16 – Espíritas, queremos hoje vos falar da indulgência,
esse sentimento tão doce, tão fraternal,que todo homem deve ter para com os
seus irmãos, mas que tão poucos praticam. A indulgência não vê os defeitos
alheios, e se os vê, evita comentá-los e divulgá-los. Oculta-os, pelo
contrário, evitando que se propaguem, e se a malevolência os descobre, tem
sempre uma desculpa à mão para os disfarçar, mas uma desculpa plausível, séria,
e não daquelas que, fingindo atenuar a falta, a fazem ressaltar com pérfida
astúcia.
A indulgência jamais se preocupa com os maus atos
alheios, a menos que seja para prestar um serviço, mas ainda assim com o
cuidado de os atenuar tanto quanto possível. Não faz observações chocantes, nem
traz censuras nos lábios, mas apenas conselhos, quase sempre velados. Quando
criticais, que dedução se deve tirar das vossas palavras? A de que vós, que
censurais, não praticastes o que condenais, e valeis mais do que o culpado. Oh,
homens! Quando passareis a julgar os vossos próprios corações, os vossos
próprios pensamentos e os vossos próprios atos, sem vos ocupardes do que fazem
os vossos irmãos? Quando fitareis os vossos olhos severos somente sobre vós
mesmos?
Sede, pois, severos convosco e indulgentes para com os
outros. Pensai naquele que julga em última instância, que vê os secretos
pensamentos de cada coração, e que, em conseqüência, desculpa freqüentemente as
faltas que condenais, ou condena as que desculpais, porque conhece o móvel de
todas as ações. Pensai que vós, que clamais tão alto: “anátema!” talvez tenhais
cometido faltas mais graves.
Sede indulgentes meus amigos, porque a indulgência atrai,
acalma, corrige, enquanto o rigor desalenta, afasta e irrita.
JOÃO - Bispo de Bordeaux, 1862
17 – Sede indulgentes para as faltas alheias, quaisquer
que sejam; não julgueis com severidade senão as vossas próprias ações e o
Senhor usará de indulgência para convosco, como usastes para com os outros.
Sustentai os fortes: estimulai-os à perseverança;
fortificai os fracos, mostrando-lhes a bondade de Deus, que leva em conta o
menor arrependimento; mostrai a todos o anjo da contrição, estendendo suas
brancas asas sobre as faltas humanas, e assim ocultando-as aos olhos daqueles que
não podem ver o que é impuro. Compreendei toda a misericórdia infinita de vosso
Pai, e nunca vos esqueçais de lhe dizer em pensamento, mas sobretudo pelas
vossas ações: “Perdoai as nossas ofensas, como perdoamos aos nossos ofensores”.
Compreendi bem o valor destas sublimes palavras; pois não são admiráveis apenas
pela letra, mas também pelo espírito que elas encerram.
Que solicitais ao Senhor quando lhe pedis perdão? Somente
o esquecimento de vossas faltas? Esquecimento de que nada vos deixas, pois se
Deus se contentasse de esquecer as vossas faltas, não vos puniria, mas também
não vos recompensaria. A recompensa não pode ser pelo bem que não fez, e menos
ainda pelo mal que se tenha feito, mesmo que esse mal fosse esquecido. Pedindo
perdão para as vossas transgressões, pedis o favor de sua graça, para não
cairdes de novo, e a força necessária para entrardes numa nova senda, numa
senda de submissão e de amor, na qual podereis juntar a reparação ao
arrependimento.
Quando perdoardes os vossos irmãos, não vos contenteis
com estender o véu do esquecimento sobre as suas faltas. Esse véu é quase
sempre muito transparente aos vossos olhos. Acrescentai o amor ao vosso perdão,
fazendo por ele o que pedis a vosso Pai Celeste que faça por vós. Substituí a
cólera que mancha, pelo amor que purifica. Pregai pelo exemplo essa caridade
ativa, infatigável, que Jesus vos ensinou. Pregai-a como ele mesmo o fez por
todo o tempo em que viveu na Terra, visível para os olhos do corpo, e como
ainda prega, sem cessar, depois que se fez visível apenas para os olhos do
espírito. Segui esse divino modelo, marchai sobre as suas pegadas: elas vos
conduzirão ao refúgio onde encontrareis o descanso após a luta. Como ele, tomai
a vossa cruz e subi penosamente, mas corajosamente, o vosso calvário: no seu
cume está a glorificação.
DUFÉTRE - Bispo de Nevers, Bordeaux
18 – Queridos amigos, sede severos para vós mesmos e
indulgentes para as fraquezas alheias. Essa é também uma forma de praticar a
santa caridade, que bem poucos observam. Todos vós tendes más tendências a
vencer, defeitos a corrigir, hábitos a modificar. Todos vós tendes um fardo
mais ou menos pesado que alijar, para subir ao cume da montanha do progresso.
Por que, pois, ser tão clarividentes quando se trata do próximo, e tão cegos
quando se trata de vós mesmos? Quando deixareis de notar, no olho de vosso
irmão, um argueiro que o fere, sem perceber a trave que vos cega e vos faz
caminhar de queda em queda? Crede nos Espíritos, vossos irmãos. Todo homem
bastante orgulhoso para se julgar superior, em virtudes e méritos, aos seus
irmãos encarnados, é insensato e culpado e Deus o castigará, no dia da sua
justiça. O verdadeiro caráter da caridade é a modéstia e a humildade, e
consiste em não se verem superficialmente os defeitos alheios, mas em se
procurar destacar o que há de bom e virtuoso no próximo. Porque, se o coração
humano é um abismo de corrupção, existem sempre, nos seus mais ocultos
refolhos, os germes de alguns bons sentimentos, centelhas ardentes da essência
espiritual.
Espiritismo, doutrina consoladora e bendita, felizes os
que te conhecem e empregam proveitosamente os salutares ensinos dos Espíritos
do Senhor! Para esses, o ensino é claro, e ao longo de todo o caminho eles
podem ler estas palavras, que lhes indicam a maneira de atingir o alvo:
caridade prática, caridade para o próximo como para si mesmo. Em uma palavra,
caridade para com todos e amor de Deus sobre todas as coisas, porque o amor de
Deus resume todos os deveres, e porque é impossível amar a Deus sem praticar a
caridade, da qual Ele faz uma lei para todas as criaturas.
TEXTOS DE APOIO
PERDÃO E PAZ
O refúgio de amor da Boa Nova,
Denominado Casa do Caminho,
Albergava um montão de pessoas em prova,
Entremostrando, fartamente,
Doença, Inquietação, cansaço, desalinho...
O Sol se despedia no poente.
Tudo, em Jerusalém, 'no entardecer,
Requeria parada de lazer
Depois do dia quente.
Entretanto, na Casa do Senhor,
Intensa, prosseguia,
A tarefa de paz, de compreensão e amor...
Enfermos sem família que os quisesse,
Débeis mentais em desvalia,
Mulheres desoladas,
Crianças de ninguém, colhidas nas calçadas,
Junto dos companheiros de Jesus,
Alinhavam-se em prece,
Rogando aos Céus socorro, amparo e luz...
No transcurso do dia,
Simão Pedro suara e trabalhara tanto,
Que se acolhera, a sós, em singelo recanto,
Tentando se esquivar à estafa que sentia...
Mas, um dos assessores,
Veio apressado pelos corredores,
E disse-lhe, através da voz tremente:
– “Irmão Pedro, chegou à nossa porta
Um velhinho em feridas...
Geme e grita com dores incontidas.
É o rabino Joaz que conheceis,
Antigo fazedor de nossas leis”.
Pedro aprumou-se e respondeu:
Como quem se arrojara a intenso asco:
– “Joaz, filho de Aquim, o terrível carrasco,
Que odeia o mundo galileu”?
Em seguida indagou do jovem emissário:-
– “Não conheces a trama do Calvário?
Pois não sabes, nos textos em que estudas,
Que foi ele um dos vários matadores
Que aconselharam Judas
A complicar o Mestre Inesquecível”?
E, dando um murro à mesa,
Ajuntou: “É impossível!...
Aqui não entrará semelhante traidor...
Que ele sofra, por lei da Natureza,
Remorso e enfermidade, entre gritos de dor...
Cumpro o que penso e falo,
Eu mesmo irei à porta, a fim de despachá-lo”...
Descia a noite devagar,
A penumbra invadia o grande lar.
Pedro avançava para a entrada,
Mostrando na expressão a alma rude e agitada
Mas, quase rente à porta, um homem sereno
Nele cravou o olhar calmo e profundo...
