11 – Não podeis servir a Deus e a Mamon; guardai bem
isto, vós que sois dominados pelo amor do ouro, vós que venderíeis a alma para
enriquecer, porque isso poderia elevar-vos acima dos outros e proporcionar-vos
o gozo das paixões. Não, não podeis servir a Deus e a Mamon! Se sentirdes,
portanto, vossa alma dominada pelas cobiças da carne, apresse-vos em sacudir o
jugo que vos esmaga, pois Deus, justo e severo, vos perguntará: Que fizeste,
ecônomo infiel, dos bens que te confiei? Empregaste essa poderosa fonte das boas
obras unicamente na tua satisfação pessoal?
Mas qual é, então, o melhor emprego da fortuna? Procurai
nestas palavras: “Amai-vos uns aos outros”, a solução desse problema, pois
nelas está o segredo da boa aplicação das riquezas. O que ama o seu próximo já
tem a sua conduta inteiramente traçada, pois a aplicação que agrada a Deus é a
da caridade. Não essa caridade fria e egoísta, que consiste em distribuir ao
redor de si o supérfluo de uma existência doirada, mas a caridade plena de
amor, que procura a desgraça e a socorre sem humilhá-la. Rico, dá do teu
supérfluo; faze ainda mais; dá do teu necessário, porque o teu necessário é
também supérfluo, mas dá com sabedoria. Não repelias o pranto, com medo de
seres enganado, mas vai à origem do mal; ajuda primeiro; informa-te depois,
para ver se o trabalho, os conselhos, a afeição mesmo, não seriam mais eficazes
do que a tua esmola. Difunde ao teu redor, com a abastança, o amor do trabalho,
o amor do próximo, o amor de Deus. Põe a tua riqueza sobre uma base segura e
que te garantirá grandes lucros: a das boas obras. A riqueza da inteligência
deve servir-te como a de ouro; difunde em teu redor os benefícios da instrução,
distribui aos teus irmãos os tesouros do amor, que eles frutificarão.
UM ESPÍRITO PROTETOR - Cracóvia, 1861
12 – Quando considero a brevidade da vida, causa-me
dolorosa impressão a vossa incessante preocupação com os bens materiais,
enquanto dedicais tão pouca importância e consagrais tão reduzido tempo ao
aperfeiçoamento moral, que vos será levado em conta na eternidade. Seria de
crer, ao ver-se a atividade que desenvolveis, tratar-se de uma questão da mais
alta importância para a humanidade, quando, na verdade, trata-se quase sempre
da satisfação das vossas necessidades exageradas, da vaidade, ou de vos
entregardes aos excessos. Quantas penas, quantos cuidados e tormentos, quantas
noites em claro, para aumentar uma fortuna freqüentemente mais que suficiente!
O cúmulo do absurdo é ver-se, não raro, aqueles que tem um imoderado amor da
fortuna e dos gozos que ela proporciona, sujeitarem-se a um trabalho penoso,
vangloriarem-se de uma vida de sacrifício e merecimento, como se trabalhassem
para os outros e não para si mesmos. Insensatos! Pensais que realmente vos
serão levados em conta os cuidados e os esforços que o egoísmo, a cupidez ou o
orgulho puseram em ação, enquanto esqueceis o vosso futuro, bem como os deveres
de solidariedade fraterna, inerentes a todos os que desfrutam os benefícios da
vida social? Pensastes apenas no vosso corpo. O seu bem-estar, os seus gozos,
foram os objetos exclusivos da vossa egoísta solicitude. Por ele que morre,
esquecestes o Espírito que viverá para sempre. Assim, esse amo, tão mimado e
acariciado, tornou-se o vosso tirano; comanda o vosso Espírito, que se fez seu
escravo. Seria esse o objetivo da existência que Deus vos concedeu?
