10 – Meus filhos, na máxima: Fora da caridade não há
salvação, estão contidos os destinos do homem sobre a Terra e no céu. Sobre a
Terra, porque, à sombra desse estandarte, eles viverão em paz; e no céu, porque
aqueles que a tiverem praticado encontrarão graça diante do Senhor. Esta divisa
é a flama celeste, coluna luminosa que
guia os homens pelo deserto da vida, para conduzi-los à Terra da Promissão. Ela
brilha no céu como auréola santa na fronte dos eleitos, e na Terra está gravada
no coração daqueles a quem Jesus dirá: “Passai à direita, benditos de meu Pai”.
Podeis reconhecê-los pelo perfume de caridade que espargem ao seu redor. Nada
exprime melhor o pensamento de Jesus, nada melhor resume os deveres do homem,
do que esta máxima de ordem divina. O Espiritismo não podia provar melhor a sua
origem, do que a oferecendo por regra, porque ela é o reflexo do mais puro
Cristianismo. Com essa orientação, o homem jamais se transviará. Aplicai-vos,
portanto, meus amigos, a compreender-lhe o sentido profundo e as conseqüências
de sua aplicação, e a procurar por vós mesmos todas as maneiras de aplicá-la.
Submetei todas as vossas ações ao controle da caridade, e a vossa consciência
vos responderá: não somente ela evitará que façais o mal, mas ainda vos levará
a fazer o bem.Porque não basta uma virtude negativa, é necessária uma virtude
ativa. Para fazer o bem, é sempre necessária
a ação da vontade, mas, para não fazer o mal, bastam freqüentemente à
inércia e a negligência.
Meus amigos, agradeçam a Deus, que vos permitiu gozar a
luz do Espiritismo. Não porque somente os que a possuem possam salvar-se, mas
porque, ajudando-vos a melhor compreender os ensinamentos do Cristo, ela vos
torna melhores cristãos. Fazei, pois, que vos vendo, se possa dizer que o
verdadeiro espírita e o verdadeiro cristão são uma e a mesma coisa, porque
todos os que praticam a caridade são discípulos de Jesus, qualquer que seja o
culto a que pertençam.
O LIVRO DOS
ESPÍRITOS – QUESTÃO 886
Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a
entendia Jesus?
“Benevolência para com todos, indulgência para as
imperfeições dos outros, perdão das ofensas.”
O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça,
pois amar o próximo é fazer-lhe todo o bem que nos seja possível e que desejáramos
nos fosse feito. Tal o sentido destas palavras de Jesus: Amai-vos uns aos outros
como irmãos.
A caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola,
abrange todas as relações em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam
eles nossos inferiores, nossos iguais, ou nossos superiores. Ela nos prescreve
a indulgência, porque de indulgência precisamos nós mesmos, e nos proíbe que
humilhemos os desafortunados, contrariamente ao que se costuma fazer. Apresente-se
uma pessoa rica e todas as atenções e deferências lhe são dispensadas. Se for
pobre, toda gente como que entende que não precisa preocupar-se com ela. No
entanto, quanto mais lastimosa seja a sua posição, tanto maior cuidado devemos
pôr em lhe não aumentarmos o infortúnio pela humilhação.
O homem verdadeiramente bom procura elevar, aos seus
próprios olhos, aquele que lhe é inferior, diminuindo a distância que os
separa.
TEXTOS DE APOIO
CARIDADE
Caridade, onde estejas, e a presença de Nosso Senhor
Jesus Cristo.
Sempre que te detenhas a contemplar um hospital ou um lar
consagrado aos desprotegidos, uma instituição de auxílio social ou de socorro
fraterno, eleva o pensamento à Bondade Divina em sinal de louvor e colabora,
quanto puderes em benefício dos outros.
Emmanuel - Livro Agenda de Luz - Francisco Cândido Xavier
CARIDADE E
CONVIVÊNCIA
A Caridade é a base da paz no relacionamento humano.
A Convivência feliz pede apoio e compreensão.
Por vezes, é possível que os outros necessitem de nós,
mas não podemos esquecer que todos nós necessitamos igualmente dos outros.
Auxilia aos vizinhos para que os vizinhos te auxiliem.
O próximo é a ponte capaz de escorar-nos na travessia das
dificuldades.
Não fujas à prestação de serviço que a outrem consigas
oferecer.
Esquece possíveis ofensas alheias, reconhecendo os nossos
próprios erros.
Fala criando otimismo e paz.
Não te queixes de ninguém.
Trabalha e serve sempre.
Decerto, pensando na importância da Caridade nos
mecanismos de nossas relações recíprocas, é que Jesus nos legou a observação
inesquecível:
- “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.”
Espírito: EMMANUEL Médium: Francisco Cândido Xavier
Livro:"Convivência"-
CARIDADE E VIDA
Partíamos, - a equipe de serviço
Para aprender na Terra a servir por amor.
Quando ouvimos, atentos,
A palavra serena do Instrutor!
- Irmãos, a Terra é sempre a nossa grande escola,
Onde plantar o bem lembra luta renhida...
Tereis convosco a Eterna Providência,
Ide e considerai primeiro a vida.
Deus clareou a inteligência humana
E a inteligência humana fez do mundo
Amplo facilitário de trabalho,
Que lhe nasceu do cérebro fecundo!
