8 – O amor resume toda a doutrina de Jesus, porque é o
sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura
do progresso realizado. No seu ponto de partida, o homem só tem instintos; mais
avançado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado, tem
sentimentos; e o amor é o requinte do sentimento. Não o amor no sentido vulgar
do termo, mas esse sol interior, que reúne e condensa em seu foco ardente todas
as aspirações e todas as revelações sobre-humanas. A lei do amor substitui a
personalidade pela fusão dos seres e extingue as misérias sociais. Feliz aquele
que, sobrelevando-se à humanidade, ama com imenso amor os seus irmãos em
sofrimento! Feliz aquele que ama, porque não conhece as angústias da alma, nem
as do corpo! Seus pés são leves, e ele vive como transportado fora de si mesmo.
Quando Jesus pronunciou essa palavra divina, — amor — fez estremecerem os
povos, e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo.
O Espiritismo, por sua vez, vem pronunciar a segunda
palavra do alfabeto divino. Ficai atentos, porque essa palavra levanta a lápide
dos túmulos vazios, e a reencarnação, vencendo a morte, revela ao homem
deslumbrado o seu patrimônio intelectual. Mas já não é mais aos suplícios que
ela conduz, e sim à conquista do seu ser, elevado e transfigurado. O sangue
resgatou o Espírito, e o Espírito deve agora resgatar o homem da matéria.
Disse que o homem, no seu início, tem apenas instintos.
Aquele, pois, em que os instintos dominam, está mais próximo do ponto de
partida que do alvo. Para avançar em direção ao alvo, é necessário vencer os
instintos a favor dos sentimentos, ou seja, aperfeiçoar a estes, sufocando os
germes latentes da matéria. Os instintos são a germinação e os embriões dos
sentimentos. Trazem consigo o progresso, como a bolota oculta o carvalho. Os
seres menos adiantados são os que, libertando-se lentamente de sua crisálida,
permanecem subjugados pelos instintos.
O Espírito deve ser cultivado como um campo. Toda a
riqueza futura depende do trabalho atual. E mais que os bens terrenos, ele vos
conduzirá à gloriosa elevação. Será então que, compreendendo a lei do amor, que
une a todos os seres, nela buscareis os suaves prazeres da alma, que são o
prelúdio das alegrias celestes
FÉNELON - Bordeaux, 1861
9 – O amor é de essência divina. Desde o mais elevado até
o mais humilde, todos vós possuís, no fundo do coração, a centelha desse fogo
sagrado. É um fato que tendes podido constatar muitas vezes: o homem mais
abjeto, o mais vil, o mais criminoso, tem por um ser ou um objeto qualquer uma
afeição viva e ardente, à prova de todas as vicissitudes, atingindo
freqüentemente alturas sublimes.
Disse por um ser ou um objeto qualquer, porque existem,
entre vós, indivíduos que dispensam tesouros de amor, que lhes transbordam do
coração, aos animais, às plantas, e até mesmo aos objetos materiais. Espécies
de misantropos a se lamentarem da humanidade em geral, resistem à tendência
natural da alma, que busca em seu redor afeição e simpatia. Rebaixam a lei do
amor à condição do instinto. Mas, façam o que quiserem, não conseguirão sufocar
o germe vivaz que Deus depositou em seus corações, no ato da criação. Esse
germe se desenvolve e cresce com a moralidade e a inteligência, e embora
freqüentemente comprimido pelo egoísmo, é a fonte das santas e doces virtudes
que constituem as afeições sinceras e duradouras que vos ajudam a transpor a
rota escarpada e árida da existência humana.
Há algumas pessoas a quem repugna a prova da
reencarnação, pela idéia de que outros participarão das simpatias afetivas de
que são ciosas. Pobres irmãos! O vosso afeto vos torna egoísta. Vosso amor se
restringe a um círculo estreito de parentes ou de amigos, e todos os demais vos
são indiferentes. Pois bem: para praticar a lei do amor, como Deus a quer, é
necessário que chegueis a amar, pouco a pouco, e indistintamente, a todos os
vossos irmãos. A tarefa é longa e difícil, mas será realizada. Deus o quer, e a
lei do amor é o primeiro e o mais importante preceito da vossa nova doutrina,
porque é ela que deve um dia matar o egoísmo, sob qualquer aspecto em que se
apresente, pois além do egoísmo pessoal, há ainda o egoísmo de família, de
casta, de nacionalidade. Jesus disse: “Amai ao vosso próximo como a vós
mesmos”; ora, qual é o limite do próximo? Será a família, a seita, a nação?
Não: é toda a humanidade! Nos mundos superiores, é o amor recíproco que
harmoniza e dirige os Espíritos adiantados que os habitam. E o vosso planeta,
destinado a um progresso que se aproxima, para a sua transformação social, verá
seus habitantes praticarem essa lei sublime, reflexo da própria Divindade.
Os efeitos da lei do amor são o aperfeiçoamento moral da
raça humana e a felicidade durante a vida terrena. Os mais rebeldes e os mais
viciosos deverão reformar-se, quando presenciarem os benefícios produzidos pela
prática deste princípio: “Não façais aos outros os que não quereis que os
outros vos façam, mas fazei, pelo contrário, todo o bem que puderdes”.
Não acrediteis na esterilidade e no endurecimento do
coração humano, que cederá, mesmo de malgrado, ao verdadeiro amor. Este é um
imã a que ele não poderá resistir, e o seu contato vivifica e fecunda os germes
dessa virtude, que estão latentes em vossos corações. A Terra, morada de exílio
e de provas, será então purificada por esse fogo sagrado, e nela se praticarão
a caridade, a humildade, a paciência, a abnegação, a resignação, o sacrifício,
todas essas virtudes filhas do amor. Não vos canseis, pois, de escutar as
palavras de João Evangelista. Sabeis que, quando a doença e a velhice
interrompem o curso de suas pregações, ele repetia apenas estas doces palavras:
“Meus filhinhos, amai-vos uns aos outros!”.
Queridos irmãos, utilizai com proveito essas lições: sua
prática é difícil, mas delas retira a alma imenso benefício. Crede-me, fazei o
sublime esforço que vos peço: “Amai-vos”, e vereis, muito em breve, a Terra
modificada tornar-se um novo Eliseu, em que as almas dos justos virão gozar o
merecido repouso.
SANSÃO - Membro da Sociedade Espírita de Paris, 1863
10 – Meus queridos condiscípulos, os Espíritos aqui
presentes vos dizem pela minha voz: Amai muito, para serdes amados! Tão justo é
este pensamento, que nele encontrareis tudo quanto consola e acalma as penas de
cada dia. Ou melhor: fazendo isso, de tal maneira vos elevareis acima da
matéria que vos espiritualizareis antes mesmo de despirdes o vosso corpo
terreno. Os estudos espíritas ampliaram a vossa visão do futuro, e tendes agora
uma certeza: a do vosso progresso para Deus, com todas as promessas que
correspondem às aspirações da vossa alma. Deveis também vos elevar bem alto,
para julgar sem as restrições da matéria, e assim não condenar o vosso próximo,
antes de haver dirigido o vosso pensamento a Deus.
Amar, no sentido profundo do termo, é ser leal, probo,
consciencioso, para fazer aos outros aquilo que se deseja para si mesmo. É
buscar em torno de si a razão íntima de todas as dores que acabrunham o
próximo, para dar-lhes alívio. É encarar a grande família humana como a sua
própria, porque essa família irá reencontrar um dia em mundos mais adiantados,
pois os Espíritos que a constituem são, como vós, filhos de Deus, marcados na
fronte para se elevarem ao infinito. É por isso que não podeis recusar aos
vossos irmãos aquilo que Deus vos deu com liberalidade, pois, de vossa parte,
seríeis muito felizes se vossos irmãos vos dessem aquilo de que tendes
necessidade. A todos os sofrimentos, dispensai pois uma palavra de ajuda e de
esperança, para vos fazerdes todo amor e todo justiça.
Crede que estas sábias palavras: “Amai muito, para serdes
amados”, seguirão os seus cursos. Esta máxima é revolucionária e segue uma rota
firme e invariável. Mas vós já haveis progredido, vós que me escutais: sois
infinitamente melhores do que há cem anos; de tal maneira vos modificastes para
melhor, que aceitais hoje sem repulsa uma infinidade de idéias novas sobre a
liberdade e a fraternidade, que antigamente teríeis rejeitado. Pois daqui a cem
anos aceitará também, com a mesma facilidade, aquelas que ainda não puderam
entrar na vossa cabeça.
Hoje, que o movimento espírita avançou bastante, vede com
que rapidez as idéias de justiça e de renovação, contidas nos ditados dos
Espíritos, são aceitas pela metade das pessoas inteligentes. É que essas idéias
correspondem ao que há de divino em vós. É que estais preparados por uma
semeadura fecunda: a do último século, que implantou na sociedade as grandes
idéias de progresso. E como tudo se encadeia, sob as ordens do Altíssimo, todas
as lições recebidas e assimiladas resultarão nessa mudança universal do amor ao
próximo. Graças a ela, os Espíritos encarnados, melhor julgando e melhor
sentindo, dar-se-ão as mãos até os confins do vosso planeta. Todos se reunirão,
para entender-se e amar-se, destruindo todas as injustiças, todas as causas de
desentendimento entre os povos.
Grande pensamento de renovação pelo Espiritismo tão bem
exposto em O Livro dos Espíritos, tu produzirás o grande milagre do século
futuro, o da reunião de todos os interesses materiais e espirituais dos homens,
pela aplicação desta máxima bem compreendida: Amai muito, para serdes amados!
TEXTOS DE APOIO
MARIA
Junto da cruz, o vulto agoniado de Maria produzia
dolorosa e indelével impressão. Com o pensamento ansioso e torturado, olhos
fixos ao madeiro das perfídias humanas, a ternura materna regredia ao passado
em amarguradas recordações. Ali estava o filho bem-amado, na hora extrema.
Maria deixava-se ir na corrente infinda das lembranças.
Eram as circunstâncias maravilhosas em que o nascimento de Jesus lhe fora
anunciado, a amizade de Isabel, as profecias do velho Simeão, reconhecendo que
a assistência de Deus se tornara incontestável, nos menores detalhes de sua
vida. Naquele instante supremo, revia a manjedoura, na sua beleza agreste,
sentindo que a Natureza parecia desejar redizer aos seus ouvidos o cântico de
glória daquela noite inolvidável. Através do véu espesso das lágrimas,
repassou, uma por uma, as cenas da infância do filho estremecido, observando o
alarma interior das mais doces reminiscências.
Nas menores coisas, reconhecia a intervenção da
Providência celestial; entretanto, naquela hora, seu pensamento vagava também
pelo vasto mar das mais aflitivas interrogações.
Que fizera Jesus por merecer tão amargas penas? Não o
vira crescer de sentimentos imaculados, sob o calor de seu coração? Desde os
mais tenros anos, quando o conduzia a fonte tradicional de Nazaré, observava o
carinho fraterno que dispensava a todas as criaturas. Frequentemente, ia
buscá-lo nas ruas empedradas, onde a sua palavra carinhosa consolava os
transeuntes desamparados e tristes. Viandantes misérrimos vinham a sua casa
modesta louvar o filhinho idolatrado, que sabia distribuir as bênçãos do Céu.
Com que enlevo recebia os hóspedes inesperados que suas mãos minúsculas
conduziam a carpintaria de José!... Lembrava-se bem que, um dia, a divina
criança guiara à casa dois malfeitores, publicamente reconhecidos como ladrões
do vale de Mizhep. E era de ver-se a amorosa solicitude com que seu vulto
pequenino cuidava dos desconhecidos, como se fossem seus irmãos. Muitas vezes,
comentara a excelência daquela virtude santificada, receando pelo futuro de seu
adorável filhinho.
Depois da cariciosa paisagem doméstica, era a missão
celestial, dilatando-se em colheita de frutos maravilhosos. Eram paralíticos
que retomavam os movimentos da vida, cegos que se reintegravam nos sagrados
dons da vista, criaturas famintas de luz e de amor que se saciavam na sua lição
de infinita bondade.
Que profundos desígnios haviam conduzido seu filho
adorado cruz do suplicio?
Uma voz amiga lhe falava ao espírito, dizendo das
determinações insondáveis e justas de Deus, que precisam ser aceitas, para a
redenção divina das criaturas. Seu coração rebentava em tempestades de lagrimas
irreprimíveis; contudo, no santuário da consciência, repetia a sua afirmação de
sincera humildade: “Faça-se na escrava a vontade do Senhor!”
De alma angustiada, notou que Jesus atingira o último
limite dos padecimentos inenarráveis. Alguns dos populares mais exaltados
multiplicam as pancadas, enquanto as lanças riscavam o ar, em ameaças audaciosas
e sinistras. Ironias mordazes eram proferidas a esmo, dilacerando-lhe a alma
sensível e afetuosa.
Em meio de algumas mulheres compadecidas que lhe
acompanhavam o angustioso transe, Maria reparou que alguém lhe Pousara as mãos,
de leve, sobre os ombros.
Deparou-se-lhe a figura de João que, vencendo
pusilanimidade criminosa em que haviam mergulhado os demais companheiros lhe
estendia os braços amorosos e reconhecidos Silenciosamente, o filho de Zebedeu
abraçou-se aquele triturado coração maternal Maria deixou-se enlaçar pelo
discípulo querido e ambos, ao pé do madeiro, em gesto súplice, buscaram
ansiosamente a luz daqueles olhos misericordiosos, no cúmulo dos tormentos Foi
aí que a fronte do divino supliciado se moveu vagarosamente revelando perceber a
ansiedade daquelas duas almas em extremo desalento.
-“Meu filho! Meu amado filho!..." . Exclamou a
mártir, em aflição, frente Serenidade daquele olhar de melancolia intraduzível
O Cristo pareceu meditar no auge de suas dores, mas, como
se quisesse demonstrar, no instante derradeiro a grandeza de sua coragem e a
sua perfeita comunhão com Deus, replicou com significativo movimento dos olhos
vigilantes:
-Mãe, eis ai teu filho!... — E, dirigindo-se, de modo
especial, com um leve aceno, ao apóstolo, disse: — “Filho, eis ai tua mãe!”
