6 – Não queirais entesourar para vós tesouros na Terra,
onde a ferrugem e a traça os consomem, e onde os ladrões os desenterram e
roubam. Mas entesourai para vós tesouros no céu, onde não os consomem a
ferrugem nem a traça, e onde os ladrões não o desenterram nem roubam. Porque
onde está o tesouro, aí está também o teu coração.
Portanto vos digo: Não andeis cuidadosos da vossa vida,
que comereis, nem para o vosso corpo, que vestireis. Não é mais a alma do que a
comida, e o corpo mais do que o vestido? Olhai para as aves do céu, que não
semeiam, nem segam, nem fazem provimentos nos celeiros; e, contudo, vosso Pai
celestial as sustenta. Porventura não sois muito mais do que elas? E qual de
vós, discorrendo, pode acrescentar um côvado à sua estatura? E por que andais
vós solícitos pelo vestido? Considerai como crescem os lírios do campo; eles
não trabalham nem fiam; digo-vos mais, que nem Salomão, em toda a sua glória,
se cobriu jamais como um destes. Pois se ao feno do campo, que hoje é e amanhã
é lançado no forno. Deus veste assim, quanto mais a vós, homens de pouca fé? Não
vos aflijais, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos
cobriremos? Porque os gentios é que se cansam por estas coisas. Porquanto vosso
Pai sabe que tendes necessidade de todas elas. Buscai primeiramente o Reino de
Deus e a sua justiça, e todas estas coisas se vos acrescentarão. E assim não
andeis inquietos pelo dia de amanhã. Porque o dia de amanhã a si mesmo trará
seu cuidado; ao dia basta a sua própria aflição. (Mateus, 19-21, 25-34).
7 – Se tomássemos estas palavras ao pé da letra, elas
seriam a negação de toda a previdência e de todo o trabalho, e
conseqüentemente, de todo o progresso. Segundo esse princípio, o homem se
reduziria a um expectador passivo. Suas forças físicas e intelectuais não
seriam postas em atividade. Se essa tivesse sido a sua condição normal na
Terra, ele jamais sairia do estado primitivo, e se adotasse agora esse
princípio, não teria mais nada a fazer. É evidente que não poderia ter sido
esse o pensamento de Jesus, porque estaria em contradição com o que ele já
dissera em outras ocasiões, como no tocante às leis da natureza. Deus criou o
homem sem roupas e sem casa, mas deu-lhe a inteligência para produzi-las.(Ver
cap. XIV, nº 6 e cap. XXV, nº 2).
Não se pode ver nestas palavras, portanto, mais do que
uma alegoria poética da Providência, que jamais abandona os que nela confiam,
mas com a condição de que também se esforcem. É assim que, se nem sempre os
socorre com ajuda material, inspira-lhes os meios de saírem por si mesmos de
suas dificuldades. (Ver cap. XXVII, nº 8)
Deus conhece as nossas necessidades, e a elas provê,
conforme for necessário. Mas o homem, insaciável nos seus desejos, nem sempre
contenta-se com o que tem. O necessário não lhe basta, ele quer também o
supérfluo. É então que a Providência o entrega a si mesmo. Freqüentemente ele
se torna infeliz por sua própria culpa, e por não haver atendido as
advertências da voz da consciência, e Deus o deixa sofrer as conseqüências,
para que isso lhe sirva de lição no futuro. (Ver cap. V, nº 4).
8 – A Terra produz o suficiente para alimentar a todos os
seus habitantes, quando os homens souberem administrar a sua produção, segundo
as leis de justiça, caridade e amor ao próximo. Quando a fraternidade reinar
entre os povos, como entre as províncias de um mesmo império, o que sobrar para
um determinado momento, suprirá a insuficiência momentânea de outro, e todos
terão o necessário. O rico, então, considerará a si mesmo como um homem que
possui grandes depósitos de sementes: se as distribuir, elas produzirão ao
cêntuplo, para ele e para os outros; mas, se as comer sozinho, se as
desperdiçar e deixar que se perca o excedente do que comeu, elas nada
produzirão, e todos ficarão em necessidade. Se as fechar no seu celeiro, os
insetos as devorarão. Eis por que Jesus ensinou: Não amontoeis tesouros na
Terra, pois são perecíveis, mas amontoai-os no céu, onde são eternos. Em outras
palavras: não deis mais importância aos bens materiais do que aos espirituais,
e aprendei a sacrificar os primeiros em favor dos segundos. (Ver cap. XVI, nº 7
e segs.).
