Realmente, excluir a cultura espiritual, em seus diversos ângulos, da posição luminosa a que todos devemos aspirar, seria rematada insensatez.
Aprender sempre para melhor conhecer e servir é a destinação de quem se consagra fielmente ao Mestre Divino.
Urge, no entanto, compreender, no imediatismo da experiência humana, que se o Salvador recomendou aos discípulos brilhassem, à frente dos homens, não se esqueceu de acrescentar que essa claridade deveria resplandecer, de tal maneira, que eles nos vejam as boas obras, rendendo graças ao Pai, em forma de alegria com a nossa presença.
Ninguém se iluda com os fogos fátuos do intelectualismo artificioso.
Ensinemos o caminho da redenção, tracemos programas salvadores onde estivermos; brilhe a luz do Evangelho em nossa boca ou em nossa frase escrita, mas permaneçamos convencidos de que se esses clarões não descortinam as nossas boas obras, seremos invariavelmente recebidos no ouvido alheio e no alheio entendimento, entre a expectação e a desconfiança, porque somente em fundido pensamento, verbo e ação, no ensinamento do Cristo Jesus, haverá em torno de nós glorificação construtiva ao Nosso Pai que está nos Céus.
EMMANUEL - LIVRO VINHA DE LUZ
Noutros lances da luta com que somos defrontados por manifestações de má fé, a raiarem por dilapidações morais inomináveis, supomos que paciência é tudo deixar como está para ver como fica.
Isso, porém, constará das lições da vida ou da natureza?
Células orgânicas, quando ocorrem acidentes ao veiculo físico, estabelecem processos de defesa, trabalhando mecanicamente na preservação da saúde corpórea, enquanto isso lhes é possível.
Vegetais humildes devastados no tronco, não renunciam à capacidade de resistência e, enquanto dispõem das possibilidades necessárias, regeneram os próprios tecidos, preenchendo as finalidades a que se destinam.
Paciência não é conformismo; é reconhecimento da dificuldade existente, com a disposição de afastá-la sem atitude extremista.
Nem deserção da esfera de luta e nem choro improfícuo na hora do sofrimento.
Sejam como sejam os entraves e as provações, a paciência descobre o sistema de removê-los.
Em assim, nos externando não nos referimos à complacência culposa que deita um sorriso blandicioso para a leviandade fingindo ignorá-la.
Reportamo-nos à compreensão que identifica a situação infeliz e articula meios de solucionar-lhe os problemas sem alardear superioridade.
Paciência, no fundo, é resignação quando as injúrias sejam desferidas contra nós em particular, mas sempre que os ataques sejam dirigidos contra os interesses do bem de todos, paciência e perseverança tranquila no esclarecimento geral, conquanto semelhante atitude, às vezes, nos custe sacrifícios imensos.
Jesus foi a paciência sem lindes, no entanto, embora suportasse sereno todos os golpes que lhe foram endereçados, pessoalmente preferiu aceitar a morte na cruz a ter de aplaudir o erro ou acumpliciar-se com o mal.
EMMANUEL - LIVRO DA ESPERANÇA
Meu amigo, no vasto caminho da Terra, cada criatura procura o alimento espiritual que lhe corresponde à posição evolutiva.
A abelha suga a flor, o abutre reclama despojos, o homem busca emoções.
Mas ainda mesmo no terreno das emoções, cada espírito exige tipos especiais.
Há sofredores inveterados que outra coisa não demandam além do
Suprem a mente de torturas contínuas e não pretendem construir senão a piedade alheia, sob a qual se comprazem.
Temos os ironistas e caçadores de gargalhadas que apenas solicitam motivos para o sarcasmo de que se alimentam.
Observamos os discutidores que devoram páginas respeitáveis, com o único objetivo de recolher contradições para sustentarem polêmicas infindáveis.
Reparamos os temperamentos enfermiços que sorvem tóxicos intelectuais, através de livros menos dignos, com a incompreensível alegria de quem traga envenenado licor.
Nos variados climas do mundo, há quem se nutra de tristeza, de insulamento, de prazer barato, de revolta, de conflitos, de cálculos, de aflições, de mentiras...
O discípulo de Jesus, porém — aquele homem que já se entediou das substâncias deterioradas da experiência transitória —, pede a luz da sabedoria, a fim de aprender a semear o amor em companhia do Mestre...
Para os companheiros que esperam a vida renovada em Cristo, famintos de claridade eterna, foram escritas as páginas deste livro despretensioso.
Dentro dele não há palavras de revelação sibilina.
Traduz, simplesmente, um esforço para que nos integremos no Evangelho, celeiro divino do nosso pão de imortalidade.
Não é exortação, nem profecia. É apenas convite.
Convite ao trabalho santificante, planificado no Código do Amor Divino.
