APASCENTA AS MINHAS OVELHAS. Jesus (João 21:17)

APASCENTA AS MINHAS OVELHAS.  Jesus (João 21:17)
"APASCENTA AS MINHAS OVELHAS" JESUS (Jo 21:17)

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

E.S.E. CAPÍTULO XIII - ITEM 11 A 16 - A BENEFICÊNCIA



11 – A beneficência, meus amigos, vos dará neste mundo os gozos mais puros e mais doces, as alegrias do coração, que não são perturbadas nem pelos remorsos, nem pela indiferença. Oh!, pudésseis compreender tudo o que encerra de grande e de agradável a generosidade das belas almas, esse sentimento que faz que se olhe aos outros com o mesmo olhar voltado para si mesmo, e que se desvista com alegria para vesti a um irmão! Pudésseis, meus amigos, ter apenas a doce preocupação de fazer aos outros felizes! Quais as festas mundanas que se pode comparar a essas festas jubilosas, quando, representantes da Divindade, levais a alegria a essas pobres famílias, que da vida só conhecem as vicissitudes e as amarguras; quando vedes esses rostos macilentos brilharem subitamente de esperança, desprovidos de pão, esses infelizes e seus filhos, ignorando que viver é sofrer, gritavam, choravam e repetiam estas palavras, que, como finos punhais, penetravam o coração materno: “Tenho fome!” Oh!, compreendei quanto são deliciosas as impressões daquele que vê renascer a alegria onde, momentos antes, só havia desespero! Compreendei quais são as vossas obrigações para com os vossos irmãos! Ide, ide ao encontro do infortúnio, ao socorro das misérias ocultas, sobretudo, que são as mais dolorosas. Ide, meus bem-amados, e lembrai-vos destas palavras do Salvador: “Quando vestirdes a um destes pequeninos, pensai que é a mim que o fazeis!”
Caridade! Palavra sublime, que resume todas as virtudes, és tu que deves conduzir os povos à felicidade. Ao praticar-te, eles estarão semeando infinitas alegrias para o próprio futuro, e durante o seu exílio na Terra, serás para eles a consolação, o antegozo das alegrias que mais tarde desfrutarão, quando todos reunidos se abraçarem, no seio do Deus de amor. Foste tu, virtude divina, que me proporcionaste os únicos momentos de felicidade que gozei na Terra. Possam os meus irmãos encarnados crer na voz do amigo que lhes fala e lhes diz: É na caridade que deveis procurar a paz do coração, o contentamento da alma, o remédio para as aflições da vida. Oh!, quando estiverdes a ponto de acusar a Deus, lançai um olhar para baixo, e vereis quantas misérias a aliviar, quantas pobres crianças sem família; quantos velhos sem uma só mão amiga para os socorrer e fechar-lhes os olhos na hora da morte! Quanto bem a fazer! Oh!, não reclameis, antes agradecei a Deus, e prodigalizai a mancheias a vossa simpatia, o vosso amor, o vosso dinheiro, a todos os que, deserdados dos bens deste mundo, definham no sofrimento e na solidão. Colhereis neste mundo alegrias bem suaves, e mais tarde… somente Deus o sabe!

SÃO VICENTE DE PAULO - Paris, 1858
12 – Sede bons e caridosos: eis a chave dos céus, que tendes nas mãos. Toda a felicidade eterna se encerra nesta máxima: “Amai-vos uns aos outros”. A alma não pode elevar-se às regiões espirituais senão pelo devotamento ao próximo; não encontra felicidade e consolação senão nos impulsos da caridade. Sede bons, amparai os vossos irmãos, extirpai a horrível chaga do egoísmo. Cumprido esse dever, o caminho da felicidade eterna deve abrir-se para vós. Aliás, quem dentre vós não sentiu o coração pulsar,crescer sua alegria interior, ao relato de um belo sacrifício, de uma obra de pura caridade? Se buscásseis apenas o deleite de uma boa ação, estaríeis sempre no caminho do progresso espiritual. Exemplos não vos faltam; o que falta é a boa vontade, sempre rara. Vede a multidão de homens de bem, de que a vossa história evoca piedosas lembranças.
O Cristo não vos disse tudo o que se refere a essas virtudes de caridade e amor? Por que deixastes de lado os seus divinos ensinamentos? Por que fechar os ouvidos às suas divinas palavras, o coração às suas doces máximas? Eu desejaria que se votasse mais interesse, mais fé às leituras evangélicas; mas abandona-se esse livro, considerado como texto quimérico, mensagem cifrada; deixa-se no esquecimento esse código admirável. Vossos males provêm do abandono voluntário desse resumo das leis divinas. Lede, pois, essas páginas ardentes sobre a abnegação de Jesus, e meditai-as.
Homens fortes, armai-vos; homens fracos, fazei da vossa doçura, da vossa fé, as vossas armas; tende mais persuasão e mais constância na propagação de vossa doutrina. É apenas um encorajamento que vimos dar-vos, e é para estimular o vosso zelo e as vossas virtudes, que Deus permite a nossa manifestação. Mas, se quisésseis, bastaria a ajuda de Deus e da vossa própria vontade, pois as manifestações espíritas se produzem somente para os que têm os olhos fechados e os corações indóceis.
A caridade é a virtude fundamental que deve sustentar o edifício das virtudes terrenas; sem ela, as outras não existiriam. Sem a caridade, nada de esperar uma sorte melhor, nenhum interesse moral que nos guie; sem a caridade, nada de fé, pois a fé não é mais do que um raio de luz pura, que faz brilhar uma alma caridosa.
A caridade é a âncora eterna de salvação em todos os mundos: é a mais pura emanação do Criador; é a sua própria virtude, que Ele transmite à criatura. Como pretender desconhecer esta suprema bondade? Qual seria o coração suficientemente perverso para, assim pensando, sufocar em si e depois expulsar este sentimento inteiramente divino? Qual seria o filho bastante mau para revoltar-se com essa doce carícia: a caridade?
Não ousarei falar daquilo que fiz, porque os Espíritos também têm o pudor de suas obras; mas considero a que iniciei como uma das que mais devem contribuir para o alívio de vossos semelhantes. Vejo freqüentemente os Espíritos pedirem por missão continuar a minha tarefa; eu os vejo, minhas doces e queridas irmãs, no seu piedoso e divino ministério; eu os vejo praticar a virtude que vos recomendo, com toda a alegria que essa existência de abnegação e sacrifícios proporciona. É uma grande felicidade, para mim, ver quanto se enobrece o seu caráter, quanto a sua missão é amada e docemente protegida. Homens de bem, de boa e forte vontade, uni-vos para continuar amplamente a obra de propagação da caridade. Encontrareis a recompensa dessa virtude no seu próprio exercício. Não há alegria espiritual que ela não proporcione desde a vida presente. Permanecei unidos. Amai-vos uns aos outros, segundo os preceitos do Cristo. Assim seja!

CÁRITAS - Martirizado em Roma, Lyon, 1861
13 – Chamo-me Caridade, sou o caminho principal que conduz a Deus; segui-me, porque eu sou a meta a que vós todos deveis visar.
Fiz nesta manhã o meu passeio habitual, e com o coração magoado venho  dizer-vos: Oh, meus amigos, quantas misérias, quantas lágrimas, e quanto tendes de fazer para secá-las todas! Inutilmente tentei consolar as pobres mães, dizendo-lhes ao ouvido: Coragem! Há corações bondosos que velam por vós, que não vos abandonarão; paciência! Deus existe, e vós sois as suas amadas, as suas eleitas. Elas pareciam ouvir-me e voltavam para mim os seus grandes olhos assustados. Eu lia em seus pobres semblantes que o corpo, esse tirano do Espírito, tinha fome, e que, se as minhas palavras lhes tranqüilizam um pouco o coração, não lhes saciavam o estômago. Então eu repetia: Coragem! Coragem! E uma pobre mãe, muito jovem, que amamentava uma criancinha, tomou-a nos braços e ergueu-a no espaço vazio, como para me rogar que protegesse aquele pobre e pequeno ser, que só encontrava num seio estéril alimento insuficiente.
Mais adiante, meus amigos, vi pobres velhos sem trabalho e logo sem abrigo, atormentados por todos os sofrimentos da necessidade, e envergonhados de sua miséria, não se atrevendo, eles que jamais mendigaram, a implorar a piedade dos passantes. Coração empolgado de compaixão, eu, que nada tenho, me fiz mendiga para eles, e vou para toda parte estimular a beneficência, inspirar bons pensamentos aos corações generosos e compassivos. Eis por que venho até vós, meus amigos, e vos digo: Lá em baixo há infelizes cuja cesta está sem pão, a lareira sem fogo, o leito sem cobertas. Não vos digo o que deveis fazer, deixo a iniciativa aos vossos bons corações; pois se eu vos ditasse a linha de conduta, não teríeis o mérito de vossas boas ações. Eu vos digo somente: Sou a caridade e vos estendo as mãos pelos vossos irmãos sofredores.
Mas, se peço, também dou, e muito; eu vos convido para um grande festim e ofereço a árvore em que vós todos podereis saciar-vos. Vede como é bela, como está carregada de flores e de frutos! Ide, ide, colhei, tomai todos os frutos dessa bela árvore que se chama beneficência. Em lugar dos ramos que lhe arrancardes, porei todas as boas ações que fizerdes e levarei a árvore a Deus, para que Ele a carregue de novo, porque a beneficência é inesgotável. Segui-me, pois, meus amigos, a fim de que eu vos possa contar entre os que se alistam sob a minha bandeira. Sede intrépidos: eu vos conduzirei pela via da salvação, porque eu sou a Caridade!