Não é através de leis que se decretam a caridade e a
fraternidade. Se elas não estiverem no coração, o egoísmo as asfixiará sempre.
Fazê-las ali penetrar, é a tarefa do Espiritismo.
TEXTOS DE APOIO
COMUNIDADE
“Porque com o juízo quê julgardes, sereis julgados e a medida
com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.” Jesus (Mateus, 7:2)
“A caridade e a fraternidade não se decretam em
leis. Se uma e a outra não estiver em nosso
coração, o egoísmo ai sempre imperará. Cabe ao Espiritismo fazê-los, penetrar nele.”
(Cap. 25, Item 8)
Sempre que possas, lança um gesto de amor àqueles que se
apagam no dia a dia, para que te não faltem segurança e conforto.
Vértice não se empina sem base.
Banqueteias-te, selecionando iguarias.
Legiões de pessoas se esfalfam nas tarefas do campo ou nas
lides da indústria para que o pão te não falhe.
Resides no lar, onde restauras as forças.
Dezenas de obreiros sofreram duras provas ao levantá-lo.
Materializas o pensamento na página fulgurante que o teu
nome chancela.
Multidões de operários atendem ao serviço, para que o
papel te obedeça.
Ostentas o cetro da autoridade.
Milhares de companheiros suportam obscuras atividades
para que o poder te brilhe nas mãos.
Quanto puderes, como puderes e onde puderes, na pauta da
consciência tranquila, cede algo dos bens que desfrutas, em favor dos
companheiros anônimos que te garantem os bens.
Protege os braços que te alimentam.
Ajuda aos que te sustentam a moradia.
Escreve em auxílio dos que te favorecem a inteligência.
Ampara os que te asseguram o bem estar.
Ninguém consegue ser ou ter isso ou aquilo, sem que
alguém lhe apoie os movimentos naquilo ou nisso.
Trabalha a benefício dos outros, considerando o esforço que
os outros realizam por ti.
Não há rio sem fontes, como não existe frente sem
retaguarda.
Na terra, o astrônomo que define a luz das estrelas é também
constrangido a sustentar-se com os recursos do chão.
LIVRO DA ESPERANÇA (pelo Espírito Emmanuel) FCX
PALAVRAS DE JESUS
“Olhai para as
aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai
Celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?” JESUS;
MATEUS, 6: 26.
“Deus conhece as nossas necessidades e a elas provê, como
for necessário.
O homem, porém, insaciável nos seus desejos, nem sempre
sabe contentar-se com o que tem: o necessário não lhe basta, reclama o
supérfluo. A Providência, então, o deixa entregue a si mesmo. ” Cap. 25, 7.
Vale-se muita gente do Evangelho para usar as expressões
literais do Senhor, sem qualquer consideração para com o sentido profundo que
as ditou, simplesmente para exaltar conveniência e egoísmo.
Exortou o Divino Mestre: “Não vos inquieteis pelo dia de
amanhã.
Encontramos aqueles que se baseiam nestas palavras,
destinadas a situar-nos na eficiência tranqüila, para abraçarem deserção e
preguiça, olvidando que o próprio Jesus nos advertiu: “Andai enquanto tendes
luz.
” Asseverou o Eterno Amigo: “Nem só de pão vive o homem.
” Há companheiros que se estribam em semelhante conceito,
dedicado a preservar-nos contra a volúpia da posse, para assumirem atitudes de
relaxamento e desprezo, à frente do serviço de organização e previdência da
vida material, sem se lembrarem de que Jesus multiplicou pães, no monte,
socorrendo a multidão cansada e faminta.
Afirmou o Excelso Benfeitor: “Realmente há Céus.
“ Em todos os círculos do ensinamento cristão, aparecem
os que se aproveitam da afirmativa, dedicada a imunizar-nos contra as
calamidades da avareza, para lançarem diatribes contra o dinheiro e sarcasmos
contra os irmãos chamados a manejá-lo, na sustentação do trabalho e da
beneficência, da educação e do progresso, incapazes de recordar que Jesus
honrou a finança dignamente empregada, até mesmo nos dois vinténs com que a
viúva pobre testemunhou a própria fé.
Disse o Cristo: “Não julgueis.”
