16 – “Nem todos os que me dizem Senhor, Senhor, entrarão
no Reino dos Céus, mas somente o que faz a vontade de meu Pai, que está nos
Céus”. Escutai estas palavras do mestre, todos vós que repelis a doutrina
espírita como obra do demônio! Abri os vossos ouvidos, pois chegou o momento de
ouvir! Será suficiente trazer a libré do Senhor, para ser um fiel servidor?
Será bastante dizer:“ Sou cristão ”, para seguir o Cristo? Procurai os
verdadeiros cristãos e os reconhecereis pelas suas obras. “Uma árvore boa não
pode dar maus frutos, nem uma árvore má dar bons frutos”. – “Toda árvore que
não der bons frutos será cortada e lançada no fogo”. – Eis as palavras do
Mestre. Discípulos do Cristo, compreendei-as bem! Quais os frutos que a árvore
do Cristianismo deve dar, árvore possante, cujos ramos frondosos cobrem com a
sua sombra uma parte do mundo, mas ainda não abrigaram a todos os que devem
reunir-se em seu redor? Os frutos da árvore da vida são frutos de vida, de
esperança e fé. O Cristianismo, como o vem fazendo desde muitos séculos, prega
sempre essas divinas virtudes, procurando distribuir os seus frutos. Mas quão
poucos os colhem! A árvore é sempre boa, mas os jardineiros são maus. Quiseram
moldá-la segundo as suas idéias, modelá-la de acordo com as suas conveniências.
Para isso a cortaram, diminuíram, mutilaram. Seus ramos estéreis já não
produzem maus frutos, pois nada mais produzem. O viajor sedento que se acolhe à
sua sombra, procurando o fruto de esperança, que lhe deve dar força e coragem,
encontra apenas os ramos adustos, pressagiando mau tempo. É em vão que busca o
fruto da vida na árvore da vida: as folhas tombam secas aos pés. A mãos do
homem tanto as trabalharam, que acabaram por crestá-las!
Abri, pois, vossos ouvidos e vossos corações, meus bem
amados! Cultivai esta árvore da vida, cujos frutos proporcionam a vida eterna.
Aquele que a plantou vos convida a cuidá-la com amor, que ainda a vereis dar com
abundância os seus frutos divinos. Deixai-a assim como o Cristo vo-la deu: não
a mutileis. Sua sombra imensa quer estender-se por todo o universo; não lhe
corte a ramagem. Seus frutos generosos caem em abundância, para alentar o
viajor cansado, que deseja chegar ao seu destino. Não os amontoeis, para
guardá-los e deixá-los apodrecer, sem servirem a ninguém. “São muitos os
chamados e poucos os escolhidos”. É que há os açambarcadores do pão da vida,
como os há do pão material. Não vos coloqueis entre eles; a árvore que dá bons
frutos deve distribuí-los para todos. Ide, pois, procurar os necessitados;
conduzi-os sob as ramagens da árvore e partilhai com eles o abrigo que ela vos
oferece. “Não se colhem uvas dos espinheiros”. Meus irmãos, afastai-vos, pois, dos
que vos chamam para apontar os tropeços do caminho, e segui os que vos conduzem
à sombra da árvore da vida.
O divino Salvador, o justo por excelência, disse, e suas
palavras não passarão: “Os que me dizem Senhor, Senhor, nem todos entrarão no
Reino dos Céus, mas somente aqueles que fazem a vontade de meu Pai, que está
nos Céus”. Que o Senhor das bênçãos vos abençoe, que o Deus da luz vos ilumine;
que a árvore da vida vos faça com abundância a oferenda dos seus frutos! Credes
e orai!.
TEXTOS DE APOIO
MARCOS INDELÉVEIS
"as obras que eu faço, em nome de meu pai, essas
testificam em mim."Jesus. (João, 10:25.)
Cada trecho do solo demonstra o seu valor na riqueza ou
na fertilidade que apresenta...
Cada vegetal é tido na importância de seu cerne, de sua
essência, de seus frutos...
Cada animal é conhecido pelas peculiaridades de
importância em sua existência...
O sol constitui para todos os seres fonte inexaurível de
vida, calor e luz.
A água significa o sangue do organismo terrestre.
