9 – O homem não possui como seu senão aquilo que pode levar
deste mundo. O que ele encontra ao chegar e o que deixa ao partir, goza durante
sua permanência na Terra; mas, desde que é forçado a deixá-los, é claro que só
tem o usufruto, e não a posse real. O que é, então, que ele possui? Nada do que
se destina ao uso do corpo, e tudo o que se refere ao uso da alma: a
inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais. Eis o que ele traz e leva
consigo, o que ninguém tem o poder de tirar-lhe, e o que ainda mais lhe servirá
no outro mundo do que neste. Desde depende estar mais rico ao partir do que ao
chegar neste mundo, porque a sua posição futura depende do que ele houver
adquirido no bem. Quando um homem parte para um país longínquo, arruma a sua
bagagem com objetos de uso nesse país e não se carrega de coisas que lhe seriam
inúteis. Fazei, pois, o mesmo, em relação à vida futura, aprovisionando-vos de
tudo o que nela vos poderá servir.
Ao viajante que chega a uma estalagem, se ele pode pagar,
é dado um bom alojamento; ao que pode menos, é dado um pior; e ao que nada tem,
é deixado ao relento. Assim acontece com o homem, quando chega ao mundo dos
Espíritos: sua posição depende de suas posses, com a diferença de que não pode
pagar em ouro. Não se lhe perguntará: Quanto tínheis na Terra? Que posição ocupáveis?
Éreis príncipe ou operário? Mas lhe será perguntado: O que trazeis? Não será
computado o valor de seus bens, nem dos seus títulos, mas serão contadas as
suas virtudes, e nesse cálculo o operário talvez seja considerado mais rico do
que o príncipe. Em vão alegará o homem que, antes de partir, pagou em ouro a
sua entrada no céu, pois terá como resposta: as posições daqui não são
compradas, mas ganhas pela prática do bem; com o dinheiro podeis comprar
terras, casas, palácios; mas aqui só valem a qualidades do coração. Sois rico
dessas qualidades? Então, sejas bem-vindo, e teu é o primeiro lugar, onde todas
as venturas vos esperam. Sois pobre?
Ide para o último, onde sereis tratado
na razão de vossas posses.
M., Espírito Protetor - Bruxelas, 1861
10 – Os bens da Terra pertencem a Deus, que os dispensa
de acordo com a sua vontade. O homem é apenas o seu usufrutuário, o
administrador mais ou menos íntegro e inteligente. Pertencem tão pouco ao
homem, como propriedade individual, que Deus freqüentemente frustra todas as
suas previsões, fazendo a fortuna escapar daqueles mesmos que julgam possuí-la
com os melhores títulos.
Direis talvez que isso se compreende em relação à fortuna
hereditária, mas não aquela que o homem adquiriu pelo seu trabalho. Não há
dúvida que, se há uma fortuna legítima, é a que foi adquirida honestamente,
porque uma propriedade só é legitimamente adquirida quando, para conquistá-la,
não se prejudicou a ninguém. Pedir-se-á conta de um centavo mal adquirido, em
prejuízo de alguém. Mas por que um homem conquistou por si mesmo a sua fortuna,
terá alguma vantagem ao morrer? Não são freqüentemente inúteis os cuidados que
ele toma para transmiti-la aos descendentes? Pois se Deus não quiser que estes
a recebam, nada prevalecerá sobre a sua vontade. Poderá ele usar e abusar de
sua fortuna, impunemente, durante a vida, sem ter de prestar contas? Não, pois ao
lhe permitir adquiri-la, Deus pode ter querido recompensar, durante esta vida,
os seus esforços, a sua coragem, a sua perseverança; mas se ele somente a
empregou para a satisfação dos seus sentidos e do seu orgulho, se ela se tornou
para ele uma causa de queda, melhor seria não a ter possuído. Nesse caso, ele
perde de um lado o que ganhou de outro, anulando por si mesmo o mérito do seu
trabalho, e quando deixar a Terra, Deus lhe dirá que já recebeu a sua
recompensa.
