6 – Porque assim é como um homem que, ao ausentar-se para
longe, chamou os seus servos e lhes entregou os seus bens. E deu a um cinco talentos,
e a outro dois, e a outro deu um, a cada um segundo a sua capacidade, e partiu
logo. O que recebera pois cinco talentos, foi-se, e entrou a negociar com eles
e ganhou outros cinco. Da mesma sorte também o que recebera dois, ganhou outros
dois. Mas o que havia recebido um, indo-se com ele, cavou na Terra, e escondeu
ali o dinheiro de seu senhor. E passando muito tempo, veio o senhor daqueles
servos, e chamou-os a contas. E chegando-se a ele o que havia recebido os cinco
talentos, apresentou-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, tu me
entregastes cinco talentos; eis aqui tens outros cinco mais que lucrei. Seu
senhor lhe disse: Muito bem, servo bom e fiel; já que foste fiel nas coisas
pequenas, dar-te-ei a intendência das grandes; entra no gozo do teu senhor. Da
mesma sorte apresentou-se também o que havia recebido dois talentos, e disse:
Senhor, tu me entregaste dois talentos, e eis aqui tens outros dois que ganhei
com eles. Seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel, já que fostes fiel
nas coisas pequenas, dar-te-ei a intendência das grandes; entra no gozo de teu
senhor.
E chegando também o que havia recebido um talento, disse:
Senhor, sei que és homem de rija condição; segas onde não semeaste, e recolhes
onde não espalhaste; e temendo me fui, e escondi o teu talento na Terra; eis
aqui tens o que é teu. E respondendo o seu senhor, lhe disse: Servo mau e
preguiçoso, sabia que sego onde não semeei, e que recolho onde não tenho
espalhado. Devias logo dar o meu dinheiro aos banqueiros, e, vindo eu, teria
recebido certamente com juro o que era meu. Tirai-lhe, pois, o talento, e dai
ao que tem dez talentos. Porque a todo o que tem, dar-se-lhe-á, e terá em
abundância; e ao que não tem, tirar-se-lhe-á até o que parece que tem. E ao
servo inútil, lançai-o nas trevas exteriores: ali haverá choro e ranger de
dentes. (Mateus, XXV: 14-30).
TEXTOS DE APOIO
O TALENTO ESQUECIDO
No mercado da vida, observamos os talentos da Providência
Divina fulgurando na experiência humana, dentro das mais variadas expressões.
Talentos da riqueza material, da intelectualidade brilhante, da beleza física,
dos sonhos juvenis, dos louros mundanos, do brilho social e domestico, do poder
e da popularidade.
Alinham-se, à maneira de jóias grandes e pequenas,
agradáveis e preciosas, estabelecendo concorrência avançada entre aqueles que
as procuram.
Há, porém, um talento de luz acessível a todos. Brilha
entre ricos e pobres, cultos e incultos. Aparece em toda parte. Salienta-se em
todos os ângulos da luta. Destaca-se em todos os climas e sugere
engrandecimento em todos os lugares.
É o talento da oportunidade, sempre valioso e sempre o
mesmo, na corrente viva e incessante das horas.
É o desejo de doar um pensamento mais nobre ao circulo da
maledicência, de fortalecer com um sorriso o animo abatido do companheiro
desesperado, de alinhavar uma frase amiga que enterneça os maus a se sentirem
menos duros e que auxilie aos bons a se revelarem sempre melhores, de prestar
um serviço insignificante ao vizinho, plantando o pomar da gratidão e da
amizade, de cultivar algum trato anônimo de solo, onde o arvoredo de amanhã
fale sem palavras de nossas elevadas intenções.
Acima de todos os dons, permanece o tesouro do tempo.
Com as horas os santos construíram a santidade e os
sábios amealharam a sabedoria.
É com o talento esquecido das horas que edificaremos o
nosso caminho, no rumo da Espiritualidade Superior, na aplicação silenciosa com
o mestre que, atendendo compassivamente às necessidades de todos os aprendizes,
prometeu, com amor, não somente demorar-se conosco até ao fim dos séculos
terrestres, mas também asseverou, com justiça, que receberemos individualmente
na vida, de acordo com as nossas próprias obras.
Emmanuel - Livro: Caridade – Psicografia: Francisco C.
Xavier
O TALENTO DE TODOS
Na abastança ou na carência, na direção ou na
subalternidade, não menosprezes agir e servir, porque o trabalho, nas
concessões do espaço e do tempo, é o talento comum a todos, pelo uso do qual o
espírito se engrandece, no rumo das Esferas Superiores a que se destina.
Por ele, as forças mais simples da natureza se movimentam
na senda evolutiva, escalando os degraus do progresso para a subida aos cimos
da experiência.
Com ele, o verme se agita e fecunda o seio da terra.
Através dele, esforça-se a semente e transforma-se na
planta útil, a erigir-se em abençoada garantia do pão.
Aproveitando-o, a abelha se faz operária laboriosa, fabricando
a excelência do mel.
Atendendo-lhe a inspiração, o manancial se desloca e,
crescendo em possibilidades sempre mais vastas, converte-se no grande rio que
apóia a civilização em torno do próprio sulco.
Tudo na paisagem que nos cerca é a exaltação desse
talento realmente divino.
É por isso que dinheiro e saúde, cultura e inteligência,
tanto quanto os números recursos que rodeiam o homem na Terra, subordinam-se ao
trabalho, a fim de se agigantarem na produção e na multiplicação dos benefícios
que lhes dizem respeito.
Não te deixes vencer pelas considerações negativas da
tristeza, da revolta, do pessimismo ou da indisciplina, que estão sempre
condicionando a ação que lhes é própria à exigência de remuneração.
Responde ao Senhor que te serve por intermédio do
trabalho incessante da natureza com o trabalho infatigável de teu pensamento e
de teus braços, de teu cérebro e de teu coração, para que te eleves à comunhão
com o Amor Infinito.
