
Encontras a frase exata, no momento certo, em que
externas determinado ponto de vista.
Sabes manejar o apontamento edificante, em família.
Lecionas disciplinas diversas.
Debates problemas sociais.
Analisas os sucessos diários.
Questionas serviços públicos.
Indiscutivelmente, o verbo é luz da vida, de que o
próprio Jesus se valeu para legar-nos o Evangelho Renovador.
Entretanto, nesta nota simples, vimos rogar-te apoio e
consolação para aqueles companheiros a quem a nossa destreza vocabular consegue
servir em sentido direto.
Comparecem, às centenas; aqui e ali...
Jazem famintos e não comentam a carência de pão.
Amargam dolorosa nudez e não reclamam contra o frio.
Experimentam agoniadas depressões morais, sem pedirem
qualquer reconforto à ideia religiosa.
Sofrem prolongados suplícios orgânicos, incapazes de
recorrer voluntariamente ao amparo da medicina.
Pensa, neles e, de coração enternecido, quanto puderes,
oferece-lhes algo de teu amor, através da peça de roupa ou da xícara de leite,
do poço medicamentosa ou do minuto de atenção e carinho, porque esses
companheiros mudos e expectantes e padecentes que não podem falar.
LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel) - FCX
O CAMINHO DO REINO
Na tosca residência de Arão, o curtidor, dizia Jesus a
Zacarias, dono de extensos vinhedos em Jericó: - O Reino de Deus será, por fim,
a vitória do bem, no domínio dos homens!... O Sol cobrirá o mundo por manto de
alegria luminosa, guardando a paz triunfante. Os filhos de todos os povos
andarão vinculados uns aos outros, através do apoio mútuo. As guerras terão
desaparecido, arredadas da memória, quais pesadelos que o dia relega aos
princípios da noite!... Ninguém se lembrará de exigir o supérfluo e nem se
esquecerá de prover os semelhantes do necessário, quando o necessário se lhes
faça preciso. A seara de um lavrador produzirá o bastante para o lavrador que
não conseguiu as oportunidades da sementeira e o teto de um irmão erguer-se-á
igualmente como refúgio do peregrino sequioso de afeto, sem que a ideia do mal
lhes visite a cabeça... A viuvez e a orfandade nunca mais derramarão sequer
ligeira lágrima de sofrimento, porquanto a morte nada mais será que antecâmara
da união no amor perpétuo que clareia o sem-fim. Os enfermos, por mais
aparentemente desvalidos, acharão leito repousante, e as moléstias do corpo
deixarão de ser monstros que espreitam a moradia terrestre, para significarem
simplesmente notícias breves das leis naturais no arcabouço das formas. O
trabalho não será motivo de cativeiro e sim privilégio sagrado da inteligência.
A felicidade e o poder não marcarão o lugar dos que retenham ouro e púrpura,
mas o coração daqueles que mais se empenham no doce contentamento de entender e
servir. O lar não se erigirá em cadinho de provação, porque brilhará
incessantemente por ninho de bênçãos, em cujo aconchego palpitarão as almas
felizes que se encontram para bendizer a confiança e a ternura sem mácula. O
homem sentir-se-á responsável pela tranquilidade comum, nos moldes da reta
consciência, transfigurando a ação edificante em norma de cada dia; a mulher
será respeitada, na condição de mãe e companheira, a que devemos,
originariamente, todas as esperanças e regozijos que desabrocham na Terra, e as
crianças serão consideradas por depósitos de Deus!... A dor de alguém será
repartida, qual transitória sombra entre todos, tanto quanto o júbilo de alguém
se espalhará, na senda de todos, recordando a beleza do clarão estelar... A
inveja e o egoísmo não mais subsistirão, visto que ninguém desejará para os
outros aquilo que não aguarda em favor de si mesmo! Fontes deslizarão entre
jardins, e frutos substanciosos penderão nas estradas, oferecendo-se à fome do
viajor, sem pedir-lhe nada mais que uma prece de gratidão à bondade do Pai, de
vez que todas as criaturas alentarão consigo o anseio de construir o Céu na
Terra que o todo misericordioso lhes entregou!...
Deteve-se Jesus contemplando a turba que o aplaudia,
frenética, minutos depois da sua entrada em Jerusalém para as celebrações da
Páscoa, e, notando que os israelitas se diferençavam entre si, a revelarem
particularidades das regiões diversas de que procediam acentuou:
- Quando atingirmos, coletivamente, o Reino dos Céus,
ninguém mais nascerá sob qualquer sinal de separação ou discórdia, porque a
Humanidade se regerá pelos ideais e interesses de um mundo só!...
Enlevado, Zacarias fitou-o com ansiosa expectação e
ponderou com respeito:
- Senhor, vim de Jericó para o culto às tradições de
nossos antepassados; todavia, acima de tudo, aspirava a encontrar-te e
ouvir-te... Envelheci, arando a gleba e sonhando com a paz!...
Tenho vivido nos princípios de Moisés; no entanto, do
fundo de minha alma, quero chegar ao Reino de Deus do qual te fazes mensageiro
nos tempos novos!... Mestre! Mestre!... Para buscar-te percorri a trilha de
minha estância até aqui, passo a passo... De vila em vila, de casa em casa, um
caminho existe, claro, determinado... Qual é, porém, Senhor, o Caminho para o
Reino de Deus?
- A estrada para o Reino de Deus é uma longa subida... –
começou Jesus, explicando.
Eis, contudo, que filas de manifestantes penetraram o
recinto, interrompendo-lhe a frase e arrebatando-o à praça fronteiriça,
recoberta de flores.
Zacarias, em êxtase, demandou o sítio de parentes, no
vale de Hinom, demorando-se por dois dias em comentários entusiastas, ao redor
das promessas e ensinos do Cristo, mas, de retorno à cidade, não surpreende
outro quadro que não seja a multidão desvairada e agressiva...
Não mais a glorificação, não mais a festa. Diante do
ajuntamento, o Mestre, em pessoa, não mais querido.
Aqueles mesmos que o haviam honorificado em cânticos de
louvor apupavam-no agora com requintes de injúria.
O velho de Jericó, translúcido de espanto, viu que o
Amado Amigo, cambaleante e suarento, arrastava a cruz dos malfeitores...
Ansiou abraçá-lo e esgueirou-se, dificilmente, suportando
empuxões e zombarias do populacho... Rente ao madeiro, notou que um grupo de
mulheres chorosas abrigava o Mestre a parada imprevista e, antecedendo-se-lhes
à palavra, ajoelhou-se diante dele e clamou: - Senhor!... Senhor!...
Jesus retirou do lenho a destra ferida, afagou-lhe, por
instantes, os cabelos que o tempo alvejara, lembrando o linho quando a estriga
descansa junto da roca, e falou, humilde: - Sim, Zacarias, os que quiserem
alcançar o Reino de Deus subirão ladeira escabrosa...
Em seguida, denotou a atenção de quem escutava os
insultos que lhe eram endereçados...
Finda a pausa ligeira, apontou para o amigo, com um
gesto, a poeira e o pedregulho que se avantajavam à frente e, como a
recordar-lhe a pergunta que deixara sem resposta, afirmou com voz firme:
- Para a conquista do Reino de Deus, este é o caminho...
LIVRO: CARTAS E CRÔNICAS – IRMÃO X - FCX
CAP IX – 05/12
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP IX – BEM AVENTURADOS OS MANSOS E
PACÍFICOS
AMENIDADE
“Bem-aventurados os mansos porque eles herdarão a Terra.”
Jesus (Mateus, 5: 5)
“A benevolência para com aos seus semelhantes, fruto do
amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que lhe são as formas de
manifestarse.” (Cap. 9, Item 6)
Surgem, sim, as ocasiões em que todas as forças da alma
se fazem tensas, semelhando cargas de explosivos, prestes a serem detonadas
pelo gatilho da boca...
Momentos de reação, diante do mal, em que a fagulha da
mágoa, assoma do íntimo, aviventada pelo sopro do desespero.
Entretanto, mesmo que a indignação se te afigure
justificada, reflete para falar.
A palavra não foi criada para converter-se em raio da
morte.
Imagina-te no lugar do interlocutor.
Se houve deficiência no concurso de outrem, recorda os
acontecimentos em que o erro impensado te marcou a presença; se algum
companheiro falhou involuntariamente na obrigação, pensa nas horas difíceis em
que não pudeste guardar felicidade ao dever.
Em qualquer obstáculo, pondera que a cólera é bomba de
rastilho curto, comprometendo a estabilidade e a elevação da vida onde estoura.
Indiscutivelmente, o verbo foi estabelecido para que nos
utilizemos dele.
O silêncio é o guardião da serenidade, todavia, nem
sempre consegue toma-lhe as funções.
Isso, porém, não nos induz a transfigurar a cabeça num
vulcão em movimento, arremessando lavas de azedume e inquietação.
Conquanto se nos imponha dias de franqueza e
esclarecimento, é possível equacionar, harmoniosamente, os mais intrincados
problemas sem adicionar o fogo da violência às parcelas da lógica.
Dominemo-nos para que possamos controlar circunstâncias,
chefiemos as nossas emoções, alinhando-as na estrada do equilíbrio e do
discernimento, de modo a que nossa frase não resvale na intemperança.
Guardar o silêncio, quando preciso, mas falar sempre que
necessário a desfazer enganos e a limpar raciocínios, entendendo, porém, que
Jesus não nos confiou a verdade para transformá-la numa pedra sobre o crânio
alheio e sim num clarão que oriente aos outros e alumie a nós.
LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel) - FCX
O SERVO FELIZ
Certo dia, chegaram ao Céu um Marechal, um Filósofo, um
Político e um Lavrador.
Um Emissário Divino recebeu-os, em elevada esfera, a fim
de ouvi-los.
O Marechal aproximou-se, reverente e falou:
— Mensageiro do Comando Supremo, venho da Terra distante.
Conquistei muitas medalhas de mérito, venci numerosos inimigos, recebi várias
homenagens em monumentos que me honram o nome.
— Que deseja em troca de seus grandes serviços? — indagou
o Enviado.
— Quero entrar no Céu.
— Por enquanto, não pode receber a dádiva. Soldados e
adversários, mulheres e crianças chamam-no insistentemente da Terra. Verifique
o que alegam de sua passagem pelo mundo e volte mais tarde.
O Filósofo acercou-se do preposto divino e ...
— Anjo do Criador Eterno, venho do acanhado círculo dos
homens. Dei às criaturas muita matéria de pensamento. Fui laureado por
academias diversas. Meu retrato figura na galeria dos dicionários terrestres.
— Que pretende pelo que fez? — perguntou o Emissário.
— Quero entrar no Céu.
— Por agora, porém — respondeu o mensageiro sem titubear
—, não lhe cabe a concessão. Muitas mentes estão trabalhando com as ideias que
você deixou no mundo e reclamam-lhe a presença, de modo a saberem separar-lhe
os caprichos pessoais da inspiração sublime. Regresse ao velho posto, solucione
seus problemas e torne oportunamente.
O Político tomou a palavra e acentuou:
— Ministro do Todo-Poderoso, fui administrador dos
interesses públicos. Assinei várias leis que influenciaram meu tempo. Meu nome
figura em muitos documentos oficiais.
— Que pede em compensação? — perguntou o Missionário do
Alto.
— Quero entrar no Céu.
— Por enquanto, não pode ser atendido. O povo mantém
opiniões divergentes a seu respeito. Inúmeras pessoas pronunciam-lhe o nome com
amargura e esses clamores chegam até aqui. Retorne ao seu gabinete, atenda às
questões que lhe interessam a paz Íntima e volte depois.
Aproximou-se, então, o Lavrador e falou, humilde:
— Mensageiro de Nosso Pai, fui cultivador da terra...
plantei o milho, o arroz, a batata e o feijão. Ninguém me conhece, mas eu tive
a glória de conhecer as bênçãos de Deus e recebê-las, nos raios do Sol, na
chuva benfeitora, no chão abençoado, nas sementes, nas flores, nos frutos, no
amor e na ternura de meus filhinhos...
O Anjo sorriu e disse:
— Que prêmio deseja?
— Se Nosso Pai permitir, desejaria voltar ao campo e
continuar trabalhando. Tenho saudades da contemplação dos milagres de cada
dia... A luz surgindo no firmamento em horas certas, a flor desabrochando por
si mesma, o pão a multiplicar-se!... Se puder, plantarei o solo novamente para
ver a grandeza divina a revelar-se no grão, transformado em dadivosa espiga... Não
aspiro a outra felicidade senão a de prosseguir aprendendo, semeando, louvando
e servindo!...
O Mensageiro Espiritual abraçou-o e exclamou, chorando
igualmente, de júbilo:
— Venha comigo! O Senhor deseja vê-lo e ouvi-lo, porque
diante do Trono Celestial apenas comparece quem procura trabalhar e servir sem
recompensa.
ALVORADA CRISTÃ - Francisco Cândido Xavier - DITADO PELO
ESPÍRITO NEIO LÚCIO
CAP X – 06/12
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP X – BEM AVENTURADOS OS MISERICORDIOSOS
DONATIVO DA ALMA
“Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque
alcançarão misericórdia.” Jesus (Mateus, 5:7)
“A misericórdia é o complemento da brandura, porquanto
aquele que não for misericordioso não poderá ser brando e pacifico.” (cap. 1O,
Item 4)
Reflete nas provações alheias e auxilia incessantemente.
Louvado para sempre o trabalho honesto com que te dispões
a minorar as dificuldades dos semelhantes, ensinandolhes a encontrar a
felicidade, através do esforço digno.
Bendita a moeda que deixas escorregar nas mãos fatigadas
que se constrangem a implorar o socorro público.
Inesquecível a operação da beneficência, com a qual te
desfazes de recursos diversos para que não haja penúria na vizinhança.
Abençoado o dia de serviço gratuito que prestas no amparo
aos companheiros menos felizes.
Enaltecido o devotamento que empregas na instrução aos
viajores do mundo, que ainda se debatem nos labirintos da ignorância.
Glorificado o conselho fraterno com que te decides a
mostrar o melhor caminho.
Santo o remédio com que alivias a dor.
Inolvidáveis todos os investimentos que realizes no
Instituto Universal da Providência Divina, quando entregas a beneficio dos
outros o concurso financeiro, a página educativa, a peça de roupa, o litro de
leite, o cobertor aconchegante, o momento de consolo, o gesto de solidariedade,
o prato de pão...
Não se pode esquecer que Jesus consignou por crédito
sublime da alma, no Reino de Deus, o simples copo de água que se dê no mundo em
seu nome.
Entretanto, mil vezes bemaventurada seja cada hora de
tua paciência diante daqueles que não te compreendam ou te esqueçam, te firam
ou te achincalhem, porque a paciência, invariavelmente feita de bondade e
silêncio, abnegação e esquecimento do mal, é donativo essencialmente da alma,
benção da fonte divina, do amor, que jorra das nascentes do sacrifício, seja
formada no suor da humildade ou no pranto oculto do coração.
LIVRO DA ESPERANÇA – EMMANUEL – FCX
O MENINO DE RUA
Cansado de ficar dentro de casa, Celso saiu para o
jardim. Gostava de ficar no portão vendo a rua, o movimento dos carros e as
pessoas que passavam.
Nisso, Celso viu, do outro lado da rua, um garoto de
expressão tristonha, sentado no meio-fio. Ele estava sujo, malvestido e
descalço. Celso sentiu pena do menino, que teria mais ou menos a sua idade:
oito anos.
Abriu o portão, atravessou a rua e foi até onde ele
estava. Aproximando-se, perguntou:
— Olá! Posso sentar-me aqui com você?
O garoto levantou a cabeça para ver quem estava falando e
estranhou ver um menino do seu tamanho. Ergueu os ombros, como se dissesse:
Sente-se. A rua é pública!
Celso sentou-se e começou a conversar:
— Por que está tão triste?
— Por que quer saber? — respondeu o desconhecido com
outra pergunta.
E Celso estendeu o braço e apontou com o dedo:
— Está vendo aquela casa ali? É onde moro. Estava olhando
a rua e vi você tão triste que não pude deixar de vir aqui. O que aconteceu?
O garoto respirou fundo e contou:
— É uma longa história. Minha mãe morreu e meu pai me
abandonou. Desesperado, ele saiu pelo mundo e não sei onde está. Fui mandado
para a casa de uma tia, mas passei tanta fome, sofri tantos maus-tratos, que não
aguentei mais e fugi. Agora, não tenho para onde ir e fico na rua. Quando tenho
fome, peço em alguma casa. Para dormir, escondo-me em algum canto, embaixo de
alguma ponte ou alguma casa abandonada.
Celso estava penalizado. Nunca pensou que existissem crianças
como ele sofrendo tanto!
— Não saia daí. Vou até minha casa e volto já! — disse ao
garoto.
Ele fez um sanduíche, pegou um copo de leite com café e
retornou para junto do menino, entregando-lhe.
Os olhos do garoto brilharam ao ver o lanche. Devorou tudo
e depois agradeceu:
— Obrigado. Estava mesmo com fome! Mas, nem sei como se
chama!
— Celso. E você? — e estendeu a mão ao outro, que a
apertou.
— Meu nome é Luisinho! Você é legal, Celso!
Os dois puseram-se a conversar. Após algum tempo, estavam
tão amigos que Celso desejava poder ajudar Luisinho. Então, pediu que ele
esperasse e retornou para sua casa.
Celso tinha visto seu pai entrar em casa, após o
trabalho. Então, chegando-se a ele, pediu:
— Papai, gostaria que conhecesse um amigo meu. Venha
comigo!
O pai, mesmo cansado, concordou e acompanhou o filho.
Então, Celso mostrou-lhe:
— Veja, papai! Aquele garoto ali, do outro lado da rua,
precisa de ajuda!
O pai olhou o garoto sentado no meio-fio e reagiu,
surpreendido:
— Mas, meu filho! Ele é um menino de rua!...
Celso, com os olhos úmidos, virou-se para o pai,
considerando:
— Papai, outro dia mesmo o senhor falava de Jesus, e
disse que devemos amar a todas as pessoas, porque são nossas irmãs, lembra-se?
— Você tem razão, filho. Porém, não sabemos quem é esse
menino! Ele pode ter maus hábitos, pode até estar acostumado a roubar!... Como
confiar em alguém que não se conhece? — respondeu o pai, abalado pelo argumento
do filho.
O garoto pensou um pouco, depois voltou a ponderar:
— Papai, mas se os bons não amparam os maus, como podemos
exercitar a fraternidade?
O pai, vencido pelo novo argumento do filho, emocionado
pela sua grandeza de alma, abraçou-o e concordou:
— Tem razão, meu filho. Se nos consideramos cristãos,
temos que agir como Jesus nos ensinou.
Atravessaram a rua e o pai de Celso conversou um pouco
com Luisinho, depois o convidou:
— Luís, queremos que venha para nossa casa.
— Senhor, eu agradeço sua bondade. Mas não me conhece,
nem sabe quem eu sou! — respondeu o menino, sem poder acreditar no que estava
ouvindo.
Diante daquelas palavras, o pai de Celso respondeu
comovido:
— Não preciso conhecê-lo para saber que é um bom menino.
Ficará conosco pelo tempo que quiser. Irá à escola com Celso e terá a vida de
todo garoto da sua idade. Se algum dia, você tiver notícias de seu pai e quiser
ficar com ele, terá toda liberdade. Farei o que puder para ajudá-los.
Atravessaram a rua e, antes de entrar pelo portão, feliz,
mas ainda indeciso, Luisinho quis saber:
— Senhor, e a mãe de Celso? Ela vai concordar?
— Tenho certeza que sim. Não se preocupe.
Entraram em casa e o pai explicou a situação à sua
esposa. Ao ver o novo hóspede, ela sorriu, abraçando-o. Depois, pediu que Celso
pegasse algumas roupas para Luís poder tomar banho, enquanto ela terminava de
preparar o jantar.
Limpo, bem vestido e calçando tênis novos, meia-hora
depois Luisinho apareceu com Celso na sala, onde a refeição seria servida.
Todos estavam contentes. O pai disse ao novo morador: — Em nome de Jesus, seja
bem-vindo à nossa casa!
MEIMEI
(Recebida por Célia Xavier de Camargo, Rolândia-PR, em
19/03/2012.)
http://escolinhaespirita.blogspot.com.br/search/label/Historinhas
CAP XI – 07/12
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XI – AMAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO
PSICOLOGIA DA CARIDADE
“Fazei aos homens tudo o que queirais que eles vos foram,
pois é nisto que consistem a lei e os profetas.” Jesus (Mateus, 7: 12)
“Amar ao próximo como a si mesmo, fazer pelos outros o
que quereríamos que os outros fizessem por nós” é a expressão mais completa da
caridade resume todos os deveres do homem para com o próximo.