” Em toda parte, surpreendemos os que se prevalecem do
aviso que nos acautela contra os desastres da intolerância, para acobertarem
viciação e má-fé sem se prevenirem de que Jesus nos recomendou igualmente:
“Orai e vigiai a fim de não cairdes em tentação.”
” Admoestou o Mestre dos Mestres: “Ao que vos pedir a
túnica, cedei também a capa.”
” Não poucos mobilizam o asserto consagrado a impelir-nos
ao -culto do desprendimento e da gentileza, para estabelecerem regimes de
irresponsabilidade e negligência, quando o Cristo nos preceituou a obrigação de
entregar a cada um aquilo que lhe pertence, até mesmo nas questões mínimas do
imposto exigido pelos poderes públicos, ao solicitar -nos: “Dai a César o que é
de César.”
” Não podemos esquecer que as palavras do Cristo, no
curso dos séculos, receberam interpretações adequadas aos interesses de grupos,
circunstâncias, administrações e pessoas.”
A Doutrina Espírita brilha hoje, porém, diante do
Evangelho, não apenas para aliviar e consolar, mas também para instruir e
esclarecer.
Emmanuel - do
livro: O Livro da Esperança -
Psicografado por Francisco Cândido Xavier
VIDA E POSSE
"Não é a vida mais que o alimento ?" – Jesus –
(Mateus, 6:25.)
Aconselha-te com a prudência para que teu passo não ceda
à loucura.
Há milhares de pessoas que efetuam a ramagem carnal,
amontoando posses exteriores, à gana de ilusória evidência.
Senhoreiam terras que não cultivam.
Acumulam ouro sem proveito.
Guardam larga cópia de vestimenta sem qualquer utilidade.
Retém grandes arcas de pão que os vermes devoram.
Disputam remunerações e vantagens de que não necessitam.
E imobilizam-se no medo ou no tédio, no capricho maligno
ou nas doenças imaginárias, até que a morte lhes reclama a devolução do próprio
corpo.
Não olvides, assim, a tua condição de usufrutuário do
mundo, e aprende a conservar no próprio íntimo os valores da grande vida.
Vale-te dos bens passageiros para estender o bem eterno.
Aproveita os obstáculos para incorporar a riqueza da
experiência
Não retenhas recursos externos de que não careças.
Não desprezes lição alguma.
Começa a luta de cada dia, com o deslumbramento de quem
observa a beleza pela primeira vez e agradece a paz da noite como quem se
despede do mundo para transferir-se de residência.
Ama pela glória de amar.
Serve sem prender-te.
Lembra-te de que amanhã restituirás à vida o que a vida
te emprestou, em nome de DEUS, e que os tesouros de teu espírito serão apenas
aqueles que houveres amealhado em ti próprio, no campo da educação e das boas
obras.
Emmanuel - Francisco Cândido Xavier, livro Palavras de
Vida Eterna,
CUIDADOS
"Não vos
inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã, cuidará de si
mesmo". - Jesus. (MATEUS, 6:34.)
Os preguiçosos de
todos os tempos nunca perderam o ensejo de interpretar falsamente as
afirmativas evangélicas.
A recomendação de
Jesus, referente à inquietude, é daquelas que mais se prestaram aos argumentos
dos discutidores ociosos.
Depois de
reportar-se o Cristo aos lírios do campo, não foram poucos os que reconheceram
a si mesmos na condição de flores, quando não passam, ainda, de plantas
espinhosas.
Decididamente, o
lírio não fia, nem tece, consoante o ensinamento do Senhor, mas cumpre a
vontade de Deus.
Não solicita a
admiração alheia, floresce no jardim ou na terra inculta, dá seu perfume ao
vento que passa, enfeita a alegria ou conforta a tristeza, é útil à doença e à
saúde, não se revolta quando fenece o brilho que lhe é próprio ou quando mãos
egoístas o separam do berço em que nasceu.
Aceitaria o homem
inerte o padrão do lírio, em relação à existência na comunidade? Recomendou
Jesus não guarde a alma qualquer ânsia nociva, relativamente à comida, ao
vestuário ou às questões acessórias do campo material; asseverou que o dia,
constituindo a resultante de leis gerais do Universo, atenderia a si próprio.
Para o discípulo
fiel, agasalhar-se e alimentar-se são verbos de fácil conjugação e o dia
representa oportunidade sublime de colaboração na obra do bem.