O apóstolo excitado o reconheceria
Fosse onde fosse, em todo o mundo...
Era Jesus, o Mestre Nazareno...
Empolgado de pranto e de alegria,
Simão interrompeu, atarantado,
“A que vindes, Senhor?
Ordenai o que for de vosso agrado”...
O Cristo replicou, carregando de amor
As palavras sublimes que trazia:
– “Compreendo, Simão, a repulsa que sentes,
Não pudeste esquecer as horas de agonia
Dos nossos dias diferentes...
Mas escuta, Simão:
É preciso abrandar o coração...
Olvidar toda ofensa é prosseguir em paz.
Pedro, venho pedir-te por Joaz,
Ele já não é mais o duro algoz de outrora,
É um pobre penitente que se escora
Nas chagas que carrega,
Um enfermo infeliz
De alma cansada e cega
Que a si mesmo se acusa e se maldiz...
Recorda a nossa fala de outras vezes,
Se Joaz te feriu a alma fraterna e boa,
Pedro, escuta!... Perdoa
Setenta vezes sete vezes...
Não te detenhas, vai,
Lembra o Infinito Amor de Nosso Pai...
Cada qual pagará pelas culpas que tem
Na justiça que vela sem cessar,
Quanto a nós cabe sempre a tarefa do bem:
Aprender e servir, compreender e amar...
Auxilia-me, enfim,
Faze o bem a Joaz, qual o fazes por mim”!...
Dissolveu-se na sombra a divina figura;
O apóstolo chorou, tocado de amargura...
Depois, ganhou a porta em ritmo apressado.
Um homem seminu jazia esfarrapado,
Estirado na pedra à sua própria frente.
O antigo pescador contemplou o doente
E inquiriu sobre ele ao tristonho rapaz
Que se punha a assistí-la.
O moço esclareceu:
– “Amigo, este é Joaz
Que pede proteção ao teto deste asilo,
Está mudo, febrento, desprezado...
Recebei-o, por Deus, ao vosso lado
Por tutelado e amigo,
O rabino de outrora hoje é um triste mendigo”...
Transformado, Simão,
Alçou Joaz
Ao nível de seu próprio coração.
Depois falou para o interlocutor:
– “Ide em paz,
Deixai Joaz conosco, é nosso irmão,
Ele pertence agora ao nosso amor,
Tal qual se fez e tal qual se apresenta”...
E enquanto o jovem sai como quem não se atrasa
A fim de obedecer aos seus chefes hebreus,
Pedro ainda aditou em voz tranquila e atenta,
– “Ele será mais nosso em nossa casa,
Que esta casa é de Deus”!...
Maria Dolores - Do livro A Vida Conta. Psicografia de
Francisco Cândido Xavier.
PSICOSFERA
"Sede indulgentes, meus amigos, porquanto a
indulgência atrai, acalma, ergue, ao passo que o rigor desanima, afasta e
irrita. - José, Espírito Protetor. - e.s.e. capítulo 10, ítem 16
No Universo tudo é vida e transformação. Leis imutáveis
regem a harmonia através do regime de unidade. A vida do homem em sociedade,
submetida a essas lei naturais, respira nesse engenho divino que destina os
seres à evolução. A ordem que preside tais fenômenos é regida por princípios de
atração e repulsão que esculpem, pouco a pouco, os valores morais
dignificadores da via interpessoal. "Semelhante atrai semelhante",
"opostos se retraem",
O pensamento é força energética com carga vigorosas, e o
sentimento dá-lhe qualidade e vida tornando o psiquismo humano o piso de
formação dos ambientes em todo lugar.
Tomando por comparação as teias dos aracnídeos criadas
para capturar alimentação e se defenderem, a mente humana, de modo similar, tem
seu campo mental de absorção e defesa estabelecido pelo teor de sua
"radiação moral": são as psicosferas. Quanto mais moralizado, mais
resistente é o "circuito de imunidade da aura" preservando o homem
das agressões naturais de seu "ecopsiquismo" e selecionando o
alimento mental vitalizador do equilíbrio de todo o cosmo biopsíquico.
O estudo da formação das psicosferas explica-nos a razão
de muitas sensações e incômodos, claramente percebidos pelas criaturas na
rotina de seus afazeres junto aos ambientes da convivência social. Enxaquecas
repentinas, náuseas, falta de oxigenação, tontura e alterações de humor
instantâneas, alterações no bem-estar íntimo sem razões plausíveis, irritações
ocasionais sem motivos, sentimentos de agressividade, ansiedade e tristeza
súbita, indisposição contra alguém sem ocorrências que justifiquem, eis alguns
possíveis episódios que podem ter origem na natureza psíquica dos ambientes.
Evidentemente, os locais de nossa movimentação serão
sempre o resultado da soma geral das criações que neles imprimimos, colhendo
dessa semeadura somente os frutos que guardem semelhança com a qualidade das
sementes que espalhamos. Dessa forma, alguns descuidos da conduta ensejam
romper com as "teias mentais defensivas" em razão da natureza de
nossas ações.
Nesse sentido, faz-se necessário destacar que a palavra
mal conduzida tem sido uma das mais freqüentes formas de fragilizar nosso
sossego interior. Através dela temos permitido uma ligação quase permanente,
pela lei da associação mental, com os "campos de nutrição e defesa"
alheios, criando uma espécie de "comunidade de vínculos" na qual
encarceramo-nos a onerosos desgastes voluntários, quais os citados acima. Basta
imaginar várias teias de aranha se encontrando nas extremidades formando o
enorme "manto"". Assim, passam a ser elos de contato e abertura
a toda espécie de seres que se movimentem naquelas faixas nas quais
sintonizamos.
Tudo isso pela invigilância em acentuar os aspectos
sombrios dos outros e do meio, passando a partilhar na intimidade daquela
inferioridade que destacamos fora de nós.
Vemos, freqüentemente, pessoas preocupadas com o mal que
o outro pode lhe fazer, temerosas com os "olhos gordos" que lhes
infundem fantasias místicas e sentimentos inferiores em relação a alguém,
entretanto, ignoram que seu grande inimigo, seu grande oponente são elas
próprias, através dos comportamentos pelos quais atraem o mal a si mesmas.
Somos sempre os únicos responsáveis por nós.
O homem na Terra encontra-se tão habituado a denegrir o
outro que não é capaz de avaliar o mal que faz a si com essa atitude. No
entanto, na medida em que busca sua transformação, afeiçoa-se a conduzir sua
palavra mais nobremente em relação ao próximo e a tudo que o cerca.
Somente então, quando inicia um programa de disciplina,
consegue aquilatar com mais sensibilidade o quanto custa em seu desfavor o descuido
com o verbo edificante.
Essa necessidade humana de destacar o mal alheio encobre,
quase sempre, o desejo de rebaixar o outro e causar-nos a ilusória sensação de
superioridade, uma "maquinação" milenar do orgulho nos recessos da
mente para nos referirmos ao mal alheio sem causar prejuízos a nós próprios,
carecemos, antes, proceder a uma análise da natureza das emoções e intenções
que nos conduzem a agir dessa forma. O que necessitamos aprender é sondar os
nossos sentimentos quando falamos de alguém, o que está na nossa vida afetiva
quando mencionamos o outro. Somente assim conheceremos melhor nossas reais
motivações e teremos condições para empreender mudanças de postura eficazes,
que manterão nosso campo espiritual defendido das cargas enfermiças daquilo que
não nos pertence.
Recordemos que os ambientes são o espelho do que somos.
Se já percebemos o quanto é pernicioso o hábito de criticar por criticar, de
julgar com inflexibilidade, de mentir sobre os atos dos outros ou ainda de
difamar a vida alheia, então façamos uma pausa para entender as causas de
nossas ações, perguntando ao tribunal da consciência a verdadeira razão pela
qual ainda tomamos essas atitudes. Por que temos essas necessidades? Por que
alguém sempre é alvo de nossos comentários deprimentes? Por que alguém nos
incomoda tanto? Que posso fazer para amanhã não agir da mesma maneira?
Além disso, ore sempre nos círculos de trânsito onde
vivas, iluminando tua aura e fortalecendo tuas defesas contra as "teias
mentais" daqueles que também agem nas trilhas ferinas da palavra áspera e
malfazeja.
José, o Espírito protetor, diz que a indulgência acalma e
atrai, Verdade incontestável.