O fogo, no crepitar da lareira ou na devastação do
incêndio, demonstra realmente o seu papel inconfundível no campo imenso da
criação.
O juiz é respeitado pela integridade de seus sentimentos
ou temido pelas manifestações de venalidade a que se acolhe.
O professor é acatado, consoante o grau de competência
que lhe é próprio.
O médico adquire confiança, conforme a sua atitude ao pé
dos enfermos.
O coração materno revela a sua íntima excelsitude, no
trato natural com os rebentos de seu carinho.
O filho oferece ao mundo, na experiência diária, a
extensão de seu amor para com os próprios pais.
A criança, em suas expressões infantis, apresenta
invariavelmente o esboço de caráter que plasmou em si mesma através das vidas
passadas.
O usurário cria, em torno de si, gelada atmosfera de
reprovação pelos sentimentos que nutre no imo do próprio ser.
O leviano carrega consigo constantemente os prejuízos da
ociosidade ou do vício, complicando-se na intemperança dos próprios dias.
O céptico representa, onde estiver, a aridez da mente
hipertrofiada pelo orgulho infeliz.
O crente, leal a si mesmo, evidencia o poder de sua fé,
nas posições assumidas perante os chamamentos do mundo.
Enfim, todas as criações do excelso pai testemunham-lhe a
glória no campo infinito da vida e cada espírito se afirma bem ou mal,
aproveitando-as para subir à luz ou delas abusando para descer às trevas.
Como aprendizes do evangelho, portanto, cumpre-nos
indagar à própria consciência:
- "que tenho executado na vida como aplicação das
bênçãos de deus ?”
- "que espécie de exemplo tenho deixado em meu
caminho ?"
Não nos esqueçamos, segundo a lição do senhor, que
somente as obras que fizermos, em nome do pai, é que serão marcos indeléveis de
nosso caminho, a testificarem de nós.
Emmanuel - Do Livro O Espírito da Verdade. Psicografia de
Francisco Cândido Xavier.
BENS EXTERNOS
“A vida de um homem não consiste na abundância das coisas
que possui”. JESUS (Lucas 12:15)
A palavra do Mestre está cheia de oportunidade para
quaisquer círculos de atividade humana, em todos os tempos.
Um homem poderá reter vasta porção de dinheiro.
Porém, que fará dele?
Poderá exercer extensa autoridade.
Entretanto, como se comportará dentro dela?
Poderá dispor de muitas propriedades.
Todavia, de que modo utiliza os patrimônios provisórios?
Terá muitos projetos elevados.
Quantos edificou?
Poderá guardar inúmeros ideais de perfeição.
Mas estará atendendo aos nobres princípios de que é
portador?
Terá escrito milhares de páginas.
Qual a substância de sua obra?
Contará muitos anos de existência no corpo.
No entanto, que fez do tempo?
Poderá contar com numerosos amigos.
Como se conduz perante as afeições que o cercam?
Nossa vida não consiste da riqueza numérica de coisas e
graças, aquisições nominais e títulos exteriores. Nossa paz e felicidade
dependem do uso que fizermos, onde nos encontramos hoje, aqui e agora, das
oportunidades e dons, situações e favores, recebidos do Altíssimo.
Não procures amontoar levianamente o que deténs por empréstimo.
Mobiliza, com critério, os recursos depositados em tuas
mãos.
O Senhor não te identificará pelos tesouros que
ajuntaste, pelas bênçãos que retiveste, pelos anos que viveste no corpo físico.
Reconhecer-te-á pelo emprego dos teus dons, pelo valor de
tuas realizações e pelas obras que deixaste, em torno dos próprios pés.
Emmanuel - Do livro Caminho Verdade e Vida. Psicografia
de Francisco Cândido Xavier.
TAIS QUAIS SOMOS
“Nem todo o que me
diz. “Senhor! Senhor!” entrará no reino das Céus mas aquele que faz a vontade
de meu Pai que está nos Céus.”- JESUS - MATEUS, 7:21.
“Será bastante trazer a aparência do Senhor para ser fiel
servidor seu? Bastará dizer: “Sou cristão , para que alguém seja um seguidor de
Cristo? Procura os verdadeiros cristãos e as reconhecereis pelas suas obra. ”
Cap. 18, 16.
