Chiquinho era um menino muito alegre que morava numa vila. Conquistava muitos amigos e vivia rodeado de crianças, com as quais brincava nas horas de folga.
Numa bela manhã, quando ele ia para a escola, avistou seu amigo Dinho debruçado na janela de sua casa, a segurar um brinquedo novo.
– Que brinquedo engraçado! – pensou Chiquinho.
– Quando terminar a aula, vou até a casa de Dinho para ver seu novo brinquedo – disse Chiquinho bem baixinho, quando já chegava ao portão da escola.
Prim… Prim… A campainha anunciava o encerramento das aulas.
Chiquinho vai para casa, troca de roupa, almoça e correndo se dirige à casa de Dinho, pois queria ver logo aquele brinquedo tão diferente.
– Dinho!… Dinho!… – chamou Chiquinho.
– Dinho foi para a escola! – respondeu a mãe do menino, aparecendo na janela.
– E agora!? Vou esperar – pensava Chiquinho, que tão curioso estava, que nem se lembrou que seu amigo ia à escola na parte da tarde.
Chiquinho sentou-se na soleira da porta da casa de Dinho e esperou… esperou…
Ao cair da tarde, Dinho aparece na esquina.
E… Vejam… Ele traz seu brinquedo novo nas mãos!
Chiquinho olhava encantado. Que coisa era aquela girando na ponta de uma varinha, parece que vai voar! E as cores… conforme girava, elas iam se alternando, num vai-e-vem de verde, amarelo, azul e vermelho. Que beleza! O que fazia aquele brinquedo girar?
– Veja, Chiquinho, que lindo brinquedo eu ganhei! – exclamou Dinho, ao ver o amigo sentado à porta de sua casa.
Por longas horas os dois companheiros brincaram. Ora um, ora outro segurava o brinquedo.
A noite chegou e Chiquinho precisava ir para sua casa. E, como havia gostado muito daquele brinquedo, pediu ao Dinho:
– Posso levar emprestado seu brinquedo novo? Amanhã, antes de ir para a escola eu lhe devolvo!
Apesar de Dinho também gostar muito de seu novo divertimento, atendeu ao pedido do colega.
Chiquinho pulava de alegria, e quanto mais pulava e corria em direção à sua casa, mais aquele brinquedo encantador girava.
– O que faz esse brinquedo girar? – perguntava o menino.
Ao chegar em casa, foi correndo mostrar à sua mãe o brinquedo que Dinho lhe havia emprestado.
Papai ficava feliz em ver seu menino pulando e correndo, fazendo girar aquela nova diversão que arranjara.
– Chiquinho! – disse o papai – cuidado para não estragar este brinquedo, ele não é seu.
O menino estava tão encantado que não prestou muita atenção no que seu pai lhe dissera.
– Venham jantar! – chamou a mamãe. Não deixem a sopa esfriar! Lavem as mãos.
Chiquinho, sentindo o cheiro gostoso da sopa que a mamãe prepara, mais que depressa largou o brinquedo sobre a cadeira da sala e dirigiu-se à cozinha para saborear a sopa quentinha. Por alguns instantes, esqueceu-se do brinquedo que gira… gira…
Depois do jantar, ouviu sua mãe perguntar:
– Já fez a tarefa da escola?
Chiquinho, que havia passado a tarde esperando pelo amigo, não fez o dever escolar. Então, imediatamente pegou seus cadernos, livros e lápis e pôs-se a executar a tarefa. Não se lembrava mais do precioso brinquedo que o amigo carinhosamente lhe emprestou.
Terminada a tarefa, guardou seu material escolar, escovou os dentes e quando já ia se deitar…
– Ei… E o brinquedo de Dinho! Vou busca-lo – pensou rapidamente o menino.
– Oh!… Não está onde deixei! Onde estará o brinquedo? – indagava preocupado.
– Mamãe, você viu o brinquedo que gira?
– Papai, você sabe onde está o brinquedo de Dinho que coloquei sobre a cadeira?
