11 – O egoísmo, esta chaga da humanidade, deve
desaparecer da Terra, porque impede o seu progresso moral. É ao Espiritismo que
cabe a tarefa de fazê-la elevar-se na hierarquia dos mundos. O egoísmo é
portanto o alvo para o qual todos os verdadeiros crentes devem dirigir suas
armas, suas forças e sua coragem. Digo coragem, porque esta é a qualidade mais
necessária para vencer-se a si mesmo do que para vencer aos outros. Que cada
qual, portanto, dedique toda a sua atenção em combatê-lo em si próprio, pois
esse monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho, é a
fonte de todas as misérias terrenas. Ele é a negação da caridade, e por isso
mesmo, o maior obstáculo à felicidade dos homens.
Jesus vos deu o exemplo da caridade, e Pôncio Pilatos o
do egoísmo. Porque, enquanto o Justo vai percorrer as santas estações do seu
martírio, Pilatos lava as mãos, dizendo: Que me importa! Disse mesmo aos
judeus: Esse homem é justo, por que quereis crucificá-lo? E, no entanto, deixa
que o levem ao suplício.
É a esse antagonismo da caridade e do egoísmo à invasão
dessa lepra do coração humano, que o Cristianismo deve não ter ainda cumprido
toda a sua missão. E é a vós, novos apóstolos da fé, que os Espíritos
superiores esclarecem, que cabem a tarefa e o dever de extirpar esse mal, para
dar ao Cristianismo toda a sua força e limpar o caminho dos obstáculos que lhe
entravam a marcha. Expulsai o egoísmo da Terra, para que ela possa elevar-se na
escala dos mundos, pois já é tempo da humanidade vestir a sua toga viril, e
para isso é necessário primeiro expulsá-lo de vosso coração.
PASCAL - Sens, 1862
12 – Se os homens se amassem reciprocamente, a caridade
seria mais bem praticada. Mas, para isso, seria necessário que vos esforçásseis
no sentido de livrar o vosso coração dessa couraça que o envolve, a fim de
torná-lo mais sensível ao sofrimento do próximo. O Cristo nunca se esquivava:
aqueles que o procuravam, fossem quem fossem, não eram repelidos. A mulher
adúltera, o criminoso, eram socorridos por ele, que jamais temeu prejudicar a
sua própria reputação. Quando, pois o tomareis por modelo de todas as vossas
ações? Se a caridade reinasse na Terra, o mal não dominaria, mas se apagaria
envergonhado; ele se esconderia, porque em toda parte se sentiria deslocado.
Seria então que o mal desapareceria; compenetrai-vos bem disso.
Começai por dar o exemplo vós mesmos. Sede caridosos para
com todos, indistintamente. Esforçai-vos para não atentar nos que vos olham com
desdém. Deixai a Deus cuidar de toda a justiça, pois cada dia, no seu Reino,
Ele separa o joio do trigo.
O egoísmo é a negação da caridade. Ora, sem caridade não
há tranqüilidade na vida social, e digo mais, não há segurança. Com o egoísmo e
o orgulho, que andam de mãos dadas, essa vida será sempre uma corrida favorável
ao mais esperto, uma luta de interesses, em que as mais santas afeições são
calcadas aos pés, em que nem mesmo os sagrados laços de família são
respeitados.
O LIVRO DOS
ESPÍRITOS – QUESTÃO 913 À 917
913. Dentre os vícios, qual o que se pode considerar
radical?
“Temo-lo dito muitas vezes: o egoísmo. Daí deriva todo
mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos há egoísmo.
Por mais que lhes deis combate, não chegareis a
extirpá-los, enquanto não atacardes o mal pela raiz, enquanto não lhe houverdes
destruído a causa. Tendam, pois, todos os esforços para esse efeito, porquanto
aí é que está a verdadeira chaga da sociedade.
Quem quiser, desde esta vida, ir aproximando-se da
perfeição moral, deve expurgar o seu coração de todo sentimento de egoísmo, visto
ser o egoísmo incompatível com a justiça, o amor e a caridade. Ele neutraliza
todas as outras qualidades.”
914. Fundando-se o egoísmo no sentimento do interesse
pessoal, bem difícil parece extirpá-lo inteiramente do coração humano.
Chegar-se-á a consegui-lo?
“À medida que os homens se instruem acerca das coisas
espirituais, menos valor dão às coisas materiais. Depois, necessário é que se
reformem as instituições humanas que o entretêm e excitam. Isso depende da
educação.”
915. Por ser inerente à espécie humana, o egoísmo não
constituirá sempre um obstáculo ao reinado do bem absoluto na Terra?