FÉNELON - Alger, 1860
13 – O homem sendo o depositário, o administrador dos
bens que Deus lhe depositou nas mãos, severas contas lhe serão pedidas do
emprego que lhes dará, em virtude do seu livre arbítrio. O um emprego consiste
em utiliza-los somente para a sua satisfação pessoal. Ao contrário, o emprego é
bom sempre que dele resulta algum bem para os outros. O mérito é proporcional
ao sacrifício que para tanto se impõe. A beneficência é apenas um dos modos de
empregar a fortuna: ela alivia a miséria atual, aplaca a fome, preserva do frio
e dá asilo ao abandonado. Mas um dever igualmente imperioso, igualmente
meritório, é o de prevenir a miséria. É essa, sobretudo, a missão das grandes
fortunas, pela possibilidade de proporcionarem trabalhos de toda a espécie. E
mesmo que elas tivessem de tirar um proveito natural, o bem não deixaria de
existir, pois o trabalho desenvolve a inteligência e exalta a dignidade do
homem, sempre satisfeito de poder dizer que ganhou o seu próprio pão, enquanto
a esmola humilha e degrada. A fortuna concentrada numa só mão deve ser como uma
fonte de água viva, que espalha a fecundidade e o bem-estar ao seu redor. Oh!,
vós ricos, que a empregardes segundo a vontade do Senhor, vosso próprio coração
será o primeiro a beneficiar-se nessa fonte benfazeja e tereis nesta vida os
gozos inefáveis da alma, em vez dos gozos materiais do egoísmo, que deixam o
vazio no coração. Vosso nome será bendito sobre a Terra, e quando a deixardes,
o Soberano Senhor vos dirigirá as palavras da parábola dos talentos: “Oh, bom e
fiel servo, entrai no gozo de vosso Senhor!” Nessa parábola, o servo que
enterrou o dinheiro que lhe havia sido confiado não é a imagem dos avarentos,
em cujas mãos a fortuna se torna improdutiva? Se, entretanto, Jesus fala
principalmente de esmolas, é que no seu tempo, e no país em que vivia, ainda
não se conheciam os trabalhos que as artes e as indústrias mais tarde criariam,
e nos quais a fortuna pode ser empregada utilmente, para benefício geral. A
todos os que podem dar, pouco ou muito, direi, portanto: Daí esmola quando
necessário, mas o quanto possível, converta-a em salário, a fim de que aquele
que a recebe não tenha do que se envergonhar.
TEXTOS DE APOIO
AMIGO E SERVO
“Ninguém pode servir a dois senhores” JESUS. MATEUS. :
6;- 24.
“Difunde, em torno de ti, com os socorros materiais, o
amor de Deus, o amor do trabalho a amor do próximo.
Coloca tuas riquezas sobre uma base que nunca lhes
faltará e que te trará grandes lucros: a das boas obras.” - Cap.16; 11.
Consulta o dinheiro que encostaste por disponível e
analisa-lhe a história por um instante! É provável tenha passado pelos
suplícios ocultos de um homem doente, que se empenhou a gastá-lo em medidas que
não lhe aplacaram os sofrimentos; terá rolado em telheiros, onde mães
desvalidas lhe disputaram a posse, nos encargos de servidão; na rua, foi visto
por crianças menos felizes que o desejaram, em vão, pensando no estômago
dolorido; e conquistado, talvez, por magro lavrador nas fadigas do campo,
visitou-lhe apressadamente a casa, sem resolver-lhe os problemas...
Entretanto, não teve o longo itinerário somente nisso.
Certamente, foi compelido a escorar o ócio das pessoas
inexperientes que desertaram da atividade, descendo aos sorvedouros da
obsessão; custeou o artifício que impeliu alguém para a voragem de terríveis
enganos; gratificou os entorpecentes que aniquilam existências preciosas; e
remunerou o álcool que anestesia consciências respeitáveis, internando-as no
crime.
Que farias de um lidador prestimoso, que te batesse à
porta, solicitando emprego digno? de um cooperador humilhado por alheios
abusos, que te rogasse conselho, a fim de reajustar-se e servir? O dinheiro de
sobra, que nada tem a ver com tuas necessidades reais, é esse colaborador que
te procura pedindo orientação.
Não lhe congeles as possibilidades no frio da avareza,
nem lhe esconda as energias no labirinto do monopólio.
Acata-lhe a força e enobrece-lhe os movimentos, na esfera
de obrigações que o mundo te assinalou.
Hoje mesmo, ele pode obter, com teu patrocínio a
autoridade moral do trabalho para o companheiro, impropriamente julgado inútil;
o revigoramento do lar que a privação asfixia; o livro edificante que clareie
as trilhas dos que se transviam sem apoio espiritual o alento aos enfermos
desprotegidos; ou a tranqüilidade para irmãos atenazados pelos aguilhões da
penúria que, freqüentemente, lhes impõem o desequilíbrio ou a morte, antes
mesmo de serem amparados no giro da mendicância.