Declaras-te no sadio propósito de buscar evolução e
aprimoramento, luz e alegria, entretanto, em várias ocasiões, estacas,
recusando a estação de experiência e resgate em que ainda te vês.
Deitas aflitivo olhar para fora e, freqüentemente,
cobiças sem perceber, as condições de amigos determinados, perdendo valioso
tempo em descabidas lamentações.
“Se eu contasse com mais saúde...” alegas em tom amargo.
Em corpos enfermos, todavia, há espíritos que entesouram
paciência e coragem, fortaleza e bom ânimo, levantando o padrão moral de
comunidades inteiras.
“Se eu conseguisse um diploma distinto...” afirmas com
menosprezo a ti próprio.
Não te é lícito desconhecer, porém, que o dever retamente
cumprido é certificado dos mais nobres, descerrando-te caminho às conquistas
superiores.
“Se eu tivesse dinheiro..,” - reclamas, triste. Mas
esqueces-te de que é possível socorrer o doente e o próximo, sem acessórios
amoedados.
“Se eu tivesse mais cultura... asseveras, mostrando verbo
desapontado.
E não te aplicas ao esmero de lembrar que nunca existiram
sábios e autoridades, sem começos laborioso e sem ásperas disciplinas.
“Se eu, alcançasse companheiros melhores...” - dizes,
subestimando o próprio valor.
Entretanto, o esposo transviado e a esposa difícil, os
filhos -problemas e os parentes complicados, os colaboradores incipientes e os
amigos incompletos são motivos preciosos do teu apostolado individual, na
abnegação e no entendimento, para que te eleves de nível, ante a Vida Maior.
Errados ou inibidos, deficientes ou ignorantes, rebeldes
ou faltosos, é necessário aceitar a nós mesmos, tais quais somos, sem acalentar
ilusões a nosso respeito, mas conscientes de que a nossa recuperação, melhoria,
educação e utilidade no bem dos semelhantes, na sustentação do bem de nós mesmos,
podem principiar, desde hoje, se nós quisermos, porquanto é da Lei que a nossa
vontade, intimamente livre, disponha de ensejos para renovar o destino, todos
os dias.
Ensinou-nos Jesus que o Reino de Deus está dentro de nós.
Fujamos, pois, de invejar os instrumentos de trabalho e
progresso que brilham na responsabilidade dos outros.
Para superar as dificuldades e empeços de nossos próprios
limites, basta abrir o coração ao amor e aproveitar os recursos que nos
enriquecem as mãos.
Emmanuel - do
livro: O Livro da Esperança -
Psicografado por Francisco Cândido Xavier
AGIR DE ACORDO
"Confessam que conhecem a Deus, mas negam-No com as obras,
sendo abomináveis e desobedientes, e reprovados para toda boa obra." PAULO
(TITO, 1:16.).
O Espiritismo, em sua feição de Cristianismo redivivo,
tem papel muito mais alto que o de simples campo para novas observações
técnicas da ciência instável do mundo.
A Terra, até agora, no que se refere às organizações
religiosas, tem vivido repleta dos que confessam a existência de Deus,
negando-O, porém, através das obras individuais.
O intercâmbio dos dois mundos, visível e invisível, de
maneira direta objetiva esse reajustamento sentimental, para que a Luz Divina
se manifeste nas relações comuns dos homens.
Como conciliar o conhecimento de DEUS com o menosprezo
aos semelhantes?
As antigas escolas religiosas, à força de se
arregimentarem como agrupamentos políticos do mundo, sob o controle do
sacerdócio, acabaram por estagnar os impulsos da fé, em exterioridades que
aviltam as forças vivas do Espírito.
A Doutrina Consoladora da sobrevivência e da comunicação
entre os habitantes da a Terra e do Infinito, com bases profundas e amplas do
Evangelho, floresce entre as criaturas com características de Nova Revelação,
para que o Homem seja, nas atividades vulgares, real afirmação do bem que nasce
da fé viva
Do livro Caminho Verdade e Vida. Psicografia de Francisco
Cândido Xavier.
