10 – Porque aquele servo, que soube a vontade de seu
Senhor, e não se apercebeu, e não obrou conforme a sua vontade, dar-se-lhe-ão
muitos açoites. Mas aquele que não a soube, e fez coisas dignas de castigo,
levará poucos açoites. Porque a todo aquele, a quem muito foi dado, muito será
pedido, e aos que muito confiaram, mais contas lhe tomarão. (Lucas, XII:
47-48).
11 – E Jesus lhe disse: Eu vim a este mundo para
exercitar um juízo, a fim de que os que não vêem, vejam, e os que vêem, se
tornem cegos. E ouviram alguns dos fariseus que estavam com ele, e lhe
disseram: Logo, também nós somos cegos? Respondeu-lhes Jesus: Se vós fôsseis
cegos, não teríeis culpa; mas como agora mesmo dizeis: Nós vemos, fica
subsistindo o vosso pecado. (João, IX: 39-41).
12 – Estas máximas encontram sobretudo a sua aplicação no
ensinamento dos Espíritos. Quem quer que conheça os preceitos do Cristo é
seguramente culpado, se não os praticar. Mas além de não ser suficientemente
difundido o Evangelho que os contêm, senão entre as seitas cristãs, mesmo entre
estas, quantas pessoas existem que não o lêem, e entre as que o lêem, quantas
não o compreendem! Disso resulta que as próprias palavras de Jesus ficam perdidas
para a maioria. O ensinamento dos Espíritos, que reproduz essas máximas sob
diferentes formas, que as desenvolve e comenta, pondo-as ao alcance de todos,
tem sido de particular, ou seja, não é circunscrito. Assim, todos, letrados ou
não, crentes ou descrentes, cristãos ou não cristãos, podem recebê-lo, pois os
Espíritos se comunicam por toda à parte. Nenhum dos que o recebam, diretamente
ou por intermédio de outros, pode pretextar ignorância, ou pode desculpar-se
com a sua falta de instrução ou com a obscuridade do sentido alegórico. Aquele,
pois, que não o põe em prática para se melhorar, que o admira apenas como
interessante e curioso, sem que seu coração seja tocado, que não se faz menos
fútil, menos orgulhoso, menos egoísta, nem menos apegado aos bens materiais,
nem melhor para o seu próximo, é tanto mais culpado, quanto teve maior
facilidade para conhecer a verdade.
Os médiuns que obtêm boas comunicações são ainda mais
repreensíveis por persistirem no mal, pois escrevem freqüentemente a sua
própria condenação, e se não estivessem cegos pelo orgulho, reconheceriam que
os Espíritos se dirigem a eles mesmos. Mas, em vez de tomarem para eles as
lições que escrevem, ou que vêem os outros escreverem, sua única preocupação é
a de aplicá-las as outras pessoas, incidindo assim nestas palavras de Jesus:
“Vedes um argueiro no olho do próximo, e não vedes a trave no vosso”. (Ver cap.
X, nº 9).
Por estas palavras: “Se fosseis cegos, não teríeis
culpa”, Jesus confirma que a culpabilidade está na razão do conhecimento que se
possui. Ora, os fariseus, que tinham a pretensão de ser, e que realmente eram,
a parte mais esclarecida da nação, tornavam-se mais repreensíveis aos olhos de
Deus que o povo ignorante. O mesmo acontece hoje.
Aos espíritas, portanto, muito será pedido, porque muito
receberam, mas também aos que souberam aproveitar os ensinamentos, muito lhes
será dado.
O primeiro pensamento de todo espírita sincero deve ser o
de procurar, nos conselhos dados pelos Espíritos, alguma coisa que lhe diga
respeito.
O Espiritismo vem multiplicar o número dos chamados, e
pela fé que proporciona, multiplicará também o número dos escolhidos.
TEXTOS DE APOIO
EM PLENA ERA NOVA
Há criaturas que deixaram, na Terra, como único rastro da
vida robusta que usufruíam na carne, o mausoléu esquecido num canto ermo de
cemitério.
Nenhuma lembrança útil.
Nenhuma reminiscência em bases de fraternidade.
Nenhum ato que lhes recorde atitudes com padrões de fé.