Dinheiro de sobra é o amigo e servo que a Divina Providência
te envia para substituir-te a presença, onde as tuas mãos muitas vezes, não
conseguiu chegar.
Sim, é possível que, amanhã, outras criaturas venham a
escravizá-lo sob intenções inferiores, mas ninguém apagará o clarão que
acendeste com ele para a felicidade do próximo, porque, segundo as leis inderrogáveis
que governam a vida, o bem que fizeste aos outros a ti mesmo fizeste.
Emmanuel - do livro:
O Livro da Esperança - Psicografado por Francisco Cândido Xavier
DINHEIRO E EXPERIÊNCIA
Não consideres o dinheiro por “vil metal.”
Justo acatar-lhe as funções na existência humana.
O dinheiro não é um motor, mas gera o progresso.
Não é alegria, no entanto, consegue distribuí-la, ainda
mesmo se doada por aqueles que não a possuem.
Não é paz, contudo, constrói caminhos para a conciliação.
Não é segurança, mas protege a pessoa contra a
necessidade.
Não é alimento, no entanto, assegura o pão de cada dia.
Não é agasalho, porém, adquire os fios que o entretecem.
Não é saúde, entretanto, adquire o remédio para aliviar a
enfermidade ou saná-la de vez.
Não é um tapete mágico, mas auxilia ao homem a ganhar
tempo, no aconchego do automóvel ou no bojo do avião.
Não é amizade, no entanto, sempre que mobilizado para o
bem dos outros, é capaz de criar os melhores valores da simpatia e do
reconhecimento.
Dinheiro é suor do trabalho e sangue do organismo social.
Aprendamos a respeitá-lo.
A finança em si, não é vida, no entanto, em nome de Deus,
é um dos mais valiosos apoios para a vida, a fim que a criatura possa viver.
EMMANUEL: Francisco Cândido Xavier: Livro: Convivência
O DINHEIRO
Francisco C. Xavier
No inicio da nossa reunião pública, O Evangelho Segundo o
Espiritismo nos deu para estudo o item 12 do capítulo XVI. As explanações sobre
o dinheiro, tema central do texto lido, foram as mais diversas, às vezes ate
mesmo contrárias entre si, mas todas com definições respeitáveis sobre a função
do dinheiro no campo da vida.
Para encerrar as nossas tarefas, Maria Dolores veio-nos
ao encontro com a página por ela mesma intitulada Cédula de Luz.
CÉDULA DE LUZ
Maria Dolores
A fim de realizar singelo estudo
Sobre alívio nas lágrimas terrenas,
Durante algumas horas
Acompanhei de pensamento mudo
Dez cruzeiros apenas.
A cédula saiu primeiramente
Das mãos de um sapateiro
Pobre, alegre, risonho,
Parecendo uma estrela vinda em sonho
Para trazer apoio
A um menino doente...
Dessa criança humilde prosseguiu
Na bela caminhada
E sustentou dois pratos de socorro
A companheiros tristes
Que jaziam febris em antiga calçada...
Logo depois, das mãos de um balconista
Sem maiores recursos,
Ei-la a seguir sem pretensões de esmola,
De modo a socorrer
Um pequerrucho acidentado
Quando vinha da escola...
Logo após, garantiu
Ligeira refeição
De modesta família em provação...
Ao terminar o dia
A cédula fizera
Tanta luz, tanto amor, tanta alegria,
Que levantei o coração
E ansiando exprimir o meu louvor
Só consegui dizer :
– “Oh! Providência Eterna!
Pela bendita possibilidade
Com que simples moeda,
Obedecendo ao teu amor,
Pode criar no mundo,
Tantos samaritanos e tantos cireneus ;
Pelo dinheiro que nos dás,
No trabalho e na paz,
Sê louvado, meu Deus!”
Do livro Amanhece. Psicografia de Francisco Cândido
Xavier.
TUA PROSPERIDADE
Tua prosperidade
não transparece unicamente da face material do teu dinheiro, das tuas posses,
da tua casa, dos teus bens.
Ela se compõe das
experiências que ajuntaste, de alma transada, ante as incompreensões que te
cercaram as horas. Formam-se dos conhecimentos nobilitantes que amealhaste pelo
estudo perseverante com que te habilitas ao privilégio de minorar a fadiga e o
sofrimento dos irmãos que te acompanham à retaguarda, sem luz que os norteie...