(Cap. X1, Item 4)
Provavelmente, não existe em nenhum tópico da literatura
mundial figura mais expressiva que a do samaritano generoso, apresentada por
Jesus para definir a psicologia da caridade.
Esbarrando com a vítima de malfeitores anônimos,
semimorta na estrada, passaram dois religiosos, pessoas das mais indicadas para
o trato da beneficência, mas seguiram de largo, receando complicações.
Entretanto, o samaritano que viajava, vê o infeliz e
sente-se tocado de compaixão.
Não sabe quem é.
Ignora-lhe a procedência.
Não se restringe, porém, à emotividade.
Para e atende.
Balsamiza-lhe as feridas que sangram, coloca-o sobre o
cavalo e o conduz a uma hospedaria, sem os cálculos que o comodismo costuma
tragar em nome da prudência.
Não se limita, no entanto, a despejar o necessitado, em
porta alheia.
Entra com ele na vivenda e dispensa-lhe cuidados
especiais.
No dia imediato, ao partir, não se mostra indiferente.
Paga-lhe as contas, abona-o qual se lhe fora um familiar
e compromete-se a resgatar-lhe os compromissos posteriores, sem exigirhe o
menor sinal de identidade e sem fixar lhe tributos de gratidão.
Ao despedir-se, não prende o beneficiado em nenhuma
recomendação e, no abrigo de que se afasta, não estadeia demagogia de palavras
ou atitudes, para atrair influência pessoal.
No exercício do bem, ofereceu o coração e as mãos, o
tempo e o trabalho, o dinheiro e a responsabilidade.
Deu de si o que podia por si, sem nada pedir ou
perguntar.
Sentiu e agiu, auxiliou e passou.
Sempre que interessados em aprender a praticar a misericórdia
e a caridade, rememoremos o ensinamento do Cristo e façamos nós o mesmo.
LIVRO DA ESPERANÇA – EMMANUEL - FCX
O PALAVRÃO
Dois irmãos estavam brincando no quintal, quando se
desentenderam. Caio, de três anos, achava que somente ele poderia aproveitar e
andar de bicicleta. Felipe, de nove anos, queria brincar também, porém o
irmãozinho não deixava. Perdendo a paciência, Felipe gritou:
— Você é... é... Não dá pra brincar com você! É
incompreensivo mesmo!... Chega! Não vou mais brincar com você!...
Caio, que não entendera aquela palavra, começou a chorar,
gritando para a mãe, que estava na cozinha:
— Mamãe!... Mamãe!... O Felipe está me xingando!...
E Caio chorava tanto que a mãe saiu da cozinha, correndo
para o quintal onde eles estavam. Querendo saber o que tinha acontecido
perguntou a Felipe, que achara graça de o irmão pensar que ele dissera um
palavrão, deu uma gargalhada, virando-se para a mãe:
— Mãe, não aconteceu nada! Caio acha que eu disse um
palavrão! — E caiu novamente na risada.
— E não disse? — indagou a mãe, surpresa.
— Claro que não!... Eu disse que o Caio é incompreensivo!
Ele não entendeu e não gostou!
Por isso está
chorando.
A mãe conteve o riso para não deixar o caçula mais
nervoso ainda, depois explicou pegando-o no colo:
— Caio, querido, o que seu irmão lhe disse não é um
palavrão. É uma palavra grande, porém quer dizer que você não entendeu o que
ele explicou. Só isso!
— Não!... — gritou o pequeno, irritado — Eu entendi sim!
Ele queria me xingar!... Também não brinco mais com ele!
Felipe aproximou-se do irmão, abraçou-o e tentou
conversar com Caio, que escondeu o rosto no colo da mãe, para não ver o irmão.
Então, Felipe se afastou indo cuidar de seus deveres
escolares. Algum tempo depois, fechado no quarto, ele fazia suas tarefas quando
alguém bateu na porta. Ele foi abrir e viu o pequeno Caio que queria entrar.
— O que deseja Caio? Não vou brincar. Estou fazendo
deveres da escola.
— Ah! O que é isso? — indagou o pequeno.
— Tenho tarefas para fazer, e se não fizer, terei notas
ruins.
— Por quê?
— Porque a professora vai achar que eu não sei fazer
tarefas e me dará nota baixa. Só isso!
— Ah!... Se é só isso, quer dizer que você pode brincar
comigo e...
Felipe olhou para Caio, que parecia arrependido de ter
brigado com ele, e disse:
— Caio, agora não posso. Vá brincar com seu cãozinho, com
seus brinquedos, com seus amiguinhos. Eu não posso brincar agora!...
O pequeno baixou a cabeça, triste, quase chorando.
Felipe, vendo o estado dele, sentiu pena e, abaixando-se, consolou o irmãozinho:
— Caio, meu irmão, não estou bravo com você. Apenas tenho coisas mais importantes para fazer e não
posso brincar agora. Entendeu?
O pequeno balançou a cabeça mostrando que entendera e
saiu do quarto muito triste. A mãe, que limpava a sala, vendo Caio chateado,
indagou o que tinha acontecido, ao que o pequeno respondeu:
— É que Felipe não pode brincar comigo. Você pode
brincar, mamãe?
A mãe pegou-o no colo, e explicou que ela não podia
brincar agora porque estava muito ocupada com as tarefas de casa, mas que assim
que terminasse brincaria com ele.
— Ninguém pode brincar comigo!... — reclamou Caio olhando
para o chão.
A mãe, com pena dele, olhou em torno e convidou-o para
ajudá-la no serviço de limpeza, afirmando que depois ela brincaria com ele:
— Se você me ajudar, logo terminaremos!
Caio aceitou e, muito sério, pegou uma vassoura e pôs-se
a varrer o chão. Nisso, seu cãozinho entrou na sala e latiu, puxando-lhe a
barra das calças, mas o garotinho olhou sério para o cachorrinho dizendo:
— Totó, eu não posso brincar agora! Estou ocupado com
trabalho muito importante! Quando acabar, vou brincar com você.
E, com carinha séria, sentindo-se valorizado, tomou da
vassoura e pôs-se a varrer dizendo:
— Eu também tenho
tarefas, não é, mamãe?
— Claro, meu filho! Você é pequeno, mas varre muito bem.
Parabéns!... Logo poderá fazer outras tarefas mais importantes. Viu como você
está crescendo?!
E de vassoura na mão, Caio sentia-se muito melhor e
valorizado. Quando o pai chegou do trabalho, viu o seu filho caçula varrendo a
entrada da casa e o convidou:
— Caio, quer brincar um pouco com o papai?
Muito sério, ele levantou a cabeça, olhou firme para o
pai e respondeu:
— Papai, agora eu não posso. Estou trabalhando. Quando
acabar meu serviço, aí nós poderemos brincar, está bem?
MEIMEI (Recebida por Célia X. de Camargo, em 31/10/2016.)
CAP XII – 08/12
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XII – AMAI OS VOSSOS INIMIGOS
COMPAIXÃO E SOCORRO
“Amai, pois, a vossos inimigos.” Jesus (Lucas, 6:35)
“Se o amor do próximo constitui a principio da caridade,
amar aos inimigos é a mais sublime aplicação desse principio, porquanto a posse
de tal virtude representa uma das maiores vitórias alcançadas contra o egoísmo
e o orgulho.”
(Cap. 12, Item 3)
Não apenas os nossos adversários costumam cair.
É preciso entender que as situações constrangedoras não
aparecem unicamente diante daqueles que não nos comungam os ideais, cujas
deficiências, por isso mesmo, estamos naturalmente inclinados a procurar e
reconhecer.
As criaturas que mais amamos também erram, como temos
errado e adquirem compromissos indesejáveis, como tantas vezes, temos nós
abraçado problemas difíceis de resolver.
E todos eles, os irmãos que resvalam na estrada, decerto
pedem palavras que os esclareçam e braços que os levantem.
Tanto quanto nós, na travessia das trevas interiores,
quando as trevas interiores nos tomam de assalto, reclamam compaixão e socorro,
ao invés de espancamento e censura.
Ainda assim, compaixão e socorro não significam aplauso e
conivência para com as ilusões de que devemos desvencilhar -nos.
Em verdade, exortou-nos Jesus a deixar conjugados, o
trigo e o joio, na gleba da experiência, de vez que a Divina sabedoria separará
um do outro, no dia da ceifa, mas não nos recomendou sustentar reunidos a
planta útil e a praga que a destrói.
A vista disso, a compaixão e o socorro expressam-se no
cultivador, através da bondade vigilante, com que libertará o vegetal
proveitoso da larva que o carcome.
O papel da compaixão é compreender.
A função do socorro é restaurar.
Mas se a compaixão acalenta o mal reconhecido, a título
de ternura, converte-se em anestesia da consciência e se o socorro suprime o
remédio necessário ao doente, a pretexto de resguardar-lhe o conforto,
transforma-se na irresponsabilidade fantasiada de carinho, apressando-lhe a
morte.
Reconhecendo, pois, que todos somos suscetíveis de queda,
saibamos estender incessantemente compaixão e socorro, onde estivermos, sem
escárnio para com as nossas feridas e sem louvor para com as nossas fraquezas,
agindo por irmãos afetuosos e compassivos mas sinceros e leais uns dos outros,
a fim de continuarmos, todos juntos, na construção do Bem Eterno, trabalhando e
servindo, cada qual de nós, em seu próprio lugar.
LIVRO DA ESPERANÇA – EMMANUEL - FCX
O MINISTRO SÁBIO
Mateus discorria, solene, sobre a missão dos que dirigem
a massa popular, especificando deveres dos administradores e dificuldades dos
servos.
A conversação avançava pela noite adentro, quando Jesus,
notando que os aprendizes lhe esperavam a palavra amiga, narrou, sorridente:
— Um reino existia, em cuja intimidade apareceu um grande
partido de adversários do soberano que o governava. Pouco a pouco, o espírito
de rebeldia cresceu em certas famílias revoltadas e, a breves semanas, toda uma
província em desespero se ergueu contra o monarca, entravando-lhe as ações.
Naturalmente preocupado, o rei convidou um hábil juiz
para os encargos de primeiro ministro do país, desejoso de apagar a discórdia;
mas o juiz começou a criar quantidade enorme de leis e documentos escritos, que
não chegaram a operar a mínima alteração.
Desiludido, o imperante substituiu-o por um doutrinador
famoso.
O tribuno, porém, conduzido à elevada posição, desfez-se
em discursos veementes e preciosos que não modificaram a perturbação reinante.
Continuavam os inimigos internos solapando o prestígio
nacional, quando o soberano pediu o socorro de um sacerdote que, situado em tão
nobre posto, amaldiçoou de imediato, os elementos contrários ao rei, piorando o
problema.
Desencantado, o monarca trouxe um médico à direção dos
negócios gerais, mas tão logo se viu em palácio, partilhando as honras
públicas, o novo ministro afirmou, para conquistar o favor régio, que o partido
de adversários da Coroa se constituía de doentes mentais, e fez disso
propaganda tão ruinosa que a indisciplina se tornou mais audaciosa e a revolta
mais desesperada.
Pressentindo o trono em perigo, o soberano substituiu o
médico por um general célebre, que tomou providência drástica, arregimentando
forças armadas nas regiões fiéis e mobilizando-as contra os irmã os
insubmissos.
Estabeleceu-se a guerra civil.
E quando a morte começou a ceifar vidas inúmeras,
inclusive a do temido lidador militar que se convertera em primeiro-ministro do
reino, o imperante, de alma confrangida, convidou um sábio a ocupar-se do posto
então vazio.
Esse chegou à administração, meditou algum tempo e deu
início a novas atividades. Não criou novas leis, não pronunciou discursos, não censurou
os insurretos, não perdeu tempo em zombaria e nem estimulou qualquer cultura de
vingança.
Dirigiu-se em pessoa à região conflagrada, a fim de
observar-lhe as necessidades.
Reparou, aí, a existência de inúmeras criaturas sem teto,
sem trabalho e sem instrução, e erigiu casas, criou oficinas, abriu estradas e
improvisou escolas, incentivando o serviço e a educação, lutando, com valioso
espírito de entendimento e fraternidade, contra a preguiça e a ignorância.
Não transcorreu muito tempo e todas as discórdias do
reino desapareceram, porque a ação concreta do bem eliminara toda a
desconfiança, toda a dureza e indecisão dos espíritos enfermiços e
inconformados.
Mateus contemplava o Senhor, embevecidamente,
deliciando-se com as idéias de bondade salvadora que enunciara, e Jesus,
respondendo-lhe à atenção com luminoso sorriso, acrescentou para finalizar:
— O ódio pode atear muito incêndio de discórdia, no
mundo, mas nenhuma teoria de salvação será realmente valiosa sem o justo
benefício aos espíritos que a maldade ou a rebelião desequilibraram.
Para que o bem possa reinar entre os homens, há de ser
uma realidade positiva no campo do mal, tanto quanto a luz há de surgir, pura e
viva, a fim de expulsar as trevas.
JESUS NO LAR – NEIO LUCIO - FCX
CAP XIII – 09/12
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XIII – QUE A MÃO ESQUERDA NÃO SAIBA O
QUE FAZ A DIREITA
DEVERES HUMILDES
“Em verdade vos digo que esta pobre viúva deu muito mais
dos que, antes, puseram suas dádivas no gazofilácio.”
Jesus (Marcos, 12:43)
“Aliás, será só com o dinheiro que se podem secar
lágrimas e deverseá ficar inativo, desde que se não tenha dinheiro? Todo
aquele que sinceramente deseja ser útil a seus irmãos, mil ocasiões encontrarão
de realizar o seu desejo.”
(Cap. 13, Item 6)
Abracemos, felizes, as atividades obscuras que a vida nos
reserve.
Grande é o sol que sustenta os mundos e grande é a
semente que nutre os homens.
Engenheiros planificam a estrada, consultando livros preciosos
no gabinete e, a breve tempo, larga avenida pode surgir da selva.
Entretanto, para que a realização apareça, tarefeiros
abnegados removem estorvos do solo transpiram no calçamento.
Urbanistas esboçam a planta de enorme edifício, alinhando
tragos nobres, ante a mesa tranquila e é possível que arranha céu se levante,
pressuroso, acolhendo com segurança numerosas pessoas.
Todavia, a fim de que a obra se erga, esfalfam-se
lidadores suarentos, na garantia dos alicerces.
Técnicos avançados estruturam as máquinas que exaltam a
indústria e, com elas, é provável se eleve o índice da evolução de povos
inteiros.
No entanto, para que isso aconteça, é indispensável que
operários valorosos exponham as próprias vidas, junto aos fornos candentes, de
ferro e ago.
Negociantes de prol arregimentam os produtos da terra e
por eles, conseguem formar a economia e o sustento de grandes comunidades.
Mas semelhante vitória comercial exige que anônimos
semeadores chafurdem as mãos no limo da gleba.
Não perguntes “quem sou eu?”, nem digas “nada valho”.
Honremos o serviço que invariavelmente nos honra,
guardando-lhe fidelidade e ofertando-lhe as nossas melhores forças, ainda mesmo
quando se expresse, através de ocupação, supostamente esquecida na retaguarda.
Nos princípios que regem o Universo, todo trabalho
construtivo é respeitável.
Repara esse dispositivo da Lei Divina funcionando em ti
próprio.
Caminhas e pensas de cabeça içada à glória do firmamento,
contudo, por ti mesmo, não avançarás para a frente, sem a humildade dos pés.
LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel) - FCX
A COROA E AS ASAS
Comentava-se, na reunião, as glórias do saber, quando o
Cristo, para ilustrar a palestra, contou, despretensioso:
— Um homem amante da verdade, informando-se de que o
aprimoramento intelectual conduz à divina sabedoria, atirou-se à elevação da
montanha da ciência, empenhando todas as forças que possuía no decisivo
cometimento.
A vereda era sombria qual obscuro labirinto; contudo, o
esforçado lidador, olvidando dificuldades e perigos, avançava sempre, trocando
de vestuário para melhor acomodar-se às exigências da marcha.
De tempos a tempos, lançava à margem da estrada uma
túnica que se fizera estreita ou uma alpercata que se lhe afigurava inservível,
procurando indumentária nova, até que, um dia, depois de muitos anos, alcançou
a desejada culminância, onde um representante de Deus lhe surgiu ao encontro.
O emissário cumprimentou-o, abraçou-o e revestiu-lhe a
fronte com deslumbrante coroa de luz.
Todavia, quando o vencedor do conhecimento quis
prosseguir adiante, na direção do Paraíso, recomendou-lhe o mensageiro que
voltasse atrás dos próprios passos, a ver o trilho percorrido e que, de sua
atitude na revisão do caminho, dependeria a concessão de asas com que lhe seria
possível voar ao encontro do Pai Eterno.
O interessado regressou, mas, agora, auxiliado pela
fulgurante auréola de que fora investido, podia contemplar todos os ângulos da
senda, antes inextricável ao seu olhar.
Não conteve o riso, diante das estranhas roupagens de que
os viajadores da retaguarda se vestiam.
Aqui, notava uma túnica rota; acolá, uma sandália
extravagante.
Peregrinos inúmeros se apoiavam em bordões quebradiços,
enquanto outros se amparavam em capas misérrimas; entretanto, cada qual, com impertinência
infantil, marchava senhor de si, como se envergasse a roupa mais valiosa do
mundo.
O vencedor da ciência não suportou as impressões que o
quadro lhe causava e abriu-se em frases de zombaria, reprovando acremente a
ignorância de quantos seguiam em vestes ridículas ou inadequadas.
Gritou, condenou e fez apodos contundentes.
Dirigiu-se à comunidade dos viajantes com tamanha ironia
que muitos renunciaram à subida, retornando à inércia da planície vasta.
Após amaldiçoar a todos, indistintamente, voltou o herói
coroado ao cume do monte, na expectativa de partir sem detença ao encontro do
Pai, mas o Anjo, muito triste, explicou-lhe que a roupagem dos outros, que lhe
provocara tanto sarcasmo inútil, era aquela mesma de que ele se servira para
elevar-se, ao tempo em que era frágil e semicego, e que as asas de luz, com que
deveria erguer-se ao Trono Divino, somente lhe seriam dadas, quando edificasse
o amor no imo do coração.
Faltavam-lhe piedade e entendimento; que ele voltasse
demoradamente ao caminho e auxiliasse os semelhantes, sem o que jamais
conseguiria equilibrar-se no Céu.
Alguns minutos de silêncio seguiram-se indevassáveis...
O Mestre, todavia, imprimindo significativa ênfase às
palavras, terminou:
— Há muitas almas, na Terra, ostentando a luminosa coroa
da ciência, mas de coração adormecido na impiedade, salientando-se no sarcasmo
pueril e na censura indébita.
Envenenadas pela incompreensão, exigentes e cruéis,
fulminam os companheiros mais fracos no entendimento ou na cultura, ao invés de
estender-lhes as mãos fraternais, reconhecendo que também já foram assim,
tateantes e imperfeitos...
Enquanto, porém, não se decidirem a ajudar o irmão menos
esclarecido e menos afortunado, acolhendo-o no próprio espírito, com
sinceridade e devotamento, não receberão as asas com que lhes será lícito
partir na direção do Céu.
JESUS NO LAR – NEIO LUCIO - FCX
CAP XIV – 10/12
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XIV – HONRA TEU PAI E TUA MÃE
CREDORES NO LAR
“Honrai vosso pai e vossa mãe...” Jesus (Mateus,19:19)
“Honrar a seu pai e sua mãe não consiste apenas em
respeitá-los; é também assisti-los na necessidade; é proporcionar-lhe repouso
na velhice; é cerca-los de cuidados como eles fizeram conosco na infância.” (cap.14,
Item 3)
No devotamento dos pais, todos os filhos são joias de
luz, entretanto, para que compreendas certos antagonismos que te afligem no
lar, é preciso saibas que, entre os filhos-companheiros, que te apoiam a alma,
surgem os filhos credores, alcançando-te a vida, por instrutores de feição
diferente.
Subtraindo-te aos choques de caráter negativo, no reencontro,
preceitua a eterna bondade da Justiça Divina que a reencarnação funcione,
reconduzindo-os à tua presença, através do berço.
É Por isso que, a princípio, não ombreiam contigo, em
casa, como de igual para igual, porquanto reaparecem humildes e pequeninos.
Chegam frágeis e emudecidos para que lhes ensines a
palavra de apaziguamento e brandura.
Não te rogam a liquidação de débitos na intimidade do
gabinete, e sim procuram-te o colo para nova fase de entendimento.
