APASCENTA AS MINHAS OVELHAS. Jesus (João 21:17)

APASCENTA AS MINHAS OVELHAS.  Jesus (João 21:17)
"APASCENTA AS MINHAS OVELHAS" JESUS (Jo 21:17)

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

E.S.E. CAPÍTULO XIII - ITEM 17 - A PIEDADE



17 – A piedade é a virtude que mais vos aproxima dos anjos. É a irmã de caridade que vos conduz para Deus. Ah!, deixai vosso coração enternecer-se, diante das misérias e dos sofrimentos de vossos semelhantes. Vossas lágrimas são um bálsamo que derramais nas suas feridas. E quando, tocados por uma doce simpatia, conseguis restituir-lhes a esperança e a resignação, que ventura experimentais! É verdade que essa ventura tem um certo amargor, porque surge ao lado da desgraça; mas se não apresenta o forte sabor dos gozos mundanos, também não traz as pungentes decepções do vazio deixado por estes; pelo contrário, tem uma penetrante suavidade, que encanta a alma.
A piedade, quando profundamente sentida, é amor: o amor é devotamento é o olvido de si mesmo; e esse olvido, essa abnegação pelos infelizes, é a virtude por excelência, aquela mesma que o divino Messias praticou em toda a sua vida, e ensinou na sua doutrina tão santa e sublime. Quando essa doutrina for devolvida à sua pureza primitiva, quando for admitida por todos os povos, ela tornará a Terra feliz, fazendo reinar na sua face à concórdia, a paz e o amor.
O sentimento mais apropriado a vos fazer progredir, domando vosso egoísmo e vosso orgulho, aquele que dispõe vossa alma à humildade, à beneficência e ao amor do próximo, é a piedade, essa piedade que vos comove até as fibras mais íntimas, diante do sofrimento de vossos irmãos, que vos leva a estender-lhes a mão caridosa e vos arranca lágrimas de simpatia. Jamais sufoqueis, portanto, em vossos corações, essa emoção celeste, nem façais como esses endurecidos egoístas que fogem dos aflitos, para que a visão de suas misérias não lhes perturbe por um instante a feliz existência. Temei ficar indiferente, quando puderdes ser úteis! A tranqüilidade conseguida ao preço de uma indiferença culposa é a tranqüilidade do Mar Morto, que oculta na profundeza de suas águas a lama fétida e a corrupção.

Quanto a piedade está longe, entretanto, de produzir a perturbação e o aborrecimento de que se arreceia o egoísta! Não há dúvida que a alma experimenta, ao contato da desgraça alheia, confrangendo-se, um estremecimento natural e profundo, que faz vibrar todo o vosso ser e vos afeta penosamente. Mas compensação é grande, quando conseguis devolver a coragem e a esperança a um irmão infeliz, que se comove ao aperto da mão amiga, e cujo olhar, ao mesmo tempo umedecido de emoção e recolhimento, se volta com doçura para vós, antes de se elevar ao céu, agradecendo por lhe haver enviado um consolador, um amparo. A piedade é a melancólica, mas celeste precursora da caridade, esta primeira entre as virtudes, de que ela é irmã, e cujos benefícios prepara e enobrece.




