APASCENTA AS MINHAS OVELHAS. Jesus (João 21:17)

APASCENTA AS MINHAS OVELHAS.  Jesus (João 21:17)
"APASCENTA AS MINHAS OVELHAS" JESUS (Jo 21:17)

 TEXTOS PARA GRUPOS DO WATZAP


CAP I – 27/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP I – NÃO VIM DESTRUIR A LEI

 

NA PRESENÇA DO CRISTO

“Em verdade vos digo que o Cia e a Terra não passarão sem que tudo o que se acha na lei esteja perfeitamente cumprido, enquanto reste um único iota e um único ponto.” Jesus (Mateus, 5:18)

“O Cristo foi o Iniciador da mais pura, da mais sublime moral, da moral evangélico Cristã, que há de renovar  o mundo, aproximar os homens e torna-los irmãos; que há de brotar  de  todos  os  corações a caridade e o amor do próximo  e  estabelecer entre os humanos uma solidariedade comum; de uma perfeita moral, enfim, que há de transformar a Terra,  tornando-a morada de Espíritos superiores aos que  hoje a habitam.” (Cap. 1, item: 9)

 

A ciência dos homens vem liquidando todos os problemas, alusivos ao reconforto da Humanidade.

Observou a escravidão do homem pelo próprio homem e dignificou o trabalho, através de leis compassivas e justas. Reconheceu o martírio social da mulher que as civilizações mantinham em multimilenário regime de cativeiro e conferiu-lhe acesso às universidades e profissões.

Inventariou os desastres morais do analfabetismo e criou a grande imprensa.

Viu que a criatura humana tombava prematuramente na morte, esmagada em atividade excessiva pela própria sustentação e deu-lhe a força motriz.

Examinou o insulamento dos cegos e administrou-lhes instrução adequada.

Catalogou os delinquentes por enfermos transformou prisões em penitenciárias escolas.

Comoveu-se, diante das moléstias contagiosas, e fabricou a vacina.

Emocionou-se, perante os feridos e doentes desesperados, e inventou a anestesia.

Anotou os prejuízos da solidão e construiu máquinas poderosas que interligassem os continentes.

Analisou o desentendimento sistemático que oprimia as nações e ofereceu-lhes o livro e o telegrafo, o rádio e a televisão que as aproxima na direção de um mundo só.

Entretanto, os vencidos da angústia aglomeram-se na Terra de hoje como enxameavam na Terra de ontem...

Articulam-se todas as formas e despontam de todas as direções.

Perderam o emprego, que lhes garantia a estabilidade familiar e desorientam-se abatidos à procura de pão,

foram despejados de teto, hipotecado a solução de constringentes necessidades e vagueiam sem rumo.

Encontram-se despojados de esperança pela deserção dos afetos mais caros e abeiram-se do suicídio.

Caíram em perigosos conflitos da consciência e aguardam leve sorriso que

os reconforte. Envelheceram sacrificados pelas exigências de filhos queridos que

lhes renegaram a convivência nos dias da provação e amargam doloroso abandono. Adoeceram gravemente e viram-se transferidos da equipe doméstica para os azares da mendicância.

Transviaram-se no pretérito e renasceram, trazendo no próprio corpo os sinais aflitivos das culpas que resgatam, pedindo cooperação.

Despediram-se dos que mais amavam no frio portal do túmulo e carregam os últimos sonhos da existência cadaverizados agora no esquife do próprio peito.

Abraçaram tarefas de bondade e ternura e são mulheres supliciadas de fadiga e de pranto, conduzindo os filhinhos que alimentam à custa das próprias lágrimas.

Gemem, discretos, e surgem na forma de crianças, desprezadas, à maneira de flores que a ventania quebrou, desapiedada, no instante do amanhecer.

Para eles, os que tombaram no sofrimento moral, a ciência dos homens não dispõe de recursos.

É por isso que Jesus, ao reuni-los em multidão, no tope do monte, desfraldou a bandeira da caridade e, proclamando as bem-aventuranças eternas, no-los entregou por filhos do coração...

Companheiros da Terra, quando estendes uma palavra consoladora ou um abraço fraterno, uma gota de bálsamo ou uma concha de sopa, aliviando os que choram, estás diante deles, na presença do Cristo, com quem aprendemos que o

único remédio capaz de curar as angústias da vida nasce do amor, que derrama, sublime, da ciência de Deus.

LIVRO DA ESPERANÇA – EMMANUEL - FCX

 

 

 

 

 

VISÃO DE EURÍPEDES

Começara Eurípedes Barsanulfo, o apóstolo da mediunidade, em Sacramento, no Estado de Minas Gerais, a observar-se fora do corpo físico, em admirável desdobramento, quando, certa feita, à noite, viu a si próprio em prodigiosa volitação. Embora inquieto, como que arrastado pela vontade de alguém num torvelinho de amor, subia, subia...

Subia sempre.

Queria parar, e descer, reavendo o veículo carnal, mas não conseguia. Braços intangíveis tutelavam-lhe a sublime excursão. Respirava outro ambiente. Envergava forma leve, respirando num oceano de ar mais leve ainda... Viajou, viajou, à maneira de pássaro teleguiado, até que se reconheceu em campina verdejante. Reparava na formosa paisagem, quando não longe, avistou um homem que meditava, envolvido por doce luz.

Como que magnetizado pelo desconhecido, aproximou-se...

Houve, porém, um momento, em que estacou, trêmulo.

Algo lhe dizia no íntimo para que não avançasse mais...

E num deslumbramento de júbilo, reconheceu-se na presença do Cristo.

Baixou a cabeça, esmagado pela honra imprevista, e ficou em silêncio, sentindo-se como intruso, incapaz de voltar ou seguir adiante.

Recordou as lições do Cristianismo, os templos do mundo, as homenagens prestadas ao Senhor, na literatura e nas artes, e a mensagem d’Ele a ecoar entre os homens, no curso de quase vinte séculos...

Ofuscado pela grandeza do momento, começou a chorar...

Grossas lágrimas banhavam-lhe o rosto, quando adquiriu coragem e ergueu os olhos, humilde.

Viu, porém, que Jesus também chorava...

Traspassado de súbito sofrimento, por ver-lhe o pranto, desejou fazer algo que pudesse reconfortar o Amigo Sublime... Afagar-lhe as mãos ou estirar-se à maneira de um cão leal aos seus pés...

Mas estava como que chumbado ao solo estranho...

 Recordou, no entanto, os tormentos do Cristo, a se perpetuarem nas criaturas que até hoje, na Terra, lhe atiram incompreensão e sarcasmo...

Nessa linha de pensamento, não se conteve.

Abriu a boca e falou suplicante: - Senhor, por que choras?

O interpelado não respondeu.

Mas desejando certificar-se de que era ouvido, Eurípedes reiterou: - Choras pelos descrentes do mundo?

Enlevado, o missionário de Sacramento notou que o Cristo lhe correspondia agora ao olhar.

E, após um instante de atenção, respondeu em voz dulcíssima: - Não, meu filho, não sofro pelos descrentes aos quais devemos amor. Choro por todos os que conhecem o Evangelho, mas não o praticam...

Eurípedes não saberia descrever o que se passou então.

Como se caísse em profunda sombra, ante a dor que a resposta lhe trouxera, desceu, desceu...

E acordou no corpo de carne.

Era madrugada.

Levantou-se e não mais dormiu.

E desde aquele dia, sem comunicar a ninguém a divina revelação que lhe vibrava na consciência, entregou-se aos necessitados e aos doentes, sem repouso sequer de um dia, servindo até a morte.

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER E WALDO VIEIRA - A VIDA ESCREVE - PELO ESPÍRITO HILÁRIO SILVA


CAP II – 28/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP II – MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO

 

NA CONSTRUÇÃO DO FUTURO

“Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo...” Jesus (João, 18: 36)

 

“Todo cristão, pois, firmemente crê na vida futura, mas a ideia que muitos fazem dela é ainda vaga, incompleta e por Isso mesmo, falsa em diversos pontos. Para grande número, de pessoas, não, há, a tal respeito, mais de que uma crença, balda de certeza absoluta, donde as dúvidas e mesma a incredulidade, O Espiritismo veio completar, nesse ponto, coma em vários outros, o ensino do Cristo, fazendo-o, quando os homens já se mostram maduros bastante para apreenderem a verdade.” (Cap. 11, Item 3)

 

Esperavas pelos irmãos do caminho a fim de te entregares A construção da Terra melhor e quedas­te, muita vez, em amargoso desalento porque tardem a vir.

Observa, porém, a estrada longa da evolução, para que o entendimento te pacifique.

Milhares deles são corações de pensamento verde que te rogam apoio e outros muitos seguem trilha adiante, inibidos por névoas interiores que desconhecem.

Repara os que se renderam às lágrimas excessivas.

Choraram tanto que turvaram os olhos não mais divisando os companheiros infinitamente mais desditosos a lhes suplicarem auxílio nas vascas da aflição.

Contempla os que passam vaidosos sem saberem utilizar, construtivamente, os favores da fortuna. Habituaram-se tanto às enganosas vantagens da moeda abundante que perderam o senso íntimo.

Enumera os que se embriagam de poder transitório.

Abusaram tanto da autoridade que caíram na exaltação da paranoia sem darem conta disso.

Relaciona os que asseveram amar, transformando a afetividade no egoísmo envolvente.

Apaixonaram-se tanto por criaturas e coisas, cultivando exigências que deliram positivamente sem perceber.

Anota os que avançam, hipnotizados pelas dignidades que receberam do mundo.

Fascinaram-se tanto pelas honras exteriores que olvidaram os semelhantes a quem lhes compete o dever de servir.

Nenhum deles atrasou por maldade. Foram vítimas da ilusão que frequentemente, se agiganta qual imenso nevoeiro na periferia da vida, mas regressarão depois à verdade triunfante para atenderem is tarefas que realizas.

Para todos eles que ainda não conseguiram chegar à grande renovação é compreensível o adiamento do trabalho a fazer.

Entretanto, nada nos justificaria desânimo ou deserção na Obra do Cristo, porque embora estejamos consideravelmente distantes da sublimação necessária, transportamos conosco o raciocínio lúcido e libertado no sustento da fé.

LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel) – FCX

 

 

O LAR DAS CRIANÇAS

Amigos espirituais diversos, estávamos a postos. E os companheiros encarnados iam chegando.

Seriam discutidos os estatutos para a fundação do lar de crianças, junto a grande organização espírita.

Mesa-redonda.

Cada qual poderia expender francamente seus pontos de vista. Desabafo. Franqueza. Antes, porém, o cafezinho. E, ao cafezinho, Augusto Franco, conselheiro da casa e dos mais experientes, argumentava:

- Se Deus não se compadece da Humanidade, estaremos perdidos.

O campo social é manicômio sem portas.

Todos brincam de viver.

Há por toda parte soberano desprezo ao trabalho, e o vício e a criminalidade vão crescendo.

Abusos no cinema.

Preguiça delituosa.

Todas as bebidas liberadas.

Maconha.

Máquinas e empregados para todos os misteres.

Residências superluxuosas.

Festas inoportunas.

Há domicílios com bilhares, bar interno, cinema próprio, salões de baile e piscinas, quando temos milhares de companheiros a quem falta o estritamente necessário.

Altas rodas passam a noite no pif-paf.

Pais e mães abandonam meninos a criaturas mercenárias que, muitas vezes, lhes administram entorpecentes para estarem, durante a noite, mais à vontade.

E, em consequência, temos a granel quadrilhas juvenis, tragédias passionais, crianças delinquentes e vagabundos inveterados.

E alongou-se a crônica verbal.

O ponderado orientador da casa, tantas vezes esteio firme da instituição, registrou com acerto todos os desacertos do mundo.

A pequena assembleia ouvia, ouvia...

Nisso, porém, o horário avançou além do tempo previsto.

- E a nossa reunião? _ perguntou Franco, percebendo que retardara.

Os companheiros, todavia, pareciam desenxabidos... Todos monossilábicos.

- Creio seja melhor adiar... - disse Cunha, o presidente da casa.

E Leivas, o tesoureiro, aderiu, aprovando com a cabeça.

- Outro dia...- acrescentou D. Ricardina, a secretária.

E todos os demais, à uma, pronunciaram a palavra "depois".

Franco, porém, não concordou.

Sentia-se culpado e pedia escusas. Exigia que o perdoassem pela comprida conversação, mas vivia espantado com os desastres morais.

Não houve outro recurso senão atendê-lo.

O prestimoso conselheiro instava com tanta humildade que Felício Cunha buscou a papelada e, como de outras vezes, pronunciou a prece de abertura, rogando a inspiração de Jesus.

Foram iniciados os estudos para o lançamento da obra, e, porque todos os amigos gaguejassem, como se estivessem receosos de expor o pensamento, Cunha foi claro.

- Augusto - falou, corajoso -, creio que todos nós, sem prévia combinação, preferiríamos o entendimento para outra hora, a fim de não contrariarmos a você mesmo.

- Ora essa! Como assim?

E Cunha, abrindo um relatório:

- Você é o autor da maior parte de nossos planos.

Veja bem.

Você quer uma casa complexa. Esperamo-la simples.

Você quer um monumento. Aspiramos a um lar.

Você pede a construção de trinta e dois aposentos. Pretendemos apenas quinze, e olhe lá que vão abrigar muitas crianças.

Você solicita um salão de festas. Não queremos qualquer ruído inútil.

Você reclama empregados pagos. Não tencionamos remunerar cooperador algum.

Você julga que as crianças devem ser mantidas sem trabalho. Consideramos que todas devem estudar e servir, segundo a vocação e a capacidade delas, fazendo-se úteis o mais cedo possível.

Você espera um parque de brincar, adornado com uma fonte luminosa. Nós tememos semelhante aquisição, que viria favorecer a irresponsabilidade infantil.

Você planeja a compra de noventa globos e dez lustres para luzes elétricas. Estamos satisfeitos com quarenta lâmpadas simples.

Você propõe a compra de muitos metros quadrados de ladrilhos brancos e azuis. Não contamos com material dessa espécie, crendo que os ladrilhos singelos nada deixam a desejar.

Você indica várias peças de mármore. Escolhemos apenas cimento.

Você diz que precisaremos de quarenta colchões de mola. Teremos colchões vulgares.

Você especifica um número exagerado de pias e banheiros, tapetes e móveis. Sonhamos uma casa confortável, sem ser suntuosa, simples sem ser miserável, onde as crianças não sejam bibelôs para os nossos caprichos e, sim, nossos próprios filhos.

E como suspiramos por nossos filhos libertos dos prejuízos morais que vergastam a Terra, admitimos seja nosso dever não enganar a nós próprios, abraçando a realidade sem os perigos da fantasia, porque realmente, meu caro, o futuro vem aí...

Augusto Franco, apanhado de surpresa, mastigou em seco, tossiu, pigarreou e disse desapontado:

- É... é ..., de fato vocês têm razão ...

E depois de um instante em silêncio, como se estivesse falando para dentro de si: - Meu Deus, é muita coisa sobrando! ...

Lima, contudo, o vice-presidente da casa, pediu que fosse adiado o debate geral do assunto, e Cunha, com aquiescência de todos, orou, calmo, encerrando a reunião.

 

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER E WALDO VIEIRA - A VIDA ESCREVE - PELO ESPÍRITO HILÁRIO SILVA


CAP III – 29/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP III – HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI

 

NO REINO EM CONSTRUÇÃO

“Na casa de meu Pai há muitas moradas; se assim não fosse, já eu vo­lo feria dito, pois me vou para vos preparar o lugar.” Jesus (João, 14: 2)

“Entretanto, nem todos os Espíritos que encarnam na Terra vão para aí em expiação”. (Cap. 111, Item 14)

 

Escutaste o pessimismo que se esmera em procurar as deficiências da Humanidade, como quem se demora deliberadamente nas arestas agressivas do mármore de obra prima inacabada e costumas dizer que a Terra está perdida.

Observa, porém, as multidões que se esforçam silenciosamente pela santificação do porvir.

Compulsaste as folhas da imprensa, lendo a história do autor de homicídio lamentável e sob a extrema revolta, trouxeste ao labirinto das opiniões contraditórias a tua própria versão do acontecimento, asseverando que estamos todos no teatro do crime.

Recorda, contudo, os milhões de pais e mães, tocados de abnegação e heroísmo, que abraçam todos os sacrifícios no lar para que a delinquência desapareça.

Conheceis jovens que se transviaram na leviandade, desvairando-se em golpes de selvageria e loucura e, examinando acremente determinados sucessos que devem estar catalogados na patologia da mente, admites que a juventude moderna se encontra em adiantado processo de desagregação do caráter.

Relaciona, todavia, os milhões de rapazes e meninas, debruçados sobre livros e máquinas, através do labor e do estudo, em muitas circunstâncias imolando o próprio corpo à fadiga precoce, para integrarem dignamente a legião do progresso.

Sabes que há companheiros habituados aos prazeres noturnos e, ao vê-los comprando o próprio desgaste a prego de ouro, acreditas que toda a comunidade humana jaz entregue à demência e ao desperdício.

Reflete, entretanto, nos milhões de cérebros e braços que atravessam a noite, no recinto das fábricas e junto aos linotipos em hospitais e escritórios, nas atividades da limpeza e da vigilância, de modo a que a produção e a cultura, a saúde e a tranquilidade do povo sejam asseguradas.

Marcaste o homem afortunado que enrijeceu mãos e bolsos, na sovinice, e esposas a convicção de que todas as pessoas abastadas são modelos completos; de avareza e crueldade.

Considera, no entanto, os milhões de tarefeiros do serviço e da beneficência, que diariamente colocam o dinheiro em circulação, a fim de que os homens conheçam a honra de trabalhar e a alegria de viver. Não condenes a Terra pelo desequilíbrio de alguns.

Medita, em todos os que se encontram suando e sofrendo, lutando e amando, no levantamento do futuro melhor, e reconhecerás que o Divino Construtor do Reino de Deus no mundo está esperando também por ti.

LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel) – FCX

 

 

MORADAS

Havia em uma fazenda onde os trabalhadores viviam tristes e isolados. 

Os trabalhadores estendiam suas roupas surradas no varal e alimentavam seus magros cães com o pouco que sobrava das refeições. 

Todos que viviam ali, trabalhavam na roça de Sinhôzinho, um homem rico e poderoso, que, dono de muitas terras, exigia que todos trabalhassem duro e pagava pouco. 

Um dia chegou ali um novo empregado.

Era um jovem agricultor em busca de trabalho. 

Recebeu como todos, uma velha casa, onde iria morar enquanto trabalhasse ali. 

O jovem vendo aquela casa suja e largada, resolveu dar-lhe vida nova. 

Pegou uma parte de suas economias, foi até a cidade e comprou algumas latas de tinta. 

Chegando em casa, em suas horas vagas, cuidou da limpeza, pintou as paredes com cores alegres e brilhantes, colocou flores nos vasos, e fez um lindo jardinzinho.

Aquela casa limpa e arrumada, chamava a atenção de todos que passavam. 

O jovem sempre alegre, trabalhava feliz na fazenda.

Os outros trabalhadores lhe perguntavam:  - "Como você consegue trabalhar feliz e sempre cantando, com o pouco dinheiro que ganhamos?". 

O jovem olhou para os amigos e disse:  -"Bem, este trabalho, hoje, é tudo que tenho. Ao invés de blasfemar e reclamar, prefiro agradecer por ele. Quando aceitei este trabalho sabia de suas limitações.  Não é justo que agora que estou aqui, fique reclamando. Eu aceitei e farei com o maior capricho e amor aquilo que aceitei fazer. 

Os outros olharam admirados.

Como ele pode pensar assim? 

Afinal, acreditavam ser vítimas das circunstâncias, abandonados pelo destino. 

O entusiasmo do rapaz em pouco tempo chamou a atenção de Sinhôzinho, que passou a observar à distância os passos dele.

Um dia Sinhôzinho pensou:- Alguém que cuida com tanto carinho da casa que emprestei, cuidará também com o mesmo capricho da minha fazenda. Ele é o único aqui que pensa como eu. Estou velho e preciso de alguém que me ajude na administração da fazenda. 

Sinhôzinho foi até a casa do rapaz, e após tomar um café fresco, ofereceu ao jovem um emprego de administrador da fazenda. 

O rapaz prontamente aceitou.

Seus amigos agricultores foram perguntar-lhe:  -"O que faz com que algumas pessoas sejam bem sucedidas e outras não? 

E ouviram com atenção a resposta:  - Existe no homem a capacidade de comprometer-se e realizar.  A moradia de cada um é sua responsabilidade e reflete seu estado de espírito.

 

Há moradia de pedra e moradia de carne. Comprometer-se com melhorias e realiza-las é elevar-se a planos mais altos a cada esforço e realização.

Desconheço o autor.


CAP IV – 30/11

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP IV – NINGUÉM PODERÁ VER O REINO DE DEUS SE NÃO NASCER DE NOVO

 

EVOLUÇÃO E APRIMORAMENTO

“Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade, digo-te: Ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo.”

Jesus (João, 3: 3)

“A reencarnação é a volta da alma ou Espírito à vida corpórea, mas em outro corpo especialmente formado para ele e que nada tem de comum com o antigo.” (Cap. IV, Item 4)

 

Decididamente, em nome da Eterna Sabedoria, o homem é o senhor da evolução na Terra.

Todos os elementos se lhe sujeitam à discrição.

Todos os reinos do planeta rendem-lhe vassalagem.

Montanhas ciclópicas sofrem-lhe a carga de explosivos, transfigurando-se em matéria-prima destinada à edificação de cidades prestigiosas.

Minérios por ele arrancados às entranhas do globo, suportam-lhe os fornos incandescentes, a fim de lhe garantirem utilidade e conforto.

Rios e fontes obedecem-lhe as determinações, transferindo-se de leito, com vistas à fertilização da gleba sedenta.

Florestas atendem-lhe a derrubada, favorecendo o progresso.

Animais, ainda mesmo aqueles de mais pujança e volume, obedecem­lhe as ordens, quedando­se integralmente domesticados.

A eletricidade e o magnetismo plasma-lhe os desejos.

E o próprio átomo, síntese de força cósmica, descerra-lhe os segredos, aceitando-lhe as rédeas.

Mas não é só no domínio dos recursos materiais que o homem governa, soberano.

Ele pesquisa as reações populares e comanda a política; investiga os fenômenos da natureza e levanta a ciência; estuda as manifestações do pensamento e cria a instrução; especializa o trabalho e faz a indústria; relaciona as imposições do comércio e controla a economia.

Claramente, nós, os espíritos em aperfeiçoamento, no aperfeiçoamento terrestre, conseguimos alterar ou manobrar as energias e os seres inferiores do orbe a que transitoriamente, nos ajustamos, e do qual nos é possível catalogar os impróprios da luz infinita, estuantes no Universo.

À face disso, não obstante sustentados pelo Apoio Divino, nas lides educativas que nos são necessárias, o aprimoramento moral corre por nossa conta.

O professor ensina, mas o aluno deve realizar-se.

Os espíritos superiores nos amparam. e esclarecem, no entanto, é disposição da Lei que cada consciência responda pelo próprio destino.

Meditemos nisso, valorizando as oportunidades em nossas mãos.

Por muito alta que seja a quota de trabalho corretivo que tragas dos compromissos assumidos em outras reencarnações, possuis determinadas sobras de tempo — do tempo que é patrimônio igual para todos —, e com o tempo de que dispões, basta usares sabiamente a vontade, que tanta vez manejamos para agravar nossas dores, a fim de te consagrares ao serviço do bem e ao estudo iluminativo, quando quiseres, como quiseres, onde quiseres e quanto quiseres, melhorando-te sempre.

LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel) – FCX

 

 

A ESCOLA DAS ALMAS

Congregados, em torno do Cristo, os domésticos de Simão ouviram a voz suave e persuasiva do Mestre, comentando os sagrados textos.

Quando a palavra divina terminou a formosa preleção, a sogra de Pedro indagou, inquieta:

   Senhor, afinal de contas, que vem a ser a nossa vida no lar?

Contemplou-a Ele, significativamente, demonstrando a expectativa de mais amplos esclarecimentos, e a matrona acrescentou:

— Iniciamos a tarefa entre flores para encontrarmos depois pesada colheita de espinhos. No começo é a promessa de paz e compreensão; entretanto, logo após, surgem pedras e dissabores...

Reparando que a senhora galileia se sensibilizara até à s lágrimas, deu-se pressa Jesus em responder:

— O lar é a escola das almas, o templo onde a sabedoria divina nos habilita, pouco a pouco, ao grande entendimento da Humanidade.

E, sorrindo, perguntou:

   Que fazes inicialmente à s lentilha, antes de servi-las à refeição?

A interpelada respondeu, titubeante:

— Naturalmente, Senhor, cabe-me levá-las ao fogo para que se façam suficientemente cozidas. Depois, devo temperá-las, tornando-as agradáveis ao sabor.

   Pretenderias, também, porventura, servir pão cru à mesa?

— De modo algum — tornou a velha humilde — antes de entregá-lo ao consumo caseiro, compete-me guardá-lo ao calor do forno. Sem essa medida...

O Divino Amigo então considerou:

— Há também um banquete festivo, na vida celestial, onde nossos sentimentos devem servir à glória do Pai. O lar, na maioria das vezes, é o cadinho santo ou o forno preparador. O que nos parece aflição ou sofrimento dentro dele é recurso espiritual. O coração acordado para a Vontade do Senhor retira as mais luminosas bênçãos de suas lutas renovadoras, porque, somente aí, de encontro uns com os outros, examinando aspirações e tendências que não são nossas, observando defeitos alheios e suportando-os, aprendemos a desfazer as próprias imperfeições. Nunca notou a rapidez da existência de um homem? A vida carnal é idêntica à flor da erva. Pela manhã emite perfume, à noite, desaparece... O lar é um curso ligeiro para a fraternidade que desfrutaremos na vida eterna. Sofrimentos e conflitos naturais, em seu círculo, são lições.

A sogra de Simão escutou atenciosa e ponderou:

— Senhor, há criaturas, porém, que lutam e sofrem; no entanto, jamais aprendem. O Cristo pousou na interlocutora os olhos muito lúcidos e tornou a indagar:

— Que fazes das lentilhas endurecidas que não cedem à ação do fogo?

— Ah! sem dúvida, atiro-as ao monturo, porque feririam a boca do comensal descuidado e confiante.

— Ocorre o mesmo — terminou o Mestre — com a alma rebelde à s sugestões edificantes do lar. A luta comum mantém a fervura benéfica; todavia, quando chega a morte, a grande selecionadora do alimento espiritual para os celeiros de Nosso Pai, os corações que não cederam ao calor santificante, mantendo-se na mesma dureza, dentro da qual foram conduzidos ao forno bendito da carne, serão lançados fora, a fim de permanecerem, por tempo indeterminado, na condição de adubo, entre os detritos da Natureza.

JESUS NO LAR – NEIO LUCIO - FCX


CAP V – 01/12

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP V – BEM AVENTURADOS OS AFLITOS

 

O REMÉDIO JUSTO

“Bem­aventurados os que choram porque serão consolados.” Jesus (Mateus, 5:4)

“Por estas palavras: ‘Bem­aventurados os aflitos, pois que serão consolados’, Jesus aponta a compensação que hão de ter os que sofrem e a resignação que leva o padecente a bendizer do sofrimento, come prelúdio da cura.”