Nenhum exemplo edificante nos currículos da existência.
Nenhuma idéia que vencesse a barreira da mediocridade.
Nenhum gesto de amor que lhes granjeasse sobre o nome o
orvalho da gratidão.
A terra conservou-lhes, à força, apenas o cadáver-
retalho de matéria gasta que lhes vestira o espírito e que passa a ajudar, sem
querer no adubo às ervas bravas.
Usaram os empréstimos do Pai Magnânimo exclusivamente
para si mesmos, olvidando estendê-los aos companheiros de evolução e ignorando
que a verdadeira alegria não vive isolada numa só alma, pois que somente viceja
com reciprocidade de vibrações entre vários grupos de seres amigos.
Espíritas, muitos de nós já vivemos assim!
Entretanto, agora, os tempos são outros e as
responsabilidades surgem maiores.
O Espiritismo, a rasgar-nos nas mentes acanhadas e
entorpecidas largos horizontes de ideal superior, nos impele para frente, rumo
aos Cimos da Perfectibilidade.
A Humanidade ativa e necessitada, a construir seu porvir
de triunfos, nos conclama ao trabalho.
O espírito é um monumento vivo de deus Criador Amorável.
Honremos a nossa origem divina, criando o bem como chuva de bênçãos ao longo de
nossas próprias pegadas.
Irmãos, sede vencedores da rotina escravizante.
Em cada dia renasce a luz de uma nova vida e com a morte
somente morrem as ilusões.
O espírito deve ser conhecido por suas obras.
É necessário viver e servir.
É necessário viver, meus irmãos, e ser mais do que pó!
Livro: O Espírito da Verdade- Psicografia Francisco C.
Xavier e Waldo Vieira- Eurípedes Barsanulfo
QUE BUSCAIS
Cap. XVIII - Item 10 - ESE
“- Que buscais?”
–Jesus, (João, 1:38)
Esta simples indagação do Senhor, aos dois discípulos que
o seguiam, é dirigida presentemente a todos os lidadores do Espiritismo, diante
da Boa Nova renascente no mundo.
Ao obreiro modesto da assistência fraternal, exprime a
Voz Superior a reclamar-lhe os frutos na colheita do bem.
Ao colaborador da propaganda doutrinária, representa a
interpelação incessante acerca da tarefa de resguardar a pureza dos postulados
que consolam e instruem.
Ao orientador das assembléias de nossa fé, é a pergunta
judiciosa, quanto à qualidade do esforço no cumprimento dos deveres que lhe
competem.
Ao servidor da evangelização infantil, surge a
interrogação do Divino Mestre qual brado de alerta relativamente ao rumo
escolhido para a sementeira de luz.
Ao portador da responsabilidade mediúnica , inquire Jesus
pela aplicação dos talentos que lhe foram confiados.
Ao aprendiz incipiente da oficina espírita cristã
constitui adequada sindicância quanto à sinceridade que traz consigo,
alertando-o para os deveres justos.
A cada criatura que desperta em mais altos níveis da fé
raciocinada, soa a interpelação do Senhor como sendo convite às obras em que se
afirme a caridade real.
Assim, escuta no íntimo, em cada lance das próprias
atividades, a austera palavra do Condutor Divino, convocando-te à coerência
entre o ideal e o esforço, entre a promessa e a realização.
Analisa o que fazes.
Observa o que dizes.
Medita em torno de tuas aspirações mais ocultas.
Que resposta forneces à indagação do Senhor?
Que segue o Cristo, vive-lhe o apostolado.
Serve, coopera e caminha avante, sem temor ou vacilação,
lembrando-te de que o Verbo da Verdade incide sobre nós, cada dia, perguntando
incessantemente:
- Que buscais?
Livro: O Espírito da Verdade- Psicografia Francisco C.
Xavier e Waldo Vieira- Emmanuel
EM TODOS OS
CAMINHOS
Seja qual for a
experiência, convence-te de que Deus está conosco em todos os caminhos.
Isso não significa
omissão de responsabilidade ou exoneração da incumbência de que o Senhor nos
revestiu. Não há consciência sem compromisso, como não existe dignidade sem
lei.