“É exato que no egoísmo tendes o vosso maior mal, porém
ele se prende à inferioridade dos Espíritos encarnados na Terra e não à Humanidade
mesma. Ora, depurando-se por encarnações sucessivas, os Espíritos se despojam
do egoísmo, como de suas outras impurezas. Não existirá na Terra nenhum homem
isento de egoísmo e praticante da caridade? Há muito mais homens assim do que
supondes. Apenas, não os conheceis, porque a virtude foge à viva claridade do
dia. Desde que haja um, por que não haverá dez? havendo dez, por que não haverá
mil e assim por diante?”
916. Longe de diminuir, o egoísmo cresce com a
civilização, que, até, parece, o excita e mantém. Como poderá a causa destruir
o efeito?
“Quanto maior é o mal, mais hediondo se torna. Era
preciso que o egoísmo produzisse muito mal, para que compreensível se fizesse a
necessidade de extirpá-lo. Os homens, quando se houverem despojado do egoísmo
que os domina, viverão como irmãos, sem se fazerem mal algum, auxiliando-se
reciprocamente, impelidos pelo sentimento mútuo da solidariedade. Então, o
forte será o amparo e não o opressor do fraco e não mais serão vistos homens a
quem falte o indispensável, porque todos praticarão a lei de justiça. Esse o
reinado do bem, que os Espíritos estão incumbidos de preparar.” (784)
917. Qual o meio de destruir-se o egoísmo?
“De todas as imperfeições humanas, o egoísmo é a mais
difícil de desenraizar-se porque deriva da influência da matéria, influência de
que o homem, ainda muito próximo de sua origem, não pôde libertar-se e para
cujo entretenimento tudo concorre: suas leis, sua organização social, sua educação.
O egoísmo se enfraquecerá à proporção que a vida moral for predominando sobre a
vida material e, sobretudo, com a compreensão, que o Espiritismo vos faculta,
do vosso estado futuro, real e não desfigurado por ficções alegóricas. Quando,
bem compreendido, se houver identificado com os costumes e as crenças, o
Espiritismo transformará os hábitos, os usos, as relações sociais. O egoísmo
assenta na importância da personalidade. Ora, o Espiritismo, bem compreendido,
repito, mostra as coisas de tão alto que o sentimento da personalidade desaparece,
de certo modo, diante da imensidade. Destruindo essa importância, ou, pelo
menos, reduzindo-a às suas legítimas proporções, ele necessariamente combate o
egoísmo.
O choque, que o homem experimenta, do egoísmo dos outros
é o que muitas vezes o faz egoísta, por sentir a necessidade de colocar-se na
defensiva. Notando que os outros pensam em si próprios e não nele, ei-lo levado
a ocupar-se consigo, mais do que com os outros. Sirva de base às instituições
sociais, às relações legais de povo a povo e de homem a homem, o princípio da
caridade e da fraternidade e cada um pensará menos na sua pessoa, assim veja que
outros nela pensaram. Todos experimentarão a influência moralizadora do exemplo
e do contato. Em face do atual extravasamento de egoísmo, grande virtude é
verdadeiramente necessária, para que alguém renuncie à sua personalidade em
proveito dos outros, que, de ordinário, absolutamente lhe não agradecem.
Principalmente para os que possuem essa virtude, é que o
Reino dos Céus se acha aberto. A esses, sobretudo, é que está reservada a
felicidade dos eleitos, pois em verdade vos digo que, no dia da justiça, será
posto de lado e sofrerá pelo abandono, em que se há de ver, todo aquele que em
si somente houver pensado.” (785) Fénelon
Louváveis esforços indubitavelmente se empregam para
fazer que a Humanidade progrida. Os bons sentimentos são animados, estimulados
e honrados mais do que em qualquer outra época. Entretanto, o egoísmo, verme
roedor, continua a ser a chaga social. É um mal real, que se alastra por todo o
mundo e do qual cada homem é mais ou menos vítima. Cumpre, pois, combatê-lo, como
se combate uma enfermidade epidêmica. Para isso, deve-se proceder como procedem
os médicos: ir à origem do mal. Procurem-se em todas as partes do organismo
social, da família aos povos, da choupana ao palácio, todas as causas, todas as
influências que, ostensiva ou ocultamente, excitam, alimentam e desenvolvem o
sentimento do egoísmo. Conhecidas as causas, o remédio se apresentará por si
mesmo. Só restará então destruí-las, senão totalmente, de uma só vez, ao menos
parcialmente, e o veneno pouco a pouco será eliminado. Poderá ser longa a cura,
porque numerosas são as causas, mas não é impossível. Contudo, ela só se obterá
se o mal for atacado em sua raiz, isto é, pela educação, não por essa educação
que tende a fazer homens instruídos, mas pela que tende a fazer homens de bem.
A educação, convenientemente entendida, constitui a chave do progresso moral.
Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres, como se conhece a de
manejar as inteligências, conseguir-se-á corrigi-los, do mesmo modo que se
aprumam plantas novas. Essa arte, porém, exige muito tato, muita experiência e
profunda observação. É grave erro pensar-se que, para exercê-la com proveito,
baste o conhecimento da Ciência.
Quem acompanhar assim o filho do rico, como o do pobre,
desde o instante do nascimento, e
observar todas as influências perniciosas que sobre eles atuam, em consequência
da fraqueza, da incúria e da ignorância dos que os dirigem, observando igualmente
com quanta frequência falham os meios empregados para moralizá-los, não poderá
espantar-se de encontrar pelo mundo tantas esquisitices. Faça-se com o moral o
que se faz com a inteligência e ver-se-á que, se há naturezas refratárias,
muito maior do que se julga é o número das que apenas reclamam boa cultura, para
produzir bons frutos. (872)
O homem deseja ser feliz e natural é o sentimento que dá
origem a esse desejo. Por isso é que trabalha incessantemente para melhorar a
sua posição na Terra, que pesquisa as causas de seus males para remediá-los.
Quando compreender bem que no egoísmo reside uma dessas
causas, a que gera o orgulho, a ambição, a cupidez, a inveja, o ódio, o ciúme, que
a cada momento o magoam, a que perturba todas as relações sociais, provoca as
dissensões, aniquila a confiança, a que o obriga a se manter constantemente na
defensiva contra o seu vizinho, enfim, a que do amigo faz inimigo, ele
compreenderá também que esse vício é incompatível com a sua felicidade e, podemos
mesmo acrescentar, com a sua própria segurança. E quanto mais haja sofrido por
efeito desse vício, mais sentirá a necessidade de combatê-lo, como se combatem
a peste, os animais nocivos e todos os outros flagelos. O seu próprio interesse
a isso o induzirá. (784)
O egoísmo é a fonte de todos os vícios, como a caridade o
é de todas as virtudes. Destruir um e desenvolver a outra, tal deve ser o alvo
de todos os esforços do homem, se quiser assegurar a sua felicidade neste
mundo, tanto quanto no futuro.
TEXTOS DE APOIO
EGOÍSMO
Herança evidente de nossa antiga animalidade, por toda a
parte, ainda vemos o egoísmo a repontar em toda extensão do mundo. . .
O egoísmo!. . .
Em família, é o exclusivismo do sangue.
No lar, é o narcisismo doméstico.
Na oficina de trabalho, é o despeito.
Na propriedade transitória, é a ambição de posse
desnecessária.
Na cultura da inteligência, é a vaidade intelectual.
Na ignorância, é a agressividade.
Na riqueza amoedada, é o espírito de usura.
Na pobreza, é a inveja destrutiva.
Na madureza, é o azedume.
Na mocidade, é a ingratidão.
No ateísmo, é a impiedade.
Na fé religiosa, é a intolerância.
Na alegria, é o excesso.
Na tristeza, é o isolamento.
Nos fortes, é a tirania.
Nos fracos, é a astúcia.
Na afetividade, é o ciúme.
Na dor, é o desespero.
No mimetismo que lhe é próprio, usa em todos os setores
as mais diversas máscaras e qual o joio que abafa o trigo, comparece igualmente
nos corações que a luz já felicite, em forma de cólera e irritação, desânimo e
secura. . .
Se desejarmos dar combate à praga do egoísmo na gleba da
alma, saibamos estender, cada dia, as nossas disposições de mais amplo serviço
ao próximo, e, aprendendo a ceder de nós mesmos, entre a humildade e o
sacrifício, no bem de todos, conquistaremos com o Cristo a plenitude do amor
que lhe converteu a própria cruz em ressurreição para a Vida Eterna.
Emmanuel - Livro Encontro de Paz - Psicografia Chico
Xavier
ESTADO MENTAL
"...O egoísmo é, pois, o objetivo para o qual todos
os verdadeiros crentes devem dirigir suas armas, suas forças e sua coragem;
digo coragem porque é preciso mais coragem para vencer a si mesmo do que para
vencer os outros..." (Cap. XI, item 11)
Para que atinja a espiritualidade, já afirmavam as
antigas religiões do Oriente, seria preciso que o homem se apartasse do
"maya", que são as ilusões da existência, do nascimento e da morte.
Para que pudesse conquistar o "nirvana", diziam
que seria imperativo extinguir todo o desejo de ser, aniquilando assim o
"ego", que é a individualidade exaltada e distraída pelas fantasias
do mundo.
Ao mesmo tempo, encontrarmos Jesus Cristo instruindo-nos
que, para alcançarmos o "Reino de Deus", é preciso nos despojarmos do
"egoísmo", o terrível adversário do progresso espiritual.
As Bem-aventuranças do Mestre nada mais são do que vias
para se alcançar a iluminação, ou seja, elevar-se através da mansuetude,
humildade e simplicidade, abandonando todo sentimento de personalismo.