(Cap. V, Item 12)

 

Perguntas, muitas vezes, pela presença dos espíritos guardiões, quando tudo indica, que forças contrárias às tuas noções de segurança e conforto, comparecem, terríveis, nos caminhos terrestres.

Desastres, provações, enfermidades e flagelos inesperados arrancam-te indagações aflitivas.

Onde os amigos desencarnados que protegem as criaturas?

Como não puderam prevenir certos transes que te parecem desoladoras calamidades?

Se aspiras, no entanto, a conhecer a atitude moral dos espíritos benfeitores, diante dos padecimentos desse matiz, consulta os corações que amam verdadeiramente na Terra.

Ausculta o sentimento das mães devotadas que bendizem com lágrimas as grades do manicômio para os filhos que se desvairaram no vicio, de modo a que não se transfiram da loucura à criminalidade confessa.

Ouve os gemidos de amargura suprema dos pais amorosos que entregam os rebentos, do próprio sangue no hospital, para que lhes seja amputado esse ou aquele membro do corpo, a fim de que a moléstia corruptora, a que fizeram jus pelos erros do passado, não lhes abrevie a existência.

Escuta as esposas abnegadas, quando compelidas a concordarem chorando com os suplícios do cárcere para os companheiros queridos, evitando-se-lhes a queda, em fossas mais profundas de delinquência.

Perquire o pensamento dos filhos afetuosos, ao carregarem, esmagados de dor, os pais endividados em doenças infecto­contagiosas na direção das casas de isolamento, a fim de que não se convertam em perigo para a comunidade.

Todos eles trocam as frases de carinho e os dedos veludosos pelas palavras e pelas mãos de guardas e enfermeiros, algumas vezes desapiedados e frios, embora continuem mentalmente jungidos aos seres que mais amam, orando e trabalhando para que lhes retornem ao seio.

Quando vejas alguém submetido aos mais duros entraves, não suponhas que esse alguém permaneça no olvido por parte dos benfeitores espirituais que lhe seguem a marcha.

O amor brilha e paira sobre todas as dificuldades, à maneira do sol que paira e brilha sobre todas as nuvens.

Ao invés de revolta e desalento, oferece paz e esperança ao companheiro que chora, para que, à frente de todo mal, todo o bem prevaleça.

Isso porque onde existem almas sinceras, à procura do bem, o sofrimento é sempre oremédio justo da vida para que, junto delas, não suceda o pior.

LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel) – FCX

 

 

A SENTENÇA CRISTÃ

Um juiz cristão, rigoroso nas aplicações da lei humana, mas fiel no devotamento ao Evangelho, encontrando-se em meio duma sociedade corrompida e perversa, orou, implorando a presença de Jesus.

Tantas sentenças condenatórias devia proferir diariamente, que se lhe endurecera o coração.

Atormentado, porém, entre a confiança que consagrava ao Divino Mestre e as acusações que se acreditava compelido a formular, rogou, certa noite, ao Senhor, lhe esclarecesse o espírito angustiado.

Efetivamente, sonhou que Jesus vinha desfazer-lhe as dúvidas aflitivas.

Ajoelhou-se aos pés do Amoroso Amigo e perguntou:

— Mestre, que normas adotar perante um homicida? Não estará logicamente incurso nas penas legais?

O Cristo sorriu, de leve, e respondeu:

— Sim, o criminoso está condenado a receber remédio corretivo, por doente da alma.

O juiz considerou estranha a resposta; contudo. prosseguiu indagando:

— Como agir, ante o delinquente rude, Senhor?

— Está condenado a valer-se de nosso auxílio, através da educação pelo amor paciente e construtivo — explicou Jesus, bondoso e calmo.

— Mestre, e que corrigenda aplicar ao preguiçoso?

— Está condenado a manejar a enxada ou a picareta, conquistando o pão com o suor do rosto.

— Que farei da mulher pervertida? — interrogou o jurista, surpreso.

— Está condenada a beneficiar-se de nosso amparo fraterno, a fim de que se reerga para a elevação do trabalho e para a dignidade humana.

— Senhor, como julgar o ignorante?

— Está condenado aos bons livros.

— E o fanático?

— Está condenado a ser ouvido e interpretado com tolerância e caridade, até que aprenda a libertar a própria alma.

— Mestre, e que diretrizes adotar, ante um ladrão?

— Está condenado à oficina e à escola, sob vigilância benéfica.

— E se o ladrão é um assassino?

— Está condenado ao hospício, onde se lhe cure a mente envenenada.

O magistrado passou a meditar gravemente e lembrou-se de que deveria modificar todas as peças do tribunal, substituindo a discriminação de castigos diversos por remédio, serviço, fraternidade e educação.

Todavia, não se sentindo bem com a própria consciência, endereçou ao Senhor suplicante olhar, e perguntou, depois de longos instantes:

— Mestre, e de mim mesmo, que farei?

Jesus sorriu, ainda uma vez, e disse, sereno:

— O cristão está condenado a compreender e ajudar, amar e perdoar, educar e construir, distribuir tarefas edificantes e bênçãos de luz renovadora, onde estiver.

Nesse momento, o juiz acordou em lágrimas e, de posse da sublime lição que recebera, reconheceu que, dali em diante, seria outro homem.

ALVORADA CRISTÃ - Francisco Cândido Xavier DITADO PELO ESPÍRITO NEIO LÚCIO


CAP VI – 02/12

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP VI - O CRISTO CONSOLADOR

 

CRISTÃOS SEM CRISTO

“Vinde a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados que eu vos aliviarei.” Jesus (Mateus, 11: 28)

“Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das cousas, fazendo que o homem saiba donde vem para onde vai e porque está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus, consola pela fé e pela esperança”. (Cap. VI, Item 4)

 

Reverencia o Divino Mestre, com todas as forças da alma, entretanto, não menosprezes honrá-lo na pessoa dos semelhantes.

Guarda-lhe as memórias entre flores de carinho, mas estende os braços aos que clamam por ele, entre os espinhos da aflição.

Esculpe-lhe as reminiscências nas obras-primas da estatutária, sem qualquer intuito de idolatria, satisfazendo aos ideais de perfeição que a beleza te arranca aos sonhos de arte, no entanto, socorre, pensando nele, aos que passam diante de ti, retalhados pelo cinzel oculto do sofrimento.

Imagina-lhe o semblante aureolado de amor, ao fixa-lo nas telas em que se te corporifiquem os anseios de luz, mas suaviza o infortúnio dos que esperam por ele, nos quadros vivos da angústia humana.

Proclama-lhe a glória invencível no verbo eloquente, mas deixa que a sinceridade e a brandura te brilhem na boca, serenando, em seu nome, os corações atormentados que duvidam e se perturbam entre as sombras da Terra.

Grava-lhe os ensinamentos inesquecíveis, movimentando a pena que te configura as luminosas inspirações, no entanto, assinala as diretrizes dele com, a energia renovadora dos teus próprios exemplos.

Dedica-lhe os cânticos de fidelidade e louvor que te nascem da gratidão, mas ouve os apelos dos que jazem detidos nas trevas, suplicando-lhe liberdade e esperança.

Busca-lhe a presença, no culto da prece, rogando-lhe apoio e consolação, no entanto, oferece-lhe mãos operosas no auxílio aos que varam o escuro labirinto da agonia moral, para os quais essa ou aquela ninharia de tuas facilidades constitui novo estímulo à paciência.

Através de numerosas reencarnações, temos sido cristãos sem Cristo. Conquistadores, não nos pejávamos de implorar-lhe patrocínio aos excessos do furto.

Latifundiários cruéis, não nos envergonhávamos de solicitar-lhe maior número de escravos que nos atendessem ao despotismo, em clamorosos sistemas de servidão.

Piratas, dobrávamos insensatamente os joelhos para agradecer-lhe a presa fácil.

Guerreiros, impetrávamos dele, em absoluta insanidade, nos inspirasse o melhor modo de oprimir.

Agora que a Doutrina Espírita no-lo revela, por mentor claro e direto da alma, ensinando-nos a responsabilidade de viver, é imperioso saibamos dignifica-lo na própria consciência, acima de demonstrações exteriores, procurando refleti-lo em nós mesmos.

Entretanto, para, que isso aconteça, é preciso, antes de tudo, matricular o raciocínio na escola da caridade, que será sempre a mestra sublime do coração.

LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel) – FCX

 

 

A TRILOGIA BENDITA

Em tempos remotos, o Senhor vinha ao mundo frequentes vezes entender-se com as criaturas.

Certa vez, encontrou um homem irado e mau, que outra coisa não fazia senão atormentar os semelhantes.

Perseguia, feria e matava sem piedade.

Quando esse espírito selvagem viu o Senhor, aproximou-se atraído pela luz d’Ele, a chorar de arrependimento.

O Cristo, bondoso, dirigiu-lhe a palavra:

— Meu filho, porque te entregaste assim à perversidade? Não temes a justiça do Pai? Não acreditas no Celeste Poder? A vida exige fraternidade e compreensão.

O malfeitor, que se mantinha prisioneiro da ignorância, respondeu em lágrimas:

— Senhor, de hoje em diante serei um homem bom.

Alguns anos passaram e Jesus voltou ao mesmo sítio.

Lembrou-se do infeliz a quem havia aconselhado e buscou-o.

Depois de certa procura, foi achá-lo oculto numa choça, extremamente abatido.

Interpelado quanto à causa de tão lamentável transformação, o mísero respondeu:

— Ai de mim, Senhor! Depois que passei a ser bom, ninguém me respeitou! Fiz-me escárnio da rua... Tenho usado a compaixão e a generosidade, segundo me ensinaste, mas em troca recebo apenas o ridículo, a pedrada e a dilaceração...

O Mestre, porém, abençoou-o e falou.

— O teu lucro na eternidade não será pequeno com o sacrifício. Entretanto, não basta reter a bondade. É necessário saber distribuí-la. Para bem ajudar, é preciso discernir. Realmente é possível auxiliar a todos. Contudo, se a muita gente devemos ternura fraterna, a numerosos companheiros de jornada devemos esclarecimento enérgico. Estimularemos os bons a serem melhores e cooperaremos, a benefício dos maus, para que se retifiquem. Nunca observaste o pomicultor? Algumas árvores recebem dele irrigação e adubo; outras, no entanto, sofrerão a poda, a fim de serem convenientemente amparadas.

O Senhor retirou-se e o aprendiz retomou luta para conquistar o conhecimento.

Peregrinou através de muitos livros, observou demoradamente os quadros da vida e recebeu a palma da ciência.

Os anos correram apressados, quando o Cristo regressou e procurou-o, novamente.

Dessa vez, encontrou-o no leito, enfermo e sem forças. Replicando ao Divino Amigo, explicou-se:

— Ai de mim, Senhor! Fui bom e recebi injustiças, entesourei a ciência e minhas dificuldades cresceram de vulto. Aprendi a amar e desejar em sã consciência, a idealizar com o plano superior, mas vejo a ingratidão e a discórdia, a dureza e a indiferença com mais clareza. Sei aquilo que muita gente ignora e, por isto mesmo, a vida tornou-se-me um fardo insuportável...

O Mestre, porém, sorriu e considerou:

- A tua preparação para a felicidade ainda não se acha completa. Agora, é preciso ser forte. Acreditas que a árvore respeitável conseguiria viver e produzir, caso não soubesse tolerar a tempestade? A firmeza interior, diante das experiências da vida, conferir-te -á o equilíbrio indispensável. Aprende a dizer adeus a tudo o que te prejudica na caminhada em direção da luz divina e distribuirás a bondade, sem preocupações de recompensa, guardando o conhecimento sem surpresas amargas. Sê inquebrantável em tua fé e segue adiante!

O aprendiz reergueu-se e nunca mais experimentou a desarmonia, compreendendo, enfim, que a bondade, o conhecimento e a fortaleza são a trilogia bendita da felicidade e da paz.

ALVORADA CRISTÃ - Francisco Cândido Xavier DITADO PELO ESPÍRITO NEIO LÚCIO


CAP VII – 03/12

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA.  PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP VII – BEM AVENTURADOS OS POBRES DE ESPÍRITO

 

SUPERCULTURA

 

“Graças te rendo, ó Pai, senhor dos Céus e da Terra, que por haveres ocultado estas cousas aos doutos e aos prudentes e por as teres revelado aos simples e pequeninos!” Jesus (Mateus, 11: 25)

 

“Homens, por que vos queixais das calamidades que vós mesmos amontoastes sobre as vossas cabeças? Desprezastes a santa e divina moral do Cristo; não vos espanteis, pois, de que a taça da iniquidade haja transbordado de todos os lados.” (Cap. VII, Item 12)

 

Alfabetizar e instruir sempre.

Sem escola, a Humanidade se embaraçaria na selva, no entanto, é imperioso lembrar que as maiores calamidades da guerra procedem dos louros da inteligência sem educação espiritual.

A intelectualidade requintada entretece lauréis à civilização, mas, por si só, não conseguiu, até hoje, frear o poder das trevas.

A supercultura, monumentalizou cidades imponentes e estabeleceu os engenhos que as arrasam. Levantou embarcações que se alteiam como sendo palácios flutuantes e criou o torpedo que as põe a pique. Estruturou asas metálicas poderosas que, em tempo breve, transportam o homem, através de todos os continentes e aprumou o bombardeiro que lhe destrói a casa.

Articulou máquinas que patrocinam o bem-estar no reduto doméstico e não impede a obsessão que, comumente, decorre do ócio demasiado.

Organizou hospitais eficientes e, de quando a quando, lhes superlota, as mínimas dependências com os mutilados e feridos, enfileirados por ela própria, nas lutas de extermínio.

Alçou a cirurgia às inesperadas culminâncias e aprimorou as técnicas do aborto.

E, ainda agora, realiza incursões a pleno espaço, nos alvores da Astronáutica, e examina do alto os processos mais seguros de efetuar aniquilamentos em massa pelo foguete balístico.

Iluminemos o raciocínio sem descurar o sentimento.

Burilemos o sentimento sem desprezar o raciocínio.

O Espiritismo, restaurando o Cristianismo, é universidade da alma.

Nesse sentido, vale recordar que Jesus, o Mestre por excelência, nos ensinou, acima de tudo, a viver construindo para o bem e para a verdade, como a dizer-nos que a chama da cabeça não derrama, a luz da felicidade sem o óleo do coração.

 

LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel) - FCX

 

 

O CRISTÃO QUE VOLTOU

Conta-se que certo cristão de recuados tempos, após reconhecer a grandeza do Evangelho, tomou-se de profunda ansiedade pela completa integração com o Senhor.

Ouvia, seguidos de paz celeste, as preleções dos missionários da Revelação Divina e, embora tropeçasse nos caminhos

ásperos da Terra, permanecia em perene contemplação do Céu, repetindo: - Jamais serei como os outros homens, arruinados e falidos na fé!

Oh! Meu Salvador, suspiro pela eterna união contigo!

De fato, conquanto não guardasse o fingimento do fariseu, em pronunciando semelhantes palavras, fixava as lutas e fraquezas do próximo, com indisfarsável horror.

Assombravam-no os conflitos humanos e as experiências alheias repercutiam-lhe na alma angustiosamente.

Não seria razoável refuriar-se na oração e aguardar o encontro divino?

Figurava-se-lhe o mundo velho campo lodoso, ao qual era indispensável fugir.

Concentrado em si mesmo, adotou o isolamento como norma a seguir no trato com os semelhantes.

Desligado de todos os interesses do trabalho humano, vivia em prece contínua, na expectativa de absoluta identificação com o Mestre.

Se alguma pessoa lhe dirigia a palavra, respondia receoso, utilizando monossílabos apressados.

Pesados tributos de sofrimento exigia a vida de bocas levianas e insensatas e, por isso, temia oferecer opiniões e pareceres.

Nas assembleias de oração, quase nunca era visto em companhia de outrem.

Desviara-se de tudo e de todos na sua sede de Jesus Cristo.

À noite, sonhava com a sublime união e, durante o dia, consagrava-se a longos exercícios espirituais, absorvidos na preparação do dia glorioso.

Nem por isso, contudo, a vida deixada de acenar-lhe ao espírito, convidando-lhe o coração ao esforço ativo.

No lar, no templo, na via pública, o mundo chamava-o a pronunciamento em setores diversos.

Entretanto, mantinha-se inflexível.

Detestava as uniões terrestres, desdenhava os laços afetivos que unem os seres e, zombava de todas as realizações planetárias e punha toda a sua esperança na rápida integração com o Salvador.

Se encontrava companheiros cogitando de serviços políticos, recordava os tiranos e os exploradores da confiança pública, asseverando que semelhantes atividades constituíam um crime.

À frente de obrigações administrativas, afirmava que a secura e a dureza caracterizam a atitude dos que dirigem as obras terrenas e, perante os servidores leais em ação, classificava-os à conta de bajuladores e escravos inúteis. Examinando a arte e a beleza, desfazia-se em acusações gratuitas, definindo-as por elemento de exaltação condenável da carne transitória e, observando-a ciência, menoscabava-lhe as edificações.

Unir-se-ia a Jesus, - ponderava sempre – e jamais entraria em acordo com a existência no mundo.

Se companheiros abnegados lhe pediam colaboração em serviços terrestres, perguntava: Para quê?

E acrescentava: - Os felizes são bastante endurecidos para se aproveitarem de meu concurso, e os infelizes bastante desesperados, merecendo, por isso mesmo, a purificação pela dor. Não perturbarei meu trabalho, seguirei ao encontro de meu Senhor.

E de tal modo viveu apaixonado pela glória do encontro celeste que se retirou, um dia, do corpo, pela influência da morte, revestido de pureza singular.

Na leveza das almas tranquilas, subiu, orgulhoso de sua vitória, para ter com o Senhor e com Ele identificar-se para sempre.

No esforço de ascensão, passou por velhos desiludidos, mães atormentadas, pois sofredores, jovens sem rumo e espíritos informados de toda sorte...

Não lhes deu atenção, todavia.

Suspirava por Cristo, pretendia-lhe a convivência para a eternidade.

Peregrinou dias e noites, procurando ansiosamente, até que, em dado instante, lhe surgiu aos olhos maravilhados um palácio deslumbrante.

Luzes sublimes banhavam-no todo e, lá dentro harmonias celestes se fazem ouvir em deliciosa surdina.

O crente ajoelhou-se e chorou de júbilo intenso.

Palpita-lhe descompassado o coração amante. Ia, enfim, concretizar o longo sonho.

Contudo, antes que se dispusesse a bater junto à portaria resplandecente, apareceu-lhe um anjo, diante do qual se prosterna, extasiado e feliz.

Quis falar, mas não pôde. A emoção embargava-lhe a voz., todavia, o mensageiro afagou-lhe a fronte e exclamou compassivo: - Jesus compadeceu-se de ti e mandou-me ao teu encontro.

Estamos no Reino do Senhor? – inquiriu, afinal, o crente venturoso.

Sim, respondeu o emissário angélico, - temos à frente o início de vasta região bem-aventurada do Reino.

Posso entrar? – indagou o cristão contente.

O anjo fixou nele o olhar melancólico e informou. - Ainda não meu amigo.

E ante o interlocutor, profundamente decepcionado, continuou: - Realizaste a fiel adoração do Mestre, mas não executaste o trabalho do Pai.

Teu coração em verdade palpitou pelo Cristo, entretanto, Jesus não se enfeita de admiradores apaixonados como as árvores que se adornam de orquídeas. Não pede cortejadores para a sua glória e sim espera que todos os seus aprendizes sejam também glorificados. Por isso, em sua passagem pela Terra nunca se afirmou proprietário do mundo ou doador das bênçãos. Antes, atendeu a todos os sublimes deveres do serviço comum e convidou os homens a cumprir os superiores desígnios do nosso Eterno Pai. Não deixou os discípulos diretos, aos quais chamou amigos, na qualidade de flores ornamentais de sua doutrina e sim na categoria de sal da Terra destinado à glorificação do gosto de viver.

Estabelecera-se longa pausa que o mísero desencarnado não ousou interromper.

O mensageiro, porém, acariciando-o, com bondade, observou ainda:

Volta, meu amigo, e completa a realização espiritual! Não procures Jesus como admirador apaixonado, mas inútil... Torna ao plano terrestre, luta, chora, sofre e ajuda no círculo dos outros homens! A dor conferir-te-á dons divinos, o trabalho abrir-te-á portas benditas de elevação, a experiência encher-te-á o caminho de infinita luz e a cooperação entregar-te-á tesouros de valor imortal! Não necessitarás, então, procurar o Senhor, como quem busca um ídolo, porque o Senhor te procurará como amigo fiel! Volta e não temas!

Nesse momento, algo aconteceu de inesperado e doloroso. Desapareceram o palácio, o anjo e a paisagem de luz... Estranha escuridão pesou no ambiente e, quando o pobre desencarnado tornou a sentir o beijo da luz nos olhos lacrimosos, encontrava-se, no mesmo lar modesto de onde havia saído, ansioso agora por retomar o trabalho da realização divina noutra forma carnal.

 

Livro “Coletânea do Além” Psicografia de Chico Xavier – Autores Diversos

 


CAP VIII – 04/12

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP VIII – BEM AVENTURADOS OS QUE TEM O CORAÇÃO PURO

 

COMPANHEIROS MUDOS

“Deixai vir a mim os pequeninos” Jesus (Marcos, 1O: 14)

“O Espírito, pois, enverga, temporariamente, a túnica da inocência e, assim, Jesus está com a verdade, quando, sem embargo da anterioridade da alma, toma a criança por símbolo da pureza e da simplicidade.” (Cap. VIII, Item 4)

 

Com excelentes razões, mobilizas os talentos da palavra, a cada instante, permutando impressões com os outros.

Selecionas os melhores conceitos para os ouvidos de assembleias atentas.

Aconselhas o bem, plasmando terminologia adequada para a exaltação da virtude.

Estudas filologia e gramática, no culto à linguagem nobre.

Encontras a frase exata, no momento certo, em que externas determinado ponto de vista.

Sabes manejar o apontamento edificante, em família.

Lecionas disciplinas diversas.

Debates problemas sociais.

Analisas os sucessos diários.

Questionas serviços públicos.

Indiscutivelmente, o verbo é luz da vida, de que o próprio Jesus se valeu para legar-nos o Evangelho Renovador.

Entretanto, nesta nota simples, vimos rogar-te apoio e consolação para aqueles companheiros a quem a nossa destreza vocabular consegue servir em sentido direto.

Comparecem, às centenas; aqui e ali...

Jazem famintos e não comentam a carência de pão.

Amargam dolorosa nudez e não reclamam contra o frio.

Experimentam agoniadas depressões morais, sem pedirem qualquer reconforto à ideia religiosa.

Sofrem prolongados suplícios orgânicos, incapazes de recorrer voluntariamente ao amparo da medicina.

Pensa, neles e, de coração enternecido, quanto puderes, oferece-lhes algo de teu amor, através da peça de roupa ou da xícara de leite, do poço medicamentosa ou do minuto de atenção e carinho, porque esses companheiros mudos e expectantes e padecentes que não podem falar.

 

LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel) - FCX

 

 

O CAMINHO DO REINO

Na tosca residência de Arão, o curtidor, dizia Jesus a Zacarias, dono de extensos vinhedos em Jericó: - O Reino de Deus será, por fim, a vitória do bem, no domínio dos homens!... O Sol cobrirá o mundo por manto de alegria luminosa, guardando a paz triunfante. Os filhos de todos os povos andarão vinculados uns aos outros, através do apoio mútuo. As guerras terão desaparecido, arredadas da memória, quais pesadelos que o dia relega aos princípios da noite!... Ninguém se lembrará de exigir o supérfluo e nem se esquecerá de prover os semelhantes do necessário, quando o necessário se lhes faça preciso. A seara de um lavrador produzirá o bastante para o lavrador que não conseguiu as oportunidades da sementeira e o teto de um irmão erguer-se-á igualmente como refúgio do peregrino sequioso de afeto, sem que a ideia do mal lhes visite a cabeça... A viuvez e a orfandade nunca mais derramarão sequer ligeira lágrima de sofrimento, porquanto a morte nada mais será que antecâmara da união no amor perpétuo que clareia o sem-fim. Os enfermos, por mais aparentemente desvalidos, acharão leito repousante, e as moléstias do corpo deixarão de ser monstros que espreitam a moradia terrestre, para significarem simplesmente notícias breves das leis naturais no arcabouço das formas. O trabalho não será motivo de cativeiro e sim privilégio sagrado da inteligência. A felicidade e o poder não marcarão o lugar dos que retenham ouro e púrpura, mas o coração daqueles que mais se empenham no doce contentamento de entender e servir. O lar não se erigirá em cadinho de provação, porque brilhará incessantemente por ninho de bênçãos, em cujo aconchego palpitarão as almas felizes que se encontram para bendizer a confiança e a ternura sem mácula. O homem sentir-se-á responsável pela tranquilidade comum, nos moldes da reta consciência, transfigurando a ação edificante em norma de cada dia; a mulher será respeitada, na condição de mãe e companheira, a que devemos, originariamente, todas as esperanças e regozijos que desabrocham na Terra, e as crianças serão consideradas por depósitos de Deus!... A dor de alguém será repartida, qual transitória sombra entre todos, tanto quanto o júbilo de alguém se espalhará, na senda de todos, recordando a beleza do clarão estelar... A inveja e o egoísmo não mais subsistirão, visto que ninguém desejará para os outros aquilo que não aguarda em favor de si mesmo! Fontes deslizarão entre jardins, e frutos substanciosos penderão nas estradas, oferecendo-se à fome do viajor, sem pedir-lhe nada mais que uma prece de gratidão à bondade do Pai, de vez que todas as criaturas alentarão consigo o anseio de construir o Céu na Terra que o todo misericordioso lhes entregou!...

Deteve-se Jesus contemplando a turba que o aplaudia, frenética, minutos depois da sua entrada em Jerusalém para as celebrações da Páscoa, e, notando que os israelitas se diferençavam entre si, a revelarem particularidades das regiões diversas de que procediam acentuou:

- Quando atingirmos, coletivamente, o Reino dos Céus, ninguém mais nascerá sob qualquer sinal de separação ou discórdia, porque a Humanidade se regerá pelos ideais e interesses de um mundo só!...

Enlevado, Zacarias fitou-o com ansiosa expectação e ponderou com respeito:

- Senhor, vim de Jericó para o culto às tradições de nossos antepassados; todavia, acima de tudo, aspirava a encontrar-te e ouvir-te... Envelheci, arando a gleba e sonhando com a paz!...

Tenho vivido nos princípios de Moisés; no entanto, do fundo de minha alma, quero chegar ao Reino de Deus do qual te fazes mensageiro nos tempos novos!... Mestre! Mestre!... Para buscar-te percorri a trilha de minha estância até aqui, passo a passo... De vila em vila, de casa em casa, um caminho existe, claro, determinado... Qual é, porém, Senhor, o Caminho para o Reino de Deus?

- A estrada para o Reino de Deus é uma longa subida... – começou Jesus, explicando.

Eis, contudo, que filas de manifestantes penetraram o recinto, interrompendo-lhe a frase e arrebatando-o à praça fronteiriça, recoberta de flores.

Zacarias, em êxtase, demandou o sítio de parentes, no vale de Hinom, demorando-se por dois dias em comentários entusiastas, ao redor das promessas e ensinos do Cristo, mas, de retorno à cidade, não surpreende outro quadro que não seja a multidão desvairada e agressiva...