Quando vemos os defeitos alheios mas nos prestamos a
tratá-los com real fraternidade e compreensão, aderindo espontaneamente ao
hábito de destacar-lhes também o "lado positivo" que possuem,
candidatamo-nos a ser os Samaritanos da vida no socorro às doenças alheias,
imunizando-nos dos infelizes reflexos que decorrem das ações às quais, muitas
vezes, adotamos contra nós mesmos, na condição de juízes e censores implacáveis
da conduta do próximo. A indulgência cria focos de atração e interesse, fazem
as pessoas sentirem-se calmas e benquistas ao nosso lado, elevando-lhes o
"astral emocional" para viverem mais felizes.
Zelemos pelos nossos ambientes tornando-os saudáveis e
agradáveis para conviver. Otimismo incondicional, vibrações positivas sempre,
tolerância construtiva, cativar laços, o hábito contínuo da oração, sorrir
sempre, expressar alegria e humor contagiantes, dar pouca ou nenhuma
importância aos reclames e pessimismo dos outros, guardar a certeza de que
ninguém pode nos prejudicar além de nós mesmos, querer o bem alheio, essas são
algumas formas para a edificação de psicosferas ricas de saúde e paz, medidas salvadoras
de asseio espiritual que eliminarão expressiva soma de problemas voluntários,
dos quais podemos nos ver livres, desde que realmente desejemos.
Espírito Ermance Dufaux – livro: Reforma Intima sem
Martirio – Wanderley S Oliveira
SEVEROS, PORÉM,
SEM CULPA
"Sede, pois, severos para convosco, indulgentes para
com os outros." José, Espírito protetor. (Bordéus, 1863.) O Evangelho
Segundo Espiritismo - cap. 10 - item 16
Severidade conosco significa vigilância mental ativa,
crescente e permanente para não permitirmos hiatos nos esforços educativos das
nossas inclinações. Esse cuidado com a personalidade é essencial ao progresso
moral e espiritual, porque é exatamente nos instantes de relaxamento interior
que costumam brotar o derrotismo, a obsessão e as más idéias; é quando se
percebe com mais clareza as insatisfações que vinham sendo esquecidas e
superadas no trabalho do bem, mas que sob uma análise descuidada podem tomar
proporções onerosas aos projetos de elevação nos quais nos encontramos
incursos, levando a decisões precipitadas e imprevisíveis.
Limite tênue existe entre a severidade como regime de
disciplina e o sentimento de cobrança que nos conduz a querer fazer o que ainda
não damos conta. Uma imposição para a qual não temos preparo, sendo injustos
conosco.
Em tudo deve vigorar o equilíbrio. A recomendação de
José, o Espírito protetor, não deve ser entendida como uma atitude de
inflexibilidade e castigo a nós mesmos. Ser severo com compassiva tolerância às
nossas fragilidades é o que sugere o bom senso e a caridade. Auto-aceitação sem
conivência.
No entanto, o sentimento de culpa, com suas lamentáveis
consequências, tem comparecido em boa parte dos aprendizes da doutrina espírita
em razão de reminiscências da condenação eterna, fundamento da formação
religiosa tradicional. Surge na forma de sutil desconfiança na possibilidade
verdadeira de crescimento e melhoria individual, gerando uma atmosfera de
descrença nos ideais e no seu próprio esforço. Quanto mais passa o tempo, mais
a criatura estabelece cobranças no seu aperfeiçoamento moral e, não atingindo
os patamares desejados, cai no desânimo e na deserção.
Por conta dessa sábia instrução contida na codificação,
muitos corações idealistas, portadores de valores forjados no sacrifício da
renovação interior, habituaram a julgar-se hipócritas e desleais perante seus
deslizes, penetrando as faixas emocionais da autopunição em descaridosos
episódios de desamor a si próprios. Nesse quadro, esquecem-se do quanto já
edificaram de bom na intimidade e optam por fixar-se em crenças negativas,
supervalorizando suas imperfeições, negando o auto perdão, caminhando para
conflituosos estados íntimos que ativam os sentimentos de desprezo, raiva,
desânimo, ansiedade, tristeza, desespero e pessimismo.
Grande diferença existe entre "ser imperfeito"
e "estar imperfeito". Não fomos criados para o sofrimento e o mal. O
fato de cometer faltas não intencionais faz parte do demorado processo de
transformação da personalidade. Os que verdadeiramente nos comprometemos com a
melhoria interior precisamos nos dar conta de que as vacilantes intenções de
ser um homem novo necessitam do otimismo para se concretizar. Não somos
infelizes, estamos, temporariamente, infelizes. Não somos deprimidos, estamos,
passageiramente, deprimidos. Somos luz, somos deuses...
Trágico equívoco acreditar na perfeição instantânea
depois de milhares de anos no cultivo intencional de ervas daninhas no solo do
coração. Conhecimento não basta. Quando Jesus afirma o valoroso ensino
"Conhecereis a verdade e ela vos libertará certamente não se referia à
verdade que permanece na órbita do cérebro, porque se assim fosse todos os
espíritas, detentores de largos fachos de luz da verdade, estariam libertos das
lutas contra a inferioridade que ainda nos aprisiona nas celas da vaidade e do
orgulho. O Mestre, evidentemente, referia-se à verdade que atinge as distantes
regiões do coração, à verdade sobre nós mesmos, a nossa realidade.
Mister efetuar o serviço delicado nas leiras do
sentimento, aprendendo a arar as tendências, hábitos e desejos em direção aos
roteiros do bem. Mergulhar na vida profunda do inconsciente - o desconhecido
reino do automatismo - e pesquisar as raízes afetivas de nossas vivências.
Culparmo-nos, pelo mal que ainda não conseguimos vencer,
em nada nos melhora. Certamente em alguns casos de personalidade rebelde ela
funciona como uma defesa a fim de não desistirmos de lutar, impulsionando a
criatura ao recomeço para não agir novamente da mesma forma. Afora isso, é um
instrumento pouco eficiente para promover a correção.
Melhora real só obteremos com auto-estima, valorizando,
severamente, a "parte boa" que possuímos, fixando as crenças no
"homem novo" que já desejamos ser, guardando o "olhar
mental" na meta gloriosa de ser hoje melhor que ontem, sem distrair com os
chamados inferiores do "homem velho" que agoniza, mas teima em
ressuscitar...
Culpa é tortura e desamor, impulso para baixo.
Severidade é crescimento e auto-amor, motivação para
continuar nos desafios de aprimoramento.
Jamais desistamos da melhora. O tempo e a maturidade
demonstrarão como é preenchedora a opção que escolhemos sob a égide dos luminosos
ideais espíritas-cristãos.
Sem perfeccionismo e fazendo o melhor que pudermos,
experimentaremos a alegria da vitória, cujo troféu chama-se felicidade.
Espírito Ermance Dufaux – livro: Reforma Intima sem
Martirio – Wanderley S Oliveira
FALAR
“Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim. Não, não...” Jesus (Mateus, 5:37)
“Espíritas: queremos
falarvos hoje da
indulgência, sentimento doce e
fraternal, que todo homem
deve alimentar para com seus irmãos, mas do qual, bem poucos
fazem uso.” (Cap. 1O, Item 16)
Falando, construímos.
Não admitas em tua palavra o corrosivo da malicia ou o
azinhavre da queixa.
Fala na bondade de Deus, na sabedoria do tempo, na beleza
das estações, nas reminiscências alegres, nas induções ao reconforto.
Nos lances difíceis, procura destacar os ângulos capazes
de inspirar encorajamento e esperança. Não te refiras a sucessos calamitosos,
senão quando estritamente necessário e ora em silêncio por todos aqueles que
lhes sofreram o impacto doloroso. Tanta vez acompanhas com reverente apreço os
que tombam em desastre natural!... Homenageia igualmente com. a tua compaixão
respeitosa os que resvalam em queda moral, escabroso infortúnio do coração!...
Se motivos surgem para admoestações, cumpre o dever que te assiste, mas lembra
que o estopim é suscetível de ser apagado antes da explosão e reprime os ímpetos
de fúria, antes que estourem na cólera.
Em várias circunstâncias, a indignação justa é chamada à
reposição do equilíbrio, mas deve ser dosada como o fogo, quando trazido ao
refúgio doméstico para a execução da limpeza, sem que por isso, tenhamos
necessidade de consumir a casa em labaredas de incêndio. Larga à sombra de
ontem os calhaus que te feriram...
A noite já passou na estrada que percorreste e o sol do
novo dia nos chama à incessante transformação. Conversa em trabalho renovador e
louva a amizade santificante.
Não te detenhas em demasia sobre mágoas, doenças, pesadelos,
profecias temerárias e impressões infelizes; dálhes apenas breve espaço mental
ou verbal, semelhante àquele de que nos
utilizamos para afastar um espinho ou remover uma pedra. Não comentes o mal,
senão para exaltar o bem, quando seja possível extrair essa ou aquela lição que
ampare a quem te ou a quem ouve, enobrecendo a vida.
