4 – Não percebeis desde já a formação da tempestade que
deve assolar o Velho Mundo, e reduzir a nada a soma das iniqüidades terrenas?
Ah, bendizei o Senhor, vós que tendes fé na sua soberana justiça, e que, novos
apóstolos da crença revelada pelas vozes proféticas superiores, ides pregar o
dogma novo da reencarnação e da elevação dos Espíritos, segundo o bom ou mau
desempenho de suas missões e a maneira porque suportaram as suas provas
terrenas. Deixai de temores! As línguas de fogo estão sobre as vossas cabeças.
Oh, verdadeiros adeptos do Espiritismo: vós sois os eleitos de Deus! Ide e
pregai a palavra divina. É chegada a hora em que devem sacrificar os vossos
hábitos, os vossos trabalhos, as vossas futilidades, à sua propagação. Ide e
pregai: os Espíritos elevados estão convosco. Falareis, certamente, a pessoas
que não quererão escutar a palavra de Deus, porque essa palavra os convida
incessantemente ao sacrifício.
Pregareis o desinteresse aos avarentos, a abstinência aos
dissolutos, a mansidão aos tiranos domésticos e aos déspotas: palavras
perdidas, bem sabem, mas que importa! É necessário regar com o vosso suor o
terreno em que deveis semear, porque ele não frutificará, não produzirá, senão
sob os esforços incessantes da enxada e da charrua evangélicas. Ide e pregai!
Sim, vós todos, homens de boa-fé, que tendes consciência
de vossa inferioridade, ao contemplar no infinito os mundos espaciais, parti em
cruzada contra a injustiça e a iniqüidade. Ide e aniquilai o culto do bezerro
de ouro, que dia a dia mais se expande. Ide, que Deus vos conduz! Homens
simples e ignorantes, vossas línguas se soltarão, e falareis como nenhum orador
sabe falar. Ide e pregai, que as populações atentas receberão com alegria as
vossas palavras de consolação, de fraternidade, de esperança e de paz.
Que importam as ciladas que armarem no vosso caminho?
Somente os lobos caem nas armadilhas de lobos, pois o pastor saberá defender as
suas ovelhas contra os carrascos imoladores.
Ide, homens que sois grandes perante Deus, e que, mais
felizes do que Tomé, credes sem querer ver e aceitais os fatos da mediunidade,
mesmo quando nada conseguistes obter por vós mesmos. Ide: o Espírito de Deus
vos guia!
Marcha, pois, para frente, grandiosa falange da fé! E os
pesados batalhões dos incrédulos se desvanecerão diante de ti, como as névoas
da manhã aos primeiros raios de Sol.
A fé é a virtude que transporta montanhas, disse Jesus.
Mas, ainda mais pesadas que as maiores montanhas, são as jazidas da impureza e
de todos os vícios da impureza, no coração humano. Parti, pois, cheios de
coragem, para remover essas montanhas de iniqüidades que as gerações futuras
não devem conhecer, senão como pertencentes à idade das lendas, da mesma
maneira como só imperfeitamente conheceis os períodos anteriores à civilização
pagã.
Sim, as revoluções morais e filosóficas vão eclodir em
todos os pontos do globo. Aproxima-se a hora em que a luz divina brilhará sobre
os dois mundos.
Ide, pois, levando a palavra divina aos grandes, que a
desdenharão; aos sábios, que desejarão prová-la; e aos simples e pequeninos,
que a aceitarão, pois principalmente entre os mártires do trabalho, nesta
expiação terrena, encontrareis entusiasmo e fé. Ide, que estes receberão
jubilosos, agradecendo e louvando a Deus, a consolação divina que lhes
oferecerdes; e, baixando a fronte, renderão graças pelas aflições que a Terra
lhes reservou.
Arme-se de decisão e coragem a vossa falange! Mãos à
obra! O arado está pronto, a terra preparada: arai!
Ide e agradecei a Deus a gloriosa tarefa que vos
concedeu. Mas, cuidado, que entre os chamados para o Espiritismo, muitos se
desviaram da senda! Atentai, pois, no vosso caminho, e buscai a verdade.
Perguntareis, então: Se entre os chamados para o
Espiritismo, muitos se transviaram, como reconhecer os que se acham no bom
caminho?
Responderemos: Podeis reconhecê-los pelos ensinos e a
prática dos verdadeiros princípios da caridade; pela consolação que
distribuírem aos aflitos; pelo amor que dedicarem ao próximo; pela sua
abnegação e o seu altruísmo. Podeis reconhecê-los, finalmente, pela vitória dos
seus princípios, porque Deus quer que a sua lei triunfe, e os que a seguem são
os escolhidos, que vencerão. Os que, porém, falseiam o espírito dessa lei, para
satisfazerem sua vaidade e sua ambição, esses serão destruídos.
TEXTOS DE APOIO
PRIVILÉGIO
Muitos companheiros perdem tempo e oportunidade de
elevação espiritual declarando-se inabilitados para boas obras.
Fogem da oração, recusam preleções de natureza religiosa,
evitam templos da fé ou afirmam-se demasiado imperfeitos para cogitar de
assuntos e tarefas em ligação com o nome de Deus.
Entretanto, anotemos o contra-senso.
Nós, os espíritos encarnados e desencarnados, em evolução
na Terra, não estamos procurando aprender a servir ao próximo porque tenhamos
bastante maturidade para isso, mas justamente porque sem aprender a ciência da
fraternidade, não alcançaremos a verdadeira condição humana por dentro da
própria alma.
Não nos achamos na lavoura da beneficência porque já
sejamos generosos, mas, unicamente para adquirir a prática da benemerência
espontânea que ainda não possuímos.
Quem dissesse que nos situamos em serviço do Evangelho do
Cristo por estarmos senhoreando a virtude, enganar-se-ia decerto, porque se
lavrarmos nessa leira divina, é justamente para sulcar o próprio coração e
cultivar em nos as sementes benditas do amor aos semelhantes.
Se alguém acreditar que retemos méritos para tratar com
os ensinamentos do Senhor, não estaria admitindo a verdade porque os
companheiros sinceros na construção do bem não ignoram que as nossas atividades
nesse particular entram em choque incessante com as nossas imperfeições e
deficiências, para que estejamos incorporando, pouco a pouco, as qualidades
cristãs à nossa própria vida.
Não estamos falando na grandeza e na misericórdia do
Senhor porque já sejamos bons e sim porque Deus é infinitamente bom para
conosco, permitindo-nos agir para conquistar finalmente a felicidade de sermos
bons e humildes na causa universal do Bem Eterno.
Expostas as nossas realidades autênticas, não digas que
carregas imperfeições e defeitos, fraquezas e deficiências para deixar de
servir, porque para melhorar-nos e educar-nos é que Deus nos concedeu o
privilégio de trabalhar.
Emmanuel - Do livro Momentos de Ouro. Psicografia de Frâncico
Cândido Xavier.
ESTUDO DA PARÁBOLA
Comentávamos a necessidade da divulgação da Doutrina
Espírita, quando o rabí Zoan ben Ozias, distinto orientador israelita, hoje
consagrado às verdades do Evangelho no Mundo Espiritual, pediu licença a fim de
parafrasear a parábola dos talentos, contada por Jesus, e falou, simples:
- Meus amigos, o Senhor da Terra, partindo, em caráter temporário,
para fora do mundo, chamou três dos seus servos e, considerando a capacidade de
cada um, confiou-lhes alguns dos seus próprios bens, a título de empréstimo,
participando-lhes que os reencontraria, mais tarde, na Vida Superior...
Ao primeiro transmitiu o Dinheiro, o Poder, o Conforto, a
Habilidade e o Prestígio;
ao segundo concedeu a Inteligência e a Autoridade,
e ao terceiro entregou o Conhecimento Espírita.
Depois de longo tempo, os três servidores, assustados e
vacilantes, compareceram diante do Senhor para as contas necessárias.
O primeiro avançou e disse:
- Senhor, cometi muitos disparates e não consegui realizar-te
a vontade, que determina o bem para todos os teus súditos, mas, com os cinco talentos
que me puseste nas mãos, comecei a cultivar, pelo menos com pequeninos resultados,
outros cinco, que são o Trabalho, o Progresso, a Amizade, a Esperança e a
Gratidão, em alguns dos companheiros que ficaram no mundo... Perdoa-me, ó Divino
Amigo, se não pude fazer mais!...
O Senhor respondeu tranqüilo:
- Bem está, servo fiel, pois não erraste por intenção...