Mas basear-se
nessas realidades simples para afirmar que o homem deva marchar, sem cuidado
consigo, seria menoscabar o esforço do Cristo, convertendo-lhe a plataforma
salvadora em campanha de irresponsabilidade.
O homem não pode
nutrir a pretensão de retificar o mundo ou os seus semelhantes de um dia para
outro, atormentando-se em aflições descabidas, mas deve ter cuidado de si,
melhorando-se, educando-se e iluminando-se, sempre mais.
Realmente, a ave
canta, feliz, mas edifica a própria casa.
A flor adorna-se,
tranqüila; entretanto, obedece aos desígnios do Eterno.
O homem deve viver
confiante, sempre atento, todavia, em engrandecer-se na sabedoria e no amor
para a obra divina da perfeição.
Livro: Vinha de
Luz - Emmanuel - Psicografia de Chico Xavier
PRESCRIÇÕES DE PAZ
"Portanto,
não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus
cuidados..." - JESUS. (Mateus, 6:34.).
Na garantia do
próprio equilíbrio, alinhemos algumas indicações de paz, destinadas a imunizar-nos
contra a influência de aflições e tensões, nas quais, tanta vez
imprevidentemente arruinamos tempo e vida:
- corrigir em nós as deficiências suscetíveis de
conserto, e aceitar-nos, nas falhas cuja supressão não depende ainda de nós,
fazendo de nossa presença o melhor que pudermos, no erguimento da felicidade e
do progresso de todos:
- tolerar os obstáculos com que somos atingidos, ante os
impositivos do aperfeiçoamento moral, e entender que os outros carregam
igualmente os deles;
- observar ofensas como retratos dos ofensores, sem
traçar-nos a obrigação de recolher semelhantes clichês de sombra;
- abolir inquietações ao redor de calamidades anunciadas
para o futuro, que provavelmente nunca virão a sobrevir;
- admitir os pensamentos de culpa que tenhamos adquirido,
mas buscando extinguir-lhes os focos de vibrações em desequilíbrio, através de
rejustamento e trabalho;
- nem desprezar os entes queridos, nem prejudicá-los com
a chamada superproteção tendente a escravizá-los ao nosso modo de ser;
- não exigir do próximo aquilo que o próximo ainda não
consegue fazer;
- nada pedir sem dar de nós mesmos;
- respeitar os pontos de vista alheios, ainda quando se
patenteiam contra nós, convencidos quanto devemos estar de que pontos de vista
são maneiras, crenças, opiniões e afirmações peculiares a cada um;
- não ignorar as crises do mundo; entretanto, reconhecer
que, se reequilibrarmos o nosso próprio mundo por dentro - esculpindo-lhe a
tranqüilidade e a segurança em alicerces de compreensão e atividade,
discernimento e serviço - perceberemos,
de pronto, que as crises externas são fenômenos necessários ao burilamento da
vida, para que a vida não se tresmalhe da rota que as Leis do Universo lhe assinalam
no rumo da perfeição.
Francisco Cândido
Xavier - Livro Ceifa de Luz - Pelo Espírito Emmanuel
AGUILHÕES
INVISÍVEIS
Remédio eficiente para a obsessão
Francisco Cândido
Xavier
Envio-lhe uma página do nosso Cornélio. Antecedendo a
nossa reunião, o entendimento fraterno desdobrava-se em torno do problema de
supressão das influências destruidoras. Obsessões em forma de doenças e
vibrações agressivas em forma de aguilhões invisíveis, foram os temas que nos
animaram a conversação.
Chamados pelo horário às tarefas espirituais, demos
início à reunião. O Evangelho Segundo o Espiritismo nos deu para estudo o item
7 do capítulo XXV. Após os comentários dos amigos a respeito, no término de
nossas atividades, o nosso amigo Cornélio Pires nos ofertou o soneto Consulente
Difícil.
CONSULENTE DIFÍCIL
Cornélio Pires
Veio à sessão Nhô João do Rio Raso
Curar a obsessão que o perseguia.
Rogou cansado a irmão José Maria:
– Socorro, irmão, na luta em que me arraso!
O guia disse: “João, qualquer atraso,
Doença, provação, melancolia,
São curados na prece dia a dia.
Mas ouça, ninguém vive por acaso.”
E prosseguiu: “Embora a fé nos guarde,
Trabalhe e sirva, antes que seja tarde.
Mais trabalho no bem, mais alegria!”