TEXTOS DE APOIO 




SE COMPASSIVO

Cap. XIII - Item 17 - ESE

Sem compaixão não há caridade.
As lágrimas vertidas ao calor vivido da piedade corroem as densas cadeias da provação.
Desterremos de nós a insensibilidade crus diante das telas de angústia que se desenrolam em nossa estrada.
A piedade é a simpatia espontânea e desinteressada que se antepõe à antipatia gratuita moral e material, junto daqueles que no-la despertam, sem o que se torna infrutífera.
Quando o sofrimento alheio não nos sensibiliza, a Orientação Divina estatui venhamos a experimentá-lo igualmente para avaliar a dor do próximo e nos predispormos a ampará-lo.
Só a piedade consoladora traz alegria ao espírito, criando elevação e valor. Fujamos à compaixão aparente que se manifesta em lágrimas de crocodilo, gestos e exclamações pomposas, nos cenários artificiais do fingimento.
Mede-se a comiseração pelo devotamento e solicitude fraternais que promove. Deve-se-lhe o despovoamento gradativo das zonas de purgação moral da Espiritualidade.
Deixa-te enternecer ante os painéis comovedores das crises de pranto, vezes e vezes temperadas em sangue e suor; contudo, não te detenhas aí: busca dirimí-las.
Perlustra as vielas invias da necessidade e beneficia as almas que se agitam em desespero, dentro da jaula do próprio corpo.
Tem dó, não apenas dos quadros gritantes de falência íntima, mas também dos padecimentos mascarados de silêncio e de orgulho, ingenuidade e inexperiência.
Inunda de amor os corações mantidos sob o vácuo do tédio.
Protege a infância desvalida, pois os pequenos viajores da carne carecem de guias.
Favorece com a moeda e abençoa com a palavra os pedintes andrajosos somente acariciados pelos cães que vagueiam nas ruas.
E na certeza de que a piedade sincera jamais expressa covardia a derruir o bem, nem ridículo a excitar o riso alheio, acatemo-la como força de renovação das almas e luz interior da Verdadeira Vida, eternizadas por Deus.
Sê compassivo

Cairbar Schutel - Do livro O Espírito da Verdade. Psicografia de Francisco Cândido Xavier E Waldo Vieira