O peixe mora
gratuitamente na água, mas deve nadar por si mesmo. A árvore, embora não pague
imposto pelo solo em que se vincula, é chamada a produzir conforme a espécie.
Ninguém recebe
talentos da vida para escondê-los em poeira ou ferrugem.
Nasceste para
realizar o melhor. Para isso, é possível te defrontes com embaraços naturais ao
próprio burilamento, qual a criança que se esfalfa compreensivelmente nos exercícios
da escola. A criança atravessa as provas do aprendizado sob a cobertura da educação
que transparece do professor. Desempenhamos as nossas funções com o
apoio de Deus.
Se o conhecimento
exato da Onipresença Divina ainda não te acode à mente necessidade de fé, pensa
no infinito das bênçãos que te envolvem, sem que despendas mínimo esforço. Não
contrataste engenheiros para a garantia do Sol que te sustenta e nem
assalariaste empregados para a escavação de minas de oxigênio na atmosfera, a
fim de que se renove o ar que respiras.
Reflete, por um
momento só, nas riquezas ilimitadas ao teu dispor, nos reservatórios da
Natureza e compreenderás que ninguém vive só.
Confia, segue,
trabalha e constrói para o bem. E guarda a certeza de que, para alcançar a
felicidade, se fazes teu dever, Deus faz o resto.
Livro: Estude E Viva - Francisco Cândido Xavier E Waldo
Vieira Pelos Espíritos Emmanuel E André Luiz
PRESCRIÇÕES SEMPRE
NOVAS
Veja o que você quer, realmente. A procura da luz inclui
o combate à sombra.
Alimente princípios superiores. Realizar o melhor é
melhorar a si mesmo.
Use discernimento. A convicção espírita baseia-se na
ciência da lógica.
Atenda à paz com todos. Quem cultiva aversões cria a
infelicidade.
Trabalhe nas boas obras. Ninguém segue o Evangelho sem
transpirar.
Critique o que você fale ou escreva. A propaganda indisciplinada
costuma desacreditar o serviço que apregoa.
Não inculpe os outros por suas decepções. Somos
arquitetos de nossos destinos.
Sirva sem discutir. O concurso sincero silencia a
discórdia.
Aperfeiçoe as próprias preces. A natureza da rogativa
evolui com a elevação de nossa própria natureza.
Partilhe as tarefas do bem geral. Com Jesus, o ideal de
um coração é o ideal de todos.
Livro: Estude E Viva - Francisco Cândido Xavier E Waldo
Vieira Pelos Espíritos Emmanuel E André Luiz
PARA E PENSA
“... E a qualquer
que muito for dado, muito se lhe pedirá... - JESUS - LUCAS-, 12: 48.
“O primeiro cuidado de todo espírita sincero deve ser o de
procurar saber se, nos conselhos que os Espíritos dão, alguma coisa não há que
lhe diga respeito. ”Cap.18, 12.
Se a perturbação, por ventania gritante, ruge à porta,
não te entregues aos pensamentos desordenados que aflições e temores te sugiram
à alma.
Pára e pensa.
Escorregaste no erro e experimentas a inquietação
decorrente da falta cometida, como se te imobilizasses na vertigem permanente
da queda...
Aceitaste o alvitre de ilusões ardilosas e tomaste
caminho inverso, reconhecendo-te na condição de alguém, cujo veículo dispara em
declive ameaçador, no rumo do abismo...
Superestimaste as próprias forças e assumiste
compromissos, acima da própria capacidade, lembrando um discípulo injustamente
aguilhoado num teste de competência, para o qual se encontra ainda imaturo...
Viste companheiros queridos, internados em labirintos de
sombra, assestando baterias contra a lógica, a te depreciarem o culto à
sinceridade e trazes, por isso, o coração arpoado por doloroso desencanto...
Sofreste perdas consideráveis e guardas o espírito, à
feição de barco à deriva...
Distorceste o raciocínio, sob o efeito de palavras loucas
desfechadas no ambiente em que vives e cambaleias, qual se tivesses o ânimo
ferroado por dardos de fogo e fel.
Recorda, porém, que pacificação e reajuste são recursos
de retorno à tranqüilidade e à estrada certa.