Mas Nhô João replicou, rude e vermelho:
– Não vim pedir serviço nem conselho,
Larva do Astral, você nunca foi guia!”
REMÉDIO FÁCIL
Irmão Saulo
A obsessão é um mal de cura difícil, mas de remédio fácil.
Se os doentes aceitassem o remédio, a cura se processaria com maior rapidez. Em
geral os casos de obsessão demandam longo e paciente trata-mento, porque os
doentes não tornam o remédio. Isso não quer dizer que se o tornassem ficariam
curados em quinze minutos. As curas instantâneas de obsessões são ilusórias. Só
Jesus as fazia, quando verificava que as consequências do passado estavam
esgotadas. Então dizia ao doente curado: “Perdoados foram os teus pecados”, o
que escandalizava os judeus, conhecedores das dificuldades do exorcismo que
seus rabinos praticavam.
A obsessão tem suas raízes nas vidas anteriores. E essas
raízes mergulham fundo no chão do sentimento, da afetividade. Afetos e desafios
de ontem determinam as obsessões de hoje. Criaturas que prejudicamos em vidas
passadas, vêm agora cobrar o que lhes fizemos. Se estão doentes até hoje,
aproximam-se de nós e por meio da indução, nos transmitem os seus males.
Sofremos, então, o que fizemos os outros sofrerem. Não há, pois, nenhum
fenômeno novo de indução a ser descoberto no Espiritismo. A indução é o
processo pelo qual se realiza a obsessão. Muitas vezes o obsessor consegue
aproximar do obsedado um doente aparentemente estranho, para que a indução de
um novo mal se processe pela aproximação.
O remédio é fácil. Apoiados em nossa fé, temos de usar a
prece dia a dia e empenhar-nos no trabalho do bem. Esse trabalho nos
proporciona alegria, porque nos liberta do passado egoísta, nos tira da
consciência o peso opressor que facilitava a nossa sintonia com os obsessores.
Como vemos, o soneto de Cornélio Pires é um primor de síntese. Em apenas
catorze versos o poeta caipira nos transmite uma verdadeira aula sobre
obsessão.
Do livro Diálogo dos Vivos. Espíritos Diversos.Psicografia
de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires.
A LENDA DA ÁRVORE
No princípio do mundo, quando os vários reinos da
Natureza já se achavam apaziguados e enquanto o ouro e o ferro repousavam no
subsolo, o homem, os animais de grande porte, os passarinhos, as borboletas, as
ervas e as águas viviam na superfície da Terra... E o Supremo Senhor, notando
que os serviços planetários se desdobravam regularmente, chamou-os ao seu Trono
de Luz, a fim de ouvi-los.
A importância audiência do Todo-Poderoso começou pelo
Homem, que se aproximou do Altíssimo e informou:
— Meu Pai, o globo terrestre é nossa gloriosa oficina.
Minha esposa, tanto quanto eu, se sente muito feliz; entretanto, experimentamos
falta de alguém que nos faça companhia, em torno do lar, e nos auxilie a criar
os filhinhos.
O Todo-Misericordioso mandou anotar a referência do Homem
e continuou a ouvir as outras criaturas.
Veio o Boi e falou:
— Senhor, estou muito bem; contudo, vagueio sem descanso
durante as horas do sol. Grande é a minha fadiga e a resistência cada vez
menor...
Veio o Cavalo e reclamou:
— Eu também, Grande Rei, sinto aflitivo calor cada dia...
Aproximou-se a Corça e rogou:
— Poderoso, estou exposta à perseguição de toda gente.
Não terei a graça de um ser amigo que me proteja e defenda?
Logo após, surgiu gracioso passarinho e suplicou:
— Celeste Monarca, recebi a bênção da vida, mas não tenho
recursos para fazer meu ninho. Nas pastagens rasteiras, não posso construir a
casa...
Adiantou-se a Borboleta e implorou:
— Meu Deus, tudo é belo no muno; todavia, onde
repousarei?
Em último lugar, chegou o Rio e disse:
— Grande Senhor, venho cumprindo os meus deveres na
Terra, escrupulosamente, mas preciso de alguém que me ajude a conservar as
águas...
O Supremo Soberano ficou pensativo e prometeu
providenciar.
No dia imediato, toda a Terra apareceu diferente.
As árvores robustas e acolhedoras haviam surgido,
representando a sublime resposta de Deus.
Francisco Cândido Xavier. Da obra: Alvorada Cristã. Ditado
pelo Espírito Neio Lúcio.