Volta ao campo terrestre e reinicia a obra interrompida, renascendo sob o
amparo das afeições que ajudaste.
Veio o segundo e alegou:
- Senhor, digna-te desculpar-me a incapacidade... Não te
pude compreender claramente os desígnios que preceituam a felicidade igual para
todas as criaturas e perpetrei lastimáveis enganos... Ainda assim, mobilizei os
dois valores que me deste e, com eles, angariei outros dois que são a Cultura e
a Experiência para muitos dos irmãos que permanecem na retarguada...
O Excelso Benfeitor replicou, satisfeito:
- Bem está, servo fiel, pois não erraste por intenção...
Volta ao campo terrestre e reinicia a obra interrompida, renascendo sob o
amparo das afeições que ajuntaste.
O terceiro adiantou-se e explicou:
- Senhor, devolvo-te o Conhecimento Espírita, intocado e
puro, qual o recebi de tua munificência... O Conhecimento Espírita é Luz,
Senhor, e, com ele, aprendi que a tua Lei é obra dura demais, atribuindo a cada
um conforme as próprias obras. De que modo usar uma lâmpada assim, brilhante e
viva, se os homens na Terra estão divididos por pesadelos de inveja e ciúme,
crueldade e ilusão? Como empregar o clarão de tua verdade sem ferir ou
incomodar? e como incomodar ou ferir, sem trazer deploráveis conseqüências para
mim próprio? Sabes que a Verdade, entre os homens, cria problemas onde
aparece... Em vista disso, tive medo de tua Lei e julguei como sendo a medida
mais razoável para mim o acomodar-me com o sossego de minha casa... Assim
pensando, ocultei o dom que me recomendaste aplicar e restituo-te semelhante
riqueza, sem o mínimo toque de minha parte!...
O Sublime Credor, porém, entre austero e triste, ordenou
que o tesouro do Conhecimento Espírita lhe fosse arrancado e entregou, de
imediato, aos dois colaboradores diligentes que se encaminhariam para a Terra,
de novo, declarando, incisivo:
- Servo infiel, não existe para a tua negligência outra
alternativa senão a de recomeçares toda a tua obra pelos mais obscuros entraves
do principio...
- Senhor!... Senhor!... – chorou o servo displicente. –
Onde a tua equidade? Deste aos meus companheiros o Dinheiro, o Poder, o
Conforto, a Habilidade, o Prestígio, a
Inteligência e a Autoridade, e a mim concedeste tão-só o
Conhecimento Espírita... Como fazes cair sobre mim todo o peso de tua
severidade?
O Senhor, entretanto, explicou, brandamente:
- Não desconheces que te atribuí a luz da Verdade como
sendo o bem maior de todos. Se ambos lhes faltava o discernimento que lhes
podias ter ministrado, através do exemplo, de que fugiste por medo da
responsabilidade de corrigir amando e trabalhar instruindo...
Escondendo a riqueza que te emprestei, não só te perdeste
pelo temor de sofrer e auxiliar, como também prejudicaste a obra deficitária de
teus irmãos, cujos dias no mundo teriam alcançado maior rendimento no Bem
Eterno, se houvessem recebido o quinhão de amor e serviço, humildade e
paciência que lhes negaste!...
- Senhor!... Senhor!... porquê? – soluçou o infeliz –
porque tamanho rigor, se a tua Lei é de Misericórdia e Justiça.
Então, os assessores do Senhor conduziam o servo desleal
para as sombras do recomeço, esclarecendo a ele que a Lei, realmente, é disciplina
de Misericórdia e Justiça, mas com uma diferença: para os ignorantes do dever.
A Justiça chega pelo alvará da Misericórdia; mas, para as criaturas conscientes
das próprias obrigações, a Misericórdia chega pelo cárcere da Justiça.
Do livro: Estante da Vida, Médium: Francisco Cândido
Xavier
IDÉIA ESPÍRITA
“Paz seja convosco;
assim como o Pai me enviou também eu vos envio a vós.”- JESUS - JOÃO, 20:
“Ide, pois, e levai a palavra divina: aos grandes que a
desprezarão, aos eruditos que exigirão provas, aos pequenos e simples que a
aceitarão; porque principalmente entre os mártires do trabalho nas provações
terrenas, encontrareis fervor e fé. Ide;
esses receberão com hinos de gratidão e louvores a Deus, a santa consolação que
lhes levareis, e baixarão a fronte, rendendo-lhe graças pelas aflições que a
Terra lhes destina. ” – Cap. 20, 4.
Todos nós, em Doutrina Espírita, desaprovamos qualquer
inclinação ao exclusivismo e à intransigência.
Nenhuma religião existe órfã da Providência Divina.
Nenhuma parcela da verdade reponta na Terra, endereçada
ao desapreço.
Por outro lado, não ignoramos que a transmissão dos
nossos princípios começa na reforma individual.
Chamados, porém, a colaborar na seara da Nova Revelação,
é necessário consagrar o melhor de nós mesmos à idéia espírita, de modo a
prestigiá-la e desenvolvê-la.
Nada fácil adquirir escritórios e rotativas da grande
imprensa, mas todos, sem exceção, dispomos de meios, ainda que modestos, a fim
de apoiar essa ou aquela folha doutrinária que a divulgue.
Muito difícil senhorear integralmente as atividades de
emissora moderna, contudo, ninguém aparece tão desvalido que não possa ofertar
pequeno esforço para que ela seja mantida em minutos breves pela onda
radiofônica ou pelos canais da televisão.
Nem sempre manejaremos a tribuna coroada pe’a retórica
perfeitamente unida à gramática, no entanto, a humildade é acessível a todos, a
fim de que a frase sincera consiga expô-la com franqueza e carinho, edificando
a quem ouve.
Muito raramente, lograremos organizar editoras para o
lançamento de obras em massa, todavia, nenhum de nós está impedido de oferecer
um livro que a contenha para consolo e esclarecimento a quem lê.
Em toda parte, surge o impositivo da idéia espírita: na
interpretação religiosa para que a fé não se converta em fanatismo; nos estudos
filosóficos, para que a exposição verbal não seja discurso infrutífero; nas
realizações científicas, para que a experimentação não se faça loucura; nas
empresas da arte, para que o sentimento não se deprecie no vício.
O mundo tem sede de raciocínio, em torno da imortalidade
da alma, do intercâmbio espiritual, da reencarnação, da morte física, dos
valores mediúnicos, da desobsessão, das incógnitas da mente, dos enigmas da dor
e, sobretudo, ao redor das Leis Divinas a funcionarem, exatas, na consciência
de cada um.
Para que obtenhamos solução a semelhantes problemas, urge
saibamos trabalhar pela difusão da idéia espírita, na construção da Era Nova,
irradiando a com todos os recursos lícitos ao nosso alcance, com base no
veículo do exemplo.
Emmanuel do livro: O Livro da Esperança - Psicografado por Francisco
Cândido Xavier
CARIDADE ENTRE NÓS
A Doutrina
espírita no amparo do Cristo de Deus é o campo de serviço, a que somos chamados
para agir em Seu Nome.
Compreendemos
que todos comparecemos ao engajamento, tais quais somos e como estamos: - em
dívida ou em luta, carregando o fardo de nossas imperfeições e conflitos.
E, unicamente trabalhando,
encontraremos o desgaste das forças que nos compete alijar de modo a servir com
segurança.
Por isto
mesmo, não nos esqueçamos:
Se a
dificuldade aparece, sejamos o ponto que favoreça a supressão dos obstáculos,
sem agravá-los;
Se a discórdia
nos impele a tumulto, recorramos à paz sem menosprezo da verdade, colocando a
verdade em amor, a fim de que o amor nos reúna acima de quaisquer
circunstancias, procurando os objetivos que nos cabe atingir;
Se a sombra
nos envolve, acendamos a luz da oração, por dentro de nós, com a certeza de que
se a prece nem sempre modifica o ambiente externo de nossas realizações, sempre
nos rearmonizará no íntimo da alma, induzindo-nos a ver com clareza e
entendimento as questões do caminho;
Se a aprovação
nos visita, usemos a paciência que o conhecimento da realidade nos infude,
reconhecendo que não bastará medir o sofrimento para extinguí-lo e sim
trabalhar incessantemente no auxílio aos outros, porque através dos outros, o
Senhor nos estenderá o socorro necessário;
Se
incompreensões nos examinam a capacidade de amar, convertamos-nos em
companheiros mais dedicados ao bem daqueles irmãos que, por ventura, se nos
façam instrumentos de melhoria espiritual;
Se a crítica
surge à frente, busquemos anatomizá-la, a fim de assimilar-lhe as lições
justas, desfazendo enganos ou refazendo tarefas, sinceramente dispostos a
contribuir no sustento da harmonia geral;
Se recursos
escasseiam a hora em nossas mãos, doemos um tanto mais de nós mesmos, em
serviço e compreensão, no socorro às necessidades alheias, convencidos de que
pelo idioma inarticulado do dever cumprido, Deus suscitará novos cooperadores e
companheiros que nos reforçarão as possibilidades nas tarefas que nos reclamam
presença e atividade, no dia a dia;
Se óbices,
reparações, desuniões, fracassos, sofrimentos, desistências, desafios,
lágrimas, deserções, conflitos e tribulações, sejam quais sejam, aparecerem
juntos de nós, que a luz de nossa fé se transforme em nós no recurso preciso a
fim de que os esquemas do Cristo se façam realizados por nós, com o
esquecimento de nós mesmos.