O LIVRO DOS
ESPÍRITOS – QUESTÃO 884 e 885
884. Qual o caráter da legítima propriedade?
“Propriedade legítima só é a que foi adquirida sem
prejuízo de outrem.” (808)
Proibindo-nos que façamos aos outros o que não
desejáramos que nos fizessem, a lei de amor e de justiça nos proíbe, ipso
facto, a aquisição de bens por quaisquer meios que lhe sejam contrários.
885. Será ilimitado o direito de propriedade?
“É fora de dúvida que tudo o que legitimamente se adquire
constitui uma propriedade. Mas, como havemos dito, a legislação dos homens,
porque imperfeita, consagra muitos direitos convencionais, que a lei de justiça
reprova. Essa a razão por que eles reformam suas leis, à medida que o progresso
se efetua e que melhor compreendem a justiça. O que num século parece perfeito,
afigura-se bárbaro no século seguinte.” (795)
TEXTOS DE APOIO
PROPRIEDADES
“Porque onde estiver
o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” - JESUS - MATEUS, 6: 21.
“O homem só possuí em plena propriedade aquilo que lhe é
dado levar deste mundo.” - Cap.16; 9.
Em tudo o que se refira à propriedade, enumera, acima de
tudo, aquelas que partilhas, por dons inexprimíveis da Infinita Bondade, e que,
por se haverem incorporado tranqüilamente ao teu modo de ser, quase sempre
delas não fazes conta.
Diariamente, recolhes, com absoluta Indiferença, as
cintilações da coroa solar a se derramarem, por forças divinas, no regaço da
terra, transfigurando-se em calor e pão, no entanto, basta pequeno rebanho de
nuvens na atmosfera para que te revoltes contra o frio.
Dispões das águas circulantes que, em mananciais e poços,
rios e chuvas, te felicitam a existência, sem que te lembres disso, e, ante o
breve empecilho do encanamento no recinto doméstico, entregas-te sem defesa a
pensamentos de irritação.
Flores aos milhares, na estrada e no campo, convidam-te a
meditar na grandeza da Inteligência Divina, conversando contigo pelo idioma
particular do perfume e, em muitas circunstâncias, não hesitas esfacelá-las sob
os pés, deitando reclamações se pequenino seixo te penetra o sapato.
Correntes aéreas trazem de longe princípios nutrientes,
sustentando-te a vida e lhes consomes as energias, à feição da criança que se
rejubila inconsciente e feliz no seio materno e se o vento agita leve camada de
pó, costumas acusar desagrado e intemperança.
Possuis no corpo todo um castelo de faculdades
prodigiosas que te enseja pelas ogivas dos sentidos a contemplação e a análise
do Universo, permitindo-te ver e ouvir, falar e orientar, aprender e discernir,
sem que lhe percebas, do pronto, o ilimitado valor, e dificilmente deixas de
clamar contra os excedentes que assinalas no caminho dos semelhantes, sem
refletir nos aborrecimentos e nas provas que a posse efêmera disso ou daquilo
lhes acarreta à existência.
Não invejes a propriedade transitória dos outros.
Ignoras porque motivo a fortuna amoedada lhes aumenta a
responsabilidade e requeima a cabeça.
Sobretudo, nunca relaciones a ausência do supérfluo.
Considera os talentos imperecíveis que já reténs na
intimidade da própria alma e lembra-te de que transportas no coração e nas mãos
os recursos inefáveis de estender, infinitamente, os tesouros do trabalho e as
riquezas do amor.
Emmanuel - do livro:
O Livro da Esperança - Psicografado por Francisco Cândido Xavier
TESOUROS
A única propriedade real na vida é aquela dos bens ou dos
males que incorporamos à própria alma.
Dos bens que constroem o paraíso da consciência feliz e
dos males que levantam o purgatório do coração que escolhe os espinheiros do
remorso por recursos de pavimentação do próprio caminho.