FÉ E CARIDADE
Bezerra de Menezes
As páginas
examinadas em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” nos falam de bênção e
tradução da bênção, de confiança em Deus e expressar-se em serviço de amor aos
semelhantes, e isso nos pede atenção para as conquistas que demandamos no campo
da nossa própria renovação.
Somos hoje um grande livro de doutrinas excelsas – cada
qual de nós um capítulo estruturado em caracteres brilhantes, todavia, a Terra
espera por nós no campo da verdade aplicada e, tão somente nessa aplicação do
bem que conhecemos é que, em verdade, descobriremos o bem que desconhecemos e,
no qual, se nos levantará a felicidade eterna.
Nestas palavras, pretendemos elucidar o que seja o nosso
antigo binômio: “fé e caridade”.
Uma, efetivamente, não se realizada sem a outra.
Unicamente a fé mobilizada em trabalho pode atingir as
realizações puras do Amor, para que o Amor nos presida os destinos.
Comecemos semelhantes ações a partir dos nossos mais
íntimos redutos de vivência humana.
Para sermos mais explícitos, iniciemos os nossos
apostolados nas criaturas-problemas que a vida nos confiou.
É no recanto doméstico, seja no setor do trabalho ou do
ideal, do afeto ou da família que identificamos a nossa primeira escola.
Suportemos valorosamente as provas que a vida nos
imponha, junto daqueles que nos amam ou que devemos amar ou daqueles que se
reúnem conosco sem amar-nos ainda ou aos quais ainda não conseguimos amar, de
todo, apesar de estarmos juntos.
Vençamo-nos, doando de nós tudo o que sejamos em boa
vontade e abnegação, auxiliando-nos uns aos outros e teremos conosco a fórmula
de ação pela qual atingiremos as realizações de que carecemos em favor de nós
mesmos.
De mensagem
recebida em 14.08.1971. Psicografia Chico Xavier - Livro "Bezerra, Chico e
Você"
AMPARO ESPIRITUAL
No plano físico, onde apareça a cultura social,
multiplicam-se dispositivos de segurança contra desastres.
Isso, porém, deve igualmente ocorrer no reino da alma.
Se já acordaste para o conhecimento superior, caminhas à
frente com a função de guiar.
Convence-te de que quanto mais se te amplie o aperfeiçoamento
íntimo, mais dilatado o número dos olhos e dos ouvidos que te procuram ver e escutar,
de vez que todos aqueles que se afinam contigo, em subalternidade espiritual,
passam, mecanicamente, à condição de aprendizes que te observam.
Não te descuides, pois, do amparo aos que te acompanham
no educandário da vida, entendendo-se que existem quedas de pensamento
determinando lamentáveis acidentes de espírito.
Em toda a situação, seleciona palavras e atitudes que
possam efetivamente ajudar.
Ante as falhas alheias, não procedas irrefletidamente, censurando
ou aprovando isso ou aquilo, sem análise justa, a pretexto de assegurar a
harmonia, mas define-te com bondade, providenciando corretivos aconselháveis,
sem alarde e sem aspereza.
Se aparece a necessidade de advertência ou repreensão, já
que toda a escola respeitável reclama disciplina, oferece o próprio exemplo no
dever retamente cumprido, antes de falar, e, falando, escolhe, tanto quanto
seja possível, lugar, tempo e maneira, segundo os comprometimentos havidos na
causa do bem comum.
Lendo noticiários calamitosos ou livros indesejáveis, destaca
os assuntos que te pareçam dignos de apreço e examina-os com os irmãos do nível
de experiência, evitando comentários inconvenientes com os amigos de
entendimento imaturo.
Espalhando publicações ou divulgando-as, consagra atenção
apenas àquelas suscetíveis de beneficiar os leitores.
Diante de todas as divergências, conflitos, desesperos e
inquietações, articula idéias de paz e pronuncia frases de paz, sem desconhecer
embora que todos nos achamos em luta incessante contra o mal e que nenhuma
pessoa realmente esclarecida pode acreditar-se em ilusória neutralidade.
Pacifica os outros, através de tua cooperação despretensiosa e espontânea na
formação da tranqüilidade alheia, sem enganar a ninguém com a expectativa de um
sossego que só existe naqueles que fogem das próprias obrigações e que nunca se
previnem contra a desordem.