Naves e ondas, firmamento afora,
Cidades ostentando harmonia e grandeza,
Máquinas, invenções e experimentos,
Tudo é sagrado para a Natureza.
Entretanto, anotai! Antes de tudo,
Na Civilização da Nova Era,
Sois obreiros do amor, caminho adiante,
Na seara do bem que vos espera!...
Entre os carros triunfantes da cultura
E os louros imortais de nobres gênios,
Crueldade e violência, ódio e penúria,
São chagas ancestrais de outros milênios...
Estampai vossa voz nas vozes generosas
Que renovam a fé nas almas combalidas.
E ponde as vossas mãos abençoadas
Que socorrem a dor, lavando-lhes as feridas!...
Ide à mágoa das mães, na provação que oprime,
Extirpai-lhes do peito o fel do desconforto,
Amparai as crianças desprezadas
E evitai sobre a Terra o estigma do aborto!...
Não vos equivoqueis, fitando a Ciência,
Refulgindo no chão e conquistando Espaços,
A Humanidade em si, chora, aflige-se e clama,
Esperando por Deus em vossos braços!...
Finda a palavra do mentor amigo,
Eis-nos na Terra, ao sol, ante o mundo opulento
Das cidades que brilham, carregando
Insegurança, angústia e sofrimento...
Então reconheci que acima do progresso
Dos grandes povos-reis que se transformarão,
Somente a caridade, assegurando a Vida
Pode criar na Terra a paz do coração.
Maria Dolores - Do livro A Vida Conta. Psicografia de
Francisco Cândido Xavier.
CARIDADE E RELACIONAMENTO
Lições professadas nas faculdades de ensino conferem às
criaturas variadas titulações de competência.
Entretanto, embora se observe, na Terra de hoje o
imperativo de se formarem valores acadêmicos, no que se refere à comunicação, é
justo reconhecer que a ciência do relacionamento, nos acertos precisos, é
prerrogativa de Jesus.
Foi na cátedra da caridade que ele, o Mestre Divino,
lecionou todas as matérias necessárias à concórdia entre os homens, como sejam:
o perdão das ofensas, a oração pelos perseguidores, o amparo aos necessitados,
o socorro aos doentes, o bom-ânimo aos tristes e o apoio aos fracos e aos pequeninos.
Lembremo-nos disso e atendamos à compreensão para com os
outros, a fim de que sejamos compreendidos.
Indaguemos de nós mesmos de quantos contratempos e
desgostos nos livraríamos, se houvéssemos humanizado determinados gestos para
com os nossos semelhantes e especialmente para com os mais íntimos
participantes do nosso círculo doméstico nas horas de crise.
Os pais que censuramos, quando se desinteressam de nós;
os filhos que se nos afastam da convivência, desconhecendo-nos o amor; os
amigos que nos deixam embora as nossas súplicas para que não nos abandonem; os
associados que não hesitaram, a nosso ver, em causar-nos prejuízos; os irmãos
que nos sonegam apoio e que, segundo o nosso ponto de vista, estão em condições
de nos atender... Em todas essas situações, a caridade está pronta a
mostrar-nos que não nos cabe exigir-lhes, nem mesmo em se tratando dos entes
mais queridos, o que não nos podem doar e que, em muitas ocasiões, não nos
comportaríamos de maneira diferente, se estivéssemos no lugar deles.
Louvemos as conquistas da inteligência que patrocinam o
progresso, nas frentes da cultura, mas ampliemos, quanto possível, a nossa
idéia de caridade do amparo material ao campo espiritual propriamente
considerado e reconheceremos que a beneficência, em nosso relacionamento
recíproco, é a única luz suscetível de nos conduzir ao clima do amor e à
vitória da paz.
EMMANUEL: Francisco Cândido Xavier Livro: Convivência
NAS SENDAS DO MUNDO
“Não ajunteis
tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem e onde os ladrões
minam e roubam.
”JESUS - MATEUS, 6: 19.
“Meus filhos, na sentença: “Fora da caridade não há
salvação”, estão encerrados os destinos dos homens, na Terra e no Céu; na Terra,
porque à sombra desse estandarte eles viverão em paz; no Céu, porque os que a
houverem praticado, acharão graças diante do Senhor. ” cap, 15, 10.
Deus que nos auxilia sempre nos permite possuir, para que
aprendamos também a auxiliar.
Habitualmente, atraímos a riqueza e supomos detê-la para
sempre, adornados com as facilidades que o ouro proporciona...
Um dia, porém, nas fronteiras da morte, somos despojados
de todas as posses exteriores e se algo nos fica será simplesmente a plantação
das migalhas de amor que houvermos distribuído, creditadas em nosso nome pela
alegria, ainda mesmo precária e momentânea, daqueles que nos fizeram a bondade
de recebê-las.
Via de regra, amontoamos títulos de poder e admitimo-nos
donos deles, enfeitando- nos com as vantagens que a influência prodigaliza...
Um dia, porém, nas fronteiras da morte, somos despojados
de todas as primazias de convenção e se algo fica será simplesmente o saldo dos
pequenos favores que houvermos articulado, mantidos em nosso nome pelo alívio,
ainda mesmo insignificante e despercebido, daqueles que nos fizeram a gentileza
de aceitar-nos os impulsos fraternos.