CÁRITAS - Lyon, 1861
14 – Há muitas maneiras de fazer a caridade, que tantos de vós confundem com a esmola. Não obstante, há grande diferença entre elas. A esmola, meus amigos, algumas vezes é útil, porque alivia os pobres. Mas é quase sempre humilhante, tanto para o que a dá, quanto para o que a recebe. A caridade, pelo contrário, liga o benfeitor e o beneficiário, e além disso se disfarça de tantas maneiras! A caridade pode ser praticada mesmo entre colegas e amigos, sendo indulgentes uns para com os outros, perdoando-se mutuamente suas fraquezas, cuidando de não ferir o amor próprio de ninguém. Para vós, espíritas, na vossa maneira de agir em relação aos que não pensam convosco, induzindo os menos esclarecidos a crer, sem os chorar, sem afrontar as suas convicções, mas levando-os amigavelmente às reuniões, onde eles poderão ouvir-nos, e onde saberemos encontrar a brecha que nos permitirá penetrar nos seus corações. Eis uma das formas da caridade.
Escutai agora o que é a caridade para com os pobres, esses deserdados do mundo, mas recompensados por Deus, quando sabem aceitar as suas misérias sem murmurações, o que depende de vós. Vou me fazer compreender por um exemplo.
Vejo muitas vezes na semana uma reunião de damas de todas as idades. Para nós, como sabeis, são todas irmãs. Trabalham rápidas, bem rápidas. Os dedos são ágeis. Vede também como os rostos estão radiantes e como os seus corações batem em uníssono! Mas qual o seu objetivo? É que elas vêem aproximar-se o inverno, que será rude para as famílias pobres. As formigas não puderam acumular durante o verão os grãos necessários à provisão, e a maior parte de seus utensílios está empenhada. As pobres mães se inquietam e choram, pensando nos filhinhos que, neste inverno, sofrerão frio e fome! Mas tende paciência, pobres mulheres! Deus inspirou a outras, mais afortunadas que vós. Elas se reuniram e  confeccionam roupinhas. Depois, num destes dias, quando a neve tiver coberto a terra, e murmurardes, dizendo: “Deus não é justo!”, pois é esta a expressão comum dos vossos períodos de sofrimento, então vereis aparecer um dos enviados dessas boas trabalhadoras, que se constituíram em operárias dos pobres. Sim, era para vós que elas trabalhavam assim e vossos murmúrios se transformarão em bênçãos, porque, no coração dos infelizes, o amor segue de bem perto o ódio.
Como todas essas trabalhadoras necessitavam de encorajamento, vejo as comunicações dos Bons Espíritos lhes chegarem de todas as partes. Os homens que participam desta sociedade oferecem também o seu concurso, fazendo uma dessas leituras que tanto agradam. E nós, para recompensar o zelo de todos e de cada um em particular, prometemos a essas obreiras laboriosas uma boa clientela, que as pagará em moeda sonante de bênçãos, a única moeda que circula no céu, assegurando-lhes ainda, sem medo de nos arriscarmos, que essa moeda não lhes faltará.

UM ESPÍRITO PROTETOR - Lyon, 1861
15 – Meus caros amigos, cada dia ouço dizerem entre vós: “Sou pobre, não posso fazer a caridade”. E cada dia, vê que faltais com a indulgência para com os vossos semelhantes. Não lhes perdoais coisa alguma, e vos arvorais em juízes demasiado severos, sem vos perguntar se gostaríeis que fizessem o mesmo a vosso respeito. A indulgência não é também caridade? Vós, que não podeis fazer mais do que a caridade indulgente, faz pelo menos essa, mas fazei-a com grandeza. Pelo que respeita à caridade material, quero contar-vos uma história do outro mundo.
Dois homens acabavam de morrer. Deus havia dito: “Enquanto esses dois homens viverem, serão postas as suas boas ações num saco para cada um, e quando morrerem, serão pesados esses sacos”. Quando ambos chegaram à sua última hora. Deus mandou que lhe levassem os dois sacos. Um estava cheio, volumoso, estufado, e retinia o metal dentro dele. O outro era tão pequeno e fino, que se viam através do pano as poucas moedas que continha. Cada um dos homens reconheceu o que lhe pertencia: “Eis o meu, — disse o primeiro — eu o conheço; fui rico e distribui bastante!” O outro: “Eis o meu. Fui sempre pobre, ah! Não tinha quase nada para distribuir”. Mas, ó surpresa: postos na balança, o maior tornou-se leve e o pequeno se fez pesado, tanto que elevou muito o outro prato da balança. Então, Deus disse ao rico: “Deste muito, é verdade, mas o fizeste por ostentação, e para ver o teu nome figurando em todos os templos do orgulho. Além disso, ao dar, não te privaste de nada. Passa à esquerda e fica satisfeito, por te ser contada a esmola como alguma coisa”. Depois, disse ao pobre: “Deste bem pouco, meu amigo, mas cada uma das moedas que estão na balança representou uma privação para ti. Se não distribuíste a esmola, fizeste a caridade, e o melhor é que a fizeste naturalmente, sem te preocupares de que a levassem à tua conta. Foste indulgente; não julgaste o teu semelhante; pelo contrário, encontraste desculpas para todas as suas ações. Passa à direita, e vai receber a tua recompensa.

 JOÃO Bordeaux, 1861
16 – A mulher rica, feliz, que não tem necessidade de empregar o seu tempo nos trabalhos da casa, não pode dedicar algumas horas ao serviço do próximo? Que, com as sobras dos seus gastos felizes, compre agasalhos para o infeliz que tirita de frio; com suas mãos delicadas, confeccione roupas grosseiras, mas quentes, e ajude a mãe pobre a vestir o filho que vai nascer. Se o seu filho, com isso, ficar com alguns rendados de menos, o daquela terá mais calor. Trabalhar para os pobres é trabalhar na vinha do Senhor.
E tu, pobre operária,que não dispõe de sobras, mas que desejas, no amor por teus irmãos, dar também um pouco do que possuis, oferece algumas horas do teu dia, do teu tempo, que é o teu único tesouro. Faze alguns desses trabalhos elegantes que tentam os felizes, vende o produto dos teus serões, e poderás também proporcionar, a teus irmãos a tua parte de alívio. Terás, talvez, algumas fitas a menos, mas darás sapatos aos que vivem descalços.
E vós, mulheres devotadas a Deus, trabalhai também para as vossas obras piedosas, mas que os vossos trabalhos delicados e custosos não sejam feitos apenas para ornar as vossas capelas, ou para atrair a atenção sobre a vossa habilidade e paciência. Trabalhai, minhas filhas, e que o resultado de vossas obras seja consagrado ao alívio de vossos irmãos em Deus. Os pobres são os seus filhos bem amados: trabalhar por eles é glorificá-lo. Sede os instrumentos da Providência, que diz: “Às aves do céu, Deus dá o alimento”. Que o ouro e a prata, tecidos pelos vossos dedos, se transformem em roupas e provisões para os necessitados. Fazei isso, e o vosso trabalho será abençoado.
E todos vós, que podeis produzir, daí: daí o vosso gênio, daí as vossas inspirações, daí o vosso coração, que Deus vos abençoará. Poetas, literatos, que sois lidos somente pela gente de sociedade, preenchei os seus lazeres, mas que o produto de algumas de vossas obras seja destinado ao alívio dos infelizes. Pintores, escultores, artistas de todos os gêneros, que a vossa inteligência venha também ajudar os vossos irmãos: não tereis menos glória por isso, e eles terão alguns sofrimentos a menos.


Todos vós podeis dar: a qualquer classe a que pertençais, tereis sempre alguma coisa que pode ser dividida. Seja o que for que Deus vos tenha dado, deveis uma parcela aos que não têm sequer o necessário, pois em seu lugar ficaríeis contentes, se alguém dividisse convosco. Vossos tesouros da terra diminuirão um pouco, mas vossos tesouros do céu serão mais abundantes: colhereis pelo cêntuplo, lá em cima, o que semeardes em benefícios aqui em baixo.



TEXTOS DE APOIO


BENEFICÊNCIA  E  CORAGEM
Uma espécie de beneficência, da qual poucos amigos se lembram: a caridade da coragem.
Reflete nos companheiros que, por falta de energia emocional, adoeceram diante de confidências amargas;
nos que se envenenaram pelo ressentimento, perante calúnias que lhes foram assacadas, e não vacilaram chegar até a delinquência;
naqueles outros que recearam facear as dificuldades da vida e se conturbaram, caindo na rede dos alucinógenos sem necessidade;
nos que se impressionaram, sem razão, com determinados sintomas e se recolheram no quadro das doenças imaginárias, afligindo aos corações que mais amam;
nos que se deixaram induzir por teorias negativas, com respeito ao trabalho, e acompanharam irmãos revoltados e infelizes.
Pensa na tranquilidade daqueles que te aguardam a assistência e o carinho e cultiva a coragem da perseverança nos deveres que abraçaste.
Medita nas calamidades afetivas provocadas pela deserção daqueles que não quiseram ou não souberam honrar os próprios compromissos e pede aos Céus a força precisa para esquecer a tentação e o medo, a omissão e a discórdia, porque é indispensável conservar muita força espiritual para manter, a benefício dos outros, a coragem de ser fiel às Leis de Deus.