Junto do desespero, providencia o consolo sem a pretensão
de ensinar e renteando com a penúria, menciona as riquezas que a Bondade Divina
espalha a mancheias, em beneficio de todas as criaturas sem desconsiderar a dor
dos que choram.
Ilumina a palavra. Deixa que ela te mostre a compreensão
e o amor onde passes, sem olvidar o esclarecimento e sem prejudicar a harmonia.
O Cristo edificou o Evangelho por luz inapagável nas sombras do mundo não
somente agindo, mas conversando também.
Livro Da Esperança pelo Espírito Emmanuel – Francisco Candido
Xavier
DEUS TE ABENÇOE
Cap. X – Item 16
Logo após fundar o Lar “Anália Franco”, na cidade de S.
Manuel, no estado de S. Paulo, viu-se D. Clélia Rocha em sérias dificuldades para
mantê-lo.
Tentando angariar fundos de socorro, a abnegada senhora
conduzia crianças, aqui e ali, em singelas atividades artísticas. Acordava almas.
Comovia corações. E sustentava o laborioso período inicial da obra.
Desembarcando, certa noite, em pequena cidade, foi alvo
de injusta manifestação antiespírita. Apupos. Gritaria. Condenações.
D. Clélia, com o auxílio de pessoas bondosas, protege as
crianças.
Em meio à confusão, vê que um moço robusto se aproxima e,
marcando-lhe a cabeça, atira-lhe uma pedra.
O golpe é violento. O sangue escorre. Mas a operosa
servidora do bem procede como quem desconhece o agressor.
Medica-se depois.
Há espíritas devotados que surgem. D. Clélia demora-se
por mais de uma semana, orando e servindo.
Acabava de atender a um doente em casa particular, quando
entra senhora aflitíssima. É mãe. Tem o filho acamado com meningite e pede-lhe
auxílio espiritual.
D. Clélia não vacila. Corre ao encontro do enfermo, e
surpreendida, encontra nele o jovem que a ferira.
Febre alta. Inconsciência. A missionária desdobra-se em
desvelo.
Passes. Vigílias. Orações. Enfermagem carinhosa.
Ao fim de seis dias, o doente está salvo. Reconhece-a
envergonhado e, quando a sós, beija-lhe respeitosamente as mãos e pergunta:
– A senhora me perdoa?
Ela, contudo, disse apenas, com brandura:
– Deus te abençoe, meu filho.
Mas o exemplo não ficou sem fruto, porque o moço
recuperado fez-se valoroso militante da Doutrina Espírita e, ainda hoje, onde
se encontra é denodado batalhador do Evangelho.
A luz da alegria deve ser o facho continuamente aceso na
atmosfera das nossas experiências.
Circunstâncias diversas e principalmente as de
indisciplina podem alterar o clima de paz, em redor de nós, e dentre elas se
destaca a palavra impensada como forja de incompreensão, a instalar entrechoques.
Daí o nosso dever básico de vigiar a nós mesmos na
conversação, ampliando os recursos de entendimento nos ouvidos alheios.
Sejamos indulgentes.
Se erramos, roguemos perdão.
Se outros erraram, perdoemos.
O mal que desejarmos para alguém, hoje, suscitará o mal
para nós, amanhã.
A mágoa não tem razão justa e o perdão anula os
problemas, diminuindo complicações e perdas de tempo.
É assim que a espontaneidade no bem estabelece a caridade
real.
Quem não reconhece as próprias imperfeições demonstra
incoerência.
Quem perdoa desconhece o remorso.
Ódio é fogo invisível na consciência.
O erro, por isso, não pede aversão, mas, entendimento.
O erro nosso requer a bondade alheia; erro de outrem
reclama a clemência nossa.
A Humanidade dispensa quem a censure, mas necessita de quem
a estime.
E ante o erro, debalde se multiplicam justificações e
razões.
Antes de tudo, é preciso refazer, porque o retorno à
tarefa é a conseqüência inevitável de toda fuga ao dever.
Quanto mais conhecemos a nós mesmos, mais amplo em nós o imperativo
de perdoar.
Aprendamos com o Evangelho, a fonte inexaurível da
Verdade.
Você, amostra da grande prole de Deus, carece do amparo
de todos e todos solicitam-lhe amparo.
Saiba, pois, refletir o mundo em torno, recordando que o
espelho, inerte e frio, retrata todos os aspectos dignos e indignos à sua volta,
o pintor, consciente, buscando criar atividade superior, somente exterioriza na
pureza da tela os ângulos nobres e construtivos da vida.
Francisco Cândido Xavier / Waldo Vieira – O Espírito da
Verdade - André Luiz
INDULGÊNCIA
Cap. X – Item 16
A luz da alegria deve ser o facho continuamente aceso na
atmosfera das nossas experiências.
Circunstâncias diversas e principalmente as de
indisciplina podem alterar o clima de paz, em redor de nós, e dentre elas se
destaca a palavra impensada como forja de incompreensão, a instalar entrechoques.
Daí o nosso dever básico de vigiar a nós mesmos na
conversação, ampliando os recursos de entendimento nos ouvidos alheios.
Sejamos indulgentes.
Se erramos, roguemos perdão.
Se outros erraram, perdoemos.
O mal que desejarmos para alguém, hoje, suscitará o mal
para nós, amanhã.
A mágoa não tem razão justa e o perdão anula os
problemas, diminuindo complicações e perdas de tempo.
É assim que a espontaneidade no bem estabelece a caridade
real.
Quem não reconhece as próprias imperfeições demonstra
incoerência.
Quem perdoa desconhece o remorso.
Ódio é fogo invisível na consciência.
O erro, por isso, não pede aversão, mas, entendimento.
O erro nosso requer a bondade alheia; erro de outrem
reclama a clemência nossa.
A Humanidade dispensa quem a censure, mas necessita de quem
a estime.
E ante o erro, debalde se multiplicam justificações e
razões.
Antes de tudo, é preciso refazer, porque o retorno à
tarefa é a conseqüência inevitável de toda fuga ao dever.
Quanto mais conhecemos a nós mesmos, mais amplo em nós o imperativo
de perdoar.
Aprendamos com o Evangelho, a fonte inexaurível da
Verdade.
Você, amostra da grande prole de Deus, carece do amparo
de todos e todos solicitam-lhe amparo.
Saiba, pois, refletir o mundo em torno, recordando que o
espelho, inerte e frio, retrata todos os aspectos dignos e indignos à sua volta,
o pintor, consciente, buscando criar atividade superior, somente exterioriza na
pureza da tela os ângulos nobres e construtivos da vida.
Francisco Cândido Xavier / Waldo Vieira – O Espírito da
Verdade - André Luiz
IMPERATIVOS DA INDULGÊNCIA
Francisco Cândido Xavier
Em nossa reunião da noite, o item 116 do capítulo X de O
Evangelho Segundo o Espiritismo, relacionado com os imperativos da indulgência,
foi o tema principal dos comentários.
Lutas e inquietações da atualidade foram expostas pelos
oradores que emitiram opiniões contrárias umas às outras. Ao término das
tarefas o nosso caro Emmanuel escreveu a página Apoio e Benção.
Nota – O item 16 do capítulo X de O Evangelho Segundo o
Espiritismo é uma mensagem psicográfica recebida em Bordeaux, na França, em
1863. Traz a assinatura de um espírito protetor que dava simples-mente o nome
de José. A tônica dessa mensagem está na segunda frase: “Sede
Severos para convosco e indulgentes para com os outros”.
APOIO E BÊNÇÃO
Emmanuel
Indiscutivelmente, quantos te cercam precisam de ti,
tanto quanto, até certo ponto, necessitas de cada um deles.
Entretanto, acima de todos os tipos de auxílio,
solicitar-te-ão aquele que se erige no socorro do entendimento, a fim de que
lhes não falte cobertura espiritual no caminho.
Assegura proteção aos filhos queridos em tudo quanto se
relacione com a previdência no plano físico, mas quando não pensem por teus
princípios não lhes sonegues apoio e abençoa-os sempre.”.
O esposo e a esposa, o companheiro e a companheira, os
amigos e os colegas contam contigo na solução das dificuldades de ordem
material. No entanto, quando errem, criando-te provas e lutas. Ampara-os com os
benefícios de tua própria compreensão, para que, de simples erro, não venham a
sair para as grandes calamidades doméstico-sociais.