Ergue-se das
palavras temperadas de prudência e de amor que as provações atravessadas com
paciência te acumularam no escrínio da alma, transfigurando-te em socorro aos
caídos...
Eleva-se dos
gestos de compaixão, que amontoastes à custa das disciplinas a que te
submeteste em favor dos que amas, pelas quais adquiristes o teto capaz de
arredar a discórdia do nascedouro...
Avoluma-se nas
migalhas do tempo, que sabes extrair obrigações retamente cumpridas, para que
te não falte a oportunidade de trabalhar no amparo aos menos felizes...
Tua prosperidade
brilha nos exemplos de fraternidade com que dignificas a vida, nas
demonstrações de altruísmo com que suprimes a crueldade, nos testemunhos de fé renovadora
com que levantas os tíbios ou nos atos de humildade com que desarmas a delinqüência.
Reparte com o
próximo os valores que transportas no espírito.
Aquele que
verdadeiramente serve, distribui sem nunca empobrecer-se.
Quem mais deu e
quem mais dá sobre a Terra é Jesus Cristo, cuja riqueza verte, infinita, dos
tesouros do coração.
Livro: Estude E Viva - Francisco Cândido Xavier E Waldo
Vieira Pelos Espíritos Emmanuel E André Luiz
USO E ABUSO
O uso é o bom-senso da vida e o metro da caridade.
Vida sem abuso, consciência tranqüila.
Uso é moderação em tudo.
Abuso é desequilíbrio.
O uso exprime alegria.
Do abuso nasce a dor.
Existem abusos de tempo, conhecimento e emoção.
Por isso, muitas vezes, o uso chama-se “abstenção”
O uso cria a reminiscência confortadora.
O abuso forja a lembrança infeliz.
Saber fazer significa saber usar.
Todos os objetos ou aparelhos, atitudes ou circunstâncias
exigem uso adequado, sem o que surge o erro.
Doença – abuso da saúde.
Vício – abuso do hábito.
Supérfluo – abuso do necessário
Egoísmo – abuso do direito
Todos os aspectos menos bons da existência constituem
abusos.
O uso é a lei que constrói.
O abuso é a exorbitância que desgasta.
Eis por que progredir é usar bem os empréstimos de Deus.
Livro: Estude E Viva - Francisco Cândido Xavier E Waldo
Vieira Pelos Espíritos Emmanuel E André Luiz
A ÚNICA RIQUEZA
Nos tempos modernos, o "auri sacra fames" dos
antigos tem para as criaturas humanas um sentido novo.
Sentindo mais terrível, em virtude da depravação moral em
que se mergulha a maioria dos homens, neste amargurado transe da civilização.
A fome do ouro não se contenta mais com a aquisição das
facilidades da vida.
Sua finalidade não é a busca incessante de conforto e de
defesa, no seio da inquietação da existência material.
Nos tempos que passam, o ouro deve comprar também as
consciências para a amplificação de todas as zonas da ambição e do poder.
O homem terrestre busca, em toda parte, a posse do metal
que se ligou, por atrações insondáveis e misteriosas, aos seus destinos no
mundo, não tanto porque precise de pão e de agasalho.
A máquina, com os seus aparelhos de transformação
solucionou os mais fortes problemas de necessidade material da
civilização.
O mais pobre operário, nos tempos que correm, em se
tratando das condições econômicas da América, tem mais comodidades na sua casa
do que Luiz XIV, há dois séculos atrás, nos esplendores dos seus palácios.
O homem precisa da expressão financeira para acobertar as
suas próprias deficiências morais.
O ouro mascara-lhe os defeitos, cobrindo a sua
personalidade de respeito ao poder, aos olhos do mundo.
Conquistado expressões bancárias, conquista os primeiros
lugares em quase todos os planos sociais.
Conquistando o campo das grandes possibilidades
materiais, o homem examina a sua amplidão de domínio, voltando-se, então, para
o terreno intelectual, onde efetua a sua provisão de conhecimentos, mas quase
sempre dá provas de sua miopia espiritual, em face da árvore imensa da ciência
e da sabedoria.
Aos frutos sãos, prefere os apodrecidos.
A força de hábito, na canalização da fortuna para todos
os desvios da autoridade, a serviço de sua ambição e de seu egoísmo
desenfreados, viciou as fontes da cultura universitária, intoxicando-a com as
mais falsas concepções da vida.
