1 – Sabes os mandamentos: não cometas adultérios; não
mates; não furtes; não digas falso testemunho; não cometais fraudes; honra a
teu pai e a tua mãe (Marcos, X: 19; Lucas, XVIII: 20; Mateus, XIX: 19).
2 – Honra a teu pai e a tua mãe, para teres uma dilatada
vida sobre a Terra que o Senhor teu Deus te há de dar. (Decálogo, Êxodo, XX:
12)
PIEDADE FILIAL
3 – O mandamento: “Honra a teu pai e a tua mãe”, é uma
conseqüência da lei geral da caridade e do amor ao próximo, porque não se pode
amar ao próximo sem amar aos pais; mas o imperativo honra implica um dever a
mais para com eles: o da piedade filial. Deus quis demonstrar, assim, que o
amor é necessário juntar o respeito, a estima, a obediência e a
condescendência, o que implica a obrigação de cumprir para com eles, de maneira
mais rigorosa, tudo o que a caridade determina em relação ao próximo. Esse
dever se estende naturalmente às pessoas que se encontram no lugar dos pais, e cujo
mérito é tanto maior, quanto o devotamento é para elas menos obrigatório. Deus
pune sempre de maneira rigorosa toda violação desse mandamento.
Honrar ao pai e à mãe não é somente respeitá-los, mas
também assisti-los nas suas necessidades; proporcionando-lhes o repouso na
velhice; cercá-los de solicitude, como eles fizeram por nós na infância.
É sobretudo para com os pais sem recursos que se
demonstra a verdadeira piedade filial. Satisfariam a esse mandamento os que
julgam fazer muito, aos lhes darem o estritamente necessário para que não
morram de fome, enquanto eles mesmos de nada se privam? Relegando-os aos piores
cômodos da casa, apenas para não deixá-los na rua, e reservando para si mesmos
os melhores aposentos, os mais confortáveis? E ainda bem quando tudo isso não é
feito de má vontade, sendo os pais obrigados a pagar o que lhes resta da vida
com a carga dos serviços domésticos! É então justo que pais velhos e fracos
tenham de servir a filhos jovens e fortes? A mãe lhe teria cobrado o leite,
quando ainda estavam no berço? Teria, por acaso, contado as suas noites de
vigília, quando eles ficavam doentes, os seus passos para proporcionar-lhes o
cuidado necessário? Não, não é só o estritamente necessário que os filhos devem
aos pais pobres, mas também, tanto quanto puderem, as pequenas alegrias do
supérfluo, as amabilidades, os cuidados carinhosos, que são apenas os juros do
que receberam, o pagamento de uma dívida sagrada. Essa, somente, é a piedade
filial aceita por Deus.
Infeliz, portanto, aquele que se esquece da sua dívida
para os que o sustentaram na infância, os que, com a vida material, lhe deram
também a vida moral, que frequentemente se impuseram duras privações para lhe
assegurar o bem-estar! Ai do ingrato, porque ele será punido pela ingratidão e
o abandono; será ferido nas suas mais caras afeições, às vezes desde a vida
presente, mas de maneira certa noutra existência, em que terás de sofrer o que
fez os outros sofrerem!
Certos pais, é verdade, descuidam dos seus deveres, e não
são para os filhos o que deviam ser. Mas é a Deus que compete puni-los, e não
aos filhos. Não cabe a estes censurá-los, pois que talvez eles mesmos fizeram
por merecê-los assim. Se a caridade estabelece como lei que devemos pagar o mal
com o bem, ser indulgentes para as imperfeições alheias, não maldizer do
próximo, esquecer e perdoar as ofensas, e amar até mesmo os inimigos, quanto
essa obrigação se faz ainda maior em relação aos pais! Os filhos, devem, por
isso mesmo, tomar como regra de conduta para com os pais todos os preceitos de
Jesus referentes ao próximo, e lembrar que todo procedimento condenável em
relação aos estranhos, mais condenável se torna para com os pais. Devem lembrar
que aquilo que no primeiro caso seria apenas uma falta, pode tornar-se um crime
no segundo, porque, neste, à falta de caridade se junta à ingratidão.