Não mais a glorificação, não mais a festa. Diante do ajuntamento, o Mestre, em pessoa, não mais querido.

Aqueles mesmos que o haviam honorificado em cânticos de louvor apupavam-no agora com requintes de injúria.

O velho de Jericó, translúcido de espanto, viu que o Amado Amigo, cambaleante e suarento, arrastava a cruz dos malfeitores...

Ansiou abraçá-lo e esgueirou-se, dificilmente, suportando empuxões e zombarias do populacho... Rente ao madeiro, notou que um grupo de mulheres chorosas abrigava o Mestre a parada imprevista e, antecedendo-se-lhes à palavra, ajoelhou-se diante dele e clamou: - Senhor!... Senhor!...

Jesus retirou do lenho a destra ferida, afagou-lhe, por instantes, os cabelos que o tempo alvejara, lembrando o linho quando a estriga descansa junto da roca, e falou, humilde: - Sim, Zacarias, os que quiserem alcançar o Reino de Deus subirão ladeira escabrosa...

Em seguida, denotou a atenção de quem escutava os insultos que lhe eram endereçados...

Finda a pausa ligeira, apontou para o amigo, com um gesto, a poeira e o pedregulho que se avantajavam à frente e, como a recordar-lhe a pergunta que deixara sem resposta, afirmou com voz firme:

- Para a conquista do Reino de Deus, este é o caminho...

 

LIVRO: CARTAS E CRÔNICAS – IRMÃO X - FCX

 


CAP IX – 05/12

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP IX – BEM AVENTURADOS OS MANSOS E PACÍFICOS

 

 

AMENIDADE

 

“Bem-aventurados os mansos porque eles herdarão a Terra.” Jesus (Mateus, 5: 5)

“A benevolência para com aos seus semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que lhe são as formas de manifestar­se.” (Cap. 9, Item 6)

 

Surgem, sim, as ocasiões em que todas as forças da alma se fazem tensas, semelhando cargas de explosivos, prestes a serem detonadas pelo gatilho da boca...

Momentos de reação, diante do mal, em que a fagulha da mágoa, assoma do íntimo, aviventada pelo sopro do desespero.

Entretanto, mesmo que a indignação se te afigure justificada, reflete para falar.

A palavra não foi criada para converter-se em raio da morte.

Imagina-te no lugar do interlocutor.

Se houve deficiência no concurso de outrem, recorda os acontecimentos em que o erro impensado te marcou a presença; se algum companheiro falhou involuntariamente na obrigação, pensa nas horas difíceis em que não pudeste guardar felicidade ao dever.

Em qualquer obstáculo, pondera que a cólera é bomba de rastilho curto, comprometendo a estabilidade e a elevação da vida onde estoura.

Indiscutivelmente, o verbo foi estabelecido para que nos utilizemos dele.

O silêncio é o guardião da serenidade, todavia, nem sempre consegue toma-lhe as funções.

Isso, porém, não nos induz a transfigurar a cabeça num vulcão em movimento, arremessando lavas de azedume e inquietação.

Conquanto se nos imponha dias de franqueza e esclarecimento, é possível equacionar, harmoniosamente, os mais intrincados problemas sem adicionar o fogo da violência às parcelas da lógica.

Dominemo-nos para que possamos controlar circunstâncias, chefiemos as nossas emoções, alinhando-as na estrada do equilíbrio e do discernimento, de modo a que nossa frase não resvale na intemperança.

Guardar o silêncio, quando preciso, mas falar sempre que necessário a desfazer enganos e a limpar raciocínios, entendendo, porém, que Jesus não nos confiou a verdade para transformá-la numa pedra sobre o crânio alheio e sim num clarão que oriente aos outros e alumie a nós.

 

LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel) - FCX

 

 

O SERVO FELIZ

 

Certo dia, chegaram ao Céu um Marechal, um Filósofo, um Político e um Lavrador.

Um Emissário Divino recebeu-os, em elevada esfera, a fim de ouvi-los.

O Marechal aproximou-se, reverente e falou:

— Mensageiro do Comando Supremo, venho da Terra distante. Conquistei muitas medalhas de mérito, venci numerosos inimigos, recebi várias homenagens em monumentos que me honram o nome.

— Que deseja em troca de seus grandes serviços? — indagou o Enviado.

— Quero entrar no Céu.

— Por enquanto, não pode receber a dádiva. Soldados e adversários, mulheres e crianças chamam-no insistentemente da Terra. Verifique o que alegam de sua passagem pelo mundo e volte mais tarde.

O Filósofo acercou-se do preposto divino e ...

— Anjo do Criador Eterno, venho do acanhado círculo dos homens. Dei às criaturas muita matéria de pensamento. Fui laureado por academias diversas. Meu retrato figura na galeria dos dicionários terrestres.

— Que pretende pelo que fez? — perguntou o Emissário.

— Quero entrar no Céu.

— Por agora, porém — respondeu o mensageiro sem titubear —, não lhe cabe a concessão. Muitas mentes estão trabalhando com as ideias que você deixou no mundo e reclamam-lhe a presença, de modo a saberem separar-lhe os caprichos pessoais da inspiração sublime. Regresse ao velho posto, solucione seus problemas e torne oportunamente.

O Político tomou a palavra e acentuou:

— Ministro do Todo-Poderoso, fui administrador dos interesses públicos. Assinei várias leis que influenciaram meu tempo. Meu nome figura em muitos documentos oficiais.

— Que pede em compensação? — perguntou o Missionário do Alto.

— Quero entrar no Céu.

— Por enquanto, não pode ser atendido. O povo mantém opiniões divergentes a seu respeito. Inúmeras pessoas pronunciam-lhe o nome com amargura e esses clamores chegam até aqui. Retorne ao seu gabinete, atenda às questões que lhe interessam a paz Íntima e volte depois.

Aproximou-se, então, o Lavrador e falou, humilde:

— Mensageiro de Nosso Pai, fui cultivador da terra... plantei o milho, o arroz, a batata e o feijão. Ninguém me conhece, mas eu tive a glória de conhecer as bênçãos de Deus e recebê-las, nos raios do Sol, na chuva benfeitora, no chão abençoado, nas sementes, nas flores, nos frutos, no amor e na ternura de meus filhinhos...

O Anjo sorriu e disse:

— Que prêmio deseja?

— Se Nosso Pai permitir, desejaria voltar ao campo e continuar trabalhando. Tenho saudades da contemplação dos milagres de cada dia... A luz surgindo no firmamento em horas certas, a flor desabrochando por si mesma, o pão a multiplicar-se!... Se puder, plantarei o solo novamente para ver a grandeza divina a revelar-se no grão, transformado em dadivosa espiga... Não aspiro a outra felicidade senão a de prosseguir aprendendo, semeando, louvando e servindo!...

O Mensageiro Espiritual abraçou-o e exclamou, chorando igualmente, de júbilo:

— Venha comigo! O Senhor deseja vê-lo e ouvi-lo, porque diante do Trono Celestial apenas comparece quem procura trabalhar e servir sem recompensa.

 

ALVORADA CRISTÃ - Francisco Cândido Xavier - DITADO PELO ESPÍRITO NEIO LÚCIO


CAP X – 06/12

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP X – BEM AVENTURADOS OS MISERICORDIOSOS

 

DONATIVO DA ALMA

 

“Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.” Jesus (Mateus, 5:7)

 

“A misericórdia é o complemento da brandura, porquanto aquele que não for misericordioso não poderá ser brando e pacifico.” (cap. 1O, Item 4)

 

Reflete nas provações alheias e auxilia incessantemente.

Louvado para sempre o trabalho honesto com que te dispões a minorar as dificuldades dos semelhantes, ensinando­lhes a encontrar a felicidade, através do esforço digno.

Bendita a moeda que deixas escorregar nas mãos fatigadas que se constrangem a implorar o socorro público.

Inesquecível a operação da beneficência, com a qual te desfazes de recursos diversos para que não haja penúria na vizinhança.

Abençoado o dia de serviço gratuito que prestas no amparo aos companheiros menos felizes.

Enaltecido o devotamento que empregas na instrução aos viajores do mundo, que ainda se debatem nos labirintos da ignorância.

Glorificado o conselho fraterno com que te decides a mostrar o melhor caminho.

Santo o remédio com que alivias a dor.

Inolvidáveis todos os investimentos que realizes no Instituto Universal da Providência Divina, quando entregas a beneficio dos outros o concurso financeiro, a página educativa, a peça de roupa, o litro de leite, o cobertor aconchegante, o momento de consolo, o gesto de solidariedade, o prato de pão...

Não se pode esquecer que Jesus consignou por crédito sublime da alma, no Reino de Deus, o simples copo de água que se dê no mundo em seu nome.

Entretanto, mil vezes bem­aventurada seja cada hora de tua paciência diante daqueles que não te compreendam ou te esqueçam, te firam ou te achincalhem, porque a paciência, invariavelmente feita de bondade e silêncio, abnegação e esquecimento do mal, é donativo essencialmente da alma, benção da fonte divina, do amor, que jorra das nascentes do sacrifício, seja formada no suor da humildade ou no pranto oculto do coração.

 

LIVRO DA ESPERANÇA – EMMANUEL – FCX

 

 

O MENINO DE RUA

 

Cansado de ficar dentro de casa, Celso saiu para o jardim. Gostava de ficar no portão vendo a rua, o movimento dos carros e as pessoas que passavam.

Nisso, Celso viu, do outro lado da rua, um garoto de expressão tristonha, sentado no meio-fio. Ele estava sujo, malvestido e descalço. Celso sentiu pena do menino, que teria mais ou menos a sua idade: oito anos.

Abriu o portão, atravessou a rua e foi até onde ele estava. Aproximando-se, perguntou:

— Olá! Posso sentar-me aqui com você?

O garoto levantou a cabeça para ver quem estava falando e estranhou ver um menino do seu tamanho. Ergueu os ombros, como se dissesse: Sente-se. A rua é pública!

Celso sentou-se e começou a conversar:

— Por que está tão triste?          

— Por que quer saber? — respondeu o desconhecido com outra pergunta.

E Celso estendeu o braço e apontou com o dedo:

— Está vendo aquela casa ali? É onde moro. Estava olhando a rua e vi você tão triste que não pude deixar de vir aqui. O que aconteceu?

O garoto respirou fundo e contou:

— É uma longa história. Minha mãe morreu e meu pai me abandonou. Desesperado, ele saiu pelo mundo e não sei onde está. Fui mandado para a casa de uma tia, mas passei tanta fome, sofri tantos maus-tratos, que não aguentei mais e fugi. Agora, não tenho para onde ir e fico na rua. Quando tenho fome, peço em alguma casa. Para dormir, escondo-me em algum canto, embaixo de alguma ponte ou alguma casa abandonada.

Celso estava penalizado. Nunca pensou que existissem crianças como ele sofrendo tanto!

— Não saia daí. Vou até minha casa e volto já! — disse ao garoto.

Ele fez um sanduíche, pegou um copo de leite com café e retornou para junto do menino, entregando-lhe.

Os olhos do garoto brilharam ao ver o lanche. Devorou tudo e depois agradeceu:

— Obrigado. Estava mesmo com fome! Mas, nem sei como se chama!

— Celso. E você? — e estendeu a mão ao outro, que a apertou.

— Meu nome é Luisinho! Você é legal, Celso!

Os dois puseram-se a conversar. Após algum tempo, estavam tão amigos que Celso desejava poder ajudar Luisinho. Então, pediu que ele esperasse e retornou para sua casa.

Celso tinha visto seu pai entrar em casa, após o trabalho. Então, chegando-se a ele, pediu:

— Papai, gostaria que conhecesse um amigo meu. Venha comigo!

O pai, mesmo cansado, concordou e acompanhou o filho. Então, Celso mostrou-lhe:

— Veja, papai! Aquele garoto ali, do outro lado da rua, precisa de ajuda!

O pai olhou o garoto sentado no meio-fio e reagiu, surpreendido:

— Mas, meu filho! Ele é um menino de rua!...

Celso, com os olhos úmidos, virou-se para o pai, considerando:

— Papai, outro dia mesmo o senhor falava de Jesus, e disse que devemos amar a todas as pessoas, porque são nossas irmãs, lembra-se?

— Você tem razão, filho. Porém, não sabemos quem é esse menino! Ele pode ter maus hábitos, pode até estar acostumado a roubar!... Como confiar em alguém que não se conhece? — respondeu o pai, abalado pelo argumento do filho.

O garoto pensou um pouco, depois voltou a ponderar:

— Papai, mas se os bons não amparam os maus, como podemos exercitar a fraternidade?

O pai, vencido pelo novo argumento do filho, emocionado pela sua grandeza de alma, abraçou-o e concordou:

— Tem razão, meu filho. Se nos consideramos cristãos, temos que agir como Jesus nos ensinou.

Atravessaram a rua e o pai de Celso conversou um pouco com Luisinho, depois o convidou:

— Luís, queremos que venha para nossa casa.

— Senhor, eu agradeço sua bondade. Mas não me conhece, nem sabe quem eu sou! — respondeu o menino, sem poder acreditar no que estava ouvindo.

Diante daquelas palavras, o pai de Celso respondeu comovido:

— Não preciso conhecê-lo para saber que é um bom menino. Ficará conosco pelo tempo que quiser. Irá à escola com Celso e terá a vida de todo garoto da sua idade. Se algum dia, você tiver notícias de seu pai e quiser ficar com ele, terá toda liberdade. Farei o que puder para ajudá-los.

Atravessaram a rua e, antes de entrar pelo portão, feliz, mas ainda indeciso, Luisinho quis saber:

— Senhor, e a mãe de Celso? Ela vai concordar?

— Tenho certeza que sim. Não se preocupe.

Entraram em casa e o pai explicou a situação à sua esposa. Ao ver o novo hóspede, ela sorriu, abraçando-o. Depois, pediu que Celso pegasse algumas roupas para Luís poder tomar banho, enquanto ela terminava de preparar o jantar.

Limpo, bem vestido e calçando tênis novos, meia-hora depois Luisinho apareceu com Celso na sala, onde a refeição seria servida. Todos estavam contentes. O pai disse ao novo morador: — Em nome de Jesus, seja bem-vindo à nossa casa!

MEIMEI

(Recebida por Célia Xavier de Camargo, Rolândia-PR, em 19/03/2012.)

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CAP XI – 07/12

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XI – AMAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO

 

PSICOLOGIA DA CARIDADE

 

“Fazei aos homens tudo o que queirais que eles vos foram, pois é nisto que consistem a lei e os profetas.” Jesus (Mateus, 7: 12)

 

“Amar ao próximo como a si mesmo, fazer pelos outros o que quereríamos que os outros fizessem por nós” é a expressão mais completa da caridade resume todos os deveres do homem para com o próximo.

(Cap. X1, Item 4)

 

Provavelmente, não existe em nenhum tópico da literatura mundial figura mais expressiva que a do samaritano generoso, apresentada por Jesus para definir a psicologia da caridade.

Esbarrando com a vítima de malfeitores anônimos, semimorta na estrada, passaram dois religiosos, pessoas das mais indicadas para o trato da beneficência, mas seguiram de largo, receando complicações.

Entretanto, o samaritano que viajava, vê o infeliz e sente-se tocado de compaixão.

Não sabe quem é.

Ignora-lhe a procedência.

Não se restringe, porém, à emotividade.

Para e atende.

Balsamiza-lhe as feridas que sangram, coloca-o sobre o cavalo e o conduz a uma hospedaria, sem os cálculos que o comodismo costuma tragar em nome da prudência.

Não se limita, no entanto, a despejar o necessitado, em porta alheia.

Entra com ele na vivenda e dispensa-lhe cuidados especiais.

No dia imediato, ao partir, não se mostra indiferente.

Paga-lhe as contas, abona-o qual se lhe fora um familiar e compromete-se a resgatar-lhe os compromissos posteriores, sem exigir­he o menor sinal de identidade e sem fixar­ lhe tributos de gratidão.

Ao despedir-se, não prende o beneficiado em nenhuma recomendação e, no abrigo de que se afasta, não estadeia demagogia de palavras ou atitudes, para atrair influência pessoal.

No exercício do bem, ofereceu o coração e as mãos, o tempo e o trabalho, o dinheiro e a responsabilidade.

Deu de si o que podia por si, sem nada pedir ou perguntar.

Sentiu e agiu, auxiliou e passou.

Sempre que interessados em aprender a praticar a misericórdia e a caridade, rememoremos o ensinamento do Cristo e façamos nós o mesmo.

 

LIVRO DA ESPERANÇA – EMMANUEL - FCX

 

 

O PALAVRÃO

Dois irmãos estavam brincando no quintal, quando se desentenderam. Caio, de três anos, achava que somente ele poderia aproveitar e andar de bicicleta. Felipe, de nove anos, queria brincar também, porém o irmãozinho não deixava. Perdendo a paciência, Felipe gritou:

— Você é... é... Não dá pra brincar com você! É incompreensivo mesmo!... Chega! Não vou mais brincar com você!...

Caio, que não entendera aquela palavra, começou a chorar, gritando para a mãe, que estava na cozinha:

— Mamãe!... Mamãe!... O Felipe está me xingando!...

E Caio chorava tanto que a mãe saiu da cozinha, correndo para o quintal onde eles estavam. Querendo saber o que tinha acontecido perguntou a Felipe, que achara graça de o irmão pensar que ele dissera um palavrão, deu uma gargalhada, virando-se para a mãe:

— Mãe, não aconteceu nada! Caio acha que eu disse um palavrão! — E caiu novamente na risada.

— E não disse? — indagou a mãe, surpresa.

— Claro que não!... Eu disse que o Caio é incompreensivo! Ele não entendeu e não gostou!

 Por isso está chorando.

A mãe conteve o riso para não deixar o caçula mais nervoso ainda, depois explicou pegando-o no colo:

— Caio, querido, o que seu irmão lhe disse não é um palavrão. É uma palavra grande, porém quer dizer que você não entendeu o que ele explicou. Só isso!

— Não!... — gritou o pequeno, irritado — Eu entendi sim! Ele queria me xingar!... Também não brinco mais com ele!

Felipe aproximou-se do irmão, abraçou-o e tentou conversar com Caio, que escondeu o rosto no colo da mãe, para não ver o irmão.

Então, Felipe se afastou indo cuidar de seus deveres escolares. Algum tempo depois, fechado no quarto, ele fazia suas tarefas quando alguém bateu na porta. Ele foi abrir e viu o pequeno Caio que queria entrar.

— O que deseja Caio? Não vou brincar. Estou fazendo deveres da escola.

— Ah! O que é isso? — indagou o pequeno.

— Tenho tarefas para fazer, e se não fizer, terei notas ruins.

— Por quê?

— Porque a professora vai achar que eu não sei fazer tarefas e me dará nota baixa. Só isso!

— Ah!... Se é só isso, quer dizer que você pode brincar comigo e...

Felipe olhou para Caio, que parecia arrependido de ter brigado com ele, e disse:

— Caio, agora não posso. Vá brincar com seu cãozinho, com seus brinquedos, com seus amiguinhos. Eu não posso brincar agora!...

O pequeno baixou a cabeça, triste, quase chorando. Felipe, vendo o estado dele, sentiu pena e, abaixando-se, consolou o irmãozinho:

— Caio, meu irmão, não estou bravo com você. Apenas tenho coisas mais importantes para fazer e não posso brincar agora. Entendeu?                           

O pequeno balançou a cabeça mostrando que entendera e saiu do quarto muito triste. A mãe, que limpava a sala, vendo Caio chateado, indagou o que tinha acontecido, ao que o pequeno respondeu:

— É que Felipe não pode brincar comigo. Você pode brincar, mamãe?

A mãe pegou-o no colo, e explicou que ela não podia brincar agora porque estava muito ocupada com as tarefas de casa, mas que assim que terminasse brincaria com ele.

— Ninguém pode brincar comigo!... — reclamou Caio olhando para o chão.

A mãe, com pena dele, olhou em torno e convidou-o para ajudá-la no serviço de limpeza, afirmando que depois ela brincaria com ele:

— Se você me ajudar, logo terminaremos!

Caio aceitou e, muito sério, pegou uma vassoura e pôs-se a varrer o chão. Nisso, seu cãozinho entrou na sala e latiu, puxando-lhe a barra das calças, mas o garotinho olhou sério para o cachorrinho dizendo:

— Totó, eu não posso brincar agora! Estou ocupado com trabalho muito importante! Quando acabar, vou brincar com você.  

E, com carinha séria, sentindo-se valorizado, tomou da vassoura e pôs-se a varrer dizendo:

 — Eu também tenho tarefas, não é, mamãe?

— Claro, meu filho! Você é pequeno, mas varre muito bem. Parabéns!... Logo poderá fazer outras tarefas mais importantes. Viu como você está crescendo?!

E de vassoura na mão, Caio sentia-se muito melhor e valorizado. Quando o pai chegou do trabalho, viu o seu filho caçula varrendo a entrada da casa e o convidou:

— Caio, quer brincar um pouco com o papai?

Muito sério, ele levantou a cabeça, olhou firme para o pai e respondeu:

— Papai, agora eu não posso. Estou trabalhando. Quando acabar meu serviço, aí nós poderemos brincar, está bem? 

MEIMEI (Recebida por Célia X. de Camargo, em 31/10/2016.)


CAP XII – 08/12

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XII – AMAI OS VOSSOS INIMIGOS

 

COMPAIXÃO E SOCORRO

 

“Amai, pois, a vossos inimigos.” Jesus (Lucas, 6:35)

 

“Se o amor do próximo constitui a principio da caridade, amar aos inimigos é a mais sublime aplicação desse principio, porquanto a posse de tal virtude representa uma das maiores vitórias alcançadas contra o egoísmo e o orgulho.”

(Cap. 12, Item 3)

 

Não apenas os nossos adversários costumam cair.

É preciso entender que as situações constrangedoras não aparecem unicamente diante daqueles que não nos comungam os ideais, cujas deficiências, por isso mesmo, estamos naturalmente inclinados a procurar e reconhecer.

As criaturas que mais amamos também erram, como temos errado e adquirem compromissos indesejáveis, como tantas vezes, temos nós abraçado problemas difíceis de resolver.

E todos eles, os irmãos que resvalam na estrada, decerto pedem palavras que os esclareçam e braços que os levantem.

Tanto quanto nós, na travessia das trevas interiores, quando as trevas interiores nos tomam de assalto, reclamam compaixão e socorro, ao invés de espancamento e censura.

Ainda assim, compaixão e socorro não significam aplauso e conivência para com as ilusões de que devemos desvencilhar -nos.

Em verdade, exortou-nos Jesus a deixar conjugados, o trigo e o joio, na gleba da experiência, de vez que a Divina sabedoria separará um do outro, no dia da ceifa, mas não nos recomendou sustentar reunidos a planta útil e a praga que a destrói.

A vista disso, a compaixão e o socorro expressam-se no cultivador, através da bondade vigilante, com que libertará o vegetal proveitoso da larva que o carcome.

O papel da compaixão é compreender.

A função do socorro é restaurar.

Mas se a compaixão acalenta o mal reconhecido, a título de ternura, converte-se em anestesia da consciência e se o socorro suprime o remédio necessário ao doente, a pretexto de resguardar-lhe o conforto, transforma-se na irresponsabilidade fantasiada de carinho, apressando-lhe a morte.

Reconhecendo, pois, que todos somos suscetíveis de queda, saibamos estender incessantemente compaixão e socorro, onde estivermos, sem escárnio para com as nossas feridas e sem louvor para com as nossas fraquezas, agindo por irmãos afetuosos e compassivos mas sinceros e leais uns dos outros, a fim de continuarmos, todos juntos, na construção do Bem Eterno, trabalhando e servindo, cada qual de nós, em seu próprio lugar.

 

LIVRO DA ESPERANÇA – EMMANUEL - FCX

 

 

O MINISTRO SÁBIO

Mateus discorria, solene, sobre a missão dos que dirigem a massa popular, especificando deveres dos administradores e dificuldades dos servos.

A conversação avançava pela noite adentro, quando Jesus, notando que os aprendizes lhe esperavam a palavra amiga, narrou, sorridente:

— Um reino existia, em cuja intimidade apareceu um grande partido de adversários do soberano que o governava. Pouco a pouco, o espírito de rebeldia cresceu em certas famílias revoltadas e, a breves semanas, toda uma província em desespero se ergueu contra o monarca, entravando-lhe as ações.

Naturalmente preocupado, o rei convidou um hábil juiz para os encargos de primeiro ministro do país, desejoso de apagar a discórdia; mas o juiz começou a criar quantidade enorme de leis e documentos escritos, que não chegaram a operar a mínima alteração.

Desiludido, o imperante substituiu-o por um doutrinador famoso.

O tribuno, porém, conduzido à elevada posição, desfez-se em discursos veementes e preciosos que não modificaram a perturbação reinante.

Continuavam os inimigos internos solapando o prestígio nacional, quando o soberano pediu o socorro de um sacerdote que, situado em tão nobre posto, amaldiçoou de imediato, os elementos contrários ao rei, piorando o problema.

Desencantado, o monarca trouxe um médico à direção dos negócios gerais, mas tão logo se viu em palácio, partilhando as honras públicas, o novo ministro afirmou, para conquistar o favor régio, que o partido de adversários da Coroa se constituía de doentes mentais, e fez disso propaganda tão ruinosa que a indisciplina se tornou mais audaciosa e a revolta mais desesperada.

Pressentindo o trono em perigo, o soberano substituiu o médico por um general célebre, que tomou providência drástica, arregimentando forças armadas nas regiões fiéis e mobilizando-as contra os irmã os insubmissos.

Estabeleceu-se a guerra civil.

E quando a morte começou a ceifar vidas inúmeras, inclusive a do temido lidador militar que se convertera em primeiro-ministro do reino, o imperante, de alma confrangida, convidou um sábio a ocupar-se do posto então vazio.

Esse chegou à administração, meditou algum tempo e deu início a novas atividades. Não criou novas leis, não pronunciou discursos, não censurou os insurretos, não perdeu tempo em zombaria e nem estimulou qualquer cultura de vingança.

Dirigiu-se em pessoa à região conflagrada, a fim de observar-lhe as necessidades.

Reparou, aí, a existência de inúmeras criaturas sem teto, sem trabalho e sem instrução, e erigiu casas, criou oficinas, abriu estradas e improvisou escolas, incentivando o serviço e a educação, lutando, com valioso espírito de entendimento e fraternidade, contra a preguiça e a ignorância.

Não transcorreu muito tempo e todas as discórdias do reino desapareceram, porque a ação concreta do bem eliminara toda a desconfiança, toda a dureza e indecisão dos espíritos enfermiços e inconformados.

Mateus contemplava o Senhor, embevecidamente, deliciando-se com as idéias de bondade salvadora que enunciara, e Jesus, respondendo-lhe à atenção com luminoso sorriso, acrescentou para finalizar:

— O ódio pode atear muito incêndio de discórdia, no mundo, mas nenhuma teoria de salvação será realmente valiosa sem o justo benefício aos espíritos que a maldade ou a rebelião desequilibraram.

Para que o bem possa reinar entre os homens, há de ser uma realidade positiva no campo do mal, tanto quanto a luz há de surgir, pura e viva, a fim de expulsar as trevas.