OLHAI OS LÍRIOS

“A piedade é a virtude que mais vos aproxima dos anjos; é a irmã da caridade, que vos conduz a Deus! Deixai que o vosso coração se enterneça ante o espetáculo das misérias e dos sofrimentos dos vossos semelhantes"
O Evangelho Segundo Espiritismo, capítulo XIII, item 17.
A alta madrugada impunha silêncio. Sob o lençol alvinitente, encontrava-se o fiel servidor. A tez desfigurada pela dor física alterou-lhe os traços fisionômicos. Olhos semi-abertos digladiavam com a impiedosa febre da influenza.
Era o primeiro dia de novembro, ano bom de 1918. No dia anterior, a despeito de seu torpor, já havia previsto seu desenlace.
Uma lufada de forças sublimes tomou-lhe a cabeça, estancando o avanço acelerado da enfermidade. O doente repentinamente abre os olhos, recosta-se melhor no leito e observa uma luminosidade irradiante vinda do Alto. Mesmo abatido pela peleja física, emociona-se às lágrimas. Uma suave cantiga de sua predileção brotava-lhe na mente. As imagens inesquecíveis do coral entoando melodias...
Recordava a inauguração do Colégio Allan Kardec. Sentia-se transportado ao vitorioso dia em que abriu os caminhos humanos um significado novo para o ato de educar.
Seu mundo mental agora se confundia entre a realidade das estreitas percepções físicas e os sentidos da alma. Dilatava-se a visão. Um vulto feminino desenha-se em meio ao clarão das energias refazentes. Vestida com trajes típicos da era cristã primitiva, uma judia de olhos fulgurantes apresenta-se com ternura e serenidade:
— Eurípedes, servo do Cristo, sabes quem sou? Surpreendentemente refeito, ele responde:
— És tu, Mãe Santíssima?! Tão jovial e bela?!
— Venho em nome de meu Filho amado.
— Maria... Maria... - o discípulo fiel balbuciou o nome entre incontidas emoções que lhe afogaram as palavras.
— Eurípedes, mestre de sacramento e servidor do amor, Jesus convoca-te a novos rumos. Uma classe de aprendizes empedernidos suplica educação e luz. Um submundo de atrocidades e loucura está à espera de serviços imediatos. Chega o tempo de banir a escuridão da Terra, separar o joio do trigo. Uma clarinada de paz desce das esferas maiores em direção aos pântanos da maldade. O Pastor conclama teu coração generoso a esse mister.
— Serva do amor, orienta-me, se posso auxiliar o Bem Maior.
— Este século será o tempo da alforria para a humanidade terrena.
Urge, entretanto, salvar os escravos da ignorância e converter os senhores da perversidade. Uma sanha enfermiça lança-se nesse momento sobre o Consolador. A sociedade assiste, angustiada e estarrecida, aos efeitos da guerra cruel que vitimou o mundo na epidemia do medo e da insegurança nesse primeiro quartel do século
XX. Um império de trevas aguarda o lume da bondade... O Senhor prepara as trilhas para um porvir de glórias à Sua Mensagem Rediviva.
— Que fazer, Mãe Santíssima?
— Os pântanos da maldade estão repletos de almas tíbias. São lírios encharcados pela lama pútrida das imperfeições, mas não perderam o viço, a exuberância. Não deixaram de ser lírios. Ali jazem, atolados nos lamaçais da insanidade, muitos laços de nossa trajetória pela cristianização nesse orbe. Vem, servidor do amor!
Uma obra que já começaste na erraticidade aguarda-te! Um celeiro de esperança e promessa encontra-se à tua espera. O Senhor Compassivo, no entanto, permite-te a continuidade junto ao templo corporal.
Queres a cura ou aceitas a vereda da esperança?
—Mãe Amantíssima - falou Eurípedes aos prantos -faça-se em mim a vontade do Pai!
—Então, Filho Amado, recebe a unção prometida pelo Teu Senhor. O Espírito Verdade chama-te para o labor de implantação de Sua Leira Bendita. Nessa Terra abençoada, a mensagem do Consolador será a luz do mundo para o século. Auxilia, meu filho, na tarefa redentora do transporte da árvore do Evangelho. Estruge um grito de pavor e remorso nas grutas da sordidez. Quais meninos atormentados, suplicam socorro e alívio ante as bravatas de sangue e dor.
— Mensageira Bendita, quem são os sofredores a que te referes?
— Nos abismos, encontram-se os Lírios de Deus, aqueles que amam a mensagem do Cristo, todavia não souberam honrá-la. Inúmeras almas rebeldes que amam ao Cristo. Uma nação de exilados que o tempo não converteu. São lírios de esperança em pleno pântano de egoísmo. Olhai pelos lírios, meu filho. Jesus te chama para erguer-lhes abrigo acolhedor e oferecer-lhes descanso e elevação.
Por quem o Senhor chorou naquela noite de abençoado encontro contigo? Lembras-te?8
— Sim, Digna Serva! Jesus chorou pelos que lhe conhecem os ensinos e não os vivenciam na atitude.
— Esses serão teus novos filhos. Doravante, serás o Apóstolo da Esperança. Darás conforto educativo aos cristãos de todos os tempos, que foram atingidos pelo encanto da negligência e pela tirania da ilisão (9). As Ovelhas Perdidas de Israel serão teus novos alunos. Ensina-lhes a pedagogia do amor. Restitui-lhes a Herança Divina de Filhos de Deus. Assegura-lhes suficiente misericórdia para testemunharem o roteiro de Meu Filho Amado: "Meus discípulos serão conhecidos por muito se amarem." Todos ainda vão florir, serão lírios nos campos da vitória. Vão embelezar os destinos da humanidade.
O Apóstolo sacramentano fora novamente surpreendido por novas visitações. Maria, a Mãe das dores do mundo, afastou-se de sua clarividência, e Doutor Bezerra de Menezes surgiu-lhe aos olhos do espírito. Não contendo mais as emoções, chorou como criança, sem dizer palavra. O velho paladino do Cristo estendeu-lhe os braços. Um abraço amoroso e, com incomparável leveza e naturalidade, Barsanulfo desprendeu-se do corpo como se deixasse uma veste de panos. A testa empapada de suor lívido decretou-lhe falência instantânea. Eram seis horas da manhã do primeiro dia de novembro. Trinta e oito anos10 na edificação de um monumento eterno...
Barsanulfo partiu para continuar. Partiu para servir com mais liberdade. A obra implantada na vida física teve continuadores honrosos.
Seu desafio maior esperava-lhe nas esferas próximas ao orbe.
Um enxame de doentes de outra natureza lhe bateria às portas. Uma nova dimensão de dores se lhe apresentaria ao coração bondoso.
Uma nova ordem de lutas e armas a serem ensarilhadas. Um outro cortejo de aflitos para confortar. Uma classe de doentes empedernidos suplicava-lhe a palavra salvadora, nos roteiros da educação de suas almas, clamando por piedade e compaixão.
Passaram-se oitenta e dois anos desse momento glorioso na vida do Apóstolo da Esperança.
8 Silva, Hilário (Espírito). Visão de Eurípedes; psicografado por Francisco Cândido Xavier e Valdo Vieira. A Vida Escreve.
9 Nota do digitalizador: ILISÃO, como no original.