Se a candeia ilumina, queimando o próprio óleo, se a lâmpada resplende, consumindo a energia que a usina lhe fornece, ofereçamos a instrumentalidade de nossa vida aos imperativos da perfeição, para que o ensinamento do Senhor se revele, por nosso intermédio, aclarando a senda de nossos semelhantes.
O Evangelho é o Sol da Imortalidade que o Espiritismo reflete, com sabedoria, para a atualidade do mundo.
Brilhe vossa luz! — proclamou o Mestre.
Procuremos brilhar! — repetimos nós
EMMANUEL - VINHA DE LUZ
E ele mesmo, o Mestre Divino, é a nossa divina luz na evolução planetária.
Admitia-se antigamente que a recomendação do Senhor fosse mero aviso de essência mística, conclamando profitentes do Culto externo da escola religiosa a suposto relevo individual, depois da morte, na imaginária corte celeste.
Hoje, no entanto, reconhecemos que a lição de Jesus deve ser aplicada em todas as condições, todos os dias.
A própria ciência terrena atual reconhece a presença da luz em toda parte.
O corpo humano, devidamente estudado, revelou-se, não mais como matéria coesa, senão espécie de veículo energético, estruturado em partículas infinitesimais que se atraem e se repelem, reciprocamente, com o efeito de microscópicas explosões de luz.
A Química, a Física e a Astronomia demonstram que o homem terrestre mora num reino entrecortado de raios.
Na intimidade desse glorioso império da energia, temos os raios mentais condicionando os elementos em que a vida se expressa.
O pensamento é força criativa, a exteriorizar-se, da criatura que o gera, por intermédio de ondas sutis, em circuitos de ação e reação no tempo, sendo tão mensurável como o fotônio que, arrojado pelo fulcro luminescente que o produz, percorre o espaço com Velocidade determinada, sustentando o hausto fulgurante da Criação.
A mente humana é um espelho de luz, emitindo raios e assimilando-os, repetimos.
Esse espelho, entretanto, jaz mais ou menos prisioneiro nas sombras espessas da ignorância, à maneira de pedra valiosa incrustada no cascalho da furna ou nas anfractuosidades do precipício.
Para que retrate a irradiação celeste e lance de si mesmo o próprio brilho, é indispensável se desentrance das trevas, à custa do esmeril do trabalho.
Reparamos, assim, a necessidade imprescritível da educação para todos os seres.
Lembremo-nos de que o Eterno Benfeitor, em sua lição verbal, fixou na forma imperativa a advertência a que nos referimos: “Brilhe vossa luz.”
Isso quer dizer que o potencial de luz do nosso espírito deve fulgir em sua grandeza plena.
E semelhante feito somente poderá ser atingido pela educação que nos propicie o justo burilamento.
Mas a educação, com o cultivo da inteligência e com o aperfeiçoamento do campo íntimo, em exaltação de conhecimento e bondade, saber e virtude, não será conseguida tão-só à força de instrução, que se imponha de fora para dentro, mas sim com a consciente adesão da vontade que, em se consagrando ao bem por si própria, sem constrangimento de qualquer natureza, pode libertar e polir o coração, nele plasmando a face cristalina da alma, capaz de refletir a Vida Gloriosa e transformar, conseqüentemente, o cérebro em preciosa usina de energia superior, projetando reflexos de beleza e sublimação.
EMMANUEL - PENSAMENTO E VIDA
Conhecimento evangélico é sol na alma.
Compreendendo a responsabilidade de que somos investidos, esposando a Boa Nova por ninho de nossos sentimentos e pensamentos, busquemos exteriorizar a flama renovadora que nos clareia por dentro, a fim de que a fé não seja uma palavra inoperante em nossas manifestações.
Onde repontem espinheiros da incompreensão, sê a bênção do entendimento fraterno.
Onde esbraveje a ofensa, sê o perdão que asserena e edifica.
Onde a revolta incendeie corações, sê a humildade que restaura a serenidade e a alegria.
Onde a discórdia ensombre o caminho, sê a paz que se revela no auxílio eficiente e oportuno.
Não olvidemos que a luz brilha dentro de nós.
Não lhe ocultemos os raios vivificantes sob o espesso velador do comodismo, nas teias do interesse pessoal.
Entretanto, não nos esqueçamos igualmente de que o sol alimenta e equilibra o mundo inteiro sem ruído, amparando o verme e a flor, o delinquente e o santo, o idiota e o sábio em sublime silêncio.
Não suponhas que a lâmpada do Evangelho possa fulgurar através de acusações ou amarguras.
Enquanto a ventania compele o homem a ocultar-se, a claridade matinal, tépida e muda, o encoraja ao trabalho renovador.
Inflamando o coração no luzeiro do Cristo, saibamos entender e servir com Ele, sem azedume e sem crítica, sem reprovação e sem queixa, na certeza de que o amor é a garantia invulnerável da vitória imperecível.
EMMANUEL - LIVRO ABRIGO
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