Se tens contigo pais difíceis e violentos, auxilia-os
através da própria tolerância, com a qual o tempo efetua prodígios de concórdia
e felicidade.
Familiares e amigos abraçando idéias contrárias às tuas?
Não lhes recuses a aplicação das receitas de benevolência das quais já
disponhas, de modo a que se reencontrem, quando em desacerto, nas bênçãos da
vida.
Em verdade, todos precisamos uns dos outros, seja para
compartilhar o pão que a Terra estende com fartura, seja para desfrutar o
agasalho que a natureza nos ajuda a entretecer, em todas as direções. Mas todos
nós, em qualquer tempo e em todas as situações, necessitamos, acima de tudo, de
compreensão e bondade, estímulo e simpatia – as forças vivas do amor que nos
fazem melhores para vivermos servindo e convivermos – sobrevivendo a todos os
problemas e experiências da vida, invariavelmente unidos pelo esforço constante
de ascensão à Divina Luz.
A LÂMPADA ACESA
Irmão Saulo
A vida pode escurecer ao nosso redor, mas se mantivermos
a lâmpada acesa os contornos das criaturas amadas não desaparecerão nas trevas.
O entendimento é a lâmpada mental que carregamos no escafandro do corpo, como o
escafandrista carrega a sua no fundo do mar. Deixemos que a lâmpada se apague e
não veremos mais nada ao nosso redor.
O mundo em mudança é como um dia de eclipse solar. Quando
menos se espera o sol se apaga no céu e as trevas invadem a Terra. A evolução
se acelera em nossos dias e o carro da vida se precipita em solavancos e curvas
inesperadas. Precisamos de equilíbrio e firmeza para nos mantermos em nosso
lugar e da luz do entendimento para clarearmos o caminho.
Em casa, com os familiares; no serviço, com os
companheiros; na rua, com a multidão; a todo momento nos defrontamos com
surpresas atordoantes. Os costumes se modificam, a velha rotina se quebra, as
normas do relacionamento humano se subvertem. É o mundo que está mudando e, por
mais que tudo nos pareça errado, a verdade é que ele muda para melhor, sob o
impulso irrefreável das leis da evolução.
Até agora nos orientamos – apesar das lições milenares do
Evangelho – pela moral egocêntrica da importância pessoal. Os conceitos de
honra e dignidade que cultivamos são heranças bárbaras. O melindre, a
susceptibilidade exagerada, o auto-respeito doentio, a autoconsideração
orgulhosa, criavam conflitos insanáveis por toda parte. Esposas e filhos não
eram companheiros, mas escravos e às vezes até mesmo objetos. Falávamos em
indulgência e compreensão, mas como tiranos que só as desejassem para si
mesmos.
Hoje a evolução nos força a compreender que somos todos
interligados por dependências de ordem moral e espiritual. Precisamos
compreender os outros, entender as situações alheias e auxiliar sempre para
sermos também auxiliados. Os imperativos da indulgência decorrem da necessidade
de convivência. Compreender, perdoar e ajudar é a única maneira de cumprirmos
os nossos deveres de pais, de filhos, de irmãos, à luz dos princípios cristãos.
Um século e uma década após a mensagem de José, na França, Emmanuel precisa nos
dar uma nova mensagem a respeito da indulgência, procurando acordar-nos para
mantermos a lâmpada acesa.
Do livro Astronautas do Além de Francisco Cândido Xavier
e J. Herculano Pires - Espíritos diversos
ACIDENTADOS DA
ALMA
Compadeces-te dos caídos em moléstia ou desastre, que e
apresentam no corpo comovedoras mutilações. Inclina-te, porém, com igual compaixão
para aqueles outros que comparecem, diante de ti, por acidentados da alma,
cujas lesões dolorosas não aparecem. Além da posição de necessitados, pelas
chagas ocultas de que são portadores, quase sempre se mostram na feição de
companheiros menos atrativos e desejáveis.
Surgem pessoalmente bem-postos, estadeando exigências ou
formulando complicações, no entanto, bastas vezes trazem o coração sob provas
difíceis; espancam-te a sensibilidade com palavras ferinas, contudo, em vários
lances da experiência, são feixes de nervos destrambelhados que a doença
consome; revelam-se na condição de amigos, supostos ingratos, que nos deixam em
abandono, nas horas de crise, mas, em muitos casos, são enfermos de espírito,
que se enviscam, inconscientes, nas tramas da obsessão; acolhem-te o carinho
com manifestações de aspereza, todavia, estarão provavelmente agitados pelo fogo
do desespero, lembrando árvores benfeitoras quando a praga as dizima; são
delinqüentes e constrangem-te a profundo desgosto, pelo comportamento
incorreto; no entanto, em múltiplas circunstâncias, são almas nobres tombadas
em tentação, para as quais já existe bastante angústia na cabeça atormentada que
o remorso atenaza e a dor suplicia...
Não te digo que aproves o mal sob a alegação de resguardar
a bondade. A retificação permanece na ordem e na segurança da vida, tanto quanto
vige o remédio na defesa e sustentação da saúde. Age, porém, diante dos
acidentados da alma, com a prudência e a piedade do enfermo que socorre a
contusão, sem alargar a ferida.
Restaurar sem destruir. Emendar sem proscrever. Não ignorar
que os irmãos transviados se encontram encarcerados em labirintos de sombra,
sendo necessário garantir-lhes uma saída adequada.
Em qualquer processo de reajuste, recordemos Jesus que, a
ensinar servindo e corrigir amando, declarou não ter vindo à Terra para curar
os sãos.
Estude E Viva - Francisco Cândido Xavier E Waldo Vieira
Pelos Espíritos Emmanuel E André Luiz
ASPECTOS DA DOR
Os soluços de dor
são compreensíveis até o ponto em que não atingem a fermentação da revolta,
porque, depois disso, se convertem todos eles em censura infeliz aos planos do
Céu.
A enfermidade
jamais erra o endereço para suas visitas.
As lágrimas, em
verdade, são iguais às palavras. Nenhuma existe destituída de significação.
Somente chega a
entender a vida quem compreende a dor.
A evolução regula
também o sofrimento das criaturas e nelas se evidencia mais superficial ou mais
profunda, conforme o aprimoramento de cada uma.
Se você pretende
vencer, não menospreza a possibilidade de amargar, algumas vezes, a aflição da
derrota como lição no caminho para o triunfo.
Aprende melhor
quem aceita a escola da provação, porquanto, sem ela, os valores da experiência
permaneceriam ignorados.
A dor não provém
de Deus, de vez que, segundo a Lei, ela é uma criação de quem a sofre.
Estude E Viva -
Francisco Cândido Xavier E Waldo Vieira Pelos Espíritos Emmanuel E André Luiz
NA LUZ DA
INDULGÊNCIA
“E se ao que quiser
pleitear contigo tirarte o
vestido, largalhe também a capa”
Jesus (Mateus, 5: 4O)
“Sede indulgentes com as faltas alheias, quaisquer que
elas sejam; não julgueis
com severidade senão
as vossas próprias
ações e o
Senhor usar á da
Indulgência convosco, como de indulgência houverdes usado par a com
os outros.” (Cap.1O, Item 17)
Anseias pela vitória do bem, contudo, acende a luz da
indulgência para fazêlo com segurança. Todos nós, espíritos imperfeitos, ainda
arraigados à evolução da Terra, reclamamos concurso e compaixão, uns dos outros,
mas nem sempre sabemos por nos mesmos quando surgimos necessitados de semelhantes
recursos. Em muitas circunstâncias, estamos cegos da reflexão, surdos do entendimento,
paralíticos da sensibilidade e anestesiados na memória sem perceber o irmão da
luta de ontem. Mostrase hoje em plena abastança material, delirando na ambição
desenfreada. Certo, aspiras a vêlo recambiado ao próprio equilíbrio, a fim de
que o dinheiro lhe sirva de instrumento à felicidade, no entanto, para isso,
não comeces por censurarlhe o procedimento. Usa a indulgência e renovalhe o
modo de pensar e de ser. O amigo escalou
a evidência pública, fazendose verdugo em nome da autoridade. Queres
garantirlhe o reajuste para que o poder se lhe erija, em caminho de paz,
entretanto, não te dês a isso, exibindo atitude condenatória. A jovem do
teu convívio embriagouse na ilusão, caindo
em sucessivos abusos, a pretexto de mocidade. Justo suspires por reintegrála
no harmonioso desenvolvimento das
próprias faculdades situandoa no rumo das experiências de natureza superior,
todavia, por ajudála, não lhe reproves os sonhos. Usa a indulgência e
amparalhe a meninice. O companheiro em provas amargas escorregou no desânimo e
tombou em desespero. Claro que anelas para ele o retorno à tranqüilidade, no
entanto, não te entregues às criticas que lhe agravariam a irritação. Usa a
indulgência e oferecelhe apoio.