Livro: Lírios da Esperança – Ermance Dufaux – Wanderley S Oliveira





ATRITOS E CONFLITOS
Francisco Cândido Xavier
       
As tarefas doutrinárias foram precedidas de várias conversações que giraram em redor dos atritos e conflitos de nossos processos de vivência comum. Aberto O Evangelho Segundo o Espiritismo, tivemos o item 17 do capítulo XIII sobre a piedade.
Os comentários assumiram características variadas; a mensagem de Emmanuel foi recebida ao término de nossas atividades da noite.
 Do livro Astronautas do Além de Francisco Cândido Xavier e J.Herculano Pires - Espíritos diversos


COMPADECE-TE E ACERTARÁS
Emmanuel    

No instante de analisar o comportamento menos feliz desse ou daquele irmão, compadece-te e acertarás.
Na base da solução de quaisquer problemas, na ordem moral da vida, a compaixão é a porta de acesso.
Em verdade, todos estamos cercados de companheiros crivados de inquietação e de angústia.
Não lhes agraves a dor.
Este acreditou que fazia justiça e caiu no remorso; aquele admitiu que vigilância fosse tirania e converteu-se em verdugo dos entes mais caros; outro supôs que afeição se erigisse unicamente em prazer e estirou-se em desequilíbrio; aquele outro imaginou a que penúria devesse alicerçar a economia e afundou-se em avareza; e outro ainda entendeu que a Divina Providencia lhe fosse apoio exclusivo ao mundo pessoal e transfigurou a própria fé em azorrague dos semelhantes.
Reflete nos enganos a que se renderam, desprevenidos, e compadece-te.
Quando não consigas aliviar-lhes os padecimentos, entretece um véu de esperança que lhes resguarde a fronte contra o assalto das trevas.
Deus é a justiça que se executa nas leis que o revelam, mas também é a misericórdia no amor que lhe assegura a onipresença.
Os que se transviam sabem-se transviados sem que se faça preciso se lhes esvurmem as chagas íntimas a golpes de acusação ou censura.
 Todos nós, quando nos precipitamos em delinqüência, conhecemos, à saciedade, o sombrio lugar em que a nossa mente estagia.
Que nos bastem ao resgate os sofrimentos da culpa.
A dor existe para mostrar que não há desajuste sem possibilidades de retificação. E na base de todo o equilíbrio reina a Eterna Sabedoria que nos fez imortais. Por isso mesmo, determinou o Senhor se lhe atribuísse nas revelações da verdade a afirmativa inesquecível: “Misericórdia quero e não sacrifício”.
 Do livro Astronautas do Além de Francisco Cândido Xavier e J.Herculano Pires - Espíritos diversos