Administra, onde estiveres, o auxílio espiritual com a
alavanca do próprio equilíbrio.
Vigilância sem violência. Calma sem preguiça. Consolo sem
mentira. Verdade sem drama.
Se já sabes o que deves fazer, no plano da alma, trazes o
coração chamado a instruir, e um professor verdadeiro, enxergando mais longe, não
apenas informa e ensina, mas também socorre e vela.
Livro: Estude E Viva - Francisco Cândido Xavier E Waldo
Vieira Pelos Espíritos Emmanuel E André Luiz
SEMEADORES DA
ESPERANÇA
Possivelmente não terás pensado ainda no verbo formoso e
grave a que todos somos chamados: criar para o progresso.
O Criador, ao dotar-nos de razão, a nós, criaturas, conferiu-nos
o poder de imaginar, promover, originar, produzir.
Referimo-nos freqüentemente à lei de causa e efeito.
Sabemos que ela funciona em termos de exatidão. Utilizamo-la, quase sempre,
tão-só para justificar sofrimentos, esquecendo-lhe a possibilidade de
estabelecer alegrias.
Causamos isso ou aquilo, geramos acontecimentos
determinados. Experimentamos essa força que nos é peculiar, na formação de
circunstâncias favoráveis aos homens.
Antes do comboio a vapor, a eletricidade já existia. Os
transportes arrastavam-se pela tração, mas foi preciso que alguém desejasse
criar na Terra a locomotiva, que se converteu a pouco e pouco no trem elétrico,
a fim de que a Civilização aprimorasse os sistemas de condução que prosseguem
para mais altas expressões evolutivas.
O firmamento era vasculhado pelos olhos humanos há
milênios, mas foi necessário que um astrônomo inventasse lentes, para que os povos
recolhessem as preciosas informações do Universo, que já havia antes deles.
O princípio é idêntico para a vida moral.
Precisamos hoje e em toda a parte dos criadores de harmonia
doméstica e social, dos desenhistas de pensamentos certos, dos escultores de
boas obras.
O tempo nos ensinará a entender a necessidade básica de
se criarem condições para o entendimento mútuo, como já se estabeleceram normas
para o trânsito fácil do automóvel.
Inventa em tua existência soluções de conforto, suscita
motivos de paz, traça diretrizes de melhoria, faze o que ainda não foi
aproveitado na realização da riqueza íntima de todos.
Provavelmente estamos na atualidade em estágio obscuro de
lições, sob a atuação imperiosa de ações passadas. Mas não nos será correto
esquecer que somos
Inteligências com raciocínio claro e que, se antigamente
nos foi possível colocar em ação as causas que neste momento e neste local nos
infelicitam, retemos conosco a sublime faculdade de idear, planejar e
construir.
Ajamos na construtividade de Jesus, sejamos semeadores de
esperança.
Livro: Estude E Viva - Francisco Cândido Xavier E Waldo
Vieira Pelos Espíritos Emmanuel E André Luiz
NATURAL E INEVITÁVEL
E - Cap. XVIII -
Item 16
Natural e nem podia ser de outro modo.
Respirará na Terra por alvo de permanente observação à
guisa de ator supliciado na ribalta da vida...
Caminhando sob a ironia de muitos qual um peregrino sem
pouso certo...
Incompreendido nos melhores propósitos, figurando-se
pobre sentenciado a sistemático abandono sem apelação de qualquer natureza...
Considerado na categoria de louco, muita vez, pelos antes
mais caros...
Dilapidado nos interesses imediatos, como se estivesse
automaticamente deserdado de todos os bens...
Preterido onde se encontre qual se fosse irresponsável...
Experimentado por golpes e zombarias, sob o guante da
antipatia gratuita...
Sobrecarregado de obrigações à maneira de escravo,
submetido às exigências e caprichos de muita gente...
Espancado nos sentimentos qual se trouxesse no peito um
coração de mármore...
Perseguido nas realizações, cercado de desafetos que
ajuntou sem querer...
Mal interpretado nas palavras que profira, qual
forasteiro a expressar-se por idioma desconhecido.
Desajustado onde more, apontado por estrangeiro no
próprio rincão natal...