Ninguém havia visto…
– Como vou explicar ao meu amigo que não sei onde está seu brinquedo novo?…
Mamãe lhe dizia:
– Procure direito. Você sabe o quanto é importante zelar pelos objetos que tomamos emprestado!…
Chiquinho procurou… procurou… mas não encontrou.
O menino foi para sua cama e desatou a chorar…
– Por que não guardei o brinquedo de Dinho! – pensava.
Chiquinho chorava. Quando seu pai chegou junto de sua cama trazendo o brinquedo nas mãos.
Num salto, o menino levantou-se e tomou o brinquedo das mãos de seu pai.
– Ele estava debaixo da mesa. Você não procurou direito. Amanhã, poderá devolvê-lo ao Dinho. Veja, ele nem amassou! – falou o pai do menino.
– Veja, papai, ele estragou! Não está girando! – observou Chiquinho.
Papai pegou o brinquedo, levando-o até a janela e quando a abriu, um vento leve começou a girar… girar… o brinquedo.
– Observe, papai, está girando! – gritava de alegria o menino. É o vento que o faz girar. Que beleza!
– Isto é um cata-vento, meu filho.
Naquela noite, Chiquinho agradeceu a Deus pelo vento que fazia girar o brinquedo encantador e baixinho dizia:
– Hoje aprendi uma importante lição: vou ser mais cuidadoso com os objetos que tomo emprestado.
E o menino adormeceu…
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O APELO DIVINO - CAP 33 - JESUS NO LAR – FCX
Reunidos os componentes habituais do grupo doméstico, o Senhor, de olhos melancólicos e lúcidos, surpreendendo, talvez, alguma nota de oculta revolta no coração dos ouvintes, falou, sublime:
— Amados, quem procura o Sol do Reino Divino há de armar-se de amor para vencer na grande batalha da luz contra as trevas. E para armazenar o amor no coração é indispensável ampliar as fontes da piedade.
Compadeçamo-nos dos príncipes; quem se eleva muito alto, sem apoio seguro, pode experimentar a queda em desfiladeiros tenebrosos.
Ajudemos aos escravos; quem se encontra nos espinheiros do vale pode perder-se na inconformação, antes de subir a montanha redentora.
Auxiliemos a criança; a erva tenra pode ser crestada, antes do sol do meio-dia.
Amparemos o velhinho; nem sempre a noite aparece abençoada de estrelas.
Estendamos mãos fraternas ao criminoso da estrada; o remorso é um vulcão devastador.
Ajudemos aquele que nos parece irrepreensível; há uma justiça infalível, acima dos círculos humanos, e nem sempre quem morre santificado aos olhos das criaturas surge santificado no Céu.
Amparemos quem ensina; os mestres são torturados pelas próprias lições que transmitem aos outros.
Socorramos aquele que aprende; o discípulo que estuda sem proveito, adquire pesada responsabilidade diante do Eterno.
Fortaleçamos quem é bom; na Terra, a ameaça do desânimo paira sobre todos.
Ajudemos o mau; o espírito endurecido pode fazer-se perverso.
Lembremo-nos dos aflitos, abraçando-os, fraternalmente; a dor, quando incompreendida, transforma-se em fogueira de angústia.
Auxiliemos as pessoas felizes; a tempestade costuma surpreender com a morte os viajores desavisados.
A saúde reclama cooperação para não arruinar-se.
A enfermidade precisa remédio para extinguir-se.
A administração pede socorro para não desmandar-se.
A obediência exige concurso amigo para subtrair-se ao desespero.
Enquanto o Reino do Senhor não brilhar no coração e na consciência das criaturas, a Terra será uma escola para os bons, um purgatório para os maus e um hospital doloroso para os doentes de toda sorte.
Sem a lâmpada acesa da compaixão fraternal, é impossível atender à Vontade Divina.
O primeiro passo da perfeição é o entendimento com o auxílio justo...
Interrompeu-se o Mestre, ante os companheiros emudecidos.
E porque os ouvintes se conservassem calados, de olhos marejados de pranto, Ele voltou à palavra, em prece, e suplicou ao Pai luz e socorro, paz e esclarecimento para ricos e pobres, senhores e escravos, sábios e ignorantes, bons e maus, grandes e pequenos...