Nesse caminho
da caridade, devemos seguir todos, porque se fora dela não há recuperação para
ninguém, fora do serviço que a expressa nenhum de nossos problemas encontrará
solução.
Bezerra de Menezes - Francisco Cândido Xavier. Da obra:
Doutrina e Vida.
CONJUNTO
“Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver
também eles estejam comigo.,.” JESUS- JOÃO
“Arme-se a vossa
falange de decisão e coragem! Mãos a obra! o arado está pronto; a terra espera;
arai!” Cap.20, 40.
Num templo espírita-cristão, é razoável anotar que todo
trabalho é ação de conjunto.
Cada companheiro é indicado à tarefa precisa; cada qual
assume a feição de peça particular na engrenagem do serviço, sem cuja
cooperação os mecanismos do bem não funcionam em harmonia.
Indispensável apagar-nos pelo brilho da obra.
Na aplicação da eletricidade, congregam-se implementos
diversos, mas interessa, acima de tudo, a produção da força, e, no
aproveitamento da força, a grande usina é um espetáculo de grandeza, mas não
desenvolve todo o concurso de que é suscetível, sem a tomada simples.
Necessário, assim, saibamos reconhecer por nós mesmos o
que seja essencial a fazer pelo rendimento digno da atividade geral.
Orientando ou colaborando, em determinadas ocasiões, a
realização mais importante que se nos pede é o esclarecimento temperado de
gentileza ou a indicação paciente e clara da verdade ao ânimo do obreiro menos
acordado, na edificação espiritual.
Noutros instantes, a obrigação mais valiosa que as
circunstâncias nos solicitam é o entendimento com uma criança, a conversação fraternal
com um doente, a limpeza de um móvel ou a condução de um fardo pequenino.
Imprescindível, porém, desempenhar semelhantes
incumbências, sem derramar o ácido da queixa e sem azedar o sentimento na
aversão sistemática.
Irritar-se alguém, no exercício das boas obras é o mesmo
que rechear o pão com cinzas.
Administrar amparando e obedecer, efetuando o melhor! ...
Em tudo, compreender que o modo mais eficiente de pedir é
trabalhar e que o processo mais justo de recomendar é fazer, mas trabalhar e
fazer, sem tristeza e sem revolta, entendendo que benfeitorias e providências
são recursos preciosos para nós mesmos.
Em todas as empresas do bem, somos complementos naturais
uns dos outros.
O Universo é sustentado na base da equipe.
Uma constelação é família de sóis.
Um átomo é agregado de partículas.
Nenhum de nós procure destaque injustificável.
Na direção ou na subalternidade, baste-nos o privilégio
de cumprir o dever que a vida nos assinala, discernindo e elucidando, mas
auxiliando e amando sempre.
0 coração, motor da vida orgânica, trabalha oculto e
Deus, que é para nós o Anônimo Divino, palpita em cada ser, sem jamais
individualizar-se na luz do bem.
Emmanuel do livro:
O Livro da Esperança - Psicografado por Francisco Cândido Xavier
SER ESPÍRITA
“Tenho-vos dito isto paro que em mim tenhais paz: no
mundo. tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” JESUS JOÃO,
16:33.
“Ide e agradecei a Deus a gloriosa tarefa que Ele vos
confiou; mas atenção! entre os chamados para o Espiritismo muitos se
transviaram; reparai, pois, vosso caminho e segui a verdade.” - Cap. XX, 4.
Doutrina Espírita - Cristianismo Renascente.
Ser espírita é constituir-se em núcleo de ação
edificante, através do qual principia a Nova Era.
Fala-se no mundo de hoje, qual se o mundo estivesse
reduzido à casa em ruínas.
O espírita é chamado à função da viga robusta, suscetível
de mostrar que nem tudo se perdeu.
Há quem diga que a Humanidade jaz em processo de desagregação.
O espírita é convidado a guardar-se por célula sadia,
capaz de abrir caminho à recuperação do organismo social.
O espírita, onde surja a destruição, converte-se em apelo
ao refazimento; onde estoure a indisciplina, faz-se esteio da ordem e, onde
lavre o pessimismo, ergue-se, de imediato, por mensagem de esperança.
Assim sucede, porque o espírita reconhece que não vale
exigir dos outros aquilo que não fazemos, nem reclamar no vizinho o clarão de
um farol, quando, muitas vezes, esse mesmo vizinho espera pela chama de alguém
que lhe aqueça e ilumine o coração enregelado na sombra.
Companheiro de ideal!
Ensinamento espírita é a palavra do Cristo que nos
alcança sem gritar e a obra espírita, desde as bases primordiais de Allan
Kardec, é construção do Evangelho, levantando as criaturas sem rebaixar a
ninguém.
Trabalha servindo, cônscio de que cada um de nós é o
agente da propaganda de si mesmo, no trabalho da redenção humana, que não nasce
da violência e sim da verdade e do amor, no toque fraternal de espírito a
espírito.
A vista disso, se muito podes realizar, a benefício do
próximo, por aquilo que sabes, somente conseguirás renovar os semelhantes por
aquilo que és.
Emmanuel do Livro da Esperança. Psicografia de Francisco
Cândido Xavier.
SEJA VOLUNTÁRIO
Cap. XX - Item 4 - ESE
Seja voluntário na evangelização infantil.
Não aguarde convite para contribuir em favor da Boa Nova
no coração das crianças. Auxilie a plantação do futuro.
Seja voluntário no Culto do Evangelho.
Não espere a participação de todos os companheiros do lar
para iniciá-lo. Se preciso, faça-o sozinho.
Seja voluntário no templo espírita.
Não aguarde ser eleito diretor para cooperar. Colabore
sem impor condições, em algum setor, hoje mesmo.
Seja voluntário no estudo edificante.
Não espere que os outros lhe chamem a atenção. Estude por
conta própria.
Seja voluntário na mediunidade.
Não aguarde o desenvolvimento mediúnico, sistematicamente
sentado à mesa de sessões. Procure a convivência dos Espíritos Superiores,
amparando os infelizes.
Seja voluntário na assistência social.
Não espere que lhe venham puxar o paletó, rogando
auxílio. Busque os irmãos necessitados e ajude como puder.
Seja voluntário na propaganda libertadora.
Não aguarde riqueza para divulgar os princípios da fé.
Dissemine, desde já, livros e publicações doutrinárias.
Seja voluntário na imprensa espírita.
Não espere de braços cruzados a cobrança da assinatura.
Envie o seu concurso, ainda que modesto, dentro das suas possibilidades.
Sim, meu Amigo. Não se sinta realizado.
Cultive espontaneidade nas tarefas do bem.
"A sementeira, é grande e os trabalhadores são
poucos".
Vivemos os tempos da renovação fundamental.
Atravessemos, portanto, em serviço, o limiar da Era do
Espírito !
Ressoam os clarins da convocação geral para as fileiras
do Espiritismo.
Há mobilização de todos.
Cada qual pode servir a seu modo.
Aliste-se enquanto você se encontra válido.
Assuma iniciativa própria.
Apresente-se em alguma frente de atividade renovadora e
sirva sem descansar.
Quase sempre, espírita sem serviço é alma a caminho de
tenebrosos labirintos do Umbral.
Seja voluntário na Seara de Jesus, Nosso Mestre e Senhor
!
Cairbar Schutel - Do livro O Espírito da Verdade.
Psicografia de Francisco Candido Xavier Waldo Vieira.