Injuriado nos pontos de vista, parecendo o indesejável
representante de detestada minoria...
Ferido nas próprias aspirações, como se nunca devesse
necessitar de carinho...
Contrariado em todos os desejos, qual criança que
vagueia, enjeitada de todos...
Sacrificado nas menores aquisições, lembrando um paria
sem apoio e sem rumo...
Tentando a quedas morais em cada momento, à maneira de
viajante numa estrada marginada de abismos.
Condenado sem culpa qual inocente no banco dos réus...
Humilhado sem razão à feição do homem reto
inconsideradamente relacionado por malfeitor...
Qual acontecia ao cristão simples e verdadeiro da era
apostólica, assim viverá todo espírita sincero que aspire à renovação de si
mesmo, realmente consagrado a servir com Jesus pela vitória do Evangelho.
De Opinião Espírita, de Francisco Cândido Xavier e Waldo
Vieira, pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz
O SANTO DESILUDIDO
Inclinara-se a palestra, no lar humilde de Cafarnaum,
para os assuntos alusivos à devoção, quando o Mestre narrou com significativo
tom de voz: — Um venerado devoto retirou-se, em definitivo, para uma gruta
isolada, em plena floresta, a pretexto de servir a Deus.
Ali vivia, entre
orações e pensamentos que julgava irrepreensíveis, e o povo, crendo tratar-se
de um santo messias, passou a reverenciá-lo com intraduzível respeito.
Se alguém
pretendia efetuar qualquer negócio do mundo, dava-se pressa em buscar-lhe o
parecer.
Fascinado pela
alheia consideração, o crente, estagnado na adoração sem trabalho, supunha
dever situar toda gente em seu modo de ser, com a respeitável desculpa de
conquistar o paraíso.
Se um homem ativo
e de boa-fé lhe trazia à apreciação algum plano de serviço comercial,
ponderava, escandalizado: — É um erro.
Apague a sede de
lucro que lhe ferve nas veias.
Isto é ambição
criminosa.
Venha orar e
esquecer a cobiça.
Se esse ou aquele
jovem lhe rogava opinião sobre o casamento, clamava, aflito: — É disparate.
A carne está
submetendo o seu espírito.
Isto é luxúria.
Venha orar e
consumir o pecado.
Quando um ou outro
companheiro lhe implorava conselho acerca de algum elevado encargo, na
administração pública, exclamava, compungido: — É um desastre.
Afaste-se da
paixão pelo poder.
Isto é vaidade e
orgulho.
Venha orar e
vencer os maus pensamentos.
Surgindo pessoa de
bons propósitos, reclamando-lhe a opinião quanto a alguma festa de fraternidade
em projeto, objetava, irritadiço: — É uma calamidade.
O júbilo do povo é
desregramento.
Fuja à desordem.
Venha orar
subtraindo-se à tentação.
E assim, cada
consulente, em vista da imensa autoridade que o santo desfrutava, se
entristecia de maneira irremediável e passava a partilhar-lhe os ócios na
soledade, em absoluta paralisia da alma.
O tempo, todavia,
que todo transforma, trouxe ao preguiçoso adorador a morte do corpo físico.
Todos os
seguidores dele o julgaram arrebatado ao Céu e ele mesmo acreditou que, do
sepulcro, seguiria direto ao paraíso.
Com inexcedível
assombro, porém, foi conduzido por forças das trevas a terrível purgatório de
assassinos.
Em pranto
desesperado indagou, à vista de semelhante e inesperada aflição, dos motivos
que lhe haviam sitiado o espírito em tão pavoroso e infernal torvelinho, sendo
esclarecido que, se não fora homicida vulgar na Terra, era ali identificado
como matador da coragem e da esperança em centenas de irmãos em humanidade.
Silenciou Jesus,
mas João, muito admirado, considerou: — Mestre, jamais poderia supor que a
devoção excessiva conduzisse alguém a infortúnio tão grande! O Cristo, porém,
respondeu, imperturbável: — Plantemos a crença e a confiança entre os homens,
entendendo, entretanto, que cada criatura tem o caminho que lhe é próprio.
A fé sem obras é
uma lâmpada apagada.