Não te agarres, aos patrimônios terrestres de que te
fazes o usufrutuário provisório, a fim de que aprendas no serviço e na caridade
a buscar, em teu benefício, a riqueza incorrutível da luz.
Basta um leve olhar ao pretérito para que reconheças a
insânia de quantos passaram no mundo, antes de ti, senhoreando as bênçãos do
solo e devorando o suor dos semelhantes, como se o tempo e o espaço lhes
pertencessem.
Os museus jazem repletos das baixelas preciosas de
quantos se supuseram senhores exclusivos do pão, das armas fidalgas de quantos
zombaram dos direitos do próximo e da indumentária brilhante daqueles que
transformaram o domínio indébito em sua feroz paixão.
Adelos e numismatas retém consigo os remanescentes de
todos os que monopolizaram a roupa devida aos nus e as moedas surrupiadas à
fome e ao remédio dos infelizes...
Coleções de cinzas douradas guardam a usura e a vaidade,
a mentira da bolsa estéril e o engano cruel da posse inútil.
Aproveita, desse modo, a tua hora no corpo denso e faze circular
os valores da bondade no vintém que possa nutrir a paz e o reconforto,
imprescindíveis ao companheiro da retaguarda, com aflições maiores que as tuas.
Recorda que se o onzenário e o egoísta retiram o
azinhavre e a solidão da sombra a que se afeiçoam, a alma fraterna e amiga
extrai a esperança e a paz da claridade que veicula.
A cobiça ajunta a prata e o ouro da Terra como quem
amontoa pedras incendiadas sobre a própria cabeça, mas a fé que se consagra a
Jesus, em se devotando à alegria e à felicidade dos outros, amealha para si
mesma, hoje e sempre, os tesouros imperecíveis do Céu.
FONTE DE PAZ – EMMANUEL – FCX
O OURO INTRANSFERÍVEL
Sempre vulgares as aquisições de custo fácil.
Nada difícil ao homem comum perseguir as possibilidades
financeiras aliciar interesses mesquinhos, inventar mil recursos para atingir
os fins inferiores; entretanto, os que adotam semelhante norma desconhecem o
caráter sagrado do mais humilde patrimônio que lhes vai às mãos, abusando da
posse para sentirem-se, depois, mais empobrecidos que nunca.
A recomendação divina é suficientemente clara para que um
homem se enriqueça, deve adquirir o ouro provado no fogo, fortuna essa que
procede das mãos generosas do Altíssimo.
Somente essa riqueza espiritual, adquirida nas situações
de trabalho árduo, de profunda compreensão, de vitória sobre si mesmo, de
esforço incessante, conferirá ao Espírito a posição de ascendência legítima, de
bem-estar permanente, além das transformações impostas pelo sepulcro, e apenas
levará a efeito tão elevada conquista após entregar-se totalmente ao Pai para a
grandeza do Divino Serviço.
O homem mobilizado pelo homem poderá, sem dúvida, receber
volumosos salários.
Convenhamos, porém, que esses bens se transformam sempre
ou algum dia serão transferidos a outrem pelo detentor provisório.
No entanto, quando o trabalhador gasta suas possibilidades
nos trabalhos do bem, com esquecimento do egoísmo, desinteressado de si
próprio, colocando acima dos caprichos da personalidade os objetivos da Obra de
Deus, lutando, amando, sofrendo e entregando-se a Ele, adquire, indiscutivelmente,
o ouro eterno e intransferível.
Do livro Caminho Verdade e Vida. Psicografia de Francisco
Cândido Xavier.
A RIQUEZA
Amélia Kauper, anciã, estava em sua tapera, nos arredores
de Chesapeake Bay, no interior de Maryland, quando Craig Poter, um de seus
muitos sobrinhos, foi observar-lhe a situação.