A moderna psicologia tem toda a atenção voltada para que
as pessoas entrem em contato com a realidade e terminem com suas ilusões, que
são as causas da distorção de sua visão e percepção de si mesmas em relação às
outras.
O "maya" das religiões orientais era tudo que impedia
as almas de atingir o estado de "bem-aventurados", também conceituado
como "nirvana" ou "reino dos céus", conforme as diferentes
denominações e crenças religiosas.
É realmente a ilusão de satisfazermos os próprios
interesses em detrimento dos interesses dos outros que caracteriza o estado de
egoísmo — um conjunto enorme de ilusões, que nos tira do senso de realidade e
de uma compreensão mais acurada de tudo e de todos.
"Não devo ser contrariado", "Preciso
controlar os outros", "Sou dono da verdade", "Nunca poderia
ter acontecido comigo" são atitudes ilusórias herdadas por nós de crenças
despóticas e prepotentes, filhas da egolatria, ou seja, do "culto ao
eu".
As ilusões de "tudo para mim" ou de "tudo
girar em torno de mim" vêm do interesse individualista, resquício da
animalidade por onde transitamos, em priscas eras, em contato com os reinos
menores da natureza.
A caça no mundo animal nada mais é do que o uso dos instintos
de preservação e conservação. Felinos de grande ou pequeno porte como, por
exemplo, o leão e o gato, matam seres indefesos e cordiais, como o antílope e o
beija-flor, para alimentar unicamente a si próprios e suas crias.
Não devem, porém, ser considerados como egoístas e
cruéis, pois somente colocam em prática os mecanismos atávicos de sua criação,
frutos da própria Natureza.
"O egoísmo e o orgulho têm a sua fonte num
sentimento natural: o instinto de conservação. Todos os instintos têm sua razão
de ser e sua utilidade, porque Deus nada pode fazer de inútil."
Com a simples presença no lar de um segundo filho do
casal, é perceptível em quase todas as crianças a necessidade exclusivista de
atenção dos pais em torno delas, como centro de tudo. É natural e compreensível
o aparecimento do impulso egóico.
O medo de perder suas satisfações, cuidados e
compensações psicoemocionais faz com que a criança nessas condições use o
"instinto de preservação", a fim de "conservar" o carinho,
o afago e o amor, antes somente voltados para ela, e agora divididos com o novo
irmão.
O denominado ciúme ou egocentrismo infantil não poderá
ser considerado anormal, desde que não tome proporções alarmantes. É uma reação
natural diante de situações verdadeiras ou imaginadas, de perda de afeto,
podendo existir sutilmente disfarçada ou claramente demonstrada.
Nas criaturas que desenvolvem seus primeiros passos no
aperfeiçoamento ético-moral, a tendência egoística é um estado instintivo,
próprio do seu grau evolutivo, e não um defeito de caráter incompreensível, nem
uma imperfeição inexplicável da índole humana.
"Esse sentimento, encerrado em seus justos limites,
é bom em si; é o exagero que o torna mau e pernicioso...". Como o feto
necessita, por determinado tempo, do cordão umbilical ou mesmo da placenta para
sua manutenção, assim também a humanidade transformará gradativamente esse
impulso inato e ancestral, adquirido através dos séculos e séculos, na luta
pela sobrevivência nos estágios primitivos da vida.
Essa mesma humanidade absorverá no futuro atitudes mais
equilibradas e coerentes com seu patamar evolutivo, aprendendo a usar cada vez
melhor seus sentimentos, antes somente instintos.
Dessa forma, entendemos que o egoísmo, esse agrupamento
de ilusões de supremacia, existirá por determinado período de tempo nas
criaturas, até que elas consigam se conscientizar de que a atitude de
"lavar as mãos", de Pôncio Pilatos, isto é, consideração excessiva
aos seus interesses pessoais, agindo arbitrariamente, trará sempre desilusões e
obstrução na percepção do mundo em que vivemos.
Já o exemplo do Cristo nos transfere a uma ampla
realidade de que o amor é a única força capaz de nos trazer lucidez e
equilíbrio no relacionamento conosco e com os outros.
Eis o antídoto contra o egoísmo: "Não fazer aos
outros o que não gostaríamos que os outros nos fizessem".
Livro: Renovando Atitudes - Hammed – Francisco do
Espírito Santo Neto
A CURA DO EGOÍSMO
"O egoísmo é, pois, o alvo para o qual todos os
verdadeiros crentes devem apontar suas armas, dirigir suas forças, sua coragem.
Digo: coragem, porque dela muito mais necessita cada um para vencer-se
a si mesmo, do que para vencer os outros." Emmanuel
(Paris, 1861). O evangelho segundo o espiritismo, capítulo 11, item 11.