Nunca nos
esqueçamos de que o ato de desanimar os outros, nas santas aventuras do bem, é
um dos maiores pecados diante do Poderoso e Compassivo Senhor.
Neio Lúcio - Do Livro Jesus no Lar - Francisco C. Xavier
A TRILOGIA BENDITA
Em tempos remotos, o Senhor vinha ao mundo freqüentes
vezes entender-se com as criaturas.
Certa vez, encontrou um homem irado e mau, que outra
coisa não fazia senão atormentar os semelhantes. Perseguia, feria e matava sem
piedade. Quando esse espírito selvagem viu o Senhor, aproximou-se atraído pela
luz dEle, a chorar de arrependimento.
O Cristo bondoso, dirigiu-lhe a palavra:
- Meu filho, por que te entregaste assim à perversidade?
Não temes a justiça do Pai? Não acreditas no Celeste Poder? A vida exige
fraternidade e compreensão.
O malfeitor, que se mantinha prisioneiro da ignorância,
respondeu em lágrimas:
- Senhor, de hoje em diante serei um homem bom.
Alguns anos passaram e Jesus voltou ao mesmo sítio.
Lembrou-se do infeliz a quem havia aconselhando e buscou-o. Depois de certa
procura, foi achá-lo oculto numa choça, extremamente abatido. Interpelado
quanto à causa de tão lamentável transformação, o mísero respondeu:
- Ai de mim, Senhor! Depois que passei a ser bom ninguém
me respeitou! Fiz-me escárnio da rua... Tenho usado a compaixão e a
generosidade, segundo me ensinaste, mas em troca recebo apenas o ridículo, a
pedrada e a dilaceração...
O Mestre, porém, abençoou-o e falou:
- O teu lucro na eternidade não será pequeno com o
sacrifício. Entretanto, não basta reter a bondade. É necessário saber
distribuí-la. Para bem ajudar, é preciso discernir. Realmente é possível
auxiliar a todos. Contudo, se a muita gente devemos ternura fraterna, a
numerosos companheiros de jornada devemos esclarecimento enérgico.
Estimularemos os bons a serem melhores e cooperaremos, a benefício dos maus,
para que se retifiquem. Nunca observaste o pomicultor? Algumas árvores recebem
irrigação e adubo; outras, no entanto, sofrerão a poda, a fim de serem
convenientemente amparadas.
O Senhor retirou-se e o aprendiz retomou a luta para
conquistar o conhecimento.
Peregrinou através de muitos livros, observou
demoradamente os quadros da vida e recebeu a palma da ciência.
Os anos correram apressados, quando o Cristo regressou e
procurou-o, novamente.
Dessa vez, encontrou-o no leito, enfermo e sem forças.
Replicando ao Divino Amigo, explicou-se:
- Ai de mim, Senhor! Fui bom e recebi injustiças,
entesourei a ciência e minhas dificuldades cresceram de vulto. Aprendi a amar e
desejar em sã consciência, a idealizar com o plano superior, mas vejo a
ingratidão e a discórdia, a dureza e a indiferença com mais clareza. Sei aquilo
que muita gente ignora e, por isto mesmo, a vida tornou-se-me um fardo
insuportável...
O Mestre, porém, sorriu e considerou:
- A tua preparação para a felicidade ainda não se acha
completa. Agora, é preciso ser forte. Acreditas que a árvore respeitável
conseguiria viver e produzir, caso não soubesse tolerar a tempestade? A firmeza
interior, diante das experiências da vida, conferir-te-à o equilíbrio
indispensável. Aprende a dizer adeus a tudo o que te prejudica na caminhada em
direção da luz divina e distribuirás a bondade, sem preocupações de recompensa,
guardando o conhecimento sem surpresas amargas. Sê inquebrantável em tua fé e
segue adiante!
O aprendiz reergue-se e nunca mais experimentou a
desarmonia, compreendendo, enfim, que a bondade, o conhecimento e a fortaleza
são a trilogia bendita da felicidade e da paz.
Francisco Cândido Xavier, Da obra: Alvorada Cristã. Ditado pelo Espírito
Neio Lúcio.