Respiram-te o hálito e escoram-se em tuas mãos,
instalando-se em teus passos para a transfiguração do próprio destino.
Embora desarmados, controlam-te os sentimentos.
Não obstante dependerem de ti, alteram-te as decisões com
simples olhar.
De doces inspiradores do carinho, passam, com o tempo, à
condição de examinadores constantes de tua estrada.
Governam-te impulsos, fiscalizam-te os gestos, observam-te
as companhias e exigem-te as horas.
Aprendem novamente na escola do mundo com o teu amparo,
todavia, à medida que se desenvolvem no conhecimento superior, transformam-se
em inspetores intransigentes do teu grau de instrução.
Muitas vezes choras e sofres, tentando adivinhar lhes os
pensamentos para que te percebam os testemunhos de amor.
Calas os próprios sonhos para que os sonhos deles se
realizem.
Apagaste, pouco a pouco, para que fuljam em teu lugar.
Recebes todas as dores que te impõem à alma com sorrisos
nos lábios, conquanto te amarfanhem o coração.
E nunca possuis o bastante para abrilhantar-lhes a
existência, de vez que tudo lhes dás de ti mesmo, sem faturas de serviço e sem
notas de pagamento.
Quando te vejas, diante de filhos crescidos lúcidos,
erguidos à condição de dolorosos problemas do espírito, recorda que são eles
credores do passado a te pedirem o resgate de velhas contas.
Busca auxiliá-los e sustenta-los com abnegação e ternura,
ainda que isso te custe todos os sacrifícios, porque, no justo instante em que
a consciência te afirme tudo haveres efetuado para enriquecê-los de educação e
trabalho, dignidade e alegria, terás conquistado em silêncio, o luminoso
certificado de tua própria libertação.
LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel) - FCX
A ARMA INFALÍVEL
Certo dia, um homem revoltado criou um poderoso e longo
pensamento de ódio, colocou-o numa carta rude e malcriada e mandou-o para o
chefe da oficina de que fora despedido.
O pensamento foi vazado em forma de ameaças cruéis. E
quando o diretor do serviço leu as frases ingratas que o expressava, acolheu-o,
desprevenidamente, no próprio coração, e tornou-se furioso sem saber porquê.
Encontrou, quase de imediato, o sub-chefe da oficina e, a
pretexto de enxergar uma pequena peça quebrada, desfechou sobre ele a bomba
mental que trazia consigo.
Foi a vez do sub-chefe tornar-se neurastênico, sem dar o
motivo.
Abrigou a projeção maléfica no sentimento, permaneceu
amuado várias horas e, no instante do almoço, ao invés de alimentar-se,
descarregou na esposa o perigoso dardo intangível.
Tão só por ver um sapato imperfeitamente engraxado,
proferiu dezenas de palavras feias; sentiu-se aliviado e a mulher passou a
asilar no peito a odienta vibração, em forma de cólera inexplicável.
Repentinamente transtornada pelo raio que a ferira e que,
até ali, ninguém soubera remover, encaminhou-se para a empregada que se
incumbia do serviço de calçados e desabafou.
Com palavras indesejáveis inoculou-lhe no coração o
estilete invisível.
Agora, era uma pobre menina quem detinha o tóxico mental.
Não podendo despejá-lo nos pratos e xícaras ao alcance de
suas mãos, em vista do enorme débito em dinheiro que seria compelida a aceitar,
acercou-se de velho cão, dorminhoco e paciente, e transferiu-lhe o veneno
imponderável, num pontapé de largas proporções.
O animal ganiu e disparou, tocado pela energia mortífera,
e, para livrar-se desta, mordeu a primeira pessoa que encontrou na via pública.
Era a senhora de um proprietário vizinho que, ferida na
coxa, se enfureceu instantaneamente, possuída pela força maléfica.
Em gritaria desesperada, foi conduzida a certa farmácia;
entretanto, deu-se pressa em transferir ao enfermeiro que a socorria a vibração
amaldiçoada.
Crivou-o de xingamentos e esbofeteou-lhe o rosto.
O rapaz muito prestativo, de calmo que era, converteu-se
em fera verdadeira.
Revidou os golpes recebidos com observações ásperas e
saiu, alucinado, para a residência, onde a velha e devotada mãezinha o esperava
para a refeição da tarde.
Chegou e descarregou sobre ela toda a ira de que era
portador.
— Estou farto! — bradou — a senhora é culpada dos
aborrecimentos que me perseguem! Não suporto mais esta vida infeliz! Fuja de
minha frente!...
Pronunciou nomes terríveis. Blasfemou. Gritou, colérico,
qual louco.
A velhinha, porém, longe de agastar-se, tomou-lhe as mãos
e disse-lhe com naturalidade e brandura:
— Venha cá, meu filho! Você está cansado e doente! Sei a
extensão de seus sacrifícios por mim e reconheço que tem razão para
lamentar-se. No entanto, tenhamos bom ânimo! Lembremo-nos de Jesus!... Tudo
passa na Terra. Não nos esqueçamos do amor que o Mestre nos legou...
Abraçou-o, comovida, e afagou-lhe os cabelos!
O filho demorou-se a contemplar-lhe os olhos serenos e
reconheceu que havia no carinho materno tanto perdão e tanto entendimento que
começou a chorar, pedindo-lhe desculpas.
Houve então entre os dois uma explosão de íntimas
alegrias.
Jantaram felizes e oraram em sinal de reconhecimento a
Deus.
A projeção destrutiva do ódio morrera, afinal, ali,
dentro do lar humilde, diante da força infalível e sublime do amor.
ALVORADA CRISTÃ - Francisco Cândido Xavier - DITADO PELO
ESPÍRITO NEIO LÚCIO
CAP XV – 11/12
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XV – FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO
NAS SENDAS DO MUNDO
“Não ajunteis tesouros na Terra, onde a traça e a
ferrugem tudo consomem e onde os ladrões minam e roubam.” Jesus (Mateus, 6: 19)
“Meus filhos, na sentença: ‘Fora da caridade não há
salvação’, estão encerrados os destinos dos homens, na Terra e no Céu; na Terra,
porque à sombra desse estandarte eles viverão em paz; no Céu, porque os que a
houverem praticado, acharão graças diante do Senhor.” (Cap. 15, Item 10)
Deus que nos auxilia sempre nos permite possuir, para que
aprendamos também a auxiliar.
Habitualmente, atraímos a riqueza e supomos detê-la para
sempre, adornando-nos com as facilidades que o ouro proporciona...
Um dia, porém, nas fronteiras da morte, somos despojados
de todas as posses exteriores e se algo nos fica será simplesmente a plantação
das migalhas de amor que houvermos distribuído, creditadas em nosso nome pela
alegria, ainda mesmo precária e momentânea, daqueles que nos fizeram a bondade
de recebe-las.
Via de regra, amontoamos títulos de poder e admitimo-nos
donos deles, enfeitando-nos com as vantagens que a influência prodigaliza...
Um dia, porém, nas fronteiras da morte, somos despojados
de todas as primazias de convenção e se algo fica será simplesmente o saldo dos
pequenos favores que houvermos articulado, mantidos em nosso nome pelo alívio,
ainda mesmo insignificante e despercebido, daqueles que nos fizeram a gentileza
de aceitar-nos os impulsos fraternos.
Geralmente repetimos frases santificantes, crendo-as
definitivamente incorporadas ao nosso patrimônio espiritual, ornando-nos com o
prestígio que a frase brilhante atribui...
Um dia, porém, nas fronteiras da morte, somos despojados
de todas as ilusões e se algo nos fica será simplesmente a estreita coleção dos
benefícios que houvermos feito, assinalados em nosso nome pelo conforto, ainda mesmo
ligeiro e desconhecido, daqueles que nos deram oportunidade a singelos ensaios
de elevação.
Serve onde estiveres e como puderes, nos moldes da
consciência tranquila.
Caridade não é tão-somente a divina virtude, é também o
sistema contábil do Universo, que nos permite a felicidade de auxiliar para
sermos auxiliados.
Um dia, nas alfândegas da morte, toda a bagagem daquilo
de que não necessites ser-te-á confiscada, entretanto, as Leis Divinas
determinarão recolhas, com avultados juros de alegria, tudo o que destes do que
és, do que fazes, do que sabes e do que tens, em socorro dos outros,
transfigurando-te as concessões em valores eternos da alma, que te assegurarão
amplos recursos aquisitivos no Plano Espiritual.
Não digas, assim, que a propriedade não existe ou que não
vale dispor disso ou daquilo.
Em verdade, devemos a Deus tudo o que temos, mas
possuímos o que damos.
LIVRO DA ESPERANÇA – Emmanuel - Francisco Cândido Xavier
O ENCONTRO DIVINO.
Quando o cavaleiro D´Arsonval, valoroso senhor em França,
se ausentou do medievo domicílio, pela primeira vez, de armadura fulgindo ao
Sol, dirigia-se à Itália para solver urgente questão política.
Eminente cristão trazia consigo um propósito central –
servir ao Senhor, fielmente, para encontra-lo.
Não longe de suas portas, viu surgir, de inesperado,
ulceroso mendigo a estender-lhe as mãos descarnadas e súplices.
Quem seria semelhante infeliz a vaguear sem rumo?
Preocupava-o serviço importante, em demasia, e, sem se
dignar fixa-lo, atirou lhe a bolsa farta.
O nobre cavaleiro tornou ao lar e, mais tarde, menos
afortunado nos negócios, deixou de novo a casa.
Demandava a Espanha, em missão de prelados amigos, aos
quais se devotara.
No mesmo lugar, postava-se o infortunado pedinte, com os
braços em rogativa.
O fidalgo, intrigado, revolveu grande saco de viagem e
dele retirou pequeno
brilhante, arremessando-o ao triste caminheiro que
parecia devora-lo com o olhar. Não se passou muito tempo e o castelão, menos
feliz no círculo das finanças,
necessitou viajar para a Inglaterra, onde pretendia
solucionar vários problemas, alusivos à organização doméstica.
No mesmo trato de solo, é surpreendido pelo amargurado
leproso, cuja velha petição se ergue no ar.
O cavaleiro arranca do chapéu estimada jóia de subido
valor e projeta-a sobre o conhecido romeiro, orgulhosamente,
Decorridos alguns meses, o patrão feudal se movimenta na
direção de porto distante, em busca de precioso empréstimo, destinado à própria
economia, ameaçada de colapso fatal, e, no mesmo sítio, com rigorosa precisão,
é interpelado pelo mendigo, cujas mãos, em chaga abertas, se voltam ansiosas
para ele.
D´Arsonval, extremamente dedicado à caridade, não hesita.
Despe fino manto e entrega-o, de longe, receando-lhe o contacto.
Depois de um ano, premido por questões de imediato
interesse, vai a Paris invocar o socorro de autoridades e, sem qualquer
alteração, é defrontado pelo mesmo Lázaro, de feição dolorida, que lhe repete a
antiga súplica.
O Castelão atira-lhe um gorro de alto preço, sem qualquer
pausa no galope, em que seguia, presto.
Sucedem-se os dias e o nobre senhor, num ato de fé,
abandona a respeitada residência, com séqüito festivo.
Representará os seus, junto à expedição de Godofredo de
Bouillon, na cruzada com que se pretende libertar os Lugares Santos.
No mesmo ângulo da estrada, era aguardado pelo mendigo,
que lhe reitera a solicitação em voz mais triste.
O ilustre viajor dá-lhe, então, rico farnel, sem
oferecer-lhe a mínima atenção. E, na Palestina D´Arsonval combateu
valorosamente, caindo, ferido, em poder dos adversários.
Torturado, combalido e separado de seus compatriotas, por
anos a fio, padeceu miséria e vexame, ataques e humilhações, até que um dia,
homem convertido em fantasma, torna ao lar que não o reconhece.
Propalada a falsa notícia de sua morte, a esposa deu-se
pressa em substituí-lo, à frente da casa, e seus filhos, revoltados, soltaram
cães agressivos que o dilaceraram, cruelmente, sem comiseração para com o
pranto que lhe escorria dos olhos semimortos.
Procurando velhas afeições, sofreu repugnância e
sarcasmo.
Interpretado, agora, à conta de louco, o ex-fidalgo, em
sombrio crepúsculo, ausentou-se, em definitivo, a passos vacilantes...
Seguir para onde? O mundo era pequeno demais para
conter-lhe a dor. Avançava, penosamente, quando encontrou o mendigo.
Relembrou a passada grandeza e atentou para si mesmo,
qual se buscasse alguma coisa para dar.
Contemplou o infeliz pela primeira vez e, cruzando com
ele o olhar angustiado, sentiu que aquele homem, chegado e sozinho, devia ser
seu irmão.
Abriu os braços e caminhou para ele, tocado de simpatia,
como se quisesse dar-lhe o calor do próprio sangue. Foi, então, que, recolhido
no regaço do companheiro que considerava leproso, dele ouviu as sublimes
palavras:
- D´Arsonval, vem a mim! Eu sou Jesus, teu amigo. Quem me
procura no serviço ao próximo, mais cedo me encontra... Enquanto me buscavas à
distância, eu te aguardava, aqui tão perto! Agradeço o ouro, as joias, o manto,
o agasalho e o pão que me deste, mas há muitos anos te estendia os meus braços,
esperando o teu próprio coração!...
O antigo cavaleiro nada mais viu senão vasta senda de luz
entre a Terra e o Céu...
Mas, no outro dia, quando os semeadores regressavam às
lides do campo, sob a claridade da aurora, tropeçaram no orvalhado caminho com
um cadáver. D´Arsonval estava morto.
FONTE: LIVRO ANTOLOGIA MEDIUNICA DO NATAL – Espírito:
IRMÃO X. Psicografia: Francisco Cândido Xavier
CAP XVI – 12/12
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XVI – SERVIR A DEUS E A MAMON
DINHEIRO, O SERVIDOR
“Disse-lhes o Senhor: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o
pouco foste fiel, sobre muito te colocarei.” Jesus (Mateus, 25:23)
“A pobreza é para os que a sofrem à prova da paciência e
da resignação; a riqueza é, para os outros, a prova da caridade e da
abnegação.” (Cap. 16; 8)
O dinheiro é semelhante à alavanca suscetível de ser
manejada para o bem ou para o mal.
Acorrentado ao poste da avareza, produz o azinhavre da
sovinice, contudo, sob a inspiração do trabalho, é o lidador fiel que assegura
os frutos do milharal e as paredes da escola, a cantiga do malho e a força da
usina.
Atrelado ao carro do orgulho, é o estimulante do erro,
mas, na luz da fraternidade, é o obreiro da renovação incessante, enriquecendo
o solo e construindo a cidade, desdobrando os fios do atendimento e garantindo
os valores da educação.
Aferrolhado no cofre da ambição desvairada, é o inimigo
da evolução, todavia, endereçado à cultura, é o agente do progresso, auxiliando
o homem a solucionar os enigmas da enfermidade e a resolver os problemas da
fome, a compreender os mecanismos da natureza e a inflamar o esplendor da
civilização que analisa a terra e vasculha o firmamento.
Detido na sombra do egoísmo, é o veneno que promove a
secura do sentimento, no entanto, confiado à caridade, é o amigo prestimoso que
desabotoa rosas de alegria no espinheiral da provação, alimentando pequeninos
desamparados e sustentando mães esquecidas, levantando almas abatidas que o
Infortúnio alanceia e Iluminando lares desditosos que a necessidade escurece.
Dinheiro!
Repara o dinheiro!
Dizem que ele é o responsável pelo transeunte que a
embriaguez atira à calçada, pelo delinquente escondido nas aventuras da noite,
pelo irmão infeliz que anestesiou a consciência na cocaína e pela mão
insensível que matou a criancinha no claustro materno, entretanto, por trás da
garrafa e da arma delituosa, tanto quanto na retaguarda do entorpecente e do
aborto, permanece a Inteligência humana, que escraviza a moeda à criminalidade
e à loucura.
Contempla o dinheiro, pensando no suor e no sangue, na
vigília e na aflição de todos aqueles que choraram e sofreram para ganha-lo e
vê-lo-ás por servidor da felicidade e do aprimoramento do mundo, a rogar em
silêncio para que lhe ensines a realizar o bem que lhe cabe fazer.
LIVRO DA ESPERANÇA – Emmanuel - Francisco Cândido Xavier
SIMEÃO E O MENINO JESUS.
Dizem que Simeão, o velho Simeão, homem justo e temente a
Deus, mencionado no Evangelho de Lucas, após saudar Jesus criança, no templo de
Jerusalém, conservou-o nos braços acolhedores de velho, a distância de José e
Maria, e dirigiu-lhe a palavra, com discreta emoção:
-Celeste Menino – perguntou o patriarca -, porque
preferiste a palha humilde da Manjedoura? Já que vens representar os interesses
do Eterno Senhor na Terra, como não vestiste a púrpura imperial? Como não
nasceste ao lado de Augusto, o divino, para defender o flagelado povo de
Israel? Longe dos senhores romanos, como advogarás a causa dos humildes e dos
justos? Porque não vieste ao pé daqueles que vestem a toga dos magistrados?
Então, podereis ombrear com os patrícios ilustres, movimentar-te-ias entre
legionários e tribunos, gladiadores e pretorianos, atendendo-nos à
libertação... Porque não chegaste, como Moisés, valendo-se do prestígio da casa
do faraó? Quem te preparará, Embaixador Eterno, para o ministério santo? Que
será de ti, sem lugar no Sinédrio? Samuel mobilizou a força contra os filisteus,
preservando-nos a superioridade: Saul guerreou até a morte, por manter-nos a
dominação; David estimava o fausto do poder: Salomão, prestigiado por casamento
de significação política, viveu para administrar os bens enormes que lhe cabiam
no mundo... Mas... tu? Não te ligaste aos príncipes, nem aos juízes, nem aos
sacerdotes... Não encontrarias outro lugar, além do estábulo singelo?...
Jesus menino escutou-o, mostrou-llhe sublime sorriso, mas
o ancião, tomado de angústia, contemplou-o, mais detidamente, e continuou:
- Onde representarás os interesses do Supremo Senhor?
Sentar-te-ás entre os poderosos? Escreverás novos livros da sabedoria?
Improvisará discursos que obscureçam os grandes oradores de Atenas e Roma?
Amontoarás dinheiro suficiente para redimir os que sofrem? Erguerás novo templo
de pedra, onde o rico e o pobre aprendam a ser filhos de Deus? Ordenará a
execução da lei, decretando medidas que obrigam a transformação imediata de
Israel?
Depois de longo intervalo, indagou em lágrimas:
- Dize-me, ó Divina Criança, onde representarás os
interesses de nosso Supremo Pai?
O menino tenro ergueu, então, a pequenina destra e bateu,
muitas vezes, naquele peito envelhecido que se inclinava já para o sepulcro...
Nesse instante, aproximou-se Maria e o recolheu nos
braços maternos.
Somente após a morte do corpo.
Simeão veio, a saber, que o Menino Celeste não o deixara
sem resposta.
O infante Sublime, no gesto silencioso, quisera dizer que
não vinha representar os interesses do Céu nas organizações respeitáveis, mas
efêmeras da Terra.
Vinha da Casa do Pai justamente para representá-Lo no CORAÇÃO
DOS HOMENS.
FONTE: LIVRO ANTOLOGIA MEDIUNICA DO NATAL – -
Psicografia: Francisco Cândido Xavier - Espírito: IRMÃO X.
CAP XVII – 13/12
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XVII – SEDE PERFEITOS
CONCEITO DO BEM
“Sede vós, pois, perfeitos como é perfeito o vosso Pai
que está nos céus.” Jesus (Mateus, 5: 48)
“O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de
justiça, de amor e de caridade, na sita maior pureza.”
(Cap.17, 3)
Toda vez que ouças alguém referindo-se ao bem ou ao mal
de alguém, procura discernir.
Conheces o amigo que escalou a eminência econômica.
À vista da facilidade com que maneja a moeda, há quem o
veja muito bem situado nas vantagens materiais, no entanto, via de regra, se
lhe radiografasses os sentimentos, nele encontrarias um escravo da inquietação,
detido em cadeias de ouro.
Assinalas o homem que alcançou a respeitabilidade
política.
Tão logo surge no vértice da administração, há quem o
veja muito bem colocado nos interesses do mundo, mas, frequentemente, se lhe fotografasses
as telas do espírito, nele surpreenderias um mártir de cerimoniais e banquetes,
constrangido entre as necessidades do povo e as exigências da lei.
Admiras o companheiro que venceu as próprias inibições
elevando-se à direção do trabalho comum.