Maria envolveu-se no véu de seu pranto doloroso, mas o
grande evangelista Compreendeu que o Mestre, na sua derradeira lição, ensinava
que o amor universal era o sublime coroamento de sua obra. Entendeu que, no
futuro, a claridade do Reino de Deus revelaria aos homens a necessidade da
cessação de todo egoísmo e que, no santuário de cada coração, deveria existir a
mais abundante cota de amor, não só para o circulo familiar, senão para todos
os necessitados do mundo, e que no templo de cada habitação permaneceria a
fraternidade real, para que a assistência recíproca se praticasse na Terra, sem
serem precisos os edifícios exteriores, consagrados a uma solidariedade
claudicante.
Por muito tempo, conservaram-se ainda ali, em preces
silenciosas, até que o Mestre, exânime, fosse arrancado à cruz, antes que a
tempestade mergulhasse a paisagem castigada de Jerusalém num dilúvio de
sombras.
Após a separação dos discípulos, que se dispersaram por
lugares diferentes, para a difusão da Boa-Nova, Maria retirou-se para a
Batanéia, onde alguns parentes mais próximos a esperavam com especial carinho.
Os anos começaram a rolar, silenciosos e tristes, para a
angustiada saudade de seu coração.
Tocada por grandes dissabores, observou que, em tempo
rápido, as lembranças do filho amado se convertiam em elementos de ásperas
discussões entre os seus seguidores. Na Batanéia, pretendia-se manter uma certa
aristocracia espiritual, por efeito dos laços consangüíneos que ali a prendiam,
em virtude dos elos que a ligavam a José. Em Jerusalém, degladiavam-se os
cristãos e os judeus, com Veemência e acrimônia. Na Galiléia, os antigos
cenáculos simples e amoráveis da natureza estavam tristes e, desertos.
Para aquela mãe amorosa, cuja alma digna observava que o
vinho generoso de Cana se transformara no vinagre do martírio, o tempo
assinalava sempre uma saudade maior no mundo e uma esperança cada vez mais
elevada no céu.
Sua vida era uma devoção incessante ao rosário imenso da
saudade, às lembranças mais queridas. Tudo que o passado feliz edificara em seu
mundo interior revivia na tela de suas lembranças, com minúcias somente
conhecidas do amor, e lhe alimentavam a Seiva da vida.
Relembrava, o seu Jesus pequenino, como naquela noite de
beleza prodigiosa, em que o recebera nos braços maternais, iluminado pelo mais
doce mistério. Figurava-se-lhe escutar ainda o balido das ovelhas que vinham
apressadas acercar-se do berço que se formara de improviso. E aquele primeiro
beijo, feito de carinho e de luz? As reminiscências envolviam a realidade
longínqua de singulares belezas para o seu coração sensível e generoso. Em
seguida, era o rio das recordações desaguando, sem cessar, na sua alma rica de
sentimentalidade e ternura. Nazaré lhe voltava à imaginação, com as suas
paisagens de felicidade e de luz. A casa singela, a fonte amiga, a sinceridade
das afeições, o lago majestoso e, no meio de todos os detalhes, o filho
adorado, trabalhando e amando, no erguimento da mais elevada concepção de Deus,
entre os homens da Terra. De vez em quando, parecia vê-lo em seus sonhos
repletos de esperança. Jesus lhe prometia o júbilo encantador de sua presença e
participava da caricia de suas recordações.
A esse tempo, o filho de Zebedeu, tendo presentes as
observações que o Mestre lhe fizera da cruz, surgiu na Batanéia, oferecendo
àquele espírito saudoso de mãe o refúgio amoroso de sua proteção. Maria aceitou
o oferecimento, com satisfação imensa.
E João lhe contou a sua nova vida. Instalara-se
definitivamente em Éfeso, onde as idéias cristãs ganhavam terreno entre almas
devotadas e sinceras. Nunca olvidara as recomendações do Senhor e, no intimo,
guardava aquele titulo de filiação como das mais altas expressões de amor
universal para com aquela que recebera o Mestre nos braços veneráveis e
carinhosos.
Maria escutava-lhe as confidências, num misto de
reconhecimento e de ventura.
João continuava a expor-lhe os seus planos mais
insignificantes. Levi-la-ia consigo, andariam ambos na mesma associação de
interesses espirituais. Seria seu filho desvelado, enquanto que receberia de
sua alma generosa a ternura maternal, nos trabalhos do Evangelho. Demorara-se a
vir, explicava o filho de Zebedeu, porque lhe faltava uma choupana, onde se
pudessem abrigar; entretanto, um dos membros da família real de Adiabene,
convertido ao amor do Cristo, lhe doara uma casinha pobre, ao sul de Éfeso,
distando três léguas aproximadamente da cidade. A habitação simples e pobre
demorava num promontório, de onde se avistava o mar. No alto da pequena colina,
distante dos homens e no altar imponente da Natureza, se reuniriam ambos para
cultivar a lembrança permanente de Jesus. Estabeleceriam um pouso e refúgio aos
desamparados, ensinariam as verdades do Evangelho a todos os espíritos de boa
vontade e, como mãe e filho, iniciariam uma nova era de amor, na comunidade
universal.
Maria aceitou alegremente.
Dentro de breve tempo, instalaram-se no seio amigo da
Natureza, em frente do oceano. Éfeso ficava pouco distante; porém, todas as
adjacências se povoavam de novos núcleos de habitações alegres e modestas. A
casa de João, ao cabo de algumas semanas, se transformou num ponto de
assembléias adoráveis, onde as recordações do Messias eram cultuadas por
espíritos humildes e sinceros.
Maria externava as suas lembranças. Falava dele com
maternal enternecimento, enquanto o apóstolo comentava as verdades evangélicas,
apreciando os ensinos recebidos. Vezes inúmeras, a reunião somente terminava
noite alta, quando as estrelas tinham maior brilho. E não foi só. Decorridos
alguns meses, grandes fileiras de necessitados acorriam ao sitio singelo e
generoso. A noticia de que Maria
descansava agora entre eles espalhara um clarão de esperança por todos os
sofredores. Ao passo que João pregava na cidade as verdades de Deus, ela
atendia, no pobre santuário doméstico, aos que a procuravam, exibindo-lhes suas
úlceras e necessidades·.
Sua choupana era, então, conhecida pelo nome de “Casa da
Santíssima”.
O fato tivera origem em certa ocasião, quando um
miserável leproso, depois de aliviado em suas chagas, lhe osculou as mãos,
reconhecidamente murmurando:
—“Senhora, sois a mãe de nosso Mestre e nossa Mãe
Santíssima”.
A tradição criou raízes em todos os espíritos. Quem não
lhe devia o favor de uma palavra maternal nos momentos mais duros? E João
consolidava o conceito, acentuando que o mundo lhe seria eternamente grato,
pois Fora pela sua grandeza espiritual que o Emissário de Deus pudera penetrar
a atmosfera escura e pestilenta do mundo para balsamizar os sofrimentos da
criatura, Na sua humildade sincera, Maria se esquivava às homenagens afetuosas
dos discípulos de Jesus, mas aquela confiança filial com que lhe reclamavam a
presença era para sua alma um brando e delicioso tesouro do coração. O titulo de
maternidade fazia vibrar em seu espírito os cânticos mais doces. Diária mente,
acorriam os desamparados, suplicando a sua assistência espiritual. Eram velhas
trôpegas e desenganadas do mundo, que lhe vinham ouvir as palavras
confortadoras e afetuosas, enfermos que invocavam a sua proteção, mães
infortunadas que pediam a bênção de seu carinho.
— “Minha mãe — dizia um dos mais aflitos — como poderei
vencer as minhas dificuldades? Sinto-me abandonado na estrada escura da
vida...”.
Maria lhe enviava o olhar amoroso da sua bondade,
deixando nele transparecer toda a dedicação enternecida de seu espírito
maternal.
—“Isso também passa! — dizia ela, carinhosamente — só o
Reino de Deus bastante forte para nunca passar de nossas almas, Como eterna
realização do amor celestial.”.
Seus conceitos abrandavam a dor dos mais desesperados,
desanuviavam o pensamento obscuro dos mais acabrunhados.
A igreja de Éfeso exigia de João a mais alta expressão de
sacrifício pessoal, pelo que, com o decorrer do tempo, quase sempre Maria
estava só, quando a legião humilde dos necessitados descia o promontório
desataviado, rumo aos lares mais confortados e felizes. Os dias e as semanas,
os meses e os anos passaram incessantes, trazendo-lhe as lembranças mais
ternas. Quando sereno e azulado, o mar lhe fazia voltar memória o Tiberiades
distante. Surpreendia no ar alquiles perfumes vagos que enchiam a alma da
tarde, quando seu filho, de quem nem um instante se esquecia, reunindo os
discípulos amados, transmitia ao coração do povo as louçanias da Boa-Nova. A
velhice não lhe acarretara nem cansaços, nem amarguras. A certeza da proteção
divina lhe proporcionava ininterrupto consolo. Como quem transpõe o dia em
labores honestos e proveitosos, seu coração experimentava grato repouso,
iluminado pelo luar da esperança e pelas estrelas fulgurantes da crença
imorredoura. Suas meditações eram suaves colóquios com as reminiscências do
filho muito amado.
Súbito recebeu noticias de que um período de dolorosas
perseguições se havia aberto para todos os que fossem fiéis à doutrina do seu
Jesus divino. Alguns cristãos banidos de Roma traziam a Éfeso as tristes
informações. Em obediência aos éditos mais injustos, escravizavam-se os
seguidores do Cristo, destruiam-se-lhes os lares, metiam-nos a ferros nas prisões.
Falava-se de festas públicas, em que seus corpos eram dados como alimento a
feras insaciáveis, em horrendos espetáculos.
Então, num crepúsculo estrelado, Maria entregou-se às
orações, como de costume, pedindo a Deus por todos aqueles que se encontrassem em
angústias do coração, por amor de seu filho.
Embora a solenidade do ambiente, não se sentia só; uma
como força singular lhe banhava a alma toda. Aragens suaves sopravam do oceano,
espalhando os aromas da noite que se povoava de astros amigos e afetuosos e, em
poucos minutos, a lua plena participava, igualmente, desse concerto de harmonia
e de luz.
Enlevada nas suas meditações, Maria viu aproximar-se o
vulto de um pedinte.
— “Minha mãe — exclamou o recém-chegado, como tantos
outros que recorriam ao seu carinho venho fazer-te companhia e receber a tua
bênção”.
Maternalmente, ela o convidou a entrar, impressionada com
aquela voz que lhe inspirava profunda simpatia. O peregrino lhe falou do céu,
confortando-a delicadamente Comentou as bem-aventuranças divinas que aguardam a
todos os devotados e sinceros filhos de Deus, dando a entender que lhe
compreendia as mais ternas saudades do coração. Maria sentiu-se empolgada por
tocante surpresa. Que mendigo seria alquile que lhe acalmava as dores secretas
da alma saudosa, com bálsamos tão dulçurosos? Nenhum lhe surgira até então para
dar; era sempre para pedir alguma coisa. No entanto, aquele viandante
desconhecido lhe derramava no intimo as mais santas consolações. Onde ouvira
aquela voz meiga e carinhosa, noutros tempos?! Que emoções eram aquelas que lhe
faziam pulsar o coração de tanta caricia? Seus olhos se umedeceram de Ventura,
sem que conseguisse explicar a razão de sua terna emotividade.
Foi quando o hóspede anônimo lhe estendeu as mãos
generosas e lhe falou com profundo acento de amor:
— “Minha mãe, vem aos meus braços!”.
Nesse instante, fitou as mãos nobres que se lhe
ofereciam, num gesto da mais bela ternura. Tomada de comoção profunda, viu
nelas duas chagas, como as que seu filho revelava na cruz e, instintivamente,
dirigindo o olhar ansioso para os pés do peregrino amigo, divisou também ai as
viceras causadas pelos cravos do suplicio. Não pode mais. Compreendendo a
visita amorosa que Deus lhe enviava ao coração, bradou com infinita alegria:
— “Meu filho”! meu filho! as úlceras que te fizeram!...
E, precipitando-se para ele, como mãe carinhosa e
desvelada, quis certificar-se, tocando a ferida que lhe fora produzida pelo
último lançaço, perto do coração. Suas mãos ternas e solicitas o abraçaram na
sombra visitada pelo luar, procurando sofregamente a úlcera que tantas lagrimas
lhe provocara ao carinho maternal. A chaga lateral também lá estava, sob a
caricia de suas mãos. Não conseguiu dominar o seu intenso júbilo. Num ímpeto de
amor, fez um movimento para se ajoelhar. Queria abraçar-se aos pés do seu Jesus
e osculá-los com ternura. Ele, porém, levantando-se, cercado de um halo de luz
celestial, se lhe ajoelhou aos pés e, beijando-lhe as mãos, disse em carinhoso
transporte:
—“Sim, minha mãe, sou eu!... Venho buscar-te, pois meu
Pai quer que sejas no meu reino a Rainha dos Anjos!...”.
Maria cambaleou, tomada de inexprimível ventura. Queria
dizer da sua felicidade, manifestar seu agradecimento a Deus; mais, o corpo
como que se lhe paralisara, enquanto aos seus ouvidos chegavam os ecos suaves
da saudação do Anjo, qual se a entoassem mil vozes cariciosas, por entre as
harmonias do céu.
Ao outro dia, dois portadores humildes desciam a Éfeso,
de onde regressaram com João, para assistir aos últimos instantes daquela que
lhes era a devotada Mãe Santíssima.
Maria já não falava. Numa inolvidável expressão de
serenidade, por longas horas ainda esperou a ruptura dos derradeiros laços que
a prendiam à vida material.
A alvorada desdobrava o seu formoso leque de luz quando
aquela alma eleita se elevou da Terra, onde tantas vezes chorara de júbilo, de
saudade e de esperança. Não mais via seu filho bem-amado, que certamente a
esperaria, com as boas-vindas, no seu reino de amor; mas, extensas multidões de
entidades angélicas a cercavam cantando hinos de glorificação.