Geralmente repetimos frases santificantes, crendo-as
definitivamente incorporadas ao nosso patrimônio espiritual, ornando-nos com o
prestigio que a frase brilhante atribui...
Um dia, porém, nas fronteiras da morte, somos despojados
de todas as ilusões e se algo nos fica será simplesmente a estreita coleção dos
benefícios que houvermos feito, assinalados em nosso nome pelo conforto, ainda
mesmo ligeiro e desconhecido, daqueles que nos deram oportunidade a singelos
ensaios de elevação.
Serve onde estiveres e como puderes, nos moldes da
consciência tranqüila.
Caridade não é tão-somente a divina virtude, é também o
sistema contábil.
do Universo, que nos permite a felicidade de auxiliar
para sermos auxiliados.
Um dia, nas alfândegas da morte, toda a bagagem daquilo
de que não necessites ser-te-á confiscada, entretanto, as Leis Divinas
determinarão recolhas, com avultados juros de alegria, tudo o que destes do que
és, do que fazes, do que sabes e do que tens, em socorro dos outros,
transfigurando-te as concessões em valores eternos da alma, que te assegurarão
amplos recursos aquisitivos no Plano Espiritual.
Não digas, assim, que a propriedade não existe ou que não
vale dispor disso ou daquilo.
Em verdade, devemos a Deus tudo o que temos, mas
possuímos o que damos.
Emmanuel do livro:
O Livro da Esperança - Psicografado por Francisco Cândido Xavier
LEGENDA ESPÍRITA
O cultivador é conduzido ao pântano para convertê-lo em
terra fértil.
O técnico é convidado ao motor em desajuste para
sanar-lhe os defeitos.
O médico é solicitado ao enfermo para a benção da cura.
O professor é trazido ao analfabeto para auxiliá-lo na
escola.
Entretanto, nem as feridas da terra, nem os
desequilíbrios da máquina, nem as chagas do corpo e nem as sombras da
inteligência se desfazem à custa de conversas amargas e, sim, ao preço de trabalho
e devotamento.
O espírita cristão é chamado aos problemas do mundo, a
fim de ajudar-lhes a solução; contudo, para atender em semelhante mister, há
que silenciar discórdia e censura e alongar entendimento e serviço.
É por essa razão que interpretando o conceito “salvar”
por “livrar da ruína” ou “preservar do perigo”, colocou Allan Kardec, no
luminoso portal da Doutrina Espírita, a sua legenda inesquecível:
-”Fora da caridade não há salvação”
Bezerra de Menezes- Livro: O Espírito da Verdade
Psicografia Francisco C. Xavier e Waldo Vieira- Espíritos Diversos
NÃO RETARDES O BEM
A dádiva tem força
de lei, em todos os domínios da Criação.
A flor dá
naturalmente do seu perfume, e o animal, em sistema de compulsória, oferece
cooperação ao homem, através do suor em que se consome. A criatura generosa dá
concurso fraterno, pelos recursos da caridade, sem esperar petição alguma, e o usurário
desencarnado cede, constrangido pelos mecanismos da herança todas as posses que
acumulou.
Isso ocorre porque
no fundo, todos os bens da vida pertencem a deus, que no-los empresta visando
ao nosso próprio enriquecimento.
Desenvolve, quanto possível, a tua capacidade de
auxiliar, porquanto, no tamanho de teu sentimento, podes ser o amparo material,
ainda que ligeiro, no labor da beneficência: a palavra que esclarece e consola
no combate da luz contra o assalto das trevas; a presença amiga que insufla a
esperança ou o braço acolhedor que sustenta o companheiro atormentado pela
exaustão.
Recorda, porém,
que existe o momento perfeito de auxiliar, seja ele conhecido como sendo a
ocasião da necessidade, a sugestão do trabalho, o propósito de ajudar ou o impulso
da intuição
Aproveita o ensejo
de ser útil, com a inteligência de quem sabe que é preciso plantar hoje para
colher amanhã.
Para isso, no
entanto, é imperioso te desfaças de todas as exigências. Não temas farpas de
censura, em torno de tua dádiva, e nem taxes a tua bondade com impostos de gratidão.
O amor não cobra pedágio seja a quem for que passe por ele recebendo serviço.
Ajuda com alegria
de quem se honra com a faculdade de acrescentar as alegrias de que Deus dotou o
Universo; sobretudo, não permitas que a oportunidade de auxiliar se deteriore
em suas mãos. A dádiva retardada tem gosto de recusa, tanto quanto a refeição inaproveitada
fere o equilíbrio do paladar..
Auxilia quanto,
como onde e sempre que possas para o erguimento do bem comum.
Não esperes que a desencarnação obrigue outros a distribuir
aquilo que podes dar hoje, no amparo aos semelhantes, para a construção de tua
própria felicidade, de vez que tudo aquilo que damos à vida, na pessoa do
próximo, é justamente aquilo que a vida nos restitui.
Livro: Estude E Viva - Francisco Cândido Xavier E Waldo
Vieira Pelos Espíritos Emmanuel E André Luiz
MODOS DE USAR
As doações abençoadas da Misericórdia Divina constituem
exatos medicamentos à nossas necessidades e pedem modo particular de uso.
A inteligência exige burilamento constante no aprendizado
construtivo.