A face da significativa remuneração que percebe, há quem
o veja muito bem posto na esfera social, contudo, na maioria das vezes, se lhe
observasses as mais intimas reações, nele acharias um prisioneiro de sufocantes
obrigações, sem tempo para comer o pão que assegura aos dirigidos de condição
mais singela.
Elogias o cientista que fornece ideias de renovação e
conforto.
Ao fita-lo sob os lauréis da popularidade, há quem o veja
muito bem classificado na galeria da fama, no entanto, quase sempre, se lhe
tateasses a alma por dentro, nele surpreenderias um atormentado servidor do
progresso clamando ansiosamente por simplicidade e repouso.
Reajustemos, assim, o conceito do bem, diante da vida.
Em muitas circunstâncias, o dinheiro suprime aflições, a
autoridade resolve problemas, a influência apara dificuldades e a cultura
clareia o caminho...
Por isso mesmo, toda pessoa que obtém qualquer parcela
mais expressiva de responsabilidade e destaque, mostra-se realmente muito bem
para combater o mal e liquidá-lo; entretanto, caso venha a utilizar-se dos bens
com que a vida lhe enriquece as mãos apenas para cuidar do bem de si mesma, sem
qualquer preocupação na garantia do bem devido aos outros, seja onde seja,
semelhante criatura estará simplesmente bem mal.
LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel) - FCX
A ESCRITURA DO EVANGELHO
Quando Jesus recomendou a pregação da Boa-Nova, em
diversos rumos, reuniu-se o pequeno colégio apostólico, em torno d’Ele, na
humilde residência de Pedro, onde choveram as perguntas no inquérito afetuoso.
– Mestre – disse Filipe, ponderado –, se os maus nos
impedirem os passos, que faremos? caber-nos-á recurso à autoridade punitiva?
– Nossa missão – replicou Jesus, pensativo – destina-me a
converter maldade em bondade, sombra em luz. Ainda que semelhante transformação
nos custe sacrifício e tempo, o programa não pode ser outro.
– Mas... – obtemperou Tomé –, e se formos atacados por
criminosos?
– Mesmo assim – confirmou o Cristo –, nosso ministério é
de redenção, perdoando e amando sempre. Persistindo no bem, atingiremos a
vitória final.
– Senhor – objetou Tiago, filho de Alfeu –, se
interpelados pelos fariseus, amantes da Lei, que diretrizes tomaremos ? São
eles depositários de sagrados textos, com que justificam habilmente a orgulhosa
conduta que adotam. São arguciosos e discutidores. Dizem-se herdeiros dos
Profetas. Como agir, se o Novo Reino determina a fraternidade, isenta da tirania?
- Ainda aí – explicou o Messias Nazareno –, cabe-nos
testemunhar as ideias novas. Consagraremos a Lei de Moisés com o nosso
respeito. Contudo, renovar-lhe-emos o sentido sublime, tal qual a semente que
se desdobra em frutos abençoados. A justiça constituirá a raiz de nosso
trabalho terrestre. Todavia, só o espírito de sacrifício garantir-nos-á
a colheita.
Verificando-se ligeira pausa, Tadeu, que se impressionara
vivamente com a resposta, acrescentou:
– E se os casuístas nos confundirem?
– Rogaremos a inspiração divina para a nossa expressão
humana.
– Mas, que sucederá se o nosso entendimento permanecer
obscuro, a ponto de não conseguirmos registrar o socorro do Alto? – insistiu o
apóstolo.
Esclareceu Jesus, sorridente:
– Será, então necessário purificar o vaso do coração,
esperando a claridade de cima.
Nesse ponto, André interferiu, perguntando:
– Mestre, em nossa pregação, chamaremos indistintamente
as criaturas?
– Ajudaremos a todos, sem exigências – respondeu o
Salvador, com significativa inflexão na voz.
– Senhor – interrogou Simão, precavido –, temos boa
vontade, mas somos também fracos pecadores. E se cairmos na estrada? e se,
muitas vezes, ouvirmos as sugestões do mal, despertando, depois, nas teias do
remorso?
– Pedro – retrucou o Divino Amigo -, levantar e
prosseguir é o remédio,
- No entanto – teimou o pescador – e se a nossa queda for
tão desastrosa que impossibilite o reerguimento imediato?
– Rearticularemos os braços desconjuntados, remendaremos
o coração em frangalhos e louvaremos o Pai pelas proveitosas lições que
houvermos recolhido, seguindo adiante...
– E se os demônios nos atacarem? – Interrogou João, de
olhos límpidos.
– Atraí-los-emos à gloria do trabalho pacífico.
– Se nos odiarem e perseguirem? – comentou Tiago, filho
de Zebedeu.
Serão amparados por nós, no asilo da oração.
– E se esses inimigos poderosos e inteligentes nos destruírem?
– inquiriu o filho de Kerioth.
– O espírito é imortal – elucidou Jesus, calmamente – e a
justiça enraíza-se em toda parte.
Foi então que Levi, homem prático e habituado à
estatística, observou, prudente:
– Senhor, o fariseu lê a Tora, baseando-se nas suas
instruções; o saduceu possui rolos preciosos a que recorre na propaganda dos
princípios que abraça; o gentio, sustentando as suas escolas, conta com
milhares de pergaminhos, arquivando pensamentos e convicções dos filósofos
gregos e persas, egípcios e romanos... E nós? a que documentos recorreremos?
que material mobilizaremos para ensinar em nome do Pai Sábio e
Misericordioso?!...
O Mestre meditou longamente e falou:
– Usaremos a palavra, quando for necessário, sabendo,
porém, que o verbo degradado estabelece o domínio das perturbações e das
trevas. Valer-nos-emos dos caracteres escritos na extensão do Reino do Céu. No
entanto, não ignoraremos que as praças do mundo exibem numerosos escribas de
túnicas compridas, cujo pensamento escuro
fortalece o império da incompreensão e da sombra.
Utilizaremos, pois, todas os recursos humanos, no apostolado, entendendo,
contudo, que o material precioso de exposição da Boa-Nova reside em nós mesmos.
O próximo consultará a mensagem do Pai em nossa própria vida, através de nossos
atos e palavras, resoluções e atitudes...
Pousando a destra acentuou:
- A escritura divina do Evangelho é o próprio coração do
discípulo.
Os doze companheiros entreolharam-se, admirados, e o
silêncio caiu entre eles, enquanto as águas cristalinas, não longe, refletiam o
céu imensamente azul, cortado de brisas vespertinas que anunciavam as primeiras
visões da noite...
LIVRO: LUZ ACIMA – FRANCISCO CANDIDO XAVIER – HUMBERTO DE
CAMPOS
CAP XVIII – 14/12
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XVIII – MUITOS OS CHAMADOS E POUCOS OS
ESCOLHIDOS
CADA SERVIDOR EM SUA TAREFA
“Todo aquele, pois, que escuta as minhas palavras e as
pratica assemelhá-lo-ei ao homem prudente que edificou a sua casa sobre a
rocha.” Jesus (Mateus, 7:24)
“Todas os que reconhecem a missão de Jesus dizem:
“Senhor! Senhor! Mas de que serve lhe chamarem Mestre ou Senhor, se não lhe
seguem os preceitos?” (Cap. 18, Item 9)
No campo da vida, cada inteligência se caracteriza pelas
atribuições que lhe são próprias.
Seja nos recintos da lei, nos laboratórios da ciência, no
tanque de limpeza ou à cabeceira de um doente, toda pessoa tem o lugar de
revelar-se.
Não te afirmes, desse modo, inútil ou desprezível.
E, atendendo ao trabalho que o mundo te reservou, não te
ausentes da ação, alegando que todos somos iguais e que, por isso mesmo, não
adianta fatigar-se alguém por trazer a nota, em que se particulariza, à
sinfonia do Universo.
Sim, todos somos iguais, na condição de criaturas de
Deus, e todos nos identificaremos harmoniosamente uns com os outros, no dia da
suprema integração com a Infinita Bondade, mas, entre a estaca de partida e o
ponto de meta, cada um de nós permanece, em determinado grau evolutivo, com
aquisições especificas por fazer, conquanto estejamos sob o critério imparcial
das leis eternas, que funcionam em regime de absoluta igualdade para nós todos.
Em cada fase de realização do aprimoramento espiritual,
como acontece, em cada setor de construção do progresso físico, preceituam os
fundamentos divinos seja concedida a cada servidor a sua própria tarefa.
Isso é fácil de verificar nos planos mais simples da
natureza.
Num trato de solo, as expressões climáticas são as mesmas
para todas as plantas, contudo, a sarça não oferece laranjas e nem mamoeiro
deita cravos.
Na moradia vulgar, o alicerce é uniforme na contextura,
mas teto não substitui a parede. e nem a porta desempenha as funções do piso.
Na produção da luz elétrica, a força é idêntica nos
condutos diversos, no entanto, o transformador não serve de fio e nem a tomada
efetua a obra da lâmpada.
No corpo humano, embora o sangue circule por seiva única
de todas as províncias que o constituem, olhos e ouvidos, pés e mãos
desenvolvem obrigações diferentes.
Certo, podes incentivar o serviço alheio, como é justo
adubar-se a lavoura para que a lavoura produza com segurança, todavia, a
obrigação, hoje, é intransferível para cada um, não obstante a possibilidade
dessa mesma obrigação alterar-se amanhã.
Realiza, pois, tão bem quanto possível, a tarefa que te
cabe e nunca te digas em tarefa excessivamente apagada.
Ainda mesmo para o mais exímio dos astronautas a viagem
no firmamento, principia de um passo no chão do mundo e o mais soberbo
jequitibá da floresta começou na semente humilde.
LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel) - FCX
O GRANDE CEIFADOR
Comentando certas dificuldades de genuína propaganda,
espírita, o velho Jonathan, antigo seguidor do Evangelho em nosso campo de ação
espiritual, tomou; a palavra e falou, sorrindo: – No tempo do Mestre,
semelhantes entraves não eram menores. A gloriosa, missão do Senhor ia em meio,
quando surgiram várias legiões de supostos discípulos da Boa Nova, à margem das
atividades evangélicas. Multidões desarvoradas, ao comando de chefes que se
diziam continuadores de João Batista, enxameavam nas bordas do Jordão, a se
dispersarem na Palestina e na Síria. Capitães da revolta popular contra o
domínio romano, “após ouvirem as lições do Senhor, usavam-lhe a doutrina,
criando a discórdia sistematizada, em nome da solidariedade humana, nos
diversos vilarejos que circulavam o Tiberíades”.
Todos erguiam flamejante verbo, asseverando falar em nome
do Divino Renovador. Jesus, o Messias Nazareno, achava-se entre os homens,
investido da autoridade indispensável à formação de um Novo Reino.
Destruiria os potentados estrangeiros e aniquilaria
ditadores do poder.
Discursos preciosas faziam-se ouvir do cenáculo do povo e
nos quadros rústicos da natureza, exaltando a boa vontade e a comunhão das
almas, o devotamento e a tolerância entre as criaturas.
Milhares de ouvintes escutavam, enlevados, as pregações,
extáticos e felizes, qual se já respirassem num mundo novo.
Contudo, no turbilhão dos conceitos vibrantes e nobres,
alinhavam-se aqueles que, arrecadando dinheiro para socorro às viúvas e aos
órfãos, olvidavam-nos deliberadamente para enriquecerem a própria bolsa, e
apareciam os oportunistas que, em se incumbindo da doutrinação referente à
fraternidade, utilizavam-se da frase primorosa e bem feita, para a realização
das mais baixas manobras políticas.
Foi por isso que, em certo crepúsculo, quando a multidão
se Congregava em torno do Mestre, junto às águas, para recolher-lhe a palavra
consoladora e o ensino salutar, Simão Pedro, homem afeiçoado à rude franqueza,
valendo-se da grande pausa que o Eterno Benfeitor imprimira à própria
narrativa, quando expunha a parábola do semeador, interpelou-O, diretamente,
indagando: – Mestre, e que faremos dos que exploram a ideia do Reino de Deus?
Em muitos lugares, encontramos aqueles que formam grupos de serviço, em nome da
Boa Nova nascente, tumultuando corações em proveito próprio.
Agitam a mente popular e formulam promessas que não podem
cumprir... Em Betsaida, temos a falange de Berequias ben Zenon que a dirige com
entusiasmo dominante, apropriando-se-vos da mensagem sublime para solicitar as
dracmas de pobres pescadores, alegando destiná-las aos doentes e às viúvas,
mas, embora preste auxílio a reduzido número de infortunados, guarda para si
mesmo a maior parte das ofertas amealhadas e, ainda hoje, em Cafarnaum, ouvi a
prédica brilhante de Aminadab ben Azor, que se prevalece de vossas lições
divinas para induzir o povo à indisciplina e à perturbação, não obstante
pronuncie afirmativas e preces que reconfortam o espírito dos que sofrem nos
caminhos árduos da Terra...
Como agir, Senhor? Será justo nos subordinemos à astúcia
dos ambiciosos e à manha dos velhacos? como relegar o Evangelho à, dominação de
quantos se rendem à vaidade e à avidez da posse, ao egocentrismo e à loucura.
Jesus meditou alguns instantes e replicou: – Simão, antes
de tudo, é preciso considerar que o crime confesso encontra na lei a
corrigenda, estabelecida. Quem rouba é furtado, quem ilude os outros, engana a
si próprio, e quem fere será ferido...
– Mas, Senhor – tornou o apóstolo –, no processo em
exame, creio seja necessário ponderar que os males decorrentes da falsa
propaganda são incomensuráveis...... Não haverá recurso para sustá-los de
imediato?
O Excelso Amigo considerou, paciente: – Se há juízes no
mundo que nasceram para o duro mister de retificar, aqui nos achamos para a
obra do auxílio. Não podemos olvidar que os verdadeiros discípulos da Boa Nova,
atentos, à missão de amor que lhes cabe, não dispõem de tempo e disposição para
partilhar as atividades dos irmãos menos responsáveis... Além disso,
baseando-me em sua própria palavra, não estamos diante de companheiros
totalmente esquecidos da caridade. Disseste que Berequias ben Zelou, pelo
menos, ampara alguns infelizes que lhe cercam a estrada, e que Aminadab ben
Azor, no seio das palavras insensatas que pronuncia, encaixa ensinamentos e
orações de valia para os necessitados de luz... E se formos sopesar as
esperanças e possibilidades, os anseios e as virtudes dos milhares de amigos
provisórios que os acompanham, como justificar qualquer sentença condenatória
de nossa parte?
O apontamento judicioso ficou no ar, e, como ninguém
respondesse, Jesus espraiou o olhar no horizonte longínquo, como quem apelava
para o futuro, e ditou a parábola do joio e do trigo, que consta do capítulo
treze das anotações de Mateus: – “O reino dos céus é semelhante ao homem que
semeia a boa semente em seu campo; mas, ao dormir, eis que veio o inimigo e
semeou joio no meio do trigo: retirando-se após.
Quando a erva cresceu e frutificou, apareceu também o
joio. E os servos desse pai de família, indo ter com ele, disseram-lhe: –
Senhor, não semeaste no campo a boa semente? porque a intromissão do joio? E
ele lhes disse: – Um adversário é quem fez isso.
E os servos acentuaram: – Queres, pois, que o
arranquemos? Respondeu-lhes, porém, o senhor: – Isso não, para que não aconteça
extirpemos o joio, sacrificando o trigo. Deixemo-los crescer juntos até à
ceifa. Nessa ocasião, direi nos trabalhadores: – Colhei primeiramente o joio
para que seja queimado e ajuntai o trigo no meu celeiro.”
Calou-se o Cristo, pensativo...
Todavia, Simão, insatisfeito, volveu a perguntar: –
Mas... Senhor, Senhor!... em nosso caso, quem colherá a verdade, separando-a da
mentira?
O Mestre sorriu de novo e respondeu: – Pedro, o tempo e o
grande ceifador... Esperemos por ele, cumprindo o dever que nos compete... A
vida e a justiça pertencem ao Pai e o Pai decidirá quanto aos assuntos da vida
e da justiça...
E porque ninguém lhe opusesse embargo à lição, calou-se o
Mestre para demandar, em seguida, outros ensinos...
Silenciou o velho Jonathan e, a nosso turno, com material
suficiente para estudo, separamo-nos todos para concluir e meditar.
LIVRO: CARTAS E CRÔNICAS – HUMBERTO DE CAMPOS - FCX
CAP XIX – 15/12
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XIX – A FÉ TRANSPORTA MONTANHAS
ANTE OS INCRÉDULOS
“E conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres.” Jesus
(João, 8:32)
“A resistência do incrédulo, devemos convir, muitas
vezes, provém menos dele do que da maneira por que lhe apresentam as coisas. A
fé necessita de uma base, base que é a Inteligência perfeita daquilo em que se
deve crer. E, para crer, não basta ver, é preciso, sobretudo, compreender.” (Cap.
19, Item 7)
Compadeçamo-nos dos incrédulos que se arremetem contra as
verdades do espírito, intentando penetrá-las à força.
Semelhantes necessitados chegam de todas as
procedências...
De paisagens calcinadas pelo fogo do sofrimento, de
caminhos que a provação encharca de pranto, de furnas da aflição em que jaziam
acorrentados ao desespero.
Outros existem que nos atingem as portas, conturbado pelo
clima de irreflexão a que se calam, ou trazendo sarcasmos no pensamento
imaturo, quais crianças bulhentas em recintos graves da escola.
Muitas vezes, nas trilhas da atividade cotidiana, somos
tentados a categorizá-los por viajores de indesejável convívio, entretanto, os
que surgem dementados pela dor e aqueles outros que se acomodam com a
leviandade pela força própria da inexperiência, não serão igualmente nossos
irmãos, diante de Deus?
Certo que não nos é lícito entregar-lhes, em vão, energia
e tempo, quando se mostrem distantes da sinceridade que devemos uns aos outros,
mas se anelam realmente aprendizado e renovação, saibamos auxiliá-los a
compreender que pesquisa e curiosidade somente valem se acompanhadas de estudo
sério e trabalho digno.
Estendamos aos companheiros que o ateísmo enrijece, algo
de nossas convicções que os ajude a refletir na própria imortalidade.
Diligenciemos partilhar com eles o alimento da fé, na
mesma espontaneidade de quem divide os recursos da mesa.
Todavia, perguntarás, e se recusam, obstinados e
irônicos, os bens que lhes ofertamos?
E se nos apagam, a golpes de violência, as lanternas de
amor que lhes acendamos na estrada?
Se indagações assim podem ser formuladas por nossa
consciência tranquila, após o desempenho do nosso dever de fraternidade, será
preciso consultar a lógica e a lógica nos dirá que eles são cegos de espírito
que nos cabe amparar, em silêncio, na clínica da oração.
LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel)- FCX
A ESCOLHA DO SENHOR
Conta-se que alguns apóstolos do bem tanto se ergueram na
virtude que, pela extrema, sublimação de suas almas, conseguiram atingir o
limiar do Santuário Resplendente do Cristo.
Voltariam ao mundo, no prosseguimento da obra de amor em
que se entrosavam, no entanto, convocados pelos poderes angélicos, poderiam
excursionar felizes pelas vizinhanças do Lar Divino.
Bem-aventurados pela glória e pela bondade, constituíam
provisoriamente no Céu toda uma assembleia de beleza e sabedoria.
Missionários ocidentais ostentavam dalmáticas imponentes,
lembrando as instituições religiosas a que haviam pertencido, enquanto os
santos do Oriente exibiam túnicas liriais. Veneráveis sacerdotes das igrejas
católicas e protestantes confundiam-se com patriarcas judeus e budistas. Admiráveis
seguidores de Confúcio e insignes devotos de Maomé entendiam-se uns com os
outros.
Muito acima das interpretações humanas, tendentes à
discórdia, alcançavam, enfim, a suprema união na esfera dos princípios.
Exornava-se cada um com a mensagem simbólica dos templos
que haviam representado.
Anéis, cruzes, báculos, auréolas, colares, medalhas e
outras insígnias preciosas destacavam-se do linho e da púrpura, da seda e do
ouro, faiscando ao sol em que se banhavam.
Entretanto, um deles destoava do brilhante conjunto. Era
um antigo servidor do deserto que não se filiara a igreja alguma. Ibraim
Al-Mandeb fora apenas devotado irmão dos infelizes que vagueavam nas planícies
arenosas da Arábia.