Emmanuel - Livro: Neste Instante - Psicografia Chico Xavier




BENEFICÊNCIA  ESQUECIDA
Na solução aos problemas da caridade, não ouvides a beneficência do campo mais íntimo, que tanta vez relegamos à indiferença.
Prega a fraternidade, aproveitando a tribuna que te componha os gestos e discipline a voz; no entanto, recebe na propriedade ou no lar, por verdadeiros irmãos, os companheiros de luta, assalariados a teu serviço.
Esclarece os Espíritos conturbados e sofredores nos círculos consagrados ao socorro daqueles que caíram em desajuste mental; contudo, acolhe com redobrado carinho os parentes desorientados que a provação desequilibra ou ensandece.
Auxilia a erguer abrigos de ternura para as crianças abandonadas; todavia, abraça em casa os filhinhos que Deus te deu, conduzindo-lhes a mente infantil, através do próprio exemplo, ao santuário do dever e do trabalho, do amor e da educação.
Espalha a doutrina de paz que te abençoa a senda, divulgando-a, por intermédio do conceito brilhante que te reponta da pena, mas não ouvides exercê-la em ti próprio, ainda mesmo à custa de aflição e de sacrifício, para que o teu passo, entre as quatro paredes do instituto doméstico, seja um marco de luz para os que te acompanham.
Cede aos necessitados daquilo que reténs no curso das horas...
Dá, porém, de ti mesmo aos semelhantes, em bondade e serviço, reconforto e perdão, cada vez que alguém se revele faminto de proteção e desculpa, entendimento e carinho.
Beneficência! Beneficência!
Não lhe manches a taça com o veneno da exibição, nem lhe tisnes a fonte com o lodo da vaidade!
Recebe-lhe as sugestões de amor no imo do coração e, buscando-a primeiramente nos escaninhos da própria alma, sentiremos nós todos a intraduzível felicidade que se derrama da felicidade que venhamos a propiciar aos outros, conquistando, por fim, a alegria sublime que foge ao alarde dos homens para dilatar-se no silêncio de Deus.

De "Religião dos Espíritos", de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel





BENEFICÊNCIA

Ante a pessoa que sofre,
Nunca digas “impossível.”
Nas sendas de qualquer nível,
Podes doar do que tens;
Para os outros, muitas vezes,
Na prova amarga como é,
Uma só frase de fé
Define o maior dos bens.

Poucos sabem quanto valem
Para uma casa singela
Alguns metros de flanela
Em forma de cobertor,
O pão cortado aos pedaços
Para conforto da mesa,
A força da gentileza
De quem oferta uma flor.

Enxuga com teu sorriso
A lágrima que te alcança,
Estende alguma esperança
A quem se note sem luz;
Qualquer migalha de auxilio
E plantação que se faz,
Rendendo frutos de paz
Nos créditos de Jesus.

Maria Dolores - Do livro A Vida Conta. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.


NA TAREFA DE AJUDAR

Auxilie a quem lhe procure a presença, mas não se esqueça de socorrer diretamente quem padece a distância.
Transfira a cooperação alheia aos lares menos aquinhoados, porém, não se desobrigue de contribuir com a sua quota de ajuda pessoal.
Colabore indiscriminadamente para o bem de todos aqueles que lhe estejam próximos; todavia, esforce-se por aprimorar os métodos da sua colaboração para ajudar melhor.
Distribua o que lhe sobre à mesa, tanto quanto no guarda roupa e na bolsa: contudo, siga além, doando a quem sofre os recursos positivos de seu sentimento.
Empreste, com justiça, o que lhe peçam; no entanto, não menospreze transformar os seus empréstimos em dádivas fraternais.
Colabore indiscriminadamente para o bem de todos aqueles que lhe estejam próximos; todavia, esforce-se por aprimorar os métodos da sua colaboração para ajudar melhor.
Organize a sua vida em disciplina rigorosa no dever cumprido, ainda assim, faça o tempo de persistir no trabalho de assistência aos irmãos em luta maior.
Atenda ao estômago faminto e ao corpo enfermo do companheiro em provação; entretanto, não recuse favorecê-lo com a palavra consoladora e com o livro nobre.
Seja o intermediário entre distribuidores generosos e corações menos felizes, porém, não deixe de convidar, aos que se beneficiam materialmente, a se beneficiarem, do ponto de vista moral, nas visitas de socorro evangélico e solidariedade humana
Dê o máximo de suas possibilidades no amparo aos semelhantes, mas não se satisfaça com os resultados obtidos, buscando enriquecer os seus dotes de eficiência no plantio da caridade.
Exemplifique a beneficência, tanto quanto lhe seja possível, em todas as circunstâncias; contudo, prefira a naturalidade e a discrição para revestir as suas mínimas atitudes.
Lembre-se de que, na tarefa de ajudar o bem maior é sempre aquele que ainda está por fazer, à espera da nossa disposição.
André Luiz - Do Livro O Espírito da Verdade. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.




BENEFICÊNCIA SEMPRE

Nem todos dispomos de telescópios para observar as estrelas, no entanto, é imperioso reconhecer que todos possuímos recursos para enxergar as crianças desvalidas no mundo, de modo a estender-lhes o amparo que se nos faça possível.
Nem todos conseguimos subordinar as palavras aos princípios gramaticais, a fim de articular uma alocução irrepreensível, do ponto de vista idiomático, ao redor de assunto determinado, todavia, a possibilidade de pronunciar essa ou aquela frase de consolo e esperança, a benefício dos companheiros que estão suportando sofrimentos e provações maiores do que os nossos não exclui a ninguém.
Nem todos penetramos os segredos da botânica em toda a extensão, contudo, todos guardamos o privilégio de plantar árvores amigas e flores diversas, por onde passemos e onde estivermos.
Nem todos movimentamos a fortuna amoedada para a sustentação da beneficência, entretanto, é justo anotar que todos podemos repartir o pão que nos é destinado com alguém que necessite.
A vida não nos pede o impossível para que nos integremos nos mecanismos da caridade, extinguindo as provações que atormentam a Terra, mas, para que o mal desapareça, espera de cada um de nós essa ou aquela migalha do bem.

EMMANUEL Médium: Francisco Cândido Xavier Livro: Convivência



NO TEMPLO DO BEM
Elogiável se te fará a beneficência nas atitudes, despendendo somas consideráveis, em favor dos necessitados, mas se buscares pessoalmente os irmãos infelizes, oferecendo-lhes o abraço de solidariedade e bom ânimo, brilhar-te-á no coração a bondade pura.
Cooperarás com expressiva parcela amoedada na obra assistencial aos doentes e serás, com isso, o credor de alegria e reconhecimento de muitos beneficiários na Terra, entretanto, se além disso, te confiares ao esforço de auxiliar ao enfermo e ao desvalido, com as próprias mãos, contarás com a ternura e com o agradecimento de outras muitas criaturas na Vida Maior.
Serás estimado por muita gente ao ceder as sobras de tua casa no socorro aos famintos e aos nus, no entanto, se renunciares um tanto, à satisfação dos próprios desejos, procurando os filhos do infortúnio, para reconforta-los, serás louvado além do mundo.
Ensinarás o bem, escalando os galarins da popularidade, pelo verbo fácil que te fulgura na boca e serás, em razão disso, o favorito das multidões, durante algum tempo, mas se praticares a virtude que apregoas, sacrificando-te com sinceridade e devotamento, em auxílio dos que te rodeiam, iluminarás o caminho terrestre e viverás em longas filas de corações agradecidos.
Procuremos o bem, difundindo-o, exaltando-o e destacando-o, através de todas as oportunidades ao nosso dispor, entretanto, diligenciemos honrá-lo, com a nossa integração em seus fundamentos e apelos.
Caridade ensinada melhora os ouvidos.
Caridade praticada aprimora os corações.
Dividir conscienciosamente os bens que retemos é sustentar a respeitabilidade humana.
Renunciar, a benefício do próximo, será sempre elevar-se.
Derramando os valores da própria alma, Jesus legou ao mundo os tesouros da Compreensão e da Paz.
Além de espalhar as possibilidades com que a Providência Divina nos abençoa a vida, forneçamos, no auxílio aos outros, algo de nosso tempo, de nosso suor, de nosso carinho e de nossos braços, na mobilização de nós mesmos, e estaremos transformando a própria existência num poema de luz e amor que possa acrescentar amor e a luz sobre os quais Cristo, entre os homens, vem construindo o Reino de Deus.