A MEDIDA CERTA
Irmão Saulo

Medimos, medimos sempre. Carregamos em nossa mente a fita métrica do juízo. Se nos apresentam alguém, imediatamente medimos esse alguém da cabeça aos pés. Mas nunca nos interessamos por verificar se o nosso instrumento de mensuração está certo, se não se alterou com o tempo e o uso, Deus nos deu o juízo como reflexo da sua divina justiça, pois nos fez à sua imagem e semelhança, não no corpo, mas no espírito. E por isso nos deu também a compaixão que é o reflexo da sua divina misericórdia. A nossa imperfeição nos leva a carregar na justiça e esquecer a misericórdia que em Deus se equilibram.
Em 1862, na cidade de Bordeaux, na França, o espírito protetor Michel deu uma comunicação sobre a piedade que figura no capítulo XIII de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Essa mensagem começa assim: “A piedade é a virtude que mais nos aproxima dos anjos. É a irmã da caridade que nos conduz para Deus”. Piedade e compaixão são sinônimos. O Espiritismo nos ensina que evoluímos em direção a Deus, mas que entre a condição humana e Deus existe a fase Angélica pela qual teremos de passar. Ninguém se elevará espiritualmente usando apenas a fita métrica do juízo.
A medida certa que podemos aplicar aos outros é o juízo regulado pela piedade, como Emmanuel volta a ensinar-nos, mais de cem anos depois da comunicação de Michel., A violência dos tempos antigos que nivelou povos bárbaros e civilizados pelo mesmo padrão de animalidade, como a violência do nosso tempo em que os resquícios do passado repontam ameaçadores, servem para mostrar-nos como é difícil o aprendizado na Escola da Terra. Alunos renitentes, voltando sempre às mesmas classes, através da reencarnação, ainda não aprendemos a cartilha do Evangelho. A revelação espírita nos socorre neste momento com seus novos métodos de ensino, procurando franquear-nos a porta das promoções necessárias.
Já é tempo de pensarmos nas lições de humanidade que Jesus nos deu através de palavras e exemplos. A Terra está em fase de transição para um mundo melhor. Nossas provas atuais são provas finais. Se não passarmos no exame, esmagados ao peso do egoísmo animal, seremos transferidos para outras escolas a fim de reiniciarmos os estudos.

Do livro Astronautas do Além de Francisco Cândido Xavier e J.Herculano Pires - Espíritos diversos