4 – Deus disse: “Honrarás a teu pai e a tua mãe, para
teres uma dilatada vida sobre a Terra que o Senhor teu Deus te há de dar”. Mas
por que promete como recompensa a vida terrena e não a celeste? A explicação se
encontra nestas palavras: “Que Deus vos dará”, suprimidas na forma moderna do
decálogo, o que lhe desfigura o sentido. Para compreendermos essas palavras,
temos de nos reportar à situação e às idéias dos hebreus, na época em que elas
foram pronunciadas. Eles ainda não compreendiam a vida futura. Sua visão não se
estendia além dos limites da vida física. Por isso, deviam ser mais fortemente
tocados pelas coisas que viam, do que pelas invisíveis. Eis o motivo porque
Deus lhes fala numa linguagem ao seu alcance, e, como as crianças, lhes
apresentam como perspectiva aquilo que poderia satisfazê-los. Eles estavam
então no deserto. A Terra que Deus lhes dará é a Terra da Promissão, alvo de
suas aspirações. Nada mais desejavam e Deus lhes diz que viverão nela por longo
tempo, o que significa que a possuirão por longo tempo, se observarem os seus
mandamentos.
Mas, ao advento de Jesus, suas idéias estavam mais
desenvolvidas. Tendo chegado o momento de lhes ser dado um alimento menos
grosseiro, Jesus os inicia na vida espiritual, ao dizer: “Meu Reino não é deste
mundo; é nele, e não sobre a Terra, que recebereis a recompensa das vossas boas
obras”. Com estas palavras, a Terra da Promissão material se transforma numa
pátria celeste. Da mesma maneira, quando lhes recorda a necessidade de
observação do mandamento: “Honra a teu pai e a tua mãe”, já não é mais a Terra
que lhes promete, mas o céu. (Caps. II e III).
O LIVRO DOS
ESPÍRITOS – QUESTÃO 685
Tem o homem o direito de repousar na velhice?
“Sim, que a nada é obrigado, senão de acordo com as suas
forças.”
a) Então, que há de fazer o velho que precisa trabalhar
para viver e não pode?
“O forte deve trabalhar para o fraco. Não tendo este,
família, a sociedade deve fazer as vezes desta. É a lei de caridade.”
Não basta se diga ao homem que lhe corre o dever de
trabalhar. É preciso que aquele que tem de prover à sua existência por meio do
trabalho encontre em que se ocupar, o que nem sempre acontece. Quando se
generaliza, a suspensão do trabalho assume as proporções de um flagelo, qual a
miséria. A ciência econômica procura remédio para isso no equilíbrio entre a
produção e o consumo. Esse equilíbrio, porém, dado seja possível estabelecer-se,
sofrerá sempre intermitências, durante as quais não deixa o trabalhador de ter
que viver. Há um elemento, que se não costuma fazer pesar na balança e sem o
qual a ciência econômica não passa de simples teoria. Esse elemento é a educação,
não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos, porém, à
educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os
caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos
adquiridos.
Considerando-se a aluvião de indivíduos que todos os dias
são lançados na torrente da população, sem princípios, sem freio e entregues a
seus próprios instintos, serão de espantar as consequências desastrosas que daí
decorrem? Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem
terá no mundo hábitos de ordem e de previdência para consigo mesmo e para com
os seus, de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão
atravessar menos penosamente os maus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência
são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar. Esse o ponto de
partida, o elemento real do bem-estar, o penhor da segurança de todos.
TEXTOS DE APOIO
MATERNIDADE
Vemos em cada manifestação da Vida determinada meta de
desenvolvimento, qual anseio do próprio Deus a concretizar-se.
Na Criação, o clímax da grandeza.
Na caridade, o vértice da virtude.
Na paz, a culminância da luta.
No êxito, a exaltação do ideal.
Nos filhos, a essência do amor.
No lar, a glória da união.
De igual modo, a maternidade é a plenitude do coração
feminino que norteia o progresso.
Concepção, gravidez, parto e devoção afetiva representam
estações difíceis e belas de um ministério sempre divino.
Láurea celeste na mulher de todas as condições, define o
inderrogável recurso à existência humana, reclamando paciência e carinho,
renúncia e entendimento.
Maternidade esperada.
Maternidade imprevista.