Sem trabalho, a fé se resume à adoração sem proveito, a
esperança não passa de flor incapaz de frutescência e a própria caridade se circunscreve
a um jogo de palavras brilhantes, em torno do qual, os nus e os famintos, os
necessitados e os enfermos costumam parecer, pronunciando maldições.
Trabalhe e vive.
Não admitas que a fortuna do tempo, emprestada a todos
pela Bondade de Deus se dissipe em tuas mãos congelada no ideal inoperante.
Realmente, muitos desastres nos perseguem o caminho das
experiências necessárias, em forma de falhas e fraquezas de nossas almas, à
frente das Leis de Deus, mas de todos eles, o maior de todos é a preguiça,
porque a preguiça é a protetora da ignorância e da penúria e, através da
penúria e da ignorância, poderemos descer aos mais estranhos desequilíbrios do
mal.
XAVIER, Francisco Cândido. Livro Dinheiro. Pelo Espírito
Emmanuel.
O TALENTO
ESQUECIDO
No mercado da vida, observamos os talentos da Providência
Dïvina fulgurando na experiência humana, dentro das mais variadas expressões.
Talentos da riqueza material, da intelectualidade brilhante, da beleza física,
dos sonhos juvenis, dos louros mundanos, do brilho social e doméstico, do poder
e da popularidade.
Alinham-se, à maneira de jóias grandes e pequenas,
agradáveis e preciosas, estabelecendo concorrência avançada entre aqueles que
as procuram.
Há, porém, um talento de luz acessível a todos. Brilha
entre ricos e pobres, cultos e incultos. Aparece em toda parte. Salienta-se em
todos os ângulos da luta. Destaca-se em todos os climas e sugere
engrandecimento em todos os lugares.
E o talento da oportunidade, sempre valioso e sempre o
mesmo, na corrente viva e incessante das horas.
É o desejo de doar um pensamento mais nobre ao círculo da
maledicência, de fortalecer com um sorriso o ânimo abatido do companheiro
desesperado, de alinhavar uma frase amiga que enterneça os maus a se sentirem
menos duros e que auxilie aos bons a se revelarem sempre melhores, de prestar
um serviço insignificante ao vizinho, plantando o pomar da gratidão e da
amizade, de cultivar algum trato anônimo de solo, onde o arvoredo de amanhâ
fale sem palavras de nossas elevadas intenções.
Acima de todos os dons, permanece o tesouro do tempo.
Com as horas os santos construíram a santidade e os
sábios amealharam a sabedoria.
É com o talento esquecido das horas que edificaremos o
nosso caminho, no rumo da Espiritualidade Superior, na aplicação silenciosa com
o mestre que, atendendo compassivamente às necessidades de todos os aprendizes,
prometeu, com amor, não somente demorar-se conosco até ao fim dos séculos
terrestres, mas também asseverou, com justiça, que receberemos individualmente
na vida, de acordo com as nossas próprias obras.
Pelo Espírito Emmanuel - XAVIER, Francisco Cândido. Livro
Caridade. Espíritos Diversos.
TALENTOS
A pobreza não é criação do Todo-Misericordioso. Ela
existe somente em função da ignorância do homem que, por vezes, se arroja aos
precipícios da inconformação ou da ociosidade, gerando o desequilíbrio e a
penúria.
Há talentos do Senhor distribuídos por todas as
criaturas, em toda a parte.
Observa os elementos de trabalho que a vida te conferiu e
não te esqueças de que a única fonte de origem e de sustentação da riqueza
legítima é sempre o trabalho.
O ouro é talento com que se pode ampliar o progresso.
O apuro da inteligência é recurso de extensão da cultura.
A escassez é o processo da aquisição de nobres qualidades
para quem aprende a servir
A alegria é fonte de estímulo.
A dor para quem se consagra à aceitação construtiva, é
capaz de se transformar em manancial de humildade.
Cada qual de nós recebe na herança congênita do
pretérito, as possibilidades de serviço que nos caracterizam as tendências no
mundo, de acordo com os méritos e necessidades que apresentemos.
Em razão disso, é indispensável saibamos aproveitar o
tempo, qual deve o tempo ser utilizado, de vez que os dias correm sobre os
dias, até que o Senhor nos tome conta dos créditos, que generosamente nos
emprestou.
Usa a compreensão que se desmanda no egoísmo e a provação
que se perde na delinqüência encontram-se, desamparadas por si mesmas, nas
veredas do mundo.
Derrama o tesouro de amor que o Pai Celestial te situou
no coração, através das bênçãos de fraternidade e simpatia, bondade e esperança
para com os semelhantes e, em qualquer grupo social no qual te vejas, serás,
invariavelmente, a criatura realmente feliz, sob as bênçãos da Terra e dos
Céus.
XAVIER, Francisco Cândido. Livro Dinheiro. Pelo Espírito
Emmanuel.
DONS
"Toda a boa dádiva e todo dom perfeito sem do
Alto." - (TIAGO, 1:17;)
Certificando-se o homem de que coisa alguma possui de
bom, sem que lho conceda, a vida Terra ganhará novos rumos.
Diz a sabedoria, desde a antiguidade:
- Faze de tua parte e o Senhor de ajudará.
Reconhecendo o elevado teor de exortação, somos
compelidos a reconhecer que, na própria aquisição de títulos profissionais, o
homem é o filho que se esforça, durante alguns anos, para que o Pai lhe confira
um certificado de competência, através dos professores humanos.
Qual ocorre no patrimônio das realizações materiais,
acontece no círculo das edificações do espírito.
Indiscutivelmente, toda boa dádiva e todo o dom perfeito
vêm de Deus. Entretanto, para recebermos o benefício faz-se preciso
"bater" à porta para que ela se nos abra, segundo a recomendação
evangélica.
Queres o dom de curar?
Começa amando os doentes, interessando-te pela solução de
suas necessidades.
Queres o dom de ensinar?
Faze-te amigo dos que ministram o conhecimento em nome do
Senhor, através das obras e das palavras edificantes.
Esperas o dom da virtude? Disciplina-te.
Pretendes falar com acerto? Aprende a calar no momento
oportuno.