Quando terminou a rogativa, as brisas do lago se agitaram, harmoniosas e brandas, como se a Natureza as colocasse em movimento na direção do Céu para conduzirem a súplica de Jesus ao Trono do Pai, além das estrelas...
O PIOR INIMIGO - CAP 22 - ALVORADA CRISTÃ – FCX
Um homem, admirável pelas qualidades de trabalho e pelas formosas virtudes do caráter, foi visto pelos inimigos da Humanidade que conhecemos por Ignorância, Calúnia, Maldade, Discórdia, Vaidade, Preguiça e Desânimo, os quais tramaram, entre si, agir contra ele, conduzindo-o à derrota.
O honrado trabalhador vivia feliz, entre familiares e companheiros, cultivando o campo e rendendo graças ao Senhor Supremo pelas alegrias que desfrutava no contentamento de ser útil.
A Ignorância começou a cogitar da perseguição, apresentando-o ao povo como mau observador das obrigações religiosas. Insulava-se no trato da terra, cheio de ambições desmedidas para enriquecer à custa do alheio suor. Não tinha fé, nem respeitava os bons costumes.
O lavrador ativo recebeu as notícias do adversário que operava, de longe, sorriu calmo e falou com sinceridade: — A Ignorância está desculpada.
Surgiu, então, a Calúnia e denunciou-o às autoridades por espião de interesses estranhos. Aquele homem vivia, quase sozinho, para melhor comunicar-se com vasta quadrilha de ladrões. O serviço policial tratou de minuciosas averiguações e, ao término do inquérito vexatório, a vítima afirmou sem ódio: — A Calúnia estava enganada.
E trabalhou com dobrado valor moral.
Logo após, veio a Maldade, que o atacou de mais perto. Principiou a ofensiva, incendiando-lhe o campo. Destruiu-lhe milharais enormes, prejudicou-lhe a vinha, poluiu-lhe as fontes. Todavia, o operário incansável, reconstruindo para o futuro, respondeu, sereno: — Contra as sombras do mal, tenho a luz do bem.
Reconhecendo os perseguidores que haviam encontrado um espírito robusto na fé, instruíram a Discórdia que passou a assediá-lo dentro da própria casa. Provocações cercaram-no de todos os lados e, a breve tempo, irmãos e amigos da véspera relegaram-no ao abandono. O servo diligente, dessa vez, sofreu bastante, mas ergueu os olhos para o Céu e falou: — Meu Deus e meu Senhor, estou só, no entanto, continuarei agindo e servindo em Teu Nome. A Discórdia será por mim esquecida.
Apareceu, então, a Vaidade que o procurou nos aposentos particulares, afirmando-lhe: — És um grande herói... Venceste aflições e batalhas! Serás apontado à multidão na auréola dos justos e dos santos!...
O trabalhador sincero repeliu-a, imperturbável: — Sou apenas um átomo que respira. Toda glória pertence a Deus!
Ausentando-se a Vaidade com desapontamento, entrou a Preguiça e, acariciando-lhe a fronte com mãos traiçoeiras, afiançou: — Teus sacrifícios são excessivos... Vamos ao repouso! Já perdeste as melhores forças!...
Vigilante, contudo, o interpelado replicou sem hesitar: — Meu dever é o de servir em benefício de todos, até ao fim da luta.
Afastando-se a Preguiça vencida, o Desânimo compareceu. Não atacou de longe, nem de perto. Não se sentou na poltrona para conversar, nem lhe cochichou aos ouvidos. Entrou no coração do operoso lavrador e, depois de instalar-se lá dentro, começou a perguntar-lhe: — Esforçar-se para quê? servir porque? Não vê que o mundo está repleto de colaboradores mais competentes? que razão justifica tamanha luta? quem o mandou nascer neste corpo? não foi a determinação do próprio Deus? Não será melhor deixar tudo por conta de Deus mesmo? que espera? sabe, acaso, o objetivo da vida? tudo é inútil... não se lembra de que a morte destruirá tudo? O homem forte e valoroso, que triunfara de muitos combates, começou a ouvir as interrogações do Desânimo, deitou-se e passou cem anos sem levantar-se...
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