Maternidade aceita.
Maternidade hostilizada.
Maternidade socorrida.
Maternidade desamparada.
Misto de júbilo e sofrimento, missão e prova,
maternidade, em qualquer parte, traduz intercâmbio de amor incomensurável, em
que desponta, sublime e sempre novo, o ensejo de burilamento das almas na
ascensão dos destinos.
Principais responsáveis por semelhante concessão da
Bondade Infinita, as mães guardam a chave de controle do mundo.
Mães de sábios...
Mães de idiotas...
Mães felizes...
Mães desditosas...
Mães jovens...
Mães experientes...
Mães sadias...
Mães enfermas...
Ao filtro do amor que lhes verte do seio, deve o Plano
Terrestre o despovoamento dos círculos inferiores da Vida Espiritual, para que
o Reino de Deus se erga entre as criaturas.
Mães da Terra!
Mães anônimas!
Sois vasos eleitos para a luz da reencarnação!
Por maiores se façam os suplícios impostos à vossa
frente, não recuseis vosso augusto dever, nem susteis o hálito do filhinho
nascente - esperança do Céu a repontar-vos do peito!...
Não surge o berço em vosso coração por acaso.
Mantende-vos, assim, vigilantes e abnegadas, na certeza
de que se muitas vezes cipoais e espinheiros são vossa herança transitória
entre os homens, todas vós sereis amparadas e sustentadas pela Bênção do Amor
Eterno, sempre que marchardes fiéis à Excelsa Paternidade da Providência
Divina.
André Luiz - do Livro O Espírito da Verdade – Francisco Candido
Xavier
PAZ EM CASA
...e em qualquer casa onde entrardes, dizei antes: “paz
seja nesta casa”- Jesus
Compras na terra o pão e a vestimenta, o calçado e o
remédio, menos a paz.
Dar-te-á o dinheiro residência e conforto, com exceção da
tranqüilidade de espírito.
Eis porque nos recomenda Jesus venhamos a dizer, antes de
tudo, ao entramos numa casa: "paz seja nesta casa".
A lição exprime vigoroso apelo à tolerância e ao
entendimento.
No limiar do ninho doméstico, unge-te de compreensão e de
paciência, a fim de que não penetres o clima dos teus, à feição de inimigo
familiar.
Se alguém está fora do caminho desejável ou se te
desgostam arranjos caseiros, mobiliza a bondade e a cooperação para que o mal
se reduza.
Se problemas te preocupam ou apontamentos te humilham,
cala os próprios aborrecimentos, limitando as inquietações.
Recebe a refeição por bênção divina.
Usa portas e janelas, sem estrondos brutais.
Não movas objetos, de arranco.
Foge à gritaria inconveniente.
Atende ao culto da gentileza.
Há quem diga que o lar é ponto do desabafo, o lugar em
que a pessoa se desoprime. Reconhecemos que sim; entretanto, isso não é razão
para que ele se torne em praça onde a criatura se animalize.
Pacifiquemos nossa área individual para que a área dos
outros se pacifique.
Todos anelamos a paz do mundo; no entanto, é imperioso
não esquecer que a paz do mundo parte de nós.
Emmanuel - Livro Palavras de vida eterna. Psicografia de
Francisco Cândido Xavier
CREDORES NO LAR
“Honrai vosso pai
e vossa mãe... ”-Jesus-Mateus,19:19 “
Honrar a seu pai e sua mãe não consiste apenas em
respeitá-los; é também assisti- los;na necessidade; é proporcionar-lhe repouso
na velhice; é cercá-los de cuidados como eles fizeram conosco na infância. ” –
cap.14,3.
No devotamento, dos pais, todos os filhos são jóias de
luz, entretanto, para que compreendas certos antagonismos que te afligem no
lar, é preciso saibas que,entre os filhos-companheiros, que te apóiam a alma,
surgem os filhos credores, alcançando- te a vida, por instrutores de feição
diferente.
Subtraindo-te aos choques de caráter negativo, no
reencontro, preceitua a eterna bondade da Justiça Divina que a reencarnação
funcione, reconduzindo-os à tua presença, através do berço.
É por isso que, a principio, não ombreiam contigo, em
casa, como de igual para igual, porquanto reaparecem humildes e pequeninos.