Desejas acesso aos círculos sagrados do Cristo?
Aproxima-te d’Ele, não só pela conversação elevada, nas
também por atitudes de sacrifício, como foram as de tua vida.
As qualidades excelentes são dons que procedem de Deus;
entretanto, cada qual tem a porta respectiva e pede uma chave diferente.
Emmanuel - Do livro Caminho, Verdade e Vida de Chico Xavier
MEDOS INDICADORES
DE CRENÇAS LIMITADORAS
"Veio em seguida o que recebeu apenas um talento e
disse: Senhor, sei que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e colhes
de onde nada puseste; - por isso, como te temia, escondi o teu talento na
terra; aqui o tens: restituo o que te pertence."O evangelho segundo o
espiritismo, capítulo 16, item 6.
Uma longa trajetória na possessividade gerou na nossa
mente o reflexo do apego a crenças ilusórias de grandeza e importância pessoal.
Em decorrência dessa caminhada milenar, quando nos dispomos a realizar uma
transformação moral à luz do espiritismo e do Evangelho do Cristo,
deparamo-nos, inevitavelmente, com os efeitos dessa programação mental em forma
de hábitos muito enraizados no automatismo dos sentimentos e dos pensamentos.
Sair desse patamar interno de acreditar sermos maior do
que realmente somos e ter de assumir nossa verdadeira estatura espiritual pode
tornar-se uma travessia de dores e conflitos amargos. Esse desapego de valores
que já não nos protegem mais das ameaças de nossa sombra interior solicita
cuidados fundamentais e acolhimento amoroso com nossas necessidades de
melhoria, a fim de não se instalarem o desgosto e a perturbação.
Crenças são como pilares na vida mental. São vigas que,
quando abaladas, podem desequilibrar todo o edifício do pensamento, da vontade
e do sentimento. Portanto, quaisquer operações a serem realizadas nesses pilares
exigem perícia e orientação terapêutica quando se objetiva o resgate da saúde.
O desapego às nossas convicções pode ser comparado à
delicada cirurgia na intimidade da alma e traz como principal consequência o
medo. Sobretudo, o medo de perder quem achávamos que éramos, de perder
personalidades ilusórias repletas de verdades falsas sobre a vida e sobre o
viver. Essa perda faz aflorar a dor angustiosa da indefinição, gerando
insegurança, desânimo e mau humor, que podem alcançar o nível de um quadro exaustivo
de estresse, ansiedade, pânico e desespero silencioso a caminho da depressão.
Sob uma perspectiva transpessoal, o medo é um excelente
indicador de que existe algo a ser descoberto, enfrentado e transformado em
nós. É um sentimento mobilizador cuja função no cosmo emocional é proteger e
também instigar atitudes diante de pressões ou ameaças.
Sendo o medo uma reação natural e necessária, aquilo que
fazemos com ele é que pode se tornar um problema. Quando optamos pela
reorientação daquilo que temos como real, há uma perda temporária de
referências que nos ofereciam a sensação de segurança e bem-estar, e agora, na
formação de outros valores, o medo nos previne contra os mecanismos sutis da
leviandade diante da construção de novos princípios e valores que vão gerenciar
as novas formas de pensar e viver.
Entre as certezas que mais necessitam de reciclagem e que
podem acionar o medo com intensidade estão as chamadas crenças de identidade,
isto é, aquelas que criam uma percepção do valor e da estima pessoal. São as
que mais sofrimento têm causado ao ser humano. Sob gerência de padrões de
desvalor e de não merecimento, os sentimentos e pensamentos aprisionam a vida
psíquica e emocional no estado de baixa autoestima.
A baixa autoestima é um processo psíquico automático
reforçado no período da infância, mas que, na maioria dos espíritos
reencarnados na Terra, é um diagnóstico construído ao longo de milénios.
Esse estado psíquico e emocional de desamor em relação a
si mesmo é um efeito desse apego milenar ao comportamento egoísta. A
necessidade compulsiva de elaborar um autoconceito superdimensionado de nós
mesmos terminou por trazer um efeito contrário, levando-nos a essa sensação de
menos valia e vazio interior. 0 medo surge exatamente quando assumimos nossas
necessidades e tomamos contato com o sombrio dentro de nós, quando reconhecemos
as nossas reais e profundas necessidades de buscar a realidade e abandonar
essas mascaras tóxicas, que já não servem mais para o prazer e para a
realização pessoal.
Desapegar-se das crenças que estruturavam um edifício de
ilusões é o mesmo que navegar por um mar revolto, sem rota, sem farol e sem
direção.
No Evangelho, a passagem em que Pedro foi convidado por
Jesus a andar sobre as águas é um exemplo que ilustra bem esse assunto.
Trata-se de um andar incomum em um caminho sem referências e exclusivamente
pessoal, pois, embora houvesse muitas pessoas naquele momento na praia, só
Pedro foi chamado pelo Mestre.
Todos seremos chamados em algum momento a andar sobre
águas, a fazer um trajeto de libertação por caminhos e aprendizados incomuns.
Andar sobre as águas vai exigir uma convicção sólida e um destemor sem igual:
teremos medos e, assim como aconteceu com o apóstolo, poderemos afundar nas
águas dos nossos descuidos e temores apenas por força de uma leve rajada de
vento. 0 vento da indecisão, da dúvida, da incerteza e da severidade com nós
mesmos. Assim como andar sobre as águas, reciclar nossas próprias verdades
atemoriza-nos porque significa trilhar uma jornada pessoal, sem comparação,
única. Nesse processo, somos nós e nossa consciência, nós e nosso ser
transpessoal que anseia nascer e florescer.
Para tornar esse caminhar menos doloroso e mais
consciente, será necessária a descoberta de quais crenças nossos medos indicam.
Cada medo pode ser um indício daquilo que devemos reciclar.
No medo de sofrer, pode estar enraizada a crença de que
não merecemos o prazer.
No medo de aproveitar as boas coisas da vida, pode estar
gravada a crença de que a vida só tem valor legítimo quando as conquistas vêm
pela dor e pelo sacrifício.