Não possuía qualquer sinal que o recomendasse ao respeito
e à consideração. Trazia os pés descalços, em chaga e pó. Na veste rota,
mostrava as manchas sanguinolentas das crianças feridas que havia conchegado de
encontro ao peito. As mãos magras e hirsutas pareciam forradas em couro de
camelo, tão calejadas se achavam no rude trabalho de assistência aos viajantes
perdidos. Os cabelos grisalhos e imundos falavam de longas peregrinações sob a
tempestade, e o rosto enrugado e rijo era a pesada moldura de dois olhos belos
e lúcidos, mas encovados e tristes, guardando pavorosas visões das dores
alheias que ele havia socorrido, abnegado e atento.
Isolado no festim, o ancião notou que dois anjos
examinavam a assembleia, fazendo anotações num pergaminho celestial.
Depois de analisarem todos os circunstantes, um por um,
abeiraram-se dele, estranhando-lhe a desagradável presença.
Amigo - interrogou
um dos emissários -, a que igreja pertenceste na Terra?
- Para que a pergunta? - inquiriu o forasteiro com
humildade.
- O Senhor deseja entender-se com um dos visitantes do
Lar Divino e estamos relacionando, por ordem, os nomes daqueles que mais
profundamente o amaram no mundo.
- Não se preocupem então comigo! - clamou o anônimo
beduíno. - Nunca pude consagrar-me ao culto do Senhor e sinceramente ignoro por
que razão fui guindado até aqui, quando não posso ter lugar entre os eleitos da
fé.
- Que fizeste entre os homens?
- Que o Senhor me perdoe à ingratidão e a dureza -
suspirou o velhinho -, mas o sofrimento de meus irmãos não me deu oportunidade
de pensar nele. . . Nunca pude refletir na sublimidade do Paraíso, porque o
deserto estava cheio de aflição e lágrimas!...
Vendo que o estranho peregrino prorrompera em pranto, o
anjo que se mantivera silencioso opinou, compreensivo:
- Em verdade, não podemos situar-te na relação dos que amaram
o Benfeitor Eterno, mas colocaremos teu nome no pergaminho, como alguém que
amou imensamente os semelhantes.
O ancião, mergulhando a cabeça nas mãos ossudas, soluçou
reconhecido, enquanto os companheiros presentes comentavam o estranho
procedimento daquele que fizera bem sem se lembrar sequer da existência de
Deus.
Contudo, depois de longos minutos de expectação, vasto
grupo de mensageiros divinos penetrou o átrio engalanado de flores, em cânticos
de júbilo, trazendo larga faixa com um nome grafado em caracteres de luz.
Era o nome do velho Ibraim Al-Mandeb. Pretendia o Senhor
conversar com ele.
LIVRO: CONTOS E APÓLOGOS - HUMBERTO DE CAMPOS -M FCX
CAP XX – 16/12
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XX – OS TRABALHADORES DA ÚLTIMA HORA
CONJUNTO
“Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver
também eles estejam comigo.” Jesus (João, 17:24)
“Armese a vossa falange de decisão e coragem! Mãos a
obra! O arado está pronto; a terra espera; arai!” (Cap. 20, Item 40)
Num templo espírita-cristão, é razoável anotar que todo
trabalho é ação de conjunto.
Cada companheiro é indicado à tarefa precisa; cada qual
assume a feição de peça particular na engrenagem do serviço, sem cuja
cooperação os mecanismos do bem não funcionam em harmonia.
Indispensável apagar-nos pelo brilho da obra.
Na aplicação da eletricidade, congregam-se implementos
diversos, mas interessa, acima de tudo, a produção da força, e, no
aproveitamento da força, a grande usina é um espetáculo de grandeza, mas não
desenvolve todo o concurso de que é suscetível, sem a tomada simples.
Necessário, assim, saibamos reconhecer por nós mesmos o
que seja essencial a fazer pelo rendimento digno da atividade geral.
Orientando ou colaborando, em determinadas ocasiões, a
realização mais importante que se nos pede é o esclarecimento temperado de
gentileza ou a indicação paciente e clara da verdade ao ânimo do obreiro menos
acordado, na edificação espiritual.
Noutros instantes, a obrigação mais valiosa que as
circunstâncias nos solicitam é o entendimento com uma criança, a conversação
fraternal com um doente, a limpeza de um móvel ou a condução de um fardo
pequenino.
Imprescindível, porém, desempenhar semelhantes
incumbências, sem derramar o ácido da queixa e sem azedar o sentimento na
aversão sistemática.
Irritar-se alguém, no exercício das boas obras é o mesmo
que rechear o pão com cinzas.
Administrar amparando e obedecer, efetuando o melhor!...
Em tudo, compreender que o modo mais eficiente de pedir é
trabalhar e que o processo mais justo de recomendar é fazer, mas trabalhar e
fazer, sem tristeza e sem revolta, entendendo que benfeitorias e providências
são recursos preciosos para nós mesmos. Em todas as empresas do bem, somos
complementos naturais uns dos outros.
O Universo é sustentado na base da equipe.
Uma constelação é família de sóis.
Um átomo é agregado de partículas.
Nenhum de nós procure destaque injustificável.
Na direção ou na subalternidade, baste-nos o privilégio
de cumprir o dever que a vida nos assinala, discernindo e elucidando, mas
auxiliando e amando sempre.
O coração, motor da vida orgânica, trabalha oculto e
Deus, que é para nós o Anônimo Divino, palpita em cada ser, sem jamais
individualizar-se na luz do bem.
LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel)- FCX
RETIROU-SE, ELE SÓ
Quando Jesus se fazia acompanhar pela multidão, na manhã
rutilante, refletia, amorosamente, consigo mesmo :
Ensinara as lições básicas do Reino de Deus aos filhos da
Galiléia, que o seguiam naquele instante divino...
Todos permaneciam agora cientes do amor que devia
espraiar-se sobre as noções da lei antiga! que não poderia Ele fazer daqueles
homens e mulheres bem informados?
Poderia, enfim, alongar-se em maiores considerações,
relativas ao caminho de retorno da criatura aos braços do Pai. Dilataria os
esclarecimentos do amor universal, conduziria a alma do povo para o grande
entendimento. Decifraria para os filhos dos homens os enigmas dolorosos que
constrangem o coração. Para isso, porém, era indispensável que compreendessem e
amassem com o espírito... Quantas pequenas lutas em vão? Quantos atritos
desnecessários? A multidão, por vezes, assumia atitudes estranhas e
contraditórias.
Diante dos prepostos de Tibério, que a visitavam,
aplaudia delirantemente; todavia, quando se afastavam os emissários de César,
manchava os lábios com palavras torpes e gastava tempo na semeadura de ódios e
divergências sem fim... Se aparecia algum enviado do Sinédrio, nas cidades que
marginavam o lago, louvava o povo a lei antiga e abraçava o
mensageiro das autoridades de Jerusalém. Bastava,
entretanto, que o visitante voltasse as costas para que a opinião geral ferisse
a honorabilidade dos sacerdotes, perdendo-se nos desregramentos verbais de toda
espécie... Oh! sim – pensava - todo o problema do mundo era a necessidade de
amor e realização fraternal!
Sorveu o ar puro e contemplou as árvores frondosas, onde
as aves do céu situavam os seus ninhos. Algo distante o lago era um espelho
imenso e cristalino, refletindo a luz solar. Barcas rudes transportavam
pescadores felizes, embriagados de alegria, na manhã clara e suave. E em
derredor das águas deslumbrantemente iluminadas, erguiam-se vozes de mulheres e
crianças, que cantavam nas chácaras embalsamadas de inebriante perfume da
Natureza.
Agradecia ao Pai aquelas bênçãos maravilhosas de luz e
vida e continuava meditando.
- Porque tamanha cegueira espiritual nos seres humanos?
não viam, porventura, a condição paradisíaca do mundo? porque se furtavam ao
concerto de graças da manhã? Como não se
uniam todos ao hino da paz e da gratidão que se evolava
de todas as coisas? Ah! Toda aquela multidão que o seguia precisava de amor, a
fim de que a vida se lhe tornasse mais bela. Ensiná-la-ia a conferir a cada
situação o justo valor. Quem era César senão um trabalhador da Providência,
sujeito às vicissitudes terrestres, como outro homem qualquer?
não mereceria compreensão fraternal o imperador dos
romanos, responsável por milhões de criatura? algemado às obrigações sociais e
políticas, atento ao superficialismo das coisas, não era razoável que errasse
muito, merecendo, por isso mesmo, mais compaixão? E os chefes do Sinédrio? não
estavam sufocados pelas orgulhosas tradições da raça? poderiam, acaso,
raciocinar sensatamente, se permaneciam fascinados pelo autoritarismo do mundo?
Oh! refletia o Mestre – como seria infeliz o dominador
romano, a julgar-se efetivamente rei para sempre, distraído da lição dura da
morte! Como seria desventurado o Sumo Sacerdote, que supunha poder substituir o
próprio Deus!... Sim, Jesus ensinaria aos seus seguidores a sublime sabedoria
do entendimento fraternal!
Tomado de confiante expectativa, voltou-se o Messias para
o povo, dando a entender que esperava as manifestações verbais dos amigos, e a
multidão aproximou-se d’Ele, mais intensamente.
Alguns apóstolos caminhavam à frente dos populares, em
animada conversação.
– Rabi – exclamou o patriarca Matan, morador em Cafarnaum
–, estamos cansados de suportar injustiças. É tempo de tomarmos o governo, a
liberdade e a autonomia. Os romanos são pecadores devassos, em trânsito para o
monturo. Estamos fartos! É preciso tomar o poder!
Jesus escutou em silêncio, e, antes que pudesse dizer
alguma coisa, Raquel, esposa de Jeconias, reclamou asperamente :
– Rabi, não podemos tolerar os administradores sem
consciência. Meu marido e meus filhos são miseravelmente remunerados, nos
servias de cada dia. Muitas vezes, não temos o necessário para viver como os
outros vivem.
Os filhos de Ana, nossa vizinha, adulam os funcionários
romanos e, por esse motivo, andam confortados e bem dispostos!...
– À revolução! à revolução! – clamava Esdras, um judeu de
quarenta anos presumíveis, que se acercou, desrespeitosamente, como adepto
apaixonado, concitando o líder prudente a manifestar-se.
– Rabi – suplicava um ancião de barbas encanecidas –,
conheço os prepostos de César e os infames servidores do Tetrarca. Se não
modificarmos a direção do governo, passaremos fome e privações...
Escutava o Senhor, profundamente condoído. Verificava,
com infinita amargura, que ninguém desejava o Reino de Deus de que se
constituíra portador. Durante longas horas, os membros da multidão recriminaram
o imperador romano, atacaram patrícios ilustres que nunca haviam visto de
perto, condenaram os sacerdotes do Templo, caluniaram autoridades ausentes,
feriram reputações, invadiram assuntos que não lhes pertenciam, acusaram
companheiros e criticaram acerbamente as condições da vida e os elemento
atmosféricos...
Por fim, quando muito tempo se havia escoado, alguns
discípulos vieram anunciar-lhe a fome que castigava homens, mulheres e
crianças. André e Filipe comentaram calorosamente a situação.
Jesus fitou-os de modo significativo, e respondeu,
melancólico:
– Pudera! Há muitas horas não fazem outra coisa senão
murmurar inutilmente!
Em seguida, espraiou o olhar através das centenas de
pessoas que o acompanhavam, e falou comovidamente:
– Tenho para todos o Pão do Céu, mas estão excessivamente
preocupados com o estômago para compreender-me.
E tomado de profunda piedade, ante a multidão ignorante,
valeu-se dos pequenos pães de que dispunha, abençoou-os e multiplicou-os,
saciando a fome dos populares aflitos.
Enquanto os discípulos recolhiam o sobejo abundante,
muitos galileus batiam com a mão direita no ventre e afirmavam:
– Agora, sim! estamos satisfeitos!
Contemplou-os o Mestre, em silêncio, com angustiada
tristeza, e, depois de alguns minutos, entregou o povo aos discípulos e,
segundo a narração evangélica, “tornou a retirar-se, ele só, para o monte”.
LIVRO: LAZARO REDIVIVO – HUMBERTO DE CAMPOS - FCX
CAP XXI – 17/12
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XXI – FALSOS CRISTOS E FALSOS PROFETAS
SEARA ESPÍRITA
“Porque cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto;
pois não se colhem figos no espinheiro nem uvas nos abrolhos.”
Jesus (Lucas, 6:44)
“É assim, meus irmãos, que deveis julgar examinando as
obras. Se os que se dizem Investidos de poder divino revelam sinais de uma
missão de natureza elevada, isto é, se possuem no mais alto grau as virtudes
cristãs e eternas: a caridade, o amor, a indulgência, a bondade que concilia os
corações; se, em apoio das palavras, apresentam os atos, podereis então dizer:
Estes são realmente enviados de Deus.” (Cap.21)
Penetrando a seara espírita, rememora o Cristianismo
Redivivo, que se lhe configura nas menores atividades, e não te circunscrevas à
expectação.
Em semelhante campo de fé, sem rituais e sem símbolos,
sem convenções e sem exigências, descobrirás facilmente os recomendados do
Senhor, a surgirem naqueles companheiros cujas dificuldades ultrapassam as
nossas.
Pleiteias a mensagem dos entes queridos que te
antecederam na viagem do túmulo, entretanto basta procures e divisarás amigos
diversos que não somente perderam a presença de seres inesquecíveis, mas também
as possibilidades primárias da intimidade doméstica.
Solicitas proteção para os filhos educados nos primores
de tua bênção, agora em obstáculos inquietantes no estudo ou na profissão,
contudo distinguirás, ao teu lado, pais valorosos e incapazes de aliviar as
necessidades singelas dos rebentos da própria carne, sem a assistência do
amparo público.
Diligencias a cura da enfermidade ligeira que te
apoquenta e contemplarás muitos daqueles que trazem moléstias irreversíveis,
para os quais chega uma frase de esperança, a fim de louvarem as dores da
própria vida.
Pedes, mentalmente, arrimo à solução de negócios
materiais que te propiciem finanças mais dilatada, no entanto, surpreenderás os
pés desnudos de irmãos que vieram de longe, à busca de um simples pensamento
confortador, vencendo, passo a passo, largas distâncias, por lhes faltarem
quaisquer recursos para o custeio da condução.
Rogas conselho em assunto determinado, não obstante o
arsenal dos conhecimentos de que dispões, todavia, reconhecerás, frente à
frente, amigos diversos que nunca tiveram, em toda a existência física, a
bendita oportunidade de um livro às mãos.
Se o Plano Superior já te permite pisar na seara espírita
não te limites à
prece.
Todos os tipos de rogativa que se voltem para o Bem
Infinito são respeitáveis, no entanto, pensa em nosso Divino Mestre que orou
auxiliando e realiza algo de bom, em favor dos irmãos em Humanidade, que ele
mesmo nos apresenta.
Espiritismo é Cristianismo e Cristianismo quer dizer
Cristo em nós para estender o Reino de Deus e servir em seu nome.
LIVRO DA ESPERANÇA – Emmanuel - Psicografada por:
Francisco Cândido Xavier
LIÇÃO EM JERUSALÉM
Muito significativa a entrada gloriosa de Jesus em
Jerusalém, de que o texto evangélico nos fornece a informarão. A cidade
conhecia-o, desde a sua primeira visita ao Templo, e muita gente, quando de sua
passagem por ali, acorria, pressurosa, a fim de lhe ouvir as pregações.
O povo judeu suspirava por alguém, com bastante
autoridade, que o libertasse dos opressores. Não seria tempo da redenção de
Israel? A raça escolhida experimentava severas humilhações. O romano orgulhoso
apertava a Palestina nos braços tirânicos. For isso, Jesus simbolizava a
renovação, a promessa. Quem operara prodígios iguais aos dele?
Profeta algum atingira aquelas culminâncias. A
ressurreição de Lázaro, enfaixado no túmulo, com sinais evidentes de
decomposição cadavérica, espantava os mais ilustres descendentes de Abraão. Nem
Moisés, o legislador inesquecível, conseguira realização daquela natureza.
E o povo, naqueles dias de festa tradicional, se dispôs a
homenageá-lo, em regra. Receberia o profeta com demonstrações diferentes.
Mostraria aos prepostos de César que Jerusalém não renunciava aos propósitos de
libertação, ciosa de sua autonomia, e, agora, mais que nunca, possuía um chefe
político à altura dos acontecimentos.
Jesus, certamente, não atenderia às imposições dos
sacerdotes e nem se submeteria ao suborno, ante as promessas douradas dos
áulicos imperiais.
Em vista disso, quando o Mestre saiu de Betânia, a
caminho da cidade, alinharam-se fileiras de populares, saudando-o festivamente.
Anciães de barbas encanecidas acompanhavam o coro dos
jovens: – “Hosanas ao filho de David!” As mulheres gritavam, entusiasticamente,
amparando criancinhas a sustentarem, com graça, verdes ramos de palmeira.
Os discípulos, ladeando o Mestre, sentiam o efêmero
júbilo provocado pelo mentiroso incenso da multidão. Os fiéis galileus,
guindados inesperadamente ao cume da popularidade, inclinavam-se com desvanecimento,
embriagados pelo triunfo.
De espaço a espaço, esse ou aquele patriarca fazia sinais
a Pedro, Filipe ou João, convidando-os a se pronunciarem discretamente: –
Quando se manifestará o Messias?
Os interpelados assumiam atitude de orgulhosa prudência e
respondiam, quase sempre, a mesma coisa: – Estamos certos de que a homenagem de
hoje é decisiva e o Messias dar-nos-á a conhecer o plano das nossas
reivindicações.
Jesus agradecia aos manifestantes de Jerusalém com o
olhar, mostrando, porém, melancólicos sorrisos.
Demonstrando compreender a situação, logo após convocou
os discípulos para uma reunião mais íntima, em que lhes diria algo de grave.
Interpelados por alguns amigos, Tiago e João, filhos de
Zebedeu, informaram quanto ao anúncio do Mestre. Discutiria as questões do
presente e do futuro, e, possivelmente, seria mais claro nas definições
políticas da ação renovadora.
Por esse motivo, enquanto o Cristo e os companheiros
tornavam a refeição frugal do cenáculo, verdadeira multidão apinhava-se, discreta,
nas adjacências. O povo aguardava informações do colégio apostólico, entre a
ansiedade e a esperança.
Finda a reunião, e enquanto Jesus e Simão Pedro se
demoravam em confidências, seis discípulos vieram, cautelosos, à via pública. A
fisionomia deles denunciava preocupações e desencanto.
Começaram os comentários, entre os intelectualistas de
Jerusalém e os pescadores da Galiléia.
– Que disse o profeta? – perguntou o patriarca, chefe
daquele movimento de curiosidade – explicou-se, afinal?
– Sim – esclareceu Filipe com benevolência.
– E a base do programa de nossa restauração política e
social?
– Recomendou o Senhor para que o maior seja servo do
menor, que todos deveremos amar-nos uns aos outros.
– O sinal do movimento? – indagou o ancião de olhos
lúcidos.
– Estará justamente no amor e no sacrifício de cada um de
nós – replicou o apóstolo, humilde.
– Dirigir-se-á imediatamente a César, fundamentando o
necessário protesto?
– Disse-nos para confiarmos no Pai e crermos também nele,
nosso Mestre e Senhor, – Não se fará, então, exigência alguma? – exclamou o
patriarca, irritado.
– Aconselhou-nos a pedir ao Céu o que pôr necessário e
afirmou que seremos atendidos em
seu nome – explicou Filipe, sem se perturbar.
Entreolharam-se, admirados os circunstantes.
– E a nossa posição? – resmungou o velho – não somos o
povo escolhido da Terra?
Muito calmo, o apóstolo esclareceu: – Disse o Mestre que
não somos do mundo e por isso o mundo nos aborrecerá, até que o seu Reino seja
estabelecido.
Espocaram as primeiras gargalhadas.
– Mas o profeta – continuou o israelita exigente – não
assinou algum documento, nem se
referiu a qualquer compromisso com as autoridades?
– Não – respondeu Filipe, sincero ingênuo –, apenas lavou
os pés dos companheiros.
Oh! para os filhos vaidosos de Jerusalém era demais.
Surgiram risos e protestos.
– Não te disse, Jafet? – falou um antigo fariseu ao
patriarca. – Tudo isso é uma farsa. Um moço pedante afiançou, depois de
detestável risada: – Muito boa, esta aventura dos pescadores!
Dentro de alguns minutos, via-se a rua deserta. Desde
essa hora, compreendendo que Jesus cumpria, acima de tudo, a Vontade de Deus, longe
de qualquer disputa com os homens, a multidão abandonou-o. Os discípulos, reconhecendo
também que ele desprezava todos os cálculos de probabilidade do triunfo político,
retraíram-se, desapontados. E, desde esse instante, a perseguição do Sinédrio tomou
vulto e o Messias, sozinho com a sua dor e com a sua lealdade, experimentou a prisão,
o abandono, a injustiça, o açoite, a ironia e a crucificação.