-Seu tio James - dizia ela ao parente, referindo-se ao
marido desencarnado - desde que se fez médium, num templo espírita, deu aos
necessitados tudo quanto pôde. Não deixou dividas, mas, depois do funeral, vim
a saber que a nossa própria casa se achava hipotecada e fui constrangida, por
isso, a entregar todos os nossos recursos aos credores...
-A senhora está. Arruinada, tia? - perguntou o moço.
-Estou com a roupa do corpo... - esclareceu a velhinha.
E designando antigo móvel:
- Mas, graças a Deus, tenho o meu tesouro no cofre.
O rapaz, que conhecera os tios nos bons tempos, quando
possuíam preciosas reservas no Texas, pensou um minuto e deliberou, de súbito,
que a tia o acompanhasse.
No dia imediato, a viúva Kauper, depois de entregar
enorme mala ao sobrinho, entrou no jipe, carregando pequeno baú,
carinhosamente.
Então, começou para ela uma vida nova.
Craig, que possuía sitio próspero na Virgínia, chamou
Edward, seu irmão mais velho, cujas terras confinavam com as dele, trocaram
idéias confidencialmente e concluíram que a estreita caixa de lata de que a tia
jamais se distanciava deveria conter jóias riquíssimas... E combinaram entre si
guardar a anciã, cuidadosamente.
Vieram familiares de longe, disputando a convivência da
Sra. Kauper, mas Craig e Edward alegavam que “tia Amélia” estava fatigada, que
médicos não lhe permitiam maior esforço...
Habitualmente à noite, um ou o outro espiava a velhinha,
pelo buraco da fechadura, e viam-na segurando a vela acesa, a debruçar-se sobre
o baú aberto, decerto fitando, através dos óculos, aquilo a que ela chamava
“minha riqueza” ou “meu tesouro”. Assim viveu, ainda por mais nove anos,
requestada por toda a família e tratada com respeitosa atenção por ambos o
sobrinho que a mantinham, interessados...
Quando a morte quebrou semelhante situação conduzindo a
viúva Kauper na direção de vida melhor, Craig e Edward trancaram-se no quarto
que ela deixara, apossando-se do cobiçado baú; no entanto, ao abri-lo apenas
encontraram dentro dele um antigo exemplar do Evangelho e, sobre o ensebado
volume, o seguinte bilhete que lhes era dirigido pela tia desencarnada:
-Meus filhos, Deus os recompense pela caridade para
comigo, mas tomem cuidado com vida na Terra...
E com a sua longa experiência do mundo, a velhinha
terminava com o versículo número dez capitulo seis da Primeira Epístola do
apóstolo Para Timóteo:
“... Porque a paixão pelo dinheiro é a raiz de todos os
males e, nessa cobiça, alguns desviaram da fé e se traspassaram a si mesmo com
muitas dores.”
Reunião da noite
10-7-65, em Nova Iorque, NY, EUA)
Hilário Silva - Do livro Entre Irmãos de Outras Terras.
Psicografia de Francisco C. Xavier e Waldo Vieira.
CARIDADE E VOCÊ
Cap. XVI – Item 9 (do Evangelho Segundo o Espiritismo)
Acredita você que só a caridade pode salvar o mundo;
entretanto, não se demore na posição de comentarista.
Não nos diga que é pobre e incapaz de contribuir na
campanha renovadora da sublime virtude.
Senão vejamos.
Se você destinar a quantia correspondente a um
refrigerante ou um aperitivo em cinco doses, segundo os seus hábitos, aos
serviços de qualquer hospital, no fim de um mês haverá mais decisiva medicação
para certo doente.
Se você renunciar ao cinema de uma vez em cada cinco,
endereçando o dinheiro respectivo a uma creche, ao término de duas ou três
semanas, a instituição contará com mais leite em favor das crianças
necessitadas.
Se você suprimir um maço de cigarros em cada cinco de seu
uso particular, dedicando o fruto dessa renúncia a uma casa erguida para os
irmãos distanciados do conforto doméstico, em breve tempo o agasalho devido a
eles será mais rico.