Experimentando a sensação de se estar afastando do mundo,
desejou rever a Galiléia com os seus sítios preteridos. Bastou a manifestação
de sua vontade para que a conduzissem à região do lago de Genesaré, de
maravilhosa beleza. Reviu todos os quadros do apostolado de seu filho e, só
agora, observando do alto a paisagem, notava que o Tiberíades, em seus
contornos suaves, apresentava a forma quase perfeita de um alaúde. Lembrou-se,
então, de que naquele instrumento da Natureza Jesus cantara o mais belo poema
de vida e amor, em homenagem a Deus e à humanidade. Aquelas águas mansas,
filhas do Jordão marulhoso e calmo, haviam sido as cordas sonoras do cântico
evangélico.
Dulcíssimas alegrias lhe invadiam o coração e já a
caravana espiritual se dispunha a partir, quando Maria se lembrou dos
discípulos perseguidos pela crueldade do mundo e desejou abraçar os que
ficariam no vale das sombras, à espera das claridades definitivas do Reino de
Deus. Emitindo esse pensamento, imprimiu novo impulso ás multidões espirituais
que a seguiam de perto. Em poucos instantes, seu olhar divisava uma cidade
soberba e maravilhosa, espalhada sobre colinas enfeitadas de carros e
monumentos que lhe provocavam assombro. Os mármores mais ricos esplendiam nas
magnificentes vias públicas, onde as liteiras patrícias passavam sem cessar,
exibindo pedrarias e peles, sustentadas por misérrimos escravos. Mais alguns
momentos e seu olhar descobria outra multidão guardada a ferros em escuros
calabouços. Penetrou os sombrios cárceres do Esquilino, onde centenas de rostos
amargurados retratavam padecimentos atrozes. Os condenados experimentaram no
coração um consolo desconhecido.
Maria se aproximou de um a um, participou de suas
angústias e orou com as suas preces, cheias de sofrimento e confiança.
Sentiu-se mãe daquela assembléia de torturados pela injustiça do mundo.
Espalhou a caridade misericordiosa de seu espírito entre aquelas fisionomias
pálidas e tristes. Eram anciães que confiavam no Cristo, mulheres que por ele
haviam desprezado conforto do lar, jovens que depunham no Evangelho do Reino
toda a sua esperança. Maria aliviou-lhes o coração e, antes de partir,
sinceramente desejou deixar-lhes nos espíritos abatidos uma lembrança perene.
Que possuía para lhes dar? Deveria suplicar a Deus para eles a liberdade?! Mas,
Jesus ensinara que com ele todo jugo é suave e todo tardo seria leve,
parecendo-lhe melhor a escravidão com Deus do que a falsa liberdade nos desvãos
do mundo. Recordou que seu filho deixara a força da oração como um poder
incontrastável entre os discípulos amados. Então, rogou ao Céu que lhe desse a
possibilidade de deixar entre os cristãos oprimidos a força da alegria. Foi quando,
aproximando-se de uma jovem encarcerada, de rosto descarnado e macilento, lhe
disse ao ouvido:
— “Canta, minha filha! Tenhamos bom ânimo!... Convertamos
as nossas dores da Terra em alegrias para o Céu!..”
A triste prisioneira nunca saberia compreender o porquê
da emotividade que lhe fez vibrar subitamente o coração. De olhos extáticos,
contemplando o firmamento luminoso, através das grades poderosas, ignorando a
razão de sua alegria, cantou um hino de profundo e enternecido amor a Jesus, em
que traduzia a sua gratidão pelas dores que lhe eram enviadas, transformando
todas as suas amarguras em consoladoras rimas de júbilo e esperança. Daí a
instantes, seu canto melodioso era acompanhado pelas centenas de vozes dos que
choravam no cárcere, aguardando o glorioso testemunho.
Logo, a caravana majestosa conduziu ao Reino do Mestre a
bendita entre as mulheres e, desde esse dia, nos tormentos mais duros, os
discípulos de Jesus têm cantado na Terra, exprimindo o seu bom ânimo e a sua
alegria, guardando a suave herança de nossa Mãe Santíssima.
----------------------------------------------------------------
Por essa razão, irmãos meus, quando ouvirdes o cântico
nos templos das diversas famílias religiosas do Cristianismo, não vos esqueçais
de fazer no coração um brando silêncio, para que a Rosa Mística de Nazaré
espalhe aí o seu perfume!
Irmão X - Humberto de Campos - Do livro Boa Nova.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
O AMOR QUE TENHO É O QUE EU DOU
"No seu início, o homem não tem senão instintos;
mais avançado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado, tem
sentimentos; e o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido
vulgar do termo, mas este sol interior..." (Cap. XI, item 8)
Somente se dá aquilo que se possui. Como, pois, exigir
amor de alguém que ainda não sabe amar? Como requisitar respeito e consideração
de criaturas que não atingiram o ponto delicado que é o amor?
Quem dá afeto recolhe a felicidade de ver multiplicado
aquilo que deu, mas somente damos de conformidade com aquilo de que podemos
dispor no ato da doação.
Há diversidades de evolução no planeta. Homens mal saídos
da primitividade campeiam na sociedade moderna, ensaiando os primeiros passos
do instinto natural para a sensibilidade amorosa.
Eis aqui uma breve relação de sintomas comportamentais
que aparecem nas criaturas, confundindo o amor que liberta e deseja o bem da
outra pessoa com a atração egoísta que toma posse e simplesmente deseja:
-Há indivíduos que, para conquistar os outros e
convencê-los de suas habilidades e valores, contam vantagens, persuadindo
também a si mesmo, pois acreditam que para amar é preciso apresentar
credenciais e louros, satisfazendo assim as expectativas daqueles que podem
aceitá-lo ou recusá-lo.
— Há criaturas que tentam amar comprando pessoas,
omitindo e negando suas necessidades e metas existenciais, abandonando tudo que
lhes é mais caro e íntimo e depois, por terem aberto mão de todos os seus
gostos e desejos, perdem o sentido de suas próprias vidas, terminando
desastrosamente seus relacionamentos.
- Alguns delegam o controle de si mesmos aos outros,
cometendo assim, em "nome do amor", o desatino de renunciar ao
próprio senso de dignidade, componente vital à felicidade. Não é de surpreender
que vivam vazios e torturados, pois tornaram-se "um nada" ao
permitirem que isso acontecesse.
— Outros tantos usam da mentira, encobrindo realidades e
escondendo conflitos. Convictos de que têm de ser perfeitos para ser amados,
temem a verdade pelas supostas fraquezas que ela possa lhes expor diante dos
outros. Acabam fracassados afetivamente por falta de honestidade e sinceridade.
- Certas criaturas afirmam categoricamente que amam, mas
tratam o ser amado como propriedade particular. Por não confiarem em si mesmas,
geram crenças cegas de que precisam cuidar e proteger, quando na realidade
sufocam e manipulam criando um convívio insuportável e desgastante.
Uma das características mais tristes dos que dizem saber
amar é a atitude submissa dos que nunca dizem "não", convencidos de
que, sendo sempre passivos em tudo, receberão carinho e estima. Esse tipo de
comportamento leva as pessoas a concordar sempre com qualquer coisa e em
qualquer momento, trazendo-lhes desconsideração e uma vida insatisfatória.
Requisitar dos outros o que eles ainda não podem dar é
desrespeitar suas limitações emocionais, mentais e espirituais, ou seja, sua
idade evolutiva.
Forçar pais, filhos, amigos e cônjuge a preencher o teu
vazio interior com amor que não dás a ti mesmo, por esqueceres teus próprios
recursos e possibilidades, é insensato de tua parte.
É dando que se recebe; portanto, cabe a ti mesmo
administrar tuas carências afetivas e fazer por ti o que gostarias que os
outros te fizessem.
Não peças amor e afeto; antes de tudo, dá a ti mesmo e em
seguida aos outros, sem mesmo cobrar taxas de gratidão e reconhecimento.
Importante é que sigas os passos de Jesus na doação do amor abundante, sem
jamais exigí-lo de ninguém e sem jamais esquecer que és responsável pelos teus
sentimentos.
Quanto aos outros, sejam eles quem forem, responderão por
si mesmos conforme o seu livre-arbítrio e amadurecimento espiritual.
Hammed - Livro Renovando Atitudes - Francisco do Espírito Santo Neto
O NOVO MANDAMENTO
“Um novo
mandamento vos dou: que vos ameia uns aos outros, como eu vos amei.” — Jesus.
(JOÃO, capítulo 13, versículo 34.)
A leitura despercebida do texto induziria o leitor a
sentir nessas palavras do Mestre absoluta identidade com o seu ensinamento
relativo à regra áurea
Entretanto, é preciso salientar a diferença.
O “ama a teu próximo como a ti mesmo” é diverso do “que
vos ameis uns aos outros como eu vos amei”.
O primeiro institui um dever, em cuja execução não é
razoável que o homem cogite da compreensão alheia. O aprendiz amará o próximo
como a si mesmo.
Jesus, porém, engrandeceu a fórmula, criando o novo
mandamento na comunidade cristã. O Mestre refere-se a isso na derradeira
reunião com os amigos queridos, na intimidade dos corações.
A recomendação “que vos ameis uns aos outros como eu vos
amei” assegura o regime da verdadeira solidariedade entre os discípulos,
garante a confiança fraternal e a certeza do entendimento recíproco.
Em todas as relações comuns, o cristão amará o próximo
como a si mesmo, reconhecendo, contudo, que no lar de sua fé conta com irmãos
que se amparam efetivamente uns aos outros.
Esse é o novo mandamento que estabeleceu a intimidade
legítima entre os que se entregaram ao Cristo, significando que, em seus
ambientes de trabalho, há quem se sacrifique e quem compreenda o sacrifício,
quem ame e se sinta amado, quem faz o bem e quem saiba agradecer.
Em qualquer círculo do Evangelho, onde essa
característica não assinala as manifestações dos companheiros entre si, os
argumentos da Boa Nova podem haver atingido os cérebros indagadores, mas ainda
não penetraram o santuário dos corações.
Emmanuel - Do livro Caminho Verdade e Vida. Psicografia
de Francisco Cândido Xavier.
AMOR
O amor puro é o reflexo do Criador em todas as criaturas.
Brilha em tudo e em tudo palpita na mesma vibração de sabedoria e beleza.
É fundamento da vida e justiça de toda a Lei.
Surge, sublime, no equilíbrio dos mundos erguidos à
glória da imensidade, quanto nas flores anônimas esquecidas no campo.
Nele fulgura, generosa, a alma de todas as grandes
religiões que aparecem, no curso das civilizações, por sistemas de fé à procura
da comunhão com a Bondade Celeste, e nele se enraíza todo o impulso de
solidariedade entre os homens.
Plasma divino com que Deus envolve tudo o que é criado, o
amor é o hálito d’Ele mesmo, penetrando o Universo.
Vemo-lo, assim, como silenciosa esperança do Céu, aguardando
a evolução de todos os princípios e respeitando a decisão de todas as
consciências.
Mercê de semelhante bênção, cada ser é acalentado no
degrau da vida em que se encontra.
O verme é amado pelo Senhor, que lhe concede milhares e milhares
de séculos para levantar-se da viscosidade do abismo, tanto quanto o anjo que o
representa junto do verme. A seiva que nutre a rosa é a mesma que alimenta o
espinho dilacerante. Na árvore em que se aninha o pássaro indefeso, pode
acolher-se a serpente com as suas armas de morte. No espaço de uma
penitenciária, respira, com a mesma segurança, o criminoso que lhe padece as
grades de sofrimento e o correto administrador que lhe garante a ordem.
O amor, repetimos, é o reflexo de Deus, Nosso Pai, que se
compadece de todos e que a ninguém violenta, embora, em razão do mesmo amor
infinito com que nos ama, determine estejamos sempre sob a lei da
responsabilidade que se manifesta para cada consciência, de acordo com as suas
próprias obras.
E, amando-nos, permite o Senhor perlustrarmos sem prazo o
caminho de ascensão para Ele, concedendo-nos, quando impensadamente nos
consagramos ao mal, a própria eternidade para reconciliar-nos com o Bem, que é
a Sua Regra Imutável.
Herdeiros d’Ele que somos, raios de Sua Inteligência
Infinita e sendo Ele Mesmo o Amor Eterno de Toda a Criação, em tudo e em toda
parte, é da legislação por Ele estatuída que cada espírito reflita livremente
aquilo que mais ame, transformando-se, aqui e ali, na luz ou na treva, na
alegria ou na dor a que empenhe o coração.
Eis por que Jesus, o Modelo Divino, enviado por Ele à
Terra para clarear-nos a senda, em cada passo de seu Ministério tomou o amor ao
Pai por inspiração de toda a vida, amando sem a preocupação de ser amado e
auxiliando sem qualquer idéia de recompensa.
Descendo à esfera dos homens por amor, humilhando-se por amor,
ajudando e sofrendo por amor, passa no mundo, de sentimento erguido ao Pai
Excelso, refletindo-lhe a vontade sábia e misericordiosa. E, para que a vida e
o pensamento de todos nós lhe retratem as pegadas de luz, legou-nos, em nome de
Deus, a sua fórmula inesquecível: – “Amai-vos uns aos outros como
eu vos amei.”
Francisco Cândido Xavier - Pensamento e Vida - pelo
Espírito Emmanuel
DIFERENÇA
"Crês que há um só Deus: fazes bem. Também os demônios
o crêem, e estremecem". (TIAGO, 2:19).
A advertência do apóstolo é de essencial importância no
aviso espiritual.
Esperar benefícios do Céu é atitude comum a todos.
Adorar o Senhor pode ser trabalho de justos e injustos.
Admitir a existência do Governo Divino é traço dominante
de todas as criaturas.
Aceitar o Supremo Poder é próprio de bons e maus.
Tiago foi divinamente inspirado neste versículo, porque
suas palavras definem a diferença entre crer em Deus e fazer-lhe a Sublime
Vontade.
A inteligência é atributo de todos.
A cognição procede da experiência.
O ser vivo evolve sempre e quem evolve aprende e conhece.