Chegam frágeis e emudecidos, para que lhes ensines a
palavra de apaziguamento e brandura.
Não te rogam a liquidação de débitos na intimidade do
gabinete, e sim procuram-te o colo para nova fase de entendimento.
Respiram-te o hálito e escoram-se em tuas mãos,
instalando-se em teus passos, para a transfiguração do próprio destino. Embora
desarmados, controlam-te os sentimentos. Não obstante dependerem de ti,
alteram-te as decisões com simples olhar.
De doces inspiradores do carinho, passam, com o tempo, à
condição de examinadores constantes de tua estrada.
Governam-te impulsos, fiscalizam-te os gestos, observam-te
as companhias e exigem-te as horas.
Aprendem novamente na escola do mundo com o teu amparo,
todavia, à medida que se desenvolvem no conhecimento superior, transformam-se
em inspetores intransigentes do teu grau de instrução.
Muitas vezes choras e sofres, tentando adivinhar-lhes os
pensamentos para que te percebam os testemunhos de amor.
Calas os próprios sonhos, para que os sonhos deles se
realizem.
Apagas-te, a pouco a pouco, para que fuljam em teu lugar.
Recebes todas as dores que te impõem à alma, com sorrisos
nos lábios, conquanto te amarfanhem o coração.
E nunca possuis o bastante para abrilhantar-lhes a
existência, de vez que tudo lhes dás de ti mesmo, sem faturas de serviço e sem
notas de pagamento.
Quando te vejas, diante de filhos crescidos lúcidos,
erguidos à condição de dolorosos problemas do espírito, recorda que são eles
credores do passado a te pedirem o resgate de velhas contas.
Busca auxiliá-los e sustentá-los com abnegação e ternura,
ainda que isso te custe todos os sacrifícios, porque, no justo instante em que
a consciência te afirme tudo haveres efetuado para enriquecê-los de educação e
trabalho, dignidade e alegria, terás conquistado em silêncio, o luminoso
certificado de tua própria libertação.
Emmanuel - Extraído do livro: O Livro da Esperança - Psicografado por Francisco
Cândido Xavier
PRECE DOS FILHOS
Cap. XIV - Item 2 - ESE
Senhor, que criastes as leis que nos regem e o mundo que
nos acolhe; que nos destes a glória solar por luz de vossa onipresença e o
manto estrelado que resplende nos céus por divina promessa de que a vossa
misericórdia fundirá, em láurea fulgurante de redenção, as trevas dos nossos
erros; que sois a justiça nos justos, a santidade nos santos, a sabedoria nos
sábios, a pureza nos puros, a humildade nos humildes, a bondade nos bons, a
virtude nos virtuosos, a vitória nos triunfadores do bem e a fidelidade nas
almas fiéis, derramai a benção de vossa compaixão sobre nós, a fim de que
venhamos, ainda mesmo por relampagueante minuto, a esquecer os horizontes
anuviados da Terra.
Em que se acumulam as vibrações letíferas de nossas
malquerenças e o fumo empestado de nossos desesperos, convertidos na miséria e
no ódio que se voltam, constantes, contra nós, da caliça do tempo !...
Fazei, Senhor, que se nos dobrem as cervizes sobre os
campos do Planeta que semeastes de fontes e embalsamastes de perfumes, que
engrinaldastes de flores e loirejastes de frutos, e se nos acomode o pensamento
na oração, olvidando, por um momento só, a lei de Caim, a que temos atrelado o
carro dos nossos falsos princípios de soberania e de força, ensangüentando
searas e templos, lares e escolas, e assassinando mulheres e crianças, a
invocarmos a chacina e a violência por suposto direito das nações !... E
permiti, ó Deus da liberalidade infinita, que irmanados no santuário doméstico
possamos dealvando o futuro, louvar-nos o nome inefável, reconhecidos e
reverentes, por haverdes concedido às nossas deserções e às nossas calamidades
a coroa de heroísmo e o tesouro de amor que brilham em nossas Mães.
Ruy - Do livro O Espírito da Verdade. Psicografia de
Francisco Candido Xavier e Waldo Vieira.