Essa, foi uma das últimas lições d’Ele, entre as
criaturas, dando-nos a conhecer que é muito fácil cantar hosanas a Deus, mas
muito difícil cumprir-lhe a Divina Vontade, com o sacrifício de nós mesmos.
LIVRO: LAZARO REDIVIVO – HUMBERTO DE CAMPOS - FCX
CAP XXII – 18/12
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XXII – O QUE DEUS UNIU O HOMEM NÃO
SEPARA
NO CAMINHO DA ELEVAÇÃO
“Tomai sobre vós o meu jugo.” Jesus (Mateus, 11:29)
“Mas na união dos sexos a par da lei divina material,
comum a todos os seres vivos, há outra lei divina, imutável como todas as leis
de Deus, exclusivamente moral: a lei de amor.” (Cap. 22, Item 3)
Abençoa os conflitos que, tantas vezes, te amarfanham o
coração no carreiro doméstico, sempre que o lar apareça por ninho de problemas
e inquietações.
É aí, entre as quatro paredes do reduto familiar, que
reencontras a instrumentação do sofrimento reparador.
Amigos transfigurados em desafios à paciência.
Pais incompreensíveis a te requisitarem entendimento.
Filhos convertidos em ásperos inquisidores da alma.
Parentes que se revelam por adversários ferrenhos sob o
disfarce da consanguinidade.
Lutas inesperadas e amargas que dilapidam as melhores
forças da existência pelo seu conteúdo de aflição.
Aceita as intimações do calvário doméstico, na feição com
que se mostrem, como quem acolhe o remédio indispensável à própria cura.
Desertar será retardar a equação que a contabilidade da
vida exigirá sempre, na matemática das causas e dos efeitos.
Nesse sentido, vale recordar que Jesus não afirmou que se
alguém desejasse encontra-lo necessitaria proclamar-lhe as virtudes, entretecer-lhe
lauréis, homenagear-lhe o nome ou consagrar-se às atitudes de adoração, mas,
sim, foi peremptório, asseverando que os candidatos à integração com ele
precisariam carregar a própria cruz e seguir-lhe os passos, isto é, suportarem
com serenidade e amor, entendimento e serviço os deveres de cada dia.
Bem-aventurado, pois, todo aquele que, apesar dos
entraves e das lágrimas do caminho sustentar nos ombros, ainda mesmo
desconjuntados e doloridos, a bendita carga das próprias obrigações.
LIVRO DA ESPERANÇA – Emmanuel - Psicografada por:
Francisco Cândido Xavier
A CAMPANHA DA PAZ
Estabelecidos em Jerusalém, depois do Petencostes, os
discípulos de Jesus, sinceramente empenhados à obra do Evangelho, iniciaram as
campanhas imprescindíveis às realizações que o Mestre lhes confiara.
Primeiro, o levantamento de moradia que os albergasse.
Entremearam possibilidades, granjearam o apoio de
simpatizantes da causa, sacrificaram pequenos luxos, e o teto apareceu, simples
e acolhedor, onde os necessitados passaram a receber esclarecimento e
consolação, em nome do Cristo.
Montada a máquina de trabalho, viram-se defrontados por
novo problema. As instalações demandavam expressivos recursos. Convocações à
solidariedade se fizeram ativas. Velhos cofres foram abertos, canastras
rojaram-se de borco, entornando as derradeiras moedas, e o lar da fraternidade
povoou-se de leitos e rouparia, candeias e vasos, tinas enormes e variados
apetrechos domésticos.
Os filhos do infortúnio chegaram em bando. Obsidiados
eram trazidos de longe, velhinhos que os descendentes irresponsáveis atiravam à
rua engrossavam a estatística dos hóspedes, viúvas acompanhadas por filhinhos
chorosos e magricelas aumentavam na instituição, dia a dia, e enfermos sem
ninguém arrastavam-se na direção da pousada de amor, quando não eram
encaminhados até aí em padiolas, com as marcas da morte a lhes arroxearem o
corpo enlanguescido.
Complicaram-se as exigências da manutenção e efetuaram-se
coletas entre os amigos. Corações generosos compareceram. Remédios não
escassearam e as mesas foram supridas com fartura. Obrigações dilatadas
reclamaram concurso humano.
Os continuadores de Jesus apelaram das tribunas,
solicitando braços compassivos que lavassem os doentes e distribuíssem os
pratos. Cooperadores engajaram-se gratuitamente e formaram-se os diáconos
prestimosos.
Criancinhas começaram a despontar na estância humilde e
outra espécie de assistência se impôs, rápida. Era necessário amontoar o
material delicado em que os recém-nascidos, à maneira de pássaros frágeis,
pudessem encontrar o aconchego do ninho. Senhoras abnegadas esposaram compromissos.
A legião protetora do berço alcançou prodígios de ternura. E novas campanhas raiavam, imperiosas.
Campanhas para o trato da terra, a fim de que as despesas diminuíssem.
Campanhas para substituir as peças inutilizadas pelos obsessos, quando em
crises de fúria. Campanhas para o auxílio imediato às famílias desprotegidas de
companheiros que desencarnaram. Campanhas para mais leite em favor dos
pequeninos. Entretanto, se os apóstolos do Mestre encontravam relativa
facilidade para assegurar a mantença da casa, reconheciam-se atribulados pela
desunião, que os ameaçava, terrível.
Fugiam da verdade. Levi criticava o rigor de Tiago, filho
de Alfeu. Tiago não desculpava a tolerância de Levi. Bartolomeu interpretava a
benevolência de André como sendo dissipação. André considerava Bartolomeu
viciado em sovinice. Se João, muito jovem, fosse visto em prece, na companhia
de irmãs caídas em desvalimento diante dos preconceitos, era indicado por
instrumento de escândalo. Se Filipe dormia nos arrabaldes, velando agonizantes
desfavorecidos de arrimo familiar, regressava sob a zombaria dos próprios
irmãos que não lhe penetravam a essência das atitudes.
Com o tempo, grassaram conflitos, despeitos, queixumes,
perturbações. Cooperadores insatisfeitos com as próprias tarefas invadiam
atribuições alheias, provocando atritos de consequências amargas, junto dos
quais se sobrepunham os especialistas do sarcasmo, transfigurando os
querelantes em trampolins de acesso à dominação deles mesmos.
Partidos e corrilhos, aqui e ali. Cochichos e arrufos nos
refeitórios, nas cozinhas enredos e bate-bocas.
Discussões azedavam o ambiente dos átrios. Fel na
intimidade e desprezo por fora, no público que seguia, de perto, as altercações
e as desavenças. Esmerava-se Pedro no sustento da ordem, mas em vão.
Aconselhava serenidade e prudência, sem qualquer resultado encorajador. Por
fim, cansado das brigas que lhes desgastavam a obra e a alma, propôs
reunirem-se em oração, a benefício da paz. E o grupo passou a congregar-se uma
vez por semana, com semelhante finalidade. Apesar disso, porém, as contendas
prosseguiam, acesas. Ironias, ataques, remoques, injúrias...
Transcorridos seis meses sobre a prece em conjunto, uma
noite de angústia apareceu, em que Simão implorou, mais intensamente comovido,
a inspiração do Senhor. Os irmãos, sensibilizados, viram-no engasgado de
pranto. O companheiro fiel, rude por vezes, mas profundamente afetuoso,
mendigou o auxílio da Divina Misericórdia, reconhecia a edificação do Evangelho
comprometida pelas rixas constantes, esmolava assistência, exorava proteção...
Quando o ex pescador parou de falar, enxugando o rosto
molhado de lágrimas, alguém, surgiu ali, diante deles, como se a parede, à
frente, se abrisse por dispositivos ocultos, para dar passagem a um homem.
À luz mortiça que bruxuleava no velador, Jesus, como no
passado, estava ali, rente a eles... Era ele, sim, o Mestre!... Mostrando o
olhar lúcido e penetrante, os cabelos desnastrados à nazarena e melancolia
indefinível na face calma, ergueu as mãos num gesto de bênção!...
Pedro gemeu, indiferente aos amigos que o assombro
empolgava: -Senhor, compadece-te de nós, os aprendizes atormentados!... Que
fazer, Mestre, para garantir a segurança de tua obra? Perdoa-me se tenho o
coração fatigado e desditoso!...
-Simão – respondeu Jesus, sem se alterar -, não me
esqueci de rogar para que nos amássemos uns aos outros...
-Senhor – tornou Cefas -, temos realizado todo o bem que
nos é possível, segundo o amor que nos ensinaste. Nossas campanhas não
descansam...Temos amparado, em teu nome, os aleijados e os infelizes, as viúvas
e os órfãos...
-Sim, Pedro, todas essas campanhas são aquelas que não
podem esmorecer, para que o bem se espalhe por fruto do Céu na Terra; no
entanto, urge saibamos atender à campanha da paz em si mesma...
-Senhor, esclarece-nos por piedade!... Que campanha será
essa?!...
Jesus, divinamente materializado, espraiou o olhar
percuciente na diminuta assembleia e ponderou, triste: -O equilíbrio nasce da
união fraternal e a união fraternal não aparece fora do respeito que devemos
uns aos outros... Ninguém colhe aquilo que não semeia... Conseguiremos a seara
do serviço, conjugando os braços na ação que nos compete; conquistaremos a
diligência, aplicando os olhos no dever a cumprir; obteremos a vigilância,
empregando criteriosamente os ouvidos; entretanto, para que a harmonia
permaneça entre nós, é forçoso pensar e falar acerca do próximo, como desejamos
que o próximo pense e fale sobre nós mesmos...
E, ante o silêncio que pesava, profundo, o Mestre
rematou: -Irmãos, por amor aos fracos e aos aflitos, aos deserdados e aos
tristes da Terra, que esperam por nós na luz do Reino de Deus, façamos a
campanha da paz, começando pela caridade da língua.
LIVRO: CONTOS DESTA E DE OUTRA VIDA – HUMBERTO DE CAMPOS
- FCX
CAP XXIII – 19/12
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XXIII – MORAL ESTRANHA
ESTUDO ÍNTIMO
“Ide, porém, e aprendei o que significa: ‘Misericórdia
quero e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar justos mas os pecadores ao
arrependimento.” Jesus (Mateus, 9: 13)
“Se só aos mais dignos fosse concedida a faculdade de
comunicar com os Espíritos, quem ousaria pretende-la? Onde, ao demais, o limite
entre a dignidade e a indignidade? A mediunidade é conferida sem distinção, a
fim de que os Espíritos possam trazer a luz a todas as camadas, a todas as
classes da sociedade ao pobre como ao rico; aos retos para os fortificar no
bem, aos viciosos para os corrigir.” (Cap. 24, Item 12)
Na construção espiritual a que fomos trazidos pela
bondade do Cristo, surgem momentos ásperos, nos quais temos a impressão de
trazer fogo e fel nos escaninhos da alma.
Não mais entraves decorrentes de calúnia e perseguição,
mas sim desgosto e inconformidade a se levantarem de nós contra nós.
Insatisfação, arrependimento tardio, autopiedade...
Em muitas ocasiões, desertamos do bem, quando se fazia
imprescindível demonstrá-lo. Falhamos ou distraímo-nos, no momento preciso de
vigiar ou vencer.
E sentimo-nos deprimidos, arrasados...
Mesmo assim, urge não perder tempo com lamentações
improfícuas.
Claro que não nos compete descambar na
irresponsabilidade.
Mera obrigação analisar os nossos atos, examinar a
consciência, meditar, discernir...
Entretanto, é forçoso cultivar desassombro e serenidade
constantes para retificar-nos sempre, adestrando infatigável paciência até
mesmo para conosco, nas provações que nos corrijam ou humilhem, agradecendo-as
por lições.
Muitas vezes, perguntamo-nos porque teremos sido
convocados à obra do Evangelho se, por enquanto, somos portadores de numerosas
fraquezas e moléstias morais, contudo, vale considerar que assim sucede
justamente por isso, porquanto Jesus declarou francamente não ter vindo à Terra
para reabilitar os sãos.
Críticos do mundo indagarão, igualmente, que diferença
fazem para nós as teorias de cura espiritual e as diligências pela sublimação
íntima, se estamos estropiados da alma, tanto agora quanto ontem.
Podemos, entanto, responder, esperançosos e otimistas,
que há muita diferença, de vez que, no passado, éramos doentes insensatos,
agravando, inconscientemente, os nossos males, enquanto que hoje conhecemos as
nossas enfermidades, tratando-as com atenção e empenhando-nos, incessantemente,
em fugir delas.
LIVRO DA ESPERANÇA – Emmanuel - Psicografada por:
Francisco Cândido Xavier
NOTÍCIAS DE JONAS
Jonas o profeta, descansava, enfim, na deleitosa
paisagem. Levantara cabana tosca, a oeste de Nínive, e ali, diante do céu e da
natureza, preferia o silêncio ao burburinho dos homens. Sentia-se triste,
desenganado, e ruminava impropérios contra o próprio Senhor. Contemplando o
casario distante, na aragem do crepúsculo, recordava o início do ministério em
que se presumia fracassado.
Vivia calmo - pensava, vivia calmo e sem atrito. Adorava
as oliveiras do velho sítio, tangia, feliz, seu rebanho de cabras. O anonimato
garantia-lhe o sossego do prato sem problemas.
O Senhor, porém, surgira-lhe à visão e tudo se alterara.
A palavra dele irrompia-lhe nos ouvidos, em qualquer lugar e a qualquer hora.
Se fosse apenas o prazer de ouvi-lo... Mas o Senhor queixava-se de Nínive e
incumbia-o de severa advertência. Cabia-lhe a obrigação de avisar os ninivitas
de que lhes destruiria a cidade, como se ateia fogo num campo invadido de
pragas. Que Jonas falasse, gritasse, anunciasse, predissesse. A medida poderia
afastar os moradores que desejassem purificar o coração e melhorar a vida.
Entretanto, ele, Jonas, não ignorava que o Senhor sempre
fora profundamente compassivo. Conquanto lhe respeitasse as determinações,
temia interferir em assunto assim tão grave. E se houvesse contra ordem? E se
alguma deliberação nova poupasse os condenados? Melhor a indicação de outra
pessoa. Alguém de caráter maleável, sem brio suficiente para sofrer com a
probabilidade do retrocesso.
Receando desmoralizar-se, fugiu, resoluto. Desceu para
Jope e tomou embarcação para Társia, mas, em viagem, sobreviera a tempestade e
temera. No auge da tormenta, declarou aos tripulantes que, decerto, estaria na
presença dele a causa do temporal que parecia inamainável. Desobedecera à voz
do Alto. Fizera-se passível de austera punição. Amedrontados, os remadores
atiraram-no às ondas. Debatendo-se no abismo, arrependera-se da deserção e
prometeu cumprir o mandato com rigor. Veneraria a benignidade do Trono Eterno e
transmitiria a mensagem fielmente. O Senhor escutou-lhe a petição e despachou
recursos que o salvassem.
Vira-se arrebatado ao torvelinho voraginoso e conduzido à
praia com segurança. Renovado e confiante, efetuara três dias de marcha
laboriosa e, alcançando Nínive, entregou-se aos sombrios vaticínios.
Mais quarenta dias e a cidade seria aniquilada. O povo
ninivita acreditou nele e, a partir dos maiorais, penitenciou-se em pranto de
sincera compunção, suplicando socorro à Bondade Celestial. Preces coletivas e
piedosas realizações foram feitas. O Senhor enternecera-se e, tomado de
compaixão, absolvera a cidade, conferindo-lhe aos habitantes novos recursos de
trabalho e corrigenda.
Justamente por isso, achava-se, ali, sozinho e
desapontado. Ferido no amor próprio, demandara o retiro agreste para forrar-se
ao sarcasmo da via pública. Tanto
chorou, naquele ocaso cinzento, confessando a si mesmo invencível desânimo, que
o Senhor se dispôs a visita-lo e, ao vê-lo moralmente surdo e cego de
indignação e amargura, brindou-lhe a choça com uma semente de aboboreira.
A breve espaço, Jonas descobriu a plantinha nascente e
embeveceu-se. Consagrou-se a ela com paternal carinho. A trepadeira cresceu,
viçosa, e abraçou-lhe o casebre. Assemelhava-se a bela coroa verde a defende-lo
contra o sol, fazendo-o esquecer todas as mágoas.
No entanto, quando o profeta se revelava mais devotado ao
seu passatempo, surge o imprevisto. Grande rato dilapidou as raízes do lindo
ornato e as ramas secaram-se, de chofre.
Jonas, irado, afundou-se no desespero. Amava a planta,
dedicara-se inteiramente a ela. Porque a destruição, porque a ruína?
Arremessando os punhos na própria cabeça, esbravejava
contra a canícula e, afagando folhas mortas, perguntava, em lágrimas: “porquê?
porquê”?
Foi então que o Senhor lhe apareceu, plenamente
materializado, e falou, conciso: - Ah! Jonas, consideras-me covarde, por
exercitar a misericórdia, e apaixonas-te, desta forma, por uma aboboreira, da qual
desconheces a formação, em cujo desenvolvimento não trabalhaste, que nasceu
numa noite e que, num dia, pereceu? Choras amargamente por um simples vegetal,
tentando recupera-lo e não me permites qualquer compaixão por Nínive, onde
estão mais de cento e vinte mil homens, ainda fracos e ignorantes, e que, por enquanto,
não sabem discernir a mão direita da mão esquerda?
Assim termina a saborosa narração do Velho Testamento.
E, ao relê-la, pensamos em muitos religiosos da Terra que
se fazem censores dos irmãos em dificuldades para assimilar os talentos da fé,
a exigirem que o Senhor lhes destrua a existência, mas profundamente agarrados
às suas comodidades e às suas abóboras
LIVRO: CONTOS DESTA E DE OUTRA VIDA – HUMBERTO DE CAMPOS
- FCX
A lógica e a sabedoria das estórias da bíblia faz do
homem seu próprio juiz,
CAP XXIV – 20/12
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XXIV – NÃO COLOCAR A CANDEIA DEBAIXO DO
ALQUEIRE
NOSSAS CRUZES
“...Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo,
tome a sua cruz e siga-me.” Jesus (Marcos, 8:34)
“Rejubilai-vos, diz Jesus, quando os homens vos adiarem e
perseguirem por minha causa, visto que sereis recompensados no Céu. Podem
traduzir-se assim estas verdades: Considerai-vos ditosos, quando haja homens
que, pela sua má vontade para convosco, vos dêem ocasião de provar a
sinceridade da vossa fé, porquanto o mal que vos façam redundará em proveito
vossa. Lamentai-lhes a cegueira, porém, não os maldigais.” (Cap. 24, Item 19)
Julgávamos, antigamente, que nossas cruzes, as que
devemos carregar, ao encontro do Senhor, se constituíam unicamente daquelas dos
exercícios louváveis mas incompletos da piedade religiosa.
E perdemos, em parte, muitas reencarnações, hipnotizados
por sentimentalismo enfermiço, ilhando-nos, sem perceber, nas miragens da
própria imaginação para esbarrar, em seguida, com os pesadelos do tempo,
largado inútil.
Com a Doutrina Espírita, que nos revela o significado
real das palavras do Cristo, aprendemos hoje que não bastam fugas e omissões do
campo de luta a fim de alcançarmos a meta sublime.
Assevera Jesus que se nos dispomos a encontra-lo, é
preciso renunciar a nós mesmos e tomar nossa cruz.
Essa renúncia, porém, não será semelhante à fonte seca.
É necessário que ela demonstre rendimento de valores
espirituais, em nosso favor e a benefício daqueles que nos cercam, ensinando-nos
o desapego ao bem próprio pelo bem de todos.
À face disso, nossas cruzes incluem todas as realidades
que o mundo nos oferece, dentro das quais somos convocados a esquecer-nos na
construção da felicidade geral.
Os fardos que nos cabem transportar, a fim de que
venhamos a merecer o convívio do Mestre, bastas vezes contêm as dores das
grandes separações, as farpas do desencanto, as provações em família, os
sacrifícios mudos, em que os entes amados nos pedem largos períodos de aflição,
os desastres do plano físico que nos cortam a alma, o abandono daqueles mesmos
que nos baseavam todas as esperanças, o cativeiro a compromissos pela
sustentação da harmonia comum, as tarefas difíceis, em cuja execução, quase
sempre, somos constrangidos a marchar, aguardando debalde o concurso alheio.
Não nos enganemos.