Uma análise prudente dos problemas sociais na Terra exige
o exame minucioso da influência moral do egoísmo nas atitudes humanas. Em todos
os tempos, a raiz dos vícios pode ser explicada ao se estudar o comportamento
egoísta e o que o homem é capaz de fazer quando é escravo dos seus interesses
pessoais.
Porém, não é somente no campo objetivo da vida que se
pode perceber a ação destrutiva do comportamento egocêntrico. Na vida mental
inconsciente, hábitos milenares que governam atitudes e sentimentos são capazes
de elaborar severas dores da alma. Os processos psíquicos e emocionais mais
variados guardam uma conexão estreita com a personalidade egoísta. Sentimentos
estruturais que serviram para o progresso do espírito na caminhada evolutiva,
como a culpa, a raiva, o medo, a tristeza e o orgulho, sofreram terríveis
mutações sob a influência agressiva do egoísmo, transformando emoções básicas e
necessárias para o crescimento evolutivo em estados psíquicos e emotivos
geradores de sofrimento.
A culpa sob o golpe do egoísmo transforma-se em remorso
perturbador e martírio destruidor.
A raiva dirigida pelo egoísmo acomoda-se na mágoa
dilacerante e na depressão.
O medo dominado pelo egoísmo transforma-se em insegurança
e ansiedade viciante.
A tristeza sob a pressão do egoísmo encarcera o coração
na revolta e na rebeldia.
O orgulho sob o fascínio do egoísmo atola-se nos lamaçais
da arrogância venenosa e da vaidade entorpecente.
Hoje, tais sentimentos estruturais, que foram colocados
no homem para o bem, tornaram-se paixões corrosivas do sossego e da paz íntima.
Vejamos:
"Será substancialmente mau o princípio originário
das paixões, embora esteja na natureza?
Não; a paixão está no excesso de que se acresceu a
vontade, visto que o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem,
tanto que as paixões podem levá-lo à realização de grandes coisas. 0 abuso que
delas se faz é que causa o mal."
Por esse motivo, estudar o egoísmo, compreender suas manifestações
sutis na vida interior, examinar os comportamentos mais prováveis na órbita de
sua manifestação e meditar sobre a importância de usá-lo em favor da nossa
libertação torna-se uma tarefa inadiável do servidor de Jesus motivado pelos
ideais de espiritualização e honestamente disposto a edificar uma reforma
íntima autêntica.
Sem dúvida, o maior desafio na trilha ascendente do
progresso moral é enfrentar os disfarces sutis do personalismo e aprender a
construir laços seguros e realistas com a própria consciência, na qual se
encontram as indicativas perfeitas para nossa libertação espiritual.
A cura do egoísmo não significa extirpá-lo, mas dar-lhe
rota segura para que ele cumpra apenas a sua função educativa de preservação
necessária, por meio da consolidação de uma autoestima abundante, que é o
alicerce da sanidade e do bem-estar na sociedade.
Curar o egoísmo é aprender a criar uma harmonia interior
entre a gritaria do ego e os chamados da consciência, é ter a coragem de olhar
para nossa personalidade orgulhosa e interesseira, vaidosa e repleta de
melindres, e dar-lhe a direção divina e rica de amor. E reorientar nossos
sentimentos para o autoamor.
Nossa personalidade egoísta só pensa em si. Em
contrapartida, o autoamor é o movimento da alma que também pensa em si, mas sem
excluir a interação com as Leis Paternais da solidariedade e do bem comum a
todos. Autoamor é, portanto, a aplicação do egoísmo com finalidades superiores
que preenchem o coração de paz e alegria.
Esse processo curativo envolve reeducação emocional.
Uma reforma íntima centrada no autoamor não se resume em
negar interesses pessoais, mas em orientá-los para o equilíbrio.
Reorientar nosso egoísmo a golpes de negação das
necessidades e interesses pessoais é tão nocivo quanto dar vazão à carga tóxica
de egocentrismo.
Nossa proposta nestes despretensiosos textos é examinar
os mais profundos mecanismos emocionais do egoísmo em nossa conduta e indicar
os caminhos de como transformá-lo em autoamor, em emoção que cura.
Primeiramente, precisamos entender que o efeito mais
indesejável do trajeto experimentado por nós nos ciclos das vidas sucessivas é
trazer na intimidade o roteiro de dor e infelicidade que nos enquadra nas
provas e expiações terrenas.
A conduta personalista cristalizou a paixão pela
satisfação pessoal a qualquer preço. Hoje, quem se decide por uma mudança desse
hábito milenar depara-se com dois reflexos principais: o primeiro, no campo do
pensamento, é a nociva experiência da idealização; o segundo, no campo
emocional, é a corrosão do sentimento de fé. Esses dois reflexos são
extremamente entrelaçados e repercutem um sobre o outro, criando um clima de
autoaversão e um profundo desconforto com nós mesmos sem aparentes motivos.