Se você economizar as peças do vestuário, guardando a
importância equivalente a uma delas em cada cinco, para socorro ao próximo
menos feliz, no fim de um ano disporá você mesmo de recursos suficientes para
vestir alguém que a nudez ameaça.
Não espere pela bondade dos outros.
Lembre-se daquela que você mesmo pode fazer.
É possível que você nos responda que o supérfluo é seu
próprio suor, que não nos cabe opinar em seu caminho e que o copo e o filme, o
fumo e a moda são movimentados à sua custa.
Você naturalmente está certo na afirmativa e não seremos
nós quem lhe contestará semelhante direito.
A vontade é sagrado atributo do espírito, dádiva de Deus
a nós outros, para que decidamos, por nós, quanto à direção do próprio destino.
Todavia, nosso lembrete é apenas uma sugestão aos
companheiros que acreditam na força da caridade e só ganhará realmente algum
valor se houver algum laço entre a caridade e você.
André Luiz - Do Livro O Espírito da Verdade. Psicografia
de Francisco Cândido Xavier.
PROPRIEDADE
“E o mancebo,
ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades.” —
(MATEUS capítulo 19, versículo 22.)
O instinto de propriedade tem provocado grandes
revoluções, ensangüentando os povos. Nas mais diversas regiões do planeta
respiram homens inquietos pela posse material, ciosos de suas expressões
temporárias e dispostos a morrer em sua defesa.
Isso demonstra que o homem ainda não aprendeu a possuir.
Com esta argumentação, não desejamos induzir a criatura a
esquecer a formiga previdente, adotando por modelo a cigarra descuidosa. Apenas
convidamos, a quem nos lê, a examinar a precariedade das posses efêmeras.
Cada conquista terrestre deveria ser aproveitada pela
alma, como força de elevação.
O homem ganhará impulso santificante, compreendendo que
só possui verdadeiramente aquilo que se encontra dentro dele, no conteúdo espiritual
de sua vida. Tudo o que se relaciona com o exterior — como sejam: criaturas,
paisagens e bens transitórios — pertence a Deus, que lhos concederá de acordo
com os seus méritos.
Essa-realidade sentida e vivida constitui brilhante luz
no caminho, ensinando ao discípulo a sublime lei do uso, para que a propriedade
não represente fonte de inquietações e tristeza, como aconteceu ao jovem dos
ensinamentos de Jesus.
Emmanuel - Do livro Caminho Verdade e Vida. Psicografia
de Francisco Cândido Xavier.
MOEDA E TRABALHO
“Porque isto é
também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos e
entregou-lhes os seus bens.” – JESUS -
MATEUS, 25: 14.
“Os bens da Terra pertencem a Deus, que os distribui a
seu grado não sendo o homem senão o usufrutuário o administrador mais ou menos
integro e inteligente desses bens.”
Cap.16; 10.
Se muitos corações jazem petrificados na Terra, em
azinhavre de sovinice, fujamos de atribuir ao dinheiro semelhantes calamidades.
Condenar a fortuna pelos desastres da avareza, seria o
mesmo que espancar o automóvel pelos abusos do motorista.
O fogo é companheiro do homem, desde a aurora da razão, e
por que surjam, de vez em vez, incêndios arrasadores, ninguém reclamará do
mundo o disparate de suprimi-lo.
Os anestésicos são preciosos auxiliares de socorro à
saúde humana, mas se existem criaturas que fazem deles instrumentos do vicio,
ninguém rogará da ciência essa ou aquela medida que lhes objetive a destruição.
A moeda, em qualquer forma é agente neutro de trabalho,
pedindo instrução que a dirija.
Dirás provavelmente que o dinheiro levantou os
precipícios dourados da vida moderna, onde algumas inteligências, se
tresmalharam na loucura ou no crime, comprando inércia e arrependimento a peso
de ouro, contudo é preciso lembrar as fábricas e instituições beneméritas que
ele garante, ofertando salário digno a milhões de pessoas.