JESUS NO LAR – NEIO LUCIO - FCX


CAP XIII – 09/12

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XIII – QUE A MÃO ESQUERDA NÃO SAIBA O QUE FAZ A DIREITA

 

DEVERES HUMILDES

 

“Em verdade vos digo que esta pobre viúva deu muito mais dos que, antes, puseram suas dádivas no gazofilácio.”

Jesus (Marcos, 12:43)

 

“Aliás, será só com o dinheiro que se podem secar lágrimas e dever­se­á ficar inativo, desde que se não tenha dinheiro? Todo aquele que sinceramente deseja ser útil a seus irmãos, mil ocasiões encontrarão de realizar o seu desejo.”

(Cap. 13, Item 6)

 

Abracemos, felizes, as atividades obscuras que a vida nos reserve.

Grande é o sol que sustenta os mundos e grande é a semente que nutre os homens.

Engenheiros planificam a estrada, consultando livros preciosos no gabinete e, a breve tempo, larga avenida pode surgir da selva.

Entretanto, para que a realização apareça, tarefeiros abnegados removem estorvos do solo transpiram no calçamento.

Urbanistas esboçam a planta de enorme edifício, alinhando tragos nobres, ante a mesa tranquila e é possível que arranha céu se levante, pressuroso, acolhendo com segurança numerosas pessoas.

Todavia, a fim de que a obra se erga, esfalfam-se lidadores suarentos, na garantia dos alicerces.

Técnicos avançados estruturam as máquinas que exaltam a indústria e, com elas, é provável se eleve o índice da evolução de povos inteiros.

No entanto, para que isso aconteça, é indispensável que operários valorosos exponham as próprias vidas, junto aos fornos candentes, de ferro e ago.

Negociantes de prol arregimentam os produtos da terra e por eles, conseguem formar a economia e o sustento de grandes comunidades.

Mas semelhante vitória comercial exige que anônimos semeadores chafurdem as mãos no limo da gleba.

Não perguntes “quem sou eu?”, nem digas “nada valho”.

Honremos o serviço que invariavelmente nos honra, guardando-lhe fidelidade e ofertando-lhe as nossas melhores forças, ainda mesmo quando se expresse, através de ocupação, supostamente esquecida na retaguarda.

Nos princípios que regem o Universo, todo trabalho construtivo é respeitável.

Repara esse dispositivo da Lei Divina funcionando em ti próprio.

Caminhas e pensas de cabeça içada à glória do firmamento, contudo, por ti mesmo, não avançarás para a frente, sem a humildade dos pés.

 

LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel) - FCX

 

 

A COROA E AS ASAS

 

Comentava-se, na reunião, as glórias do saber, quando o Cristo, para ilustrar a palestra, contou, despretensioso:

— Um homem amante da verdade, informando-se de que o aprimoramento intelectual conduz à divina sabedoria, atirou-se à elevação da montanha da ciência, empenhando todas as forças que possuía no decisivo cometimento.

A vereda era sombria qual obscuro labirinto; contudo, o esforçado lidador, olvidando dificuldades e perigos, avançava sempre, trocando de vestuário para melhor acomodar-se às exigências da marcha.

De tempos a tempos, lançava à margem da estrada uma túnica que se fizera estreita ou uma alpercata que se lhe afigurava inservível, procurando indumentária nova, até que, um dia, depois de muitos anos, alcançou a desejada culminância, onde um representante de Deus lhe surgiu ao encontro.

O emissário cumprimentou-o, abraçou-o e revestiu-lhe a fronte com deslumbrante coroa de luz.

Todavia, quando o vencedor do conhecimento quis prosseguir adiante, na direção do Paraíso, recomendou-lhe o mensageiro que voltasse atrás dos próprios passos, a ver o trilho percorrido e que, de sua atitude na revisão do caminho, dependeria a concessão de asas com que lhe seria possível voar ao encontro do Pai Eterno.

O interessado regressou, mas, agora, auxiliado pela fulgurante auréola de que fora investido, podia contemplar todos os ângulos da senda, antes inextricável ao seu olhar.

Não conteve o riso, diante das estranhas roupagens de que os viajadores da retaguarda se vestiam.

Aqui, notava uma túnica rota; acolá, uma sandália extravagante.

Peregrinos inúmeros se apoiavam em bordões quebradiços, enquanto outros se amparavam em capas misérrimas; entretanto, cada qual, com impertinência infantil, marchava senhor de si, como se envergasse a roupa mais valiosa do mundo.

O vencedor da ciência não suportou as impressões que o quadro lhe causava e abriu-se em frases de zombaria, reprovando acremente a ignorância de quantos seguiam em vestes ridículas ou inadequadas.

Gritou, condenou e fez apodos contundentes.

Dirigiu-se à comunidade dos viajantes com tamanha ironia que muitos renunciaram à subida, retornando à inércia da planície vasta.

Após amaldiçoar a todos, indistintamente, voltou o herói coroado ao cume do monte, na expectativa de partir sem detença ao encontro do Pai, mas o Anjo, muito triste, explicou-lhe que a roupagem dos outros, que lhe provocara tanto sarcasmo inútil, era aquela mesma de que ele se servira para elevar-se, ao tempo em que era frágil e semicego, e que as asas de luz, com que deveria erguer-se ao Trono Divino, somente lhe seriam dadas, quando edificasse o amor no imo do coração.

Faltavam-lhe piedade e entendimento; que ele voltasse demoradamente ao caminho e auxiliasse os semelhantes, sem o que jamais conseguiria equilibrar-se no Céu.

Alguns minutos de silêncio seguiram-se indevassáveis...

O Mestre, todavia, imprimindo significativa ênfase às palavras, terminou:

— Há muitas almas, na Terra, ostentando a luminosa coroa da ciência, mas de coração adormecido na impiedade, salientando-se no sarcasmo pueril e na censura indébita.

Envenenadas pela incompreensão, exigentes e cruéis, fulminam os companheiros mais fracos no entendimento ou na cultura, ao invés de estender-lhes as mãos fraternais, reconhecendo que também já foram assim, tateantes e imperfeitos...

Enquanto, porém, não se decidirem a ajudar o irmão menos esclarecido e menos afortunado, acolhendo-o no próprio espírito, com sinceridade e devotamento, não receberão as asas com que lhes será lícito partir na direção do Céu.

 

JESUS NO LAR – NEIO LUCIO - FCX

 


CAP XIV – 10/12

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XIV – HONRA TEU PAI E TUA MÃE

 

CREDORES NO LAR

 

“Honrai vosso pai e vossa mãe...” Jesus (Mateus,19:19)

 

“Honrar a seu pai e sua mãe não consiste apenas em respeitá-los; é também assisti-los na necessidade; é proporcionar-lhe repouso na velhice; é cerca-los de cuidados como eles fizeram conosco na infância.” (cap.14, Item 3)

 

No devotamento dos pais, todos os filhos são joias de luz, entretanto, para que compreendas certos antagonismos que te afligem no lar, é preciso saibas que, entre os filhos-companheiros, que te apoiam a alma, surgem os filhos credores, alcançando-te a vida, por instrutores de feição diferente.

Subtraindo-te aos choques de caráter negativo, no reencontro, preceitua a eterna bondade da Justiça Divina que a reencarnação funcione, reconduzindo-os à tua presença, através do berço.

É Por isso que, a princípio, não ombreiam contigo, em casa, como de igual para igual, porquanto reaparecem humildes e pequeninos.

Chegam frágeis e emudecidos para que lhes ensines a palavra de apaziguamento e brandura.

Não te rogam a liquidação de débitos na intimidade do gabinete, e sim procuram-te o colo para nova fase de entendimento.

Respiram-te o hálito e escoram-se em tuas mãos, instalando-se em teus passos para a transfiguração do próprio destino.

Embora desarmados, controlam-te os sentimentos.

Não obstante dependerem de ti, alteram-te as decisões com simples olhar.

De doces inspiradores do carinho, passam, com o tempo, à condição de examinadores constantes de tua estrada.

Governam-te impulsos, fiscalizam-te os gestos, observam-te as companhias e exigem-te as horas.

Aprendem novamente na escola do mundo com o teu amparo, todavia, à medida que se desenvolvem no conhecimento superior, transformam-se em inspetores intransigentes do teu grau de instrução.

Muitas vezes choras e sofres, tentando adivinhar ­lhes os pensamentos para que te percebam os testemunhos de amor.

Calas os próprios sonhos para que os sonhos deles se realizem.

Apagas­te, pouco a pouco, para que fuljam em teu lugar.

Recebes todas as dores que te impõem à alma com sorrisos nos lábios, conquanto te amarfanhem o coração.

E nunca possuis o bastante para abrilhantar-lhes a existência, de vez que tudo lhes dás de ti mesmo, sem faturas de serviço e sem notas de pagamento.

Quando te vejas, diante de filhos crescidos lúcidos, erguidos à condição de dolorosos problemas do espírito, recorda que são eles credores do passado a te pedirem o resgate de velhas contas.

Busca auxiliá-los e sustenta-los com abnegação e ternura, ainda que isso te custe todos os sacrifícios, porque, no justo instante em que a consciência te afirme tudo haveres efetuado para enriquecê-los de educação e trabalho, dignidade e alegria, terás conquistado em silêncio, o luminoso certificado de tua própria libertação.

 

LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel) - FCX

 

 

A ARMA INFALÍVEL

 

Certo dia, um homem revoltado criou um poderoso e longo pensamento de ódio, colocou-o numa carta rude e malcriada e mandou-o para o chefe da oficina de que fora despedido.

O pensamento foi vazado em forma de ameaças cruéis. E quando o diretor do serviço leu as frases ingratas que o expressava, acolheu-o, desprevenidamente, no próprio coração, e tornou-se furioso sem saber porquê.

Encontrou, quase de imediato, o sub-chefe da oficina e, a pretexto de enxergar uma pequena peça quebrada, desfechou sobre ele a bomba mental que trazia consigo.

Foi a vez do sub-chefe tornar-se neurastênico, sem dar o motivo.

Abrigou a projeção maléfica no sentimento, permaneceu amuado várias horas e, no instante do almoço, ao invés de alimentar-se, descarregou na esposa o perigoso dardo intangível.

Tão só por ver um sapato imperfeitamente engraxado, proferiu dezenas de palavras feias; sentiu-se aliviado e a mulher passou a asilar no peito a odienta vibração, em forma de cólera inexplicável.

Repentinamente transtornada pelo raio que a ferira e que, até ali, ninguém soubera remover, encaminhou-se para a empregada que se incumbia do serviço de calçados e desabafou.

Com palavras indesejáveis inoculou-lhe no coração o estilete invisível.

Agora, era uma pobre menina quem detinha o tóxico mental.

Não podendo despejá-lo nos pratos e xícaras ao alcance de suas mãos, em vista do enorme débito em dinheiro que seria compelida a aceitar, acercou-se de velho cão, dorminhoco e paciente, e transferiu-lhe o veneno imponderável, num pontapé de largas proporções.

O animal ganiu e disparou, tocado pela energia mortífera, e, para livrar-se desta, mordeu a primeira pessoa que encontrou na via pública.

Era a senhora de um proprietário vizinho que, ferida na coxa, se enfureceu instantaneamente, possuída pela força maléfica.

Em gritaria desesperada, foi conduzida a certa farmácia; entretanto, deu-se pressa em transferir ao enfermeiro que a socorria a vibração amaldiçoada.

Crivou-o de xingamentos e esbofeteou-lhe o rosto.

O rapaz muito prestativo, de calmo que era, converteu-se em fera verdadeira.

Revidou os golpes recebidos com observações ásperas e saiu, alucinado, para a residência, onde a velha e devotada mãezinha o esperava para a refeição da tarde.

Chegou e descarregou sobre ela toda a ira de que era portador.

— Estou farto! — bradou — a senhora é culpada dos aborrecimentos que me perseguem! Não suporto mais esta vida infeliz! Fuja de minha frente!...

Pronunciou nomes terríveis. Blasfemou. Gritou, colérico, qual louco.

A velhinha, porém, longe de agastar-se, tomou-lhe as mãos e disse-lhe com naturalidade e brandura:

— Venha cá, meu filho! Você está cansado e doente! Sei a extensão de seus sacrifícios por mim e reconheço que tem razão para lamentar-se. No entanto, tenhamos bom ânimo! Lembremo-nos de Jesus!... Tudo passa na Terra. Não nos esqueçamos do amor que o Mestre nos legou...

Abraçou-o, comovida, e afagou-lhe os cabelos!

O filho demorou-se a contemplar-lhe os olhos serenos e reconheceu que havia no carinho materno tanto perdão e tanto entendimento que começou a chorar, pedindo-lhe desculpas.

Houve então entre os dois uma explosão de íntimas alegrias.

Jantaram felizes e oraram em sinal de reconhecimento a Deus.

A projeção destrutiva do ódio morrera, afinal, ali, dentro do lar humilde, diante da força infalível e sublime do amor.

 

ALVORADA CRISTÃ - Francisco Cândido Xavier - DITADO PELO ESPÍRITO NEIO LÚCIO


CAP XV – 11/12

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XV – FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO

 

NAS SENDAS DO MUNDO

 

“Não ajunteis tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem e onde os ladrões minam e roubam.” Jesus (Mateus, 6: 19)

 

“Meus filhos, na sentença: ‘Fora da caridade não há salvação’, estão encerrados os destinos dos homens, na Terra e no Céu; na Terra, porque à sombra desse estandarte eles viverão em paz; no Céu, porque os que a houverem praticado, acharão graças diante do Senhor.” (Cap. 15, Item 10)

 

Deus que nos auxilia sempre nos permite possuir, para que aprendamos também a auxiliar.

Habitualmente, atraímos a riqueza e supomos detê-la para sempre, adornando-nos com as facilidades que o ouro proporciona...

Um dia, porém, nas fronteiras da morte, somos despojados de todas as posses exteriores e se algo nos fica será simplesmente a plantação das migalhas de amor que houvermos distribuído, creditadas em nosso nome pela alegria, ainda mesmo precária e momentânea, daqueles que nos fizeram a bondade de recebe-las.

Via de regra, amontoamos títulos de poder e admitimo-nos donos deles, enfeitando-nos com as vantagens que a influência prodigaliza...

Um dia, porém, nas fronteiras da morte, somos despojados de todas as primazias de convenção e se algo fica será simplesmente o saldo dos pequenos favores que houvermos articulado, mantidos em nosso nome pelo alívio, ainda mesmo insignificante e despercebido, daqueles que nos fizeram a gentileza de aceitar-nos os impulsos fraternos.

Geralmente repetimos frases santificantes, crendo-as definitivamente incorporadas ao nosso patrimônio espiritual, ornando-nos com o prestígio que a frase brilhante atribui...

Um dia, porém, nas fronteiras da morte, somos despojados de todas as ilusões e se algo nos fica será simplesmente a estreita coleção dos benefícios que houvermos feito, assinalados em nosso nome pelo conforto, ainda mesmo ligeiro e desconhecido, daqueles que nos deram oportunidade a singelos ensaios de elevação.

Serve onde estiveres e como puderes, nos moldes da consciência tranquila.

Caridade não é tão-somente a divina virtude, é também o sistema contábil do Universo, que nos permite a felicidade de auxiliar para sermos auxiliados.

Um dia, nas alfândegas da morte, toda a bagagem daquilo de que não necessites ser-te-á confiscada, entretanto, as Leis Divinas determinarão recolhas, com avultados juros de alegria, tudo o que destes do que és, do que fazes, do que sabes e do que tens, em socorro dos outros, transfigurando-te as concessões em valores eternos da alma, que te assegurarão amplos recursos aquisitivos no Plano Espiritual.

Não digas, assim, que a propriedade não existe ou que não vale dispor disso ou daquilo.

Em verdade, devemos a Deus tudo o que temos, mas possuímos o que damos.

LIVRO DA ESPERANÇA – Emmanuel - Francisco Cândido Xavier

 

 

O ENCONTRO DIVINO.

Quando o cavaleiro D´Arsonval, valoroso senhor em França, se ausentou do medievo domicílio, pela primeira vez, de armadura fulgindo ao Sol, dirigia-se à Itália para solver urgente questão política.

Eminente cristão trazia consigo um propósito central – servir ao Senhor, fielmente, para encontra-lo.

Não longe de suas portas, viu surgir, de inesperado, ulceroso mendigo a estender-lhe as mãos descarnadas e súplices.

Quem seria semelhante infeliz a vaguear sem rumo?

Preocupava-o serviço importante, em demasia, e, sem se dignar fixa-lo, atirou lhe a bolsa farta.

O nobre cavaleiro tornou ao lar e, mais tarde, menos afortunado nos negócios, deixou de novo a casa.

Demandava a Espanha, em missão de prelados amigos, aos quais se devotara.

No mesmo lugar, postava-se o infortunado pedinte, com os braços em rogativa.

O fidalgo, intrigado, revolveu grande saco de viagem e dele retirou pequeno

brilhante, arremessando-o ao triste caminheiro que parecia devora-lo com o olhar. Não se passou muito tempo e o castelão, menos feliz no círculo das finanças,

necessitou viajar para a Inglaterra, onde pretendia solucionar vários problemas, alusivos à organização doméstica.

No mesmo trato de solo, é surpreendido pelo amargurado leproso, cuja velha petição se ergue no ar.

O cavaleiro arranca do chapéu estimada jóia de subido valor e projeta-a sobre o conhecido romeiro, orgulhosamente,

Decorridos alguns meses, o patrão feudal se movimenta na direção de porto distante, em busca de precioso empréstimo, destinado à própria economia, ameaçada de colapso fatal, e, no mesmo sítio, com rigorosa precisão, é interpelado pelo mendigo, cujas mãos, em chaga abertas, se voltam ansiosas para ele.

D´Arsonval, extremamente dedicado à caridade, não hesita. Despe fino manto e entrega-o, de longe, receando-lhe o contacto.

Depois de um ano, premido por questões de imediato interesse, vai a Paris invocar o socorro de autoridades e, sem qualquer alteração, é defrontado pelo mesmo Lázaro, de feição dolorida, que lhe repete a antiga súplica.

O Castelão atira-lhe um gorro de alto preço, sem qualquer pausa no galope, em que seguia, presto.

Sucedem-se os dias e o nobre senhor, num ato de fé, abandona a respeitada residência, com séqüito festivo.

Representará os seus, junto à expedição de Godofredo de Bouillon, na cruzada com que se pretende libertar os Lugares Santos.

No mesmo ângulo da estrada, era aguardado pelo mendigo, que lhe reitera a solicitação em voz mais triste.

O ilustre viajor dá-lhe, então, rico farnel, sem oferecer-lhe a mínima atenção. E, na Palestina D´Arsonval combateu valorosamente, caindo, ferido, em poder dos adversários.

Torturado, combalido e separado de seus compatriotas, por anos a fio, padeceu miséria e vexame, ataques e humilhações, até que um dia, homem convertido em fantasma, torna ao lar que não o reconhece.

Propalada a falsa notícia de sua morte, a esposa deu-se pressa em substituí-lo, à frente da casa, e seus filhos, revoltados, soltaram cães agressivos que o dilaceraram, cruelmente, sem comiseração para com o pranto que lhe escorria dos olhos semimortos.

Procurando velhas afeições, sofreu repugnância e sarcasmo.

Interpretado, agora, à conta de louco, o ex-fidalgo, em sombrio crepúsculo, ausentou-se, em definitivo, a passos vacilantes...

Seguir para onde? O mundo era pequeno demais para conter-lhe a dor. Avançava, penosamente, quando encontrou o mendigo.

Relembrou a passada grandeza e atentou para si mesmo, qual se buscasse alguma coisa para dar.

Contemplou o infeliz pela primeira vez e, cruzando com ele o olhar angustiado, sentiu que aquele homem, chegado e sozinho, devia ser seu irmão.

Abriu os braços e caminhou para ele, tocado de simpatia, como se quisesse dar-lhe o calor do próprio sangue. Foi, então, que, recolhido no regaço do companheiro que considerava leproso, dele ouviu as sublimes palavras:

- D´Arsonval, vem a mim! Eu sou Jesus, teu amigo. Quem me procura no serviço ao próximo, mais cedo me encontra... Enquanto me buscavas à distância, eu te aguardava, aqui tão perto! Agradeço o ouro, as joias, o manto, o agasalho e o pão que me deste, mas há muitos anos te estendia os meus braços, esperando o teu próprio coração!...

O antigo cavaleiro nada mais viu senão vasta senda de luz entre a Terra e o Céu...

Mas, no outro dia, quando os semeadores regressavam às lides do campo, sob a claridade da aurora, tropeçaram no orvalhado caminho com um cadáver. D´Arsonval estava morto.

 

FONTE: LIVRO ANTOLOGIA MEDIUNICA DO NATAL – Espírito: IRMÃO X. Psicografia: Francisco Cândido Xavier


CAP XVI – 12/12

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XVI – SERVIR A DEUS E A MAMON

 

DINHEIRO, O SERVIDOR

 

“Disse-lhes o Senhor: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei.” Jesus (Mateus, 25:23)

“A pobreza é para os que a sofrem à prova da paciência e da resignação; a riqueza é, para os outros, a prova da caridade e da abnegação.” (Cap. 16; 8)

 

O dinheiro é semelhante à alavanca suscetível de ser manejada para o bem ou para o mal.

Acorrentado ao poste da avareza, produz o azinhavre da sovinice, contudo, sob a inspiração do trabalho, é o lidador fiel que assegura os frutos do milharal e as paredes da escola, a cantiga do malho e a força da usina.

Atrelado ao carro do orgulho, é o estimulante do erro, mas, na luz da fraternidade, é o obreiro da renovação incessante, enriquecendo o solo e construindo a cidade, desdobrando os fios do atendimento e garantindo os valores da educação.

Aferrolhado no cofre da ambição desvairada, é o inimigo da evolução, todavia, endereçado à cultura, é o agente do progresso, auxiliando o homem a solucionar os enigmas da enfermidade e a resolver os problemas da fome, a compreender os mecanismos da natureza e a inflamar o esplendor da civilização que analisa a terra e vasculha o firmamento.

Detido na sombra do egoísmo, é o veneno que promove a secura do sentimento, no entanto, confiado à caridade, é o amigo prestimoso que desabotoa rosas de alegria no espinheiral da provação, alimentando pequeninos desamparados e sustentando mães esquecidas, levantando almas abatidas que o Infortúnio alanceia e Iluminando lares desditosos que a necessidade escurece.

Dinheiro!

Repara o dinheiro!

Dizem que ele é o responsável pelo transeunte que a embriaguez atira à calçada, pelo delinquente escondido nas aventuras da noite, pelo irmão infeliz que anestesiou a consciência na cocaína e pela mão insensível que matou a criancinha no claustro materno, entretanto, por trás da garrafa e da arma delituosa, tanto quanto na retaguarda do entorpecente e do aborto, permanece a Inteligência humana, que escraviza a moeda à criminalidade e à loucura.

Contempla o dinheiro, pensando no suor e no sangue, na vigília e na aflição de todos aqueles que choraram e sofreram para ganha-lo e vê-lo-ás por servidor da felicidade e do aprimoramento do mundo, a rogar em silêncio para que lhe ensines a realizar o bem que lhe cabe fazer.

LIVRO DA ESPERANÇA – Emmanuel - Francisco Cândido Xavier

 

 

SIMEÃO E O MENINO JESUS.

Dizem que Simeão, o velho Simeão, homem justo e temente a Deus, mencionado no Evangelho de Lucas, após saudar Jesus criança, no templo de Jerusalém, conservou-o nos braços acolhedores de velho, a distância de José e Maria, e dirigiu-lhe a palavra, com discreta emoção:

-Celeste Menino – perguntou o patriarca -, porque preferiste a palha humilde da Manjedoura? Já que vens representar os interesses do Eterno Senhor na Terra, como não vestiste a púrpura imperial? Como não nasceste ao lado de Augusto, o divino, para defender o flagelado povo de Israel? Longe dos senhores romanos, como advogarás a causa dos humildes e dos justos? Porque não vieste ao pé daqueles que vestem a toga dos magistrados? Então, podereis ombrear com os patrícios ilustres, movimentar-te-ias entre legionários e tribunos, gladiadores e pretorianos, atendendo-nos à libertação... Porque não chegaste, como Moisés, valendo-se do prestígio da casa do faraó? Quem te preparará, Embaixador Eterno, para o ministério santo? Que será de ti, sem lugar no Sinédrio? Samuel mobilizou a força contra os filisteus, preservando-nos a superioridade: Saul guerreou até a morte, por manter-nos a dominação; David estimava o fausto do poder: Salomão, prestigiado por casamento de significação política, viveu para administrar os bens enormes que lhe cabiam no mundo... Mas... tu? Não te ligaste aos príncipes, nem aos juízes, nem aos sacerdotes... Não encontrarias outro lugar, além do estábulo singelo?...

Jesus menino escutou-o, mostrou-llhe sublime sorriso, mas o ancião, tomado de angústia, contemplou-o, mais detidamente, e continuou:

- Onde representarás os interesses do Supremo Senhor? Sentar-te-ás entre os poderosos? Escreverás novos livros da sabedoria? Improvisará discursos que obscureçam os grandes oradores de Atenas e Roma? Amontoarás dinheiro suficiente para redimir os que sofrem? Erguerás novo templo de pedra, onde o rico e o pobre aprendam a ser filhos de Deus? Ordenará a execução da lei, decretando medidas que obrigam a transformação imediata de Israel?

Depois de longo intervalo, indagou em lágrimas:

- Dize-me, ó Divina Criança, onde representarás os interesses de nosso Supremo Pai?

O menino tenro ergueu, então, a pequenina destra e bateu, muitas vezes, naquele peito envelhecido que se inclinava já para o sepulcro...

Nesse instante, aproximou-se Maria e o recolheu nos braços maternos.

Somente após a morte do corpo.

Simeão veio, a saber, que o Menino Celeste não o deixara sem resposta.

O infante Sublime, no gesto silencioso, quisera dizer que não vinha representar os interesses do Céu nas organizações respeitáveis, mas efêmeras da Terra.

Vinha da Casa do Pai justamente para representá-Lo no CORAÇÃO DOS HOMENS.

 

FONTE: LIVRO ANTOLOGIA MEDIUNICA DO NATAL – - Psicografia: Francisco Cândido Xavier - Espírito: IRMÃO X.

 

 


CAP XVII – 13/12

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XVII – SEDE PERFEITOS

 

CONCEITO DO BEM

 

“Sede vós, pois, perfeitos como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.” Jesus (Mateus, 5: 48)

“O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sita maior pureza.”

(Cap.17, 3)

 

Toda vez que ouças alguém referindo-se ao bem ou ao mal de alguém, procura discernir.

Conheces o amigo que escalou a eminência econômica.

À vista da facilidade com que maneja a moeda, há quem o veja muito bem situado nas vantagens materiais, no entanto, via de regra, se lhe radiografasses os sentimentos, nele encontrarias um escravo da inquietação, detido em cadeias de ouro.

Assinalas o homem que alcançou a respeitabilidade política.

Tão logo surge no vértice da administração, há quem o veja muito bem colocado nos interesses do mundo, mas, frequentemente, se lhe fotografasses as telas do espírito, nele surpreenderias um mártir de cerimoniais e banquetes, constrangido entre as necessidades do povo e as exigências da lei.

Admiras o companheiro que venceu as próprias inibições elevando-se à direção do trabalho comum.