A diferenciação entre o gênio do mal e o gênio do bem
permanece na direção do conhecimento.
O demônio, como símbolo de maldade, executa os próprios
desejos, muita vez desvairados e escuros.
O anjo identifica-se com os desígnios do Eterno e cumpre-os
onde se encontra.
Recorda, pois, que não basta a escola religiosa a que te
filias para que o problema da felicidade pessoal alcance a solução desejada.
Adorar o Senhor, esperar e crer nEle são atitudes
características de toda a gente.
O único sinal que te revelará a condição mais nobre
estará impresso na ação que desenvolveres na vida, a fim de executar-lhe os
desígnios, porque, em verdade, não adianta muito ao aperfeiçoamento o ato de
acreditar no bem que virá do Senhor e sim a diligência em praticar o bem, hoje,
aqui e agora, em seu nome.
Livro Fonte Viva - Pelo espírito Emmanuel - Francisco
Cândido Xavier
PERANTE OS
COMPANHEIROS
Guardar comunicabilidade e atenção ante os companheiros
de luta, ainda mesmo para com aqueles que se mostrem distantes do Espiritismo.
Todos somos estudantes na grande escola da Vida.
Respeitar as idéias e as pessoas de todos os nossos
irmãos, sejam eles nossos vizinhos ou não, estejam presentes ou ausentes, sem
nunca descer ao charco da leviandade que gera a maledicência.
Quem reprova alguém conosco, decerto que nos reprova
perante alguém.
Quando emprestar objetos comuns, não porfiar sobre a sua
restituição, sustentando-se, firme, no propósito de auxiliar os outros de
boamente, naquilo em que lhes possa ser útil.
Desapego é alicerce de elevação.
Perdoar sem condições àqueles que não nos correspondam às
esperanças ou que direta ou indiretamente nos prejudiquem, inclusive os
obsessores e outros irmãos infelizes.
Perdão nas almas, luz no caminho.
Fugir de elogiar companheiros que estejam agindo de
conformidade com as nossas melhores aspirações, para não lhes criar empecilhos
à caminhada enobrecedora, embora nos constitua dever prestar-lhes assistência e
carinho para que mais se agigantem nas boas obras.
O elogio é sempre dispensável.
Suprimir toda crítica destrutiva na comunidade em que
aprende e serve.
A Seara de Jesus pede trabalhadores decididos a auxiliar.
Coibir-se de qualquer acumpliciamento com o mal, a título
de solidariedade nesse ou naquele sentido.
Quem tisna a consciência, desce à perturbação.
Nunca fazer acepção de pessoas e nem demonstrar
cordialidade fraterna somente em circunstâncias que lhe favoreçam conveniências
e interesses materiais.
A Lei Divina registra o móvel de toda ação.
“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos
amardes uns aos outros.” — Jesus. (JOÃO, 13:35.)
Livro: Conduta Espírita Pelo Espírito - André Luiz -
Psicografia Francisco C Xavier e Waldo Vieira
HUMANIZAÇÃO, UMA
PROPOSTA DE EDUCAÇÃO EMOCIONAL
"Em sua origem, o homem só tem instintos; quando
mais avançado e corrompido só tem sensações; quando instruído e depurado tem
sentimentos." Lázaro, O ESE, cap. XI, ítem 8
Agir por instinto é conduzir-se por impulso, sem
consciência das forças movimentadas por dentro e por fora da criatura, para que
ela se comporte dessa ou daquela maneira.
Mesmo estagiando no reino hominal, expressiva parcela da
espécie humana ainda abdica da sua real condição evolutiva, mantendo-se na
animalidade.
Conquanto os avanços da inteligência, o homem do século
XXI age, na maioria das vezes, conforme seus velhos antecessores da era
instintiva. Apesar de possuir a vontade e a capacidade de escolher pelo
raciocínio, ainda se guia com muita frequência pelo instinto.
Frases como "sei que devo fazer assim, só não sei explicar
o porquê", "ninguém me ensinou isso, apenas sei que deve ser
assim" e "fiz isso, mas nem sei o motivo" demonstram claramente
condutas instintivas ou de imitação, nas quais a razão não toma parte.
Humanizar é promover-se à condição de administrador ativo
dos valores superiores que se encontram adormecidos no cosmo interior. É vencer
esse automatismo que nos impede de colocar a inteligência a serviço do
crescimento integral. É utilizar a informação para efetuar a transformação.
Dentre os valores divinos dos quais o homem é herdeiro,
encontra-se o sentimento - conquista excelsa tecida em milhões de anos nas
experiências da sensibilidade estimulada. No entanto, como assegura o
codificador na referência acima "(...) quando instruído e depurado, tem
sentimentos (...)" Somente quando instrução e depuração se alinham é que
temos o sentimento.
Na atualidade, é notório o desajuste entre pensar e
sentir. Por isso, um conceito prático e urgente de humanização aplica-se à
tarefa de educar emocionalmente o ser na aquisição de maior soma de domínio e
conhecimento do mundo emotivo.
Humanizar é sentir o outro e perceber o que ele sente, é
estar em relação educativa com o próximo. Refutamos sobre esse enfoque! O ego é
a fonte das cristalizações milenares refletidas no campo intelectivo da
criatura. A consciência é a divina expressão de Deus refietida nos sentimentos
de cada momento. O coração é o espelho do Pai na alma. O estado de ego nos leva
a pensar o outro gerando expectativas e cobranças, enquanto humanizar significa
desenvolver o estado de consciência, isto é, dinamizar o patrimônio do afeto,
passando a se relacionar com o outro. Só há relação quando há troca,
intercâmbio de impressões e forças sutis, identificando com clareza o que
sentimos pelo outro e como vibra o coração do próximo.
A base da humanização inclui a tolerância que
necessitamos ter uns com os outros no terreno de nossas heranças espirituais.
Quando pensamos o outro criamos imagens mentais que nos vinculam em
expectativas de perfeição, cobrando exatidão e boa conduta alheia. Saímos do
ego pela projeção, isto é, o mecanismo de proteção que visa amortecer o peso
das imperfeições pessoais.
Ninguém pode ficar negando o que sente e esperar ser
feliz. Quando estamos no estado de ego, temos inúmeros mecanismos de defesa que
nos levam a vendar a visão espiritual para as imperfeições que carregamos.
Esses mecanismos agem pelo aprisionamento dos sentimentos. Temos usado alguns
deles há longo tempo na fieira das reencarnações, criando verdadeiros
esconderijos psíquicos nos quais procuramos nos aninhar em busca de uma falsa
segurança. Humanizar é vencer essas defesas instintivas, assumir a luta contra
nosso complexo de inferioridade espiritual e partir para uma batalha sem
tréguas na tarefa de melhoria e aprimoramento. Vencendo medos, frustrações,
culpas e outros tantos monstros emocionais.
Estamos querendo fazer reforma íntima pelo intelecto,
mudando somente pensamentos, enquanto a reforma à luz do Espírito é saber como
se tornar senhor dos valores que dormitam em nossa intimidade desde a criação?
Somos herdeiros de vivências que pulsam com vivacidade em nosso ser. Ansiar por
uma reforma interior de sobressalto, ou esperar isso do próximo, é violentar
nossa natureza íntima. Queremos sentir o que não fomos preparados para sentir e
nem sabemos como sentir. Como perdoar? Quais as origens do sentimento de
insegurança e de culpa? São inúmeras as questões que deveremos formular sobre o
universo emotivo!
O auto amor, no entanto, nos inclina a nos aceitar como
somos e, com base na proposta de educação espiritual, buscar com autenticidade
os caminhos de libertação e paz. As condições da felicidade são saber quem
somos, saber lidar com nossas forças afetivas, e adquirir domínio sobre elas.
Isso solicita uma pródiga atitude de tolerância.
O apelo do Mais Alto pela humanização na seara espírita
será providência salutar pelo bem da nossa causa e de nós próprios. Humanizar,
sobretudo, é aprender a conviver com a diversidade da qual o outro é portador e
também desenvolver uma relação pacífica com a vida que nos cerca. Conduta
simplesmente impossível se não passarmos a esquadrinhar as emoções vividas a
cada encontro e reencontro, a cada acontecimento e experiência de nossos dias,
uns com os outros.
Árdua tarefa nos aguarda no campo da reeducação. Estamos
sendo convocados a aprender a profunda lição de cultivar interesse pelo outro,
entendendo-se esse outro como sendo todas as criaturas da criação. Temos pela
frente o desafio de romper a crisálida do ego e nos abrir para a vida
abundante. Eis a questão central de nossas reflexões: como renovar o sentimento
de interesse pessoal para o sentimento de interesse universal? Como fazer para
sentir a Terra como nossa grande casa e a humanidade como extensão da nossa
prole?
O projeto de humanização na seara espírita deve ser uma
proposta concreta de amor, um desafio de colocar o homem mais perto do seu
próximo, de fazer com que a mensagem espírita seja mais importante que as
práticas, que o homem valorize mais a causa do que a casa, um apelo para que
haja mais sorrisos de ternura e menos convenções institucionais. Menos papéis sociais
e mais amor espontâneo.
O Centro Espírita, assim como as diversas instituições
doutrinárias, está sendo convidado a se promover à praça fraterna de convívio
libertador, superando em muito suas atuais conotações de estudo doutrinário e
exercício da caridade.
Estudar, sim, mas para aprender a viver, fazendo das
atividades esclarecedoras um contexto que retrate a realidade social na qual o
homem carnal está inserido.
Trazendo o mundo de fora para dentro, conduzindo-o às
reflexões e preparando todos para viver como homens de bem. Além disso,
libertar a noção de caridade como prática de doações para a noção educativa de
exercício do amor entre aqueles que realizam a tarefa.
Humanizar é focar no coração. É temperar nossa
convivência com emoções de alegria e gratidão, dando encanto e luz aos nossos
momentos uns com os outros ante os lances da vida.
Dia virá em que o homem perceberá que nada existe de mais
lúdico e enobrecedor que conhecer pessoas. Desvendar o mundo de sonhos e o
imaginário individual que está arquivado em cada ser. Conhecer a origem das histórias
de dor e amor de cada criatura. Nesse instante, o conceito de prática espírita
passará a ser o processo de aproximação afetiva e o interesse central de quem
participa será romper as barreiras que nos separam de quem quer que seja.
Aprendendo e crescendo com todos.
Jesus, o maior agente de humanização que passou pela
Terra, deixou claro em Seu magnífico discurso que seus discípulos seriam
conhecidos por muito se amarem. A que proposta maior de humanização podemos
aspirar?
Discípulos que somos, devemos aceitar, o quanto antes,
esse desafio de aprender a amar, buscar respostas sobre como concretizar os
nossos anseios nobres que começam a brotar e sobre como superar nossos
instintos. Respostas que nos levarão ao encontro de nós mesmos, solidificando o
amor dentro de nós.
E somente assim, gostando um pouco mais de nós mesmos,
devassando nossa intimidade camuflada e ignorada, instintiva e automatizada, é
que vão desabrochar sentimentos novos e vigorosos, inclinando-nos ao magnífico
impulso de ir em direção ao outro, instaurando a Era do Afeto. Uma tarefa que
nos tornará humanamente felizes e integrados ao excelso concerto de equilíbrio
que pulsa no universo. Instruídos e depurados como expressão do amor de Deus.
Livro: Prazer de Viver - Wanderley Oliveira - Ermance
Dufaux
EMOÇÕES HÍBRIDAS
"A fim de avançar para a meta, tem a criatura que
vencer os instintos, em proveito dos sentimentos, isto é, que aperfeiçoar estes
últimos, sufocando os germes latentes da matéria. Os instintos são a germinação
e os embriões do sentimento; trazem consigo o progresso, como a glande encerra
em si o carvalho, e os seres menos adiantados são os que, emergindo pouco a
pouco de suas crisálidas, se conservam escravizados aos instintos." Lázaro
(Paris, 1862). 0 Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 11, item 8.
Toda emoção dentro de nós significa algo a nosso respeito
e tem uma função sagrada e reveladora.
A ausência de habilidades emocionais para lidar com
nossas emoções é a causa principal das nossas dores, pois, sem uma leitura
precisa do que significa e para que serve cada uma delas, agimos e falamos em
desacordo com aquilo que sentimos. Nossas atitudes e palavras têm um impacto
profundo nas relações e nos contextos, trazendo de volta ao mundo emotivo os
resultados de nossas ações benéficas ou prejudiciais, libertadoras ou
escravizantes.
As emoções primárias como o medo, a tristeza, a alegria,
o amor e a raiva, são os fios condutores da nossa evolução espiritual. Elas são
instintivas e cumprem funções nobres na arquitetura da vida mental. Todavia, a
aquisição da experiência intelectiva no transcorrer das múltiplas reencarnações
criou padrões estruturais de conduta alicerçados no egoísmo, que transformaram
as emoções primárias em tumultuadas variantes emocionais. Constelações de
sentimentos e emoções passaram a gravitar no universo interior e profundo da
alma como expressões dessa mutação na forma de sentir e perceber o que se passa
no reino do coração. Estas são as emoções híbridas.
Como assevera Lázaro: "Os instintos são a germinação
e os embriões do sentimento; trazem consigo o progresso, como a glande encerra
em si o carvalho, [...]".
Hoje, os instintos embrionários ramificaram-se no solo
dos sentimentos florescendo uma plantação que solicita cuidados e atenção do
lavrador para que ele saiba separar em seu canteiro interior aquilo que é praga
daquilo que é fruto curativo e libertador, aquilo que é tóxico daquilo que
cura. E, além de separar, deve aprender a reciclar e a dar destino saudável às
emoções que curam.
Assim como na natureza, na ecologia emocional existe o
tóxico e o reciclável, sementes boas e sementes impróprias para germinação de
frutos saudáveis.
Façamos uma pequena e despretensiosa lista de algumas
formas híbridas das emoções primárias e examinemos suas funções divinas em nós,
objetivando cooperar com nossa alfabetização afetiva.
Azedume - O azedume é como uma reação alérgica indicando
que algo não está nos fazendo bem. É um indício de que está havendo repetição
de comportamentos nocivos à nossa paz e, portanto, uma indicação de que
necessitamos alterar algo em nossa conduta.