O Próprio Criador espera as criaturas no transcurso do
tempo tolerandolhes as faltas, e encorajandolhes as esperanças, embora lhes
corrija todos os erros, através de leis eficientes e claras.
Indiscutivelmente, ninguém constrói nada de bom, sem
responsabilidade e disciplina, advertência e firmeza, mas é imperioso considerar
que toda boa obra roga auxílio a fim de aperfeiçoarse. Pensa no bem e faze o
bem, contudo, é preciso recordar que o bem exigido pela força da violência gera
males inúmeros em torno e desaparece da área luminosa do bem para converterse
no mal maior.
LIVRO DA ESPERANÇA pelo Espírito Emmanuel – Francisco C
Xavier
INDULGÊNCIA AINDA
A indulgência não é apenas caridade para com os outros.
Erige-se igualmente como sendo processo de nos
imunizarmos contra o impacto de vibrações destrutivas. Por isto mesmo, o tato
deve estar conosco, à feição de porta – verdade, a fim de que os nossos
pensamentos não venham a ferir os outros, tornando de outros para nós, de
maneira a ferir-nos.
Assim nos expressamos porque a idéia em si é fonte de
força em que a palavra se articula.
Aprendamos, ainda e sempre, a empregar a indulgência
construtivamente, em se tratando das pessoas.
Quando esse companheiro ou aquela companheira se
mostrarem autoritários, de modo excessivo, mentalizemo-los por irmãos
responsáveis e confiantes; surgindo os que se nos afigurem vagarosos, na
execução das tarefas que lhes caiba, imaginemo-los por meticulosos e tímidos,
nunca por preguiçosos e lerdos; se aparecerem por figurinos de avareza e se
chamados a exprimir-mos, quanto a eles, interpretemo-los por amigos da poupança
e não da sovinice; quando se revelarem portadores de opiniões demasiado
francas, aceitemo-los por amigos sinceros mas não imprudentes; em se
evidenciando facilmente irritáveis, vejamo-los por temperamentos emotivos e não
por pessoas aborrecidas ou intolerantes; e quando se nos destaquem aos olhos
dos irmão indecisos ou amorfos, saibamos classificá-los por amigos cautelosos e
moderados.
Indubitavelmente os pensamentos e as palavras, na
expressão simbólica, são cores e tintas com que nos será lícito expressar a
própria conceituação de acontecimentos determinados, no entanto, em se tratando
de criaturas sensíveis quanto nós, sejamos observadores das ocorrências e
irmãos das pessoas, a fim de auxiliá-las para que igualmente nos auxiliem.
Busquemos sentir e pensar, agir e realizar no bem e saberemos sempre sacar do
coração e do cérebro a boa palavra capaz de compreender e de amparar, orientar
e servir.
Emmanuel - Livro Encontro de Paz - Psicografia Chico Xavier
A REIVINDICAÇÃO
Cap. X - Item 17 - ESE
Há muito aspirava Saturnino Peixoto ao interesse de algum
homem público para favorecê-lo na abertura de certa estrada.
Para isso, conversou, estudou, argumentou...
Concluiu, por fim que a pessoa indicada seria o deputado
Otaviano, recém-eleito, homem ao qual se referiam todos da melhor maneira, pela
atenção e carinho com que se dedicava à solução dos problemas da extensa região
que representava.
Depois de ouvir o escrivão da cidade, Saturnino redigiu
longa carta-memorial, minudenciando a reivindicação.
E ficou aguardando a resposta.
Correram dias, semanas, meses.
Nenhum aviso.
Revoltado, Saturnino começou a exprobra a conduta
política do deputado que nem sequer lhe respondera à carta.
Sempre que se lembrava do assunto, criticava o político,
censurando-o acremente, a envolver todos os homens públicos em condenação
desabrida.
Nada valiam ponderações da companheira, D. Estefânia,
espírita convicta, que lhe pedia perdoar e esquecer.
Transcorreram três anos, até que a solicitação caducou.
Saturnino, obrigado a desistir da idéia, guardou,
contudo, profundo ressentimento do legislador que terminava o mandato.
Certo dia, porém, revolvia os guardados de velha
prateleira no escritório, quando encontrou, surpreendido, entre livros e papéis
relegados à traça, o memorial que escrevera ao deputado, dentro de envelope
subrescritado, selado e recoberto de pó.
Saturnino se esquecera de enviar a carta...
Hilário Silva - Do livro O Espírito da Verdade.
Psicografia de Waldo Vieira.
INCÓGNITAS
Capítulo 10, item 18
“... Todos tendes
más tendências a vencer defeitos a corrigir hábitos a modificar; todos tendes
um fardo mais ou
menos pesado a depor para escalar o cume da montanha do progresso.
Por que, pois, serdes tão clarividentes para com o próximo e cegos em relação a
vós mesmos? (Capítulo 10, item 18.)
Analisas a obra
assistencial e a criticas, afirmando que a tarefa poderia ser muito melhor, que
o atendimento requer técnicas mais apropriadas e que, se outras prioridades
fossem atingidas, então as metas sociais seriam mais abrangentes.
Mas não te dispões
a doar tuas mãos na realização de uma vida melhor aos necessitados.
Analisas o
expositor e o criticas, argumentando que a narrativa poderia ser mais
convincente e menos enfadonha. Que se ele lançasse mão de recursos de oratória
e tivesse um vocabulário mais rico, prenderia mais a atenção e elucidaria
melhor os ouvintes.
Mas não te dispões
a ler e a estudar, e muito menos a falar em público no serviço de reeducação
das pessoas, retirando-as das crenças negativas que bloqueiam vidas.
Analisas o
administrador do serviço e o criticas, asseverando que ele mantém posição
intransigente e orgulhosa, e julgas que ele deveria ser mais humilde e
compreensivo no trato com os dirigidos.
Mas não te dispões
a usar a mesma compreensão e humildade exigidas dele, não percebendo que vês o
cisco no olho dos outros, e não vês a trave no teu.
Analisas a conduta
alheia e a criticas, observando rigorosamente procedimentos e atitudes que
julgas inadmissíveis, e te colocas distante e impermeável a condutas levianas.
Mas não te dispões a ajudar sinceramente a ninguém, e te esqueces
de que poderás vir a errar, pois todos os que vivem sobre a Terra são passíveis
de enganos e desacertos.
Analisas o governo do país e o criticas, julgando pela
tua ótica que todos os parlamentares ou ocupantes de cargos governamentais não
são confiáveis nem bons servidores, e que a nação está envolvida no caos.
Mas não te dispões a cooperar e nada fazes pela comunidade
em que vives, relegando somente aos governantes obrigações e deveres,
esquecendo que todos nós vivemos interligados e que
depende também de ti o bem-estar e a prosperidade da
população.
Analisas dores e sofrimentos e criticas a vida,
dizendo-te sozinho e desamparado perante a Providência Divina e que Deus te abandonou.
Mas não te dispões a renovar-te, não te dando conta que,
se não fizeres auto-observação em teus atos e atitudes negativas, continuarás
atraindo energias desconexas que te descontrolarão o cosmo orgânico.
Incoerente é a posição de toda criatura que reclama,
critica, ofende, esbraveja e que nunca se faz apta a fazer algum bem, em favor
de si mesma ou dos outros.
Perplexos ficamos todos nós diante das rogativas das pessoas
que solicitam ajuda com os lábios, e nunca com ações;
que muito pedem e nunca doam; que somente visualizam as necessidades
próprias, e nunca vêem a vida como um ritmo cósmico interconectado com todas as
coisas, de maneira que o “todo” é mantido pelo apoio das “partes”.
Examinemos, pois, com profundidade nossas críticas,
porque elas dificultam a transformação e o progresso de nossa existência, se
não forem estruturadas na reflexão e na reparação de nossos erros.
Para que não sejas uma incógnita na vida que Deus te proporcionou,
não faças crítica pela crítica, mas sim trabalha como e quanto puderes, sempre
em tua órbita de possibilidades, para que a prosperidade seja uma constante em
teus caminhos.
Livro: Renovando Atitudes - Hammed – Francisco do
Espírito Santo Neto
DESAJUSTES
"Sede indulgentes, meus amigos, porquanto a
indulgência atrai, acalma, ergue, ao passo que o rigor desanima, afasta e
irrita." Do item 16 do Cap. X, de "o evangelho segundo o
espiritismo".