A face da significativa remuneração que percebe, há quem o veja muito bem posto na esfera social, contudo, na maioria das vezes, se lhe observasses as mais intimas reações, nele acharias um prisioneiro de sufocantes obrigações, sem tempo para comer o pão que assegura aos dirigidos de condição mais singela.

Elogias o cientista que fornece ideias de renovação e conforto.

Ao fita-lo sob os lauréis da popularidade, há quem o veja muito bem classificado na galeria da fama, no entanto, quase sempre, se lhe tateasses a alma por dentro, nele surpreenderias um atormentado servidor do progresso clamando ansiosamente por simplicidade e repouso.

Reajustemos, assim, o conceito do bem, diante da vida.

Em muitas circunstâncias, o dinheiro suprime aflições, a autoridade resolve problemas, a influência apara dificuldades e a cultura clareia o caminho...

Por isso mesmo, toda pessoa que obtém qualquer parcela mais expressiva de responsabilidade e destaque, mostra-se realmente muito bem para combater o mal e liquidá-lo; entretanto, caso venha a utilizar-se dos bens com que a vida lhe enriquece as mãos apenas para cuidar do bem de si mesma, sem qualquer preocupação na garantia do bem devido aos outros, seja onde seja, semelhante criatura estará simplesmente bem mal.

LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel) - FCX

 

 

A ESCRITURA DO EVANGELHO

Quando Jesus recomendou a pregação da Boa-Nova, em diversos rumos, reuniu-se o pequeno colégio apostólico, em torno d’Ele, na humilde residência de Pedro, onde choveram as perguntas no inquérito afetuoso.

– Mestre – disse Filipe, ponderado –, se os maus nos impedirem os passos, que faremos? caber-nos-á recurso à autoridade punitiva?

– Nossa missão – replicou Jesus, pensativo – destina-me a converter maldade em bondade, sombra em luz. Ainda que semelhante transformação nos custe sacrifício e tempo, o programa não pode ser outro.

– Mas... – obtemperou Tomé –, e se formos atacados por criminosos?

– Mesmo assim – confirmou o Cristo –, nosso ministério é de redenção, perdoando e amando sempre. Persistindo no bem, atingiremos a vitória final.

– Senhor – objetou Tiago, filho de Alfeu –, se interpelados pelos fariseus, amantes da Lei, que diretrizes tomaremos ? São eles depositários de sagrados textos, com que justificam habilmente a orgulhosa conduta que adotam. São arguciosos e discutidores. Dizem-se herdeiros dos Profetas. Como agir, se o Novo Reino determina a fraternidade, isenta da tirania?

- Ainda aí – explicou o Messias Nazareno –, cabe-nos testemunhar as ideias novas. Consagraremos a Lei de Moisés com o nosso respeito. Contudo, renovar-lhe-emos o sentido sublime, tal qual a semente que se desdobra em frutos abençoados. A justiça constituirá a raiz de nosso trabalho terrestre. Todavia, só o espírito de sacrifício garantir-nos-á

a colheita.

Verificando-se ligeira pausa, Tadeu, que se impressionara vivamente com a resposta, acrescentou:

– E se os casuístas nos confundirem?

– Rogaremos a inspiração divina para a nossa expressão humana.

– Mas, que sucederá se o nosso entendimento permanecer obscuro, a ponto de não conseguirmos registrar o socorro do Alto? – insistiu o apóstolo.

Esclareceu Jesus, sorridente:

– Será, então necessário purificar o vaso do coração, esperando a claridade de cima.

Nesse ponto, André interferiu, perguntando:

– Mestre, em nossa pregação, chamaremos indistintamente as criaturas?

– Ajudaremos a todos, sem exigências – respondeu o Salvador, com significativa inflexão na voz.

– Senhor – interrogou Simão, precavido –, temos boa vontade, mas somos também fracos pecadores. E se cairmos na estrada? e se, muitas vezes, ouvirmos as sugestões do mal, despertando, depois, nas teias do remorso?

– Pedro – retrucou o Divino Amigo -, levantar e prosseguir é o remédio,

- No entanto – teimou o pescador – e se a nossa queda for tão desastrosa que impossibilite o reerguimento imediato?

– Rearticularemos os braços desconjuntados, remendaremos o coração em frangalhos e louvaremos o Pai pelas proveitosas lições que houvermos recolhido, seguindo adiante...

– E se os demônios nos atacarem? – Interrogou João, de olhos límpidos.

– Atraí-los-emos à gloria do trabalho pacífico.

– Se nos odiarem e perseguirem? – comentou Tiago, filho de Zebedeu.

Serão amparados por nós, no asilo da oração.

– E se esses inimigos poderosos e inteligentes nos destruírem? – inquiriu o filho de Kerioth.

– O espírito é imortal – elucidou Jesus, calmamente – e a justiça enraíza-se em toda parte.

Foi então que Levi, homem prático e habituado à estatística, observou, prudente:

– Senhor, o fariseu lê a Tora, baseando-se nas suas instruções; o saduceu possui rolos preciosos a que recorre na propaganda dos princípios que abraça; o gentio, sustentando as suas escolas, conta com milhares de pergaminhos, arquivando pensamentos e convicções dos filósofos gregos e persas, egípcios e romanos... E nós? a que documentos recorreremos? que material mobilizaremos para ensinar em nome do Pai Sábio e Misericordioso?!...

O Mestre meditou longamente e falou:

– Usaremos a palavra, quando for necessário, sabendo, porém, que o verbo degradado estabelece o domínio das perturbações e das trevas. Valer-nos-emos dos caracteres escritos na extensão do Reino do Céu. No entanto, não ignoraremos que as praças do mundo exibem numerosos escribas de túnicas compridas, cujo pensamento escuro

fortalece o império da incompreensão e da sombra. Utilizaremos, pois, todas os recursos humanos, no apostolado, entendendo, contudo, que o material precioso de exposição da Boa-Nova reside em nós mesmos. O próximo consultará a mensagem do Pai em nossa própria vida, através de nossos atos e palavras, resoluções e atitudes...

Pousando a destra acentuou:

- A escritura divina do Evangelho é o próprio coração do discípulo.

Os doze companheiros entreolharam-se, admirados, e o silêncio caiu entre eles, enquanto as águas cristalinas, não longe, refletiam o céu imensamente azul, cortado de brisas vespertinas que anunciavam as primeiras visões da noite...

LIVRO: LUZ ACIMA – FRANCISCO CANDIDO XAVIER – HUMBERTO DE CAMPOS

 


CAP XVIII – 14/12

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XVIII – MUITOS OS CHAMADOS E POUCOS OS ESCOLHIDOS

 

CADA SERVIDOR EM SUA TAREFA

“Todo aquele, pois, que escuta as minhas palavras e as pratica assemelhá-lo-ei ao homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha.” Jesus (Mateus, 7:24)

“Todas os que reconhecem a missão de Jesus dizem: “Senhor! Senhor! Mas de que serve lhe chamarem Mestre ou Senhor, se não lhe seguem os preceitos?” (Cap. 18, Item 9)

 

No campo da vida, cada inteligência se caracteriza pelas atribuições que lhe são próprias.

Seja nos recintos da lei, nos laboratórios da ciência, no tanque de limpeza ou à cabeceira de um doente, toda pessoa tem o lugar de revelar-se.

Não te afirmes, desse modo, inútil ou desprezível.

E, atendendo ao trabalho que o mundo te reservou, não te ausentes da ação, alegando que todos somos iguais e que, por isso mesmo, não adianta fatigar-se alguém por trazer a nota, em que se particulariza, à sinfonia do Universo.

Sim, todos somos iguais, na condição de criaturas de Deus, e todos nos identificaremos harmoniosamente uns com os outros, no dia da suprema integração com a Infinita Bondade, mas, entre a estaca de partida e o ponto de meta, cada um de nós permanece, em determinado grau evolutivo, com aquisições especificas por fazer, conquanto estejamos sob o critério imparcial das leis eternas, que funcionam em regime de absoluta igualdade para nós todos.

Em cada fase de realização do aprimoramento espiritual, como acontece, em cada setor de construção do progresso físico, preceituam os fundamentos divinos seja concedida a cada servidor a sua própria tarefa.

Isso é fácil de verificar nos planos mais simples da natureza.

Num trato de solo, as expressões climáticas são as mesmas para todas as plantas, contudo, a sarça não oferece laranjas e nem mamoeiro deita cravos.

Na moradia vulgar, o alicerce é uniforme na contextura, mas teto não substitui a parede. e nem a porta desempenha as funções do piso.

Na produção da luz elétrica, a força é idêntica nos condutos diversos, no entanto, o transformador não serve de fio e nem a tomada efetua a obra da lâmpada.

No corpo humano, embora o sangue circule por seiva única de todas as províncias que o constituem, olhos e ouvidos, pés e mãos desenvolvem obrigações diferentes.

Certo, podes incentivar o serviço alheio, como é justo adubar-se a lavoura para que a lavoura produza com segurança, todavia, a obrigação, hoje, é intransferível para cada um, não obstante a possibilidade dessa mesma obrigação alterar-se amanhã.

Realiza, pois, tão bem quanto possível, a tarefa que te cabe e nunca te digas em tarefa excessivamente apagada.

Ainda mesmo para o mais exímio dos astronautas a viagem no firmamento, principia de um passo no chão do mundo e o mais soberbo jequitibá da floresta começou na semente humilde.

 

LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel) - FCX

 

 

O GRANDE CEIFADOR

Comentando certas dificuldades de genuína propaganda, espírita, o velho Jonathan, antigo seguidor do Evangelho em nosso campo de ação espiritual, tomou; a palavra e falou, sorrindo: – No tempo do Mestre, semelhantes entraves não eram menores. A gloriosa, missão do Senhor ia em meio, quando surgiram várias legiões de supostos discípulos da Boa Nova, à margem das atividades evangélicas. Multidões desarvoradas, ao comando de chefes que se diziam continuadores de João Batista, enxameavam nas bordas do Jordão, a se dispersarem na Palestina e na Síria. Capitães da revolta popular contra o domínio romano, “após ouvirem as lições do Senhor, usavam-lhe a doutrina, criando a discórdia sistematizada, em nome da solidariedade humana, nos diversos vilarejos que circulavam o Tiberíades”.

Todos erguiam flamejante verbo, asseverando falar em nome do Divino Renovador. Jesus, o Messias Nazareno, achava-se entre os homens, investido da autoridade indispensável à formação de um Novo Reino.

Destruiria os potentados estrangeiros e aniquilaria ditadores do poder.

Discursos preciosas faziam-se ouvir do cenáculo do povo e nos quadros rústicos da natureza, exaltando a boa vontade e a comunhão das almas, o devotamento e a tolerância entre as criaturas.

Milhares de ouvintes escutavam, enlevados, as pregações, extáticos e felizes, qual se já respirassem num mundo novo.

Contudo, no turbilhão dos conceitos vibrantes e nobres, alinhavam-se aqueles que, arrecadando dinheiro para socorro às viúvas e aos órfãos, olvidavam-nos deliberadamente para enriquecerem a própria bolsa, e apareciam os oportunistas que, em se incumbindo da doutrinação referente à fraternidade, utilizavam-se da frase primorosa e bem feita, para a realização das mais baixas manobras políticas.

Foi por isso que, em certo crepúsculo, quando a multidão se Congregava em torno do Mestre, junto às águas, para recolher-lhe a palavra consoladora e o ensino salutar, Simão Pedro, homem afeiçoado à rude franqueza, valendo-se da grande pausa que o Eterno Benfeitor imprimira à própria narrativa, quando expunha a parábola do semeador, interpelou-O, diretamente, indagando: – Mestre, e que faremos dos que exploram a ideia do Reino de Deus? Em muitos lugares, encontramos aqueles que formam grupos de serviço, em nome da Boa Nova nascente, tumultuando corações em proveito próprio.

Agitam a mente popular e formulam promessas que não podem cumprir... Em Betsaida, temos a falange de Berequias ben Zenon que a dirige com entusiasmo dominante, apropriando-se-vos da mensagem sublime para solicitar as dracmas de pobres pescadores, alegando destiná-las aos doentes e às viúvas, mas, embora preste auxílio a reduzido número de infortunados, guarda para si mesmo a maior parte das ofertas amealhadas e, ainda hoje, em Cafarnaum, ouvi a prédica brilhante de Aminadab ben Azor, que se prevalece de vossas lições divinas para induzir o povo à indisciplina e à perturbação, não obstante pronuncie afirmativas e preces que reconfortam o espírito dos que sofrem nos caminhos árduos da Terra...

Como agir, Senhor? Será justo nos subordinemos à astúcia dos ambiciosos e à manha dos velhacos? como relegar o Evangelho à, dominação de quantos se rendem à vaidade e à avidez da posse, ao egocentrismo e à loucura.

Jesus meditou alguns instantes e replicou: – Simão, antes de tudo, é preciso considerar que o crime confesso encontra na lei a corrigenda, estabelecida. Quem rouba é furtado, quem ilude os outros, engana a si próprio, e quem fere será ferido...

– Mas, Senhor – tornou o apóstolo –, no processo em exame, creio seja necessário ponderar que os males decorrentes da falsa propaganda são incomensuráveis...... Não haverá recurso para sustá-los de imediato?

O Excelso Amigo considerou, paciente: – Se há juízes no mundo que nasceram para o duro mister de retificar, aqui nos achamos para a obra do auxílio. Não podemos olvidar que os verdadeiros discípulos da Boa Nova, atentos, à missão de amor que lhes cabe, não dispõem de tempo e disposição para partilhar as atividades dos irmãos menos responsáveis... Além disso, baseando-me em sua própria palavra, não estamos diante de companheiros totalmente esquecidos da caridade. Disseste que Berequias ben Zelou, pelo menos, ampara alguns infelizes que lhe cercam a estrada, e que Aminadab ben Azor, no seio das palavras insensatas que pronuncia, encaixa ensinamentos e orações de valia para os necessitados de luz... E se formos sopesar as esperanças e possibilidades, os anseios e as virtudes dos milhares de amigos provisórios que os acompanham, como justificar qualquer sentença condenatória de nossa parte?

O apontamento judicioso ficou no ar, e, como ninguém respondesse, Jesus espraiou o olhar no horizonte longínquo, como quem apelava para o futuro, e ditou a parábola do joio e do trigo, que consta do capítulo treze das anotações de Mateus: – “O reino dos céus é semelhante ao homem que semeia a boa semente em seu campo; mas, ao dormir, eis que veio o inimigo e semeou joio no meio do trigo: retirando-se após.

Quando a erva cresceu e frutificou, apareceu também o joio. E os servos desse pai de família, indo ter com ele, disseram-lhe: – Senhor, não semeaste no campo a boa semente? porque a intromissão do joio? E ele lhes disse: – Um adversário é quem fez isso.

E os servos acentuaram: – Queres, pois, que o arranquemos? Respondeu-lhes, porém, o senhor: – Isso não, para que não aconteça extirpemos o joio, sacrificando o trigo. Deixemo-los crescer juntos até à ceifa. Nessa ocasião, direi nos trabalhadores: – Colhei primeiramente o joio para que seja queimado e ajuntai o trigo no meu celeiro.”

Calou-se o Cristo, pensativo...

Todavia, Simão, insatisfeito, volveu a perguntar: – Mas... Senhor, Senhor!... em nosso caso, quem colherá a verdade, separando-a da mentira?

O Mestre sorriu de novo e respondeu: – Pedro, o tempo e o grande ceifador... Esperemos por ele, cumprindo o dever que nos compete... A vida e a justiça pertencem ao Pai e o Pai decidirá quanto aos assuntos da vida e da justiça...

E porque ninguém lhe opusesse embargo à lição, calou-se o Mestre para demandar, em seguida, outros ensinos...

Silenciou o velho Jonathan e, a nosso turno, com material suficiente para estudo, separamo-nos todos para concluir e meditar.

LIVRO: CARTAS E CRÔNICAS – HUMBERTO DE CAMPOS - FCX


CAP XIX – 15/12

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XIX – A FÉ TRANSPORTA MONTANHAS

 

ANTE OS INCRÉDULOS

“E conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres.” Jesus (João, 8:32)

“A resistência do incrédulo, devemos convir, muitas vezes, provém menos dele do que da maneira por que lhe apresentam as coisas. A fé necessita de uma base, base que é a Inteligência perfeita daquilo em que se deve crer. E, para crer, não basta ver, é preciso, sobretudo, compreender.” (Cap. 19, Item 7)

 

Compadeçamo-nos dos incrédulos que se arremetem contra as verdades do espírito, intentando penetrá-las à força.

Semelhantes necessitados chegam de todas as procedências...

De paisagens calcinadas pelo fogo do sofrimento, de caminhos que a provação encharca de pranto, de furnas da aflição em que jaziam acorrentados ao desespero.

Outros existem que nos atingem as portas, conturbado pelo clima de irreflexão a que se calam, ou trazendo sarcasmos no pensamento imaturo, quais crianças bulhentas em recintos graves da escola.

Muitas vezes, nas trilhas da atividade cotidiana, somos tentados a categorizá-los por viajores de indesejável convívio, entretanto, os que surgem dementados pela dor e aqueles outros que se acomodam com a leviandade pela força própria da inexperiência, não serão igualmente nossos irmãos, diante de Deus?

Certo que não nos é lícito entregar-lhes, em vão, energia e tempo, quando se mostrem distantes da sinceridade que devemos uns aos outros, mas se anelam realmente aprendizado e renovação, saibamos auxiliá-los a compreender que pesquisa e curiosidade somente valem se acompanhadas de estudo sério e trabalho digno.

Estendamos aos companheiros que o ateísmo enrijece, algo de nossas convicções que os ajude a refletir na própria imortalidade.

Diligenciemos partilhar com eles o alimento da fé, na mesma espontaneidade de quem divide os recursos da mesa.

Todavia, perguntarás, e se recusam, obstinados e irônicos, os bens que lhes ofertamos?

E se nos apagam, a golpes de violência, as lanternas de amor que lhes acendamos na estrada?

Se indagações assim podem ser formuladas por nossa consciência tranquila, após o desempenho do nosso dever de fraternidade, será preciso consultar a lógica e a lógica nos dirá que eles são cegos de espírito que nos cabe amparar, em silêncio, na clínica da oração.

 

LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel)- FCX

 

 

A ESCOLHA DO SENHOR

Conta-se que alguns apóstolos do bem tanto se ergueram na virtude que, pela extrema, sublimação de suas almas, conseguiram atingir o limiar do Santuário Resplendente do Cristo.

Voltariam ao mundo, no prosseguimento da obra de amor em que se entrosavam, no entanto, convocados pelos poderes angélicos, poderiam excursionar felizes pelas vizinhanças do Lar Divino.

Bem-aventurados pela glória e pela bondade, constituíam provisoriamente no Céu toda uma assembleia de beleza e sabedoria.

Missionários ocidentais ostentavam dalmáticas imponentes, lembrando as instituições religiosas a que haviam pertencido, enquanto os santos do Oriente exibiam túnicas liriais. Veneráveis sacerdotes das igrejas católicas e protestantes confundiam-se com patriarcas judeus e budistas. Admiráveis seguidores de Confúcio e insignes devotos de Maomé entendiam-se uns com os outros.

Muito acima das interpretações humanas, tendentes à discórdia, alcançavam, enfim, a suprema união na esfera dos princípios.

Exornava-se cada um com a mensagem simbólica dos templos que haviam representado.

Anéis, cruzes, báculos, auréolas, colares, medalhas e outras insígnias preciosas destacavam-se do linho e da púrpura, da seda e do ouro, faiscando ao sol em que se banhavam.

Entretanto, um deles destoava do brilhante conjunto. Era um antigo servidor do deserto que não se filiara a igreja alguma. Ibraim Al-Mandeb fora apenas devotado irmão dos infelizes que vagueavam nas planícies arenosas da Arábia.

Não possuía qualquer sinal que o recomendasse ao respeito e à consideração. Trazia os pés descalços, em chaga e pó. Na veste rota, mostrava as manchas sanguinolentas das crianças feridas que havia conchegado de encontro ao peito. As mãos magras e hirsutas pareciam forradas em couro de camelo, tão calejadas se achavam no rude trabalho de assistência aos viajantes perdidos. Os cabelos grisalhos e imundos falavam de longas peregrinações sob a tempestade, e o rosto enrugado e rijo era a pesada moldura de dois olhos belos e lúcidos, mas encovados e tristes, guardando pavorosas visões das dores alheias que ele havia socorrido, abnegado e atento.

Isolado no festim, o ancião notou que dois anjos examinavam a assembleia, fazendo anotações num pergaminho celestial.

Depois de analisarem todos os circunstantes, um por um, abeiraram-se dele, estranhando-lhe a desagradável presença.

 Amigo - interrogou um dos emissários -, a que igreja pertenceste na Terra?

- Para que a pergunta? - inquiriu o forasteiro com humildade.

- O Senhor deseja entender-se com um dos visitantes do Lar Divino e estamos relacionando, por ordem, os nomes daqueles que mais profundamente o amaram no mundo.

- Não se preocupem então comigo! - clamou o anônimo beduíno. - Nunca pude consagrar-me ao culto do Senhor e sinceramente ignoro por que razão fui guindado até aqui, quando não posso ter lugar entre os eleitos da fé.

- Que fizeste entre os homens?

- Que o Senhor me perdoe à ingratidão e a dureza - suspirou o velhinho -, mas o sofrimento de meus irmãos não me deu oportunidade de pensar nele. . . Nunca pude refletir na sublimidade do Paraíso, porque o deserto estava cheio de aflição e lágrimas!...

Vendo que o estranho peregrino prorrompera em pranto, o anjo que se mantivera silencioso opinou, compreensivo:

- Em verdade, não podemos situar-te na relação dos que amaram o Benfeitor Eterno, mas colocaremos teu nome no pergaminho, como alguém que amou imensamente os semelhantes.

O ancião, mergulhando a cabeça nas mãos ossudas, soluçou reconhecido, enquanto os companheiros presentes comentavam o estranho procedimento daquele que fizera bem sem se lembrar sequer da existência de Deus.

Contudo, depois de longos minutos de expectação, vasto grupo de mensageiros divinos penetrou o átrio engalanado de flores, em cânticos de júbilo, trazendo larga faixa com um nome grafado em caracteres de luz.

Era o nome do velho Ibraim Al-Mandeb. Pretendia o Senhor conversar com ele.

 

LIVRO: CONTOS E APÓLOGOS - HUMBERTO DE CAMPOS -M FCX

 


CAP XX – 16/12

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XX – OS TRABALHADORES DA ÚLTIMA HORA

 

CONJUNTO

“Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver também eles estejam comigo.” Jesus (João, 17:24)

“Arme­se a vossa falange de decisão e coragem! Mãos a obra! O arado está pronto; a terra espera; arai!” (Cap. 20, Item 40)

 

Num templo espírita-cristão, é razoável anotar que todo trabalho é ação de conjunto.

Cada companheiro é indicado à tarefa precisa; cada qual assume a feição de peça particular na engrenagem do serviço, sem cuja cooperação os mecanismos do bem não funcionam em harmonia.

Indispensável apagar-nos pelo brilho da obra.

Na aplicação da eletricidade, congregam-se implementos diversos, mas interessa, acima de tudo, a produção da força, e, no aproveitamento da força, a grande usina é um espetáculo de grandeza, mas não desenvolve todo o concurso de que é suscetível, sem a tomada simples.

Necessário, assim, saibamos reconhecer por nós mesmos o que seja essencial a fazer pelo rendimento digno da atividade geral.

Orientando ou colaborando, em determinadas ocasiões, a realização mais importante que se nos pede é o esclarecimento temperado de gentileza ou a indicação paciente e clara da verdade ao ânimo do obreiro menos acordado, na edificação espiritual.

Noutros instantes, a obrigação mais valiosa que as circunstâncias nos solicitam é o entendimento com uma criança, a conversação fraternal com um doente, a limpeza de um móvel ou a condução de um fardo pequenino.

Imprescindível, porém, desempenhar semelhantes incumbências, sem derramar o ácido da queixa e sem azedar o sentimento na aversão sistemática.

Irritar-se alguém, no exercício das boas obras é o mesmo que rechear o pão com cinzas.

Administrar amparando e obedecer, efetuando o melhor!...

Em tudo, compreender que o modo mais eficiente de pedir é trabalhar e que o processo mais justo de recomendar é fazer, mas trabalhar e fazer, sem tristeza e sem revolta, entendendo que benfeitorias e providências são recursos preciosos para nós mesmos. Em todas as empresas do bem, somos complementos naturais uns dos outros.

O Universo é sustentado na base da equipe.

Uma constelação é família de sóis.

Um átomo é agregado de partículas.

Nenhum de nós procure destaque injustificável.

Na direção ou na subalternidade, baste-nos o privilégio de cumprir o dever que a vida nos assinala, discernindo e elucidando, mas auxiliando e amando sempre.

O coração, motor da vida orgânica, trabalha oculto e Deus, que é para nós o Anônimo Divino, palpita em cada ser, sem jamais individualizar-se na luz do bem.

 

LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel)- FCX

 

 

RETIROU-SE, ELE SÓ

 

Quando Jesus se fazia acompanhar pela multidão, na manhã rutilante, refletia, amorosamente, consigo mesmo :

Ensinara as lições básicas do Reino de Deus aos filhos da Galiléia, que o seguiam naquele instante divino...

Todos permaneciam agora cientes do amor que devia espraiar-se sobre as noções da lei antiga! que não poderia Ele fazer daqueles homens e mulheres bem informados?

Poderia, enfim, alongar-se em maiores considerações, relativas ao caminho de retorno da criatura aos braços do Pai. Dilataria os esclarecimentos do amor universal, conduziria a alma do povo para o grande entendimento. Decifraria para os filhos dos homens os enigmas dolorosos que constrangem o coração. Para isso, porém, era indispensável que compreendessem e amassem com o espírito... Quantas pequenas lutas em vão? Quantos atritos desnecessários? A multidão, por vezes, assumia atitudes estranhas e contraditórias.

Diante dos prepostos de Tibério, que a visitavam, aplaudia delirantemente; todavia, quando se afastavam os emissários de César, manchava os lábios com palavras torpes e gastava tempo na semeadura de ódios e divergências sem fim... Se aparecia algum enviado do Sinédrio, nas cidades que marginavam o lago, louvava o povo a lei antiga e abraçava o

mensageiro das autoridades de Jerusalém. Bastava, entretanto, que o visitante voltasse as costas para que a opinião geral ferisse a honorabilidade dos sacerdotes, perdendo-se nos desregramentos verbais de toda espécie... Oh! sim – pensava - todo o problema do mundo era a necessidade de amor e realização fraternal!

Sorveu o ar puro e contemplou as árvores frondosas, onde as aves do céu situavam os seus ninhos. Algo distante o lago era um espelho imenso e cristalino, refletindo a luz solar. Barcas rudes transportavam pescadores felizes, embriagados de alegria, na manhã clara e suave. E em derredor das águas deslumbrantemente iluminadas, erguiam-se vozes de mulheres e crianças, que cantavam nas chácaras embalsamadas de inebriante perfume da Natureza.

Agradecia ao Pai aquelas bênçãos maravilhosas de luz e vida e continuava meditando.