A saúde, sem atividade no bem, cede lugar à moléstia.
A posse financeira não proporciona verdadeira alegria,
quando vive a distância do socorro fraterno.
A autoridade humana não constrói segurança para ninguém,
quando adota regime de intemperança de si própria.
O prestígio social reduz-se a simples aparência, se
brilha sem base no esforço honesto.
O conhecimento elevado, sem trabalho digno, é acelerador
do remorso.
O ninho familiar, sem o clima de concórdia, é via de
acesso par o desequilíbrio geral.
Assim, o amparo da Espiritualidade Maior traz em si mesmo
a sugestão para o necessário aproveitamento.
Observe, pois, a disciplina requerida na administração
dos medicamentos espirituais que o Céu lhe envia, sabendo que os horários, doses
e formas de emprego reclamam exatidão e persistência, boa-vontade e confiança
para sanarem efetivamente os males que nos espoliam a vida íntima, de modo a
que nos renovemos para mais altos destinos.
Livro: Estude E Viva - Francisco Cândido Xavier E Waldo
Vieira Pelos Espíritos Emmanuel E André Luiz
CARIDADE E VOCÊ
Acredita você que só a caridade pode salvar o mundo;
entretanto, não se demore na posição de comentarista.
Não nos diga que é pobre e incapaz de contribuir na
campanha renovadora da sublime virtude.
Senão vejamos: Se você destinar a quantia correspondente
a um refrigerante ou um aperitivo em cinco doses, segundo os seus hábitos, aos
serviços de qualquer hospital, no fim de um mês haverá mais decisiva medicação
para certo doente.
Se você renunciar ao cinema de uma vez em cada cinco,
endereçando o dinheiro respectivo a uma creche, ao término de duas ou três
semanas, a instituição contará com mais leite em favor das crianças
necessitadas.
Se você suprimir um maço de cigarros em cada cinco de seu
uso particular, dedicando o fruto dessa renúncia a uma casa erguida para os
irmãos distanciados do conforto doméstico, em breve tempo o agasalho devido a
eles será mais rico.
Se você economizar as peças do vestuário, guardando a
importância equivalente a uma delas em cada cinco, para socorro ao próximo
menos feliz, no fim de um ano disporá você mesmo de recursos suficientes para
vestir alguém que a nudez ameaça.
Não espere pela bondade dos outros.
Lembre-se daquela que você mesmo pode fazer.
É possível que você nos responda que o supérfluo é seu
próprio suor, que não nos cabe opinar em seu caminho e que o copo e o filme, o
fumo e a moda são movimentados à sua custa.
Você naturalmente está certo na afirmativa e não seremos
nós quem lhe contestará semelhante direito.
A vontade é sagrado atributo do espírito, dádiva de Deus
a nós outros, para que decidamos, por nós, quanto à direção do próprio destino.
Todavia, nosso lembrete é apenas uma sugestão aos
companheiros que acreditam na força da caridade e só ganhará realmente algum
valor se houver algum laço entre a caridade e você.
Autor: André Luiz - Psicografia de Francisco Candido
Xavier. Livro: O Espírito da Verdade
NA TRILHA DA CARIDADE
E - Cap. XV - Item
10
Se já podes sentir a felicidade de auxiliar, imagina-te
no lugar de quem pede.
Provavelmente, jamais precisaste recorrer à mesa do
próximo, para alimentar um filho estremecido e nem saibas quanto dói a
inquietação, nas salas de longa espera, quando se trata de mendigar singelo
favor.
Quantos nos dirigem o olhar molhado, suplicando socorro,
são nossos irmãos...
Talvez nunca examinaste os prodígios de resistência dos
pequeninos sem prato certo que te abordam na rua e nunca mediste a solidão dos
que atravessam moléstia grave, sem braço amigo que os assista, no sofrimento, a
se arrastarem nas vias públicas, na expectativa de encontrarem alguém que lhes
estenda leve apoio contra o assédio da morte.
Muitos dizem que há entre eles viciações e mentiras, que
nos compete evitar em louvor da justiça e ninguém pode contrariar a justiça e
ninguém pode contrariar a justiça, chamada a reger a ordem.
Será justo, no entanto, verificar até que ponto somos
culpados pelo desespero que os fizeram cair em semelhantes desequilíbrios e até
onde somos também passiveis de censura por altas equivalentes.
Deus nos dá para que aprendemos também a distribuir.
Assegura a disciplina, mas lembra-te de que o Senhor te
agradece a bagatela de bondade que possas entregar, em favor dos que sofrem, e
a palavra de reconforto que graves no coração torturado que te pede esperança.
Trabalha contra o mal, no entanto, recorda que as leis da
vida assinalam a alegria da criança desditosa a quem deste um sinal de bondade
e respondem as orações do velhinho que te recolhe os testemunhos de afeto,
exclamando: "Deus te abençoe".
A caridade em cada gesto e em cada frase acende o clarão
de uma bênção. Será talvez por isso que a Sabedoria ergueu o cérebro, acima do
tronco, por almenara de luz, como a dizer-nos que ninguém deve agir sem pensar,
mas entre a cabeça que reflete e as mãos que auxiliam, situou o coração por
fiel sublime.
De Opinião Espírita de Francisco Cândido Xavier e Waldo
Vieira, pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz
CONCESSÕES
“Dá a quem te pedir e não te desvies daquele que quiser
que lhe emprestes. - JESUS –MATEUS;6:42.