É comum
observar-se que o casamento promissor repentinamente adoece.
Desvelam-se empeços dos cônjuges no ramerrão do
cotidiano.
Conflitos, moléstias, desníveis, falhas de formação e temperamento.
Em certos lances da experiência, é a mulher que se
consorciou acreditando encontrar no esposo o retrato psicológico do pai, a quem
se vinculou desde o berço; em outros, é o homem a exigir da companheira a continuidade
da genitora, a quem se jungiu desde a vida fetal.
Ocorre, porém, que o matrimonio é uma quebra de amarras
através da qual o navio da existência larga o cais dos laços afetivos em que,
por muito tempo, jazia ancorado.
Na viagem, que se inicia a dois, parceiro e parceira se
revelarão, um à frente do outro, tais quais são e como se encontram na
realidade, evidenciando, em toda a extensão, os defeitos e as virtudes que,
porventura, carreguem.
Desajustes e inadaptações costumam repontar, ameaçando a
estabilidade da embarcação doméstica, atirada ao navegar nas águas da experiência.
É razoável se convoque o auxílio de técnicos capazes de
sanar as lesões no barco em perigo, como sejam médicos e psicólogos, amigos e
conselheiros, cuja contribuição se revestirá sempre de inapreciável valor;
entretanto, ao desenrolar de obstáculos e provas, o conhecimento da reencarnação
exerce encargo de importância por trazer aos interessados novo campo de
observações e reflexões, impelindo-os à tolerância, sem a qual a rearmonização
acena sempre mais longe.
Homem e mulher, usando a chave de semelhante
entendimento, passam mecanicamente a reconhecer que é preciso desvincular e
renovar sentimentos, mas em bases de compreensão e serenidade, amor e paz.
Urge perceber que o "nós" da comunhão afetiva
não opera a fusão dos dois seres que o constituem.
Cada parceiro, no ajuste, continua sendo um mundo por si.
E nem sempre os característicos de um se afinam com o
outro.
Daí a conveniência do mútuo aceite, com a obrigação da
melhoria do casal.
Para isso, não bastarão providências de superfície.
Há que internar o raciocínio em considerações mais profundas
para que as raízes do desequilíbrio sejam erradicadas da mente.
Aceitação, o problema.
Forçoso admitir o companheiro ou a companheira como são
ou como se aboletam na embarcação doméstica.
E, feito isso, inicie-se a obra da edificação ou da
reedificação recíprocas.
Obvio que conclusões e atitudes não se impõem no campo
mental; entretanto, não se arrependerá quem se disponha a estudar os princípios
da reencarnação e da responsabilidade individual no próprio caminho.
Obtém-se da vida o que se lhe dá, colhe-se o material de
plantio.
Habitualmente, o homem recebe a mulher, como a deixou e
no ponto em que a deixou no passado próximo, isto é, nas estâncias do tempo que
se foi para o continuísmo da obra de resgate ou de elevação no tempo de agora, sucedendo
o mesmo referentemente à mulher.
O parceiro desorientado, enfermo ou infiel, é aquele
homem que a parceira, em existências anteriores, conduziu à perturbação, à
doença ou à deslealdade, através de atitudes que o segregaram em deploráveis
estados compulsivos; e a parceira, nessas condições, consubstancia necessidades
e provas da mesma espécie. Tão somente na base da indulgência e do perdão
recíprocos, mais facilmente estruturáveis no conhecimento da reencarnação, com as
imbricações que se lhe mostram conseqüentes na equipe da família, conseguirão o
companheiro e a companheira do lar o triunfo esperado, nas lides e compromissos
que abraçam, descerrando a si mesmos a porta da paz e a luz da libertação.
Livro: Vida e Sexo – Emmanuel – Francisco C Xavier
À MARGEM DO SEXO
"Lembrai-vos daquele que julga em última instância,
que vê os movimentos íntimos de cada coração e que, por conseguinte, desculpa
muitas vezes as faltas que censurais, ou reprova o que relevais, porque conhece
o móvel de todos os atos. Lembrai-vos de que vós, que clamais em altas vozes anátema,
tereis, quiçá, cometido faltas mais graves. Do item 16, do Cap. X, de "O
Evangelho Segundo o Espiritismo".
Companheiros da Terra, à frente de todas as complicações
e problemas do sexo, abstende-vos de censura e condenação. Todos nós - ,os
Espíritos em aperfeiçoamento nos climas do Planeta - estamos emergindo de
passado multimilenar, em que as tramas da alma se entreteciam em labirintos de
sombra, para que as bênçãos
do aprendizado se nos fixassem no espírito.
Ainda assim, achamo-nos todos muito longe da meta por
alcançar. Se alguém vos parece cair, sob enganos do sentimento, silenciai e
esperai!
Se alguém se vos afigura tombar em delinqüência, por
desvarios do coração, esperai e silenciai!... Sobretudo, compadeçamo-nos uns
dos outros, porque, por enquanto, nenhum de nós consegue conhecer-se tão exatamente,
a ponto de saber hoje qual o tamanho da experiência afetiva que nos aguarda
amanhã. Calai os vossos possíveis libelos, ante as supostas culpas alheias,
porquanto nenhum de nós, por agora, é capaz de medir a parte de
responsabilidade que nos compete a cada um nas irreflexões e desequilíbrios dos
outros. Somos todos, peças integrantes de uma só família, operando em dois
mundos, simultaneamente - aquele das inteligências corporificadas no plano físico
e aquele outro das inteligências desencarnadas que se domiciliam nas regiões da
mesma Terra que habitais, disputando convosco, tanto quanto igualmente entre
si, a aquisição de recursos substanciais da evolução. Não dispomos de recursos
para examinar as consciências alheias e cada um de nós, ante a Sabedoria
Divina, é um caso particular, em matéria de amor, reclamando compreensão. A
vista disso, muitos de nossos erros imaginários no mundo são caminhos certos
para o bem, ao passo que muitos de nossos acertos hipotéticos são trilhas para
o mal de que nos desvencilharemos, um dia!... Abençoai e amai sempre. Diante de
toda e qualquer desarmonia do mundo afetivo, seja com quem for e como for,
colocai-vos, em pensamento, no lugar dos acusados, analisando as vossas
tendências mais íntimas e, após verificardes se estais em condições de censurar
alguém, escutai, no âmago da consciência, o apelo inolvidável do Cristo:
"Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei.
Livro: Vida e Sexo – Emmanuel – Francisco C Xavier
ANTE A INDULGÊNCIA
DIVINA
Induzidos à intemperança mental, a explodir dentro de nós
por vulcão de loucura, meditemos na Indulgência Divina, para que não venhamos a
cair nos desajustes da intolerância.
Achavamo-nos, ontem, desarvorados e oprimidos no torvelinho
das trevas.
O Senhor, porém, nos concedeu novo dia para recomeçar a
grande ascenção à luz.
Estávamos paralíticos na recapitulação incessante de
nossos desequilíbrios.
Restituiu-nos a faculdade do movimento com os pés e as
mãos livres para o reequilíbrio que nos compete.
Sofríamos desilusão e cegueira.
Reformou-nos a esperança e a visão com que assimilamos as
novas experiências.
Jazíamos desassisados na sombra.
Reconduziu-nos à posse da integridade espiritual.
Padecíamos a desesperação a desgovernar-nos o verbo,
através de atitudes blasfematórias.
Investiu-nos, de novo, com o poder de falar
acertadamente.
Vitimava-nos a surdez, nascida de nossa rebelião perante
a Lei.
Dotou-nos de abençoados ouvidos com que possamos
assinalar as novas lições do socorro espiritual.
Procedíamos à conta de infelizes alienados, nas regiões
inferiores, materializando em torno de nós as telas dos próprios erros e
eternizando assim, o contato com os desafetos de nossa própria vida.
Concedeu-nos, porém, a Divina Bondade a bênção do lar e
da provação, da responsabilidade e do trabalho em comum, nos quais tornamos à
associação com os nossos adversários do pretérito para convertê-los, ao sol do
amor, em laços de elevação para o futuro.
Não olvides a tolerância de Jesus, o nosso Eterno Amigo,
que nos suporta há milênios, amparando-nos o coração, através de mil modos, em
cada passo do dia, e por gratidão a Ele que não vacilou em aceitar a própria
cruz para testemunhar-nos benevolência, sejamos aprendizes autênticos da
fraternidade, porquanto somente no perdão incondicional de nossas faltas
recíprocas, conseguiremos atender-lhe ao apelo inolvidável: – "Amai-vos
uns aos outros como eu vos amei."