MISSÃO DOS ESPÍRITAS
Chico Xavier
“Em nossa reunião pública, no início das tarefas em
pauta, O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo XX, item 4, nos ofereceu
a preleção sobre a “Missão dos Espíritas”. Vários comentaristas expuseram o
assunto com muita elevação, salientando os valores e as facilidades da
civilização moderna que traçara mais amplos caminhos de evolução para a vida
planetár1a em que nos achamos.
No término dos estudos o nosso caro Emmanuel escreveu os
apontamentos que lhe passo às mãos.
É uma página que nos leva a refletir profundamente quanto
à necessidade das lições de Jesus em nossas experiências.”
NOTA – Como vemos nessa rápida explicação de Chico
Xavier, o tema de estudo fornecido pelo Evangelho, sempre aberto ao acaso, não
aparece ligado a conversações anteriores como habitualmente temos observado. É
possível que Chico não tenha sido informado a respeito, pois há sempre
muitos problemas que lhe tornam a atenção antes do inicio
dos trabalhos. Mas a verdade é que o assunto corresponde a uma das necessidades
mais prementes do momento espírita que estamos vivendo, numa fase de transição
da vida terrena em que as perturbações psíquicas se alastram de maneira
alarmante.
Do livro Na Era do
Espírito. Psicografia de Francisco C. Xavier e Herculano Pires. Espíritos
Diversos
PROGRESSO E VIDA
Emmanuel
Quem lance na Terra ligeiro olhar para a retaguarda de
oito lustros se espantará certamente em verificando o progresso dentro do qual
a vida planetária vai marchando aceleradamente, para o futuro melhor.
Ainda assim reconhecerá que as exigências de ordem
espiritual não se alteraram muito no curso do tempo.
O homem de hoje dispõe fartamente da televisão pela qual
consegue, se o deseja, contemplar de perto as ocorrências do mundo, no entanto,
não possui autoconhecimento bastante para analisar-se de modo construtivo.
Inventa computadores que o auxiliam efetuando prodígios
de informação e de cálculo, mas ainda não conhece, nas engrenagens perfeitas em
que se expressam, as leis de causa e efeito que lhe presidem a experiência e o
destino.
Utiliza a energia nuclear, todavia, ignora ainda toda a
extensão dos poderes do espírito.
Realiza vôos espaciais aplicando os princípios da
Astronáutica, entretanto, é compelido a receber aulas de relacionamento humano
a fim de harmonizar-se com os vizinhos que não lhe adotem o modo de pensar ou
de crer.
Vacina-se contra a poliomielite, mas não consegue, por
enquanto, imunizar-se contra os perigos do ódio e do ressentimento, da
discórdia e do desespero.
Desfruta os recursos do subsolo, até mesmo do próprio
mar, e descobre minas de nitrogênio nos céus que o rodeiam, no entanto, não
sabe manejar, senão muito imperfeitamente, os valores da alma.
Compreendamos que a Humanidade atual efetua proezas
admiráveis em todos os domínios da natureza física, mas é necessário que os
nossos corações se adaptem às leis do bem que Jesus nos legou, de modo a
irmanar-nos e a respeitar-nos uns aos outros, sem o que o lazer na Terra
ser-nos-á fator desencadeante de tédio e delinqüência e a grandeza exterior se
nos erguerá em soberbo palácio – onde prosseguiremos sofrendo à míngua de amor.
Do livro Na Era do
Espírito. Psicografia de Francisco C. Xavier e Herculano Pires. Espíritos
Diversos
RESPEITO PELOS
OUTROS
Irmão Saulo
Todos somos naturalmente egocêntricos, pois o
egocentrismo é a base da individualidade e conseqüentemente da personalidade. A
pessoa humana é um ego conscientemente definido. E é necessário que seja assim,
pois do contrário não seríamos um ser, uma consciência estruturada e capaz de
agir. Mas o egoísmo é uma deformação do egocentrismo, uma doença do ego. Essa
doença se manifesta por vários sintomas bem conhecidos: a arrogância, a
avareza, o comodismo, a ganância e sobretudo a falta de respeito pelos outros.
A facilidade com que interferimos na vida alheia, com que
xingamos, insultamos, caluniamos, julgamos os outros — é o maior flagelo que
assola o mundo. Essa falta de respeito pelos outros é o fruto espinhento do
egoísmo que gera os conflitos no lar, na sociedade, nas nações e na vida
internacional.
Os espíritas, incumbidos da missão de restabelecer o
Cristianismo na Terra, são os que mais necessitam de compreender esse problema.
O primeiro dever dos espíritas, no tocante ao respeito pelo próximo, refere-se
à própria doutrina que nos foi dada pelos Espíritos Superiores através do
trabalho missionário de Allan Kardec.No entanto, a todo momento vemos espíritas
que pretendem, sem o mínimo de conhecimento doutrinário exigível, reformar a
doutrina e superar Kardec.
No item 4 do capítulo XX de O Evangelho Segundo o
Espiritismo temos a bela mensagem de Erasto, discípulo do apóstolo Paulo,
intitulada "Missão dos Espíritas" que devia ser lida e comentada
constantemente nas reuniões doutrinárias. Erasto nos adverte: "Cuidado,
que entre os chamados para o Espiritismo muitos se desviaram da senda! Atentai,
pois, no vosso caminho — e buscai a verdade!"
Emmanuel, em sua mensagem, nos conclama ao amor e ao
respeito mútuos, segundo "as leis do bem que Jesus nos legou". Amor a
respeito não querem dizer anulação do discernimento e da personalidade, querem
dizer compreensão. Precisamos amar, compreender e respeitar os outros, mas
sempre nos lembrando do respeito que devemos ao Espírito da Verdade e à
doutrina que ele nos legou. O primeiro sinal de obsessão num espírita, num
adepto da doutrina, é a sua leviandade na aceitação das fábulas que desfiguram
o ensino dos Espíritos do Senhor, a falta de respeito para com o Espírito da
Verdade.
Do livro Na Era do Espírito. Psicografia de Francisco C.
Xavier e Herculano Pires. Espíritos Diversos
NAS LUTAS DO PRESENTE
Francisco C. Xavier
O tema de O Evangelho Segundo o Espiritismo, que caiu em
nossa reunião, foi o item 4 do capítulo XX Os comentários dos participantes
foram muito expressivos. Tratamos das lutas do presente e das dificuldades para
as enfrentarmos e para cultivarmos os nossos princípios na chamada era
científica, pedindo a Deus a inspiração e o amparo de que carecemos.
No termino da reunião, foi Maria Dolores quem Veio ao
nosso encontro com a mensagem-prece Voz dos Servidores.
Do livro Amanhece.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
VOZ DOS SERVIDORES
Maria Dolores
Senhor Jesus!
Por nossa própria imprevidência,
Embora a evolução que nos reveste,
O sofrimento áspero, profundo,
Invade, canto a canto, os distritos do mundo
E espalha o pranto e sombra ante o esplendor celeste.
Avança a Terra pelo espaço afora,
Carregando conquistas
Que lhe garantem plena exaltação.
Máquinas jamais vistas
Efetuam serviços colossais;
Satélites, além, na rota em que se vão,
Oferecem notícias e sinais.
Computadores poupam energias
Ou se fazem vigias
De caminhos e forças siderais.
E o homem, desde os céus ao subsolo,
Leva o próprio domínio pólo a pólo.
Entretanto, Senhor!
Em todos os lugares,
Há quem se desconforte,
No imenso festival de riqueza e cultura,
Transportando consigo a vocação da morte,
De coração cansado, ante a vida insegura.
Destacamos, Jesus, os que caem de tédio,
Que gastaram o tempo e o corpo sem proveito,
E são hoje doentes quase sem remédio
Na angústia sem razão que lhes oprime o peito.
Falamos dos que morrem na saudade,
Dos corações queridos que partiram
Para a imortalidade,
E tateiam chorando, ante a Vida Maior,
Vasos de cinza e pedra em derredor
Das lágrimas que vertem...
Falamos dos drogados,
Dos que largaram de servir,
Dos que se dizem desesperançados
Ante a luz do porvir;
Dos que afirmam que a fé
Hoje se guarda apenas em museus,
E proclamam, gritando desenfreados,
Que a ciência na Terra é a derrota de Deus.
É por isto, Senhor, que nós Te suplicamos :
Não nos deixes temer o vozeirão das trevas ;
Da Infinita Bondade a que Te elevas,
Concede-nos a força da humildade
De modo a trabalharmos, dia-a-dia,
Em Teu reino de luz e de verdade.