- Porque tamanha cegueira espiritual nos seres humanos? não viam, porventura, a condição paradisíaca do mundo? porque se furtavam ao concerto de graças da manhã? Como não se

uniam todos ao hino da paz e da gratidão que se evolava de todas as coisas? Ah! Toda aquela multidão que o seguia precisava de amor, a fim de que a vida se lhe tornasse mais bela. Ensiná-la-ia a conferir a cada situação o justo valor. Quem era César senão um trabalhador da Providência, sujeito às vicissitudes terrestres, como outro homem qualquer?

não mereceria compreensão fraternal o imperador dos romanos, responsável por milhões de criatura? algemado às obrigações sociais e políticas, atento ao superficialismo das coisas, não era razoável que errasse muito, merecendo, por isso mesmo, mais compaixão? E os chefes do Sinédrio? não estavam sufocados pelas orgulhosas tradições da raça? poderiam, acaso, raciocinar sensatamente, se permaneciam fascinados pelo autoritarismo do mundo?

Oh! refletia o Mestre – como seria infeliz o dominador romano, a julgar-se efetivamente rei para sempre, distraído da lição dura da morte! Como seria desventurado o Sumo Sacerdote, que supunha poder substituir o próprio Deus!... Sim, Jesus ensinaria aos seus seguidores a sublime sabedoria do entendimento fraternal!

Tomado de confiante expectativa, voltou-se o Messias para o povo, dando a entender que esperava as manifestações verbais dos amigos, e a multidão aproximou-se d’Ele, mais intensamente.

Alguns apóstolos caminhavam à frente dos populares, em animada conversação.

– Rabi – exclamou o patriarca Matan, morador em Cafarnaum –, estamos cansados de suportar injustiças. É tempo de tomarmos o governo, a liberdade e a autonomia. Os romanos são pecadores devassos, em trânsito para o monturo. Estamos fartos! É preciso tomar o poder!

Jesus escutou em silêncio, e, antes que pudesse dizer alguma coisa, Raquel, esposa de Jeconias, reclamou asperamente :

– Rabi, não podemos tolerar os administradores sem consciência. Meu marido e meus filhos são miseravelmente remunerados, nos servias de cada dia. Muitas vezes, não temos o necessário para viver como os outros vivem.

Os filhos de Ana, nossa vizinha, adulam os funcionários romanos e, por esse motivo, andam confortados e bem dispostos!...

– À revolução! à revolução! – clamava Esdras, um judeu de quarenta anos presumíveis, que se acercou, desrespeitosamente, como adepto apaixonado, concitando o líder prudente a manifestar-se.

– Rabi – suplicava um ancião de barbas encanecidas –, conheço os prepostos de César e os infames servidores do Tetrarca. Se não modificarmos a direção do governo, passaremos fome e privações...

Escutava o Senhor, profundamente condoído. Verificava, com infinita amargura, que ninguém desejava o Reino de Deus de que se constituíra portador. Durante longas horas, os membros da multidão recriminaram o imperador romano, atacaram patrícios ilustres que nunca haviam visto de perto, condenaram os sacerdotes do Templo, caluniaram autoridades ausentes, feriram reputações, invadiram assuntos que não lhes pertenciam, acusaram companheiros e criticaram acerbamente as condições da vida e os elemento atmosféricos...

Por fim, quando muito tempo se havia escoado, alguns discípulos vieram anunciar-lhe a fome que castigava homens, mulheres e crianças. André e Filipe comentaram calorosamente a situação.

Jesus fitou-os de modo significativo, e respondeu, melancólico:

– Pudera! Há muitas horas não fazem outra coisa senão murmurar inutilmente!

Em seguida, espraiou o olhar através das centenas de pessoas que o acompanhavam, e falou comovidamente:

– Tenho para todos o Pão do Céu, mas estão excessivamente preocupados com o estômago para compreender-me.

E tomado de profunda piedade, ante a multidão ignorante, valeu-se dos pequenos pães de que dispunha, abençoou-os e multiplicou-os, saciando a fome dos populares aflitos.

Enquanto os discípulos recolhiam o sobejo abundante, muitos galileus batiam com a mão direita no ventre e afirmavam:

– Agora, sim! estamos satisfeitos!

Contemplou-os o Mestre, em silêncio, com angustiada tristeza, e, depois de alguns minutos, entregou o povo aos discípulos e, segundo a narração evangélica, “tornou a retirar-se, ele só, para o monte”.

 

LIVRO: LAZARO REDIVIVO – HUMBERTO DE CAMPOS - FCX

 


CAP XXI – 17/12

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XXI – FALSOS CRISTOS E FALSOS PROFETAS

 

SEARA ESPÍRITA

“Porque cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto; pois não se colhem figos no espinheiro nem uvas nos abrolhos.”

Jesus (Lucas, 6:44)

“É assim, meus irmãos, que deveis julgar examinando as obras. Se os que se dizem Investidos de poder divino revelam sinais de uma missão de natureza elevada, isto é, se possuem no mais alto grau as virtudes cristãs e eternas: a caridade, o amor, a indulgência, a bondade que concilia os corações; se, em apoio das palavras, apresentam os atos, podereis então dizer: Estes são realmente enviados de Deus.” (Cap.21)

 

Penetrando a seara espírita, rememora o Cristianismo Redivivo, que se lhe configura nas menores atividades, e não te circunscrevas à expectação.

Em semelhante campo de fé, sem rituais e sem símbolos, sem convenções e sem exigências, descobrirás facilmente os recomendados do Senhor, a surgirem naqueles companheiros cujas dificuldades ultrapassam as nossas.

Pleiteias a mensagem dos entes queridos que te antecederam na viagem do túmulo, entretanto basta procures e divisarás amigos diversos que não somente perderam a presença de seres inesquecíveis, mas também as possibilidades primárias da intimidade doméstica.

Solicitas proteção para os filhos educados nos primores de tua bênção, agora em obstáculos inquietantes no estudo ou na profissão, contudo distinguirás, ao teu lado, pais valorosos e incapazes de aliviar as necessidades singelas dos rebentos da própria carne, sem a assistência do amparo público.

Diligencias a cura da enfermidade ligeira que te apoquenta e contemplarás muitos daqueles que trazem moléstias irreversíveis, para os quais chega uma frase de esperança, a fim de louvarem as dores da própria vida.

Pedes, mentalmente, arrimo à solução de negócios materiais que te propiciem finanças mais dilatada, no entanto, surpreenderás os pés desnudos de irmãos que vieram de longe, à busca de um simples pensamento confortador, vencendo, passo a passo, largas distâncias, por lhes faltarem quaisquer recursos para o custeio da condução.

Rogas conselho em assunto determinado, não obstante o arsenal dos conhecimentos de que dispões, todavia, reconhecerás, frente à frente, amigos diversos que nunca tiveram, em toda a existência física, a bendita oportunidade de um livro às mãos.

Se o Plano Superior já te permite pisar na seara espírita não te limites à

prece.

Todos os tipos de rogativa que se voltem para o Bem Infinito são respeitáveis, no entanto, pensa em nosso Divino Mestre que orou auxiliando e realiza algo de bom, em favor dos irmãos em Humanidade, que ele mesmo nos apresenta.

Espiritismo é Cristianismo e Cristianismo quer dizer Cristo em nós para estender o Reino de Deus e servir em seu nome.

 

LIVRO DA ESPERANÇA – Emmanuel - Psicografada por: Francisco Cândido Xavier

 

 

LIÇÃO EM JERUSALÉM

Muito significativa a entrada gloriosa de Jesus em Jerusalém, de que o texto evangélico nos fornece a informarão. A cidade conhecia-o, desde a sua primeira visita ao Templo, e muita gente, quando de sua passagem por ali, acorria, pressurosa, a fim de lhe ouvir as pregações.

O povo judeu suspirava por alguém, com bastante autoridade, que o libertasse dos opressores. Não seria tempo da redenção de Israel? A raça escolhida experimentava severas humilhações. O romano orgulhoso apertava a Palestina nos braços tirânicos. For isso, Jesus simbolizava a renovação, a promessa. Quem operara prodígios iguais aos dele?

Profeta algum atingira aquelas culminâncias. A ressurreição de Lázaro, enfaixado no túmulo, com sinais evidentes de decomposição cadavérica, espantava os mais ilustres descendentes de Abraão. Nem Moisés, o legislador inesquecível, conseguira realização daquela natureza.

E o povo, naqueles dias de festa tradicional, se dispôs a homenageá-lo, em regra. Receberia o profeta com demonstrações diferentes. Mostraria aos prepostos de César que Jerusalém não renunciava aos propósitos de libertação, ciosa de sua autonomia, e, agora, mais que nunca, possuía um chefe político à altura dos acontecimentos.

Jesus, certamente, não atenderia às imposições dos sacerdotes e nem se submeteria ao suborno, ante as promessas douradas dos áulicos imperiais.

Em vista disso, quando o Mestre saiu de Betânia, a caminho da cidade, alinharam-se fileiras de populares, saudando-o festivamente.

Anciães de barbas encanecidas acompanhavam o coro dos jovens: – “Hosanas ao filho de David!” As mulheres gritavam, entusiasticamente, amparando criancinhas a sustentarem, com graça, verdes ramos de palmeira.

Os discípulos, ladeando o Mestre, sentiam o efêmero júbilo provocado pelo mentiroso incenso da multidão. Os fiéis galileus, guindados inesperadamente ao cume da popularidade, inclinavam-se com desvanecimento, embriagados pelo triunfo.

De espaço a espaço, esse ou aquele patriarca fazia sinais a Pedro, Filipe ou João, convidando-os a se pronunciarem discretamente: – Quando se manifestará o Messias?

Os interpelados assumiam atitude de orgulhosa prudência e respondiam, quase sempre, a mesma coisa: – Estamos certos de que a homenagem de hoje é decisiva e o Messias dar-nos-á a conhecer o plano das nossas reivindicações.

Jesus agradecia aos manifestantes de Jerusalém com o olhar, mostrando, porém, melancólicos sorrisos.

Demonstrando compreender a situação, logo após convocou os discípulos para uma reunião mais íntima, em que lhes diria algo de grave.

Interpelados por alguns amigos, Tiago e João, filhos de Zebedeu, informaram quanto ao anúncio do Mestre. Discutiria as questões do presente e do futuro, e, possivelmente, seria mais claro nas definições políticas da ação renovadora.

Por esse motivo, enquanto o Cristo e os companheiros tornavam a refeição frugal do cenáculo, verdadeira multidão apinhava-se, discreta, nas adjacências. O povo aguardava informações do colégio apostólico, entre a ansiedade e a esperança.

Finda a reunião, e enquanto Jesus e Simão Pedro se demoravam em confidências, seis discípulos vieram, cautelosos, à via pública. A fisionomia deles denunciava preocupações e desencanto.

Começaram os comentários, entre os intelectualistas de Jerusalém e os pescadores da Galiléia.

– Que disse o profeta? – perguntou o patriarca, chefe daquele movimento de curiosidade – explicou-se, afinal?

– Sim – esclareceu Filipe com benevolência.

– E a base do programa de nossa restauração política e social?

– Recomendou o Senhor para que o maior seja servo do menor, que todos deveremos amar-nos uns aos outros.

– O sinal do movimento? – indagou o ancião de olhos lúcidos.

– Estará justamente no amor e no sacrifício de cada um de nós – replicou o apóstolo, humilde.

– Dirigir-se-á imediatamente a César, fundamentando o necessário protesto?

– Disse-nos para confiarmos no Pai e crermos também nele, nosso Mestre e Senhor, – Não se fará, então, exigência alguma? – exclamou o patriarca, irritado.

– Aconselhou-nos a pedir ao Céu o que pôr necessário e afirmou que seremos atendidos em

seu nome – explicou Filipe, sem se perturbar.

Entreolharam-se, admirados os circunstantes.

– E a nossa posição? – resmungou o velho – não somos o povo escolhido da Terra?

Muito calmo, o apóstolo esclareceu: – Disse o Mestre que não somos do mundo e por isso o mundo nos aborrecerá, até que o seu Reino seja estabelecido.

Espocaram as primeiras gargalhadas.

– Mas o profeta – continuou o israelita exigente – não assinou algum documento, nem se

referiu a qualquer compromisso com as autoridades?

– Não – respondeu Filipe, sincero ingênuo –, apenas lavou os pés dos companheiros.

Oh! para os filhos vaidosos de Jerusalém era demais. Surgiram risos e protestos.

– Não te disse, Jafet? – falou um antigo fariseu ao patriarca. – Tudo isso é uma farsa. Um moço pedante afiançou, depois de detestável risada: – Muito boa, esta aventura dos pescadores!

Dentro de alguns minutos, via-se a rua deserta. Desde essa hora, compreendendo que Jesus cumpria, acima de tudo, a Vontade de Deus, longe de qualquer disputa com os homens, a multidão abandonou-o. Os discípulos, reconhecendo também que ele desprezava todos os cálculos de probabilidade do triunfo político, retraíram-se, desapontados. E, desde esse instante, a perseguição do Sinédrio tomou vulto e o Messias, sozinho com a sua dor e com a sua lealdade, experimentou a prisão, o abandono, a injustiça, o açoite, a ironia e a crucificação.

Essa, foi uma das últimas lições d’Ele, entre as criaturas, dando-nos a conhecer que é muito fácil cantar hosanas a Deus, mas muito difícil cumprir-lhe a Divina Vontade, com o sacrifício de nós mesmos.

LIVRO: LAZARO REDIVIVO – HUMBERTO DE CAMPOS - FCX


CAP XXII – 18/12

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XXII – O QUE DEUS UNIU O HOMEM NÃO SEPARA

 

NO CAMINHO DA ELEVAÇÃO

 

“Tomai sobre vós o meu jugo.” Jesus (Mateus, 11:29)

“Mas na união dos sexos a par da lei divina material, comum a todos os seres vivos, há outra lei divina, imutável como todas as leis de Deus, exclusivamente moral: a lei de amor.” (Cap. 22, Item 3)

 

Abençoa os conflitos que, tantas vezes, te amarfanham o coração no carreiro doméstico, sempre que o lar apareça por ninho de problemas e inquietações.

É aí, entre as quatro paredes do reduto familiar, que reencontras a instrumentação do sofrimento reparador.

Amigos transfigurados em desafios à paciência.

Pais incompreensíveis a te requisitarem entendimento.

Filhos convertidos em ásperos inquisidores da alma.

Parentes que se revelam por adversários ferrenhos sob o disfarce da consanguinidade.

Lutas inesperadas e amargas que dilapidam as melhores forças da existência pelo seu conteúdo de aflição.

Aceita as intimações do calvário doméstico, na feição com que se mostrem, como quem acolhe o remédio indispensável à própria cura.

Desertar será retardar a equação que a contabilidade da vida exigirá sempre, na matemática das causas e dos efeitos.

Nesse sentido, vale recordar que Jesus não afirmou que se alguém desejasse encontra-lo necessitaria proclamar-lhe as virtudes, entretecer-lhe lauréis, homenagear-lhe o nome ou consagrar-se às atitudes de adoração, mas, sim, foi peremptório, asseverando que os candidatos à integração com ele precisariam carregar a própria cruz e seguir-lhe os passos, isto é, suportarem com serenidade e amor, entendimento e serviço os deveres de cada dia.

Bem-aventurado, pois, todo aquele que, apesar dos entraves e das lágrimas do caminho sustentar nos ombros, ainda mesmo desconjuntados e doloridos, a bendita carga das próprias obrigações.

 

LIVRO DA ESPERANÇA – Emmanuel - Psicografada por: Francisco Cândido Xavier

 

 

A CAMPANHA DA PAZ

Estabelecidos em Jerusalém, depois do Petencostes, os discípulos de Jesus, sinceramente empenhados à obra do Evangelho, iniciaram as campanhas imprescindíveis às realizações que o Mestre lhes confiara.

Primeiro, o levantamento de moradia que os albergasse.

Entremearam possibilidades, granjearam o apoio de simpatizantes da causa, sacrificaram pequenos luxos, e o teto apareceu, simples e acolhedor, onde os necessitados passaram a receber esclarecimento e consolação, em nome do Cristo.

Montada a máquina de trabalho, viram-se defrontados por novo problema. As instalações demandavam expressivos recursos. Convocações à solidariedade se fizeram ativas. Velhos cofres foram abertos, canastras rojaram-se de borco, entornando as derradeiras moedas, e o lar da fraternidade povoou-se de leitos e rouparia, candeias e vasos, tinas enormes e variados apetrechos domésticos.

Os filhos do infortúnio chegaram em bando. Obsidiados eram trazidos de longe, velhinhos que os descendentes irresponsáveis atiravam à rua engrossavam a estatística dos hóspedes, viúvas acompanhadas por filhinhos chorosos e magricelas aumentavam na instituição, dia a dia, e enfermos sem ninguém arrastavam-se na direção da pousada de amor, quando não eram encaminhados até aí em padiolas, com as marcas da morte a lhes arroxearem o corpo enlanguescido.

Complicaram-se as exigências da manutenção e efetuaram-se coletas entre os amigos. Corações generosos compareceram. Remédios não escassearam e as mesas foram supridas com fartura. Obrigações dilatadas reclamaram concurso humano.

Os continuadores de Jesus apelaram das tribunas, solicitando braços compassivos que lavassem os doentes e distribuíssem os pratos. Cooperadores engajaram-se gratuitamente e formaram-se os diáconos prestimosos.

Criancinhas começaram a despontar na estância humilde e outra espécie de assistência se impôs, rápida. Era necessário amontoar o material delicado em que os recém-nascidos, à maneira de pássaros frágeis, pudessem encontrar o aconchego do ninho. Senhoras abnegadas esposaram compromissos. A legião protetora do berço alcançou prodígios de ternura.  E novas campanhas raiavam, imperiosas. Campanhas para o trato da terra, a fim de que as despesas diminuíssem. Campanhas para substituir as peças inutilizadas pelos obsessos, quando em crises de fúria. Campanhas para o auxílio imediato às famílias desprotegidas de companheiros que desencarnaram. Campanhas para mais leite em favor dos pequeninos. Entretanto, se os apóstolos do Mestre encontravam relativa facilidade para assegurar a mantença da casa, reconheciam-se atribulados pela desunião, que os ameaçava, terrível.

Fugiam da verdade. Levi criticava o rigor de Tiago, filho de Alfeu. Tiago não desculpava a tolerância de Levi. Bartolomeu interpretava a benevolência de André como sendo dissipação. André considerava Bartolomeu viciado em sovinice. Se João, muito jovem, fosse visto em prece, na companhia de irmãs caídas em desvalimento diante dos preconceitos, era indicado por instrumento de escândalo. Se Filipe dormia nos arrabaldes, velando agonizantes desfavorecidos de arrimo familiar, regressava sob a zombaria dos próprios irmãos que não lhe penetravam a essência das atitudes.

Com o tempo, grassaram conflitos, despeitos, queixumes, perturbações. Cooperadores insatisfeitos com as próprias tarefas invadiam atribuições alheias, provocando atritos de consequências amargas, junto dos quais se sobrepunham os especialistas do sarcasmo, transfigurando os querelantes em trampolins de acesso à dominação deles mesmos.

Partidos e corrilhos, aqui e ali. Cochichos e arrufos nos refeitórios, nas cozinhas enredos e bate-bocas.

Discussões azedavam o ambiente dos átrios. Fel na intimidade e desprezo por fora, no público que seguia, de perto, as altercações e as desavenças. Esmerava-se Pedro no sustento da ordem, mas em vão. Aconselhava serenidade e prudência, sem qualquer resultado encorajador. Por fim, cansado das brigas que lhes desgastavam a obra e a alma, propôs reunirem-se em oração, a benefício da paz. E o grupo passou a congregar-se uma vez por semana, com semelhante finalidade. Apesar disso, porém, as contendas prosseguiam, acesas. Ironias, ataques, remoques, injúrias...

Transcorridos seis meses sobre a prece em conjunto, uma noite de angústia apareceu, em que Simão implorou, mais intensamente comovido, a inspiração do Senhor. Os irmãos, sensibilizados, viram-no engasgado de pranto. O companheiro fiel, rude por vezes, mas profundamente afetuoso, mendigou o auxílio da Divina Misericórdia, reconhecia a edificação do Evangelho comprometida pelas rixas constantes, esmolava assistência, exorava proteção...

Quando o ex pescador parou de falar, enxugando o rosto molhado de lágrimas, alguém, surgiu ali, diante deles, como se a parede, à frente, se abrisse por dispositivos ocultos, para dar passagem a um homem.

À luz mortiça que bruxuleava no velador, Jesus, como no passado, estava ali, rente a eles... Era ele, sim, o Mestre!... Mostrando o olhar lúcido e penetrante, os cabelos desnastrados à nazarena e melancolia indefinível na face calma, ergueu as mãos num gesto de bênção!...

Pedro gemeu, indiferente aos amigos que o assombro empolgava: -Senhor, compadece-te de nós, os aprendizes atormentados!... Que fazer, Mestre, para garantir a segurança de tua obra? Perdoa-me se tenho o coração fatigado e desditoso!...

-Simão – respondeu Jesus, sem se alterar -, não me esqueci de rogar para que nos amássemos uns aos outros...

-Senhor – tornou Cefas -, temos realizado todo o bem que nos é possível, segundo o amor que nos ensinaste. Nossas campanhas não descansam...Temos amparado, em teu nome, os aleijados e os infelizes, as viúvas e os órfãos...

-Sim, Pedro, todas essas campanhas são aquelas que não podem esmorecer, para que o bem se espalhe por fruto do Céu na Terra; no entanto, urge saibamos atender à campanha da paz em si mesma...

-Senhor, esclarece-nos por piedade!... Que campanha será essa?!...

Jesus, divinamente materializado, espraiou o olhar percuciente na diminuta assembleia e ponderou, triste: -O equilíbrio nasce da união fraternal e a união fraternal não aparece fora do respeito que devemos uns aos outros... Ninguém colhe aquilo que não semeia... Conseguiremos a seara do serviço, conjugando os braços na ação que nos compete; conquistaremos a diligência, aplicando os olhos no dever a cumprir; obteremos a vigilância, empregando criteriosamente os ouvidos; entretanto, para que a harmonia permaneça entre nós, é forçoso pensar e falar acerca do próximo, como desejamos que o próximo pense e fale sobre nós mesmos...

E, ante o silêncio que pesava, profundo, o Mestre rematou: -Irmãos, por amor aos fracos e aos aflitos, aos deserdados e aos tristes da Terra, que esperam por nós na luz do Reino de Deus, façamos a campanha da paz, começando pela caridade da língua.

LIVRO: CONTOS DESTA E DE OUTRA VIDA – HUMBERTO DE CAMPOS - FCX


CAP XXIII – 19/12

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XXIII – MORAL ESTRANHA

 

ESTUDO ÍNTIMO

“Ide, porém, e aprendei o que significa: ‘Misericórdia quero e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar justos mas os pecadores ao arrependimento.” Jesus (Mateus, 9: 13)

“Se só aos mais dignos fosse concedida a faculdade de comunicar com os Espíritos, quem ousaria pretende-la? Onde, ao demais, o limite entre a dignidade e a indignidade? A mediunidade é conferida sem distinção, a fim de que os Espíritos possam trazer a luz a todas as camadas, a todas as classes da sociedade ao pobre como ao rico; aos retos para os fortificar no bem, aos viciosos para os corrigir.” (Cap. 24, Item 12)

 

Na construção espiritual a que fomos trazidos pela bondade do Cristo, surgem momentos ásperos, nos quais temos a impressão de trazer fogo e fel nos escaninhos da alma.

Não mais entraves decorrentes de calúnia e perseguição, mas sim desgosto e inconformidade a se levantarem de nós contra nós. Insatisfação, arrependimento tardio, auto­piedade...

Em muitas ocasiões, desertamos do bem, quando se fazia imprescindível demonstrá-lo. Falhamos ou distraímo-nos, no momento preciso de vigiar ou vencer.

E sentimo-nos deprimidos, arrasados...

Mesmo assim, urge não perder tempo com lamentações improfícuas.

Claro que não nos compete descambar na irresponsabilidade.

Mera obrigação analisar os nossos atos, examinar a consciência, meditar, discernir...

Entretanto, é forçoso cultivar desassombro e serenidade constantes para retificar-nos sempre, adestrando infatigável paciência até mesmo para conosco, nas provações que nos corrijam ou humilhem, agradecendo-as por lições.

Muitas vezes, perguntamo-nos porque teremos sido convocados à obra do Evangelho se, por enquanto, somos portadores de numerosas fraquezas e moléstias morais, contudo, vale considerar que assim sucede justamente por isso, porquanto Jesus declarou francamente não ter vindo à Terra para reabilitar os sãos.

Críticos do mundo indagarão, igualmente, que diferença fazem para nós as teorias de cura espiritual e as diligências pela sublimação íntima, se estamos estropiados da alma, tanto agora quanto ontem.

Podemos, entanto, responder, esperançosos e otimistas, que há muita diferença, de vez que, no passado, éramos doentes insensatos, agravando, inconscientemente, os nossos males, enquanto que hoje conhecemos as nossas enfermidades, tratando-as com atenção e empenhando-nos, incessantemente, em fugir delas.

 

LIVRO DA ESPERANÇA – Emmanuel - Psicografada por: Francisco Cândido Xavier

 

 

NOTÍCIAS DE JONAS

Jonas o profeta, descansava, enfim, na deleitosa paisagem. Levantara cabana tosca, a oeste de Nínive, e ali, diante do céu e da natureza, preferia o silêncio ao burburinho dos homens. Sentia-se triste, desenganado, e ruminava impropérios contra o próprio Senhor. Contemplando o casario distante, na aragem do crepúsculo, recordava o início do ministério em que se presumia fracassado.

Vivia calmo - pensava, vivia calmo e sem atrito. Adorava as oliveiras do velho sítio, tangia, feliz, seu rebanho de cabras. O anonimato garantia-lhe o sossego do prato sem problemas.

O Senhor, porém, surgira-lhe à visão e tudo se alterara. A palavra dele irrompia-lhe nos ouvidos, em qualquer lugar e a qualquer hora. Se fosse apenas o prazer de ouvi-lo... Mas o Senhor queixava-se de Nínive e incumbia-o de severa advertência. Cabia-lhe a obrigação de avisar os ninivitas de que lhes destruiria a cidade, como se ateia fogo num campo invadido de pragas. Que Jonas falasse, gritasse, anunciasse, predissesse. A medida poderia afastar os moradores que desejassem purificar o coração e melhorar a vida.

Entretanto, ele, Jonas, não ignorava que o Senhor sempre fora profundamente compassivo. Conquanto lhe respeitasse as determinações, temia interferir em assunto assim tão grave. E se houvesse contra ordem? E se alguma deliberação nova poupasse os condenados? Melhor a indicação de outra pessoa. Alguém de caráter maleável, sem brio suficiente para sofrer com a probabilidade do retrocesso.

Receando desmoralizar-se, fugiu, resoluto. Desceu para Jope e tomou embarcação para Társia, mas, em viagem, sobreviera a tempestade e temera. No auge da tormenta, declarou aos tripulantes que, decerto, estaria na presença dele a causa do temporal que parecia inamainável. Desobedecera à voz do Alto. Fizera-se passível de austera punição. Amedrontados, os remadores atiraram-no às ondas. Debatendo-se no abismo, arrependera-se da deserção e prometeu cumprir o mandato com rigor. Veneraria a benignidade do Trono Eterno e transmitiria a mensagem fielmente. O Senhor escutou-lhe a petição e despachou recursos que o salvassem.