A ÚLTIMA TENTAÇÃO
Dizem que Jesus, na hora extrema, começou a procurar os
discípulos, no seio da agitada multidão que lhe cercava o madeiro, em busca de
algum olhar amigo em que pudesse reconfortar o espírito atribulado...
Contemplou, em silêncio, a turba enfurecida.
Fustigado pelas vibrações de ódio e crueldade, qual se
devera morrer, sedento e em chagas, sob um montão de espinhos, começou a
lembrar os afeiçoados e seguidores da véspera...
Onde estariam seus laços amorosos da Galiléia?...
Recordou o primeiro contacto com os pescadores do lago e
chorou.
A saudade amargurava-lhe o coração.
Por que motivo Simão Pedro fora tão frágil? que fizera
ele, Jesus, para merecer a negação do companheiro a quem mais se confiara?
Que razões teriam levado Judas a esquecê-lo? Como entregara,
assim, ao preço de míseras moedas, o coração que o amava tanto?
Onde se refugiara Tiago, em cuja presença tanto se
comprazia?
Sentiu profunda saudade de Filipe e Bartolomeu, e desejou
escutá-los.
Rememorou suas conversações com Mateus e refletiu quão
doce lhe seria poder abraçar o inteligente funcionário de Cafarnaum, de
encontro ao peito...
De reminiscência a reminiscência, teve fome da ternura e
da confiança das criancinhas galileias que lhe ouviam a palavra, deslumbradas e
felizes, mas os meninos simples e humildes que o amavam perdiam-se, agora, à
distância...
Recordou Zebedeu e suspirou por acolher-se-lhe à casa
singela.
João, o amigo abnegado, achava-se ali mesmo, em terrível
desapontamento, mas precisava socorro para sustentar Maria, a angustiada Mãe,
ao pé da cruz.
O Mestre desejava alguém que o ajudasse, de perto, em cujo
carinho conseguisse encontrar um apoio e uma esperança...
Foi quando viu levantar-se, dentre a multidão desvairada
e cega, alguém que ele, de pronto, reconheceu.
Era o mesmo Espírito perverso que o tentara no deserto,
no pináculo do templo e no cimo do monte.
O Gênio da Sombra, de rosto enigmático, abeirou-se dele e
murmurou:
– Amaldiçoa os teus amigos ingratos e dar-te-ei o reino
do mundo!
Proclama a fraqueza dos teus irmãos de ideal, a fim de
que a justiça te reconheça a grandeza angélica e descerás, triunfante, da
cruz!...
Dize que os teus amigos são covardes e duros, impassíveis
e traidores e unir-te-ei aos poderosos da Terra para que domines todas as
consciências. Tu sabes que, diante de Deus, eles não passam de míseros
desertores...
Jesus escutou, com expressiva mudez, mas o pranto
manou-lhe mais intensamente da olhar translúcido.
– Sim – pensava –, Pedro negara-o, mas não por maldade. A
fragilidade do apóstolo podia ser comparada à ternura de uma oliveira nascente
que, com os dias, se transforma no tronco robusto e nobre, a desafiar a
implacável visita dos anos. Judas entregara-o, mas não por má fé. Iludira-se
com a política farisaica e julgara poder substituí-lo com vantagem nos negócios
do povo.
Encontrou, no imo d’alma, a necessária justificação para
todos e parecia esforçar-se por dizer o que lhe subia do coração.
Ansioso, o Espírito das Trevas aguardava-lhe a pronúncia,
mas o Cordeiro de Deus, fixando os olhos no céu inflamado de luz, rogou em tom
inesquecível:
– Perdoa-lhes, Pai! Eles não sabem o que fazem!...
O Príncipe das Sombras retirou-se apressado.
Nesse instante, porém, ao invés de deter-se na contemplação
de Jerusalém dominada de impiedade e loucura, o Senhor notou que o firmamento
rasgara-se, de alto a baixo, e viu que os anjos iam e vinham, tecendo de
estrelas e flores o caminho que o conduziria ao Trono Celeste.
Uma paz indefinível e soberana estampara-se-lhe no
semblante.
O Mestre vencera a última tentação e seguiria, agora,
radiante e vitorioso, para a claridade sublime da ressurreição eterna.
Livro: Contos E Apólogos – Humberto De Campos – Irmão X
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