Ajuda-nos, Senhor,
A esquecer-nos, a fim de acompanhar-Te,
Cooperando Contigo em qualquer parte.
Acolhe-nos no amor com que nos guardas,
Na condição de servos teus.
Porque, apesar de sermos pequeninos,
Encontramos, Senhor, em Teus ensinos,
A presença de Deus.
Do livro Amanhece. Psicografia de Francisco Cândido
Xavier.
A VIDEIRA
“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador.”-Jesus.
(JOÃO, 15:1.)
Deus é o Criador Eterno cujos desígnios permanecem
insondáveis a nós outros. Pelo seu amor desvelado criam-se todos os seres, por
sua sabedoria movem-se os mundos no Ilimitado.
Pequena e obscura, a Terra não pode perscrutar a grandeza
divina, O Pai, entretanto, envolve-nos a todos nas vibrações de sua bondade
gloriosa.
Ele é a alma de tudo, a essência do Universo.
Permanecemos no campo terrestre, de que Ele é dono e
supremo dispensador.
No entanto, para que lhe sintamos a presença em nossa
compreensão limitada, concedeu-nos Jesus como sua personificação máxima.
Útil seria que o homem observasse no Planeta a sua imensa
escola de trabalho; e todos nós, perante a grandeza universal, devemos
reconhecer
a nossa condição de seres humildes, necessitados de
aprimoramento e iluminação.
Dentro de nossa pequenez, sucumbiríamos de fome
espiritual, estacionados na sombra da ignorância, não fosse essa videira da
verdade e do amor
que o Supremo Senhor nos concedeu em Jesus - Cristo.
De sua seiva divina procedem todas as nossas realizações
elevadas, nos serviços da Terra. Alimentados por essa fonte sublime,
compete-nos reconhecer que sem o Cristo as organizações do mundo se perderiam
por falta de base. Nele encontramos o pão vivo das almas e, desde o princípio,
o seu amor infinito no orbe terrestre é o fundamento divino de todas as
verdades da vida.
Emmanuel - Do livro Caminho, Verdade e Vida. Psicografia
de Francisco Candido Xavier.
AS VARAS DA VIDEIRA
“Eu sou a videira, vós as varas”. Jesus (João, 15:5)
Jesus é o bem e o amor do princípio.
Todas as noções generosas da Humanidade nasceram de sua
divina influenciação. Com justiça, asseverou aos discípulos, nesta passagem do
Evangelho de João, que seu espírito sublime representa a árvore da vida e seus
seguidores sinceros as frondes promissoras, acrescentando que, fora do tronco,
os galhos se secariam, caminhando para o fogo da purificação.
Sem o Cristo, sem a essência de sua grandeza, todas as
obras humanas estão destinadas a perecer.
A ciência será frágil e pobre sem os valores da
consciência, as escolas religiosas estarão condenadas, tão logo se afastem da
verdade e do bem.
Infinita é a misericórdia de Jesus nos movimentos da vida
planetária. No centro de toda expressão nobre da existência pulsa seu coração
amoroso, repleto da seiva do perdão e da bondade.
Os homens são varas verdes da árvore gloriosa. Quando
traem seus deveres, secam-se porque se afastam da seiva, rolam ao chão dos
desenganos, para que se purifiquem no fogo dos sofrimentos reparadores, a fim
de serem novamente tomados por Jesus, à conta de sua misericórdia, para a
renovação. É razoável, portanto, positivemos nossa fidelidade ao Divino Mestre,
refletindo no elevado número de vezes em que nos ressecamos, no passado, apesar
do imenso amor que nos sustenta em toda a vida.
Emmanuel : Do livro Caminho, Verdade e Vida. Psicografia
de Francisco Candido Xavier.
JESUS E OS AMIGOS
"Ninguém tem maior amor que este: de dar alguém a
vida pelos seus amigos."- Jesus.
(JOÃO, 15:13.)
Na localização histórica do Cristo, impressiona-nos a
realidade de sua imensa afeição pela Humanidade.
Pelos homens, fez tudo o que era possível em renúncia e
dedicação.
Seus atos foram celebrados em assembléias de
confraternização e de amor. A primeira manifestação de seu apostolado
verificou-se na festa jubilosa de um lar. Fez companhia aos publicanos, sentiu
sede da perfeita compreensão de seus discípulos. Era amigo fiel dos
necessitados que se socorriam de suas virtudes imortais. Através das lições
evangélicas, nota-se-lhe o esforço para ser entendido em sua infinita
capacidade de amar. A última ceia representa uma paisagem completa de
afetividade integral. Lava os pés aos discípulos, ora pela felicidade de cada
um . . .
Entretanto, ao primeiro embate com as forças
destruidoras, experimenta o Mestre o supremo abandono. Em vão, seus olhos
procuram a multidão dos afeiçoados, beneficiados e seguidores.
Os leprosos e cegos, curados por suas mãos, haviam
desaparecido.
Judas entregou-o com um beijo.
Simão, que lhe gozara a convivência doméstica, negou-o
três vezes.
João e Tiago dormiram no Horto.
Os demais preferiram estacionar em acordos apressados com
as acusações injustas. Mesmo depois da Ressurreição, Tomé exigiu-lhe sinais.
Quando estives na "porta estreita", dilatando
as conquistas da vida eterna, irás também só. Não aguarde os teus amigos. Não
te compreenderiam; no entanto, não deixes de amá-los. São crianças. E toda a
criança teme e exige muito.
Emmanuel Do livro Caminho, Verdade e Vida, de Chico Xavier
PRODUZIMOS
“Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Como não
pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim nem
vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim.” – Jesus. (JOÃO, 15:4,)
Produzimos.
Tudo o que é alguma coisa produz algo.
Elementos considerados desprezíveis estão fazendo isso ou
aquilo.
Pedras produzem aspereza.
Espinhos produzem lacerações.
Lama produz sujidade.
Martelo produz. golpes.
Entretanto, se produzimos para o bem, esses mesmos
recursos, em nossas mãos, vêem-se promovidos a instrumentos -valiosos,
porquanto, pedras ajudam nas construções, espinhos de natureza técnica podem
colaborar no serviço cirúrgico, lama devidamente tratada é terra de sementeira,
e martelo controlado é auxiliar prestimoso.
Cada criatura, desse modo, produz conforme os agentes em
que se inspira.
Os seres mais lastimáveis, ainda que não queiram, estão
produzindo sempre.
O delinqüente produz o desequilíbrio.
O viciado produz o desregramento.
O preguiçoso produz a miséria.
O pessimista produz o desânimo.
Onde estiveres, estás produzindo, de acordo com as
influências a que te afeiçoas, e atuando mecanicamente sobre todos aqueles que
se afeiçoam ao teu medo de ser.
Todos produzimos, inevitavelmente.
Aprendizes do Evangelho, na escola espírita-cristã,
recordemos, pois, a lição do Cristo :
“Permanecerei convosco se permanecerdes em mim.”
Do livro Palavras de Vida Eterna. Espírito Emmanuel.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
ÊXITO
“Se vós estiverdes em mim e as minhas palavras estiverem
em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito.”
– Jesus. (JOÃO, 15:7.)
Muitos companheiros perdem recurso, oportunidade, tempo e
força na preocupação desmedida em torno do êxito.
Sonhando realizações mirabolantes, acabam frustrados na
mania de grandeza.
Dizem-se interessados na lavoura do bem, mas, para
cultivá-la, esperam a execução de negócios imaginários, a aquisição de poder, a
posse de ouro fácil ou a chegada de prêmios fortuitos... E, complicando a
própria estrada, observam-se, de chofre, em presença da morte, quando menos
contavam com semelhante visita.
Entretanto, o conquistador do maior êxito de todos os
tempos não se ausentou do mundo como quem triunfara...
Não recebeu heranças amoedadas, não governou princípios
políticos, não escreveu livros, não se enfileirou entre os maiorais de sua
época...
Aprisionado como vulgar malfeitor, foi sentenciado à
morte e passou como sendo vítima d pavoroso fracasso.
Contudo, as sementes de amor puro que º co-locou na alma
do povo transformaram o mundo.
Repara Jesus e perceberás que o nosso problema não é de
ganhar para fazer, mas de fazer para ganhar.
A colheita não precede a sementeira, tanto quanto o teta
não se antepõe à base.