TERNURA
Mãezinha querida
Lembro-me e ti quando acordei para recordar
Debruçada no meu berço, cantavas baixinho e derramavas no
meu rosto pequeninas gotas de luz, que mais tarde, vim a saber serem lágrimas
Conchegaste-me no colo, como se me transportasses a
brandos ninhos, desde então nunca mais me deixaste.
Quando os outros iam á festa, velavas comigo,
ensinando-me a pronunciar o bendito nome de Deus...
Noutras ocasiões, trabalhavas de agulhas nos dedos,
contando histórias de bondade e alegria para que eu dormisse sonhando...
Se eu fugia, quebrando o pente, ou se voltava da escola
com a roupa em frangalhos, enquanto muita gente falava em castigos, afagavas
minhas mãos entre as tuas ou beijavas os meus cabelos em desalinho.
Depois cresci, vendo-te ao meu lado, à feição de um anjo
entre quatro paredes...
Cresci para o mundo, mas nunca deixei de ser, em teus
braços, a criança pela qual entregaste a vida.
E, até agora, dia a dia, esperas, paciente e doce, o
momento em que me volto para teus olhos, sorrindo pra mim e abençoando-me
sempre, ainda mesmo quando os meus problemas te retalhem o peito por lâminas de
aflição! ...
Hoje ouvi a música dos milhões de vozes que te
engrandecem...
Quis apanhar as constelações do Céu e mistura-las ao
perfume das flores que desabrocham no chão, para tecer-te uma coroa de
reconhecimento e carinho, mas, como não pudesse, venho trazer-te as pétalas de
amor que colhi em minh’alma.
Recebe-as Mãezinha!... Não são pérolas, nem brilhantes da
Terra...
São as lágrimas de ternura que Deus me deu para que te
oferte o meu coração, transformado num poema de estrelas.
MEIMEI - Extraído do livro: O Espírito de Verdade
psicografia de Francisco Cândido Xavier
RESPEITO AOS PAIS
Francisco Cândido Xavier
A mensagem de Maria Dolores – homenagem às Mães – foi
recebida em nossa reunião pública, após a leitura do item 3 do capítulo XIV de
O Evangelho Segundo o Espiritismo. O tema se refere ao respeito que devemos aos
nossos pais na Terra.
Nota – O Dia das Mães encontra grande ressonância no
plano espiritual.
Os espíritos esclarecidos sentem a necessidade de ativar
os sentimentos filiais na Terra, mormente nesta fase de transição em que os
valores morais estão sendo submetidos ao impacto das mudanças de costumes e
portanto do estilo tradicional de vida. É necessário preservar os valores reais
que não se fundam apenas em formalidades sociais, mas também e principalmente
nos deveres espirituais da criatura humana. Maria Dolores é um dos espíritos que,
através de Chico Xavier, mais se dedicam a essa campanha de preservação.
Do livro Astronautas
do Além de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires - Espíritos diversos
OUÇA, MÃEZINHA!
Maria Dolores
Quero lembrar, Mamãe, a vida de criança quando você me
punha de mãos postas e ensinava-me a oração:
– “Pai nosso, que estais no Céu, santificado seja o vosso
nome...”
Depois da prece, ao desunir-me as mãos, voce me
esclarecia:
– “Todos somos irmãos, a lei de Deus ê praticar o bem, perdoar
e servir sem perguntar a quem”.
No entanto, logo após, se alguém me molestava, você
perdia o rosto amigo e protestava incontinenti:
– “Quem ferir a você há de se haver comigo!”
Se me entregava à rebeldia, quebrando o prato ou rasgando
a lição, você me recolhia junto ao peito, e se os vizinhos nos aconselhavam a
fugir da superproteção, você justificava
com seu jeito:
– “Ninguém nasce perfeito, eu só sei que sou mãe...”
Se parentes e amigos me acusavam pelos erros que fiz,
você me defendia revoltada, mostrando-se infeliz...
E depois, a fitar-me enternecidamente, você falava assim:
– “Não creia nas intrigas dessa gente que nada vale para
mim.
Tenho em você um anjo que não erra, que apareceu na Terra
para grande missão...
Será você em nossa casa o nosso apoio e a nossa
salvação!”
Eu tudo ouvia num deslumbramento...