Livro:  DINHEIRO (Francisco Cândido Xavier – por Emmanuel)


OS OUTROS

Dizes trazer o deserto no coração; entretanto, pensam-nos outros.
Muitos pisam teus rastros, procurando-te as mãos no grande vazio...
Pára um pouco e perceberá a presença nas sombras da retaguarda.
Enquanto gritas a própria solidão, compreenderás que a voz deles está morrendo na garganta, através de longos gemidos.
Volta-te e vê.
Compara os teus braços robustos com os ossos descarnados que ainda lhe servem de suporte às mãos tristes em que os dedos mirrados são espinhos de dor.
Enxuga o teu pranto e observa os olhos fatigados que te contemplam...
Falam-te a história de esperanças e sonhos que o tempo soterrou na areia da frustração. Referem-se ao frio cortante do lar perdido e à agonia da ramagem nas trevas...
Pára e compadece-te.
Deixa que respirem, ainda mesmo por um momento só, no calor de teu hálito.
Quem poderá medir a extensão da grandeza de uma simples semente, caída na terra que o arado martirizou?
A beleza de um minuto nos ensina, muita vez, a povoar de alegria e de luz a existência inteira.
Diz antiga lenda que uma gota de chuva caiu sobre o oceano que a tormenta encapelara e, aflita, perguntou:
-“Deus de Bondade, que farei, sozinha, neste abismo estarrecedor?”
O Pai não lhe respondeu, mas, tempos depois, a gota singela era retirada do mar, convertida numa pérola para adornar a coroa de um rei.
Dá também algo de ti aos que bracejam no torvelinho do sofrimento, e, mesmo que possas ofertar apenas um pingo de amor aos que padece, tua dádiva será filtrada pelas correntes da angústia humana e subirá, cristalina e luminescente, na direção dos céus, para enfeitar a glória de Deus.
Meimei - Livro: O Espírito da Verdade- Psicografia Francisco C. Xavier e Waldo Vieira- Espíritos Diversos



HISTÓRIA DE UM PÃO

Quando Barsabás, o tirano, demandou o reino da morte, buscou debalde reintegrar-se no grande palácio que lhe servira de residência.
A viúva, alegando infinita mágoa, desfizera-se da moradia, vendendo-Ihe os adornos.
Viu ele, então, baixelas e candelabros, telas e jarrões, tapetes e perfumes, jóias e relíquias, sob o martelo do leiloeiro, enquanto os filhos querelavam no tribunal, disputando a melhor parte da herança.
Ninguém lhe lembrava o nome, desde que não fosse para reclamar o ouro e a prata que doara a mordomos distintos.
E porque na memória de semelhantes amigos ele não passava, agora, de sombra, tentou o interesse afetivo de companheiros outros da infância...
Todavia, entre eles encontrou simplesmente a recordação dos próprios atos de malquerença e de usura.
Barsabás, entregou-se as lágrimas de tal modo, que a sombra lhe embargou, por fim, a visão, arrojando-o nas trevas.
Vagueou por muito tempo no nevoeiro, entre vozes acusadoras, até que um dia aprendeu a pedir na oração, e, como se a rogativa lhe servisse de bússola, embora caminhasse às escuras, eis que, de súbito, se lhe extingue a cegueira e ele vê, diante de seus passos, um santuário sublime, faiscante de luzes.
Milhões de estrelas e pétalas fulgurantes povoavam-no em todas as direções.
Barsabás, sem perceber, alcançara a Casa das Preces de Louvor, nas faixas inferiores do firmamento.
Não obstante deslumbrado, chorou, impulsivo, ante o Ministro espiritual que velava no pórtico.
Após ouvi-lo, generoso, o funcionário angélico falou sereno:
- Barsabás, cada fragmento luminoso que contemplas é uma prece de gratidão que subiu da Terra ...
- Ai de mim - soluçou o desventurado - eu jamais fiz o bem...
- Em verdade - prosseguiu a informante -, trazes contigo, em grandes sinais, a pranto e a sangue dos doentes e das viúvas, dos velhinhos e órfãos indefesos que despojaste, nos teus dias de invigilância e de crueldade; entretanto, tens aqui, em teu crédito, uma oração de louvor...
E apontou-lhe acanhada estrela, que brilhava a feição de pequenino disco solar.
- Há trinta e dois anos - disse, ainda, o instrutor -, deste um pão a uma criança e essa criança te agradeceu, em prece ao Senhor da Vida.
Chorando de alegria e consultando velhas lembranças, Barsabás perguntou:
- Jonakim, o enjeitado?
- Sim, ele mesmo - confirmou a missionário divino. - Segue a claridade do pão que deste, um dia, por amor, e livrar-te-ás, em definitivo, do sofrimento nas trevas.
E Barsabás acompanhou a tênue raio do tênue fulgor que se desprendia daquela gota estelar, mas, em vez de elevar-se as Alturas, encontrou-se numa carpintaria humilde da própria Terra.
Um homem calejado aí refletia, manobrando a enxó em pesado lenho...
Era Jonakim, aos quarenta de idade.
Como se estivessem as dois identificados no doce fio de luz, Barsabás abraçou-se a ele, qual viajante abatido, de volta ao calor do lar... (...)

Decorrido um ano, Jonakim, a carpinteiro, ostentava, sorridente, nos braços, mais um filhinho, cujos louros cabelos emolduravam belos olhos azuis.
Com a benção de um pão dado a um menino triste, por espírito de amor puro, conquistara Barsabás, nas Leis Eternas, o prêmio de renascer para redimir-se.
Irmão X - Do Livro O Espírito da Verdade. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.



ECONOMIA ESPÍRITA
 E - Cap. XIII - Item 11

O Espiritismo abrange com a sua influência regenerativa e edificante não apenas a individualidade, mas também todos os círculos de atividade em que a pessoa respire. É assim que o Espiritismo na economia valoriza os mínimos recursos, conferindo-lhes especial significação.
Vejamos o comportamento do espírita, diante dos valores considerados de pouca monta:
Livro respeitável - Não o entregará à fome do cupim. Deligenciará transferi-lo a companheiros que lhe aproveitem a leitura.
Jornal espírita lido - Não alimentará com ele o monte de lixo. Respeitar-lhe-á o valor fazendo-o circular, notadamente entre os irmãos entregues à fauna rural ou núcleos distantes ou ainda entre reclusos em hospitais e penitenciárias, sem maiores facilidades para o acesso ao conhecimento doutrinário.
Publicações de qualquer natureza - Não fará com elas fogueiras sem propósito. Saberá empacotá-las, entregando-as aos necessitados que muitas vezes conquistam o pão catando papéis velhos.
Objetivos disponíveis - Não fará dos pertences sem uso, elogio à inutilidade. Encontrará meios de movimentá-los, sem exibição de virtude, em auxílio dos irmãos a que possam prestar serviço.
Móvel desnecessário - Não guardará os trastes caseiros em locais de despejo. Saberá encaminhá-lo em bases de fraternidade para recintos domésticos menos favorecidos, melhorando as condições do conforto geral.
Roupa fora de serventia - Não cultivará pastagem para as traças. Achará meios de situar com gentileza todos os petrechos de vestuário, cobertura e agasalho, em benefício de companheiros menos quinhoados por vantagens materiais.
Sapatos aposentados - Não fará deles ninhos de insetos. Providenciar-lhes-á reforma e limpeza, passando-os, cordialmente, àqueles que não conseguem o suficiente para se calçarem.
Medicamento usado mas útil - Não lançará fora o remédio de que não mais careça e que ainda apresenta utilidade. Cedê-lo-á aos enfermos a que se façam indicados.
Selos utilizados- Não rasgará sem considerações os selos postais já carimbados. Compreenderá que eles são valiosos ainda e oferta-los-á a instituições beneficentes que os transformarão em socorro aos semelhantes.
Recipientes, garrafas e vidros vazios - Não levantará montes de cacos onde resida. Empregará todos os invólucros e frascos sem aplicação imediata na benemerência para com o próximo em luta pela própria sustentação.
Gêneros, frutos, brinquedos e enfeites sem proveito no lar - Não exaltará em casa o egoísmo ou o desperdício. Lembrar-se-á de outros redutos domésticos, onde pais doentes e fatigados, entre crianças enfraquecidas e tristes receber-lhe-ão por bênçãos de alegria as pequenas dádivas de amor, em nome de solidariedade, que é para nós todos simples obrigação.
A economia espírita não recomenda desapreço à propriedade alheia e nem endossa o esbanjamento. Seja no lar ou na casa de assistência coletiva, no campo ou no vilarejo, nas grandes cidades ou nas metrópoles, é a economia da fraternidade que usa os dons da vida sem abuso e que auxilia espontaneamente sem idéias de recolher agradecimentos ou paga de qualquer espécie, por reconhecer, diante do Cristo e dos princípios espíritas, que os outros necessitam de nós como necessitamos deles, de vez que todos somos irmãos.
De Opinião Espírita, de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz




ASPECTOS DA CARIDADE
  Francisco C. Xavier

Os diversos aspectos da caridade constituíram o assunto de nossas conversações antes da reunião. O tema sugeria ao nosso grupo de amigos variadas considerações. Iniciadas as tarefas públicas da noite, O Evangelho Segundo o Espiritismo nos deu para estudo o item 11 do seu capítulo XIII e o assunto continuou a ser debatido.
Ao término da reunião, Emmanuel escreveu a página Caridade Difícil.
 Do livro Amanhece. Psicografia de Francisco Cândido Xavier