Enquanto há banqueiros em luta pela culminância
financeira nas bolsas, existem sábios disputando a melhor posição de
conhecimento, no capítulo da guerra e do extermínio, nos laboratórios.
Quase sempre, aliando-se a expressão intelectual à
possibilidade financeira, temos o político do tempo, em caminho para os lugares
mais destacados no grande banquete do domínio universal.
Entretanto, todas as criaturas, um dia, contemplam
detidamente o relógio da ambição, o procurando parar os seus ponteiros.
Napoleão, em Santa Helena, considera o caráter
transitório de suas conquistas.
Bismarck, com todas as suas expressões de poder,
prepara-se para a morte, depois das vitórias de 70.
Édson examina as possibilidades de se comunicar com o
mundo invisível, após as suas grandes e maravilhosas descobertas.
Marconi, depois de aperfeiçoar a radiotelefonia,
auxiliado pelos seus guias espirituais, é chamado à Pátria Espiritual,
justamente quando estudava o problema de um raio mortífero à distância, com o
fim de servir às expressões da política transitória.
Um poder mais alto que o de todos os ditadores do mundo
dirige os eternos movimentos do cosmo; uma inteligência inapreensível, pelas
suas expressões Divinas, se sobrepõe, no infinito do tempo e do espaço, ao
raciocínio de todos os inventores, estabelecendo a verdadeira harmonia da vida
e uma justiça compassiva e misericordiosa preside o destino de todas as almas,
nas mais variadas posições da existência.
Os verdadeiros ricos da Terra são os que procuram
conhecer a magnitude desse poder, dessa sabedoria e dessa misericórdia,
dispondo-se a servir nas suas leis que são as da prática do Bem e do Amor puro
e simples.
Nas suas mãos, as moedas de ouro já não representam a
pedra fria dos cofres, mas as flores de luz para a alegria de todos os
semelhantes.
Nos seus cérebros, a educação universitária não constitui
uma teoria de domínio para o culto de suas vaidades pessoais, mas um dom de
Deus, a caminho para a perfeição da beleza espiritual, nas suas mais sublimadas
afirmações.
Esses espíritos, ainda raros no caminho comum,
transformarão, de fato, a superfície do planeta, plantando o bem, a caridade, o
amor, a crença e a esperança, à luz dos ensinamentos de Jesus, em todas as
direções e são esses desvelados precursores do porvir que hão de modificar
todas as concepções da riqueza, no ambiente terrestre, demonstrando que longe
de ser um sinônimo de inquietação, de vaidade, de força bruta, de interesse
mesquinho, de extermínio e destruição, a única riqueza verdadeira do homem é a
que reside no patrimônio dos seus conhecimentos espirituais, aliados à prática
da Lei do Amor e do Bem, sobre a face da Terra.
Emmanuel - Livro:
Ação, Vida e Luz –Francisco C. Xavier
A AMIZADE REAL
Um grande senhor que soubera amontoar sabedoria, além de
riqueza, auxiliava diversos amigos pobres, na manutenção do bom ânimo, na luta
pela vida.
Sentindo-se mais velho, chamou o filho à cooperação. O
rapaz deveria aprender com ele a distribuir gentilezas e bens.
Para começar, enviou-o à residência de um companheiro de
muitos anos, ao qual destinava trezentos cruzeiros mensais.
O jovem seguiu-lhe as instruções.
Viajou seis quilômetros e encontrou a casa indicada.
Contrariando-lhe a expectativa, porém, não encontrou um pardieiro em ruínas. O
domicílio, apesar de modesto, mostrava encanto e conforto. Flores perfumavam o
ambiente e alvo linho vestia os móveis com beleza e decência.
O beneficiário de seu pai cumprimentou-o, com alegria
efusiva, e, depois de inteligente palestra, mandou trazer o café num serviço
agradável e distinto. Apresentou-lhe familiares e amigos que se envolviam,
felizes, num halo enorme de saúde e contentamento.
Reparando a tranqüilidade e a fartura, ali reinantes, o
portador regressou ao lar, sem entregar a dádiva.
- Para quê? – confabulava consigo mesmo – aquele homem
não era pedinte. Não parecia guardar problemas que merecesse compaixão e
caridade. Certo, o genitor se enganara.
De volta, explicou ao velho pai, particularizadamente,
quanto vira, restituindo-lhe a importância de que fora emissário.