No medo de experimentar romper seus limites, pode
abrigar-se a crença do castigo para quem não se conduz conforme os padrões.
No medo de errar, camufla-se a crença da incompetência ou
do perfeccionismo.
No medo de competir, pode estar a crença de que temos de
ser os melhores.
No medo do desamparo, costuma se esconder a crença de que
o amor alheio é mais importante do que o auto amor.
No medo de estabelecer limites, quase sempre está a crença
em nossa infalibilidade.
No medo de nossa fragilidade, abriga-se a crença de que
temos de dar conta de tudo.
O medo de perder pode trazer embutida a crença de que
somos culpados pelas conquistas que fazemos.
No medo de ser quem somos, quase sempre está a crença de
que ser diferente é um mal.
Aquele servo da parábola dos talentos tinha uma convicção
limitadora. Ele preferiu enterrar o talento porque era essa a sua concepção de
proteção, de bom uso, ao mesmo tempo em que se submeteu a uma postura de
acomodação e de menor esforço. Por conta de suas ilusões, não gerou vida,
movimento e não ampliou o raio de sua experiência. Fechou-se em sua concepção,
por zelo e cautela.
1 Mateus 25:14 a 30.
Nos serviços de aprimoramento espiritual, muitos de nós
rendemo-nos a essas concepções temerárias que sutilmente invadem o campo mental
com idéias de prudência excessiva e terminam em preguiça, perfeccionismo e
fuga.
Diante de tais atitudes, verificamos claramente a
presença do egoísmo mais uma vez incensando a idéia de sermos o melhor, quando
os serviços do bem e da luz na busca de nosso progresso apenas nos propõem a
fazer o melhor que já conseguimos.
A crença lúcida e libertadora de quem segue a Jesus é ser
alguém melhor hoje do que ontem e dar um passo atrás do outro na busca do
aprendizado lento, gradativo e ininterrupto na construção de um homem novo em
constante aperfeiçoamento.
Livro: Emoções que Curam – Ermance Dufaux – Wanderley S.
Oliveira
MOEDA E TRABALHO
“Porque isto é
também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos e
entregou-lhes os seus bens.” – JESUS -
MATEUS, 25: 14.
“Os bens da Terra pertencem a Deus, que os distribui a
seu grado não sendo o homem senão o usufrutuário o administrador mais ou menos
integro e inteligente desses ens.”
Cap.16; 10.
Se muitos corações jazem petrificados na Terra, em
azinhavre de sovinice, fujamos de atribuir ao dinheiro semelhantes calamidades.
Condenar a fortuna pelos desastres da avareza, seria o
mesmo que espancar o automóvel pelos abusos do motorista.
O fogo é companheiro do homem, desde a aurora da razão, e
por que surjam, de vez em vez, incêndios arrasadores, ninguém reclamará do
mundo o disparate de suprimi-lo.
Os anestésicos são preciosos auxiliares de socorro à
saúde humana, mas se existem criaturas que fazem deles instrumentos do vicio,
ninguém rogará da ciência essa ou aquela medida que lhes objetive a destruição.
A moeda, em qualquer forma é agente neutro de trabalho,
pedindo instrução que a dirija.
Dirás provavelmente que o dinheiro levantou os
precipícios dourados da vida moderna, onde algumas inteligências,se
tresmalharam na loucura ou no crime, comprando inércia e arrependimento a peso
de ouro, contudo é preciso lembrar as fábricas e instituições beneméritas que
ele garante, ofertando salário digno a milhões de pessoas.
É possível acredites seja ele o responsável por alguns
homens e mulheres de bolsa opulenta, que espantam o próprio tédio, de país em
país, à feição de doentes ilustres, exibindo extravagâncias na imprensa
internacional, entretanto é forçoso reconhecer os milhões de cientistas e
professores, industriais e obreiros do progresso que a riqueza nobremente
administrada sustenta em todas as direções.
A Divina Providência suscita amor ao coração do homem e o
homem substancializa a caridade, metamorfoseando o dinheiro em pão que extingue
a fome.
A Eterna Sabedoria inspira educação ao cérebro do homem e
o homem ergue a escola, transfigurando o dinheiro em clarão espiritual que
varre as trevas.
Não censures a moeda que será sempre alimento da
evolução.
Reflete nos benefícios que ela pode trazer.
Ainda assim, para que lhe apreendas todo o valor, se
queres fazer o bem, não exijas, para isso, o dinheiro que permanece na contabilidade
moral dos outros.
Mobiliza os recursos que a Infinita Bondade te situa
retamente nas mãos e ainda hoje, nalgum recanto de viela perdida, ao ofertares
um caldo reconfortante às mães infortunadas que o mundo esqueceu, perceberás
que o dinheiro, convertido em cântico fraterno, te fará te ouvir palavra de luz
da própria em prece jubilosa.
“Deus te ampare e abençoe.¨
Emmanuel - do livro:
O Livro da Esperança - Psicografado por Francisco Cândido Xavier
MELHORAR PARA PROGREDIR
"E a um deu cinco talentos e a outro dois e a outro
um, a cada um segundo a sua capacidade..." - Jesus. (MATEUS, 25:15.)
Melhorar para progredir - eis a senha da evolução.
Passa o rio dos dons divinos em todos os continentes da
vida, contudo, cada ser lhe recolhe as águas, segundo o recipiente de que se
faz portador.
Não olvides que os talentos de Deus são iguais para
todos, competindo a nós outros a solução do problema alusivo à capacidade de
recebê-los.
Não te percas, desse modo, na lamentação indébita.
Uma hora anulada na queixa é vasto patrimônio perdido no
preparo da justa habilitação para a meta a alcançar.
Muitos suspiram por tarefas de amor, confiando-se à
aversão e à discórdia, enquanto que muitos outros sonham servir à luz,
sustentando-se nas trevas da ociosidade e da ignorância.
A alegria e o fulgor dos cimos jazem abertos a todos
aqueles que se disponham à jornada da ascensão.