CARIDADE DIFÍCIL
Emmanuel

Caridade habitualmente incompreendida e sempre difícil de ser praticada - o amparo em regime de repetição.
Ergue-se a casa, elemento a elemento. Realiza-se a viagem passo a passo. Entretanto, freqüentemente exigimos a recuperação de criaturas determinada, de momento para outro, qual se as realizações da vida interior fossem estranhas às funções do tempo.
Se te encontras num problema assim, de cuja solução esperas segurança e paz, não te aflijas pela obtenção do fruto nos esforços a que te empenhas, nem esmoreças ante as situações que te solicitam tolerância e paciência.
O companheiro que se te afigura incorrigível pelos desgostos que te impõe é um enfermo da alma a pedir-te doses reiteradas de compreensão e socorro, de modo a refazer-se.
E a pessoa querida que te pareça ingrata pelos golpes com que te alanceia o coração, é doente da alma a solicitar-te medicamentos renovados de ternura e entendimento, a fim de restaurar-se.
Quase sempre, antes da corporificação em novo berço terrestre, rogamos à Divina Providência para que se nos confie a laboriosa tarefa da assistência espiritual, em benefício de alguém que só o tratamento longo na reencarnação consegue melhorar ou recuperar.
Do livro Amanhece. Psicografia de Francisco Cândido Xavier




HOMENAGEM A BEZERRA DE MENEZES
Francisco Cândido Xavier

A mensagem de Maria Dolores foi obtida em nossa reunião pública, levada a efeito em homenagem ao nosso caro benfeitor espiritual, o Dr. Bezerra de Menezes.
O tema em estudo foi o item 11 do capítulo XIII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, intitulado Beneficência. Após os comentários da noite, a nossa querida irmã compareceu com sua página poética Mãos Benditas.
NOTA – Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti foi eminente medico cearense que residiu longos anos no Rio de Janeiro, tendo-se destacado na vida política e intelectual da Corte, onde exerceu elevadas funções públicas. Convertendo-se ao Espiritismo, tornou-se verdadeiro apóstolo da Doutrina. Dedicou-se à assistência social, de tal maneira, que passaram a chamá-la de Médico dos Pobres. Por suas atividades na divulgação e prática da Doutrina, foi cognominado de Kardec Brasileiro.
Tendo nascido a 29 de agosto de 1831, as instituições espíritas de todo o País costumam prestar-lhe homenagens no correr do referido mês. Na sua bibliografia figura um volume de relevante importância médica, intitulado A loucura Sob Novo Prisma.
 Do livro Diálogo dos Vivos. Espíritos Diversos. Psicografia de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires.


MÃOS BENDITAS
Maria Dolores

Escuta-nos, Senhor,
Na luz do Lar Celeste!
Desejamos, Jesus, agradecer-te
As mãos benditas que nos deste!
Aquelas mãos sublimes
Que nos entreteceram o berço
Entre as forças do mundo,
Que fizeram escolas,
Aquelas que tornaram nossos dedos,
Revestidas por ti de amor terno e profundo
A fim de penetrarmos nos segredos
Das palavras e letras da instrução...

As que encontramos no caminho,
Quando a sombra da mágoa nos alcança
E acendem para nós com simpatia
O facho da esperança.
Aquelas que nos trazem,
Ao sol do dia-a-dia,
Exemplos de trabalho.
As que cavam a terra,
Muita vez suportando espinhos agressores
E vibram de alegria
Ao vê-la transformar-se em celeiro de flores!

As que fazem o pão,
As que costuram vestes multiformes,
Cobertura e agasalho,
Aquelas que nos dão
A bênção da limpeza,
As que buscam nos dons da Natureza,
Quantas vezes, cansadas de lutar,
Os recursos da vida
Que nos erguem o lar...

As que socorrem os doentes,
As que se inclinam para os sofredores,
Em recintos de angústia, lares e hospitais,
Que afagam companheiros indigentes
Ou que protegem pobres pequeninos
Revelando desvelos maternais!

As que orientam para a ordem,
Garantindo a justiça e a segurança,
As que escrevem bondade, educação, beleza,
Em que a estrada se eleva e a mente se aprimora,
Criando, mundo afora,
Idéias de otimismo, reconforto,
Das quais se estende a luz de surpresa em surpresa...

Aquelas que se humilham quais violetas
E, revolvendo o pó,
Levantam nosso irmão ou nossa irmã
Caídos nas sarjetas
Ou no esgoto comum,
De coração dizendo a cada um:
– “Você não está só”.

As que foram batidas
Por críticas mordazes
E prosseguem agindo como fazes,
Retribuindo o mal com o bem;
As que ajudam e passam
Sem ferir a ninguém...

Benditas sejam elas
Todas as mãos, Senhor, que procuram servir,
– Exército de estrelas a buscar-te,
Edificando, em toda parte,
O Reino do Porvir.

E agradecendo-as, rogo-te, Jesus:
Toma-me as mãos vazias,
Faze-me trabalhar
Em todos os meus dias!
E porque me conheça
Tão pobre quanto sou,
De revés em revés,
Sem nem mesmo poder

Aspirar, ante os séculos futuros,
À sublime ventura,
Anseio conquistar a posição
Da serva que se esqueça
Nas tarefas de amor que o teu amor reparte.
E, a despeito de minha imperfeição,
Frágil, errada e inculta, quero dar-te
Meu próprio coração.

Do livro Diálogo dos Vivos. Espíritos Diversos. Psicografia de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires.



EXÉRCITO DE ESTRELAS
Irmão Saulo

As mãos de Bezerra de Menezes, o Médico dos Pobres, foram na Terra as fiandeiras da caridade. Trabalharam intensamente, desde o seu tempo de estudante, em favor dos necessitados. E enquanto elas teciam a rede de socorro e assistência aos pobres, sem esquecer os ricos, para os quais usava a sua inteligência e a sua cultura, ele tecia sem querer e sem saber a sua própria túnica de luz para a vida espiritual.
Maria Dolores se inspira nessas mãos benditas para nos enviar a sua mensagem poética. E toda essa mensagem é um cântico de amor aos homens, chamando-lhes a atenção para a responsabilidade das mãos. Os que amam a poesia gráfica e portanto sensorial dos nossos dias, os hieróglifos da chamada poética de vanguarda, não gostarão dessas estrofes despretensiosas e lineares (porque racionais) da poetisa espiritual. Mas os que não se apegam à forma e procuram a substância poética sentirão a música inaudível desses versos.
Os pintores nem sempre deram a devida importância às mãos de Jesus em seus quadros. Mas um pintor paulista, Vicente Caruso, fez um quadro de Jesus em que a mão se destaca. Todo o valor do quadro está naquela mão – apenas uma – em posição vertical, revelando em suavidade e pureza a missão do Salvador. O médico Dr. Silvio Marone escreveu um pequeno mas valioso ensaio sobre a psicologia das mãos na Ceia de Da Vinci, analisando a linguagem das mãos. Essa linguagem se traduziu mediunicamente nas materializações de mãos produzidas através do médium Daniel Douglas Home, um “gentleman” escocês que se celebrizou pelo borboletear das mãos em suas manifestações, embora nunca tenha sido espírita.
As mãos dizem o que somos, porque somos o que fazemos através delas. Podemos semear a destruição e podemos semear o amor com as nossas mãos, mas devemos lembrar que colheremos o que semearmos. Por isso, a poetisa quer inscrever as suas mãos no exército de estrelas que luta na Terra em busca de Jesus.
Há um poema de Michel Quoist, muito divulgado, em que ele agradece a Deus os braços e as mãos que nos deu, enquanto tantos existem sem braços. Refere-se também aos outros membros e órgãos que possuímos, enquanto muitos não os possuem. Maria Dolores não comete esse feio pecado de egoísmo. Ela sabe que os mutilados de hoje recuperarão amanhã os membros perdidos e não devem ser apontados como consolo egoísta para nós. Por isso, atém-se a louvar as mãos benditas que trabalham na construção do bem. É como se nos dissesse: “Emprega bem as tuas mãos, para que elas nunca te faltem”. E aos que não as possuem: “Quando recuperardes as mãos, empregai-as sempre no bem”.
Do livro Diálogo dos Vivos. Espíritos Diversos. Psicografia de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires.



EXERCÍCIO DO BEM

 “Mas ajuntai tesouros no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam e nem roubam. - JESUS - MATEUS, 6: 20.

“Sede bons e caridosos: essa a chave dos céus, chave que tendes em vossas mãos. Toda a eterna felicidade se contém nesse preceito: Amai-vos uns aos outros.” - Cap.13, 12.