Possivelmente, trata-se de uma velha forma de reagir a
determinadas situações ou talvez uma insatisfação crônica com alguma pessoa ou
com acontecimentos repetitivos, podendo também ser um sintoma de frustração.
0 azedume é como uma pane interior gerando sobrecarga; é
o estresse com algo que necessita de maior atenção na elaboração de soluções
mais inteligentes que apresentem melhores resultados.
Examine o que o azedume quer lhe dizer. Pergunte: para que
eu me encontro nesse estado? A respeito de que é essa minha irritação ou mau
humor? 0 que necessito enxergar e que nova atitude eu necessito desenvolver
neste contexto?
0 azedume é um híbrido da raiva.
Angústia - A angústia é a emoção da morte, podendo ser a
morte de desejos, de projetos, de ideais, da alegria e do prazer.
Ela é muito presente quando nos abandonamos para cuidar
de outras pessoas ou por pura acomodação.
A angústia é um sintoma de que algo está desorganizado
dentro de nós há muito tempo, é um pedido de reavaliação a respeito do caminho
que estamos seguindo na vida ou sobre como estamos vivendo.
Ela quase sempre vem acompanhada da solidão para deixar
claro que será urgente uma aproximação de nós mesmos, pois solidão é estar
longe de si mesmo.
A angústia é um híbrido da tristeza.
Insegurança - A insegurança é desencadeada pela percepção
de nós mesmos como seres vulneráveis, com acentuada sensação de desamparo. Sua
função é mostrar que estamos nos apoiando em crenças que não nos ajudam a
despertar os talentos adormecidos em nós. E' um sintoma de que estamos
precisando fortalecer nossa autoestima e enfrentar o que tememos.
A insegurança é um estado híbrido do medo.
Vaidade - A vaidade é um indicador emocional de que
estamos necessitando avaliar uma carência que é sempre evidenciada por meio da
relação humana. A vaidade aparece quando nos sentimos menores, sem valor, em
falta, ou seja, ela vem para suprir o que faltou e só aparece onde há escassez.
Ela é também um sentimento fundamental para nossa paz, já
que sem ela não saberemos localizar muitos aspectos sutis das nossas
necessidades. Sem vaidade não nos cuidaríamos, não sentiríamos falta da alegria
e de fazer algo por nós mesmos.
Aprendemos muitas coisas de forma inadequada a respeito
de nossos sentimentos. Sem vaidade ninguém constrói uma estima pessoal sólida,
que é o pilar do autoamor. Quem tenta sufocar sua vaidade cria um campo
energético para doenças orgânicas, como dores musculares, constantes infecções
e um severo mau humor. No entanto, se somos dominados inadequadamente por ela,
usamo-la como mecanismo de defesa contra a sensação de inferioridade, de ausência
de valor e poder pessoal.
A vaidade orientada para a preservação da autovalorização
é uma fonte do bem que estamos desenvolvendo à luz de nossos esforços de
espiritualização. Vaidade é também o prazer diante daquilo que somos ou
realizamos. Quando focada na vida de relações, é a busca do prazer do
reconhecimento, do aplauso e da admiração alheia. Quando focada na vida
interior, é a energia que nos garante alegria e satisfação com nossas
realizações, e quem cultiva alegria alcança melhor desempenho e leveza perante
a vida, as coisas fluem. Energeticamente, a alegria é a emoção que lubrifica o
cosmo sutil da aura.
A vaidade é um híbrido da alegria.
Insatisfação - A insatisfação é indicador de que estamos
precisando tomar consciência sobre o que queremos e o que não queremos da nossa
existência.
Quando persiste, a insatisfação é porque não conseguimos
viver o que e como necessitamos e deixamos outras demandas tomarem o lugar do
que queremos, ignorando as carências mais profundas do nosso ser. Essa emoção é
o oposto da felicidade e estabelece profundo estado de desamor, sendo um sintoma
muito importante de que nosso desejo está ativo e procurando novas expressões
de amor e de nossa individualidade.
Parece um contrassenso, mas pessoas insatisfeitas estão
movidas pelo princípio do amor. É um alerta da alma que está vinculado à faixa
instintiva dessa emoção, querendo dizer: "não está bom desse jeito",
"é preciso mudar e avançar.".
A insatisfação é uma emoção híbrida do amor.
Em nosso plano de ação no Hospital Esperança, constatamos
que giram em torno de 88 os sentimentos mais conhecidos do homem na matéria,
incluindo as emoções híbridas. Entretanto, ao desencarnarmos, tomamos contato
com pelo menos mais vinte novas experiências emocionais nas faixas vibratórias
mais próximas ao ambiente da Terra, causando-nos perturbação, indefinição e
dor.
Mesmo sendo 88 os sentimentos mais conhecidos, o nível de
inteligência emocional aponta para algo em torno de 12 a 18 sentimentos mais
perceptíveis e comuns a quem guarda um bom grau de consciência emocional.
Entretanto, a média, para a maioria dos habitantes do planeta, não passa de 9
sentimentos mais conhecidos e identificáveis.
Essas informações, que fazem parte de levantamentos de
nossos institutos de educação no hospital, são fortes apelos para o trabalho
urgente de orientação, com foco na educação emocional do espírito eterno,
especialmente aos que se guiam pelos princípios imortalistas da doutrina espírita.
Faz-se urgente a elaboração de uma campanha para
aquisição da alfabetização afetiva e do desenvolvimento de habilidades que
permitam identificar e usar as emoções básicas e as híbridas como seguras
trilhas emocionais para o autoconhecimento e a autotransformação.
Retomando as reflexões de Lázaro:
"A fim de avançar para a meta, tem a criatura que
vencer os instintos, em proveito dos sentimentos, isto é, que aperfeiçoar estes
últimos, sufocando os germes latentes da matéria. "
Essa campanha é um convite para subirmos um degrau na
escada da evolução, sair do instinto primário e avançar na direção da
consciência lúcida. Sair das emoções híbridas e transformá-las em emoções que
curam, pois não existem emoções sem finalidades curativas quando a alma está desperta
para o patrimônio de luz que pode emergir de suas sombras.
Livro – Emoções que Curam -Wanderley Oliveira – Ermance Dufaux
EDUCAÇÃO PARA O
AUTO-AMOR
"O amor é de essência divina e todos vós, do
primeiro ao último, tendes, no fundo do coração, a centelha desse fogo
sagrado." - Fénelon. (Bordéus, 1861) O Evangelho Segundo o Espiritismo -
capítulo XI - item 9
O mais genuíno ato de amor a si consiste na laboriosa
tarefa de fazer brilhar a luz que há em nós. Permitir o fulgor da criatura
cósmica que se encontra nos bastidores das máscaras e ilusões. Somente assim, escutando
a voz de nosso guia interior, nos esquivaremos das falácias do ego que nos
inclina para as atitudes insanas da arrogância.
Quando não nos amamos, queremos agradar mais aos outros
que a nós, mendigamos o amor alheio, já que nos julgamos insuficientes ou
incapazes de nos querer bem.
Neste momento de perspectivas alvissareiras com a chegada
do século XXI, a esperança acena com horizontes iluminados para a caminhada de
ascensão espiritual da humanidade.
O resgate de si mesmo há de se tornar meta prioritária
das sociedades sintonizadas com o progresso. O bem-estar do homem, no seu mais
amplo sentido, se tornará o centro das cogitações da ciência, da religião e de
todas as organizações humanas.
Perante esse desafio social, sejamos honestos acerca do
quanto ainda temos por laborar para erguer a comunidade espírita ao patamar de
"escola capacitadora de virtudes" em favor das conquistas interiores.
Quantos se encontrem investidos da responsabilidade de
dirigir e cooperar com os grupamentos do Espiritismo, priorizem como
compromisso essencial de suas vinhas o ato corajoso de trabalhar pela formação
de ambientes educativos, motivadores da confiança espontânea e do
comprometimento pelo coração.
Trabalhar pela felicidade do homem deve ser o objetivo
maior das agremiações doutrinárias orientadas pela mensagem de amor do
Evangelho. Os modelos e conceitos inspirados nos princípios espíritas que não
se adequarem à condição de instrumentos facilitadores para a alegria e a liberdade
haverão de ser repensados.
Não podemos ignorar fatores de ordem educacional e social
que estimulam vivências íntimas da criatura em sua caminhada de aprendizado. As
últimas duas gerações que sofreram de modo mais acentuado os processos históricos
e coletivos da repressão atingem a meia idade na atualidade. Renasceram ao
longo das décadas de cinquenta e sessenta e se encontram em plena fase de vida
produtiva, sofridas pelas sequelas psicológicas marcantes de auto desamor.
Outro fator, mais grave ainda, são as crenças alicerçadas
em sucessivas vidas reencarnatórias que constituem sólida argamassa psicológica
e emocional, agindo e reagindo, continuamente, contra os anseios de crescimento
íntimo. O complexo de inferioridade é a condição cármica criada pelo homem em
seu próprio desfavor.
Nada, porém, é capaz de bloquear ou diminuir o fluxo de
sentimentos naturais e divinos que emanam da alma como apelos de bondade,
serenidade e elevação. Nem a formação educacional rígida ou os velhos
condicionamentos são suficientes para tolher a escolha do homem por novos
aprendizados. O self emite, incessantemente, energias sublimadas, a despeito
dos fatores sociais e reencarnatórios que agrilhoam a mente aos cadinhos regenerativos
do conflito e da dor.
Paulo, o apóstolo de Tarso, asseverou: "Porque não
faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço."(l)1- Romanos,
7:19
Contra os objetivos da vida profunda, temos forças vivas
em nós mesmos como efeitos de nossos desatinos nas experiências pretéritas.
Considerando essa manifestação celeste do "ser
profundo", compete-nos talhar condições favoráveis para o aprendizado das
mensagens da alma. Aprender a ouvir nossos sentimentos verdadeiros, os reclames
do Espírito que somos nós mesmos.
A palavra educação vem do latim educare ou educere.
Provérbio: e. Verbo: ducare, ducere. Seu significado é trazer à luz uma idéia,
levar para fora, fazer sair, extrair. Essa a tarefa dos centros espíritas:
oferecer condições para que o homem extraia de si mesmo seu valor divino na
Obra da Criação.
Em nossos projetos de religiosidade no centro espírita, o
auto-amor deve constituir lição primordial. Espiritualidade significa grandeza
de sentidos para viver. Essa é a visão do centro espírita em sintonia com a
alma do Espiritismo, uma verdadeira noção de imortalidade sentida e aplicada.
O auto-amor é um aprendizado de longa duração. Conectar
seu conceito a fórmulas comportamentais para aquisição de felicidade
instantânea é uma atitude própria de quantos se exasperam com a procura do
imediatismo. Amar é uma lição para a eternidade.
Que habilidades emocionais temos que desenvolver para o
auto-amor? Que cuidados adotar para aprendermos uma relação de amorosidade
conosco? Como alcançar a condição de núcleos avançados para desenvolvimento dos
valores da alma? Que iniciativas tomar para que as casas espíritas sejam
redutos de aprimoramento de nossos sentimentos e escolas eficientes de
criatividade para superação de nossas dores? Que técnicas e métodos nos serão
úteis para incentivar a alegria e a espontaneidade afetiva? Como implementar
escolas do sentimento em nossos grupos doutrinários de estudo sistematizado?
Que temas enfocar na melhor compreensão das manifestações profundas da alma?
Fala-se, em nossos ambientes de educação espiritual, que
não somos bons ouvintes. De fato, uma das habilidades que carecemos aperfeiçoar
nas relações interpessoais é a arte de ouvir. Mas, da mesma forma que guardamos
limitações para ouvir o outro, também não sabemos ouvir a nós mesmos. Que
técnicas adotar para estimular nossa habilidade de ser um bom ouvinte?
Ouvir a alma é aprender a discernir entre sentimentos e o
conjunto variado de manifestações íntimas do ser, sedimentadas na longa
trajetória evolutiva, tais como instintos, tendências, hábitos, complexos,
traumas, crenças, desejos, interesses e emoções.
Escutar a alma é aprender a discernir o que queremos da
vida, nossa intenção-básica.
A intenção do Espírito é a força que impulsiona o
progresso através do leque dos sentimentos. A intenção genuína da alma reflete
na experiência da afetividade humana, construindo a vastidão das vivências do
coração - a metamorfose da sensibilidade. A conquista de si mesmo consiste em
saber interpretar com fidelidade o que buscamos no ato de existir, a intenção
magnânima que brota das profundezas da alma em profusão de sentimentos.
Os discípulos sinceros do Espiritismo reflitam na
importância do auto-amor como condição indispensável ao bom aproveitamento da
reencarnação. Estar em paz consigo é recurso elementar na boa aplicação dos Talentos
Divinos a nós confiados.
Amar-se não significa laborar por privilégios e vantagens
pessoais, mas o modo como convivemos conosco. Resume-se, basicamente, na forma
como tratamos a nós próprios. A relação que estabelecemos com nosso mundo
íntimo. Sobretudo, o respeito que exercemos àquilo que sentimos. A auto-estima
surge quando temos atitude cristã com nossos sentimentos.
O amor a si não se confunde com o egoísmo, porque quem
tem atitude amorosa consigo está centrado no self. Deslocou o foco de seus
sentimentos para a fonte de sabedoria e elevação, criando ressonância com o
ritmo de Deus. Amar-se é ir ao encontro do Si Mesmo como denominava Jung.
Alinhavemos alguns tópicos sugestivos que poderão constar
no programa de debates para reeducação da vida emocional e psicológica à luz
dos fundamentos do Espiritismo. Tomemos por base a análise educacional de Allan
Kardec que diz na questão número 917 de O Livro dos Espíritos:
"A educação, convenientemente entendida, constitui a
chave do progresso moral. Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres,
como se conhece a de manejar as inteligências, conseguir-se-á corrigi-los, do
mesmo modo que se aprumam plantas novas. Essa arte, porém, exige muito tato,
muita experiência e profunda observação. E' grave erro pensar-se que, para
exercê-la com proveito, baste o conhecimento da Ciência."