É possível acredites seja ele o responsável por alguns
homens e mulheres de bolsa opulenta, que espantam o próprio tédio, de país em
país, à feição de doentes ilustres, exibindo extravagâncias na imprensa
internacional, entretanto é forçoso reconhecer os milhões de cientistas e
professores, industriais e obreiros do progresso que a riqueza nobremente
administrada sustenta em todas as direções.
A Divina Providência suscita amor ao coração do homem e o
homem substancializa a caridade, metamorfoseando o dinheiro em pão que extingue
a fome.
A Eterna Sabedoria inspira educação ao cérebro do homem e
o homem ergue a escola, transfigurando o dinheiro em clarão espiritual que
varre as trevas.
Não censures a moeda que será sempre alimento da
evolução.
Reflete nos benefícios que ela pode trazer.
Ainda assim, para que lhe apreendas todo o valor, se
queres fazer o bem, não exijas, para isso, o dinheiro que permanece na
contabilidade moral dos outros.
Mobiliza os recursos que a Infinita Bondade te situa
retamente nas mãos e ainda hoje, nalgum recanto de viela perdida, ao ofertares
um caldo reconfortante às mães infortunadas que o mundo esqueceu, perceberás
que o dinheiro, convertido em cântico fraterno, te fará te ouvir palavra de luz
da própria em prece jubilosa.
“Deus te ampare e abençoe.¨
Emmanuel do livro
O Livro da Esperança - Psicografado por FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
PÃO, OURO E AMOR
Aquele diz: -
"Isto é meu".
Outro afirma:
- "Guardo o que me pertence".
Entretanto, só
Deus é o legítimo Senhor de Tudo.
Rejubilas-te
com a nutrição...
Contudo foi
Ele quem promoveu a sustentação da semente para que a semente, convertida em
pão, te assegure o equilíbrio.
Orgulhas-te do
dinheiro que te garante a aquisição das utilidades imprescindíveis à segurança
e ao conforto...
No entanto,
foi Ele, quem te angariou indiretamente os recursos preciosos para que te não
faltassem saúde e raciocínio, disposição e inteligência na tarefa em que te
sorri a fortuna.
Regozijas-te
com o lar...
Todavia, foi
Ele quem te situou nos braços maternais que te acalentaram os vagidos
primeiros, aproximando-te dos afetos que te enriquecem os dias...
Lembra-te de
Deus, o Todo Misericordioso que nos confia os tesouros da existência, a fim de
que aprendamos a buscar-Lhe o Paterno Seio...
E reparte com
teu irmão do caminho os talentos que Ele te empresta, na certeza de que somente
ao preço da fraternidade infatigável e pura, subirás para a Glória Divina, em
que Deus te reserva a imortalidade da vida entre as fulgurações da Sabedoria
Imperecível e as bênçãos do Amor Eterno.
Scheilla - Livro: Caridade – Psicografia: Francisco C.
Xavier
BENS VERDADEIROS
Os verdadeiros bens são aqueles que têm caráter
inalienável. O que transita não constitui posse, antes é mordomia. Nesse
particular, os tesouros terrenos valem pela tônica que lhes emprestamos,
caracterizados pelas paixões que envilecem, aqueles que os dominam parcialmente
ou pela dinâmica do trabalho valioso que fomentam.
A posse monetária, no entanto, em si mesma não é
responsável pelos bens que produz nem pelos males que gera.
Manipulando a posse encontra-se sempre o espírito, que a
faz nobre ou perniciosa.
O dinheiro, de tão desencontradas conceituações, não é o
responsável direto pela miséria social nem o autor das glórias culturais.
A moeda que compra consciências é a mesma que adquire
leite para a orfandade; o dinheiro que entorpece o caráter é aquele que também
salva uma vida, doando sangue a alguém que esteja à beira da desencarnação; o
numerário que corrompe moçoilas invigilantes, fascinadas pelo momentâneo
ouropel da glória social, faculta igualmente sucesso às grandes conquistas do
conhecimento.