“Não podendo amar a Deus sem praticar a caridade para com
o próximo, todos os deveres do próximo, todos os deveres do homem se resumem
nesta máxima: Fora da caridade não há salvação.” Cap.15; 42.
Enquanto podes agir no corpo terrestre, medita, de quando
em quando, naqueles que largaram, sob regime de compulsória, os talentos que o
mundo lhes confiou.
Para isso, não é necessário recorrer ao arquivo dos
milênios e nem consultar a pompa dos museus.
Alinha na memória os que viste partir nos últimos vinte
anos! Líderes do povo, que detinham o poder de influenciar a multidão,
abandonaram o leme das idéias que governavam, impelidos de chofre a varar a
névoa do túmulo delegações de competência para resolver as necessidades do
próximo, viram-se, de momento para outro, privados das propriedades que
ajuntaram, coagidos a entregá-las ao arbítrio dos descendentes...
Missionários de diferentes climas religiosos, que
mantinham a possibilidade de consolar e instruir, desceram, precipitadamente,
das galerias de autoridade, em que traçavam princípios para as estradas
alheias...
Criadores do pensamento, que sustinham a prerrogativa de
impressionar pessoas, através do verbo falado ou escrito, tiveram, de súbito, a
palavra cassada pe’a desencarnação ou pela afasia, muitas vezes, no exato
momento em que mais desejavam comandar a oratória ou o cérebro lúcido...
Pensa neles, os beneficiários das concessões divinas que
te precederam na morte e faze hoje algo melhor que ontem, nos domínios do bem
para que o bem te favoreça.
Não apenas os dons da inteligência, mas também o corpo
físico, as vantagens diversas, os patrimônios afetivos e até mesmo as dores que
te povoam as horas são recursos de que te aproprias na Terra, com permissão do
Senhor, para investi-los na construção da própria felicidade.
As leis que vigem no plano físico são fundamentalmente as
mesmas que orientam as criaturas no plano espiritual.
Um empréstimo fala sempre da generosidade do credor que o
concede, mas revela igualmente, na contabilidade da vida, o bem ou o mal que se
faz com ele.
Emmanuel - do livro:
O Livro da Esperança - Psicografado por Francisco Cândido Xavier
QUESTÃO DE CARIDADE
Nosso grupo comentava, antes da reunião, os problemas da
caridade no mundo contemporâneo. Vários companheiros afirmavam que o progresso
da economia afastaria a penúria da Terra. Outros se reportavam a congresso
recentemente realizado no Exterior para resolver os problemas da fome.
Em pleno assunto, fomos chamados às tarefas marcadas. O
Evangelho Segundo o Espiritismo nos deu a estudo o item 10 do capítulo XV. Após
os comentários gerais o nosso caro Emmanuel, analisando o tema, nos trouxe a
página “Mais Caridade”.
MAIS CARIDADE
Emmanuel
Não digas que a prosperidade material, só por si,
afastaria do mundo o ministério da caridade.
Não obstante o progresso tecnológico, que vai descobrindo
novos processos de solução aos problemas do Plano Físico, a renovação
planetária como que nos exige na Terra, mais caridade, à vista dos novos
necessitados que repontam hoje de todas as procedências.
Deixa que o coração se te enterneça e vê-lo-ás sem
dificuldade: os que não se ajustaram aos impactos, por vezes cruéis da evolução
e choram inibidos nas retaguardas.
Os que se viram obrigados à repentina desvinculação dos
entes queridos e sofrem sensações de abandono;
Os que não puderam compreender a transformação dos
familiares, freqüentemente chamados a experiências difíceis e se marginalizam
em desespero;
Os que acreditaram em felicidade sem deveres e se
encarceraram em sombrios cativeiros de espírito;
Os que amedrontaram perante os encargos da vida e se
extraviaram no parque dos medicamentos de misericórdia que a Divina Providência
reservou aos doentes graves;
Os que se isolaram em trincheiras amoedadas, caindo em
tédio e desalento;
Os que foram entregues, desde o berço, à falsa liberdade,
adormecendo em perigosos enganos e despertaram, sem qualquer defesa íntima, nos
pesadelos de passadas reencarnações;
Os que agonizam com todos os recursos da assistência
remunerada, suspirando por algum apoio espiritual que os auxilie para a Grande
Mudança;
E aqueles outros muitos que não encontraram o valor da
dificuldade e do sofrimento e armam-se contra si próprios, nos labirintos da
autodestruição.
Não digas que o progresso possa realizar a supressão da
caridade, porque, em qualquer parte do Universo, onde se destaque essa ou
aquela necessidade da vida, a caridade surgirá sempre por presença de Deus.
Livro Caminhos de Volta – Psicografia Francisco
Cândido Xavier – Espíritos Diversos.
CARIDADE
Nos caminhos claros da inteligência, muitas vezes as
rosas da alegria incompleta produzem os espinhos da dor, mas, nas sendas
luminosas da caridade, os espinhos da dor oferecem rosas de perfeita alegria.
Onde a mão da caridade não passou, no campo da vida, as
pedras e a erva daninha alimentam o deserto; e, enquanto não atinge o cérebro,
elevando-se do sentimento ao raciocínio, a ciência é simples calculo que a
maldade inclina à destruição.