O próprio Cristo transportou o madeiro que a nossa
ignorância lhe atribuiu, palmilhando senda marginada de exigências, injúrias,
pancadas e deserções.
Ninguém abraça o roteiro do Evangelho para estirar-se em
redes de fantasia.
O cristão é chamado a melhorar e elevar o nível da vida e
para quem efetivamente vive em Cristo, a vida é um caminho pavimentado de
esperança e trabalho, alegria e consolo, mas plenamente aberto às surpresas e
ensinamentos da verdade, sem qualquer Ilusão.
LIVRO DA ESPERANÇA – Emmanuel - Psicografada por:
Francisco Cândido Xavier
O ENSINO DA LUZ
- Senhor - disse Tadeu a Jesus, após o dia de trabalho
estafante -, qual é o nosso dever maior, na execução do Evangelho para a
redenção das criaturas?
O Mestre fitou o céu azul em que nuvens pequeninas
semelhavam estrigas de linho alvo. E falou em seguida:
- Em meio de grande tempestade, inúmeros viajantes se
recolheram a enorme casarão que se assemelhava a um labirinto. Porque sentissem
medo uns dos outros, cada qual se escondeu nos quartos mais internos e, vindo a
noite, em vão procuraram o lugar de saída.
Começou, então, enorme conflito.
Lamentos. Pragas. Assaltos. Correrias. Pancadas. Crimes
nas trevas.
Um homem, que por ali passava, ouviu os rogos de socorro
que partiam do infortunado reduto e, longe de gritar ou discutir, acendeu a sua
candeia e passou entre os amotinados, em profundo silêncio.
Bastou a luz dele para que todos percebessem os
disparates que vinham fazendo, ao mesmo tempo que encontravam, por si mesmos, a
porta libertadora.
O Mestre fez grande intervalo e voltou a dizer: - Se a
luz do bom exemplo estiver entre nós, os outros perceberão, com facilidade, o
caminho.
- E que fazer, Senhor, para semelhante conquista?
Jesus, continuando em sua contemplação do céu, como
exilado buscando alguma visão da pátria longínqua, aclarou docemente: -
Procuremos o Reino de Deus e a sua justiça, isto é, vivamos no amor puro e na
consciência tranquila... E tudo o mais ser-nos-á acrescentado
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER E WALDO VIEIRA - A VIDA ESCREVE
CAP XXV – 21/12
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XXV – BUSCAI E ACHAREIS
CAMPEONATOS
“Buscai e achareis...” Jesus (Mateus, 7:7)
“Se Deus houvesse isentado o homem do trabalho do corpo,
seus membros se teriam atrofiado; se o houvesse Isentado do trabalho da
inteligência, seu espírito teria permanecido na infância, no estado de instinto
animal.” (Cap. 25, Item 3)
Costumamos admirar as personalidades que se galardoam na
Terra.
Tribunos vencem inibição e gaguez, em adestramento
laborioso, aprimorando adição.
Poetas torturam versos, durante anos, transfigurando-se
em estetas perfeitos, ajustando a emoção aos rigores da forma.
Pintores reconstituem os próprios traços, centenas de
vezes, fixando, por fim, os coloridos da natureza.
Atletas despendem tempo indeterminado, manejando bolas e
raquetes ou submetendo-se a severos regimes, em matérias de alimentação e
disciplina, para se garantirem na opulência da evidência.
Todos eles são dignos de apreço, pelas técnicas obtidas,
à custa de longo esforço, e todos, conquanto sem intenção, traçam o caminho que
se nos indica às vitórias da alma, porquanto existem campeonatos ocultos, sem
qualquer aplauso no mundo, embora atenciosamente seguidos da Esfera Espiritual.
Se aspiramos a libertação da impulsividade que nos
arrasta aos flagelos da cólera e da incontinência, é forçoso nos afeiçoemos aos
regulamentos interiores.
Tribunos, poetas, pintores e atletas terão lido e ouvido
treinadores eméritos, mas, sem a consagração deles mesmos aos exercícios que
lhes atribuíram eficiência, não passariam de aspirantes aos títulos que
apresentam.
Assim também, no campo do espírito.
Não adquiriremos equilíbrio e entendimento, abnegação e
fé, unicamente desejando semelhantes aquisições.
Não ignoramos que, em certos episódios da vida, não
remediaremos a dificuldade com atitudes meigas e que surgem lances, na estrada,
nos quais o silêncio não é a diretriz ideal; não desconhecermos que, em
determinadas circunstâncias, a caridade não deve ser vasada em moldes de
frouxidão e que o sentimento não é feito de pedra para resistir, intocável, a
todos os aguilhões do desejo...
Entretanto, se aplicarmos em nós as regras em que a
eficácia acreditamos, sofreando impulsos inferiores, cinco, duzentas,
oitocentas, duas mil, dez mil ou cinquenta mil vezes, praticando humildade e
paciência, pela obtenção dos pequeninos triunfos do mundo íntimo, que somente
nós próprios conseguimos avaliar, conquistaremos o burilamento do espírito,
encontrando a palavra certa e a conduta exata, nas mais diversas situais
variados problemas.
Tudo é questão de início e o êxito depende da lealdade à
consciência, porquanto exclusivamente aqueles que cultivam fidelidade à própria
consciência é que se dispõem a prosseguir e perseverar.
LIVRO DA ESPERANÇA – Emmanuel - Psicografada por:
Francisco Cândido Xavier
NO CAMINHO DO AMOR
Em Jerusalém, nos arredores do Templo, adornada mulher
encontrou um nazareno, de olhos fascinantes e lúcidos, de cabelos delicados e
melancólicos sorriso, e fixou-o estranhamente.
Arrebatada na onda de simpatia a irradiar-se dele,
corrigiu as dobras da túnica muito alva; colocou no olhar indizível expressão
de doçura e, deixando perceber, nos meneios do corpo frágil, a visível paixão
que a possuíra de súbito, abeirou-se do desconhecido e falou, ciciante: -Jovem,
as flores de Séforis encheram-me a ânfora do coração com deliciosos perfumes. Tenho
felicidade ao teu dispor, em minha loja de essências finas...
Indicou extensa vila, cercada de rosas, à sombra de
arvoredo acolhedor, e ajuntou: -Inúmeros peregrinos cansados me buscam a
procura do repouso que reconforta. Em minha primavera juvenil, encontram o
prazer que representa a coroa da vida. E' que o lírio do vale não tem a carícia
dos meus braços e a romã saborosa não possui o mel de meus lábios.
Vem e vê! Dar-te-ei leito macio, tapetes dourados e vinho
capitoso ... Acariciar-te-ei a fronte abatida e curar-te-ei o cansaço da viagem
longa! Descansarás teus pés em água de nardo e ouvirás, feliz, as harpas e os
alaúdes de meu jardim. Tenho a meu serviço músicos e dançarinas, exercitados em
palácios ilustres!...
Ante a incompreensível mudez do viajor, tornou, súplice,
depois de leve pausa:
-Jovem, porque não respondes? Descobri em teus olhos
diferentes chama e assim procedo por amar-te. Tenho sede de afeição que me
complete a vida. Atende! Atende!...
Ele parecia não perceber a vibração febril com que
semelhantes palavras eram pronunciadas e, notando-lhe a expressão fisionômica
indefinível, a vendedora de essências acrescentou uma tanto agastada: -Não
virás?
Constrangido por aquele olhar esfogueado, o forasteiro
apenas murmurou: -Agora, não. Depois, no entanto, quem sabe?!...
A mulher, ajaezada de enfeites, sentindo-se desprezada,
prorrompeu em sarcasmos e partiu.
Transcorridos dois anos, quando Jesus levantava
paralítico, ao pé do Tanque de Betesda, venerável anciã pediu-lhe socorro para
infeliz criatura, atenazada de sofrimento.
O Mestre seguiu-a, sem hesitar.
Num pardieiro denegrido, um corpo chagado exalava gemido
angustioso.
A disputada mercadora de aromas ali se encontrava
carcomida de úlceras, de pele enegrecida e rosto disforme. Feridas
sanguinolentas pontilhavam-lhe a carne, agora semelhante ao esterco da terra.
Exceção dos olhos profundos e indagadores, nada mais lhe
restava da feminilidade antiga.
Era uma sombra leprosa, de que ninguém ousava aproximar.
Fitou o Mestre e reconheceu-o.
Era o mesmo mancebo nazareno, de porte sublime e atraente
expressão.
O Cristo estendeu-lhe os braços, tocados de intraduzível
ternura e convidou: -Vem a mim, tu que sofres! Na Casa de Meu Pai, nunca se
extingue a esperança.
A interpelada quis recuar, conturbada de assombro, mas
não conseguiu mover os próprios dedos, vencida de dor.
O Mestre, porém, transbordando compaixão, prosternou-se
fraternal, e conchegou-a, de manso...
A infeliz reuniu todas as forças que lhe sobravam e
perguntou, em voz reticenciosa e dorida: -Tu?... O Messias Nazareno?... O
Profeta que cura, reanima e alivia?!... Que vieste fazer, junto de mulher tão
miserável quanto eu?
Ele, contudo, sorriu benevolente, retrucando apenas: -Agora,
venho satisfazer-te os apelos.
E, recordando-lhe a palavra do primeiro encontro,
acentuou, compassivo: -Descubro em teus olhos diferentes chama e assim procedo
por amar-te
LIVRO: CONTOS E APÓLOGOS – HUMBERTO DE CAMPOS - FCX
CAP XXVI – 22/12
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP XXVI – DAR DE GRAÇA O QUE DE GRAÇA
RECEBER
PENSAMENTO ESPÍRITA
“...A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros.”
Jesus (Mateus, 9:37)
“A justiça de Deus é como o sol! Existe para todos, para
o pobre, como para o rico” (Cap. 26, Item 4)
Se te propões colaborar no apostolado libertador do
Espiritismo, auxilia o pensamento espírita a transitar, dando-lhe passagem,
através de ti mesmo.
Prevalece-te dos títulos honrosos que o mundo te
reservou, agindo conforme as sugestões que o pensamento, espírita te oferece,
demonstrando que a ilustração acadêmica ou o mandato de autoridade são
instrumentos para benefício de todos e não recurso ao levantamento de qualquer
aristocracia da opressão pela inteligência.
Despende as possibilidades materiais, centralizadas em
tuas mãos, criando trabalho respeitável e estendendo a beneficência
confortadora e reconstrutiva, na pauta da abnegação com que o pensamento
espírita te norteia as atividades, provando que o dinheiro existe para ser
disciplinado e conduzido no bem geral e não para escravizar o espírito à
loucura da ambição desregrada.
Usa a independência digna que o pensamento espírita te
dá, por intermédio do dever retamente cumprido, patenteando à frente dos
outros, que é possível pensar livremente, com o jugo dos preconceitos, embora
respeitando a condição dos semelhantes que ainda precisam desses mesmos
preconceitos para viver.
Mobiliza a influência de que dispões, na sociedade ou na família,
para edificar o conhecimento e garantir a consolação, segundo a tolerância que
o pensamento espírita te inspira, denotando que, diante da Providência Divina,
todos somos irmãos, com esperanças e dores, lutas e aspirações, imperfeições e
faltas, igualmente irmãs uma das outras, e que, por isso mesmo, a confissão de
fé representa instituto de aperfeiçoamento com serviço permanente ao próximo,
sem que tenhamos qualquer direito a privilégios que recordem essa ou aquela
expressão de profissionalismo religioso.
Fala e escreve, age e trabalha, quanto possível, pela
expansão do pensamento espírita, no entanto, para que o pensamento espírita
produza frutos de alegria e concórdia, renovação e esclarecimento, é necessário
vivas de acordo com as verdades que ele te ensina.
A cada minuto, surge alguém que te pede socorro para o
frio da própria alma, contudo, para que transmitas o calor do pensamento
espírita é imperioso estejas vibrando dentro dele. Diante da sombra, não
adianta ligar o fio na tomada sem força, nem pedir luz em candeia morta.
LIVRO DA ESPERANÇA – Emmanuel - Psicografada por:
Francisco Cândido Xavier
A ÚNICA DÁDIVA
Conta-se que Simão Pedro estava cansado, depois de vinte
dias junto do povo.
Banhara feridentos, alimentara mulheres e crianças esquálidas,
e, em vez de receber a aprovação do povo, recolhia insultos velados, aqui e
ali...
Após três semanas consecutivas de luta, fatigara-se e
preferira isolar-se entre alcaparreiras amigas.
Por isso mesmo, no crepúsculo anilado, estava ele só,
diante das águas a refletir...
Aproxima-se alguém, contudo...
Por mais busque esconder-se, sente-se procurado.
É o próprio Cristo.
- Que fazes Pedro? – diz-lhe o Senhor.
- Penso Mestre.
E o diálogo prolongou-se.
- Estás triste?
- Muito triste.
- Por quê?
- Chamam-me ladrão.
- Mas se a consciência te não acusa, que tem isso?
-Sinto-me desditoso. Em nome do amor que me ensinas,
alivio os enfermos e ajudo aos necessitados. Entretanto, injuriam-me. Dizem por
aí que furto, que exploro a confiança do povo... Ainda ontem, distribuía os
velhos mantos que nos foram cedidos pela casa de Carpo, entre os doentes
chegados de Jope... Alegou alguém, inconsideradamente, que surrupiei a maior
parte... Estou exausto Mestre. Vinte dias de multidão pesam muito mais que
vinte anos de serviços na barca...
- Pedro, que deste aos necessitados nestes últimos vinte
dias?
- Moedas, túnicas, mantos, unguentos, trigo, peixe...
- De onde chegaram as moedas?
- Das mãos de Joana, a mulher de Cusa.
- As túnicas?
- Da casa de Zobalan, o curtidor.
- Os mantos?
- Da residência de Carpo, o romano que decidiu
amparar-nos.
- Os unguentos?
- Do lar de Zebedeu, que os fabrica.
- O trigo?
- Da seara de Zaqueu, que se lembra de nós...
- E os peixes?
- Da nossa pesca.
- Então Pedro?
- Que devo entender Senhor?
- Que apenas entregamos aquilo que nos foi ofertado para
distribuirmos em favor dos que necessitam. A Divina Bondade conjuga as circunstâncias
e confia-nos de um modo ou de outro os elementos que devamos movimentar nas
obras do bem... Disseste servir em nome do amor...
- Sim Mestre...
- Recorda então, que o amor não relaciona calúnias, nem
conta sarcasmos.
O discípulo entremostrando súbita renovação mental não
respondeu. Jesus abraçou-o e disse apenas: - Pedro, todos os bens da vida podem
ser transmitidos de sítio a sítio e de mão em mão... Ninguém pode dar em
essência esse ou aquele patrimônio do mundo senão o próprio Criador, que nos
empresta os recursos por Ele gerados na Criação... E se algo, podemos dar de nós,
o amor é a única dádiva que podemos fazer, sofrendo e renunciando por amor...
O apostolo compreendeu e beijou as mãos que o tocavam de
leve. Em seguida puseram-se ambos a falar alegremente sobre as tarefas
esperadas para o dia seguinte.
LIVRO: CONTOS DESTA E DE OUTRA VIDA – HUMBERTO DE CAMPOS –
FCX
TEXTOS PARA
GRUPOS DO WATZAP – ESPECIAL DE NATAL
CAP XXVII – 23/12
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA
PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE
CRÔNICA DO NATAL.
Desde a ascensão de Herodes, o
Grande, que se fizera rei com o apoio dos romanos, não se falava na Palestina
senão no Salvador que viria enfim...
Mais forte que Moisés, mais sábio
que Salomão, mais suave que David, chegaria em suntuoso carro de triunfo para
estender sobre a Terra as leis do Povo Escolhido.
Por isso, judeus prestigiosos,
descendentes das doze tribos, preparavam-lhe oferendas em várias nações do
mundo.
Velhas profecias eram lidas e
comentadas, na Fenícia e na Síria, na Etiópia e no Egito.
Dos confins do Mar Morto às
terras de Abilena, tumultuavam notícias da suspirada reforma...
E mãos hábeis preparavam com
devotamento e carinho o advento do Redentor.
Castiçais de ouro e prata eram
burilados em Cesareia, tapetes primorosos eram tecidos em Damasco, vasos finos
eram importados de Roma, perfumes raros eram trazidos de remotos rincões da
Pérsia...
Negociantes habituados à cobiça
cediam verdadeiras fortunas ao Templo de Jerusalém, após ouvirem as predições
dos sacerdotes, e filhos tostados deserto vinham de longe trazer ao santuário
da raça a contribuição espontânea com que desejavam formar nas homenagens ao
Celeste Renovador.
Tudo era febre de expectação e
ansiedade.
Palácios eram reconstruídos,
pomares e vinhas surgiam cuidadosamente podados, touros e carneiros, cabras e
pombos eram tratados com esmero para o regozijo esperado.
Entretanto, o Emissário Divino
desce ao mundo na sombra espessa da noite.
Das torres e dos montes, hebreus
inteligentes recolhem a grata notícia...
Uma estrela estranha rutila no
firmamento.
O Enviado, porém, elege pequena
manjedoura para seu berço de luz.
Milícias angelicais rejubilam-se
em pleno céu...
Mas nem príncipes, nem doutores,
nem sábios e nem poderosos da Terra lhe assistem a consagração comovente e
sublime.
São pastores humildes que se
aproximam, estendendo-lhe os braços.
Camponeses amigos trazem-lhe
peles surradas.
Mulheres pobres entregam-lhe
gotas de leite alvo.
E porque as vozes do Céu se fazem
ouvir, cristalinas e jubilosas, cantam eles também...
- “Glória a Deus nas alturas, paz
na Terra, boa vontade para com os Homens!...”.
Ali, na estrebaria singela, então
Ele e o povo...
E o povo com Ele inicia uma nova
era...
É por isso que o Natal é a festa
da bondade vitoriosa.
Lembrando o Rei Divino que desceu
da Glória à Manjedoura, reparte com teu irmão tua alegria e tua esperança, teu
pão e tua veste.
Recorda que Ele, em sua divina
magnificência, elegeu por primeiros amigos e benfeitores aqueles que do mundo
nada possuíam para dar, além da pobreza ignorada e singela.
Não importa sejas, por enquanto, terno
e generoso para com o próximo somente um dia...
Pouco a pouco, aprenderás que o
espírito do Natal deve reinar conosco em todas as horas de nossa vida.
Então, serás o irmão abnegado e
fiel de todos, porque, em cada manhã, ouvirás uma voz do Céu a sussurrar-te,
sutil:
- Jesus nasceu “Jesus
nasceu!...”.
E o Mestre do Amor terá realmente
nascido em teu coração para viver contigo eternamente.
FONTE: LIVRO ANTOLOGIA MEDIÙNICA
DO NATAL – Psicografia: Francisco Cândido Xavier.
O TEMPO DO SENHOR
No lar dos apóstolos em
Jerusalém, era Tiago, filho de Alfeu, o mais intransigente cultor dos
princípios de Moisés, entre os seguidores da Boa Nova.
Passo a passo, referia-se à alegação do
Cristo: “eu não vim destruir a Lei...” e encastelava-se em severa defesa do “moisaísmo”,
embora sustentasse fervorosa lealdade à prática do Evangelho.
Não vacilava em estender braços generosos aos
irmãos infelizes que lhe recorressem aos préstimos; contudo, reclamava estrita
obediência à pureza dos alimentos, às posturas do hábito, às festas
tradicionais e à circuncisão. Mas, de todos os preceitos, detinha-se
particularmente na consagração do chamado “dia do Senhor”.
Para isso, compelia todos os
companheiros ao estudo e à meditação, à prece e ao silêncio, cada vez que o
sábado nascesse, conquanto fossem adiados importantes serviços de assistência e
socorro aos necessitados e enfermos que lhes batiam à porta.
Dominado de zelo, o apóstolo notara a ausência
de Zorobatan bem Assef das orações do culto, com manifesto pesar. Zorobatan, o
vendedor de lentilhas, fora-lhe colega de infância na Galiléia, no entanto,
desde muito vivia nos arredores da grande cidade, viúvo e sem filhos, prestando
desinteressado auxílio ao movimento apostólico.
Amanhava pequeno campo e
negociava os produtos colhidos, depondo a maior parte dos lucros na bolsa de
Simão Pedro, para as garantias da casa; entretanto, se vinha à instituição;
suarento e cansado nas horas de trabalho exaustivo; era ele, nos instantes da
prece, o faltoso renitente.
Várias vezes Tiago mandara portadores
adverti-lo, mas porque a situação se mostrasse inalterada por mais de seis
meses, o deliberou próprio repreende-lo, em pessoa, no ambiente rural.