Se ele favorece o tráfico de entorpecentes e narcóticos,
a prostituição e rapina, também estimula o progresso entre as Nações, drena as
regiões pantanosas e transforma os desertos em abençoados pomares, educa...
Em mãos abençoadas pela caridade, ele dá lume e pão,
distribui reconforto e alegria, difunde o alfabeto e a arte, amplia a
fraternidade e o amor, atenuando as asperezas da senda. por onde transitam os
infelizes.
Movimentado por ociosos consome-se na usura e,
insensatamente, vai conduzindo para perverter, malsinando vidas e
destroçando-as.
As legítimas fortunas são as que têm fôrça indestrutível.
Valem muitas vezes menos, porque desconsideradas pelo
egoísmo geratriz dos males que infestam os espíritos multimilenarmente. Raros
as disputam. São os valores morais.
Certamente a ganância, resultante da má educação
religiosa e social do homem, fomenta os crimes que são catalogados como
conseqüências das riquezas mal dirigidas. A ganância. de uns engendra a miséria
de muitos e a ambição desmedida de poucos faz-se a causa da ruína generalizada
que comanda multidões.
O Evangelho de Jesus, no entanto - inapreciável fortuna
de paz e amor ao alcance de todos -, possui a solução para o magno problema da
riqueza e da pobreza, em se referindo às leis do amor e da caridade que um dia.
unirão todos os homens como verdadeiros irmãos.
E o Espiritismo, confirmando as lições do Senhor,
leciona, soberano, graças à informação dos imortais, que o mau uso da riqueza
impõe o recomeço difícil na miséria, àquele que a tenha malbaratado.
Multiplica, então, os bens verdadeiros de que disponhas
nas leiras do amor e reparte os valores transitórios de que te faças detentor
na seara da Caridade para que tranquilos sejam os teus dias no Orbe e feliz o
teu renascimento futuro, quando de volta à Terra
"Vendei o que possuís e dai esmolas. fazei para vós
bolsas que não envelheçam, um tesouro inexaurível nos céus, onde o ladrão não
chega nem a traça roi". Lucas: capítulo 12º, versículo 33.
"O homem só possui em plena propriedade aquilo que
lhe é dado levar deste mundo". Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo
16º - Item 9.
FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas. Pelo Espírito
Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 48.
VALORES E POSSES
Não somente o dinheiro constitui fortuna, conforme supõem
muitos homens enganados, referindo-se à vida e às posses na Terra.
Em diversas circunstâncias, o patrimônio amoedado se
converte em aflição e desgraça, amargando as horas e, ao mesmo tempo,
aniquilando a alegria, em detrimento da paz.
Há fortunas de valor incalculável que apenas são
consideradas nas suas significações legítimas quando perdidas...
E são esses tesouros que merecem cuidados especiais,
porquanto não exclusivamente o dinheiro se converte em pesada carga de
responsabilidade. Como são conhecidos homens e mulheres cujos bens se
transformam em grades de presídio e corredores de loucura, outros existem,
através de cujas abençoadas mãos a esperança e a saúde, o reconforto e a
caridade escorrem em abundância, na direção das aflições humanas. São mãos
estrelares que fazem fulgir e refulgir o amor divino como luarização do bem,
amenizando as agonias de todo jaez. Por meio deles o progresso se desenvolve,
as atividades se multiplicam benéficas, o carro da felicidade esparge
oportunidades, a ciência investiga, as artes atingem as mais belas expressões,
os males e as calamidades no mundo diminuem, sofrendo acirrado combate... Não
fora a estes dirigida a referência do Senhor, quando acentuando sobre a
escassez de ricos no Reino dos Céus.
Muitos dons humanos são fortunas inapreciáveis que não
raro se convertem em cárcere e limitação de consequências calamitosas.