• Responsabilidade - Somos os únicos responsáveis pelos
nossos sentimentos.
• Consciência - O sentimento é o espelho da vida profunda
do ser e expressa os recados da consciência. Nossos sentimentos são a porta que
se abre para esse mundo glorioso que se encontra "oculto",
desconhecido.
• Ética para conosco - Somos tratados como nos tratamos.
Como sermos merecedores de amor do outro, se não recebemos nem o nosso próprio?
• Juízo de valor - Não existem sentimentos certos ou
errados.
• Automatismos e complexos - O sentimento pode ser
sustentado por mecanismos alheios à vontade e à intenção.
• Auto-amor é um aprendizado - Construir um novo olhar
sobre si, desenvolver sentimentos elevados em relação a nós, constitui um longo
caminho de experiências nas fieiras da educação.
• Domínio de si - Educar sentimentos é tomar posse de nós
próprios.
• Aceitação - Só existe amor a si através de uma relação
pacífica com a sombra.
• Renovação do sistema de crenças - Superar os
preconceitos. Julgamentos formulados a partir do sistema de crenças
desenvolvidas com base na opinião alheia desde a infância.
• Ação no bem - Integração em projetos solidários. A
aquisição de valor pessoal e convivência com a dor alheia trazem gratidão,
estima pelas vivências pessoais. Cuidando bem de nós próprios, somos,
simultaneamente, levados a estender ao próximo o tratamento que aplicamos a
nós. Quando aprendemos a gostar de nós, independente de sermos amados, passamos
a experimentar mais alegria em amar.
A ética de amor a si deve estar afinada com o amor ao
próximo.
• Assertividade - Diálogo interno. Uma negociação íntima
para zelar pelos limites do interesse pessoal.
• Florescer a singularidade - O maior sinal de
maturidade. Estamos muito afastados do que verdadeiramente somos.
• Ter as rédeas de si mesmo - Para muitos o personalismo
surge nesse ato de gerir a vida pessoal com independência. Pelo simples fato de
não saberem como manifestar seus desejos e suas intenções, abdicam do controle
íntimo e submetem-se ao controle externo de pessoas e normas.
• Construção da autonomia - Autonomia é capacidade de
sustentar sentimentos nobres acerca de nós próprios.
• Identificação das intenções - aprender a reconhecer o
que queremos, qual nossa busca na vida. Quase sempre somos treinados a saber o
que não queremos.
Sentir -se bem consigo é sinônimo de felicidade, acesso à
liberdade. E' permitir que a centelha sagrada de Deus se acenda em nós.
Conhecer a arte de manejar caracteres.
Portanto, a feliz colocação de Fénelon merece a nossa
mais ardorosa atenção: o amor é de essência divina e todos vós, do primeiro ao
último, tendes, no fundo do coração, a centelha desse fogo sagrado.
Não esqueçamos a recomendação de Lázaro: "O Espírito
precisa ser cultivado, como um campo. Toda a riqueza futura depende do labor
atual, que vos granjeará muito mais do que bens terrenos: a elevação gloriosa.
2 - O ESE, cap. XI, item 8
Ermance Dufaux – Wanderley Oliveira – Livro Escutando os
Sentimentos
SIGNIFICADO DA
CARIDADE
"A verdadeira caridade não consiste apenas na esmola
que dais, nem mesmo nas palavras de consolação que lhe aditeis. Não, não é
apenas isso o que Deus exige de vós. A caridade sublime, que Jesus ensinou,
também consiste na benevolência de que useis sempre e em todas as coisas para
com o vosso próximo." O ESE, cap. XI, ítem 14.
Caridade ! Ela é a alma da vida na criação porque
alimenta o Engenho Divino e Universal pela cooperação e permuta. Caridade é o
movimento sublime da alma na construção do bem. Entendê-la como mero ato
compulsivo ou agendado de beneficiar alguém ou alguma obra será limitar seu
conceito cósmico. Caridade é ação educativa. Nem sempre, no entanto, ela tem
educado, reduzindo-se ao amparo amenizador de dores e necessidades, que não
ultrapassa a conotação de simples dever social conferido a todos na humanidade.
A ação no bem, antes de tudo, é estimulo e experiência
para quem a pratica. Do contrário, restringe-se a exercícios de doação para
"desafrouxar" sentimentos, ato não menos meritório, mas distante do
significado sagrado da palavra que foi descrita por Adolfo, bispo de Argel, na
inspirada poesia que diz:
"Caridade! Sublime palavra que sintetiza todas as
virtudes, és tu que hás de conduzir os povos à felicidade".1919. O
evangelho segundo o espiritismo, capítulo XII, item II.
Constatam-se frequentemente nos nossos ambientes
educativos do espiritismo várias almas distraídas quanto aos deveres mais
profundos na aferição e no proveito pessoal nesse assunto. Empenham-se em
movimentos espetaculares de filantropia, asilando sonhos de grandeza espiritual
para depois da morte, como se obtivessem garantia automática de redenção e paz
interior. Ninguém pode, em são juízo, afirmar que exista alguma ação no bem sem
proveito. Reflitamos, porém, que as expectativas e o entendimento de muitos
corações iluminados pelas concepções doutrinárias penetram o reino da ilusão
por esperar "saltos evolutivos no além" em razão dos pequenos passos
de altruísmo que apenas começaram a dar. A decepção, no entanto, estarrece tais
corações quando libertos da matéria.
Constatam que fizeram luz para muitos, não conquistando
sua luz pessoal e inalienável.
A luz que espalhamos aos outros sempre será avalista dos
mais prestimosos créditos de amparo na carne ou fora dela. Entretanto, não
constitui saldo defensivo contra as investidas do mal que ainda brota do
próprio imo.
A transformação dos impulsos infelizes e o
desenvolvimento de valores nobres são as únicas credenciais de autoridade e
harmonia no trajeto da Terra para o mundo espiritual.
Milhões de almas bem-intencionadas e solidárias
encontram-se em estágio de dor na imortalidade devido à negligência com a qual
se portaram ante os mais singelos deveres morais de cidadania, saúde e conduta
reta. Entre esses, encontram-se muitos espíritas devotos da atividade
assistencial.
A caridade material é regime abençoado no exercício do
afeto e da empatia, auxiliando o homem a se libertar dos grilhões do egoísmo.
Entretanto, em razão de nossas lutas interiores, essa conotação da caridade
pode nos acostumar facilmente ao automatismo e à compulsão, acrescidos das
deformadas noções de quitação de carmas pelos serviços assistenciais,
arruinando excelentes chances de crescimento, autoavaliação e desenvolvimento
de habilidades. Assevera Isabel de França:
"A caridade sublime, que Jesus ensinou, também
consiste na benevolência de que useis sempre e em todas as coisas para com o
vosso próximo".2020. O evangelho segundo o espiritismo, capítulo xi, item
14.
Caridade em bom conceito é interesse emocional edificante
pelo outro. O ato verdadeiro da caridade encerra em si a benevolência - o
sentimento de amor ao semelhante no que há de mais puro e alteritário. Somente
nesse patamar de emoção nobre igualmente nos beneficiamos da ação caritativa, atingindo,
então, a finalidade maior no exercício do bem, que é consolidá-lo em nós, além
daquilo que pudermos realizar pelo outro.
O bem tem de ser bom e gerar valores, antes de tudo, para
quem o faz.
Uma reflexão merece a atenção de todos nós, nas tarefas
abençoadas de amor ao próximo, no seio de nossas agremiações espíritas: acima
das práticas devemos colocar o relacionamento. A ilusão, infelizmente, tem
dilatado e incentivado idéias de salvacionismo fácil por meio de práticas que
algumas vezes não passam de mecanismos do ego para aplacar a ansiedade de
destaque e prestígio de criaturas em vivências personalistas.
Sem nenhum sentimento de menosprezo, e com todo o
respeito e carinho, fica nosso convite aos trabalhadores da seara para uma
reavaliação com fins de melhoria em todas as nossas iniciativas doutrinárias em
nome do bem. Quem não admite a possibilidade de melhora e mudança nos roteiros
de ação doutrinária, possivelmente terá estacionado no proveito individual
perante as realizações que exerce, ainda podendo estimular outros à estagnação.
Repensemos com proveito nossas tarefas de amor.
Tomemos por base um dos conceitos mais completos nesse
tema:
"Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como
a entendia Jesus?
Benevolência para com todos, indulgência para as
imperfeições dos outros, perdão das ofensas."2121. O livro dos Espíritos,
questão 886.
Ermance Dufaux – Wanderley Oliveira – Livro Prazer de
Viver
MEIO-BEM
E porque estreita
é a porta, e apertado o caminho que leva à vida poucos há que a encontrem.”
- JESUS - MATEUS, 7:14.
“Amados irmãos -
aproveitai dessas lições; é difícil o praticá-las, porém, a alma colhe delas
imenso bem. Crede-me, fazei o sublime
esforço que vos peço: “Amai-vos” e vereis a Terra em breve transformada em
paraíso, onde as almas dos justos virão repousar. Cap. 11, 9.
Freqüentemente,
somos defrontados por aqueles que admiram o amor aos semelhantes e que, sem
coragem para cortar as raízes do apego si próprios, se afeiçoam às atividades
do meio-bem, continuando envolvidos no movimento do mal.
Emprestam valioso
concurso a quem administra, mas requisitam favores e privilégios, suscitando
dificuldades.
Financiam tarefas
beneficentes, distendendo reais beneficentes, no entanto, cobram tributos de
gratidão, multiplicando problemas.
Entram em lares
sofredores, fazendo-se necessários pelo carinho que demonstram, mas solicitam
concessões que ferem, quais rijos golpes.
Oferecem
cooperação, preciosa, em socorrendo as aflições alheias, no entanto, exigem
atenções especiais, criando constrangimentos.
Alimentam
necessitados e põem-lhes cargas nos ombros.
Acolhem crianças
menos felizes, reservando-lhes o jugo da servidão no abrigo familiar.
Elogiam
companheiros para que esses mesmos companheiros lhes erijam um trono.
Protegem amigos
diligenciando convertê-los em joguetes e escravos.
Não desconhecemos
que todo cultivador espera resultados da lavoura a que se dedica e nem
ignoramos que semear e colher conforme a plantação, constituem operações
matemáticas no mecanismo da Lei.
Examinamos aqui
tão-somente a estranha atitude daqueles que não negam a eficácia da abnegação,
entregando-se, porém, ao desvairado egoísmo de quem costuma distribuir cinco
moedas, no auxilio aos outros, com a intenção de obter cinco mil.
Efetivamente, o
mínimo bem vale por luz divina, mas se levado a efeito sem propósitos
secundários, como no caso da humilde viúva do Evangelho que se destacou, nos
ensinamentos do Cristo por haver cedido de si mesma a singela importância de
dois vinténs sem qualquer condição.
Precatemo-nos
desse modo, contra o sistema do meio-bem, por onde o mal se insinua,
envenenando a fonte das boas obras.
Estrada construída
pela metade patrocina acidentes.
Víboras penetram
em casa, varando brechas.
0 bem pede doação
total para que se realize no mundo o bem de todos.
É por isso que a
Doutrina Espírita nos esclarece que o bem deve ser praticado com absoluto
desinteresse e infatigável devotamento, sem que nos seja licito, em se tratando
de nossa pessoa, reclamar bem algum.
Emmanuel - Extraído Do Livro: O Livro Da Esperança - Psicografado Por
Francisco Cândido Xavier
DINHEIRO E AMOR
Diante do bem, não pronuncies a palavra “impossível”
Certamente, sofres a dificuldade dos que herdaram a luta
por preço das menores aquisições.Ainda assim, lembra-te de que a virtude não
resiste no cofre.
Onde encontrarias ouro puro a fazer-se pão na caçarola
dos infelizes?
Em que lugar surpreenderias frágil cobertor tecido de
apólices para agasalhar a criança largada ao colo da noite?
Entretanto, se o amor te faz lume no pensamento,
arrebatarás à imundície a derradeira sobra da mesa, convertendo-a no caldo
reconfortante para o enfermo esquecido, e fará do pano pobre o abrigo
providencial em favor de quem passa, relegado à intempérie.
Uma garganta de pérolas não emite pequenina frase
consoladora e um crânio esculpido de pedras raras não deixa passar leve o fio
de ideação.
Todavia, se o amor te palpita na alma, podes falar a
palavra renovadora que exclui o poder das trevas e inspirar o trabalho que
expresse o apoio e a esperança de muita gente.
Respeita a moeda capaz de fazer o caminho das boas obras,
mas não esperes pelo dinheiro a fim de ajudar.
Hoje mesmo, em casa, alguém te pede entendimento e
carinho e, além do reduto doméstico, legiões de pessoas aguardam-te os gestos
de fraternidade e compreensão.
Recorda que a fonte da caridade tem nascedouro em ti
mesmo e não descreias da possibilidade de auxiliar.
Para transmitir-nos semelhante verdade, Jesus, a sós, sem
fiança terrestre, usou as margens de um lago simples, ofertou simpatia aos que
lhes buscavam a convivência, confortou os enfermos da estrada, falou do Reino
de Deus a alguns pescadores de vida singela e transformou o mundo inteiro,
revelando-nos, assim, que a caridade tem o tamanho do coração.
Meimei - Livro: O Espírito da Verdade- Francisco C. Xavier e Waldo Vieira
NA EXALTAÇÃO DO AMOR
A folha ressequida que cai, anônima, do pedúnculo em que
nasceu, é bem o símbolo do poder oculto de Deus em a Natureza.
Poder que é força, vida e amor...
Quem a recolheu?
O Sol? Não. O Vento? Não. O Homem? Não.
A folha desceu por si mesma, segundo os ditames
preestabelecidos pelas leis gerais do Universo, para o seio fecundante da Terra
que a transforma em novo elemento no laboratório da incessante renovação.
Assim também se movem as criaturas e os destinos.
A folha cai... Os mundos caminham... O homem evolve...
Brilha o Sol, naturalmente, mantendo a Família Planetária
nos domínios da Casa Cósmica. Avança o Vento, sem esforço, nutrindo a euforia
das plantas.