Sirvamos ao bem, simplificando o caminho, de vez que a
vitória real é a vitória de todos, convictos de que não precisamos gastar as
possibilidades da existência em expectativa e tensão, porquanto, se estivermos
em Cristo, tudo quanto de que necessitamos será feito em nosso favor, no
momento oportuno.
“Quando pois vos conduzirem para vos entregarem, não
estejais solícitos de antemão pelo que haveis de dizer, mas, o que vos for
confiado naquela hora, isso falai, porque não sois vós os que falais e sim o
Espírito Santo.” – Jesus.
Do livro Palavras de Vida Eterna. Espírito Emmanuel.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
EXALTAÇÃO DO REINO
DIVINO
“Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto e assim
tornar-vos-eis meus discípulos.” – Jesus. (João, 15:8.)
Glorificarás o Senhor Supremo e serás discípulo do Grande
Mestre...
Contudo, não apenas porque te mostres entendido nas
Divinas Escrituras...
Não somente porque saibas apregoar os méritos da Sublime
Revelação, comovendo a quem te ouve...
Não apenas por guardares de cor as tradições dos
antepassados...
Não somente por te sustentares no culto externo...
Não apenas pelo reconforto recebido de mensageiros da
Vida Superior...
Não somente por escreveres páginas brilhantes...
Não apenas porque possuas dons espirituais...
Não somente porque demonstres alevantadas aspirações...
A palavra do Evangelho é insofismável.
Glorifiquemos a Deus e converter-nos-emos em discípulos
do Cristo, produzindo frutos da paz e aperfeiçoamento. Regeneração e progresso,
luz e misericórdia.
A semente infecunda, por mais nobre, é esperança
cadaverizada no seio da terra.
Assim também, por mais ardente, a fé que não se exprime
em obras de educação e de amor, redenção e bondade, é talento morto.
Se te dizes seguidor de Jesus, segue -lhe os passos.
Ajuda, ampara, consola, instrui, edifica e serve sempre.
Façamos algo na extensão do bem de todos.
Somente assim, cresceremos para o Céu, na construção do
Reino de Deus.
Livro: Palavras de
Vida Eterna - Chico Xavier e Emmanuel
AMIGOS DE JESUS
“Vós sois meus amigos se fizerdes o que eu vos mando”JESUS
(JOÃO, 15:14.).
Em toda parte, CRISTO possui:
legiões de admiradores, mas os tiranos da Humanidade
também as adquiriram;
multidões de partidários, entanto, os verdugos de nações
igualmente as tiveram;
grupos de incensadores, todavia os promotores das guerras
de assalto e de extermínio também lhes conheceram a adulação;
filas de defensores intransigentes, contudo, os inimigos
do progresso igualmente as enumeraram junto de si;
assembléias de analista, no entanto, os chefes
transviados, que passaram nas eminências da História, ainda hoje contam com
elas.
JESUS, até agora, é cercado entre os povos mais cultos da
Terra de inúmeros crentes e fanáticos, seguidores e intérpretes, adoradores e
adversários, mas os empreiteiros da desordem e da crueldade também os
encontram.
Fácil reconhecer que os comandantes da perturbação e da
delinqüência não conhecem amigos, de vez que o tempo se incumbe de situá-los no
ponto certo que lhes cabe na vida, extinguindo a hipnose de ilusão com que se
jungem aos companheiros. Cristo, porém, dispõe de amigos reais, que se
multiplicam em todas as regiões do planeta terrestre, à medida que os séculos
se lhe sobrepõem à crucificação. E esses amigos que existem, no seio de todas
as filosofias e crenças, não se distinguem tão-só por legendas exteriores, mas,
acima de tudo, porque se associam a Ele, em Espírito e Verdade, entendendo-lhe
as lições e praticando-lhe os ensinos.
Emmanuel - Livro
Palavras de vida eterna. Psicografia de Francisco Cândido Xavier
SAIBAMOS COOPERAR
"Porque sem mim nada podeis fazer."-
Jesus.(JOÃO, 15:5)
O divino poder do Cristo, como representante de Deus,
permanece latente em todas as criaturas.
Todos os homens receberam dele sagrados dons, ainda que
muitos se mantenham afastados do campo religioso.
Referimo-nos aqui, porém, aos cultivadores da fé, que
iniciam o esforço laborioso e longo da descoberta dos valores sublimes que
vibram em si mesmos.
Grande parte suspira por espetaculares demonstrações de
Jesus em seus caminhos, e companheiros incontáveis acreditam que apenas
cooperam com o Senhor os que se encontram no ministério da palavra, no altar ou
na tribuna de variadas confissões religiosas.
Urge, entretanto, retificar esse erro interpretativo.
O Senhor está conosco em todas as posições da vida. Nada
poderíamos realizar sem o influxo de sua vontade soberana.
Diz-nos o Mestre com clareza: - "Eu sou a videira,
vós as varas.” Como produzir alguma coisa sem a seiva essencial?
Efetivamente, os aprendizes arguciosos poderão objetar
que, nesse critério, também encontraremos os que praticam o mal, alicerçados
nas mesmas bases. Respondendo, consideraremos somente que semelhantes infelizes
enxertam cactos infernais na Videira Divina, por conta própria, pagando elevado
preço, perante o Governo do Universo.
Reportamo-nos aos companheiros tímidos e vacilantes,
embora bem intencionados, para concluir que, em todas as tarefas humanas,
podemos sentir a presença do Senhor, santificando o trabalho que nos foi
cometido. Por isso, não podemos olvidar a lição evangélica de que seria
abençoado qualquer esforço no bem, ainda que fosse apenas o de ministrar um
copo de água pura em seu nome.
O Mestre não se encontra tão-somente no serviço daqueles
que ensinam a Revelação Divina, através da palavra acadêmica instrutiva ou
consoladora. Acompanha os que administram os bens do mundo e os que obedecem às
ordenanças do caminho, concorrendo na edificação do futuro melhor, nas
organizações materiais e espirituais.
Permanece ao lado dos que revolvem o chão do Planeta,
cooperando na estruturação da Terra Aperfeiçoada, como inspira os missionários
da inteligência na evolução dos direitos humanos.
Saibamos cooperar, desse modo, nos círculos de serviço a
que fomos chamados para o concurso cristão.
Faze, tão bem quanto esteja em tuas possibilidades, a
obra parcial confiada às tuas mãos.
Por hoje, talvez te enganes, supondo servir às
autoridades terrestres, no entanto, chegará o minuto revelador no qual
reconhecerás que permaneces a serviço do Senhor. Une-te, pois, ao Divino
Artífice, em espírito e verdade, porque o problema fundamental de nossa paz é
justamente o de saber se vivemos nele tanto quanto ele vive em nós.
Livro Fonte
Viva. Pelo Espírito Emmanuel.
Psicografia Francisco C. Xavier
SIGAMOS ATÉ LÁ
“Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem
em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito.” – Jesus. (João,
15:7).
Na oração dominical, Jesus ensina aos cooperadores a
necessidade de observância plena dos desígnios do Pai.
Sabia o Mestre que a vontade humana é ainda muito frágil
e que inúmeras lutas rodeiam a criatura até que aprenda a estabelecer a união
com o Divino.
Apesar disso, a lição da prece foi sempre interpretada
pela maioria dos crentes como recurso de fácil obtenção do amparo celestial.
Muitos pedem determinados favores e recitam maquinalmente
as fórmulas verbais.
Certamente, não podem receber imediata satisfação aos
caprichos próprios, porque, no estado de queda ou de ignorância, o espírito
necessita, antes de tudo, aprender a submeter-se aos desígnios divinos, a seu
respeito.
Alcançaremos, porém, a época das orações integralmente
atendidas. Atingiremos semelhante realização quando estivermos espiritualmente
em Cristo. Então, quanto quisermos, ser-nos-á feito, porquanto teremos
penetrado o justo sentido de cada coisa e a finalidade de cada circunstância.
Estaremos habilitados a querer e a pedir, em Jesus, e a vida se nos
apresentará, em suas verdadeiras características de infinito, eternidade,
renovação e beleza.
Na condição de encarnados ou desencarnados, ainda estamos
caminhando para o Mestre, a fim de que possamos experimentar a união gloriosa
com o seu amor. Até lá, trabalhemos e vigiemos para compreender a vontade
divina.
Emmanuel
Emmanuel - Pão Nosso – Psicografia: Francisco Cândido
Xavier
SOMENTE ASSIM
"Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto;
e assim sereis meus discípulos." - Jesus. (JOÃO, 15:8.)
Em nossas aflições, o Pai é invocado.
Nas alegrias, é adorado.