Depois, Mamãe, o tempo, igual ao vento, veio e varreu as
suas profecias.
Quando cresci,
cheguei a acreditar que você fosse egoísta e antiquada, de ânimo violento.
E, acalentando estranhas fantasias,
Troquei o nosso lar por estradas sombrias...
Tudo o que então sofri não sei contar.
Muitas vezes chorei meditando em você, triste sozinha,
nas aflições e magoas que lhe dei, a humilhar-se e lutar por culpa minha!
Um dia regressei
sobre os meus próprios passos.
Tive saudade de voce...
Você me abriu os braços...
Não quis saber o que eu fizera, nem como nem porque...
E ao relatar meus grandes infortúnios, vi pranto nos seus
olhos. eu carinho enlaçou-me e você me falou, cariciosamente, no mesmo antigo e
doce tom de voz:
– “Nunca perca a esperança, meu tesouro!
Deus terá novo rumo para nós”.
Hoje, passado tanto tempo, venho vê-la e beijá-la, Mãe
querida!
Não preciso explicar que não fui anjo, nem gênio
salvador.
Quero apenas dizer que o seu imenso amor fortaleceu-me a
fé e iluminou-me a vida!
E se posso pedir algo de novo, embora não mereça, abrace-me
e perdoe... perdoe e esqueça as lâminas e espinhos que lhe finquei no peito em
forma de aflição.
E depois da oração que você me ensinava, diga, Mamãe, enquanto
estamos sós:
– “Nunca perca a esperança, meu tesouro! Deus terá novo
rumo para nós”.
Do livro Astronautas
do Além de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires - Espíritos diversos
A NOVA DIMENSÃO
Irmão Saulo
Acelera-se a evolução da Terra. Novos tempos abrem-se
diante de nós. Da chamada Era Tecnológica passamos sem sentir para a Era Psicológica.
Começamos a perceber, apesar dos óculos opacos do pragmatismo, que na verdade
não vivemos no plano material, mas no espiritual. Acertam as Filosofias da
Existência ao sustentarem a natureza subjetiva do ato de existir. O homem não é
um ser biológico, mas psíquico. Vivemos de anseias, de aspirações, de sonhos,
de idéias e sentimentos. A própria técnica, aplicada à Psicologia, revela cada
vez mais a intensidade da nossa vida emocional que se sobrepõe à estrutura
tecnológica e dirige a nossa mente em busca da verdade espiritual do homem.
Maria Dolores coloca esse problema na mensagem
comemorativa do Dia das Mães. Tecnicamente procuramos conduzir a criatura
humana através de esquemas psicológicos traçados sob a inspiração das máquinas.
Queremos reajustar comportamentos e reorganizar a vida em termos cibernéticos.
Procuramos dar ao homem a eficiência fria dos mecanismos que movimentam as
máquinas. Mas o homem reage e cai na revolta da angústia, do desespero, da
insubmissão aos esquemas rígidos. O amor desvirtuado, a ternura asfixiada, a
liberdade descontrolada, explodem na revolta dos instintos animais que levam à
enganosa fuga dos tóxicos e das ideologias fratricidas.
Cria-se uma nova terminologia. Escreve-se e fala-se
levianamente sobre impulsos vitais, autenticidade, opressão familiar,
superproteção e coisas semelhantes. Mas a força maior que impulsiona os seres e
move os mundos no espaço fica no esquecimento. Poucos se lembram do poder do
amor e são considerados como passadistas, marginais do progresso, inadaptados
aos novos tempos. Maria Dolores volta a bater na tecla esquecida par@ mostrar
que o verdadeiro amor transcende a todas as nossas ambições técnicas. A mãe
super protetora pode errar nos seus excessos de vigilância mas erra menos do
que os psicólogos de mentalidade cibernética.
O amor materno cobre a loucura dos homens e abre uma nova
dimensão para a vida humana. É a dimensão do humano sobrepondo-se à dimensão do
animal e da máquina. A palavra Mãe, tão pequenina, escapa às medidas técnicas
dos psicólogos mecânicos. É um raio de luz que as peneiras metálicas não
conseguem prender. A senha do futuro abrindo as portas da verdadeira vida. Vale
mais um beijo de mãe de olhos fechados do que todas as técnicas modernas para
corrigir e orientar os filhos.