Se te afeiçoas, assim, aos ideais de aprimoramento e
progresso, não te afastes do trabalho que renova, do estudo que aperfeiçoa, do
perdão que ilumina, do sacrifício que enobrece e da bondade que santifica...
Lembra-te de que o Senhor nos concede tudo aquilo de que
necessitamos para comungar-Lhe a glória divina, entretanto, não te esqueças de
que as dádivas do Criador se fixam, nos seres da Criação, conforme a capacidade
de cada um.
Emmanuel do livro Palavras de Vida Eterna, psicografado
por F. C. Xavier
TENDO MEDO
"E, tendo medo, escondi na terra o teu
talento.."─ Mateus, 25, 25.
Na Parábola dos Talentos, o servo negligente atribui ao
medo a causa do insucesso em que se infelicita.
Recebera mais reduzidas possibilidades de ganho.
Contara apenas com um talento e temera lutar para
valorizá-lo.
Quanto aconteceu ao servidor invigilante da narrativa
evangélica, há muitas pessoas que se acusam pobres de recursos para transitar
no mundo como desejariam.
E recolhem-se à ociosidade, alegando o medo da ação.
Medo de trabalhar.
Medo de servir.
Medo de fazer amigos.
Medo de desapontar.
Medo de sofrer.
Medo da incompreensão.
Medo da alegria.
Medo da dor.
E alcançam o fim do corpo, como sensitivas humanas, sem o
mínimo esforço para enriquecer a existência.
Na vida, agarram-se ao medo da morte.
Na morte, confessam o medo da vida.
E, a pretexto de serem menos favorecidos pelo destino,
transformam-se, gradativamente, em campeões da inutilidade e da preguiça.
Se recebeste, pois, mais rude tarefa no mundo, não te
atemorizes à frente dos outros e faze dela o teu caminho de progresso e
renovação.
Por mais sombria seja a estrada a que foste conduzido
pelas circunstâncias, enriquece-a com a luz do teu esforço no bem, porque o
medo não serviu como justificativa aceitável no acerto de contas entre o servo
e o Senhor.
Livro Fonte Viva.
Pelo Espírito Emmanuel. Psicografia Francisco C. Xavier
O JUIZ RETO
Ao tribunal de Eliaquim bem Jefté, juiz respeitável e
sábio, compareceu o negociante Jonatan bem Cafar arrastando Zorobabel,
miserável mendigo.
- Este homem – clamou o comerciante, furioso –
impingiu-me um logro de vastas proporções! Vendeu-me um colar de pérolas
falsas, por cinco peças de ouro, asseverando que valiam cinco mil. Comprei as
jóias, crendo haver realizado excelente negócio, descobrindo, afinal, que o
preço delas é inferior a dois ovos cozidos. Reclamei diretamente contra o
mistificador, mas este vagabundo já me gastou o rico dinheiro. Exijo para ele
as penas da justiça! É ladrão reles e condenável!...
O magistrado, porém, que cultuava a Justiça Suprema,
recomendou que o acusado se pronunciasse por sua vez:
- Grande juiz –
disse ele, timidamente -, reconheço haver transgredido os regulamentos que nos
regem. Entretanto, tenho meus dois filhos estirados na cama e debalde procuro
trabalho digno, pois mo recusam sempre, a pretexto de minha idade e de minha
pobre apresentação. Realmente, enganei o meu próximo e sou criminoso, mas
prometo resgatar meu débito logo que puder.
O juiz meditou longamente e sentenciou:
- Para Zorobabel,
o mendigo, cinco bastonadas entre quatro paredes, a fim de que aprenda a sofrer
honestamente, sem assalto á bolsa dos semelhantes, e, para Jonatan, o mercador,
vinte bastonadas, na praça pública, de modo a não mais abusar dos humildes.
O negociante protestou, revoltado:
- Que ouço?! Sou
vítima de um ladrão e devo pagar por faltas que não cometi? Iniqüidade!
Iniqüidade!...
O magistrado, todavia, bateu forte com um martelo sobre a
mesa, chamando a atenção dos presentes, e esclareceu em voz alta:
- Jonatan bem
Cafar, a justiça verdadeira não reside na Terra para examinar as aparências. Zorobabel,
o vagabundo, chefe de uma família infeliz, furtou-te cinco peças de ouro, no
propósito de socorrer os filhos desventurados, porém, tu, por tua vez, tentaste
roubar dele, valendo-te do infortúnio que o persegue, apoderando-te de um
objeto que acreditaste valer cinco mil peças de ouro ao preço irrisório de
cinco. Quem é mais nocivo à sociedade, perante Deus: o mísero esfomeado que
rouba um pão, a fim de matar a fome dos filhos, ou o homem já atendido pela
Bondade do Eterno, com os dons da fortuna e da habilidade, que absorve para si
uma padaria inteira, a fim de abusar, calculadamente, da alheia inteligência?
Quem furta por necessidade pode ser um louco, mas quem acumula riquezas,
indefinidamente, sem movimenta-las no trabalho construtivo ou na prática do
bem, com absoluta despreocupação pelas angústias dos pobres, muita vez passará
por inteligente e sagaz, aos olhos daqueles que, no mundo, adormeceram no
egoísmo e na ambição desmedida, mas é malfeitor diante do Todo Poderoso que nos
julgará a todos, no momento oportuno.
E, sob a vigilância de guardas robustos, Zorobabel tomou
cinco bastonadas em sala de portas lacradas, para aprender a sofrer sem roubar,
e Jonatan apanhou vinte, na via pública, de modo a não mais explorar, sem
escrúpulos, a miséria, a simplicidade e a confiança do povo.
Francisco Cândido
Xavier, Da obra: Alvorada Cristã. Ditado pelo Espírito Neio Lúcio.