Comumente inventamos toda a espécie de pretextos para recusar os deveres que nos constrangem ao exercício do bem.
Amolentados no reconforto, e instalados egoisticamente em vantagens pessoais, no imediatismo do mundo, não ignoramos que é preciso agir e servir na solidariedade humana, todavia, derramamos desculpas a rodo, escondendo teimosia e mascarando deserção.
Confessamo-nos incompetentes.
Alegamos cansaço.
Afirmamo-nos sem tempo.
Declaramo-nos enfermos.
Destacamos a necessidade da vigilância na contenção do vício.
Reclamamos cooperação.
Aqui e ali empregamos expressões crônicas que nos justifiquem a fuga, como sejam “muito difícil”, “impossível”, “melhor esperar”, “vamos ver” e ponderamos vagamente quanto aos arrependimentos que nos amarguram o coração e complicam a vida à face de sentimentos, idéias palavras e atos infelizes a que em outras ocasiões, nos precipitamos de maneira, impensada.
Na maioria das vezes, para o bem exigimos o atendimento a preceitos e cálculos, enquanto que para o mal apenas de raro em raro imaginamos conseqüências.
Entretanto, o conhecimento, do bem para que o bem se realize é de tamanha importância que o apóstolo Tiago afirma no versículo 17 do capítulo 4 de sua carta, no Evangelho “Todo aquele que sabe fazer o bem e não o fez comete falta.
E dezenove séculos depois dele os instrutores desencarnados que supervisionaram a obra de Allan Kardec desenvolveram, o ensinamento ainda mais explicando na Questão 642 de “O Livro dos Espíritos”: ”Cumpre ao homem fazer o bem, no limite das suas forças, porquanto responderá pelo mal que resulte de não haver praticado o bem”.
O Espiritismo, dessa forma, definindo-se não apenas como sendo a religião da verdade e do amor, mas também da, justiça e da responsabilidade, vem esclarecer-nos que responderemos, não Só pelo mal que houvermos feito, mas igualmente pelo mal que decorra, do nosso comodismo em não praticando o bem que nos cabe fazer.
Emmanuel - do livro " O Livro da Esperança" - Psicografado por Francisco Cândido Xavier



O PODER DA GENTILEZA

Eminente professor negro, interessado em fundar uma escola num bairro pobre, onde centenas de crianças desamparadas cresciam sem o benefício das letras, foi recebido pelo prefeito da cidade que lhe disse imperativamente, depois de ouvir-lhe o plano:
- A lei e a bondade nem sempre podem estar juntas. Organize uma casa e autorizaremos a providência.
- Mas doutor, não dispomos de recursos... – considerou o benfeitor dos meninos desprotegidos.
- Que fazer?
- De qualquer modo, cabe-nos amparar os pequenos analfabetos.
O prefeito reparou-lhe demoradamente a figura humilde, fez um riso escarninho e acrescentou:
- O senhor não pode intervir na administração.
O professor muito triste, retirou-se e passou a tarde e a noite daquele sábado, pensando, pensando...
Domingo, muito cedo saiu a passear, sob as grandes árvores, na direção de antigo mercado.
Ia comentando, na oração silenciosa:
- Meu Deus como agir? Não receberemos um pouso para as criancinhas, Senhor?
Absorvido na meditação, atingiu o mercado e entrou.
O movimento era enorme.
Muitas compras. Muita gente.
Certa senhora, de apresentação distinta, aproximou-se dele e tomando-o por servidor vulgar, de mãos desocupadas e cabeça vazia, exclamou:
- Meu velho, venha cá.
O professor acompanhou-a sem vacilar.
À frente dum saco enorme, em que se amontoavam mais de trinta quilos de verdura, a matrona recomendou:
- Traga-me esta encomenda.
Colocou ele o fardo às costas e seguiu-a.
Caminharam seguramente uns quinhentos metros e penetraram elegante vivenda, onde a senhora voltou a solicitar:
- Tenho visitas hoje. Poderá ajudar-me no serviço geral?
- Perfeitamente – respondeu o interpelado -, dê suas ordens.
Ela indicou pequeno pátio e determinou-lhe a preparação de meio metro de lenha para o fogão.
Empunhando o machado, o educador, com esforço, rachou algumas toras. Findo o serviço, foi chamado para retificar a chaminé. Consertou-a com sacrifício da própria roupa. Sujo de pó escuro, da cabeça aos pés, recebeu ordens de buscar um peru assado, a distância de dois quilômetros. Pôs-se a caminho, trazendo o grande prato em pouco tempo. Logo mais, atirou-se à limpeza de extenso recinto em que se efetuaria lauto almoço.
Nas primeiras horas da tarde, sete pessoas davam entrada no fidalgo domicílio. Entre elas, relacionava-se o prefeito que anotou a presença do visitante da véspera, apresentando ao seu gabinete por autoridades respeitáveis. Reservadamente, indagou sua irmã, que era a dona da casa, quanto ao novo conhecimento, conversando ambos na surdina.
Ao fim do dia, a matrona distinta e autoritária, com visível desapontamento, veio ao servo improvisado e pediu o preço dos trabalhos.
- Não pense nisto – respondeu com sinceridade -, tive muito prazer em ser-lhe útil.
No dia imediato, contudo, a dama da véspera procurou-o, na sua casa modesta em que se hospedava e, depois de rogar-lhe desculpas, anunciou-lhe a concessão de amplo edifício, destinado à escola que pretendia estabelecer. As crianças usariam o patrimônio à vontade e o prefeito autorizaria a providência com satisfação.
Deixando transparecer nos olhos úmidos a alegria e o reconhecimento que lhe reinavam nalma, o professor agradeceu e beijou-lhe as mãos, respeitoso.
A bondade dele vencera os impedimentos legais.
O exemplo é mais vigoroso que a argumentação.
A gentileza está revestida, em toda parte, de glorioso poder.
Francisco Cândido Xavier,  Da obra: Alvorada Cristã. Ditado pelo Espírito Neio Lúcio..



A PREGAÇÃO FUNDAMENTAL
Um aprendiz de Nosso Senhor Jesus-Cristo entusiasmou-se com os ensinamentos do Evangelho e decidiu propagá-los, enquanto vivesse. Leu, atencioso, as lições do Mestre e começou a comentá-las por toda parte, gastando dias e noites nesse mister.
Chegou, porém, o momento em que precisou pagar as próprias despesas e foi compelido a trabalhar.
Empregou-se sob as ordens de um orientador que lhe não agradou. Esse diretor de serviço achava-se muito distante da fé e, por isto, contrariava-lhe as tendências religiosas. Controlava-lhe as horas com rigor e observava-o com apontamentos acrimoniosos e rudes.
O pregador do Crucificado não mais se movimentava com a liberdade de outro tempo. Era obrigado a consagrar largos dias a trabalhos difíceis que lhe consumiam todas as forças. Prosseguia, ensinando a boa doutrina, quanto lhe era possível; porém, não mais podia agir e falar, como queria ou quando pretendia. Tinha os minutos contados, as oportunidades divididas, as semanas tabeladas e, porque se julgasse vítima das ordenações de sua chefia, procurou o diretor do serviço e despediu-se.
O proprietário que o empregara indagou do motivo que o levava a semelhante resolução.
Um tanto irônico, o rapaz explicou-se:
-Quero ser livre para melhor servir a Jesus. Não posso, pois, aceitar o cativeiro de sua casa.
Nesse dia de folga absoluta, sentiu-se tão independente e tão satisfeito que discorreu, animadamente, sobre a doutrina cristã, até depois de meia-noite, em várias casas religiosas.
Repousando, feliz, alta madrugada sonhou que o Mestre vinha encontrá-lo. Reparou-lhe a beleza celeste e ajoelhou-se para beijar-lhe a túnica resplandecente.
Jesus, porém, estampava na fisionomia dolorosa e indisfarçável tristeza.
O discípulo inquietou-se e interrogou:
-Senhor, porque te sentes amargurado?
O Cristo, respondeu, melancólicamente:
-Porque desprezaste, meu filho, a pregação que te confiei?
-Como assim, Senhor? — replicou o jovem — ainda hoje abandonei um homem tirânico para melhor ensinar a tua palavra. Tenho discursado em vários templos e comentado a Boa-Nova por onde passo.
-Sim — exclamou o Mestre —, esta é a pregação que me ofereces e que desejo continues fervorosamente; todavia, confiei ao teu espírito a pregação fundamental da verdade a um homem que administra os meus interesses na Terra e não soubeste executá-la. Classificaste-o de ignorante e cruel; entretanto, olvidas que ele ignora o que sabes. E pretendes, acaso, desconhecer que o orientador humano que te dei somente poderia abordar-me os ensinos, nesta hora, através de teu exemplo? Tua humildade construtiva, no espírito de serviço, modificar-lhe-ia o coração... Se lhe desses cinco anos consecutivos de demonstrações evangélicas, estaria preparado a caminhar, por si mesmo, na direção do Reino Divino!... E ele, que determina sobre o tempo de duzentos homens, se faria melhor, mais humano e mais nobre, sem prejuízo da energia e da eficiência... Poderás ensinar o caminho celestial a cem mil ouvidos, mas a pregação do exemplo, que converta um só coração ao Infinito Bem, estabelece com mais presteza a redenção do mundo!...
O aprendiz desejou perguntar alguma coisa; entretanto, o Cristo afastou-se num turbilhão de luminosa neblina.
Acordou, sobressaltado, e não mais dormiu naquela noite.
De manhã, pôs-se a caminho do estabelecimento em que trabalhara, procurou o diretor de quem se despedira e pediu humildemente:
-Senhor, rogo-lhe desculpas pelo meu gesto impensado e, caso seja possível, readmita-me nesta casa! aceitarei qualquer gênero de tarefa.
O chefe, admirado, indagou:
-Quem te induziu a esta modificação?
-Foi Jesus — respondeu o rapaz —; não podemos servi-lo por intermédio da indisciplina ou do orgulho pessoal.
O diretor concordou sem vacilação, exclamando:
-Entre! Estamos ao seu dispor.
Anotou a boa vontade e o sincero desejo de servir de que o empregado dava agora vivo testemunho e passou a refletir na grandeza da doutrina que assim orientava os passos de um homem no aperfeiçoamento moral. E o aprendiz do Evangelho que retomou o trabalho comum, intensamente feliz, compreendeu, afinal, que poderia prosseguir na propaganda verbal que desejava e na pregação básica do exemplo que Jesus esperava dele.
Do livro Alvorada Cristã .Espírito de Neio Lúcio. Psicografia de Francisco C. Xavier.
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DÁ DE TI MESMO