A ÚLTIMA TENTAÇÃO

Dizem que Jesus, na hora extrema, começou a procurar os discípulos, no seio da agitada multidão que lhe cercava o madeiro, em busca de algum olhar amigo em que pudesse reconfortar o espírito atribulado...
Contemplou, em silêncio, a turba enfurecida.
Fustigado pelas vibrações de ódio e crueldade, qual se devera morrer, sedento e em chagas, sob um montão de espinhos, começou a lembrar os afeiçoados e seguidores da véspera...
Onde estariam seus laços amorosos da Galiléia?...
Recordou o primeiro contacto com os pescadores do lago e chorou.
A saudade amargurava-lhe o coração.
Por que motivo Simão Pedro fora tão frágil? que fizera ele, Jesus, para merecer a negação do companheiro a quem mais se confiara?
Que razões teriam levado Judas a esquecê-lo? Como entregara, assim, ao preço de míseras moedas, o coração que o amava tanto?
Onde se refugiara Tiago, em cuja presença tanto se comprazia?
Sentiu profunda saudade de Filipe e Bartolomeu, e desejou escutá-los.
Rememorou suas conversações com Mateus e refletiu quão doce lhe seria poder abraçar o inteligente funcionário de Cafarnaum, de encontro ao peito...
De reminiscência a reminiscência, teve fome da ternura e da confiança das criancinhas galileias que lhe ouviam a palavra, deslumbradas e felizes, mas os meninos simples e humildes que o amavam perdiam-se, agora, à distância...
Recordou Zebedeu e suspirou por acolher-se-lhe à casa singela.
João, o amigo abnegado, achava-se ali mesmo, em terrível desapontamento, mas precisava socorro para sustentar Maria, a angustiada Mãe, ao pé da cruz.
O Mestre desejava alguém que o ajudasse, de perto, em cujo carinho conseguisse encontrar um apoio e uma esperança...
Foi quando viu levantar-se, dentre a multidão desvairada e cega, alguém que ele, de pronto, reconheceu.
Era o mesmo Espírito perverso que o tentara no deserto, no pináculo do templo e no cimo do monte.
O Gênio da Sombra, de rosto enigmático, abeirou-se dele e murmurou:
– Amaldiçoa os teus amigos ingratos e dar-te-ei o reino do mundo!
Proclama a fraqueza dos teus irmãos de ideal, a fim de que a justiça te reconheça a grandeza angélica e descerás, triunfante, da cruz!...
Dize que os teus amigos são covardes e duros, impassíveis e traidores e unir-te-ei aos poderosos da Terra para que domines todas as consciências. Tu sabes que, diante de Deus, eles não passam de míseros desertores...
Jesus escutou, com expressiva mudez, mas o pranto manou-lhe mais intensamente da olhar translúcido.
– Sim – pensava –, Pedro negara-o, mas não por maldade. A fragilidade do apóstolo podia ser comparada à ternura de uma oliveira nascente que, com os dias, se transforma no tronco robusto e nobre, a desafiar a implacável visita dos anos. Judas entregara-o, mas não por má fé. Iludira-se com a política farisaica e julgara poder substituí-lo com vantagem nos negócios do povo.
Encontrou, no imo d’alma, a necessária justificação para todos e parecia esforçar-se por dizer o que lhe subia do coração.
Ansioso, o Espírito das Trevas aguardava-lhe a pronúncia, mas o Cordeiro de Deus, fixando os olhos no céu inflamado de luz, rogou em tom inesquecível:
– Perdoa-lhes, Pai! Eles não sabem o que fazem!...
O Príncipe das Sombras retirou-se apressado.
Nesse instante, porém, ao invés de deter-se na contemplação de Jerusalém dominada de impiedade e loucura, o Senhor notou que o firmamento rasgara-se, de alto a baixo, e viu que os anjos iam e vinham, tecendo de estrelas e flores o caminho que o conduziria ao Trono Celeste.
Uma paz indefinível e soberana estampara-se-lhe no semblante.
O Mestre vencera a última tentação e seguiria, agora, radiante e vitorioso, para a claridade sublime da ressurreição eterna.

Livro: Contos E Apólogos  – Humberto De Campos – Irmão X 


Nenhum comentário:

Postar um comentário

PESQUISAR NESTE BLOG

O EVANGELHO TRAZ PAZ AO CORAÇÃO E ALIMENTO PARA A ALMA.

ENTENDER O EVANGELHO É SITUA-LO EM NOSSA VIDA ÍNTIMA!

AOS ORADORES DO EVANGELHO, PARA QUE NOSSA TAREFA SEJA DE ACORDO COM O ESPERADO POR JESUS!

“APASCENTA AS MINHAS OVELHAS” – JESUS. (JOÃO, 21:17)

Significativo é o apelo do Divino Pastor ao coração amoroso de Simão Pedro para que lhe continuasse o apostolado.

Observando na Humanidade o seu imenso rebanho, Jesus não recomenda medidas drásticas em favor da disciplina compulsória.

Nem gritos, nem xingamentos.

Nem cadeia, nem forca.

Nem chicote, nem vara.

Nem castigo, nem imposição.

Nem abandono aos infelizes, nem flagelação aos transviados.

Nem lamentação, nem desespero.

“Pedro, apascenta as minhas ovelhas! “

Isso equivale a dizer: - Irmão, sustenta os companheiros mais necessitados que tu mesmo.

Não te desanimes perante a rebeldia, nem condenes o erro, do qual a lição benéfica surgirá depois.

Ajuda ao próximo, ao invés de vergastá-lo.

Educa sempre.

Revela-te por trabalhador fiel.

Sê exigente para contigo mesmo e ampara os corações enfermiços e frágeis que te acompanham os passos.