PARÁBOLAS DOS
TALENTOS E DAS MINAS
“Porque isto é também como um homem que, partindo para
outro país, chamou os seus servos e lhes entregou os seus bens: a um deu cinco talentos,
a outro dois e a outro um; a cada qual segundo a sua capacidade; e seguiu
viagem. O que recebera cinco talentos, foi imediatamente negociar com eles e
ganhou outros cinco; do mesmo modo o que recebera dois, ganhou outros dois. Mas
o que tinha recebido um só, foi-se e fez uma cova no chão e escondeu o dinheiro
do seu senhor. Depois de muito tempo voltou o senhor daqueles servos e ajustou
contas com eles. Chegando o que recebera cinco talentos, apresentou-lhes outros
cinco, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos: aqui estão outros dois
que ganhei.
Disse-lhe o seu senhor: Muito; bem, servo bom e fiel, já
que foste fiel no pouco, confiar-te-ei o muito; entra no gozo do teu senhor.
Chegou também o Que recebera dois talentos, e disse: Senhor, entregaste-me dois
talentos; aqui estão outros dois que ganhei. Disse-lhe o seu senhor: Muito bem,
servo bom e fiel, já que foste fiel no pouco, confiar-te-ei o muito; entra no gozo
do teu senhor. E chegou por fim o que havia recebido um só talento, dizendo:
Senhor, eu sei que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e recolhes
onde não joeiraste; e, atemorizado, fui esconder o teu talento na terra; aqui
tens o que é teu. Porém o seu senhor respondeu:
Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei,
e que recolho onde não joeirei? Devias, então, ter entregado o meu dinheiro aos
banqueiros, e, vindo eu, teria recebido o que é meu com juros! Tirai-lhe, pois,
o talento e dai-o ao que tem os dez talentos; porque a todo o que tem, dar-se-lhe-á,
e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem ser-lhe-á tirado. Ao
servo inútil, lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de
dentes.” (Mateus, XXV, 14-30.)
“Ouvindo eles isto prosseguiu Jesus e propôs uma
parábola, visto estar ele perto de Jerusalém e pensaram eles que o Reino de
Deus havia de manifestar-se imediatamente. Disse, pois: Certo homem ilustre foi
para um país longínquo, a fim de obter para si o governo e voltar. Chamou dez servos
seus, deu-lhes dez minas e disse-lhes: Negociai até eu voltar. Mas os seus
concidadãos o odiavam, e enviaram após ele uma embaixada, dizendo: Não queremos
que este homem nos governe. Quando ele voltou, depois de haver tomado posse do
governo, mandou chamar os servos, a quem dera o dinheiro, a fim de saber como
cada um havia negociado.
Apresentou-se o primeiro e disse: Senhor, a tua mina
rendeu dez.
Respondeu-lhe o Senhor: Muito bem servo bom, porque foste
fiel no mínimo, terás autoridade sobre dez cidades. Veio o segundo, dizendo: Senhor,
a tua mina rendeu cinco. A este respondeu: Sê tu também sobre cinco cidades. E
veio outro dizendo: Senhor, eis a tua mina que tive guardada em um lenço; pois
eu tinha medo de ti, porque és homem severo, tiras o que não puseste e ceifas o
que não semeaste. Respondeu-lhe: Servo mau, pela tua boca te julgarei. Sabias que
sou homem severo, que tiro o que não pus e ceifo o que não semeei; por que,
pois, não puseste meu dinheiro no banco? e então na minha vinda o teria exigido
com juros. E disse aos que estavam presentes: Tirai-lhe a mina e dai-a ao que
tem as dez. Responderam-lhe; Senhor, este já tem as dez. Declaro-vos que a todo
o que tem, dar-se-lhe-á; mas o que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado.
Quanto, porém, a esses meus inimigos, que não quiseram que eu os governasse,
trazei-os aqui e matai-os diante de mim.” (Lucas, XIX, 11-27.)
A Parábola dos Talentos tem a mesma significação que as
das Minas.
Aquela narrada por Mateus, e esta por Lucas, exprimem
perfeitamente os deveres que nos assistem, material, moral e espiritualmente.
Todos somos filhos de Deus; o Pai das Almas reparte com
todos igualmente os seus dons; a uns dá mais, a outros dá menos, sempre de acordo
com a capacidade de cada um. A uns dá dinheiro, a outros sabedoria, a outros
dons espirituais, e, finalmente, a outros concede todas essas dádivas reunidas.
De modo que um tem cinco talentos, outro dois, outro um;
ou então um tem dez minas, outro cinco, outro duas.
Não há privilégios nem exclusões para o Senhor; e se cada
qual, cônscio do que possui e compenetrado de seus deveres agisse de acordo com
os preceitos da Lei Divina, estamos certos de que ninguém teria razão de
queixar-se da sorte ou de clamar contra a “má situação” em que a maioria se diz
achar.
Não existe um só indivíduo no mundo que não seja
depositário de um talento ou de duas minas. Ainda mesmo aqueles que se julgam
miseráveis e mendigam a caridade pública, se perscrutarem as suas aptidões, o
que trazem oculto nos recônditos de sua alma, verão que não são tão desgraçados
como se julgam.
Todos, todos trazem a este mundo talentos e minas para
garantir não só o estado presente, como sua situação futura, porque o mundo não
é mais que uma estância onde viemos fazer aquisições, provisões para construir
e abastecermos a nossa morada futura.
Olhai o mendigo que passa andrajoso e sujo, procurai
detê-lo por momentos, inquiri da sua vida, instigai-o a falar, pesquisai suas
qualidades e seus defeitos, penetrai no recesso de seu coração e de seu
cérebro; estudai-o física, moral e espiritualmente; fazei a sua psicologia, e
tereis ocasião de ver nessa figura esquálida, monótona e por vezes repelente, qualidades
superiores às de muitos homens que se ufanam nas praças, assim como vereis nele dons adormecidos,
semelhantes às minas escondidas na terra ou ao talento atado a um lenço!
E se assim acontece com o mendigo, o miserável, o
andrajoso, com maior soma de razões a parábola tem aplicação aos grandes, aos poderosos,
aos doutos, aos sacerdotes que justamente por se intitularem guias dos povos,
são merecedores de maior soma de “açoites”.