O ancião, contudo, após ouvi-lo calmamente, retirou mais
dinheiro da bolsa, dobrou a quantia e considerou:
- Fizeste bem, tornando até aqui. Ignorava que o nosso
amigo estivesse sob mais amplos compromissos. Volta à residência dele e, ao
invés de trezentos, entrega-lhe seiscentos cruzeiros, mensalmente em meu nome,
de ora em diante. A sua nova situação reclama recursos duplicados.
- Mas meu pai – acentuou o moço -, não se trata de pessoa
em posição miserável. Ao que suponho, o lar dele possui tanto conforto, quanto
o nosso.
- Folgo bastante com a notícia – exclamou o velho.
E, imprimindo terna censura à voz conselheiral,
acrescentou:
- Meu filho, se não é lícito dar remédio aos sãos e
esmolas aos que não precisam delas, semelhante regra não se aplica aos
companheiros que Deus nos confiou. Quem socorre o amigo, apenas nos dias de
extremo infortúnio, pode exercer a piedade que humilha ao invés do amor que
santifica. Quem espera o dia do sofrimento para prestar o favor, muita vez não
encontrará senão silêncio e morte, perdendo a melhor oportunidade de ser útil.
Não devemos exigir que o irmão de jornada se converta em mendigo, a fim de
parecermos superiores a ele, em todas as circunstâncias. Tal atitude de nossa
parte representaria crueldade e dureza. Estendamos-lhe nossas mãos e façamo-lo
subir até nós, para que nosso concurso não seja orgulho vão. Toda gente no mundo
pode consolar a miséria e partilhar as aflições, mas raros aprendem a acentuar
a alegria dos entes amados, multiplicando-a para eles, sem egoísmo e sem inveja
no coração. O amigo verdadeiro, porém, sabe fazer isto. Volta, pois, e atende
ao meu conselho para que nossa afeição constitua sementeira de amor par a
eternidade. Nunca desejei improvisar necessitados, em torno de nossa porta e,
sim, criar companheiros para sempre.
Foi então que o rapaz, envolvido na sabedoria paterna,
cumpriu quanto lhe fora determinado, compreendendo a sublime lição de amizade
real.
Francisco Cândido Xavier, Da obra: Alvorada Cristã. Ditado
pelo Espírito Neio Lúcio.
FORTUNA
Dinheiro posto à margem da bolsa, por desnecessário,
garante facilmente a tarefa do socorro e a construção da alegria. Impossível a
extensão da felicidade suscetível de nascer da moeda que o amparo fraternal
transubstancia em bênção de luz.
No entanto, embora reconheçamos que o dinheiro se erige
por agente de apoio e consolação, não te disponhas a conquistá-lo
impensadamente. Em muitas ocasiões, anseias entregar-te à prática do bem e
pedes para isso que o Senhor te cumule com reservas de ouro e prata; contudo,
qual acontece com qualquer conjunto de conhecimentos coordenados para os
objetivos superiores da vida, altruísmo e beneficência reclamam começo e
preparação. A tinta, que nas mãos do artista configura o painel que suscita
emoções renovadoras na alma, entre os dedos daqueles que ignora a intimidade
com o belo, pode criar a mancha que desfigura a parede. Quantos se apoderam do
dinheiro, sem se matricularem na disciplina da renúncia e da bondade, nada
conseguem para si mesmos senão o martírio dos avarentos que ressecam no próprio
ser as fontes da vida; eles retêm substancioso lastro econômico, mas fazem-se
escravos da sovinice, na qual vezes e vezes, enquanto desfrutam a reencarnação,
transformam seus próprios descendentes em órfãos de pais vivos para
transfigurá-los, depois da morte, pelos mecanismos da herança, em modelos de
prodigalidade e loucura.
Faze por merecer o dinheiro que te sobre corretamente, a
fim de que desenvolvas generosidade e progresso, na esfera de teus dias, mas
edifica no terreno do espírito a compreensão e a solidariedade para que saibas
conduzi-lo com segurança e discernimento.
Fortuna, tanto quanto ocorre ao poder e à autoridade,
para beneficiar efetivamente, roga equilíbrio e orientação. Além do mais, se
aspiras a contar com possibilidades de ser útil, no ideal de abençoar e elevar,
auxiliar e servir, urge não esquecer que todos nós, indistintamente, fomos
dotados por Deus, em todos os climas sociais e em todos os recantos da Terra,
com as riquezas infinitas do amor, no tesouro vivo do coração.
Emmanuel - Do
livro Alma e Coração. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
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