Indubitavelmente, a fé improvisa revolucionários, a
instrução erige doutores, a técnica forma especialistas e a própria educação,
venerável em seus fundamentos, burila gentil homens para as manifestações do
respeito recíproco e da solidariedade comum. Só a caridade, porém, edifica os
apóstolos do bem que regeneram o mundo e lhe santificam os destinos.
A investigação e a cultura erguerão universidades e
academias, onde o pensamento se entronize vitorioso; entretanto, somente a
caridade possui as chaves do coração humano para fazer a vida melhor.
Cristãos abnegados da era nova, uni-vos sob o estandarte
da divina virtude! Não convertais o tesouro do Céu em motivo para indagações
ociosas quando, ao redor de vossos passos, se agita a multidão atormentada.
Multiplicai o pão da crença e do reconforto, à frente da tuba aflita e
esfaimada, porque o Senhor vos renovará os dons de auxiliar, toda vez que o
cântaro de vosso esforço trouxer aos mananciais de cima o sublime sinal da
caridade benfeitora. Estudai e meditai, monumentalizando as obras de
benemerência pública e ensinando a verdade imperecível com que a Nova Revelação
vos enriquece, mas não vos esqueçais de instalar no peito um coração fraterno e
compadecido.
Instituições materiais primorosas, sem o selo intimo da
caridade, são frutos admiráveis sem sementes. Sem a compreensão, filha da
piedade generosa e construtiva, nossa organização doutrinal seria um palácio em
trevas.
Iluminemos a luta em torno, clareando a vida por dentro.
Aspiremos ao paraíso, cooperando para que o bem alcance
toda a Terra.
Fora de Deus não há vida e fora da caridade, que é o
Divino Amor, não há redenção.
Thereza - Livro: Caridade – Psicografia: Francisco C.
Xavier – Espíritos Diversos
PARÁBOLA DO SERVO
Irmão X
Na linha divisória em que encontram as regiões da Terra e
do Céu, nobre Espírito, exibindo alva túnica, solicitava passagem, suspirando
pela Divina Ascensão.
Guardava a pureza exterior de um lírio sublime, falava
docemente como se harpa melodiosa lhe habitasse as entranhas e mostrava nos
olhos a ansiedade e a timidez da andorinha sequiosa de primavera.
O Anjo do Pórtico ouviu-lhe o requerimento com atenção e,
admirando-lhe a brancura da veste, conduziu-o à balança de precisão para
observar-lhe o peso vibratório.
Contudo, o valioso instrumento foi contra ele. O clima
interno do candidato não lhe correspondia à indumentária brilhante.
À frente das lágrimas tristes que lhe vertiam dos olhos,
o funcionário divino exortou-o, otimista:
- Desce à Terra e planta o amor cada dia. A colheita da
caridade dar-te-á íntima luz, assegurando-te a elevação.
O Espírito faminto de glória celestial renasceu entre os
homens e, sempre cauteloso na própria apresentação, muniu-se de casa enorme,
adquirida ao preço de inteligência e trabalho, e começou a fazer o bem por
intermédio das mãos que o serviam.
Criados numerosos eram mobilizados por ele, na extensão
da bondade aqui e ali...
Espalhava alimentação e agasalho, alívio e remédio,
através de largas faixas de solo, explorando com felicidade os negócios
materiais que lhe garantiam preciosa receita.
Depois de quase um século, tornou à justiceira aduana.
Trazia a roupa mais alva, mais linda.
Ansiava subir às Esferas Superiores, mas, ajustando à
balança, com tristeza verificou que o peso não se alterava.
O Anjo abraçou-o e explicou:
- Pelo teu louvável comportamento, junto às posses
humanas, conquistaste a posição de Provedor e, por isso, a tua forma é hoje
mais bela; no entanto, para que adquiras o clima necessário à vida no Céu, é
indispensável regresses ao mundo, nele plantando as bênçãos do amor.
O Espírito, embora desencantado, voltou ao círculo
terreno. Todavia, preocupado com a opinião dos contemporâneos, fez-se hábil
político, estendendo o bem, por todos os canais e recursos ao seu alcance.
Movimentou verbas imensas construindo estradas e escolas,
estimulando artes e indústrias, ajudando a milhares de pessoas necessitadas.
Quase um século se esgotou sobre as novas atividades,
quando a morte o reconduziu à conhecida fronteira.
Trazia ele uma túnica de beleza admirável, mas, levado a
exame, a mesma balança revelou-se desfavorável.
O fiscal amigo endereçou-lhe um olhar de simpatia e
disse. bondoso:
- Trouxeste agora o título de Administrador e, em razão
disso, a tua fronte aureolou-se de vigorosa imponência... Para que ascendas,
porém, é imprescindível retornes à carne para a lavoura do amor.
Não obstante torturado, o amigo do Céu reencarnou no
plano físico, e, fundamente interessado em preservar-se, ajuntou milhões de
moedas para fazer o bem. Extensamente rico de cabedais transitórios, assalariou
empregados diverso que o representavam junto dos infelizes, distribuindo a
mancheias socorro e consolação.
Abençoado de muitos, após quase um século de trabalho
voltou à larga barreira.
O aferidor saudou-lhe a presença venerável, porque da
roupagem augusta surgiam novas cintilações.