Mesmo entre os chamados à lavoura do Evangelho, não
poucos se utilizam da riqueza da palavra. Usam-na destrutivamente no comércio
da maledicência, na alfândega da calúnia, no tribunal da acusação, no
intercâmbio da intriga. E a palavra pode transformar-se, no entanto, em rota
luminescente, pão de sustento, água refrescante a benefício de incontáveis
corações...
A juventude, campo sublime de aprendizagem, representa
posse incomparável, que reúne as condições para a verdadeira felicidade. E
malbaratam-na no jogo de prazeres embriagantes, na disputa de ouropéis
enganosos, na aventura dos entorpecentes destruidores... Dela, assim, aplicada,
decorrem alucinações e escravidão de longo curso, na qual muitos se perdem por
anos a fio...
A saúde, doação excelsa de Deus, é poderosa riqueza que
ninguém malbaratará Inconsequentemente. E jogam-na nos resvaladouros da
insensatez e da leviandade...
A inteligência, elaborada através de milênios e milênios
na escala evolutiva, traduz concessão libertadora que não se pode aplicar no
sentido destrutivo, sem ácidos corretivos.
Todavia, milhares e milhares de criaturas nublam-na,
apagando as suas claridades sublimes, com as nuvens do ódio e do primitivismo
moral... Riquezas, fortunas, poder estão na própria indumentária carnal, à
disposição de todo espírito em romagem evolutiva, mediante as reencarnações
redentoras.
Mesmo quando temporariamente enfermo ou limitado um
corpo, conduzindo o dispositivo reparador em forma de coerção ou sofrimento, é,
para o espírito, excelente concessão do Alto a seu benefício, que lhe serve de
bênção superior.
Assim, examinando, não penses em moedas e notas
fiduciárias, em cheques e depósitos, cédulas e promissórias para as
necessidades aquisitiva imediatas.
Penetra-te da certeza dos bens maiores com que a vida te
aquinhoa e coloca em multiplicação os recursos de que te encontras possuído,
espalhando alegria e entusiasmo por onde sigam os teus pés.
Compadece-te sempre, socorre; exorta com amor, ajuda;
perdoa generosamente, ama; harmoniza as expressões do verbo servir e usa as
mãos na lavoura da semeação da esperança; movimenta o corpo na direção do dever
e faze que se renovem sempre os valores poderosos de que te encontres possuído.
És detentor de fortunas que jazem enferrujando ao
abandono, ante os ladrões da indolência que as roubam e as traças da negligência
que as gastam e paralisam.
Jesus visitou a casa de Zaqueu, concedeu entrevista a
Nicodemos, aceitou o sepulcro novo doado por José de Arimatéia, como abençoando
os tesouros amoedados e os seus mordomos temporários. No entanto, foi severo
com Judas, retrucando, quando este se referiu ao valor do bálsamo com que a
pecadora lhe banhava os pés e cujo produto, se vendido, poderia auxiliar os
pobres: "Os pobres, vós os tereis sempre, mas a mim, nem sempre".
Preciosa lição, na qual toda fortuna aplicada na construção do amor é alavanca
do progresso proporcionada por Nosso Pai para a grandeza do mundo e, ao mesmo
tempo, ensinando que as fortunas pessoais, que todos detemos mediante a
reencarnação, representam a nossa oportunidade para crescer em plena glória
solar na direção do Rei Divino, que nasceu numa estrebaria para alar-se às
estrelas desde os braços de uma Cruz.
"Porque onde está o vosso tesouro, ai estará,
também, o vosso coração". Lucas: capítulo 12º, versículo 34.
"Os bens da Terra pertencem a Deus, que os distribui
a seu grado, não sendo o homem senão o usufrutuário, o administrador mais ou
menos íntegro e inteligente desses bens". Evangelho Segundo o Espiritismo
- Capítulo 16º - Item 10.
FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas. Pelo
Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 49.
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