Avança o Vento,
sem esforço, nutrindo a euforia das plantas.
Em princípios de soberana espontaneidade, constrói o
Homem a própria existência.
Saber não é tudo.
Só o amor consegue totalizar a glória da vida. Quem vive
respira. Quem trabalha progride. Quem sabe percebe.
Quem ama respira, progride, percebe, compreende, serve e
sublima, espalhando a felicidade.
Siga, pois, seu roteiro, louvando o bem, esquecendo o mal
e edificando sem repouso.
Se o caminho é áspero e sombrio, prossiga com destemor.
Lembre-se que na vanguarda há mais amplo local para a sua
esperança.
Busque ouvir a mensagem do amor, onde passe.
Estude amando.
Responda aos imperativos da evolução, amando onde esteja.
Atenda ao semelhante, amando com alegria.
Satisfará, em tudo, a você mesmo, amando sempre.
Na marcha ascendente para o Reino Divino, o Amor é a
Estrada Real. As outras vias chamam-se experiências que a Eterna Sabedoria,
ainda por amor, traçou à grande viagem das almas para que o espírito humano não
se perca.
Antes de você, o amor já era.
Depois de você, o amor será.
Isso, porque o Amor é Deus em tudo.
Viva, assim, a vida, amando-a para entendê-la.
Viver e amar...
Amar e compreender...
Compreender e viver abundantemente...
Ângulos de uma verdade só - A Vida Eterna.
No entanto, viver sem amar é respirar sem trabalho digno;
querer com exclusivismo tonteante é contemplar situações e circunstâncias com
apriorismos que geram a enfermidade e a morte.
Se você sabe, portanto, o que é viver, por que não vive?
Só vive realmente quem ama.
Só ama efetivamente quem age para o bem de todos.
Só age, sem dúvida, para o bem de todos, quem compreende
que o amor é a base da própria vida.
Fora dessa verdade, há também movimento e ação de sombra
que tornará fatalmente à luz em ciclos determinados de choro, provação e
martírio.
Nada novo, sempre a Lei, que funciona compassiva, mas
inexorável, restituindo a cada sementeira a colheita certa.
Comande a embarcação de seu destino e não atribua a
outrem os erros que as suas mãos venham a cometer.
De você mesmo depende a própria viagem.
Instrua a você, sem procurar encobrir, ante a própria
consciência, as faltas que lhe arrojam a alma ao desencanto ou ao agravo das
próprias necessidades do espírito.
Ainda que a noite lhe envolva o passo, alente, no imo do
ser, o dia eterno da fé.
Não se confie ao sabor da invigilância, para que a
invigilância não lhe arraste a existência ao sabor do sofrimento.
Antes de nós, o Universo era o Santuário da Glória
Divina.
Lembremo-nos, pois, de que Deus nos criou para
acrescentar-Lhe a grandeza.
Não lhe diminuamos o esplendor, cultivando a treva...
Enganaremos a forma.
Jamais enganaremos a vida que palpita, triunfante, em nós
mesmos.
Aprenda a buscar aquilo de que você carece no próprio
aperfeiçoamento, antes que alguém lhe ensine a preço de aflição.
Busque o roteiro exato, antes que outros se lhe ofereçam,
no dia de sua perturbação, para guias de sua dor.
Força é poder. Idéia é força.
Mas só o amor condiciona o poder para a vitória da luz.
Ame o caminho. Caminhe e vença.
Anote hoje os seus movimentos, no ritmo do trabalho e da
oração, e o amanhã surgirá com brilho sempre novo.
Sorria para os lances mais difíceis da estrada e os
panoramas próximos e remotos descerrar-se-ão sorrindo à sua alma.
Não pare senão para refazer o fôlego atormentado.
Mais além, é a estrada de destino.
Não escute o murmúrio das sombras senão para socorrer as
vítimas do mal, a fim de que os gemidos enganadores do nevoeiro não lhe
anestesiem o impulso de elevação.
A fraternidade ser-lhe-á anjo sentinela entre os pântanos
da amargura.
Cante o poema da caridade, seja onde for, e as criaturas
irmãs, ainda mesmo quando algemadas ao crime, responder-lhe-ão com estribilhos
de amor.
Guarde compaixão e a paz ser-lhe-á doce prêmio.
Exemplifique a fé que lhe honra a inteligência e o mundo
abençoar-lhe-á todas as palavras.
Amanheça todo dia no serviço que lhe compete e o dever
retamente cumprido manterá você, invariavelmente, na manhã luminosa da vida.
Antes de amparar a você, ampare aqueles que, desde muito, suspiram pela migalha
de seu amparo.
Antes de nossa vontade, a vontade do Senhor.
Antes do bem para nós, o bem necessário aos outros.
Seja para você a justiça que observa e corrige e seja
para o irmão de jornada a bondade que ajuda e absolve sempre.
Sobretudo, guarde a certeza de que o amor se emoldura na
humildade que nunca fere.
Coloque você em último lugar e a vida encarregar-se-á de
sua própria defesa em qualquer parte.
Ainda mesmo com sacrifício, sob chuvas de fel e gritos de
calúnia, renda diariamente seu culto ao amor e o amor na própria vida brilhará
em sua alma, convertendo-a em estrela para a Glória Sem-Fim.
André Luiz - Do Livro O Espírito da Verdade. Psicografia
de Francisco Cândido Xavier.
RELAÇÕES CÁRMICAS
QUE CURAM
"|... | a lei de amor constitui o primeiro e o mais
importante preceito da vossa nova doutrina, porque é ela que um dia matará o
egoísmo, qualquer que seja a forma sob que se apresente, dado que, além do
egoísmo pessoal, há também o egoísmo de família, de casta, de nacionalidade.
Disse Jesus: 'Amai o vosso próximo como a vós mesmos.'. Ora, qual o limite com
relação ao próximo? Será a família, a seita, a nação? Não; é a Humanidade
inteira." Fénelon (Bordéus, 1861]. O Evangelho Segundo o Espiritismo,
capítulo 11, item 9.
No reino da mente, as crenças são programações indutoras
dos modos de sentir e pensar. Por meio de hábitos milenares, elas condicionaram
estados emocionais e psicológicos que respondem pelo que a criatura sente e
pensa na rotina de seus dias.
O estado de baixa autoestima ou desamor a si mesmo é um
exemplo desse automatismo, induzindo condutas, escolhas, fugas e idealizações
que se assemelham a uma prisão construída em milênios de condutas repetitivas
na esfera do egoísmo.
Esse clima interior de desvalor pessoal é uma das
principais causas de nossos desajustes na escola dos relacionamentos frustrados
e conflituosos. Se não amamos quem somos, como poderemos envolver com
amorosidade o nosso próximo?
E é assim que o carma se cumpre em nossas vidas. Somos
atraídos para a busca de pessoas, experiências e contextos que representam
nossas necessidades e limitações mais profundas. Teremos acentuada atração para
lugares, pessoas e situações que expressam as lições que a vida quer nos
ministrar para resgate de nossa condição íntima de auto amor e plenitude. A lei
de causa e efeito obedece a probabilidades naturais que regem com absoluta
perfeição os destinos e o aprendizado de todos nós.
Carma, portanto, não são os outros; carma, antes de tudo,
são nossas carências e ilusões, talentos e habilidades. Os outros são os
estágios de aprendizado que a vida nos entrega em favor de nosso avanço e
crescimento.
Na ótica justa das leis naturais, não temos carma com o
outro. Temos planejamentos visando à reparação de nossas condições íntimas.
Planejamentos regidos pelo amor determinam a cooperação, o amparo, a bondade e
o apoio no quadro das relações humanas, independentemente de projetos
carmáticos. 0 que determina nossa prisão a condições de colheita obrigatória é
o que construímos dentro de nós mesmos. Nos recessos da estrutura mental,
arquivamos e orientamos os mais graves e profundos desajustes perante nossa
própria consciência.
A palavra carma sugere condenação, principalmente com
relação aos vínculos com outras pessoas, mas não é bem assim. O significado de
carma está mais próximo dos sentidos de reparação e aperfeiçoamento. A única
condenação, se assim podemos nos expressar, existe com relação aos resultados
do que fizemos a alguém.
Isso significa que temos de reparar os efeitos infelizes
da ação lesiva em nós mesmos. Carma é estar "condenado" a agir - agir
para transmutar as tendências, a culpa, as recordações enfermas e remorsos
infelizes.
A visão ocidental de carma como ação de devolver ao outro
o que lhe tiramos é um exame superficial e cultural que nem sempre corresponde
à realidade dos planejamentos reencarnatórios, distanciando-nos dos verdadeiros
objetivos de nossas necessidades de aprimoramento.
Por conta dessa forma de entendimento, muitos chegam aqui
no mundo espiritual sentindo-se extremamente fracassados por não terem
alcançado objetivos e projetos que acalentaram em relação ao próximo,
especialmente aos que amaram. Esses espíritos caem na amargura e no derrotismo
de supostas perdas e por julgarem que seu amor deveria ter sido suficiente para
transformar as pessoas e corrigir os caminhos alheios. Isso acontece porque
tombaram em uma das mais velhas ilusões do egoísmo: o de suporem que sua missão
pessoal era resgatar débitos e contas cármicas com esse ou aquele grupo.
Desencarnam amargurados, infelizes, magoados e tristes, ignorando que o único
resgate legitimamente esperado é em relação à própria condição espiritual.
Outros chegam por aqui se supondo quites com a lei por
terem suportado provas acirradas e mantido firmeza em seus propósitos e
projetos em relação a determinadas pessoas ou contextos. Estes experimentam uma
terrível sensação de solidão e ruína quando percebem o pouco que fizeram por si
mesmos.
Em ambos os casos, esses espíritos abandonaram a si
mesmos, examinando a lei de causa e efeito sob uma perspectiva de justiça sem
amor.
O resgate cármico, analisado como se um devedor fosse
saldar sua dívida com um credor, é um exame periférico, porque as sábias leis
de Deus não têm como proposta o resgate de dívidas, mas sim, a integração das
almas nas claridades do amor divino. Sob essa ótica, o suposto devedor também é
alvo do resgate para a iluminação espiritual. Carma, portanto, é oportunidade
redentora na repetição de aprendizados que a vida já nos conferiu algum dia e
não aproveitamos tanto quanto poderíamos.
Será um lamentável equívoco pensar no carma como salvação
do outro sem salvação de nós mesmos.
O propósito dos encontros cármicos é salvar e libertar
todos os envolvidos nos conflitos conscienciais. Muitos assimilaram uma noção
da lei de causa e efeito muito carregada de justiça, como se a proposta da lei
divina fosse fazer-nos passar pela mesma intensidade de sofrimento que causamos
ao outro, quando, em verdade, o objetivo é oferecer a chance da libertação
consciencial pelos caminhos da misericórdia e do amor.
Nessa nova visão do carma, alguém que tenha sido lesado
pelas nossas arbitrariedades, essencialmente, não desejaria uma chance da vida
para devolver-nos na mesma moeda. Ao contrário, solicitaria de nós a força do
amor, o benefício do carinho e do respeito, que, amplamente acolhidos como
condutas que expressam as nossas propostas sinceras de perdão, nos dariam a
oportunidade de reconstrução de uma nova vida para eles e para nós.
O que nos faz crer que carma é passar pelas agonias da
provação dolorosa é nossa concepção de amor nas relações. As crenças que
construímos sobre o amor foram as que mais engessaram nossa verdadeira
capacidade de amar.
Nosso histórico em relação ao amor é muito mais uma forma
de pensar do que um sentimento adquirido.
Pensamos que amamos porque sentimos algo que nomeamos
como amor quando uma considerável parcela desse sentimento ainda é um reflexo
do egoísmo, isto é, nós nos "amamos" no outro.
Essa forma de pensar o amor é uma crença que nos faz
acreditar em um sentimento tão poderoso que chega ao ponto de se tornar
prepotente. Um amor que seria capaz de extinguir dentro do outro todos os focos
de dor, mesmo quando essa pessoa amada não deseje sair de suas sombrias prisões
interiores.
Deus, por exemplo, nos ama intensamente e nem por isso o
sentimento do Criador nos liberta das dores e perturbações. Por que isso
acontece? Porque amor não é um sentimento cujo propósito seja resolver o que
compete ao outro.
A mudança de nossa concepção sobre libertação cármica
depende da renovação de nossas crenças sobre o amor.
Registremos seis crenças muito comuns à nossa forma
ilusória de amar e procuremos em nossos grupos um debate sincero e acolhedor, à
luz dos princípios cristãos, visando à construção de um curso sobre relações
que curam:
» A crença de que podemos mudar o outro com nosso amor,
mesmo que ele não queira. Conexão entre amor e prepotência.
» A crença de que amar é tolerar sem impor limites. Conexão
entre amor e sacrifício.
» A crença de que amar é ser submisso à vontade do outro.
Conexão entre amor e autoabandono.
» A crença de que amar é prover a pessoa amada de tudo o
que ela solicita. Conexão entre amor e julgamento do que o outro precisa.
» A crença de que o outro vai se modificar por nossa
causa. Conexão entre amor e expectativas muito elevadas.
» A crença de que somente com o amor do outro podemos ser
felizes. Conexão entre amor e carência.
Pensar que amamos ainda é uma das expressões sombrias do
nosso egoísmo milenar. A renovação de nossas crenças é a solução para essa
enfermidade moral que um dia nos levará à condição prenunciada por Fénelon:
"Amai o vosso próximo como a vós mesmos.' Ora, qual o limite com relação
ao próximo? Será a família, a seita, a nação? Não é a Humanidade inteira."
Esse é o amor que celebram aqueles que experimentam as
relações cármicas que curam e libertam nossas vidas para a eternidade.
Livro: Emoções que Curam – Ermance Dufaux – Wanderley Oliveira
A COROA E AS ASAS
Comentava-se, na reunião, as glórias do saber, quando o
Cristo, para ilustrar a palestra, contou, despretensioso: — Um homem amante da
verdade, informando-se de que o aprimoramento intelectual conduz à divina
sabedoria, atirou-se à elevação da montanha da ciência, empenhando todas as
forças que possuía no decisivo cometimento.