Se plantares o bem, o tempo se incumbirá da germinação, do desenvolvimento, da florescência e da frutificação, no instante oportuno.

Não analises, destruindo.

O inexperiente de hoje pode ser o mentor de amanhã.

Alimenta a “boa parte” do teu irmão e segue para adiante.

A vida converterá o mal em detritos e o Senhor fará o resto.

(Texto número 19, extraído do livro Fonte Viva, de Emmanuel, psicografado por Chico Xavier)


IRMÃOS, RESPONSÁVEIS PELA ORATÓRIA DO EVANGELHO E DA APROXIMAÇÃO DOS OUVINTES ÀS MENSAGENS DE JESUS,

NÃO NOS ESQUEÇAMOS DO PEDIDO DO MESTRE,

APASCENTEMOS AS OVELHAS COM A DOÇURA POSSÍVEL,

COM A CONFIANÇA NECESSÁRIA,

E PRINCIPALMENTE COM O AMOR QUE DEVEMOS À QUEM ESPERA DE NÓS,

APENAS, QUE FAÇAMOS A NOSSA PARTE.

VIBRAÇÕES

VIBRAÇÕES: COMO FUNCIONAM AS VIBRAÇÕES E AS PRECES FEITAS PARA OS NECESSITADOS?

A CURA ATRAVÉS DAS VIBRAÇÕES

Certa moça, contrariada em suas inclinações, havia-se casado com um homem a quem não amava.

A mágoa que sofreu levou-a a um distúrbio mental.

Sob o domínio de uma ideia fixa, perdeu a razão e teve de ser internada.

Ela jamais ouvira falar de Espiritismo.

Se dele se tivesse ocupado teriam dito que os Espíritos lhe haviam transtornado a cabeça.

O mal provinha, assim, de uma causa moral acidental e exclusivamente pessoal.

Compreende-se que em tais casos os remédios normais nenhum efeito produzem, e como não havia obsessão, podia-se, também, duvidar do efeito da prece.

Um amigo da família e membro da Sociedade Espírita de Paris, julgou dever interrogar um Espírito superior, que respondeu:

- A ideia fixa dessa senhora, por sua mesma causa, atrai em sua volta uma porção de Espíritos maus, que a envolvem com seus fluidos e alimentam as suas idéias, impedindo que lhe cheguem as boas influências.

Os Espíritos dessa natureza abundam sempre em semelhantes meios e constituem, sempre, obstáculo à cura dos doentes.

Contudo podereis curá-la, mas para tanto é necessário uma força moral capaz de vencer a resistência.

E tal força não é dada a um só.

Cinco ou seis espíritas sinceros se reúnam todos os dias, durante alguns instantes e peçam com fervor a Deus e aos bons Espíritos que a assistam; que a vossa prece seja, ao mesmo tempo, uma magnetização mental.

Para tanto não necessitais estar junto a ela, ao contrário.

Pelo pensamento podeis levar-lhe uma salutar corrente fluídica, cuja força estará na razão de vossa intenção, aumentada pelo número.

Por tal meio podereis neutralizar o mau fluido que a envolve.

Fazei isto: tende fé em Deus e esperai."

Seis pessoas se dedicaram a esta obra de caridade e, durante um mês não faltaram à missão aceita.

Depois de alguns dias a doente estava sensivelmente mais calma; quinze dias mais tarde a melhora era manifesta e agora voltou para sua casa em estado perfeitamente normal, ignorando ainda, como o seu marido, de onde lhe veio a cura.

A maneira de agir é aqui indicada claramente e nada teríamos a acrescentar de mais preciso à explicação dada pelo Espírito.

A prece não tem apenas o efeito de levar ao doente um socorro estranho, mas o de exercer uma ação magnética.

Que não poderia o magnetismo ajudado pela prece!

Infelizmente certos magnetizadores, a exemplo de muitos médicos, fazem abstração do elemento espiritual; vêem apenas a ação mecânica, assim se privando de poderoso auxiliar.