Vira-se arrebatado ao torvelinho voraginoso e conduzido à praia com segurança. Renovado e confiante, efetuara três dias de marcha laboriosa e, alcançando Nínive, entregou-se aos sombrios vaticínios.

Mais quarenta dias e a cidade seria aniquilada. O povo ninivita acreditou nele e, a partir dos maiorais, penitenciou-se em pranto de sincera compunção, suplicando socorro à Bondade Celestial. Preces coletivas e piedosas realizações foram feitas. O Senhor enternecera-se e, tomado de compaixão, absolvera a cidade, conferindo-lhe aos habitantes novos recursos de trabalho e corrigenda.

Justamente por isso, achava-se, ali, sozinho e desapontado. Ferido no amor próprio, demandara o retiro agreste para forrar-se ao sarcasmo da via pública.  Tanto chorou, naquele ocaso cinzento, confessando a si mesmo invencível desânimo, que o Senhor se dispôs a visita-lo e, ao vê-lo moralmente surdo e cego de indignação e amargura, brindou-lhe a choça com uma semente de aboboreira.

A breve espaço, Jonas descobriu a plantinha nascente e embeveceu-se. Consagrou-se a ela com paternal carinho. A trepadeira cresceu, viçosa, e abraçou-lhe o casebre. Assemelhava-se a bela coroa verde a defende-lo contra o sol, fazendo-o esquecer todas as mágoas.

No entanto, quando o profeta se revelava mais devotado ao seu passatempo, surge o imprevisto. Grande rato dilapidou as raízes do lindo ornato e as ramas secaram-se, de chofre.

Jonas, irado, afundou-se no desespero. Amava a planta, dedicara-se inteiramente a ela. Porque a destruição, porque a ruína?

Arremessando os punhos na própria cabeça, esbravejava contra a canícula e, afagando folhas mortas, perguntava, em lágrimas: “porquê? porquê”?

Foi então que o Senhor lhe apareceu, plenamente materializado, e falou, conciso: - Ah! Jonas, consideras-me covarde, por exercitar a misericórdia, e apaixonas-te, desta forma, por uma aboboreira, da qual desconheces a formação, em cujo desenvolvimento não trabalhaste, que nasceu numa noite e que, num dia, pereceu? Choras amargamente por um simples vegetal, tentando recupera-lo e não me permites qualquer compaixão por Nínive, onde estão mais de cento e vinte mil homens, ainda fracos e ignorantes, e que, por enquanto, não sabem discernir a mão direita da mão esquerda?

Assim termina a saborosa narração do Velho Testamento.

E, ao relê-la, pensamos em muitos religiosos da Terra que se fazem censores dos irmãos em dificuldades para assimilar os talentos da fé, a exigirem que o Senhor lhes destrua a existência, mas profundamente agarrados às suas comodidades e às suas abóboras

LIVRO: CONTOS DESTA E DE OUTRA VIDA – HUMBERTO DE CAMPOS - FCX

 

A lógica e a sabedoria das estórias da bíblia faz do homem seu próprio juiz,

 


 

CAP XXIV – 20/12

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XXIV – NÃO COLOCAR A CANDEIA DEBAIXO DO ALQUEIRE

 

NOSSAS CRUZES

“...Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.” Jesus (Marcos, 8:34)

“Rejubilai-vos, diz Jesus, quando os homens vos adiarem e perseguirem por minha causa, visto que sereis recompensados no Céu. Podem traduzir-se assim estas verdades: Considerai-vos ditosos, quando haja homens que, pela sua má vontade para convosco, vos dêem ocasião de provar a sinceridade da vossa fé, porquanto o mal que vos façam redundará em proveito vossa. Lamentai-lhes a cegueira, porém, não os maldigais.” (Cap. 24, Item 19)

 

Julgávamos, antigamente, que nossas cruzes, as que devemos carregar, ao encontro do Senhor, se constituíam unicamente daquelas dos exercícios louváveis mas incompletos da piedade religiosa.

E perdemos, em parte, muitas reencarnações, hipnotizados por sentimentalismo enfermiço, ilhando-nos, sem perceber, nas miragens da própria imaginação para esbarrar, em seguida, com os pesadelos do tempo, largado inútil.

Com a Doutrina Espírita, que nos revela o significado real das palavras do Cristo, aprendemos hoje que não bastam fugas e omissões do campo de luta a fim de alcançarmos a meta sublime.

Assevera Jesus que se nos dispomos a encontra-lo, é preciso renunciar a nós mesmos e tomar nossa cruz.

Essa renúncia, porém, não será semelhante à fonte seca.

É necessário que ela demonstre rendimento de valores espirituais, em nosso favor e a benefício daqueles que nos cercam, ensinando-nos o desapego ao bem próprio pelo bem de todos.

À face disso, nossas cruzes incluem todas as realidades que o mundo nos oferece, dentro das quais somos convocados a esquecer-nos na construção da felicidade geral.

Os fardos que nos cabem transportar, a fim de que venhamos a merecer o convívio do Mestre, bastas vezes contêm as dores das grandes separações, as farpas do desencanto, as provações em família, os sacrifícios mudos, em que os entes amados nos pedem largos períodos de aflição, os desastres do plano físico que nos cortam a alma, o abandono daqueles mesmos que nos baseavam todas as esperanças, o cativeiro a compromissos pela sustentação da harmonia comum, as tarefas difíceis, em cuja execução, quase sempre, somos constrangidos a marchar, aguardando debalde o concurso alheio.

Não nos enganemos.

O próprio Cristo transportou o madeiro que a nossa ignorância lhe atribuiu, palmilhando senda marginada de exigências, injúrias, pancadas e deserções.

Ninguém abraça o roteiro do Evangelho para estirar-se em redes de fantasia.

O cristão é chamado a melhorar e elevar o nível da vida e para quem efetivamente vive em Cristo, a vida é um caminho pavimentado de esperança e trabalho, alegria e consolo, mas plenamente aberto às surpresas e ensinamentos da verdade, sem qualquer Ilusão.

LIVRO DA ESPERANÇA – Emmanuel - Psicografada por: Francisco Cândido Xavier

 

 

O ENSINO DA LUZ

- Senhor - disse Tadeu a Jesus, após o dia de trabalho estafante -, qual é o nosso dever maior, na execução do Evangelho para a redenção das criaturas?

O Mestre fitou o céu azul em que nuvens pequeninas semelhavam estrigas de linho alvo. E falou em seguida:

- Em meio de grande tempestade, inúmeros viajantes se recolheram a enorme casarão que se assemelhava a um labirinto. Porque sentissem medo uns dos outros, cada qual se escondeu nos quartos mais internos e, vindo a noite, em vão procuraram o lugar de saída.

Começou, então, enorme conflito.

Lamentos. Pragas. Assaltos. Correrias. Pancadas. Crimes nas trevas.

Um homem, que por ali passava, ouviu os rogos de socorro que partiam do infortunado reduto e, longe de gritar ou discutir, acendeu a sua candeia e passou entre os amotinados, em profundo silêncio.

Bastou a luz dele para que todos percebessem os disparates que vinham fazendo, ao mesmo tempo que encontravam, por si mesmos, a porta libertadora.

O Mestre fez grande intervalo e voltou a dizer: - Se a luz do bom exemplo estiver entre nós, os outros perceberão, com facilidade, o caminho.

- E que fazer, Senhor, para semelhante conquista?

Jesus, continuando em sua contemplação do céu, como exilado buscando alguma visão da pátria longínqua, aclarou docemente: - Procuremos o Reino de Deus e a sua justiça, isto é, vivamos no amor puro e na consciência tranquila... E tudo o mais ser-nos-á acrescentado

 

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER E WALDO VIEIRA - A VIDA ESCREVE


CAP XXV – 21/12

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XXV – BUSCAI E ACHAREIS

 

CAMPEONATOS

“Buscai e achareis...” Jesus (Mateus, 7:7)

“Se Deus houvesse isentado o homem do trabalho do corpo, seus membros se teriam atrofiado; se o houvesse Isentado do trabalho da inteligência, seu espírito teria permanecido na infância, no estado de instinto animal.” (Cap. 25, Item 3)

 

Costumamos admirar as personalidades que se galardoam na Terra.

Tribunos vencem inibição e gaguez, em adestramento laborioso, aprimorando adição.

Poetas torturam versos, durante anos, transfigurando-se em estetas perfeitos, ajustando a emoção aos rigores da forma.

Pintores reconstituem os próprios traços, centenas de vezes, fixando, por fim, os coloridos da natureza.

Atletas despendem tempo indeterminado, manejando bolas e raquetes ou submetendo-se a severos regimes, em matérias de alimentação e disciplina, para se garantirem na opulência da evidência.

Todos eles são dignos de apreço, pelas técnicas obtidas, à custa de longo esforço, e todos, conquanto sem intenção, traçam o caminho que se nos indica às vitórias da alma, porquanto existem campeonatos ocultos, sem qualquer aplauso no mundo, embora atenciosamente seguidos da Esfera Espiritual.

Se aspiramos a libertação da impulsividade que nos arrasta aos flagelos da cólera e da incontinência, é forçoso nos afeiçoemos aos regulamentos interiores.

Tribunos, poetas, pintores e atletas terão lido e ouvido treinadores eméritos, mas, sem a consagração deles mesmos aos exercícios que lhes atribuíram eficiência, não passariam de aspirantes aos títulos que apresentam.

Assim também, no campo do espírito.

Não adquiriremos equilíbrio e entendimento, abnegação e fé, unicamente desejando semelhantes aquisições.

Não ignoramos que, em certos episódios da vida, não remediaremos a dificuldade com atitudes meigas e que surgem lances, na estrada, nos quais o silêncio não é a diretriz ideal; não desconhecermos que, em determinadas circunstâncias, a caridade não deve ser vasada em moldes de frouxidão e que o sentimento não é feito de pedra para resistir, intocável, a todos os aguilhões do desejo...

Entretanto, se aplicarmos em nós as regras em que a eficácia acreditamos, sofreando impulsos inferiores, cinco, duzentas, oitocentas, duas mil, dez mil ou cinquenta mil vezes, praticando humildade e paciência, pela obtenção dos pequeninos triunfos do mundo íntimo, que somente nós próprios conseguimos avaliar, conquistaremos o burilamento do espírito, encontrando a palavra certa e a conduta exata, nas mais diversas situais variados problemas.

Tudo é questão de início e o êxito depende da lealdade à consciência, porquanto exclusivamente aqueles que cultivam fidelidade à própria consciência é que se dispõem a prosseguir e perseverar.

 

LIVRO DA ESPERANÇA – Emmanuel - Psicografada por: Francisco Cândido Xavier

 

 

NO CAMINHO DO AMOR

Em Jerusalém, nos arredores do Templo, adornada mulher encontrou um nazareno, de olhos fascinantes e lúcidos, de cabelos delicados e melancólicos sorriso, e fixou-o estranhamente.

Arrebatada na onda de simpatia a irradiar-se dele, corrigiu as dobras da túnica muito alva; colocou no olhar indizível expressão de doçura e, deixando perceber, nos meneios do corpo frágil, a visível paixão que a possuíra de súbito, abeirou-se do desconhecido e falou, ciciante: -Jovem, as flores de Séforis encheram-me a ânfora do coração com deliciosos perfumes. Tenho felicidade ao teu dispor, em minha loja de essências finas...

Indicou extensa vila, cercada de rosas, à sombra de arvoredo acolhedor, e ajuntou: -Inúmeros peregrinos cansados me buscam a procura do repouso que reconforta. Em minha primavera juvenil, encontram o prazer que representa a coroa da vida. E' que o lírio do vale não tem a carícia dos meus braços e a romã saborosa não possui o mel de meus lábios.

Vem e vê! Dar-te-ei leito macio, tapetes dourados e vinho capitoso ... Acariciar-te-ei a fronte abatida e curar-te-ei o cansaço da viagem longa! Descansarás teus pés em água de nardo e ouvirás, feliz, as harpas e os alaúdes de meu jardim. Tenho a meu serviço músicos e dançarinas, exercitados em palácios ilustres!...

Ante a incompreensível mudez do viajor, tornou, súplice, depois de leve pausa:

-Jovem, porque não respondes? Descobri em teus olhos diferentes chama e assim procedo por amar-te. Tenho sede de afeição que me complete a vida. Atende! Atende!...

Ele parecia não perceber a vibração febril com que semelhantes palavras eram pronunciadas e, notando-lhe a expressão fisionômica indefinível, a vendedora de essências acrescentou uma tanto agastada: -Não virás?

Constrangido por aquele olhar esfogueado, o forasteiro apenas murmurou: -Agora, não. Depois, no entanto, quem sabe?!...

A mulher, ajaezada de enfeites, sentindo-se desprezada, prorrompeu em sarcasmos e partiu.

Transcorridos dois anos, quando Jesus levantava paralítico, ao pé do Tanque de Betesda, venerável anciã pediu-lhe socorro para infeliz criatura, atenazada de sofrimento.

O Mestre seguiu-a, sem hesitar.

Num pardieiro denegrido, um corpo chagado exalava gemido angustioso.

A disputada mercadora de aromas ali se encontrava carcomida de úlceras, de pele enegrecida e rosto disforme. Feridas sanguinolentas pontilhavam-lhe a carne, agora semelhante ao esterco da terra.

Exceção dos olhos profundos e indagadores, nada mais lhe restava da feminilidade antiga.

Era uma sombra leprosa, de que ninguém ousava aproximar.

Fitou o Mestre e reconheceu-o.

Era o mesmo mancebo nazareno, de porte sublime e atraente expressão.

O Cristo estendeu-lhe os braços, tocados de intraduzível ternura e convidou: -Vem a mim, tu que sofres! Na Casa de Meu Pai, nunca se extingue a esperança.

A interpelada quis recuar, conturbada de assombro, mas não conseguiu mover os próprios dedos, vencida de dor.

O Mestre, porém, transbordando compaixão, prosternou-se fraternal, e conchegou-a, de manso...

A infeliz reuniu todas as forças que lhe sobravam e perguntou, em voz reticenciosa e dorida: -Tu?... O Messias Nazareno?... O Profeta que cura, reanima e alivia?!... Que vieste fazer, junto de mulher tão miserável quanto eu?

Ele, contudo, sorriu benevolente, retrucando apenas: -Agora, venho satisfazer-te os apelos.

E, recordando-lhe a palavra do primeiro encontro, acentuou, compassivo: -Descubro em teus olhos diferentes chama e assim procedo por amar-te

 

LIVRO: CONTOS E APÓLOGOS – HUMBERTO DE CAMPOS - FCX


CAP XXVI – 22/12

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP XXVI – DAR DE GRAÇA O QUE DE GRAÇA RECEBER

 

PENSAMENTO ESPÍRITA

“...A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros.” Jesus (Mateus, 9:37)

“A justiça de Deus é como o sol! Existe para todos, para o pobre, como para o rico” (Cap. 26, Item 4)

 

Se te propões colaborar no apostolado libertador do Espiritismo, auxilia o pensamento espírita a transitar, dando-lhe passagem, através de ti mesmo.

Prevalece-te dos títulos honrosos que o mundo te reservou, agindo conforme as sugestões que o pensamento, espírita te oferece, demonstrando que a ilustração acadêmica ou o mandato de autoridade são instrumentos para benefício de todos e não recurso ao levantamento de qualquer aristocracia da opressão pela inteligência.

Despende as possibilidades materiais, centralizadas em tuas mãos, criando trabalho respeitável e estendendo a beneficência confortadora e reconstrutiva, na pauta da abnegação com que o pensamento espírita te norteia as atividades, provando que o dinheiro existe para ser disciplinado e conduzido no bem geral e não para escravizar o espírito à loucura da ambição desregrada.

Usa a independência digna que o pensamento espírita te dá, por intermédio do dever retamente cumprido, patenteando à frente dos outros, que é possível pensar livremente, com o jugo dos preconceitos, embora respeitando a condição dos semelhantes que ainda precisam desses mesmos preconceitos para viver.

Mobiliza a influência de que dispões, na sociedade ou na família, para edificar o conhecimento e garantir a consolação, segundo a tolerância que o pensamento espírita te inspira, denotando que, diante da Providência Divina, todos somos irmãos, com esperanças e dores, lutas e aspirações, imperfeições e faltas, igualmente irmãs uma das outras, e que, por isso mesmo, a confissão de fé representa instituto de aperfeiçoamento com serviço permanente ao próximo, sem que tenhamos qualquer direito a privilégios que recordem essa ou aquela expressão de profissionalismo religioso.

Fala e escreve, age e trabalha, quanto possível, pela expansão do pensamento espírita, no entanto, para que o pensamento espírita produza frutos de alegria e concórdia, renovação e esclarecimento, é necessário vivas de acordo com as verdades que ele te ensina.

A cada minuto, surge alguém que te pede socorro para o frio da própria alma, contudo, para que transmitas o calor do pensamento espírita é imperioso estejas vibrando dentro dele. Diante da sombra, não adianta ligar o fio na tomada sem força, nem pedir luz em candeia morta.

 

LIVRO DA ESPERANÇA – Emmanuel - Psicografada por: Francisco Cândido Xavier

 

 

A ÚNICA DÁDIVA

Conta-se que Simão Pedro estava cansado, depois de vinte dias junto do povo.

Banhara feridentos, alimentara mulheres e crianças esquálidas, e, em vez de receber a aprovação do povo, recolhia insultos velados, aqui e ali...

Após três semanas consecutivas de luta, fatigara-se e preferira isolar-se entre alcaparreiras amigas.

Por isso mesmo, no crepúsculo anilado, estava ele só, diante das águas a refletir...

Aproxima-se alguém, contudo...

Por mais busque esconder-se, sente-se procurado.

É o próprio Cristo.

- Que fazes Pedro? – diz-lhe o Senhor.

- Penso Mestre.

E o diálogo prolongou-se.

- Estás triste?

- Muito triste.

- Por quê?

- Chamam-me ladrão.

- Mas se a consciência te não acusa, que tem isso?

-Sinto-me desditoso. Em nome do amor que me ensinas, alivio os enfermos e ajudo aos necessitados. Entretanto, injuriam-me. Dizem por aí que furto, que exploro a confiança do povo... Ainda ontem, distribuía os velhos mantos que nos foram cedidos pela casa de Carpo, entre os doentes chegados de Jope... Alegou alguém, inconsideradamente, que surrupiei a maior parte... Estou exausto Mestre. Vinte dias de multidão pesam muito mais que vinte anos de serviços na barca...

- Pedro, que deste aos necessitados nestes últimos vinte dias?

- Moedas, túnicas, mantos, unguentos, trigo, peixe...

- De onde chegaram as moedas?

- Das mãos de Joana, a mulher de Cusa.

- As túnicas?

- Da casa de Zobalan, o curtidor.

- Os mantos?

- Da residência de Carpo, o romano que decidiu amparar-nos.

- Os unguentos?

- Do lar de Zebedeu, que os fabrica.

- O trigo?

- Da seara de Zaqueu, que se lembra de nós...

- E os peixes?

- Da nossa pesca.

- Então Pedro?

- Que devo entender Senhor?

- Que apenas entregamos aquilo que nos foi ofertado para distribuirmos em favor dos que necessitam. A Divina Bondade conjuga as circunstâncias e confia-nos de um modo ou de outro os elementos que devamos movimentar nas obras do bem... Disseste servir em nome do amor...

- Sim Mestre...

- Recorda então, que o amor não relaciona calúnias, nem conta sarcasmos.

O discípulo entremostrando súbita renovação mental não respondeu. Jesus abraçou-o e disse apenas: - Pedro, todos os bens da vida podem ser transmitidos de sítio a sítio e de mão em mão... Ninguém pode dar em essência esse ou aquele patrimônio do mundo senão o próprio Criador, que nos empresta os recursos por Ele gerados na Criação... E se algo, podemos dar de nós, o amor é a única dádiva que podemos fazer, sofrendo e renunciando por amor...

O apostolo compreendeu e beijou as mãos que o tocavam de leve. Em seguida puseram-se ambos a falar alegremente sobre as tarefas esperadas para o dia seguinte.

 

LIVRO: CONTOS DESTA E DE OUTRA VIDA – HUMBERTO DE CAMPOS – FCX


 

TEXTOS PARA GRUPOS DO WATZAP – ESPECIAL DE NATAL

 


CAP XXVII – 23/12

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

 

CRÔNICA DO NATAL.

Desde a ascensão de Herodes, o Grande, que se fizera rei com o apoio dos romanos, não se falava na Palestina senão no Salvador que viria enfim...

Mais forte que Moisés, mais sábio que Salomão, mais suave que David, chegaria em suntuoso carro de triunfo para estender sobre a Terra as leis do Povo Escolhido.

Por isso, judeus prestigiosos, descendentes das doze tribos, preparavam-lhe oferendas em várias nações do mundo.

Velhas profecias eram lidas e comentadas, na Fenícia e na Síria, na Etiópia e no Egito.

Dos confins do Mar Morto às terras de Abilena, tumultuavam notícias da suspirada reforma...

E mãos hábeis preparavam com devotamento e carinho o advento do Redentor.

Castiçais de ouro e prata eram burilados em Cesareia, tapetes primorosos eram tecidos em Damasco, vasos finos eram importados de Roma, perfumes raros eram trazidos de remotos rincões da Pérsia...

Negociantes habituados à cobiça cediam verdadeiras fortunas ao Templo de Jerusalém, após ouvirem as predições dos sacerdotes, e filhos tostados deserto vinham de longe trazer ao santuário da raça a contribuição espontânea com que desejavam formar nas homenagens ao Celeste Renovador.

Tudo era febre de expectação e ansiedade.

Palácios eram reconstruídos, pomares e vinhas surgiam cuidadosamente podados, touros e carneiros, cabras e pombos eram tratados com esmero para o regozijo esperado.

Entretanto, o Emissário Divino desce ao mundo na sombra espessa da noite.

Das torres e dos montes, hebreus inteligentes recolhem a grata notícia...

Uma estrela estranha rutila no firmamento.

O Enviado, porém, elege pequena manjedoura para seu berço de luz.

Milícias angelicais rejubilam-se em pleno céu...

Mas nem príncipes, nem doutores, nem sábios e nem poderosos da Terra lhe assistem a consagração comovente e sublime.

São pastores humildes que se aproximam, estendendo-lhe os braços.

Camponeses amigos trazem-lhe peles surradas.

Mulheres pobres entregam-lhe gotas de leite alvo.

E porque as vozes do Céu se fazem ouvir, cristalinas e jubilosas, cantam eles também...

- “Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os Homens!...”.

Ali, na estrebaria singela, então Ele e o povo...

E o povo com Ele inicia uma nova era...

É por isso que o Natal é a festa da bondade vitoriosa.

Lembrando o Rei Divino que desceu da Glória à Manjedoura, reparte com teu irmão tua alegria e tua esperança, teu pão e tua veste.

Recorda que Ele, em sua divina magnificência, elegeu por primeiros amigos e benfeitores aqueles que do mundo nada possuíam para dar, além da pobreza ignorada e singela.

Não importa sejas, por enquanto, terno e generoso para com o próximo somente um dia...

Pouco a pouco, aprenderás que o espírito do Natal deve reinar conosco em todas as horas de nossa vida.

Então, serás o irmão abnegado e fiel de todos, porque, em cada manhã, ouvirás uma voz do Céu a sussurrar-te, sutil:

- Jesus nasceu “Jesus nasceu!...”.

E o Mestre do Amor terá realmente nascido em teu coração para viver contigo eternamente.

 

FONTE: LIVRO ANTOLOGIA MEDIÙNICA DO NATAL – Psicografia: Francisco Cândido Xavier.

 

 

O TEMPO DO SENHOR

No lar dos apóstolos em Jerusalém, era Tiago, filho de Alfeu, o mais intransigente cultor dos princípios de Moisés, entre os seguidores da Boa Nova.

 Passo a passo, referia-se à alegação do Cristo: “eu não vim destruir a Lei...” e encastelava-se em severa defesa do “moisaísmo”, embora sustentasse fervorosa lealdade à prática do Evangelho.

 Não vacilava em estender braços generosos aos irmãos infelizes que lhe recorressem aos préstimos; contudo, reclamava estrita obediência à pureza dos alimentos, às posturas do hábito, às festas tradicionais e à circuncisão. Mas, de todos os preceitos, detinha-se particularmente na consagração do chamado “dia do Senhor”.

Para isso, compelia todos os companheiros ao estudo e à meditação, à prece e ao silêncio, cada vez que o sábado nascesse, conquanto fossem adiados importantes serviços de assistência e socorro aos necessitados e enfermos que lhes batiam à porta.

 Dominado de zelo, o apóstolo notara a ausência de Zorobatan bem Assef das orações do culto, com manifesto pesar. Zorobatan, o vendedor de lentilhas, fora-lhe colega de infância na Galiléia, no entanto, desde muito vivia nos arredores da grande cidade, viúvo e sem filhos, prestando desinteressado auxílio ao movimento apostólico.

Amanhava pequeno campo e negociava os produtos colhidos, depondo a maior parte dos lucros na bolsa de Simão Pedro, para as garantias da casa; entretanto, se vinha à instituição; suarento e cansado nas horas de trabalho exaustivo; era ele, nos instantes da prece, o faltoso renitente.

 Várias vezes Tiago mandara portadores adverti-lo, mas porque a situação se mostrasse inalterada por mais de seis meses, o deliberou próprio repreende-lo, em pessoa, no ambiente rural.

 Sobraçando grande rolo com apontamentos do Pentateuco, junto de André, o fiel defensor da Lei, né ensolarada manhã de um sábado de estio, varava trilhas secas e poeirentas, em animada conversação.

 A certo trecho, falou-lhe o companheiro, sensato:

 -Consideras, então, que um crente sincero, qual Zorobatan, seja passível de reprimenda simplesmente porque não nos partilhe as assembléias?

 -Não tanto por isso – volveu Tiago, dando ênfase aos conceitos – Ele não apenas nos esquece o refúgio, mas também foge de respeitar o terceiro mandamento.

Empregados e vizinhos do seu campo avisam-lhe, cada semana, que ele passa os sábados inteiros em atividade intensiva, recebendo auxiliares adventícios, que lhe revolvem os celeiros e as terras.

 E o diálogo continuou:

 -Não se trata, porém, de abnegado amigo das boas obras?

 -Sem dúvida. E creio igualmente que a fé sem obras é morta em si mesma; contudo, a Lei determina que seja santificado o tempo do Senhor.

 -E o próprio Jesus? Não curou nos dias de sábado?

 -Não podemos discutir os desígnios do Mestre, de vez que a nós cabe reverencia-los tão somente... Se ele mesmo lia os Sagrados Escritos nas sinagogas, nos dias de repouso, ensinando-nos a orar, não vejo como desmerecer as veneráveis

prescrições.

 André solicitou alguns instantes e voltou a observar:

 -Se uma de nossas crianças caísse no poço, dia de sábado, não deveríamos salva-la?

 -Sim – concordou Tiago – mas nos sábados subsequentes, ser-nos-ia obrigação prender todas as crianças em recinto adequado, para que a impropriedade não se repetisse.

 -E se fosse um animal de trabalho, um burro prestimoso, por exemplo, que viesse a tombar em cisterna profunda? Seria lícito deixa-lo morrer à míngua de todo amparo, porque o desastre ocorresse num dia determinado para o descanso?