Emmanuel - Do livro Atenção. Psicografia de Francisco
Candido Xavier.
CARIDADE E RAZÃO
TEMA – Raciocinar para conversar com proveito.
Indiscutìvelmente estamos ainda muito longe da educação
racional. Conquanto necessitados de ponderação, agimos, via de regra, sob o
impulso de alavancas emotivas acionadas por sugestões exteriores.
De modo geral, muito antes que nos decidamos a discernir,
assimilamos idéias que nos são desfechadas por informações e exibições que nem
sempre se vinculam à verdade e passamos a esposar opiniões que, comumente, nos
induzem a desastres morais no comboio da existência.
Habitua-te a essa realidade e não te entregues às
impressões tumultuárias que porventura te visitem o coração. Com isso, não te
queremos pedir para que te transformes em palmatória de corrigenda ou para que
apresentes ouvidos de pedra à frente dos semelhantes. Às vezes, há muito mais
caridade na atenção que no conselho. Fraternalmente, escuta o que se te diga e
observa o que vês, sem escandalizar os interlocutores ou ferir os companheiros
de romagem terrestre, opondo-lhes censuras ou contraditas que apenas lhes
agravariam as dificuldades e os problemas. Ao invés disso, aprendamos a filtrar
aquilo que nos alcance o campo íntimo, aproveitando os elementos que se façam
úteis aos outros e a nós mesmos, e esquecendo tudo – mas realmente tudo – o que
não nos sirva à construção do melhor.
Conversação, na essência, é permuta de almas. Através da
palavra, damos e recebemos. Isso, porém, não se refere a doações e recepções
teóricas. Entendendo-nos uns com os outros, fornecemos e adquirimos
determinados recursos de espírito, que influirão em nossa conduta e a nossa
conduta forma a corrente de planos, coisas, encontros e realizações que nos
determinarão o destino. Escolha de hoje no livre-arbítrio será consequência
amanhã. Causa de agora será resultado depois.
Cultivemos harmonia, à frente de tudo e de todos; no
entanto é preciso que essa atitude de entendimento não exclua de nossa
personalidade o otimismo irradiante, a sinceridade construtiva, o reconforto da
intimidade e a alegria de viver. Em suma, diante de todos e de tudo, deixemos
que a caridade nos ilumine o crivo da razão, a fim de que não venhamos a perder
os melhores valores rio tempo e da vida, por ausência de equilíbrio ou falta de
amor.
Emmanuel - Do livro Encontro Marcado. Psicografia de
Francisco Cândido Xavier.
A LIÇÃO
INESQUECÍVEL
Hilda, menina abastada, diariamente dirigia más palavras
à pequena vendedora de doces que lhe batia humildemente à porta da casa.
- Que vergonha! De bandeja! De esquina a esquina! Vai-te
daqui! Gritava, sem razão.
A modesta menina se punha pálida e trêmula. Entrementes,
a dona da casa, tentando educar a filha, vinha ao encontro da pequena humilhada
e dizia bondosa:
- Que doces tão perfeitos! Quem os fez assim tão lindos?
- mocinha, reanimada, respondia, contente:
- Foi a mamãe.
A generosa senhora comprava sempre alguma coisa e, em
seguida, recomendava à filha:
Hilda, não brinques com o destino. Nunca expulses o
necessitado que nos procura. Quem sabe o que sucederá amanhã? Aqueles que
socorremos serão provavelmente os nossos benfeitores.
A menina resmungava e, à noite, ao jantar, o pai
secundava os conselhos maternos, acrescentando:
- Não zombes de ninguém, minha filha! O trabalho, por
mais humilde, é sempre respeitável e edificante. Por certo, dolorosas
necessidades impelirão uma criança a vender doces, de porta em porta.
Hilda, contudo, no dia seguinte, fustigava a vendedora,
exclamando:
- Fora daqui! Bruxa! Bruxa! ...
A mãe devotada acolhia a pequena descalça e repetia à
filha as advertências carinhosas da véspera.
Correu o tempo e, depois de quatro anos, o quadro da vida
se modificara.
O paizinho de Hilda adoeceu e debalde os médicos
procuraram salvá-lo.
Morreu numa tarde calma, deixando o lar vazio.
A viúva recolheu-se ao leito extremamente abatida e, com
as despesas enormes, em breve a pobreza e o desconforto invadiram-lhe a
residência. A pobre senhora mal podia mover-se.
Privações chegaram em bando. A menina, anteriormente
abastada, não podia agora comprar nem mesmo um par de sapatos.
Aflita por resolver a angustiosa situação, certa noite
Hilda chorou muitíssimo, lembrando-se do papai. Dormiu, lacrimosa e sonhou que
ele vinha do Céu confortá-la. Ouviu-o dizer, perfeitamente:
- Não desanimes, minha filha! Vai trabalhar! Vende doces
para auxiliar a mamãe! ...
Despertou, no dia imediato, com o propósito firme de
seguir o conselho.
Ajudou a mãezinha enferma a fazer muitos quadradinhos de
doce-de-leite e, logo após, saiu a vendê-los. Algumas pessoas generosas
compravam-nos com evidente intuito de auxiliá-la, entretanto, outras criaturas,
principalmente meninos perversos, gritavam-lhe aos ouvidos:
- Sai daqui! Bruxa de bandeja! ...
Sentia-se triste e desalentada, quando bateu à porta de
uma casa modesta.
Graciosa jovem atendeu.
Ah! Que surpresa! Era a menina pobre que costumava vender
cocadas noutro tempo. Estava crescidinha, bem vestida e bonita.
Hilda esperou que ela maltratasse por vingança, mas a
jovem humilde fitou nela os grandes olhos, reconheceu-a, compreendeu-lhe a nova
situação e exclamou, contente:
- Que doces tão perfeitos! Quem os fez assim tão lindos?
A interpelada lembrou os ensinamentos maternos de anos
passados e informou:
- Foi a mamãe.
A ex-vendedora comprou quantos quadradinhos restavam na
bandeja e abraçou-a com sincera amizade.
Desse dia em diante, a menina vaidosa transformou-se para
sempre. A experiência lhe dera inesquecível lição.
Neio Lúcio – Antologia da Criança – Francisco C Xavier
LOUVOR
A manhã esplende jubilosa, louvando a terra adormecida
com a dádiva do despertar.
A vida canta estuante ao nascer do dia, louvando a
mensagem da luz.
As flores sorriem perfumes ao contato dos raios selares,
louvando a graça do calor.
A terra umedecida produz, louvando a felicidade da doação
fertilizante.
O rio abraça jubilosamente o oceano, louvando a amplidão
marinha.
O diamante brilha, louvando as marteladas lapidadoras que
o fizeram fulgir.
O homem ama, louvando a oferenda divina que lhe felicita
o coração.
O crente ajoelha-se ditoso e louva o Senhor agradecendo a
dádiva da fé.
Flutuando, corre a nuvem louvando a oportunidade de
distender-se na atmosfera rarefeita.
A árvore cresce e louva o solo que a viu nascer,
estendendo galhos que projetam sombra acolhedora, multiplicando bênçãos de
flores e frutos...
Toda a vida na terra é um hino de louvor ao Senhor de
todas as coisas.
O sol que brilha, o coração que ama, a ave que canta, as mãos
que socorrem, a flor que perfuma, o ser que perdoa, o diamante que fulge, o
sentimento que ajuda, são manifestações do espírito de louvor que vivifica o
mundo, entoando a. música de gratidão à Fonte Doadora e Soberana da Vida.
Através do trabalho ativo e continuado, entoa, também, o
teu hino de louvor ao feliz ensejo de realização na terra dolorida, fazendo dos
braços instrumentos de progresso que gera a harmonia e do coração harpa divina
a modular contínua canção de esperança e paz.
Agora que encontraste a Doutrina Espírita que te liberta
da pesada canga da ignorância e que te dá ao lado do discernimento o entusiasmo
e o amor à vida, louva e agradece a Deus a felicidade que ora te enriquece,
distribuindo as flores da tua alegria íntima em forma de caridade para com
todos e amor a tudo e todos, jubiloso ao claro sol da legítima razão de viver:
servir para redimir-se!
"Todo o povo, vendo isto, deu louvor a Deus".
Lucas: capítulo 18º, versículo 43.
"Espiritismo! doutrina consoladora e bendita!
felizes dos que te conhecem e tiram proveito dos salutares ensinamentos dos
Espíritos do Senhor!". Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 10º -
Item 18, parágrafo 2.
FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas. Pelo
Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 38.
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