Esperamos que os verdadeiros espíritas vejam no fato mais uma prova do bem que podem fazer em circunstâncias semelhantes.

Allan Kardec

CAUSAS DA OBSESSÃO E MEIOS DE COMBATE-LA - REVISTA ESPÍRITA, JANEIRO DE 1863 - ALLAN KARDEC


PRECE POR ENTENDIMENTO

Senhor Jesus!

Auxilia-nos a compreender mais, a fim de que possamos servir melhor, já que somente assim as bênçãos que nos concedes podem fluir, através de nós, em nosso apoio e em favor de todos aqueles que nos compartilham a existência.

Induze-nos à prática do entendimento que nos fará observar os valores que, porventura, conquistemos, não na condição de propriedade nossa e sim por manancial de recursos que nos compete mobilizar no amparo de quantos ainda não obtiveram as vantagens que nos felicitam a vida.

E ajuda-nos, oh! Divino Mestre, a converter as oportunidades de tempo e trabalho com que nos honraste em serviço aos semelhantes, especialmente na doação de nós mesmos, naquilo que sejamos ou naquilo que possamos dispor, de maneira a sermos hoje melhores do que ontem, permanecendo em Ti, tanto quanto permaneces em nós, agora e sempre.

Assim seja.

Emmanuel : Francisco Cândido Xavier - Livro: Paciência

DEZ MANEIRAS DE AJUDAR COM SEGURANÇA

NÃO DISCUTA

Se você é aprendiz do Evangelho, não ignora que o Divino Mestre permanece atento, na redenção do mundo, e que devemos estar vigilantes na execução do serviço que nos compete.

NÃO CRITIQUE

Observemos o setor de nossas obrigações e realizemos o melhor na obra geral, usando as possibilidades ao nosso alcance.

NÃO RECLAME

Contentarmo-nos com o ato de servir é simples dever e quem centraliza a mente na tarefa que lhe é própria não dispõe de tempo para formular queixas inoportunas.

NÃO CONDENE

Reparemos a parte aproveitável nas situações difíceis e esqueçamos todo mal.

NÃO EXIJA

Coopere sem rogar a colaboração alheia, de vez que a responsabilidade pertence a todos e cada um de nós será examinado de acordo com as próprias obras.

NÃO FUJA

Jamais olvide que o problema é a lição da vida. O aluno que teme o ensinamento, descerá naturalmente à retaguarda.

NÃO SE PRECIPITE

Usemos a serenidade. O trabalhador que sabe aproveitar os minutos e respeitá-los, nunca sofre os castigos do tempo.

NÃO TEMA

Quando fixamos o cérebro e o coração em Cristo somos simples agentes d’Ele e quem cumpre a Vontade do Mestre, não deve nem pode recear coisa alguma.

NÃO SE ENGANE

Ninguém precisa aplicar os raios candentes na verdade, a propósito dos mínimos acontecimentos da vida, desfigurando a alegria que deve imperar nos domínios da sementeira e da esperança, mas não perca de vista o que é essencial ao seu progresso, à sua felicidade e à sua redenção para o grande caminho.

NÃO SE ENTRISTEÇA

Lembre-se de que o Nosso Mestre é o Salvador pela Ressurreição. Sofrimento, amargura e morte são sombras. A cruz do Amigo Divino era degrau para a Glória Celeste. Seja esse pensamento uma luz permanente em nossa alma que jamais deve abrir-se ao desânimo. A certeza de que somos os seguidores felizes do Cristo Imortal é para nós motivo de soberana resistência e de eterno júbilo.

André Luiz - Do livro Cartas do coração. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.


AS VIBRAÇÕES SEGUNDO DR BEZERRA DE MENEZES

AS VIBRAÇÕES SEGUNDO DR BEZERRA DE MENEZES
LIVRO:INICIAÇÃO ESPÍRITA - EDGARD ARMOND

BLOGS RELACIONADOS