Na noite tempestuosa, é sempre esperado com ânsia.
No dia festivo, é reverenciado solenemente.
Louvado pelos filhos reconhecidos e olvidado pelos
ingratos, o Pai dá sempre, espalhando as bênçãos de sua bondade infinita entre
bons e maus, justos e injustos.
Ensina o verme a rastejar, o arbusto a desenvolver-se e o
homem a raciocinar.
Ninguém duvide, porém, quanto à expectativa do Supremo
Senhor a nosso respeito. De existência em existência, ajuda-nos a crescer e a servi-Lo,
para que, um dia, nos integremos, vitoriosos, em seu divino amor e possamos
glorificá-Lo.
Nunca chegaremos, contudo, a semelhante condição,
simplesmente através dos mil modos de coloração brilhante dos nossos
sentimentos e raciocínios.
Nossos ideais superiores são imprescindíveis, e no fundo
assemelham-se às flores mais belas e perfumosas da árvore. Nossa cultura é,sem
dúvida,indispensável, e, em essência, constitui a robustez do tronco
respeitável. Nossas aspirações elevadas são preciosas e necessárias, e
representam as folhas vivas e promissoras.
Todos esses requisitos são imperativos da colheita.
Assim também ocorre nos domínios da alma.
Somente é possível glorificar o Pai quando nos abrimos
aos seus decretos de amor universal, produzindo para o bem eterno.
Por isso mesmo, o Mestre foi claro em sua afirmação.
Que nossa atividade, dentro da vida, produza muito fruto
de paz e sabedoria, amor e esperança, fé e alegria, justiça e misericórdia, em
trabalho pessoal digno e constante, porquanto, somente assim o Pai será por nós
glorificado e só nessa condição seremos discípulos do Mestre Crucificado e
Redivivo.
Livro Fonte
Viva. Pelo Espírito Emmanuel.
Psicografia Francisco C. Xavier
GRUPO EM CRISE
“Se permanecerdes em mim e a minhas palavras permanecerem
em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito”- Jesus (João, 15:7)
Habitualmente, quando as tarefas de uma equipe consagrada
ao serviço do bem parecem devidamente estabilizadas, a crise explode.
Desequilibra-se o clima das sãs obras e a tempestade
ruge.
Desentendem-se irmãos na sombra da discórdia quando mais
necessária se faz a luz da harmonia.
Edificações que se figuravam consolidadas apresentam
brechas arrasadoras.
Todo o esquema das realizações em andamento se mostra
superficialmente comprometido.
Afastam-se companheiros de posições importantes deixando
espaços difíceis de preencher.
Esses são os dias de exame, em que a ventania da crítica
esbraveja em torno de nós, experimentando-nos a segurança da construção. E
esses são, igualmente, os dias para a serenidade maior. Diante deles nada de
irritação, nem desânimo.
Reunirmo-nos mais estreitamente uns aos outros na
fidelidade ao trabalho, a fim de afastar perigos maiores, é o nosso dever.
Urge consertar a máquina de ação, como pudermos, dentro
de todos os recursos lícitos, à maneira dos ferroviários que restauram a
locomotiva descarrilada e, depois de colocá-la em condições de serviços nos
trilhos justos, seguir para frente.
Nem acusações, nem lamentos.
Trabalhar com mais ardor, esquecendo o mal e lembrando o
bem.
Restabelecer a união e avançar adiante.
Compreender que as horas para a fé não são aquelas do Sol
rutilando no firmamento azul, mas, precisamente, aquelas outras em que as
nuvens despejam ameaças de algum lugar do céu.
Todos encontramos dificuldades no caminho em que
transitamos.
Sempre que chamados a servir é forçoso recordar que
estamos carregando encargos que a Divina Providência nos confiou, no bem de
todos. E, cuidando de satisfazer aos Desígnios de Deus, sejam quais forem os
riscos e tropeços com que sejamos defrontados, estejamos convencidos de que
Deus cuidará de nós.
Emmanuel - Do livro Segue-me. Psicografia de F. C. Xavier
FORÇA
"O meu mandamento é este: que vos amei uns aos outros,
assim como eu vos amei". - Jesus. (João, 15:12).
Existem na vida força e força.
A força da gravitação se exerce entre todas as partículas
do Universo e conquanto equilibre os mundos na Imensidade Cósmica não cria o
menor vínculo de compreensão fraternal na intimidade do ser.
A força elétrica move guindastes de grande porte, mas,
embora sustente máquinas de assombroso poder, transportando toneladas, não
diminui, nem mesmo de leve, o peso da angústia no coração.
A força executiva determina obediência aos textos legais,
e se logra, muitas vezes, influenciar milhares de destinos, nem sempre consegue
modificar no espírito essa ou aquela íntima decisão.
A força física preside campeonatos de habilidade e
robustez conseguindo subjugar adversários até mesmo no terreno da agressão e da
violência, mas não clareia o menor dos distritos no campo do sentimento.
A força das forças, porém, aquela que sublima os astros e
alimenta motores para o bem, que encaminha a autoridade para a misericórdia e
aciona os braços no serviço aos semelhantes - a única que penetra a alma e lhe
orienta os impulsos na direção da felicidade e da paz, da elevação e do entendimento
- é a força do amor.
Por Emmanuel, do livro Segue-me! Francisco Cândido Xavier
NA EXPERIÊNCIA DIÁRIA
“Isto vos mando,
que vos ameis uns aos outros”. – Jesus. (João, 15:17).
Sem compaixão o amor não entraria em parte alguma a fim
de cumprir a divina missão que a sabedoria da vida lhe atribui.
É necessário, entretanto, que a compaixão se desloque do
ambiente dos que sofrem para atingir também o círculo dos que fazem o
sofrimento.
Compadecer-te-ás dos que se afligem sob o guante da
penúria; todavia, pedirás igualmente a Deus ilumine quantos se apaixonaram pelo
supérfluo esquecendo os que carecem do necessário.
Estenderá as socorredoras mãos aos que tombam sob os
golpes da delinqüência; no entanto, solicitarás a misericórdia dos Céus a
benefício dos que promove o crime, desconhecendo quanto lhes custará em
aflições e lágrimas à noite de reparação a que se largaram, desprevenidos.
Auxiliarás os espoliados que se viram desvalidos pela
agressão moral de que foram vítimas; contudo, exorarás o amparo do Senhor para
quantos lhes armaram as ciladas de angústia, ignorando que articularam
armadilhas de expiação contra si próprios.
Enxugarás o pranto de todos os que choram, sob a provação
de todas as procedências, mas não te esquecerás de orar em auxílio dos que
estabelecem o desequilíbrio dos outros, porquanto eles todos acabarão
reconhecendo que unicamente acumularam perturbação e conflito em desfavor deles
mesmos.
Em qualquer circunstância difícil compadece-te e serve
sempre, recordando que todos somos espíritos eternos que colheremos,
inevitavelmente, os resultados de nossas próprias obras e de que apenas o bem
dissolve o mal, tanto quanto a treva tão-só se extingue ante as bênçãos da luz.
Emmanuel, do livro Segue-me! Francisco Cândido Xavier
EXAMINEMOS A NÓS MESMOS
O dever do espírita-cristão é tornar-se progressivamente
melhor.
Útil, assim, verificar, de quando em quando, com rigoroso
exame pessoal, a nossa verdadeira situação íntima.
Espírita que não progride durante três anos sucessivos
permanece estacionário.
Testa a paciência própria: - Estás mais calmo, afável e
compreensivo?
Inquire as tuas relações na experiência doméstica:
- Conquistaste mais alto clima de paz dentro de casa?
Investiga as atividades que te competem no templo
doutrinário: - Colaboras com mais euforia na seara do Senhor?
Observa-te nas manifestações perante os amigos: - Trazes
o Evangelho mais vivo nas atitudes?
Reflete em tua capacidade de sacrifício: - Notas em ti
mesmo mais ampla disposição de servir voluntariamente?
Pesquisa o próprio desapego: - Andas um pouco mais livre
do anseio de influência e de posses terrestres?
Usas mais intensamente os pronomes "nos",
"nosso" e "nossa" e menos os determinativos "eu",
"meu" e "minha"?
Teus instantes de tristeza ou de cólera surda, às vezes
tão conhecidos somente por ti, estão presentemente mais raros?
Diminuíram-te os pequenos remorsos ocultos no recesso da
alma?
Dissipaste antigos desafetos e aversões?
Superastes os lapsos crônicos de desatenção e
negligência?