Mentes idealistas pensam muito no mundo, na vida e nas
pessoas. Elas idealizam como as coisas deveriam ser e reagem de forma doentia
quando suas expectativas não são realizadas. Esse é o hábito central de quem
usou a inteligência para manipular o mundo em favor de seus prazeres
transitórios. Sob indução desse hábito extremamente cristalizado nas
engrenagens profundas do pensamento, o idealista que hoje se propõe a uma
reforma interior vai experimentar dores emocionais na alma como carência
afetiva, compulsiva necessidade de resolver os problemas alheios seguida de
desastroso autoabandono, solidão dilacerante, mesmo tendo a convivência
familiar, profissional e social; acentuado sentimento de frustração, mesmo
quando alcançando os resultados possíveis; manutenção de relacionamentos
tóxicos baseados na dependência emocional, mágoa recorrente como expressão de
revolta comportamental, severo sentimento de culpa pelo que fez e pelo que não
fez, manifesto por meio de rigorosas auto cobranças e penitências; medo muito
intenso de situações imaginárias que provavelmente nunca irão acontecer,
necessidade de controlar tudo e todos na tentativa de ajeitar a existência ao
seu gosto e episódios camuflados de revolta contida ou agressividade. Essas
dores emocionais geram uma sensação de desproteção perante a vida, de ausência
de sentido para viver.
Com vivências tão dolorosas, estabelece-se um vazio existencial
que corrói o sentimento de fé, e sem a fé, que pode ser comparada ao
combustível do ato de viver e ao eixo de alinhamento da vida mental, surge a
desvitalização, a depressão e o desespero perante as experiências provacionais
e expiatórias. Sem fé, o ato de viver se torna muito penoso.
Uma mente em constante processo de idealização
distancia-se da realidade. Um coração sem fé distancia-se da alegria de viver.
Uma mente atormentada pelos mecanismos sombrios da
idealização e pela ausência de fé, quando deseja realizar uma reforma íntima,
corre um risco enorme de tratar-se com tamanha inimizade ante as dores da alma,
que sua proposta de melhoria poderá produzir agressões à saúde psíquica.
A recomendação de uma transformação sob o escudo do auto amor
suaviza esses reflexos e estimula a caminhada. 0 auto amor é protetor. Quem se
trata com acolhimento, mesmo reconhecendo suas imperfeições, aumenta suas
chances de melhora e faz uso de duas medicações essenciais para sua cura: a
adequação do pensamento à realidade e o ajuste emocional à auto aceitação.
Se aprendermos a direcionar o pensamento para a
iluminação espiritual, o idealismo improdutivo converte-se em autoconhecimento.
Se esforçarmo-nos por uma reeducação emocional bem
orientada, a descrença na alegria de viver transforma-se em impulso de
autotransformação, e quem se aprimora em autoconhecimento, aplicando-o para sua
autotransformação, alcança, inevitavelmente, a conduta do auto amor.
Egoísmo à luz do auto amor significa cuidar de si, pensar
em si e olhar por si, sempre tomando por base o bem, não somente o seu, mas o
de todos, na perspectiva da realidade, dentro do possível. Quem aprende a se
amar utiliza o egoísmo da forma mais sublime para a qual ele foi criado. Curar
o egoísmo é dar-lhe finalidade libertadora.
No texto de abertura desta seção, Emmanuel refere-se à
coragem, como destaca em: "O egoísmo é, pois, o alvo para o qual todos os
verdadeiros crentes devem apontar suas armas, dirigir suas forças, sua
coragem.". Sim, é verdade! Transformar egoísmo em auto amor exige coragem.
A coragem de nos testar, de experimentar, de arriscar reconhecer nossos limites
verdadeiros, de entender a natureza dos nossos sentimentos e ousar condutas que
nos protejam do emaranhado de nossas próprias plantações na sementeira da vida.
Essa cura interior vai nos exigir tratar das três
principais feridas evolutivas da alma: o sentimento de inferioridade, a
sensação de desamparo e a cruel realidade de nossa falibilidade.
O remédio está muito bem indicado nas receitas sublimes
do Evangelho de Jesus. Cabe a nós usá-lo na dose certa. Na enfermaria das
experiências da vida, somos seres doentes em busca de nossa própria alta
médica, dispostos a renovar os caminhos em busca do progresso e da felicidade.
A esperança que alimenta nosso ideal de servir e amar é a
de que os apontamentos desta obra possam cooperar de alguma forma com o
tratamento de nossas enfermidades da alma.
Que Deus, em Sua infinita bondade e amor, nos abençoe a
todos com muita alegria e paz na alma.
Acolho a todos com meu abraço afetuoso.
Ermance Dufaux, Livro: Emoções Que Curam – Wanderley
Oliveira
CRISES SEM DOR
Fáceis de
reconhecer as crises abertas.