DESCUIDOS
"Frequentemente, ele se torna infeliz por culpa sua
e por haver desatendido à voz que por intermédio da consciência o advertia.
Nesses casos, Deus fá-lo sofrer as consequências, a fim de que lhe sirvam de
lição para o futuro." O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO Capítulo 25º -
Item 7.
Mesmo antes que a ulceração interna desse início ao
processo enfermiço de desgaste orgânico, a ira foi comensal das tuas horas e a
irritabilidade exagerada perturbou o equilíbrio da máquina físio-psicológica,
ensejando o desajuste, agora de complicada erradicação.
Até que a obsessão se transformasse numa distonia
psíquica de gravidade compreensível, a intolerância caracterizou os atos da tua
vida, dificultando o auxílio espiritual e equilibrante com que amigos
encarnados e desencarnados desejaram libertar-te.
Mesmo quando a velhice prematura se apossou da tua
organização celular, já permitias que os impulsos inferiores que te vergastavam
interiormente, em choques emocionais que dilaceravam o aparelho nervoso em
constantes desatinos, conseguissem o desarranjo das peças orgânicas de difícil
reparo.
Tombaste no despenhadeiro do desânimo porque consideravas
a fé como rotulagem desagradável e pouco te empenhaste no estudo e observância
das questões do espírito, que redundaram em anarquia emocional e desestímulo
nos centros vitais do mundo psico-físico.
Diante da aflição que assoma devastadora, acreditaste que
paz de espírito é oásis de repouso ao revés de campo de trabalho e malbarataste
a dádiva do repouso, enfrentando, sem forças, os dias de luta.
Ao maldizeres as horas de trabalho com os filhinhos
bulhentos e sadios, pensa nas mães crucificadas na luta de sofrimentos
inenarráveis de filhos paralíticos ou dementes, esperançadas e confiantes em
Deus.
Antes de desatrelares o corcel da vindita recorda os
heróis do silêncio nobre, os mártires da verdade, os anjos do sacrifício, os
santos da paciência, todos incompreendidos e sofredores construindo as bases da
tua e da felicidade de todos.
No ato da crítica mordaz e impiedosa contra alguém
considera as próprias forças em luta contra as tuas fragilidades e examina os
insucessos ante as tentações, concedendo aos outros as mesmas excusas em que te
resguardas.
No momento de lamentação contempla os companheiros à tua
volta e os problemas que deles conheces te dirão muito: medita, então, nos que
possivelmente eles têm sem que o saibas, muito mais graves do que imaginas, e
resiste à leviandade de queixar, reclamar, derramar azedume injustificado pelo
roteiro de ascensão.
Desejando tranquilidade radiosa trabalha com humildade no
bem, arrimado ao espírito de serviço desinteressado, anônimo e fiel,
conservando as esperanças até à hora da frutescência que te enriquecerá a gleba
do coração com as messes de luz.
Zela pela organização que te serve de veículo no caminho
evolutivo antes da enfermidade.
Armazena equilíbrio íntimo no curso incessante das horas
de atividade antes da desdita.
Oração e vigilância como curso preparatório na academia
de aprendizagem reparadora antes do compromisso negativo.
Exercício de paciência e meditação acurada nos objetivos
da vida antes do sofrimento que virá, inevitavelmente.
Ação salutar e descortínio de deveres positivos, antes da
desencarnação, "enquanto é dia", porque.
... Porque depois o quadro é diverso.
Tardia a hora do arrependimento, inadequada a
contribuição do dito: "se eu soubesse!"
Todos sabemos o que devemos e o que não devemos fazer,
após travados os primeiros contatos com a mensagem clarificante do Evangelho.
Educação, pois, antes.
Disciplina antes.
Antes Instrução.
Antes Amor.
Caridade e cuidados antes do erro, do crime, da queda.
Mesmo Jesus, o Incomparável Sábio, antes do Gólgota
arregimentou amigos, disseminou misericórdia em forma de amor, saúde e alegria,
renovou as concepções espirituais da vida nas mentes daqueles que O seguiam,
distendeu a verdade a todas as gentes, porque à hora do testemunho, levaria
consigo o que fez, em nome do Pai, como realmente aconteceu, e não o que
desejou fazer no messianato de luz para que veio.
FRANCO, Divaldo Pereira. Espírito e Vida. Pelo Espírito
Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 34.
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