Entretanto, recuperação e paz em nós reclamam
reconhecimento do dever a cumprir.
A vista disso, se desatinos dessa ou daquela procedência
te visitam a alma, entra em ti mesmo e acende a luz da prece, reexaminando
atitudes e reconsiderando problemas, entendendo que a renovação somente será
verdadeira renovação para o bem, não à custa de compressões exteriores, mas se
projetarmos ao tear da vida o fio do próprio pensamento, intimamente reajustado
e emendado por nós.
Emmanuel do livro:
O Livro da Esperança - Psicografado por Francisco Cândido Xavier
SOB A LUZ DA
ESPERANÇA
"Muito se pedirá àquele a quem muito se houver dado,
e maiores contas serão tomadas àquele a quem mais coisas se haja
confiado." - S.Lucas, 12:47 e 48 - ESE, cap. XVIII, ítem 10.
É lastimável o contingente de seguidores do Cristo
tombados no derrotismo por conta de crenças que estabelecem uma vida
psicológica atormentada.
Verificam-se, com certa frequência, algumas crenças que
ganharam popularidade na comunidade doutrinária, acerca da definição de
verdadeiros espíritas, tais como: "almas com conhecimento bastante para
não se deprimir", "criaturas que só podem acertar",
"pessoas que devem agradar a todos", "Espíritos que não podem
perder tempo" e "devem ser rápidos".
Claro que essas crenças, quando utilizadas com sensatez,
podem se tornar aspirações educativas. Entretanto, raros conseguem se
enquadrar, espontaneamente, nesses modelos éticos elegidos como referenciais de
autenticidade espírita. Aliás, muitos dos que procuram atender a esses
imperativos de fora para dentro tombam na negação de seus sentimentos, causando
danos a seu equilíbrio.
A colocação evangélica é clara: "muito se pedirá",
entretanto, a mente derrotista nutre-se de mensagens inconscientes de cobrança
e condenação, que fazem as fibras do sentimento interpretarem essa colocação
dessa forma: "muito será cobrado".
Imperioso acender a luz da esperança no coração humano,
abandonar imposições e cobranças.
Não existe queda nem falência nas Leis Universais.
Existem resultados, efeitos das escolhas e ações. Tudo é preparo, impermanência
e misericórdia.
Muito será pedido! De fato, a vida pede constantemente o
tributo de amor e cooperação.
Somente para o Espírito que não aprende com seus
equívocos, é que existem a frustração, o vazio e a sensação de fracasso.
Discípulos do espiritismo: procurem atentar para o foco
em que depositam suas esperanças de felicidade e plenitude, a fim de não se
enredarem no clima psicológico do martírio voluntário.
Inúmeros corações sinceros e motivados pelo ideal de
servir e aprender se rendem às suas provas e dores particulares, acreditando
que somente no além-túmulo encontrarão a libertação. Transferem para a vida dos
Espíritos uma expectativa de alívio e salvação em razão do sofrimento que lhes
assinala a marcha de cada dia.
Toleram provas acerbas na condição passiva, sem a mínima
iniciativa que os possa defender ou restaurar as energias ante os golpes
lacerantes dos testes. Asseveram que resgatam carmas e prosseguem contando os
dias para que algo ou alguém venha extinguir-lhes os dramas.
Desacreditam totalmente da possibilidade de solução e
novos caminhos, onerando-se de exigências e obrigações. Descrêem, enfim, que
possam ser felizes tanto quanto possível ainda na Terra.
Sofrer por sofrer não redime. Tolerar por tolerar não
educa. Não será a intensidade dolorosa das provas, por si só, que transformará
as inclinações e nos libertará das algemas conscienciais.
A dor que redime não é aquela que tolera com revolta, mas
a que suporta com constante busca pelo melhor a cada instante. Jamais desistindo
de encontrar a solução em si mesmo para as lutas do caminho.
Sem isso, é a morte da esperança.
Amigo querido do espiritismo com o Cristo, o gesto
sublime da reencarnação é um atestado de que foste matriculado na escola do
livre-arbítrio para o recomeço, distanciando-te da influência dominadora dos
processos de sintonia e atração que vigem fora do corpo. Essa a primeira
condição para talhar a singularidade que te é peculiar.