Estudas mais profundamente a Doutrina que professas?
Entendes melhor a função da dor?
Ainda cultivas alguma discreta desavença?
Auxilias aos necessitados com mais abnegação?
Tens orado realmente?
Teus idéias evoluíram?
Tua fé raciocinada consolidou-se com mais segurança?
Tens o verbo mais indulgente, os braços mais ativos e as
mãos mais abençoadoras?
Evangelho é alegria no coração: - Estás, de fato, mais
alegre e feliz intimamente, nestes três últimos anos?
Tudo caminha! Tudo evolui! Confiramos o nosso rendimento
individual com o Cristo!
Sopesa a existência hoje, espontaneamente, em regime de
paz, para que te não vejas na obrigação de sopesá-la amanhã sob o impacto da
dor.
Não te iludas! Um dia que se foi é mais uma cota de
responsabilidade, mais um passo rumo à Vida Espiritual, mais uma oportunidade
valorizada ou perdida.
Interroga a consciência quanto à utilidade que vens dando
ao tempo, à saúde e aos ensejos de fazer o bem que desfrutas na vida diária.
Faze isso agora, enquanto te vales do corpo humano, com a
possibilidade de reconsiderar diretrizes e desfazer enganos facilmente, pois,
quando passares para o lado de cá, muita vez, já será mais difícil...
De Opinião Espírita, de Francisco Cândido Xavier e Waldo
Vieira, pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz
OS MENSAGEIROS
DISTRAÍDOS
Os ouvintes do culto da Boa Nova discorriam sobre as
polêmicas que se travavam incessantemente em torno da fé, nos círculos do
farisaísmo de várias escolas, quando o Cristo, dentro da profunda simplicidade
que lhe era característica, narrou, tolerante:
— Um grande senhor recebeu alarmantes notícias de vasto
agrupamento de servos, em zona distante da sede do seu governo, que se viam
fustigados por febre maligna, e, desejoso de socorrer os tutelados que sofriam
na região remota de seus domínios, enviou-lhes mensageiros de confiança,
conduzindo remédios adequados à situação e providências alusivas ao
reajustamento geral.
Os emissários saíram do palácio com grandes promessas de
trabalho, segurança e eficiência na missão; todavia, assim que se viram fora
das portas do senhor, começaram a rixar pela escolha dos caminhos.
Uns reclamavam o atalho, outros a planície sem espinheiros
e outros, ainda, pediam a passagem através dos montes.
Longos dias perderam na disputa, até que o grupo se desuniu,
cada falange atendendo aos próprios caprichos, com absoluto esquecimento do
objetivo fundamental.
As dificuldades, porém, não foram solucionadas com
decisão. Criados os roteiros diferentes, como que se dilataram os conflitos.
Reduzidas agora, numericamente, as expedições sofreram, com mais rigor, os
golpes esterilizantes das opiniões pessoais. Os viajantes não cuidavam senão de
inventar novos motivos para o atrito inútil. Entre os que marchavam pelo trilho
mais curto, pela vargem e pela serra lavraram discussões improdutivas,
contundentes e intermináveis. Dias e noites preciosos eram desprendidos em comentários
ruidosos quanto à febre, quanto à condição dos enfermos ou quanto às paisagens
em torno. Horas difíceis de amargura e desarmonia, de momento a momento,
interrompiam a viagem, sendo a muito custo evitadas as cenas de pugilato e
homicídio.
Surgiram as contendas, a propósito de mínimas questões,
com pleno desperdício da oportunidade, e, em razão disso, tanto se atrasaram os
viajores do atalho, quanto os da planície e do monte, de vez que se encontraram
no vale da peste a um só tempo, com enorme e irremediável desapontamento para
todos, porquanto, à míngua do prometido recurso, não sobrara nenhum doente vivo
na carne.
A morte devorara-os, um a um, enquanto os mensageiros
discutidores matavam o tempo, através da viagem.
O Mestre fixou nos aprendizes o olhar muito lúcido e
aduziu:
— Neste símbolo, temos o mundo atacado pela peste da
maldade e da descrença e vemos o retrato dos portadores da medicação celeste,
que são os religiosos de todos os matizes, que falam na Terra, em nome do Pai.
Os homens iluminados pela sabedoria da fé, entretanto, apesar de haverem
recebido valiosos recursos do Céu para os que sofrem e choram, em consequência da
ignorância e da aflição dominantes no mundo, olvidam as obrigações que lhes
assinalam a vida e, sobrepondo os próprios caprichos aos propósitos do Supremo
Senhor, se desmandam em desvarios verbais de toda espécie. Enquanto alimentam o
distúrbio, levianos e distraídos, os necessitados de luz e socorro desfalecem à
falta de assistência e dedicação.
E afagando uma das crianças presentes, qual se
concentrasse todas as esperanças no sublime futuro, finalizou, sorridente e
calmo:— A discussão, por mais proveitosa, nunca deve distrair-nos do serviço
que o Senhor nos deu a fazer.
Livro: Jesus no Lar – Neio Lucio – Francisco Candido
Xavier
NO PASSEIO MATINAL
Dionísio, o moleiro, muito cedo partiu em companhia do
filhinho, na direção de grande milharal.
A manhã se fizera linda.
Os montes próximos pareciam vestidos em gaze esvoaçante.
As folhas da erva, guardando, ainda, o orvalho noturno,
assemelhavam-se a caprichoso tecido verde, enfeitado de pérolas. Flores
vermelhas, aqui e ali, davam a ideia de jóias espalhadas no chão.
As árvores, muito grandes, à beira da estrada,
despertavam, de leve, à passagem do vento.
O Sol aparecia, brilhante, revestindo a paisagem numa
coroa resplandecente.
Reinaldo, o pequeno guiado pela mão paterna, seguia num
deslumbramento. Não sabia o que mais admirar: se o lençol de neblina muito
alva, se o horizonte inflamado de luz. Em dado momento, perguntou, feliz:
— Papai, de quem é todo este mundo?
— Tudo pertence ao Criador, meu filho —esclareceu o
moleiro, satisfeito —; o Sol, o ar, as águas, as árvores e as flores, tudo,
tudo, é obra dEle, nosso Pai e Senhor.
— Para que tudo isto? — continuou o petiz contente.
— A fim de recebermos esta escola divina, que é a Terra.
— Escola?
— Sim, filho — tornou o genitor paciente —, aqui devemos
aprender, no trabalho, a amar-nos uns aos outros, aprimorando sentimentos,
quanto devemos aperfeiçoar o solo que pisamos, transformando colinas, planícies
e pedras em cidades, fazendas, estábulos, pomares, milharais e jardins.
Reinaldo não entendeu, de pronto, o que significava
“aprimorar sentimentos”; contudo, sabia perfeitamente o que vinha a ser a
remoção dum monte empedrado. Surpreso, voltou a indagar:
— Então, papai, somos obrigados a trabalhar tanto assim?
Como será possível modificar este mundo tão grande?
O moleiro pensou alguns instantes e observou:
— Meu filho, já ouvi dizer que uma andorinha vagueava só,
quando notou que um incêndio lavrava em seu campo predileto, O fogo consumia
plantas e ninhos. Em vão, gritou por socorro. Reconhecendo que ninguém lhe
escutava as súplicas, pôs-se rápida para o córrego não distante, mergulhando as
pequenas asas na água fria e límpida; daí, voltava para a zona incendiada,
sacudindo as asas molhadas sobre as chamas devoradoras, procurando apagá-las.
Repetia a operação, já por muitas vezes, quando se aproximou um gavião
preguiçoso, indagando-lhe com ironia: — “Você, em verdade, acredita combater um
incêndio tão grande com algumas gotas dágua?“ A avezinha prestativa, porém,
respondeu, calma: — “É provável que eu não possa fazer a obra toda; entretanto,
sou imensamente feliz cumprindo o meu dever.
O moleiro fêz uma pausa e interrogou o filho:
— Não acredita você que podemos imitar semelhante
exemplo? Se todos procedêssemos como a andorinha operosa e vigilante, em pouco
tempo toda a Terra estaria transformada num paraíso.
O menino calou-se, entendendo a extensão do ensinamento
e, no íntimo, contemplando a beleza do quadro matinal, desde as margens do
caminho até a montanha distante, prometeu a si mesmo que procuraria cumprir no
mundo todas as obrigações que lhe coubessem na obra sublime do Infinito Bem.
Do livro Alvorada
Cristã . de Neio Lúcio. Psicografia de Francisco C. Xavier.
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