Do livro Astronautas do Além de Francisco Cândido Xavier
e J. Herculano Pires - Espíritos diversos
CÂNTICO DE LOUVOR
Quando a vida começava no mundo, os pássaros sofriam
bastante.
Pousavam nas árvores e sabiam voar, mas como haviam de
criar os filhotinhos? Isso era muito difícil.
Obrigados a deixar os ovos no chão, viam-se, quase
sempre, perseguidos e humilhados.
A chuva resfriava-os e os grandes animais, pisando neles,
quebravam-nos sem compaixão.
E as cobras? Essas rastejavam no solo, procurando-os para
devorá-los, na presença dos próprios pais, aterrados e trêmulos.
Conta-se que, por isso, as aves se reuniram e rogaram ao
Pai Celestial lhes desse o socorro necessário.
Deus ouviu-as e enviou-lhes um anjo que passou a
orientá-las na construção do ninho.
Os pássaros não dispunham de mãos; entretanto, o
mensageiro inspirou-os a usar os biquinhos e, mostrando-lhes os braços amigos
das árvores, ensinou-os a transportar pequeninas migalhas da floresta,
ajudando-os a tecer os ninhos no alto.
Os filhotinhos começaram a nascer sem aborrecimentos, e,
quando as tempestades apareceram, houve segurança geral.
Reconhecendo que o Pai Celeste havia respondido às suas
orações, as aves combinaram entre si cantar todos os dias, em louvor do Santo
Nome de Deus.
Por essa razão, há passarinhos que se fazem ouvir pela
manhã, outros durante o dia e outros, ainda, no transcurso da noite.
Quando encontrarmos uma ave cantando, lembremo-nos, pois,
de que do seu coraçãozinho, coberto de penas, está saindo o eterno
agradecimento que Deus está ouvindo nos céus.
Xavier, Francisco
Cândido. Da obra: Pai Nosso. Ditado pelo Espírito Meimei.
A FAMA DE RICO
O coronel Manoel Rabelo, influente fazendeiro no Brasil
Central, fora acometido de paralisia nas pernas.
Vivia no leito, rodeado pelos filhos atentos. Muito
carinho. Assistência contínua.
No decurso da doença veio a conhecer a Doutrina Espírita,
que lhe abriu novos horizontes à vida mental.
Pouco a pouco desprendia-se da ideia de posse.
Para que morrer com fama de rico?
Queria agora a paz, a bênção da paz.
Viúvo, dono de expressiva fortuna e prevendo a
desencarnação próxima, chamou os quatro filhos adultos e repartiu entre eles os
seus bens.
Terras, sítios, casas e animais, avaliados em seis
milhões de cruzeiros, foram divididos escrupulosamente.
Com isso, porém, veio a reviravolta.
Donos de riqueza própria, os filhos se fizeram distantes
e indiferentes.
Muito embora as rogativas paternas, as visitas eram raras
e as atenções inexistentes.
Rabelo, muito triste e quase completamente abandonado,
perguntava a si mesmo se não havia cometido precipitação ou imprudência.
Os filhos não eram espíritas e mostravam
irresponsabilidade completa.
Nessa conjuntura, apareceu-lhe antigo e inesperado
devedor. O Coronel Antônio Matias, seu amigo da mocidade, veio desobrigar-se de
empréstimo vultuoso, que havia tomado sob palavra, e pagou-lhe dois milhões de
cruzeiros em cédulas de contado.
Na presença de dois filhos, Rabelo colocou o dinheiro em
cofre forte, ao pé da cama.
Sobreveio o imprevisto.
Os quatro filhos voltaram às antigas manifestações de ternura.
Revezavam-se junto dele. Papas de aveia. Caldos de galinha. Frutas e vitaminas.
Mantinham os cobertores quentes e fiscalizavam a passagem
do vento pelas janelas.
Raramente Rabelo ficava algumas horas sozinho.
E, assim, viveu ainda dois anos, desencarnando em grande
serenidade.