A vereda era sombria qual obscuro labirinto; contudo, o
esforçado lidador, olvidando dificuldades e perigos, avançava sempre, trocando
de vestuário para melhor acomodar-se às exigências da marcha.
De tempos a tempos, lançava à margem da estrada uma
túnica que se fizera estreita ou uma alpercata que se lhe afigurava inservível,
procurando indumentária nova, até que, um dia, depois de muitos anos, alcançou
a desejada culminância, onde um representante de Deus lhe surgiu ao encontro.
O emissário cumprimentou-o, abraçou-o e revestiu-lhe a
fronte com deslumbrante coroa de luz.
Todavia, quando o vencedor do conhecimento quis
prosseguir adiante, na direção do Paraíso, recomendou-lhe o mensageiro que
voltasse atrás dos próprios passos, a ver o trilho percorrido e que, de sua atitude
na revisão do caminho, dependeria a concessão de asas com que lhe seria
possível voar ao encontro do Pai Eterno.
O interessado regressou, mas, agora, auxiliado pela
fulgurante auréola de que fora investido, podia contemplar todos os ângulos da
senda, antes inextricável ao seu olhar.
Não conteve o riso, diante das estranhas roupagens de que
os viajadores da retaguarda se vestiam.
Aqui, notava uma túnica rota; acolá, uma sandália
extravagante.
Peregrinos inúmeros se apoiavam em bordões quebradiços,
enquanto outros se amparavam em capas misérrimas; entretanto, cada qual, com
impertinência infantil, marchava senhor de si, como se envergasse a roupa mais
valiosa do mundo.
O vencedor da ciência não suportou as impressões que o
quadro lhe causava e abriu-se em frases de zombaria, reprovando acremente a
ignorância de quantos seguiam em vestes ridículas ou inadequadas.
Gritou, condenou e fez apodos contundentes.
Dirigiu-se à comunidade dos viajantes com tamanha ironia
que muitos renunciaram à subida, retornando à inércia da planície vasta.
Após amaldiçoar a todos, indistintamente, voltou o herói
coroado ao cume do monte, na expectativa de partir sem detença ao encontro do
Pai, mas o Anjo, muito triste, explicou-lhe que a roupagem dos outros, que lhe
provocara tanto sarcasmo inútil, era aquela mesma de que ele se servira para
elevar-se, ao tempo em que era frágil e semicego, e que as asas de luz, com que
deveria erguer-se ao Trono Divino, somente lhe seriam dadas, quando edificasse
o amor no imo do coração.
Faltavam-lhe piedade e entendimento; que ele voltasse
demoradamente ao caminho e auxiliasse os semelhantes, sem o que jamais
conseguiria equilibrar-se no Céu.
Alguns minutos de silêncio seguiram-se indevassáveis...
O Mestre, todavia, imprimindo significativa ênfase às
palavras, terminou: — Há muitas almas, na Terra, ostentando a luminosa coroa da
ciência, mas de coração adormecido na impiedade, salientando-se no sarcasmo
pueril e na censura indébita.
Envenenadas pela incompreensão, exigentes e cruéis,
fulminam os companheiros mais fracos no entendimento ou na cultura, ao invés de
estender-lhes as mãos fraternais, reconhecendo que também já foram assim,
tateantes e imperfeitos...
Enquanto, porém, não se decidirem a ajudar o irmão menos
esclarecido e menos afortunado, acolhendo-o no próprio espírito, com
sinceridade e devotamento, não receberão as asas com que lhes será lícito
partir na direção do Céu.
Neio Lúcio - Do Livro Jesus no Lar - Francisco C. Xavier
A SENTENÇA CRISTÃ
Um juiz cristão, rigoroso nas aplicações da lei humana,
mas fiel no devotamento ao Evangelho, encontrando-se em meio duma sociedade
corrompida e perversa, orou, implorando a presença de Jesus.
Tantas sentenças condenatórias devia proferir
diariamente, que se lhe endurecera o coração.
Atormentado, porém, entre a confiança que consagrava ao
Divino Mestre e as acusações que se acreditava compelido a formular, rogou,
certa noite, ao Senhor, lhe esclarecesse o espírito angustiado.
Efetivamente, sonhou que Jesus vinha desfazer-lhe as
dúvidas aflitivas. Ajoelhou-se aos pés do Amoroso Amigo e perguntou:
- Mestre, que normas adotar perante um homicida? Não
estará logicamente incurso nas penas legais?
O Cristo sorriu, de leve, e respondeu:
- Sim, o criminoso está condenado a receber remédio
corretivo, por doente da alma.
O juiz considerou estranha a resposta; contudo,
prosseguiu indagando:
- Como agir, ante o delinqüente rude, Senhor?
- Está condenado a valer-se de nosso auxílio, através da
educação pelo amor paciente e construtivo - explicou Jesus, bondoso e calmo.
- Mestre, e que corrigenda aplicar ao preguiçoso?
- Está condenado a manejar a enxada ou a picareta,
conquistando o pão com o suor do rosto.
- Que farei da mulher pervertida? - interrogou o jurista,
surpreso.
- Está condenada a beneficiar-se de nosso amparo
fraterno, a fim de que se reerga para a elevação do trabalho e para a dignidade
humana.
- Senhor, como julgar o ignorante?
- Está condenado aos bons livros.
- E o fanático?
- Está condenado a ser ouvido e interpretado com
tolerância e caridade, até que aprenda a libertar a própria alma.
- Mestre, e que diretrizes adotar, ante um ladrão?
- Está condenado à oficina e à escola, sob vigilância
benéfica.
- E se o ladrão é um assassino?
- Está condenado ao hospício, onde se lhe cure a mente
envenenada.
O magistrado passou a meditar gravemente e lembrou-se de
que deveria modificar todas as peças do tribunal, substituindo a discriminação
de castigos diversos por remédio, serviço, fraternidade e educação.
Todavia, não se sentindo bem com a própria consciência,
endereçou ao Senhor suplicante olhar, e perguntou, depois de longos instantes:
- Mestre, e de mim mesmo, que farei?
Jesus sorriu, ainda uma vez, e disse, sereno:
- O cristão está condenado a compreender e ajudar, amar e
perdoar, educar e construir, distribuir tarefas edificantes e bênçãos de luz
renovadora, onde estiver.
Nesse momento, o juiz acordou em lágrimas e, de posse da
sublime lição que recebera, reconheceu que, dali em diante, seria outro homem.
Francisco Cândido Xavier, Da obra: Alvorada Cristã.
Ditado pelo Espírito Neio Lúcio..
A GALINHA
AFETUOSA
Gentil galinha, cheia de instintos maternais, encontrou
um ovo de regular tamanho e espalmou as asas sobre ele, aquecendo-o
carinhosamente. De quando em quando, beijava-o, enternecida. Se saía a buscar
alimento, voltava apressada, para que lhe não faltasse calor vitalizante. E
pensava garbosa: - "Será meu pintainho! será meu filho!”.
Em formosa manhã de céu claro, notou que o filhotinho
nascia robusto.
Criou-o, com todos os cuidados. No entanto, em dourado
crepúsculo de verão, viu-o fugir pelas águas de um lago, sobre as quais
deslizava contente. Chamou-o, como louca, mas não obteve resposta. O bichinho
era um pato arisco e fujão.
A galinha, desalentada por haver chocado um ovo que lhe
não pertencia à família, voltou muito triste, ao velho poleiro; todavia,
decorrido algum tempo e encontrando outro ovo, repetiu a experiência.
Nova criaturinha frágil veio à luz. Protegeu-a, com
ternura, dedicou-se ao filho com todas as forças, mas, em breve, reparou que
não era um pintainho qual fora, ela mesma, na infância. Tratava-se dum corvo
esperto que a deixou em doloroso abatimento, voando a pleno céu, para juntar-se
aos escuros bandos de aves iguais a ele.
A desventurada mãe sofreu muitíssimo. Entretanto, embora
resolvida a viver só, foi surpreendida certo dia, por outro ovo, de delicada
feição. Recapitulou as esperanças maternas e chocou-o. Dentro em pouco, o
filhote surgia. A galinha afagou-o, feliz, com o transcurso de algumas semanas,
observou que o filho já crescido perseguia ratos à sombra. Durante o dia, dava
mostras de perturbação e cego; no entanto, em se fazendo a treva, exibia olhos
coruscantes que a amedrontavam. Em noite mais escura, fugiu para uma torre
muito alta e não mais voltou. Era uma coruja nova, sedenta de aventuras.
A abnegada mãe chorou amargamente. Porém, encontrando
outro ovo, buscou ampará-lo. Aninhou-se, aqueceu-o e, findos trinta dias, veio
à luz corpulento filhote. A galinha ajudou-o como pôde, mas, em breve, o filho
revelou crescimento descomunal. Passou a mirá-la de alto a baixo. Fêz-se
superior e desconheceu-a. Era um pavãozinho orgulhoso que chegou mesmo a
maltratá-la.
A carinhosa ave, dessa vez, desesperou em definitivo.
Saiu do galinheiro gritando e dispunha-se a cair nas águas de rio próximo, em
sinal de protesto contra o destino, quando grande galinha mais velha a abordou,
curiosa, a indagar dos motivos que a segregavam em tamanha dor.
A mísera respondeu, historiando o próprio caso.
A irmã experiente estampou no olhar linda expressão de
complacência e considerou, cacarejando:
- Que é isto amiga? não desespere. A obra do mundo é de
Deus, nosso Pai. Há ovos de gansos, perus, marrecos, andorinhas e até de sapos
e serpentes, tanto quanto existem nossos próprios ovos. continue ajudando em
nome do Poder Criador; entretanto, não se prenda aos resultados do serviço que
pertencem a Ele e não a nós, mesmo porque a escada para o Céu é infinita e os
degraus são diferentes. Não podemos obrigar os outros a serem iguais a nós, mas
é possível auxiliar a todos, de acordo com as nossas possibilidades. Entendeu?
A galinha sofredora aceitou o argumento, resignou-se e
voltou mais calma, ao grande parque avícola a que se filiava.
O caminho humano estende-se, repleto de dramas iguais a
este. Temos filhos, irmãos e parentes diversos que de modo algum se afinam com
as nossas tendências e sentimentos. Trazem consigo inibições e particularidades
de outras vidas que não podemos eliminar de pronto. Estimaríamos que nos dessem
compreensão e carinho, mas permanecem imantados a outras pessoas e situações,
com as quais assumiram inadiáveis compromissos. De outras vezes, respiram
noutros climas evolutivos.
Não nos aflijamos, porém.
A cada criatura pertence à claridade ou a sombra, a
alegria ou a tristeza do degrau em que se colocou.
Amemos sem o egoísmo da posse e sem qualquer propósito de
recompensa, convencidos de que Deus fará o resto.
Neio Lucio - Do
livro Alvorada cristã. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
MAIS AMOR
Malgrado a nuvem da incompreensão, cuja sombra permite
lamentáveis atritos e rudes embates que esfacelam as elevadas programações
traçadas para o êxito da tua tarefa, reserva-te mais amor.
Não obstante os raios dispendidos pela malquerença agora
sistemática, que produzem dor, certeiramente dirigidos, doa mais amor.
Enquanto a maledicência grassa arrebanhando mentes
frívolas e companheiros invigilantes, que se comprazem na disseminação das ideias
espúrias, faculta-te mais amor.
Embora a suspeita semeie surdas acrimônias e acusações
que sabes ser indébitas, no labor em que profligas o mal, concede-te mais amor.
Apesar da ausência dos mínimos requisitos de consideração
ao teu serviço edificante, por parte deles - aqueles que se permitem somente a
censura ou a lisonja mentirosa, a acusação ou o azedume contumaz - continua com
mais amor.
Muitas vezes parece impossível sequer suportar quantos
nos ferem e magoam injustamente - dentro, porém, da programática de recuperação
que nos impomos experimentar pelos erros passados - quanto mais conceder-lhes o
amor. Todavia, animosidade como afeição resultam de atitudes mentais e
emocionais que podemos condicionar com o livre querer.
Se consideras que o opositor se encontra enfermo,
ser-te-á mais fácil amá-lo. Se tiveres em mente que ele está mal informado,
tornar-se-á melhor para ti desculpá-lo.
Se pensares que ele não conseguiu alcançar o que em ti
combate e não possui forças para compartir o teu êxito ou a tua oportunidade
feliz, far-se-á lógico entendê-lo e amá-lo.
Revidando, porém, acusação por acusação, suspeita por
suspeita, ira com ira, mui difícil a reconciliação e a paz, paz e reconciliação
a que amanhã ou depois serás constrangido a realizar.
Toda obra em começo na retaguarda, que ficou ao abandono,
ou qualquer aquisição negativa permanecem aguardando o responsável.
O milagre da vida chama-se amor -
Quando crescemos em espírito, lamentamos tardiamente a
mesquinhez em que teimávamos permanecer.
A visão da montanha, na direção da paisagem, apaga as
sombras temerosas das furnas e cobre o charco transposto na baixada, quando o
sol da alegria distende claridade festiva ampliando os horizontes.
Não te apoquentes, portanto, ante o triunfo enganoso do
engodo ou a vitória da irresponsabilidade.
Catalogado pelo Estatuto Divino com a função de crescer,
tens a destinação de mais amor.
Assim, em qualquer circunstância de tempo ou lugar, em
claro céu ou sombrio firmamento, na saúde ou na doença, na realização ou na
queda, no poder ou na dependência, entre amigos ou adversários, para a tua
plenitude e perfeita paz, ama muito mais e distende sempre mais amor porque só
o amor tem a substância essencial para traduzir a realidade do Pai em nossas
vidas.
"Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de
toda a tua alma e de todo o teu espírito; este o maior e o primeiro mandamento.
E aqui tendes o segundo, semelhante a este: Amarás o teu próximo como a ti
mesmo". Mateus: capítulo 22º, versículo 37.
"O amor é de essência divina e todos vós, do
primeiro ao último, tendes, no fundo do coração, a centelha dêsse fogo
sagrado". Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 11º - Item 9.
FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas. Pelo
Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 39.
Nenhum comentário:
Postar um comentário