Apesar de tudo, ainda aí, depois de longa perquirição, os
resultados lhe foram adversos.
Não conseguira as condições necessárias ao santo
cometimento.
Debulhado em lágrimas, ouviu o abnegado companheiro, que
informou prestimoso:
- Adquiriste o galardão de Benfeitor, que te assegura a
insígnia dos grandes trabalhadores da Terra, mas, para que te eleves ao Céu, é
imperioso voltes ao plano carnal e semeies o amor.
Banhado em pranto, o aspirante à Morada Divina ressurgiu
no corpo denso, e, despreocupado de qualquer proteção a si mesmo, colocou as
próprias mãos no serviço aos semelhantes... Capaz de possuir, renunciou às
vantagens da posse; induzido a guardar consigo as rédeas do poder, preferiu a
obediência para ser útil, e, embora muita vez bafejado pela fortuna, dela se
desprendeu a benefício dos outros, sem atrelá-la aos anseios do coração...
Exemplificou o bem puro, sossegou aflições e lavou chagas atrozes... Entrou em
contato com os seres mais infelizes da Terra. Iluminou caminhos obscuros,
levantou caídos da estrada, curvou-se sobre o mal, socorrendo-lhe as vítimas,
em nome da virtude... Paralisou os impulsos do crime, apagando as discórdias e
dissipando as trevas... Mas a calúnia cobriu-o de pó e cinza, e a perversidade,
investindo contra ele, rasgou-lhe a carne com o estilete da ingratidão.
Depois de muito tempo, ei-lo de volta ao sítio divino.
Não passava, porém, de miserável mendigo, a encharcar-se
de lodo e sangue, amargura e desilusão.
- Ai de mim! – soluçou junto ao vigilante da Grande Porta
– se de outras vezes, envergando veste nobre não consegui favorável resposta ao
meu sonho, que será de mim, agora, coberto de barro vil?
O guarda afagou-o, enternecido, e conduziu-o à sondagem
habitual.
Entretanto, oh! surpresa maravilhosa!...
A velha balança, movimentando o fiel com brandura,
revelou-lhe a sublime leveza.
Extático, em riso e pranto, o recém-chegado da Esfera
Humana sentiu-se tomado nos braços pelo Anjo Amigo, que lhe dizia, feliz:
- Bem-aventurado sejas tu, meu irmão! Conquistaste o
título de Servo. Podes agora atravessar o limite, demandando a Vida Superior.
Imundo e cambaleante, o interpelado caminhou para a
frente, mas, atingindo o preciso lugar em que começava a claridade celeste,
desapareceu a lama que o recobria, desagradável, e caíram-lhe da epiderme
equimosada as pústulas dolorosas... Como por encanto, surgiu vestido numa
túnica de estrelas e, obedecendo ao apelo íntimo, elevou-se à glória do firmamento,
coroado de luz.
Livro Estante
da Vida – Pelo
Espírito “Irmão X” - Psicografia Francisco C. Xavier
A LIÇÃO DA SEMENTE
Diante da perplexidade dos ouvintes, falou Jesus,
convincente: — Em verdade, é muito difícil vencer os aflitivos cuidados da vida
humana.
Para onde se voltem nossos olhos, encontramos a guerra, a
incompreensão, a injustiça e o sofrimento.
No Templo, que é o Lar do Senhor, comparecem o orgulho e
a vaidade nos ricos, o ódio e a revolta nos pobres.
Nem sempre é possível trazer o coração puro e limpo, como
seria de desejar, porque há espinheiros, lamaçais e serpentes que nos rodeiam.
Entretanto, a idéia do Reino Divino é assim como a
semente minúscula do trigo.
Quase imperceptível é lançada à terra, suportando- lhe o
peso e os detritos, mas, se germina, a pressão e as impurezas do solo não lhe
paralisam a marcha.
Atravessa o chão escuro e, embora dele retire em grande
parte o próprio alimento, o seu impulso de procurar a luz de cima é dominante.
Desde então, haja sol ou chuva, faça dia ou noite,
trabalha sem cessar no próprio crescimento e, nessa ânsia de subir, frutifica
para o bem de todos.
O aprendiz que sentiu a felicidade do avivamento
interior, qual ocorre à semente de trigo, observa que longas raízes o prendem
às inibições terrestres...
Sabe que a maldade e a suspeita lhe rondam os passos, que
a dor é ameaça constante; todavia, experimenta, acima de tudo, o impulso de
ascensão e não mais consegue deter-se.
Age constantemente na esfera de que se fez peregrino, em
favor do bem geral.
Não encontra seduções irresistíveis nas flores da
jornada.
O reencontro com a Divindade, de que se reconhece venturoso
herdeiro, constitui-lhe objetivo imutável e não mais descansa, na marcha, como
se uma luz consumidora e ardente lhe torturasse o coração.
Sem perceber, produz frutos de esperança, bondade, amor e
salvação, porque jamais recua para contar os benefícios de que se fez
instrumento fiel.
A visão do Pai é a preocupação obcecante que lhe vibra na
alma de filho saudoso.
O Mestre silenciou por momentos e concluiu: — Em razão
disso, ainda que o discípulo guarde os pés encarcerados no lodo da Terra, o
trabalho infatigável no bem, no lugar em que se encontra, é o traço
indiscutível de sua elevação.