Exposto o cadáver à visitação pública, fecharam-se os
filhos no quarto do morto e, abrindo aflitamente o cofre, somente encontraram
lá um bilhete escrito e assinado pela vigorosa letra paterna, entre as páginas
de surrado exemplar de “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
O papel assim dizia:
“Meus filhos, Deus
abençoe vocês todos.
O dinheiro que me restava distribuí entre vários amigos
para obras espíritas de caridade. Lego, porém, a vocês, o capítulo décimo
quarto de “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
E os quatro,
extremamente desapontados, leram a legenda que se seguia:
“Honrai a vosso
pai e a vossa mãe. — Piedade filial.”
Livro: “Almas em Desfile” Psicografia: Francisco C.
Xavier e Waldo Vieira Espírito: Hilário Silva
EM REVERÊNCIA
Ei-la cansada, com o peito ofegante e o andar em
desalinho, que passa...
O tempo sulcou-lhe a face, apergaminhando-a, deixando em
cada ruga um sofrimento, uma decepção, uma amargura.
Quem a vê não é capaz de avaliar as lutas que travou com
estoicismo demorado.
Talvez tenha vendido o corpo para que o pão minguado não
faltasse totalmente em casa, ou a gota de leite nutriente não fosse negado ao
filho, que sustentou com abnegação e devotamento.
Possivelmente, quando percebeu a presença do gérmen da
vida movimentando-se na intimidade do ventre e cantou a notícia aos ouvidos do
amor que a fecundou, foi convidada a extirpá-lo e preferiu a rota da soledade,
do abandono, ao infanticídio...
Quem sabe os demorados travos de amargura que lhe
tisnaram os lábios e os silêncios que foram sufocados no coração, a fim de que,
misturando as suas com as lágrimas do filho, não o deixasse sofrer em
demasia?...
Há, sim, muitas mães que se transformaram em hienas
desapiedadas. Outras se fizeram indiferentes ao sublime cometimento maternal,
deixando os filhos a esmo. Muitas, incontáveis, fizeram-no vitimadas pela
miséria, pela ignorância, pelo desespero... E são, no entanto, exceção.
Um sem número de jovens traídas no sonho de felicidade a
que se deixaram arrastar, santificaram as horas mais tarde sustentando o
filhinho nos braços como o mais precioso tesouro que jamais ambicionaram.
Desde a hora em que lhes sorriu o pedacinho daquela vida,
parte da sua vida, elas se esqueceram de si mesmas e empenharam-se com
sofreguidão a protegê-lo, acalentando, talvez, a ambição de receberem um amparo
mais tarde para si mesmas, não obstante amparando em regime integral de
proteção e defesa o filhinho que sustinham nos braços...
Há, também, os filhos ingratos, que se transformaram em
abutres que sobrevoam o quase cadáver de quem lhes ofertou o vaso orgânico...
Também os há que se converteram em regaço de luz e em
aroma de benignidade, em santa devoção, tentando retribuir...
Mães - estrelas da Vida, multiplicando vidas!
Filhos - gemas brutas a serem trabalhadas para as
fulgurações estelares!
Muitos corpos não geraram outros corpos, no entanto
fizeram-se mães da dedicação em nome do amor de Nosso Pai, sustentando essas
vidas que não se estiolaram porque elas tomaram a si o ministério de socorrê-las
e ampara-las.
São as mães da abnegação e do sofrimento...
Em singela manjedoura, um dia, uma mulher sublime fez-se
Mãe Santíssima e depois de uma cruz de infâmia transformou-se na mãe-modelo de
todas as mães, simultaneamente mãe de todos nós.
Quando as criaturas da Terra evocam para homenagear a
própria genitora, Maria, a Santíssima, roga ao Filho Celeste que abençoe a
Humanidade, especialmente as mães, no momento em que, ultrajada e sofrida, a
maternidade é considerada punição e desgraça pelas mulheres e pelos homens que
passam enlouquecidos na direção do desespero...
"Honrai a vosso pai e a vossa mãe". Lucas:
capítulo 18º, versículo 20.
"Honrar a seu pai e a sua mãe não consiste apenas em
respeitá-los; é também assisti-los na necessidade; é proporcionar-lhes repouso
na velhice; é cercá-los de cuidados como eles fizeram conosco na
infância". Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 14º - Item 3,
parágrafo 2.
FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas. Pelo
Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 44.
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