 -Não exitaria em socorrer o burro – disse o interlocutor, sole – mas vende-lo-ia, de imediato, para que não voltasse a ocasionar transtorno semelhante.

 Nesse ponto do entendimento, a pequena cada de Zorobatan surgiu à vista.

 No átrio limpo e singelo, erguia-se mesa tosca e, junto à mesa, magras mulheres lavavam pratos de madeira. Velhos doentes arrastavam-se em torno, enquanto meninos esquálidos traziam frutos, do depósito de provisões.

 Apesar da pobreza em derredor, todos os semblantes irradiavam alegria.

 À curta distância, Tiago viu Zorobatan que vinha do interior, carregando enorme vasilha fumegante.

 Surpreendido, escutou-lhe a palavra, chamando os presente para a sopa que oferecia, gratuita, ao mesmo tempo em que tornava à cozinha para buscar nova remessa.

 Sentaram-se todos os circunstantes, nos quais o apóstolo anotou a presença de alijados e enfermos, viúvas e órfãos, que ele próprio já conhecia desde muito.

 Aproximou-se, no entanto, da porta e esperava que o amigo regressasse ao pátio, de modo a exprimir-lhe a desaprovação que lhe rugia nalma, quando viu Zorobatan sair da intimidade doméstica, arfando de fadiga, ao peso de recipiente maior. Desta vez, porém, um homem de olhar brando vinha, junto dele, apoiando-lhe as mãos calosas, para que o precioso conteúdo não se perdesse.

 O visitante, irritado, dispunha-se a levantar a voz, quando reconheceu no ajudante desconhecido o próprio Cristo que ele, só ele Tiago, conseguiu ver...

 -Mestre!... – exclamou entre perplexo e constrangido.

 -Sim, Tiago – respondeu Jesus sem se alterar -, agradeço as preces com que me honram, mas devo estar pessoalmente com todos aqueles que auxiliam os nossos irmãos por amor de meu nome...

 Com grande assombro para André, o velho apóstolo, em pranto mudo, largou o rolo da Lei sobre um montão de calhaus superpostos, segurou também a panela e começou a servir.

 

DA OBRA “SENDA PARA DEUS” – IRMÃO X –MÉDIUM: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER


CAP I – 24/12

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP I – NÃO VIM DESTRUIR A LEI

 

JESUS

DIVINO SENHOR - fez-se humilde servo da Humanidade.

PASTOR SUPREMO - nasceu na manjedoura singela.

UNGIDO DA PROVIDÊNCIA - preferiu chegar ao planeta, no espesso manto da noite, para que o mundo lhe não visse a corte celestial.

ORIENTADOR NAS ESFERAS RESPLANDECENTES - rejubilou-se na casinha rústica de Nazaré.

CONSTRUTOR DO ORBE TERRESTRE - manejou serrotes anônimos de uma carpintaria desconhecida.

PROMETIDO DOS PROFETAS - escolheu a simplicidade para instituir o Reino de Deus.

ENVIADO ÀS NAÇÕES - preferiu conversar com os doutores na condição de criança.

LUZEIRO DAS ALMAS - consagrou longos anos à preparação e à meditação, a fim de ensinar às criaturas o caminho

da redenção.

VERBO SAGRADO DO PRINCÍPIO - Submeteu-se à limitação da palavra humana para iluminar o mundo.

SÁBIO DOS SÁBIOS - valeu-se de pescadores pobres e simples para transmitir aos homens a divina mensagem.

MESTRE DOS MESTRES - utilizou-se da cátedra da natureza, entre árvores acolhedoras e barcos rudes, disseminando as primeiras lições do Evangelho Renovador.

MAJESTADE CELESTE - conviveu com infelizes e desalentados da sorte.

PRÍNCIPE DO BEM - não desdenhou as vítimas do mal, amparando mulheres desventuradas e sentando-se à mesa de pecadores envilecidos.

INSTRUTOR DE ENTIDADES ANGÉLICAS - andou com a multidão de leprosos, estropiados e cegos de todos os matizes.

ADMINISTRADOR DA TERRA - ensinou o respeito a César, consagrando a ordem e santificação à hierarquia.

BENFEITOR DAS CRIATURAS - recebeu a calúnia, o ridículo, a ironia, o desprezo público, a prisão dolorosa e o inquérito descabido.

AMIGO FIEL - viu-se sozinho, no extremo testemunho.

JUIZ INCORRUPTÍVEL - não reclamou contra os falsos julgamentos de sua obra.

ADVOGADO DO MUNDO - acolheu a cruz injuriosa.

MINISTRO DIVINO DA PALAVRA - adotou o silêncio, ante a ignorância de seus perseguidores.

DONO DO PODER - rogou perdão para os próprios algozes.

MÉDICO SUBLIME - suportou chagas sanguinolentas.

JARDINEIRO DE FLORES ETERNAS - foi coroado de espinhos cruéis.

COMPANHEIRO GENEROSO - recebeu açoites e bofetadas.

CONDUTOR DA VIDA - aceitou o crucifixo entre ladrões.

EMISSÁRIO DO PAI - manteve-se fiel a Deus até ao fim.

MENSAGEIRO DA LUZ IMORTAL - escolheu o coração amoroso e renovado de Madalena para espalhar na Terra as primeiras alegrias da ressurreição.

MORDOMO DOS BENS ETERNOS - em precisando de alguém para colaborar com os seus seguidores sinceros, busca Saulo de Tarso, o perseguidor, e transformado no amigo incondicional.

COORDENADOR DA EVOLUÇÃO TERRESTRE – necessitando de trabalhadores para as missões especializadas, procura os Ananias da fé, os Estevãos do trabalho e os Barnabés anônimos da cooperação.

MISSIONÁRIO INFATIGÁVEL DA REDENÇÃO HUMANA - foi sempre e ainda é o maior servidor dos homens de todos os tempos e civilizações da Terra.

Recordando o Mestre Divino, convertamo-nos ao seu Evangelho de Amor, para que a sua luz nasça na manjedoura de nossos corações pobres e humildes!

E, edificados no seu exemplo, abracemos a cruz de nossos preciosos testemunhos, marchando ao encontro do Senhor, no iluminado Pai da Ressurreição Eterna!

 

André Luiz - COLETÂNEA DO ALÉM – FCX

 

 

O QUARTO REI MAGO

 

...E assim, os conhecidos três reis magos: Gaspar, Melquior e Baltazar preparam esmeradamente os seus presentes - ouro, incenso e mirra, como sinais de realeza, divindade e humanidade atribuídos ao DIVINO DESTINATÁRIO e dirigiram-se a Belém, guiados pela miraculosa estrela, em busca do Menino-Deus.

Os três reis magos chegaram enfim ao seu destino, adoraram e ofereceram os presentes ao Deus Infante e voltaram para seus países, por outro caminho para não se encontrar novamente com o rei infanticida.

Mas, o quarto rei mago, - sim, havia um quarto rei, não chegou a tempo de partir com seus irmãos reis.

Prosseguiu sozinho pelos caminhos acidentados, inseguros, perigosos, levando também três grandes e preciosas pérolas como presente sincero para o SALVADOR RECÉM-NASCIDO.

Durante a viagem foi encontrando muitos problemas pelo caminho, que o tocou profundamente e alterou toda sua programação.

Parou primeiro, numa hospedaria onde se encontrava um pobre homem, velho, desconhecido, muito doente e sem nenhum dinheiro.

Condoeu-se do irmão infortunado, e entregou uma das pérolas ao hospedeiro para cobrir as despesas médicas e até a sepultura, se fosse necessário, daquele irmão abandonado.

Seguiu sua viagem parou novamente num vale deserto ao ouvir gritos vindos de um bosque.

Era uma jovem mulher atacada por malfeitores que queriam violentá-la.

Negociou com os bandido, e entregou a segunda pérola aos criminosos, comprando a liberdade da vítima que lhe beijando as mãos, fugiu rapidamente.

A Viagem parecia não ter fim....

Ao chegar a uma cidade invadida por soldados para matança de criancinhas, por ordem de Herodes, ficou estarrecido e deu-se pressa em salvar os que podia. E ali, diante do pranto de uma mãe desesperada na iminência de ver seu filhinho jogado ao fogo, entregou a terceira e última pérola ao carrasco, salvando assim, a vida aquele inocente, cuja mãe disse-lhe obrigada e desapareceu.

Passado o perigo, ajudou aquela pobre gente a reconstruir o que podia, consolou mães e cuidou de feridos, reconstruiu casas....

E enfim partiu para seu destino de encontrar o Menino Rei.

Enfim, O QUARTO REI MAGO chegou ao DIVINO ESTÁBULO em Belém. Não havia ninguém lá. O menino Jesus não dormia lá.

O Rei, então buscou saber onde estava o menino e sobe que o tempo havia corrido mais do que imaginara, e que o menino se transforma em grande líder, mas estava em uma situação muito complicada.

De informação a informação chegou aos pés da cruz onde estava o Senhor....

O rei, triste, muito triste, talvez arrependido com as perdas, pediu perdão ao REI MAIOR por se encontrar ali de mãos vazias e contou-lhe a história de sua salvadora caminhada.

E JESUS SORRIU por entre suor e sangue... e olhando muito serenamente para as mãos vazias do rei, disse-lhe:

Você foi o Rei que me deu o maior presente.

A cada um dos pequeninos a quem fez um gesto de amor e caridade foi a mim que fizeste, e fez minha mensagem se corporificar...

E o quarto Rei chorou por ter a aprovação de seu Mestre....

 

Desconheço o autor


CAP II – 25/12

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP II – MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO

 

O NASCIMENTO DE JESUS

 

REZAM tradições do Mundo Espiritual que, anos atrás da vinda de Jesus, Hilel, nascido em Babilônia, emigrou para a Palestina, a fim de aprimorar conhecimentos em torno da Tora.

 Cercado de discípulos e famoso por haver criado um tipo de rabinismo notavelmente liberal, concomitantemente com as lições que ensinava referia-se, em reuniões íntimas, à próxima chegada do Senhor, para cumprimento das profecias. Em decorrência, aqui e ali, esfervilhavam comentários sobre os novos tempos.

As conversações particulares do patriarca, aliadas aos anseios do povo, suscitaram largos debates na vida palestinense, notadamente em Belém, para onde se voltavam todas as esperanças, segundo o texto de Miqueia: “e tu, Belém de

Judá, não és assim tão pequena, porque de ti sairá o Guia de Israel, cujas origens se perdem nos dias da Eternidade”.

À vista disso, por muito tempo, antes do nascimento do Cristo, na bela cidade de David, as mais importantes famílias faziam orações e sacrifícios, a fim de receberem o Enviado.

Zabulon, o grande proprietário de terras, endereçava, de semana a semana, petitórias ao Céu, suplicando fosse o Mensageiro Sublime localizado entre os seus, a fim de oferecer-lhe lugar digno no carro da fortuna.

Gad, o negociante de sedas, implorava a Deus viesse o Orientador dos Séculos comungar-lhe o círculo da família, prometendo engaja-lo, desde cedo, entre os parentes prestigiosos, em função no Templo de Jerusalém.

Rubens, o criador de camelos, exorava-as bênçãos do Eterno, a fim de que se lhe desse a graça de acolher o Messias no próprio lar, imaginando programas de exaltação para ele, a partir da meninice.

Jonas, o joalheiro dos joalheiros, prometia tesouros ao Santo dos Santos, em retribuição pelo aparecimento do Salvador em sua própria casa.

Ezequias, o rico fornecedor de cavalos, enviava petições incessantes ao Senhor dos Exércitos, instando para que o Excelso Emissário lhe fosse entregue no berço, de maneira a orienta-lo para a libertação política de sua gente.

Os mais estranhos requerimentos subiam à consideração do Todo Misericordioso.

Planeava-se o futuro do Messias, de vários modos.

Para uns, deveria ele formar entre os maiores orientadores rabínicos de seu tempo, para outros, era certo que tomaria as rédeas do poder, a fim de restituir a Israel a independência esperada, para outros e outros ainda, assumiria a

autoridade da cultura e do ouro, fazendo-se invencível comandante de legiões.

Acumulavam-se os projetos pessoais dos poderosos do mundo para “Aquele” que chegaria na condição de Interventor Celeste...

Dizem que o Pai Supremo estudou longamente os desencontrados apelos que lhe eram endereçados e, conquanto permitisse, confiantemente, que José e Maria sofressem pesadas humilhações na chegada a Belém, determinou que Jesus Cristo nascesse ao pé dos animais, num leito de chão, desvinculado de todos os compromissos da Terra, para que a revelação da Eterna Verdade não ficasse escravizada a ninguém.

 

Livro “DOUTRINA E APLICAÇÃO” – IRMÃO X – PSICOGRAFIA: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

 

 

 

CANÇÃO PARA JESUS

Desejava, Jesus, ter um grande armazém de bondade constantes, maior que todos que conheço

para entregar sem preço às criaturas de qualquer idade, as encomendas de felicidade, sem perguntar a quem.

Eu, desejava ter um braço mágico que afagasse os doentes sem qualquer distinção

e um lar onde coubessem todas as criancinhas para que não sentissem solidão.

Desejava Senhor, um parque de amor com flores que cantassem, embalando os pequeninos que se encontram no leito sem poderem sair

e uma loja de esperança para todas as mães.

Eu queria ter comigo, uma estrela em cuja luz nunca pudesse ver os defeitos do próximo

e dispor de uma fonte cristalina de água suave e doce, que pudesse apagar toda palavra que não fosse vida e felicidade.

Eu queria plantar um jardim de união junto de cada moradia para que as criaturas se inspirassem no perfume da paz e da alegria.

Eu queria, Jesus, ter os teus olhos retratados nos meus a fim de achar nos outros que me cercam, filhos de Deus e meus irmãos que devo compreender e respeitar.

Desejava, Senhor, que a benção do Natal estivesse entre nós, dia a dia,

e queria ter sido uma gota de orvalho na noite em que nasceste a refletir, na pequenez de minha condição, a luz que vinha da canção entoada nos céus:

- Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade em tudo, agora e sempre.

 

Por: Meimei, Médium: Francisco Cândido Xavier


CAP III – 26/12

 

TEXTO PARA INSPIRAÇÃO DA NOSSA PREPARAÇÃO PARA AS VIBRAÇÕES DA NOITE

BASEADO NO CAP III – HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI

 

O NATAL DO CRISTO

 

A Sabedoria da Vida situou o Natal de Jesus frente do Ano Novo, na memória da Humanidade, como que renovando as oportunidades do amor fraterno, diante dos nossos compromissos com o Tempo.

Projetam-se anualmente, sobre a Terra os mesmos raios excelsos da Estrela de Belém, clareando a estrada dos corações na esteira dos dias incessantes, convocando-nos a alma, em silêncio, à ascensão de todos os recursos para o bem supremo.

A recordação do Mestre desperta novas vibrações no sentimento da Cristandade.

Não mais o estábulo simples, nosso próprio espírito, em cujo íntimo o Senhor deseja fazer mais luz...

Santas alegrias nos procuram a alma, em todos os campos do idealismo evangélico

Natural o tom festivo das nossas manifestações de confiança renovada, entretanto, não podemos olvidar o trabalho renovador a que o Natal nos convida, cada ano, não obstante o pessimismo cristalizado de muitos companheiros, que desistiram temporariamente da comunhão fraternal.

E o ensejo de novas relações, acordando raciocínios enregelados com as notas harmoniosas do amor que o Mestre nos legou.

E a oportunidade de curar as nossas próprias fraquezas retificando atitudes menos felizes, ou de esquecer as faltas alheias para conosco, restabelecendo os elos da harmonia quebrada entre nós e os demais, em obediência à lição da desculpa espontânea, quantas vezes se fizerem necessárias.

É o passo definitivo para a descoberta de novas sementeiras de serviço edificante, atrav6s da visita aos irmãos mais sofredores do que nós mesmos e da aproximação com aqueles que se mostram inclinados à cooperação no progresso, a fim de praticarmos, mais intensivamente, o princípio do "amemo-nos uns aos outros".

Conforme a nossa atitude espiritual ante o Natal, assim aparece o Ano Novo à nossa vida.

O aniversário de Jesus precede o natalício do Tempo.

Com o Mestre, recebemos o Dia do Amor e da Concórdia.

Com o tempo, encontramos o Dia da Fraternidade Universal.

O primeiro renova a alegria.

O segundo reforma a responsabilidade.

Comecemos oferecendo a Ele cinco minutos de pensamento e atividade e, a breve espaço, nosso espírito se achará convertido em altar vivo de sua infinita boa vontade para com as criaturas, nas bases da Sabedoria e do Amor.

Não nos esqueçamos.

Se Jesus não nascer e crescer, na manjedoura de nossa alma, em vão os Anos Novos se abrirão iluminados para nós.

 

Pelo Espírito Emmanuel - XAVIER, Francisco Cândido. Fonte de Paz. Espíritos Diversos. IDE. Capítulo 12.

 

 

CAIXINHA DE BEIJOS

 

Certo dia um homem chegou em casa e ficou muito irritado com sua filha de três anos.

Ela havia apanhado um rolo de papel de presente dourado e literalmente desperdiçado fazendo um embrulho.

Porque o dinheiro andasse curto e o papel fosse muito caro, ele não poupou recriminações para a garotinha, que ficou triste e chorou.

Naquela mesma noite, o pai descobriu num canto da sala, no local onde a família colocara os presentes para serem distribuídos no dia de natal, um embrulho dourado não muito bem feito.

Na manhã seguinte, logo que despertou, a menininha correu para ele com o embrulho nas mãos, abraçou forte o seu pescoço, encheu seu rosto de beijos e lhe entregou o presente.

Isto é pra você, paizinho!

Foi o que ela disse. Ele se sentiu muito envergonhado com sua furiosa reação do dia anterior. Mas, logo que abriu o embrulho, voltou a explodir. Era uma caixinha vazia.

Gritou para a filha: você não sabe que quando se dá um presente a alguém, a gente coloca alguma coisa dentro da caixa?

A criança olhou para ele, com os olhos cheios de lágrimas e disse: Mas, papai, a caixinha não está vazia. Eu soprei muitos beijos dentro dela. Todos para você, papai.

O pai quase morreu de vergonha.

Abraçou a menina e suplicou que ela o perdoasse.

Dizem que o homem guardou a caixa dourada ao lado de sua cama por anos.

Sempre que se sentia triste, chateado, deprimido, ele tomava da caixa um beijo imaginário e recordava o amor que sua filha havia posto ali.

 

Desconheço o autor

 

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O EVANGELHO TRAZ PAZ AO CORAÇÃO E ALIMENTO PARA A ALMA.

ENTENDER O EVANGELHO É SITUA-LO EM NOSSA VIDA ÍNTIMA!

AOS ORADORES DO EVANGELHO, PARA QUE NOSSA TAREFA SEJA DE ACORDO COM O ESPERADO POR JESUS!

“APASCENTA AS MINHAS OVELHAS” – JESUS. (JOÃO, 21:17)

Significativo é o apelo do Divino Pastor ao coração amoroso de Simão Pedro para que lhe continuasse o apostolado.

Observando na Humanidade o seu imenso rebanho, Jesus não recomenda medidas drásticas em favor da disciplina compulsória.

Nem gritos, nem xingamentos.

Nem cadeia, nem forca.

Nem chicote, nem vara.

Nem castigo, nem imposição.

Nem abandono aos infelizes, nem flagelação aos transviados.

Nem lamentação, nem desespero.

“Pedro, apascenta as minhas ovelhas! “

Isso equivale a dizer: - Irmão, sustenta os companheiros mais necessitados que tu mesmo.

Não te desanimes perante a rebeldia, nem condenes o erro, do qual a lição benéfica surgirá depois.

Ajuda ao próximo, ao invés de vergastá-lo.

Educa sempre.

Revela-te por trabalhador fiel.

Sê exigente para contigo mesmo e ampara os corações enfermiços e frágeis que te acompanham os passos.

Se plantares o bem, o tempo se incumbirá da germinação, do desenvolvimento, da florescência e da frutificação, no instante oportuno.

Não analises, destruindo.

O inexperiente de hoje pode ser o mentor de amanhã.

Alimenta a “boa parte” do teu irmão e segue para adiante.

A vida converterá o mal em detritos e o Senhor fará o resto.

(Texto número 19, extraído do livro Fonte Viva, de Emmanuel, psicografado por Chico Xavier)


IRMÃOS, RESPONSÁVEIS PELA ORATÓRIA DO EVANGELHO E DA APROXIMAÇÃO DOS OUVINTES ÀS MENSAGENS DE JESUS,

NÃO NOS ESQUEÇAMOS DO PEDIDO DO MESTRE,

APASCENTEMOS AS OVELHAS COM A DOÇURA POSSÍVEL,

COM A CONFIANÇA NECESSÁRIA,

E PRINCIPALMENTE COM O AMOR QUE DEVEMOS À QUEM ESPERA DE NÓS,

APENAS, QUE FAÇAMOS A NOSSA PARTE.

VIBRAÇÕES

VIBRAÇÕES: COMO FUNCIONAM AS VIBRAÇÕES E AS PRECES FEITAS PARA OS NECESSITADOS?

A CURA ATRAVÉS DAS VIBRAÇÕES

Certa moça, contrariada em suas inclinações, havia-se casado com um homem a quem não amava.

A mágoa que sofreu levou-a a um distúrbio mental.

Sob o domínio de uma ideia fixa, perdeu a razão e teve de ser internada.

Ela jamais ouvira falar de Espiritismo.

Se dele se tivesse ocupado teriam dito que os Espíritos lhe haviam transtornado a cabeça.

O mal provinha, assim, de uma causa moral acidental e exclusivamente pessoal.

Compreende-se que em tais casos os remédios normais nenhum efeito produzem, e como não havia obsessão, podia-se, também, duvidar do efeito da prece.

Um amigo da família e membro da Sociedade Espírita de Paris, julgou dever interrogar um Espírito superior, que respondeu:

- A ideia fixa dessa senhora, por sua mesma causa, atrai em sua volta uma porção de Espíritos maus, que a envolvem com seus fluidos e alimentam as suas idéias, impedindo que lhe cheguem as boas influências.

Os Espíritos dessa natureza abundam sempre em semelhantes meios e constituem, sempre, obstáculo à cura dos doentes.

Contudo podereis curá-la, mas para tanto é necessário uma força moral capaz de vencer a resistência.

E tal força não é dada a um só.

Cinco ou seis espíritas sinceros se reúnam todos os dias, durante alguns instantes e peçam com fervor a Deus e aos bons Espíritos que a assistam; que a vossa prece seja, ao mesmo tempo, uma magnetização mental.

Para tanto não necessitais estar junto a ela, ao contrário.

Pelo pensamento podeis levar-lhe uma salutar corrente fluídica, cuja força estará na razão de vossa intenção, aumentada pelo número.

Por tal meio podereis neutralizar o mau fluido que a envolve.

Fazei isto: tende fé em Deus e esperai."

Seis pessoas se dedicaram a esta obra de caridade e, durante um mês não faltaram à missão aceita.

Depois de alguns dias a doente estava sensivelmente mais calma; quinze dias mais tarde a melhora era manifesta e agora voltou para sua casa em estado perfeitamente normal, ignorando ainda, como o seu marido, de onde lhe veio a cura.

A maneira de agir é aqui indicada claramente e nada teríamos a acrescentar de mais preciso à explicação dada pelo Espírito.

A prece não tem apenas o efeito de levar ao doente um socorro estranho, mas o de exercer uma ação magnética.

Que não poderia o magnetismo ajudado pela prece!

Infelizmente certos magnetizadores, a exemplo de muitos médicos, fazem abstração do elemento espiritual; vêem apenas a ação mecânica, assim se privando de poderoso auxiliar.

Esperamos que os verdadeiros espíritas vejam no fato mais uma prova do bem que podem fazer em circunstâncias semelhantes.

Allan Kardec

CAUSAS DA OBSESSÃO E MEIOS DE COMBATE-LA - REVISTA ESPÍRITA, JANEIRO DE 1863 - ALLAN KARDEC


PRECE POR ENTENDIMENTO

Senhor Jesus!

Auxilia-nos a compreender mais, a fim de que possamos servir melhor, já que somente assim as bênçãos que nos concedes podem fluir, através de nós, em nosso apoio e em favor de todos aqueles que nos compartilham a existência.

Induze-nos à prática do entendimento que nos fará observar os valores que, porventura, conquistemos, não na condição de propriedade nossa e sim por manancial de recursos que nos compete mobilizar no amparo de quantos ainda não obtiveram as vantagens que nos felicitam a vida.

E ajuda-nos, oh! Divino Mestre, a converter as oportunidades de tempo e trabalho com que nos honraste em serviço aos semelhantes, especialmente na doação de nós mesmos, naquilo que sejamos ou naquilo que possamos dispor, de maneira a sermos hoje melhores do que ontem, permanecendo em Ti, tanto quanto permaneces em nós, agora e sempre.

Assim seja.

Emmanuel : Francisco Cândido Xavier - Livro: Paciência

DEZ MANEIRAS DE AJUDAR COM SEGURANÇA

NÃO DISCUTA

Se você é aprendiz do Evangelho, não ignora que o Divino Mestre permanece atento, na redenção do mundo, e que devemos estar vigilantes na execução do serviço que nos compete.

NÃO CRITIQUE

Observemos o setor de nossas obrigações e realizemos o melhor na obra geral, usando as possibilidades ao nosso alcance.

NÃO RECLAME

Contentarmo-nos com o ato de servir é simples dever e quem centraliza a mente na tarefa que lhe é própria não dispõe de tempo para formular queixas inoportunas.

NÃO CONDENE

Reparemos a parte aproveitável nas situações difíceis e esqueçamos todo mal.

NÃO EXIJA

Coopere sem rogar a colaboração alheia, de vez que a responsabilidade pertence a todos e cada um de nós será examinado de acordo com as próprias obras.

NÃO FUJA

Jamais olvide que o problema é a lição da vida. O aluno que teme o ensinamento, descerá naturalmente à retaguarda.

NÃO SE PRECIPITE

Usemos a serenidade. O trabalhador que sabe aproveitar os minutos e respeitá-los, nunca sofre os castigos do tempo.

NÃO TEMA

Quando fixamos o cérebro e o coração em Cristo somos simples agentes d’Ele e quem cumpre a Vontade do Mestre, não deve nem pode recear coisa alguma.

NÃO SE ENGANE

Ninguém precisa aplicar os raios candentes na verdade, a propósito dos mínimos acontecimentos da vida, desfigurando a alegria que deve imperar nos domínios da sementeira e da esperança, mas não perca de vista o que é essencial ao seu progresso, à sua felicidade e à sua redenção para o grande caminho.

NÃO SE ENTRISTEÇA

Lembre-se de que o Nosso Mestre é o Salvador pela Ressurreição. Sofrimento, amargura e morte são sombras. A cruz do Amigo Divino era degrau para a Glória Celeste. Seja esse pensamento uma luz permanente em nossa alma que jamais deve abrir-se ao desânimo. A certeza de que somos os seguidores felizes do Cristo Imortal é para nós motivo de soberana resistência e de eterno júbilo.

André Luiz - Do livro Cartas do coração. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.


AS VIBRAÇÕES SEGUNDO DR BEZERRA DE MENEZES

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LIVRO:INICIAÇÃO ESPÍRITA - EDGARD ARMOND

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