Conheceremos as árvores pelos frutos e identificaremos o
operário do Céu pelos serviços em que se exprime.
A essa altura, Pedro interferiu, perguntando: — Senhor:
que dizer, então, daqueles que conhecem os sagrados princípios da caridade e
não os praticam? Esboçou Jesus manifesta satisfação no olhar e elucidou: —
Estes, Simão, representam sementes que dormem, apesar de projetadas no seio
dadivoso da terra.
Guardarão consigo preciosos valores do Céu, mas jazem
inúteis por muito tempo.
Estejamos, porém, convictos de que os aguaceiros e
furacões passarão por elas, renovando- lhes a posição no solo, e elas
germinarão, vitoriosas, um dia.
Nos campos de Nosso Pai, há milhões de almas assim,
aguardando as tempestades renovadoras da experiência, para que se dirijam à
glória do futuro.
Auxiliemo-las com amor e prossigamos, por nossa vez,
mirando a frente! Em seguida, ante o silêncio de todos, Jesus abençoou a
pequena assembléia familiar e partiu.
Neio Lúcio - Do Livro Jesus no Lar - Francisco C. Xavier
MARCO DIVISÓRIO
Houve na Roma antiga um templo dedicado a Jano, que
durante um milênio somente fechou as suas portas nove vezes, correspondentes
aos períodos em que a República esteve em paz. O deus singular era representado
com duas faces, o que o tornou conhecido como bifronte, atributo conseguido de
Saturno, a quem favorecera, e que o dotara com a capacidade de penetrar o
passado e o futuro, conforme narra a mitologia, ao se referir ao mais antigo
rei do Lácio conhecido,
Utilizamo-nos da lenda para considerar a visão cristã
como possuidora da possibilidade de examinar o passado e o futuro, ensejando
valiosas meditações. Em Saulo, o jovem atormentado, que se fizera sicário,
dormitava aquele Paulo que, abrasado por Jesus, se tornou o arauto da Boa Nova
por todas as terras da antiguidade.
Em Jeziel, o israelita pulcro e sofrido, se encontrava em
potencial o- nobre Estêvão, que se faria o excelso mártir da Mensagem nascente,
abrindo os braços de encorajamento na direção do futuro.
Em Madalena, a mulher obsidiada e trôpega nas aspirações
morais, vivia enclausurada a impoluta faculdade de amar até o sacrifício,
doando-se à Causa do Cristo com abnegação dificilmente encontrada.
Em Simão, temeroso e reticente, vibrava o apóstolo Pedro,
que se entregaria à fé rutilante, após o sacrifício de Jesus, de modo a selar
com sangue a audácia de porfiar fiel até o fim, na expansão do Reino de Deus
entre as criaturas de Roma.
Em Joana de Cusa, a matrona romana, se agitava a
discípula fiel que doaria a vida às labaredas pela honra de ser fiel ao Mestre.
Era como se o passado de dificuldades e viciações
argamassasse o futuro com o cimento divino do amor, transformando-se em base de
sustentação aos grandes investimentos da luz na direção do Infinito.
No passado, queixas, lamentos, enfermidades, dissensões.
No futuro, esperanças, gratidão, saúde e paz.
Ontem, óbice, desânimo, perturbação, agonia.
Amanhã, aptidão, alento, ordem, serenidade.
Antes, o espírito alquebrado e o coração ralado de dores
e ansiedades incontáveis.
Depois, o ser renovado pela mente voltada ao dever e os
sentimentos cantando júbilos.
A Doutrina Cristã é o templo da fé aberto perenemente,
facultando a paz e acolhendo o amor.
E o Espiritismo que no-la traz de volta, na atualidade, é
o grande hoje, marco divisório dos tempos que separam o antes e o depois do
encontro com Jesus.
Por essa forma, se as tuas aspirações superiores ainda
não se converteram em flores de alegria e as ásperas batalhas teimam por
manter-te nos embates duradouros não desfaleças. O passado de sombras para ser
vencido necessita de ser retificado e os abusos agasalhados demoradamente
requerem disciplina espartana para serem superados.
Importa considerar que já não és o que eras, nem sentes o
que sentias, embora, não poucas vezes, o assédio do hábito te atormente as
pausas de equilíbrio.
Examina o passado para verificação do que te compete
refazer, mas não te fixes nele.
Prepara o futuro através de atitudes corretas mas não te
angusties pela chegada dele.
Vence a hora de cada hora, realizando o que possas,
através de como possas, lidando infatigável na república do espírito em
atribulação.
Os acontecimentos vividos são experiências para as
realizações a viver.
Jesus é o teu divisor de águas.
Kardec é o condutor do teu amanhã. Eleva-te ao Mestre
através do Seu apóstolo moderno e fecha às paixões o templo da tua alma, em
caráter definitivo, aspirando à glória do Mundo Maior que a todos nos espera.
"Ninguém, tendo pôsto a mão ao arado e olhando para
trás, é apto para o reino de Deus". Lucas: capítulo 9º, versículo 62.
"Meus amigos, agradecei a Deus o haver permitido que
pudésseis gozar a luz do Espiritismo". Evangelho Segundo o Espiritismo -
Capítulo 15º - Item 10, parágrafo 2.
FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas. Pelo
Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 47.
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