Provação
exteriorizada, dificuldade à vista.
Surgem, comumente,
na forma de moléstias, desencantos, acidentes ou suplícios do coração, atraindo
o concurso espontâneo das circunstantes a que se escoram as vítimas, vencendo,
com serenidade e valor, tormentosos dias de angústia, como quem atravessa, sem
maiores riscos, longos túneis de aflição.
Temos, porém,
calamitosas crises sem dor, as que se escondem sob a segurança de superfície:
- quando nos
acomodamos com a inércia, a pretexto de haver trabalhado em demasia...
- nas ocasiões em
que exigimos se nos faça o próximo arrimo indébito no jogo da usura ou no
ataque da ambição...
- qualquer que
seja o tempo em que venhamos a admitir nossa pretensa superioridade sobre os
demais...
- sempre que nos
julguemos infalíveis, ainda mesmo em desfrutando as mais elevadas posições nas
trilhas da Humanidade...
- toda vez que nos
acreditemos tão supostamente sábios e virtuosos que não mais necessitemos de
avisos e corrigendas, nos encargos que nos são próprios...
Sejam quais sejam
os lances da existência em que nos furtemos deliberadamente aos imperativos da
auto – educação ou de auxílio aos semelhantes, estamos em conjuntura perigosa
na vida espiritual, com a obrigação de esforçar-nos, intensamente, para não
cair em mais baixo nível de sentimento e conduta.
Libertemo-nos dos
complexos de avareza e vaidade, intransigência e preguiça que nos acalentam a
insensibilidade, a ponto de não registrarmos a menor manifestação de sofrimento,
porquanto, de modo habitual, é através deles que se operam, em nós e em torno
de nós, os piores desastres do espírito, seja pela fuga ao dever ou pela queda
na obsessão.
Livro: Estude E Viva - Francisco Cândido Xavier E Waldo
Vieira Pelos Espíritos Emmanuel E André Luiz
MORTOS VOLUNTÁRIOS
Condicionou-se a
mente humana, de maneira geral, a crer que a madureza orgânica é antecâmara da
inutilidade e eis muita gente a se demitir, indebitamente, do dever que a vida
lhe delegou.
Inúmeros
companheiros, porque hajam alcançado aposentadoria profissional ou pelo motivo
de abraçarem garotos que lhes descendem do sangue, dizem-se no paralelo final
da carreira física.
Esquecem-se de que
o fruto amadurecido é a garantia de toda a renovação da espécie, e rojam-se
prostrados, à soleira da inércia, proclamando-se desalentados.
Falam do
crepúsculo, como se não contassem com a manhã seguinte.
Começam qualquer
comentário em torno dos temas palpitantes do presente, pela frase clássica: ”no
meu tempo não era assim”.
Enquanto isso, a
vida, ao redor, é desafio incessante ao progresso e à transformação,
chamando-os ao rejuvenescimento.
Filhos lhes
reclamam orientação sadia, netos lhes solicitam calor da alma, amigos lhes
pedem o concurso da experiência e os irmãos da Humanidade contam com eles para novas
jornadas evolutivas.
Bastará pensar,
porém, que as crianças e os jovens não acertam o passo sem os mentores
adestrados na experiência, peritos em discernimento e trabalho, para que não menosprezem
a função que lhes cabe.
Nada de esquecer
que o Espírito reencarna, atravessando as faces difíceis da infância e da
juventude para alcançar a maioridade fisiológica e começar a viver, do ponto de
vista da responsabilidade individual.
Quanto empeço
vencido e quanta ilusão atravessada para consolidar uma reencarnação, longe das
praias estreitas do berço e da meninice, a fim de que o Espírito, viajor da
eternidade, alcance o alto mar da experiência terrestre!
Entretanto, grande
número de felizardos que chegam ao período áureo da reflexão, com todas as
possibilidades de serviço criador, estacam em suposta incapacidade, batendo à
porta do desencanto como quem se compraz na volúpia da compaixão por si mesmos.
Trabalhemos por
exterminar a praga do desânimo nos corações que atingiram a quadra preciosa da
prudência e da compreensão.
Vida é chama
eterna. Todo o dia é tempo de inventar, clarear e prosseguir.
Os companheiros
experientes no esforço terrestre constituem a vanguarda dos que renascem no
Planeta e não a chamada “velha guarda” que a rabugice de muitos imaginou para
deprimir a melhor época da criatura reencarnada na Terra.
Desencarnação é
libertação da alma, morte é outra coisa. Morte constitui cessação da vida,
apodrecimento, bolor.
Os que desanimam
de lutar e trabalhar, renovar e evoluir são os que verdadeiramente morrem,
conquanto vivos, convertendo-se em múmias de negação e preguiça, e, ainda que a
desencarnação passe, transfiguradora, por eles, prosseguem inativos na condição
de mortos voluntários que recusam a viver.