Não transfiras para o mundo dos Espíritos livres da
matéria tuas aspirações mais nobres de realização e alegria.
Ante o momento que a Terra atravessa, e devido ao nível
espiritual de seus habitantes, quase todos os que reencarnam levam
aproximadamente metade de sua vida para iniciar o processo de descoberta de seu
real valor perante a vida, recriando a autoimagem para o campo da realidade, e
definindo-se em suas particularidades subjetivas.
Nesse momento rico da alma, o auto amor determina o clima
emocional de sua vida, estimulando a construção de sentimentos enobrecedores
que sirvam de morada refazedora ante os percalços do aprendizado.
Acredite na felicidade possível e edifique a crença
lúcida em tuas aspirações de harmonia.
Não é o parente que te atormenta, mas como gerencias o
mundo das emoções em face dos seus gestos de agressão ou descaso.
Não é o corpo abençoado que desanima, mas os sentimentos
de baixa autoestima que te consomem até a exaustão.
Não é a profissão singela que te sobrecarrega, mas a
forma como conduzes teus anelos íntimos de crescimento nas conquistas materiais.
Não são as perdas que te preocupam, mas o hábito contumaz
de posse que causa a sensação de segurança em teus passos.
Não é a crítica que te fere; é como reages a ela. As
provas, em si mesmas, são circunstâncias da vida aferindo-te o valor. A forma
como reages é a tua nota de aproveitamento.
Confia na tua decisão de ser feliz e zela com perseverança
por esse ideal de paz.
Mereça ser feliz pelo cultivo de teus valores. Feche os
ouvidos às mensagens externas e internas que profetizam sobre quedas e tropeços
nos dias vindouros.
Mereça ser feliz nutrindo teu sistema mental com idéias e
projetos luminosos que constituam sonhos de ventura e desejo de harmonia.
Recorda: a vida pede, não cobra. A crença, para ser
sólida e verdadeira, requer trabalho e construção ativa na intimidade. A crença
na felicidade é um trabalho árduo de conquista da autonomia, realização
incansável no bem e humildade nas corrigendas necessárias.
Proceda a uma avaliação cristalina à luz da consciência.
Toma por base o princípio universal: recolhemos da vida somente aquilo que
precisamos e merecemos. A partir desse foco, entreveja tua parcela íntima e
individual nas dificuldades que te atormentam. Investigue com persistência a
natureza da petição que as Leis Naturais te endereçam. Descoberto esse
"lugar psicológico", encontrarás uma mina abundante de respostas e
horizontes.
Ninguém e nenhuma situação te podem prejudicar e fazer
infeliz sem teu consentimento.
Na vida espiritual, muitos corações que desistiram de
seus sonhos enquanto na Terra, alimentando expectativa de descanso e pausa em
suas lutas após a morte, colheram o amargo fruto da decepção ao perceberem que
a vida terrena é o solo fértil para a semeadura do bem e das conquistas
imorredouras, e não um fórum de quitações impostas pela dor.
O fim útil das provas é a melhoria, e não o padecimento.
E melhoria significa aprender a amar a ti mesmo cuidando de defender-te da
descrença que rouba de ti a armadura da alegria e, sobretudo, da esperança com
a qual, a cada minuto, poderás sustentar o clima interior do otimismo e da
certeza na vitória.
Livro: Prazer de Viver - Ermance Dufaux – Wanderley S. Oliveira
DIRETRIZ
EVANGÉLICA
E - Cap. XVIII _
Item 12
Não vos adapteis às conveniências e convenções do mundo,
mas transformai-vos pela renovação do entendimento, de modo a conhecerdes os
disígnios de Deus, para que a vossa tarefa se faça agradável e útil.
Aprendei com temperança o que vos convém saber, conforme
o grau de vossa fé, porquanto assim como temos em um só corpo vários membros e
nem todos eles guardam a mesma função, também nós que somos muitos formamos um
só corpo em Cristo, embora sejamos individualmente membros uns dos outros.