Sobraçando grande rolo com apontamentos do
Pentateuco, junto de André, o fiel defensor da Lei, né ensolarada manhã de um
sábado de estio, varava trilhas secas e poeirentas, em animada conversação.
A certo trecho, falou-lhe o companheiro,
sensato:
-Consideras, então, que um crente sincero,
qual Zorobatan, seja passível de reprimenda simplesmente porque não nos
partilhe as assembléias?
-Não tanto por isso – volveu Tiago, dando
ênfase aos conceitos – Ele não apenas nos esquece o refúgio, mas também foge de
respeitar o terceiro mandamento.
Empregados e vizinhos do seu
campo avisam-lhe, cada semana, que ele passa os sábados inteiros em atividade
intensiva, recebendo auxiliares adventícios, que lhe revolvem os celeiros e as
terras.
E o diálogo continuou:
-Não se trata, porém, de abnegado amigo das
boas obras?
-Sem dúvida. E creio igualmente que a fé sem
obras é morta em si mesma; contudo, a Lei determina que seja santificado o
tempo do Senhor.
-E o próprio Jesus? Não curou nos dias de
sábado?
-Não podemos discutir os desígnios do Mestre,
de vez que a nós cabe reverencia-los tão somente... Se ele mesmo lia os
Sagrados Escritos nas sinagogas, nos dias de repouso, ensinando-nos a orar, não
vejo como desmerecer as veneráveis
prescrições.
André solicitou alguns instantes e voltou a
observar:
-Se uma de nossas crianças caísse no poço, dia
de sábado, não deveríamos salva-la?
-Sim – concordou Tiago – mas nos sábados
subsequentes, ser-nos-ia obrigação prender todas as crianças em recinto
adequado, para que a impropriedade não se repetisse.
-E se fosse um animal de trabalho, um burro
prestimoso, por exemplo, que viesse a tombar em cisterna profunda? Seria lícito
deixa-lo morrer à míngua de todo amparo, porque o desastre ocorresse num dia determinado
para o descanso?
-Não exitaria em socorrer o burro – disse o
interlocutor, sole – mas vende-lo-ia, de imediato, para que não voltasse a
ocasionar transtorno semelhante.
Nesse ponto do entendimento, a pequena cada de
Zorobatan surgiu à vista.
No átrio limpo e singelo, erguia-se mesa tosca
e, junto à mesa, magras mulheres lavavam pratos de madeira. Velhos doentes
arrastavam-se em torno, enquanto meninos esquálidos traziam frutos, do depósito
de provisões.
Apesar da pobreza em derredor, todos os
semblantes irradiavam alegria.
À curta distância, Tiago viu Zorobatan que
vinha do interior, carregando enorme vasilha fumegante.
Surpreendido, escutou-lhe a palavra, chamando
os presente para a sopa que oferecia, gratuita, ao mesmo tempo em que tornava à
cozinha para buscar nova remessa.
Sentaram-se todos os circunstantes, nos quais
o apóstolo anotou a presença de alijados e enfermos, viúvas e órfãos, que ele
próprio já conhecia desde muito.
Aproximou-se, no entanto, da porta e esperava
que o amigo regressasse ao pátio, de modo a exprimir-lhe a desaprovação que lhe
rugia nalma, quando viu Zorobatan sair da intimidade doméstica, arfando de
fadiga, ao peso de recipiente maior. Desta vez, porém, um homem de olhar brando
vinha, junto dele, apoiando-lhe as mãos calosas, para que o precioso conteúdo
não se perdesse.
O visitante, irritado, dispunha-se a levantar
a voz, quando reconheceu no ajudante desconhecido o próprio Cristo que ele, só
ele Tiago, conseguiu ver...
-Mestre!... – exclamou entre perplexo e
constrangido.
-Sim, Tiago – respondeu Jesus sem se alterar
-, agradeço as preces com que me honram, mas devo estar pessoalmente com todos
aqueles que auxiliam os nossos irmãos por amor de meu nome...
Com grande assombro para André, o velho
apóstolo, em pranto mudo, largou o rolo da Lei sobre um montão de calhaus
superpostos, segurou também a panela e começou a servir.
DA OBRA “SENDA PARA DEUS” – IRMÃO
X –MÉDIUM: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
CAP I – 24/12
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP I – NÃO VIM DESTRUIR A LEI
JESUS
DIVINO SENHOR - fez-se humilde servo da Humanidade.
PASTOR SUPREMO - nasceu na manjedoura singela.
UNGIDO DA PROVIDÊNCIA - preferiu chegar ao planeta, no
espesso manto da noite, para que o mundo lhe não visse a corte celestial.
ORIENTADOR NAS ESFERAS RESPLANDECENTES - rejubilou-se na
casinha rústica de Nazaré.
CONSTRUTOR DO ORBE TERRESTRE - manejou serrotes anônimos
de uma carpintaria desconhecida.
PROMETIDO DOS PROFETAS - escolheu a simplicidade para
instituir o Reino de Deus.
ENVIADO ÀS NAÇÕES - preferiu conversar com os doutores na
condição de criança.
LUZEIRO DAS ALMAS - consagrou longos anos à preparação e
à meditação, a fim de ensinar às criaturas o caminho
da redenção.
VERBO SAGRADO DO PRINCÍPIO - Submeteu-se à limitação da
palavra humana para iluminar o mundo.
SÁBIO DOS SÁBIOS - valeu-se de pescadores pobres e
simples para transmitir aos homens a divina mensagem.
MESTRE DOS MESTRES - utilizou-se da cátedra da natureza,
entre árvores acolhedoras e barcos rudes, disseminando as primeiras lições do
Evangelho Renovador.
MAJESTADE CELESTE - conviveu com infelizes e desalentados
da sorte.
PRÍNCIPE DO BEM - não desdenhou as vítimas do mal, amparando
mulheres desventuradas e sentando-se à mesa de pecadores envilecidos.
INSTRUTOR DE ENTIDADES ANGÉLICAS - andou com a multidão
de leprosos, estropiados e cegos de todos os matizes.
ADMINISTRADOR DA TERRA - ensinou o respeito a César,
consagrando a ordem e santificação à hierarquia.
BENFEITOR DAS CRIATURAS - recebeu a calúnia, o ridículo,
a ironia, o desprezo público, a prisão dolorosa e o inquérito descabido.
AMIGO FIEL - viu-se sozinho, no extremo testemunho.
JUIZ INCORRUPTÍVEL - não reclamou contra os falsos
julgamentos de sua obra.
ADVOGADO DO MUNDO - acolheu a cruz injuriosa.
MINISTRO DIVINO DA PALAVRA - adotou o silêncio, ante a
ignorância de seus perseguidores.
DONO DO PODER - rogou perdão para os próprios algozes.
MÉDICO SUBLIME - suportou chagas sanguinolentas.
JARDINEIRO DE FLORES ETERNAS - foi coroado de espinhos
cruéis.
COMPANHEIRO GENEROSO - recebeu açoites e bofetadas.
CONDUTOR DA VIDA - aceitou o crucifixo entre ladrões.
EMISSÁRIO DO PAI - manteve-se fiel a Deus até ao fim.
MENSAGEIRO DA LUZ IMORTAL - escolheu o coração amoroso e
renovado de Madalena para espalhar na Terra as primeiras alegrias da
ressurreição.
MORDOMO DOS BENS ETERNOS - em precisando de alguém para
colaborar com os seus seguidores sinceros, busca Saulo de Tarso, o perseguidor,
e transformado no amigo incondicional.
COORDENADOR DA EVOLUÇÃO TERRESTRE – necessitando de
trabalhadores para as missões especializadas, procura os Ananias da fé, os
Estevãos do trabalho e os Barnabés anônimos da cooperação.
MISSIONÁRIO INFATIGÁVEL DA REDENÇÃO HUMANA - foi sempre e
ainda é o maior servidor dos homens de todos os tempos e civilizações da Terra.
Recordando o Mestre Divino, convertamo-nos ao seu
Evangelho de Amor, para que a sua luz nasça na manjedoura de nossos corações
pobres e humildes!
E, edificados no seu exemplo, abracemos a cruz de nossos
preciosos testemunhos, marchando ao encontro do Senhor, no iluminado Pai da
Ressurreição Eterna!
André Luiz - COLETÂNEA DO ALÉM – FCX
O QUARTO REI MAGO
...E assim, os conhecidos três reis magos: Gaspar,
Melquior e Baltazar preparam esmeradamente os seus presentes - ouro, incenso e
mirra, como sinais de realeza, divindade e humanidade atribuídos ao DIVINO
DESTINATÁRIO e dirigiram-se a Belém, guiados pela miraculosa estrela, em busca
do Menino-Deus.
Os três reis magos chegaram enfim ao seu destino,
adoraram e ofereceram os presentes ao Deus Infante e voltaram para seus países,
por outro caminho para não se encontrar novamente com o rei infanticida.
Mas, o quarto rei mago, - sim, havia um quarto rei, não
chegou a tempo de partir com seus irmãos reis.
Prosseguiu sozinho pelos caminhos acidentados, inseguros,
perigosos, levando também três grandes e preciosas pérolas como presente
sincero para o SALVADOR RECÉM-NASCIDO.
Durante a viagem foi encontrando muitos problemas pelo
caminho, que o tocou profundamente e alterou toda sua programação.
Parou primeiro, numa hospedaria onde se encontrava um
pobre homem, velho, desconhecido, muito doente e sem nenhum dinheiro.
Condoeu-se do irmão infortunado, e entregou uma das
pérolas ao hospedeiro para cobrir as despesas médicas e até a sepultura, se
fosse necessário, daquele irmão abandonado.
Seguiu sua viagem parou novamente num vale deserto ao
ouvir gritos vindos de um bosque.
Era uma jovem mulher atacada por malfeitores que queriam
violentá-la.
Negociou com os bandido, e entregou a segunda pérola aos
criminosos, comprando a liberdade da vítima que lhe beijando as mãos, fugiu
rapidamente.
A Viagem parecia não ter fim....
Ao chegar a uma cidade invadida por soldados para matança
de criancinhas, por ordem de Herodes, ficou estarrecido e deu-se pressa em
salvar os que podia. E ali, diante do pranto de uma mãe desesperada na
iminência de ver seu filhinho jogado ao fogo, entregou a terceira e última pérola
ao carrasco, salvando assim, a vida aquele inocente, cuja mãe disse-lhe
obrigada e desapareceu.
Passado o perigo, ajudou aquela pobre gente a reconstruir
o que podia, consolou mães e cuidou de feridos, reconstruiu casas....
E enfim partiu para seu destino de encontrar o Menino
Rei.
Enfim, O QUARTO REI MAGO chegou ao DIVINO ESTÁBULO em
Belém. Não havia ninguém lá. O menino Jesus não dormia lá.
O Rei, então buscou saber onde estava o menino e sobe que
o tempo havia corrido mais do que imaginara, e que o menino se transforma em
grande líder, mas estava em uma situação muito complicada.
De informação a informação chegou aos pés da cruz onde
estava o Senhor....
O rei, triste, muito triste, talvez arrependido com as
perdas, pediu perdão ao REI MAIOR por se encontrar ali de mãos vazias e
contou-lhe a história de sua salvadora caminhada.
E JESUS SORRIU por entre suor e sangue... e olhando muito
serenamente para as mãos vazias do rei, disse-lhe:
Você foi o Rei que me deu o maior presente.
A cada um dos pequeninos a quem fez um gesto de amor e
caridade foi a mim que fizeste, e fez minha mensagem se corporificar...
E o quarto Rei chorou por ter a aprovação de seu
Mestre....
Desconheço o autor
CAP II – 25/12
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP II – MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO
O NASCIMENTO DE JESUS
REZAM tradições do Mundo Espiritual que, anos atrás da
vinda de Jesus, Hilel, nascido em Babilônia, emigrou para a Palestina, a fim de
aprimorar conhecimentos em torno da Tora.
Cercado de
discípulos e famoso por haver criado um tipo de rabinismo notavelmente liberal,
concomitantemente com as lições que ensinava referia-se, em reuniões íntimas, à
próxima chegada do Senhor, para cumprimento das profecias. Em decorrência, aqui
e ali, esfervilhavam comentários sobre os novos tempos.
As conversações particulares do patriarca, aliadas aos
anseios do povo, suscitaram largos debates na vida palestinense, notadamente em
Belém, para onde se voltavam todas as esperanças, segundo o texto de Miqueia:
“e tu, Belém de
Judá, não és assim tão pequena, porque de ti sairá o Guia
de Israel, cujas origens se perdem nos dias da Eternidade”.
À vista disso, por muito tempo, antes do nascimento do
Cristo, na bela cidade de David, as mais importantes famílias faziam orações e
sacrifícios, a fim de receberem o Enviado.
Zabulon, o grande proprietário de terras, endereçava, de
semana a semana, petitórias ao Céu, suplicando fosse o Mensageiro Sublime
localizado entre os seus, a fim de oferecer-lhe lugar digno no carro da
fortuna.
Gad, o negociante de sedas, implorava a Deus viesse o
Orientador dos Séculos comungar-lhe o círculo da família, prometendo engaja-lo,
desde cedo, entre os parentes prestigiosos, em função no Templo de Jerusalém.
Rubens, o criador de camelos, exorava-as bênçãos do
Eterno, a fim de que se lhe desse a graça de acolher o Messias no próprio lar,
imaginando programas de exaltação para ele, a partir da meninice.
Jonas, o joalheiro dos joalheiros, prometia tesouros ao
Santo dos Santos, em retribuição pelo aparecimento do Salvador em sua própria
casa.
Ezequias, o rico fornecedor de cavalos, enviava petições
incessantes ao Senhor dos Exércitos, instando para que o Excelso Emissário lhe
fosse entregue no berço, de maneira a orienta-lo para a libertação política de
sua gente.
Os mais estranhos requerimentos subiam à consideração do
Todo Misericordioso.
Planeava-se o futuro do Messias, de vários modos.
Para uns, deveria ele formar entre os maiores
orientadores rabínicos de seu tempo, para outros, era certo que tomaria as
rédeas do poder, a fim de restituir a Israel a independência esperada, para
outros e outros ainda, assumiria a
autoridade da cultura e do ouro, fazendo-se invencível
comandante de legiões.
Acumulavam-se os projetos pessoais dos poderosos do mundo
para “Aquele” que chegaria na condição de Interventor Celeste...
Dizem que o Pai Supremo estudou longamente os
desencontrados apelos que lhe eram endereçados e, conquanto permitisse,
confiantemente, que José e Maria sofressem pesadas humilhações na chegada a
Belém, determinou que Jesus Cristo nascesse ao pé dos animais, num leito de
chão, desvinculado de todos os compromissos da Terra, para que a revelação da
Eterna Verdade não ficasse escravizada a ninguém.
Livro “DOUTRINA E APLICAÇÃO” – IRMÃO X – PSICOGRAFIA:
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
CANÇÃO PARA JESUS
Desejava, Jesus, ter um grande armazém de bondade
constantes, maior que todos que conheço
para entregar sem preço às criaturas de qualquer idade,
as encomendas de felicidade, sem perguntar a quem.
Eu, desejava ter um braço mágico que afagasse os doentes
sem qualquer distinção
e um lar onde coubessem todas as criancinhas para que não
sentissem solidão.
Desejava Senhor, um parque de amor com flores que
cantassem, embalando os pequeninos que se encontram no leito sem poderem sair
e uma loja de esperança para todas as mães.
Eu queria ter comigo, uma estrela em cuja luz nunca
pudesse ver os defeitos do próximo
e dispor de uma fonte cristalina de água suave e doce,
que pudesse apagar toda palavra que não fosse vida e felicidade.
Eu queria plantar um jardim de união junto de cada
moradia para que as criaturas se inspirassem no perfume da paz e da alegria.
Eu queria, Jesus, ter os teus olhos retratados nos meus a
fim de achar nos outros que me cercam, filhos de Deus e meus irmãos que devo
compreender e respeitar.
Desejava, Senhor, que a benção do Natal estivesse entre
nós, dia a dia,
e queria ter sido uma gota de orvalho na noite em que
nasceste a refletir, na pequenez de minha condição, a luz que vinha da canção
entoada nos céus:
- Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade em
tudo, agora e sempre.
Por: Meimei, Médium: Francisco Cândido Xavier
CAP III – 26/12
TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS
VIBRAÇÕES DA NOITE
BASEADO NO CAP III – HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU
PAI
O NATAL DO CRISTO
A Sabedoria da Vida situou o Natal de Jesus frente do Ano
Novo, na memória da Humanidade, como que renovando as oportunidades do amor
fraterno, diante dos nossos compromissos com o Tempo.
Projetam-se anualmente, sobre a Terra os mesmos raios
excelsos da Estrela de Belém, clareando a estrada dos corações na esteira dos
dias incessantes, convocando-nos a alma, em silêncio, à ascensão de todos os
recursos para o bem supremo.
A recordação do Mestre desperta novas vibrações no
sentimento da Cristandade.
Não mais o estábulo simples, nosso próprio espírito, em
cujo íntimo o Senhor deseja fazer mais luz...
Santas alegrias nos procuram a alma, em todos os campos
do idealismo evangélico
Natural o tom festivo das nossas manifestações de
confiança renovada, entretanto, não podemos olvidar o trabalho renovador a que
o Natal nos convida, cada ano, não obstante o pessimismo cristalizado de muitos
companheiros, que desistiram temporariamente da comunhão fraternal.
E o ensejo de novas relações, acordando raciocínios
enregelados com as notas harmoniosas do amor que o Mestre nos legou.
E a oportunidade de curar as nossas próprias fraquezas
retificando atitudes menos felizes, ou de esquecer as faltas alheias para
conosco, restabelecendo os elos da harmonia quebrada entre nós e os demais, em
obediência à lição da desculpa espontânea, quantas vezes se fizerem
necessárias.
É o passo definitivo para a descoberta de novas
sementeiras de serviço edificante, atrav6s da visita aos irmãos mais sofredores
do que nós mesmos e da aproximação com aqueles que se mostram inclinados à
cooperação no progresso, a fim de praticarmos, mais intensivamente, o princípio
do "amemo-nos uns aos outros".
Conforme a nossa atitude espiritual ante o Natal, assim
aparece o Ano Novo à nossa vida.
O aniversário de Jesus precede o natalício do Tempo.
Com o Mestre, recebemos o Dia do Amor e da Concórdia.
Com o tempo, encontramos o Dia da Fraternidade Universal.
O primeiro renova a alegria.
O segundo reforma a responsabilidade.
Comecemos oferecendo a Ele cinco minutos de pensamento e
atividade e, a breve espaço, nosso espírito se achará convertido em altar vivo
de sua infinita boa vontade para com as criaturas, nas bases da Sabedoria e do
Amor.
Não nos esqueçamos.
Se Jesus não nascer e crescer, na manjedoura de nossa
alma, em vão os Anos Novos se abrirão iluminados para nós.
Pelo Espírito Emmanuel - XAVIER, Francisco Cândido. Fonte
de Paz. Espíritos Diversos. IDE. Capítulo 12.
CAIXINHA DE BEIJOS
Certo dia um homem chegou em casa e ficou muito irritado
com sua filha de três anos.
Ela havia apanhado um rolo de papel de presente dourado e
literalmente desperdiçado fazendo um embrulho.
Porque o dinheiro andasse curto e o papel fosse muito
caro, ele não poupou recriminações para a garotinha, que ficou triste e chorou.
Naquela mesma noite, o pai descobriu num canto da sala,
no local onde a família colocara os presentes para serem distribuídos no dia de
natal, um embrulho dourado não muito bem feito.
Na manhã seguinte, logo que despertou, a menininha correu
para ele com o embrulho nas mãos, abraçou forte o seu pescoço, encheu seu rosto
de beijos e lhe entregou o presente.
Isto é pra você, paizinho!
Foi o que ela disse. Ele se sentiu muito envergonhado com
sua furiosa reação do dia anterior. Mas, logo que abriu o embrulho, voltou a
explodir. Era uma caixinha vazia.
Gritou para a filha: você não sabe que quando se dá um
presente a alguém, a gente coloca alguma coisa dentro da caixa?
A criança olhou para ele, com os olhos cheios de lágrimas
e disse: Mas, papai, a caixinha não está vazia. Eu soprei muitos beijos dentro
dela. Todos para você, papai.
O pai quase morreu de vergonha.
Abraçou a menina e suplicou que ela o perdoasse.
Dizem que o homem guardou a caixa dourada ao lado de sua
cama por anos.
Sempre que se sentia triste, chateado, deprimido, ele
tomava da caixa um beijo imaginário e recordava o amor que sua filha havia
posto ali.
Desconheço o autor
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