Acompanhemos a
marcha do Sol, que diariamente cria, transforma, experimenta, embeleza.
Renovemo-nos.
Livro: Estude E Viva - Francisco Cândido Xavier E Waldo
Vieira Pelos Espíritos Emmanuel E André Luiz
BENEFICÊNCIA E
JUSTIÇA
“E como vós quereis
que os homens
vos façam, da
maneira lhes fazei vós também.”
Jesus (Lucas, 6: 31)
“Começai vós por dar o exemplo: sede caridosos para com todos,
indistintamente; esforçaivos por não
atentar nos que vos olham com desdém e deixai a Deus a
encargo de fazer toda a justiça, a Deus que todos os dias, separa, no reino, o
joio do trigo.” (Cap. X1, Item 12)
Examinando a beneficência, reflitamos na Justiça que a
vida nos preceitua ao senso de relações. Sem ela, é possível que os melhores empreendimentos
sofram a nódoa de velhas mentiras crônicas em nome da gentileza. Atravessas
escabrosas necessidades materiais e, claro, te alegras ante o auxílio
conveniente, mas se a cooperação chega marcada pelo manifesto desprezo dos que
te ajudam com displicência, como se
desfizessem de um peso morto, estarias mais contente se te deixassem a sós.
Caíste moralmente ansiando levantar e rejubilaste diante do apoio que te surge
ao reerguimento, entretanto, se esse concurso aparece tisnado de violências,
qual se representasses um fardo de vergonha para os que te supõem reabilitar, sentirias
reconhecimento maior se te desconhecessem a luta. Choras, nas crises de
provação que te fustigam a existência, e regozijaste, quando os amigos se
dispõe a ouvirte o coração faminto de solidariedade, mas se pretendem
consolarte, repetindo apontamentos forçados, como se fosses para eles um
problema que são constrangidos a suportar, por questões de etiqueta, mostrarias
mais ampla gratidão se te entregassem ao silêncio da própria dor. A justiça
faznos sentir que o supérfluo de nossa casa é o necessário que falta ao vizinho; que o irmão
ignorante, tombado em erro, é alguém que nos pede os braços e que a aflição
alheia amanhã poderá ser nossa. Beneficência, por isso, assume o caráter de
dever puro e simples. Recomendanos a regra Áurea: “faze aos outros o que
desejas te seja feito”. A sentença quer dizer que todos precisamos de apoio à
luz da compreensão de remédio que se acompanhe de enfermagem e de conselho em
bases de simpatia.
Em suma, todos necessitamos de caridade uns para com os
outros, nesse ou naquele ângulo do caminho, mas é forçoso observar que se a
beneficência nos traga a obrigação de ajudar, ensinanos a justiça como se deve
fazer.
Livro Da Esperança Pelo Espírito Emmanuel – Francisco C
Xavier
INIMIGOS OCULTOS
Mencionamos, com muita freqüência, que os inimigos
exteriores são os piores expoentes de perturbação que operam em nosso prejuízo.
Urge, porém, olhar para dentro de nós, de modo a descobrir que os adversários
mais difíceis são aqueles de que não nos podemos afastar facilmente, por se nos
alojarem no cerne da própria alma.
Dentre eles, os mais implacáveis são:
- o egoísmo, que nos tolhe a visão espiritual, impedindo
vejamos as necessidades daqueles que mais amamos;
- o orgulho, que não nos permite acolher a luz do
entendimento, arrojando-nos a permanente desequilíbrio;
- a vaidade, que nos sugere a superestimação do próprio
valor, induzindo-nos a desprezar o merecimento dos outros;
- o desânimo, que nos impele aos precipícios da inércia;
- a intemperança mental, que nos situa na indisciplina;
- o medo de sofrer, que nos subtrai as melhores
oportunidades de progresso, e tantos outros agentes nocivos que se nos instalam
no Espírito, corroendo-nos a energias e depredando-nos a estabilidade mental.
Para a transformação dos adversários exteriores contamos,
geralmente, com o amparo de amigos que nos ajudam a revisar relações,
colaborando conosco na constituição de novos caminhos; entretanto, para
extirpar os que moram em nós, vale tão-somente o auxílio de DEUS, com o
laborioso esforço de nós mesmos.
Reportando-nos aos inimigos externos, advertiu-nos JESUS
que é preciso perdoar as ofensas setenta vezes sete vezes, e decerto que para
nos descartarmos dos inimigos internos – todos eles nascidos na trevas da
ignorância – prometeu-nos o Senhor: “conhecereis a verdade e a verdade vos fará
livres”, o que equivale dizer que só estaremos a salvo de nossas calamidades
interiores, através de árduo trabalho na oficina da educação.
Emmanuel - Livro: Alma e Coração. Psicografia de
Francisco Cândido Xavier.
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