Desse modo, existindo diversos dons, segundo as
concessões que nos são dadas, se nos cabe a profecia seja ela praticada, na
medida de nossos recursos; se convocados à administração, ocupemo-nos em
administrar; se localizados no ensino, devotemo-nos à instrução; os que
exortem, usem as possibilidades em exortar; os que foram trazidos a repartir,
procedam com liberalidade; quem preside, seja prudente; corações chamados aos
exercício da misericórdia, empreguem a misericórdia com alegria.
Entre nós, seja o amor não simulado.
Esqueçamos o mal, buscando o bem.
Amai-vos cordialmente uns aos outros com afeto fraternal.
Não sejais vagarosos na vigilância, afervorai-vos no
trabalho, servindo ao Senhor.
Regozijai-vos na esperança, sede pacientes nas
dificuldades, perseverai na oração.
Amparai os bons, na solução de suas necessidades, sede
hospitaleiros.
Abençoai os que vos perseguem, mantendo-vos solidários e
unidos entre vós.
Não ambicionei situações, para as quais ainda não
conseguimos a altura necessária, acomodando-nos à humildade, para que não
estejamos alardeando sabedoria que ainda não temos.
A ninguém, torneis mal por mal.
Sejamos honestos com as cousas que nos dizem respeito e,
se for possível e quanto for possível em nós, tenhamos paz com todos."
Estas observações, de forma e sentido positivamente
espíritas e que parecem grafadas hoje para as lides naturais da pregação e da
mediunidade, da propaganda e da ação; dos ideais e das obras de nossas instituições
não são nossas e sim do apóstolo Paulo de Tarso, constantes dos versículos dois
a dezoito do capítulo décimo-segundo de sua Epístola aos Romanos.
Destacando esta breve página de orientação evangélica,
escrita há dezenove séculos, relacionemos as nossas responsabilidades, dentro
do Espiritismo, que restaura o Cristianismo, em suas bases puras, e procuremos
pensar.
De Opinião Espírita, de Francisco Cândido Xavier e Waldo
Vieira, pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz
TEMPOS DA
IGNORÂNCIA
"...Muito se pedirá àquele a quem se tiver muito
dado, e se fará prestar maiores contas àqueles a quem se tiver confiado mais
coisas." "... Somos nós, pois, também cegos? Jesus lhe respondeu: Se
fôsses cegos, não teríeis pecado; mas agora dizeis que vedes e é por isso que
vosso pecado permanece em vós". (Cap. XVIII, ítem 10 e 11).
Lucas relata em Atos dos Apóstolos a seguinte orientação
de Paulo de Tarso: "Deus não leva em conta os tempos da ignorância".
Em outras oportunidades, confirmou também que "muito se pedirá àquele que
muito recebeu", quer dizer, o agravamento das faltas é proporcional ao
conhecimento que possui.
Compreendemos, dessa forma, que somos todos nós
protegidos pela nossa "ignorância", pois somente seremos avaliados
pela Divina Providência, de conformidade com as possibilidades do
"SABER" e "SENTIR", isto é, segundo a nossa maneira de ver
a nós próprios e o mundo que nos rodeia.
As leis espirituais que dirigem a vida são sábias e
justas e adaptam-se particularmente a cada criatura, levando em conta suas
individualidades. O eminente psicólogo e pedagogo suíço Jean Piaget,
responsável pela teoria de que o desenvolvimento das crianças propícia seu
aprendizado, dizia que elas são diferentes entre si que cada tem seu jeito de
crescer e de se realizar como indivíduo, e que todos poderíamos ajudá-las nesse
crescimento, porém nunca impondo formas generalizadas e semelhantes.
Piaget ensinava que cada criança pensa e interpreta o
mundo com seu peculiar pensamento e com suas possiblidades orgânicas e mentais,
quase sempre heterogêneas. Encontramos no mundo atual modernos métodos
pedagógicos que seguem esse raciocínio, levando em conta que cada indivíduo,
para assimilar sua realidade de vida, é portador de um processo psicológico de
aprendizagem próprio. Cada um recebe de forma dissemelhante os estímulos,
decodifica-os e em seguida os reelabora, formando assim sua própria
individualidade.