Na época em que o Senhor das Minas e dos Talentos veio
exigir dos servos a primeira prestação de contas, só foram considerados servos
maus os que haviam recebido o mínimo de minas e de talentos, pois os que os haviam
recebido em maior número prestaram boas contas. Mas se o Senhor viesse agora a
nos pedir conta da nova emissão de dólares, minas, talentos que espalhou pelo
mundo, é certo que aconteceria justamente o contrário, porque não vemos o trabalho
nem o “negócio” dos que receberam dois, cinco, dez minas e talentos!
Ainda mais, está a parecer-nos que o próprio capital, que
pelos servos maus de outrora foi restituído do lenço ou desenterrado, nem este apareceria,
pois a época é de “bancarrota” e de “falência fraudulenta”.
De fato, há dois mil anos o Supremo Senhor enviou ao
mundo seu filho dileto e representante, cuja doutrina sábia, consoladora e
ungida de amor é a única capaz de salvar a Humanidade; e o que observamos por toda
parte?
Na esfera religiosa, como na esfera científica o dolo, a
má fé, a deturpação da Verdade!
O brado das guerras de 1914 a 1939, com as suas
conseqüências, levou a orfandade aos lares, cidades foram devastadas e a
imoralidade assentou sua cátedra em toda a parte, banindo das almas os
princípios de fraternidade que o Cristo nos legou.
E onde estão os subsídios e os subsidiados; os servos, os
talentos e as minas legados no Evangelho às gerações?
Esses servos indolentes, cheios de preconceitos e temores
humanos, por haverem ocultado os substanciosos ditames que lhes foram doados, para
com esse “capital” ganharem meios de se elevarem, passarão por penosa
existência de expiação e de trevas até que, mais humildes, mais submissos à
vontade divina, recebam novo talento, com o qual possam começar a preparar o
seu bem-estar futuro.
E que diremos dos tartufos, dos mercenários, dos
trapaceiros, dos ladravazes que unidos um coro impediam e impedem o domínio da
Lei de Deus, trancando os Céus, não entrando e ainda impedindo a entrada aos que
desejam conhecê-lo? Que diremos dos que, semeando o ódio e a dissensão ao
alarido de sinos, de foguetes e de fanfarra, fazem doutrina pessoal,
substituindo o Criador pela criatura, e disseminam a “fé dos concílios” em vez
da fé nos Preceitos do Cristo?! Que diremos dos submissos, dos subservientes
que, tendo idéias espíritas e estando convencidos de que o Espiritismo é a única
doutrina capaz de nos iniciar no Caminho da Perfeição, ou por medo dos
“maiorais”, ou por medo do ridículo, negam a sua fé, traem a sua consciência,
escondem os seus
sentimentos?!
Não terá o Senhor direito de ordenar aos servos:
conservai mortos esses suicidas, que se aniquilaram a si próprios; deixai-os no
túmulo da descrença que eles próprios cavaram?!
Todos somos filhos de Deus: o Pai reparte igualmente suas
dádivas entre todos os seus filhos; faz levantar o Sol para bons e maus e
descer as chuvas para justos e injustos; mas exige que essas dádivas sejam acrescentadas
por todos. Os que obedecem a Seus preceitos têm o mérito de suas obras; os que
desobedecem, o demérito, e são responsáveis pela falta de observância de seus
sagrados deveres.
O dinheiro não nos foi dado para volúpias nem a sabedoria
para estufar; assim como os dons espirituais não nos foram concedidos senão para
serem proveitosos à Fé, à Esperança e à Caridade.
Mais servos houvesse e mais subsídios lhes fossem concedidos,
ainda não bastariam para mal empregarem o seu tempo, esbanjando a fortuna que
lhes fora concedida, a eles, meros depositários, e da qual terão de prestar
severas contas.
Tratando, pois, de dons-talentos materiais e morais e de
servos dotados com este gênero de subsídio, não é preciso estendermo-nos em
maiores considerações. O livro do mundo está aberto e todos podem nele ler o
que
se passa.
Encaremos agora as parábolas sob o ponto de vista
espírita.
Elas dirigem-se justamente àqueles que tiveram a
felicidade de receber os talentos e as minas dos conhecimentos espíritas!
Ora, é muito sabido que estes conhecimentos quando, bem
entendidos e bem aplicados, são uma fonte perene de felicidade, e, ao
contrário, quando mal entendidos e mal aplicados, são como que setas de
remorsos cravadas nas consciências desviadas do bem e da verdade.
Aqueles que recebem a Doutrina e ainda os dons
espirituais, e os aplicam em proveito próprio e alheio, com o fim especial de
tornar conhecida a Palavra de Deus, são os que receberam 2 e 5 talentos, 5 e 10
minas; à última hora do trabalho, quando chamados ao ajuste de contas, lhes
será dito: “Servos bons e diligentes! Fostes fiéis no pouco, também o sereis no
muito; confiar-vos-ei o muito; entrai no gozo do vosso Senhor”.
Ou então: “Servo bom, porque foste fiel no pouco, terás
autoridade sobre dez cidades, sobre cinco cidades, de acordo, cada um, com os
talentos e as minas que recebeu.”
Aqueles que recebem a Doutrina e os dons espirituais e
não os observam, ou os aplicam mal, prejudicando a Causa que deviam zelar, são semelhantes
aos que enterraram o talento e as minas.
A estes dirá o Senhor: “Dizíeis que o Senhor é exigente e
cioso, e, em vez de, ao menos, pordes o talento ou as minas a render juros num
banco, os escondestes ou os esbanjastes, pois, pela vossa boca eu vos julgarei;
entregai imediatamente as minas e o talento aos que têm, dez e cinco, porque a
todo o que tem, dar-se-lhe-á e terá em abundância, e, ao que não tem, até o que
tem ser-lhe-á tirado”.