Declaras não possuir dinheiro para auxiliar.
Acreditas que um pouco de papel ou um tanto de metal te substituem o coração?
Esqueces-te, meu filho, de que podes sorrir para o doente e estender a mão ao necessitado?
A flor não traz consigo uma bolsa de ouro e, entretanto, espalha perfume no firmamento.
O céu não exibe chuvas de moedas, mas enche o mundo de luz.
Quanto pagas pelo ar fresco que, em bafejos amigos, te visita o quarto pela manhã?
O oxigênio cobra imposto?
Quanto te custa a ternura materna?
As aves cantam gratuitamente.
A fonte que te oferece o banho reconfortador, não exige mensalidade.
A árvore abre-te os braços acolhedores, repletos de flor e fruto, sem pedir vintém.
A benção divina, cada noite, conduz o teu pensamento a bendito repouso no sono e não fazes retribuição de espécie alguma. Habitualmente sonhas, jamais colhendo rosas em formoso jardim, junto de companheiros felizes; no entanto, jamais te lembraste de agradecer aos gênios espirituais que te proporcionam venturoso descanso.
A estrela brilha sem pagamento.
O Sol não espera salário.
Por que não aprenderes com a natureza em torno?
Por que não te fazeres mais alegre, mais comunicativo, mais doce?
Tens a fisionomia seca e ensombrada por faltar-te dinheiro excessivo e reclamas recursos materiais para ser bom, quando a bondade não nasce dos cofres fortes.
Sê irmão do teu irmão, companheiro de teu companheiro, amigo de teu amigo.
Na ciência de amar, resplandece a sabedoria de dar.
Mostra um semblante sereno e otimista, aonde fores.
Estende os braços, alonga o coração, comunica-te com o próximo, através dos fios brilhantes da amizade fiel.
Que importa se alguém te não entende o gesto de amor?
Que seria de nós, meu filho, se a mão do Senhor se recolhesse a distância, por temer-nos a rudeza e a maldade?
Dá de ti mesmo, em toda a parte.
Muito acima do dinheiro, pairam as tuas mãos amigas e fraternais.
Francisco Cândido Xavier,  Da obra: Alvorada Cristã. Ditado pelo Espírito Neio Lúcio..



SEMENTES DIVINAS
Quando se te fale acerca do muito para liquidar as necessidades humanas, não menoscabes o pouco que sejas capaz de fazer, em auxílio ao próximo, repartindo o coração em pedaços de entendimento e de amor.
O prato do socorro fraterno não resolve o problema da fome; no entanto, pode ser hoje a benção que reerguerá as energias de alguém, à beira da inanição, afim de que o trabalho amanhã lhe retire os passos do nevoeiro de desencanto e aflição.
A peça de roupa ao companheiro em andrajos não resolve o problema da nudez, mas pode ser hoje o apoio substancial em benefício de alguém que o frei vergasta e que amanhã se converterá em fonte viva de amparo aos desabrigados da Terra.
O livro nobilitante colocado nas mãos do amigo em dificuldade, não resolve o problema da ignorância; todavia, pode ser hoje a luz providencial para alguém que as sombras envolvem e que amanhã se fará núcleo irradiante de ideias renovadoras para milhares de criaturas sedentas de orientação e de paz.
Os minutos rápidos de conversação esclarecedora que dispenses ao companheiro enredado nas teias da influência nociva, não resolve o problema da obsessão; no entanto, pode ser hoje a escora salvadora para alguém que a perturbação ameaça e que amanhã se transformará em coluna viva de educação espiritual, redimindo os sofredores do mundo.
Não menosprezes a migalha de cooperação com que possas incentivar a sustentação das boas obras.
Recorda o óbulo da viúva, destacado por Jesus como sendo a dádiva mais rica aos serviços da fé, pelo sacrifício que a oferenda representava.
Não apenas isso. Rememoremos o dia em que o Senhor, abençoando cinco pães e dois peixes, alimentou extensa multidão de famintos.
Em verdade, quaisquer migalhas conosco ou simplesmente por nós, serão sempre migalhas, mas se levadas ao serviço do bem, com Jesus, serão sementes divinas de paz e alegria, instrução e progresso, beneficência e prosperidades no mundo inteiro.
Livro: Alma e Coração.  Psicografia de Francisco Cândido Xavier   Espírito Emmanuel




DUPLA BENEFICÊNCIA

A caridade, na forma externa, é suficientemente conhecida.
Toda organização assistencial é uma bênção de Deus, atenuando a penúria e o sofrimento onde surja.
Existe, porém, a beneficência mais íntima, que se comunica, de alma para alma, nas bases do silêncio e da compreensão.
A caridade mais íntima socorre a pessoa em necessidade sem aparecer; fala-lhe aos recessos do espírito sem palavras articuladas; apoia-lhe a vida sem mostrar-se; e ilumina-lhe o coração, sem ofuscar-lhe o entendimento.
Experimenta semelhante trabalho e observarás quanta alegria se te exteriorizará da existência.
Se conheces a necessidade de alguém, não esperes que esse alguém se coloque de joelhos a suplicar-te favor e estender-lhe o auxílio de que possas dispor; na hipótese de te faltarem recursos para isso, encontrarás os meios de sugerir a companheiros outros para que o façam, sem que a tua influência se mostre.
Quanto te convenças de que essa ou aquela criatura te requisita atenção para determinado assunto, ainda mesmo que disponhas de tempo escasso, podes dedicar-lhe alguns momentos, nos quais a tua palavra lhe signifique o apreço que te merece.
Nos problemas de natureza familiar, descobrirás, sem dificuldade, a trilha mental, no instante justo, através da qual consigas transitar, restaurando a harmonia doméstica, sem esperar agradecimentos.
Ante o amigo que se suponha em erro, saberás despertar-lhe as qualidades superiores que, porventura, estejam adormecidas, afastando-lhe os pensamentos de quaisquer sombras.
Perante uma criatura querida que te haja desfechado essa ou aquela ofensa, reconhecerás que estará ela em momento difícil e que te cabe esquecer o contratempo havido, já que em lugar desse ou daquele ofensor, poderíamos estar nós com os desacertos e precipitações que ainda nos caracterizam.
Não nos esqueçamos da beneficência externa que nos irmana uns aos outros, através da existência recíproca, nas experiências do cotidiano, mas atendamos à beneficência mais íntima, que ampara sem mostrar-se, erguendo sentimentos e levantando almas para a elevação de hoje, que perdurará nas alegrias do hoje e sempre.

EMMANUEL: Francisco Cândido Xavier Livro: Convivência




BENEFICÊNCIA E CARIDADE

A beneficência alivia a provação.
A caridade extingue o mal.
A beneficência auxilia.
A caridade soluciona.
Distribuirás a mancheias algo do ouro que se te derrama da bolsa, entretanto, se nesse algo não puseres a luz de teu amor, em forma de respeito e carinho, ante as chagas do semelhante, não terás construído nele a compreensão que o fará reconciliar-se consigo próprio.
Oferecerás de tua inteligência preciosos recursos aos que desesperam na ignorância, mas, se furtas à lição a benção da simpatia, não estenderás ao companheiro que o sofrimento enceguece a claridade precisa.
Não é dádiva de tua abastança ou o valor de tua cultura que importam no serviço de elevação e aprimoramento da paisagem que te rodeia.
É o modo com que passas a exprimi-los, cedendo de ti mesmo naquilo que o Senhor te emprestou para distribuir, porquanto a atitude é o fator de fixação desse ou daquele sentimento no vasto caminho humano.
Vale mais o exemplo vivo de compaixão que a frase adornada de exaltação à virtude pronunciada tão-somente com a boca e aparece com mais beleza o gesto de fraternidade que a esmola reconfortante suscetível de ser espalhada por ti simplesmente com o esforço mecânico do braço.
Isso, porque todos precisamos de renovação interior para o acesso aos tesouros do espírito e, fazendo o bem, com o impulso de nossas próprias almas, valorizaremos a palavra com que venhamos a emiti-lo, edificando a vida em nós e junto de nós, com o próximo e conosco, realizando sempre o melhor.