Por outro lado, encontramos também na reencarnação a
guarida desses métodos de ensino, pois ela se baseia na multiplicidade de
experiências ocorridas nos diversos avatares por onde a alma percorre seus
caminhos vivenciais, como um ser individual. As diversidades do nosso tempo de
criação, nossas heranças reencarnatórias, experiências emocionais e mentais,
ambientes sociais onde ocorrem essas mesmas experiências, estruturas sexuais,
masculinas e femininas, e motivações várias desenvolvidas na atualidade
particularizam os seres humanos com vocações, tendências, interesses, grau de
raciocínio e discernimento "suis generis".
Relativos e não generalizados devem ser os modos de ver
as coisas e as pessoas. O próprio direito penal classifica e pune os crimes
dentro dos padrões do "intencional" ou "doloso",
"passional" ou "ocasional". Por que o Poder Inteligente que
nos rege iria julgar-nos sem levar em conta nosso "tempo da
ignorância" e nossa relatividade?
Como educar ou avaliar genericamente, usando o mesmo
critério, crianças que receberam uma educação cheia de energia e vida,
ensinadas a questionar e criar; a ter curiosidade e admiração pela natureza; e
outras que só vivenciaram discussões, agressões e comportamentos medíocres por
entre odores de bebidas alcoólicas e nicotina, sem uma visão saudável de Deus;
ao contrário, temerosa, distorcida, adquirida através da crença de um ser
ameaçador e temperamental?
O Amor de Deus programou-nos simples inicialmente para
permitir que nos desenvolvêssemos, de forma gradativa, até atingir maiores
plenitudes e totalidades. Temos, pois, que seguir essa programação da Natureza,
ou seja, caminhar dentro desse projeto estabelecido pelas leis universais para
atingirmos a nossa integração como seres espirituais.
Esse processo evolucional nos mostra que podemos estar um
pouco atrás, ou adiante, das criaturas, embora cada uma delas tenha suas características
próprias e certas de acordo com a sua idade astral. Nesse decurso evolutivo,
todos nós passamos por fases de egoísmo e orgulho até atingirmos mais tarde as
grandes virtudes da alma. Consideremos, portanto, que não seremos censurados
por estar nessas fases "primitivas", porque o que chamamos de
"defeito" ou "inferioridade" seja, talvez, a passagem por
esses ciclos iniciantes onde estagiamos. Lembremos que essas "fases" ou
"ciclos" não foram criados por nós, mas pelos desígnios de Deus, que
regem a Natureza como um todo.
Coisas inadequadas que vemos em outras pessoas podem ser
naturais nelas, ou mesmo do "tempo da sua ignorância", e representam
características próprias de sua etapa evolucional na estrada por onde todos
transitamos, alguns mais avançados e outros na retaguarda. A vida moderna nos
deu raciocínio e reflexão, maturação intelectual e um desenrolar de novas
descobertas, ensinando-nos formulações racionais surpreendentes para que melhor
pudéssemos compreender os métodos de evolução e progresso em nós mesmos e no
Universo
Não somos responsáveis por aquilo que não sabemos, não
sofreremos um castigo por atos ou atitudes que ignoramos. Talvez essas idéias
de punição, alienatórias, sejam os frutos da incapacidade de nossa reflexão
sobre a Bondade Divina. O que chamamos de "SOFRIMENTO" é simplesmente
"RESULTADO" de nossa falta de habilidade para desenvolveras coisas
corretamente, pois na vida não existem "PRÊMIOS" nem
"CASTIGOS", somente as consequências dos nossos atos.
Vale, porém, considerar que, à medida que nossa
consciência se expande e maior lucidez se faz em nossa mente, maiores serão
nossos compromissos perante a existência. "Se fôsseis cegos, não teríeis
pecado; mas agora dizeis que vedes e é por isso que vosso pecado permanece em
vós".
Podemos pretextar ignorância, mas se tivermos consciência
de nossos feitos isso sempre será levado em conta. Avaliemos atentamente: os
tesouros da alma que já integramos nos obrigarão a prestar maiores ou menores
contas perante a Vida Maior.
Livro: Renovando Atitudes - Hammed – Francisco do
Espírito Santo Neto
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