 Livro: DINHEIRO Francisco Cândido Xavier – por Emmanuel

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O EVANGELHO TRAZ PAZ AO CORAÇÃO E ALIMENTO PARA A ALMA.

ENTENDER O EVANGELHO É SITUA-LO EM NOSSA VIDA ÍNTIMA!

AOS ORADORES DO EVANGELHO, PARA QUE NOSSA TAREFA SEJA DE ACORDO COM O ESPERADO POR JESUS!

“APASCENTA AS MINHAS OVELHAS” – JESUS. (JOÃO, 21:17)

Significativo é o apelo do Divino Pastor ao coração amoroso de Simão Pedro para que lhe continuasse o apostolado.

Observando na Humanidade o seu imenso rebanho, Jesus não recomenda medidas drásticas em favor da disciplina compulsória.

Nem gritos, nem xingamentos.

Nem cadeia, nem forca.

Nem chicote, nem vara.

Nem castigo, nem imposição.

Nem abandono aos infelizes, nem flagelação aos transviados.

Nem lamentação, nem desespero.

“Pedro, apascenta as minhas ovelhas! “

Isso equivale a dizer: - Irmão, sustenta os companheiros mais necessitados que tu mesmo.

Não te desanimes perante a rebeldia, nem condenes o erro, do qual a lição benéfica surgirá depois.

Ajuda ao próximo, ao invés de vergastá-lo.

Educa sempre.

Revela-te por trabalhador fiel.

Sê exigente para contigo mesmo e ampara os corações enfermiços e frágeis que te acompanham os passos.

Se plantares o bem, o tempo se incumbirá da germinação, do desenvolvimento, da florescência e da frutificação, no instante oportuno.

Não analises, destruindo.

O inexperiente de hoje pode ser o mentor de amanhã.

Alimenta a “boa parte” do teu irmão e segue para adiante.

A vida converterá o mal em detritos e o Senhor fará o resto.

(Texto número 19, extraído do livro Fonte Viva, de Emmanuel, psicografado por Chico Xavier)


IRMÃOS, RESPONSÁVEIS PELA ORATÓRIA DO EVANGELHO E DA APROXIMAÇÃO DOS OUVINTES ÀS MENSAGENS DE JESUS,

NÃO NOS ESQUEÇAMOS DO PEDIDO DO MESTRE,

APASCENTEMOS AS OVELHAS COM A DOÇURA POSSÍVEL,

COM A CONFIANÇA NECESSÁRIA,

E PRINCIPALMENTE COM O AMOR QUE DEVEMOS À QUEM ESPERA DE NÓS,

APENAS, QUE FAÇAMOS A NOSSA PARTE.

VIBRAÇÕES

VIBRAÇÕES: COMO FUNCIONAM AS VIBRAÇÕES E AS PRECES FEITAS PARA OS NECESSITADOS?

A CURA ATRAVÉS DAS VIBRAÇÕES

Certa moça, contrariada em suas inclinações, havia-se casado com um homem a quem não amava.

A mágoa que sofreu levou-a a um distúrbio mental.

Sob o domínio de uma ideia fixa, perdeu a razão e teve de ser internada.

Ela jamais ouvira falar de Espiritismo.

Se dele se tivesse ocupado teriam dito que os Espíritos lhe haviam transtornado a cabeça.

O mal provinha, assim, de uma causa moral acidental e exclusivamente pessoal.

Compreende-se que em tais casos os remédios normais nenhum efeito produzem, e como não havia obsessão, podia-se, também, duvidar do efeito da prece.

Um amigo da família e membro da Sociedade Espírita de Paris, julgou dever interrogar um Espírito superior, que respondeu:

- A ideia fixa dessa senhora, por sua mesma causa, atrai em sua volta uma porção de Espíritos maus, que a envolvem com seus fluidos e alimentam as suas idéias, impedindo que lhe cheguem as boas influências.

Os Espíritos dessa natureza abundam sempre em semelhantes meios e constituem, sempre, obstáculo à cura dos doentes.

Contudo podereis curá-la, mas para tanto é necessário uma força moral capaz de vencer a resistência.

E tal força não é dada a um só.

Cinco ou seis espíritas sinceros se reúnam todos os dias, durante alguns instantes e peçam com fervor a Deus e aos bons Espíritos que a assistam; que a vossa prece seja, ao mesmo tempo, uma magnetização mental.

Para tanto não necessitais estar junto a ela, ao contrário.

Pelo pensamento podeis levar-lhe uma salutar corrente fluídica, cuja força estará na razão de vossa intenção, aumentada pelo número.

Por tal meio podereis neutralizar o mau fluido que a envolve.

Fazei isto: tende fé em Deus e esperai."

Seis pessoas se dedicaram a esta obra de caridade e, durante um mês não faltaram à missão aceita.

Depois de alguns dias a doente estava sensivelmente mais calma; quinze dias mais tarde a melhora era manifesta e agora voltou para sua casa em estado perfeitamente normal, ignorando ainda, como o seu marido, de onde lhe veio a cura.

A maneira de agir é aqui indicada claramente e nada teríamos a acrescentar de mais preciso à explicação dada pelo Espírito.

A prece não tem apenas o efeito de levar ao doente um socorro estranho, mas o de exercer uma ação magnética.

Que não poderia o magnetismo ajudado pela prece!

Infelizmente certos magnetizadores, a exemplo de muitos médicos, fazem abstração do elemento espiritual; vêem apenas a ação mecânica, assim se privando de poderoso auxiliar.

Esperamos que os verdadeiros espíritas vejam no fato mais uma prova do bem que podem fazer em circunstâncias semelhantes.

Allan Kardec

CAUSAS DA OBSESSÃO E MEIOS DE COMBATE-LA - REVISTA ESPÍRITA, JANEIRO DE 1863 - ALLAN KARDEC


PRECE POR ENTENDIMENTO

Senhor Jesus!

Auxilia-nos a compreender mais, a fim de que possamos servir melhor, já que somente assim as bênçãos que nos concedes podem fluir, através de nós, em nosso apoio e em favor de todos aqueles que nos compartilham a existência.

Induze-nos à prática do entendimento que nos fará observar os valores que, porventura, conquistemos, não na condição de propriedade nossa e sim por manancial de recursos que nos compete mobilizar no amparo de quantos ainda não obtiveram as vantagens que nos felicitam a vida.

E ajuda-nos, oh! Divino Mestre, a converter as oportunidades de tempo e trabalho com que nos honraste em serviço aos semelhantes, especialmente na doação de nós mesmos, naquilo que sejamos ou naquilo que possamos dispor, de maneira a sermos hoje melhores do que ontem, permanecendo em Ti, tanto quanto permaneces em nós, agora e sempre.

Assim seja.

Emmanuel : Francisco Cândido Xavier - Livro: Paciência

DEZ MANEIRAS DE AJUDAR COM SEGURANÇA

NÃO DISCUTA

Se você é aprendiz do Evangelho, não ignora que o Divino Mestre permanece atento, na redenção do mundo, e que devemos estar vigilantes na execução do serviço que nos compete.

NÃO CRITIQUE

Observemos o setor de nossas obrigações e realizemos o melhor na obra geral, usando as possibilidades ao nosso alcance.

NÃO RECLAME

Contentarmo-nos com o ato de servir é simples dever e quem centraliza a mente na tarefa que lhe é própria não dispõe de tempo para formular queixas inoportunas.

NÃO CONDENE

Reparemos a parte aproveitável nas situações difíceis e esqueçamos todo mal.

NÃO EXIJA

Coopere sem rogar a colaboração alheia, de vez que a responsabilidade pertence a todos e cada um de nós será examinado de acordo com as próprias obras.

NÃO FUJA

Jamais olvide que o problema é a lição da vida. O aluno que teme o ensinamento, descerá naturalmente à retaguarda.

NÃO SE PRECIPITE

Usemos a serenidade. O trabalhador que sabe aproveitar os minutos e respeitá-los, nunca sofre os castigos do tempo.

NÃO TEMA

Quando fixamos o cérebro e o coração em Cristo somos simples agentes d’Ele e quem cumpre a Vontade do Mestre, não deve nem pode recear coisa alguma.

NÃO SE ENGANE

Ninguém precisa aplicar os raios candentes na verdade, a propósito dos mínimos acontecimentos da vida, desfigurando a alegria que deve imperar nos domínios da sementeira e da esperança, mas não perca de vista o que é essencial ao seu progresso, à sua felicidade e à sua redenção para o grande caminho.

NÃO SE ENTRISTEÇA

Lembre-se de que o Nosso Mestre é o Salvador pela Ressurreição. Sofrimento, amargura e morte são sombras. A cruz do Amigo Divino era degrau para a Glória Celeste. Seja esse pensamento uma luz permanente em nossa alma que jamais deve abrir-se ao desânimo. A certeza de que somos os seguidores felizes do Cristo Imortal é para nós motivo de soberana resistência e de eterno júbilo.

André Luiz - Do livro Cartas do coração. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.


AS VIBRAÇÕES SEGUNDO DR BEZERRA DE MENEZES

AS VIBRAÇÕES SEGUNDO DR BEZERRA DE MENEZES
LIVRO:INICIAÇÃO ESPÍRITA - EDGARD ARMOND

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