CAIRBAR SCHUTEL – PARÁBOLAS E ENSINOS DE JESUS
O PRÍNCIPE SENSATO
Comentavam os apóstolos, entre si, qual a conduta mais
aconselhável diante do Todo- Poderoso, quando o Mestre narrou com brandura: —
Certo rei, senhor de imensos domínios, desejando engrandecer o espírito dos
filhos para conferir-lhes herança condigna, conduziu-os a extenso vale
verdoengo e rico de seu enorme império e confiou a cada um determinada fazenda,
que deviam preservar e enriquecer pelo trabalho incessante.
O Pai desejava
deles a coroa da compreensão, do amor e da sabedoria, somente conquistável
através da educação e do serviço; e, como devia utilizar material transitório,
deu-lhes tempo marcado para as construções que lhes seriam indispensáveis, mais
tarde, aos serviços de elevação.
Assim procedia,
porque o vale era sujeito a modificações e chegaria um momento em que
arrasadora tempestade visitaria a região guardando-se em segurança apenas
aqueles que houvessem erguido forte reduto.
Assim que o
soberano se retirou, os filhos jovens, seguidos pelas numerosas tribos que os
acompanhavam, descansaram, longamente, deslumbrados com a beleza das planícies
banhadas de sol.
Quando se levantaram
para a tarefa, entraram em compridas conversações, com respeito às leis de
solidariedade, justiça e defesa, cada qual a exigir especiais deferências dos
outros.
Quase ninguém
cuidava da aplicação dos regulamentos estabelecidos pelo governo central.
Os príncipes e
seus afeiçoados, em maioria, por questões de conforto pessoal, esmeravam-se em
procurar recursos sutis com que pudessem sonegar, sem escândalos visíveis entre
si, os princípios a que haviam jurado obediência e respeito.
E tentando enganar
o Magnânimo Pai, por meio da bajulação, ao invés de honrá- lo com o trabalho
sadio, internaram-se em complicadas contendas, em torno de problemas íntimos do
soberano.
Gastaram anos a
fio, discutindo-lhe a apresentação pessoal.
Insistiam alguns
que ele revelava no rosto a brancura do lírio, enquanto outros perseveravam em
proclamar-lhe a cor bronzeada, idêntica à de muitos cativos de Sídon.
Muitos afirmavam
que ele possuía um corpo de gigante e não poucos exigiam fosse ele um anjo
coroado de estrela.
Ao passo que as
rixas verbais se multiplicavam, o tempo ia-se esgotando e os insetos
destruidores, infinitamente reproduzidos, invadiram as terras, aniquilando
grande parte dos recursos preciosos.
Detritos desceram
de serras próximas e fizeram compacto acervo de monturo naquelas regiões,
enquanto os príncipes levianos, inteiramente distraídos das obrigações
fundamentais que lhes cabiam, se engalfinhavam, a todo instante, a propósito de
ninharias.
Houve, porém, um
filho bem-avisado que anotou os decretos paternais e cumpriu-os.
Jamais esqueceu os
conselhos do rei e, quanto lhe era possível, os estendia aos companheiros mais
próximos.
Utilizou grande
número de horas que as leis vigentes lhe concediam ao repouso e construiu
sólido abrigo que lhe garantiria a tranqüilidade no futuro, semeando beleza e
alegria em toda a fazenda que o genitor lhe cedera por empréstimo.
E assim, quando a
tormenta surgiu, renovadora e violenta, o príncipe sensato que amara o monarca
e servira-o, desvelado e carinhoso, estendendo-lhe as lições libertadoras, pela
fraternidade pura, e cumprindo-lhe a vontade justa e bondosa, pelo trabalho de
cada dia, com as aflições construtivas da alma e com o suor do rosto, foi
naturalmente amparado num santuário de paz e segurança que os seus irmãos
discutidores não encontraram.
Doce silêncio
pairou na sala singela...
Decorridos alguns
minutos, o Mestre fixou os olhos lúcidos na pequena assembléia e concluiu: —
Quem muito analisa, sem espírito de serviço, pode viciar-se facilmente nos
abusos da palavra, mas ninguém se arrependerá de haver ensinado o bem e
trabalhado com as próprias forças em nome do Pai Celestial, no bendito caminho
da vida.
Neio Lúcio - Do Livro Jesus no Lar - Francisco C. Xavier
A ÁRVORE PRECIOSA
Salientando o Senhor que a construção do Reino Divino
seria obra de união fraternal entre todos os homens de boa-vontade, o velho
Zebedeu, que amava profundamente os apólogos do Cristo, pediu-lhe alguma
narrativa simbólica, através da qual a compreensão se fizesse mais clara entre
todos.
Jesus, benévolo como sempre, sorriu e contou:
— Viviam os homens em permanentes conflitos, acompanhados
de miséria, perturbação e sofrimento, quando o Pai compadecido lhes enviou um
mensageiro, portador de sublimes sementes da Árvore da Felicidade e da Paz.
Desceu o anjo com o régio presente e, congregando os
homens para a entrega festiva, explicou-lhes que o vegetal glorioso produziria
flores de luz e frutos de ouro, no futuro, apagando todas as dissensões, mas
reclamava cuidados especiais para fortalecer-se.
Em germinando, era imprescindível a colaboração de todos,
nos cuidados excepcionais do amor e da vigilância.
As sementes requeriam terra conveniente, aperfeiçoado
sistema de irrigação, determinada classe de adubo, proteção incessante contra
insetos daninhos e providências diversas, nos tempos laboriosos do início; a
planta, contudo, era tão preciosa em si mesma que bastaria um exemplar
vitorioso para que a paz e a felicidade se derramassem, benditas, sobre a
comunidade em geral.
Seus ramos abrigariam a todos, seu perfume envolveria a
Terra em branda harmonia e seus frutos, usados pelas criaturas, garantiriam o
bem-estar do mundo inteiro.
Finda a promessa e depois de confiadas ao povo as
sementes milagrosas, cada circunstante se retirou para o domicílio próprio,
sonhando possuir, egoisticamente, a árvore das flores de luz e dos frutos de
ouro.
Cada qual pretendia a preciosidade para si, em caráter de
exclusividade.
Para isso, cerraram-se, apaixonadamente, nas terras que
dominavam, experimentando a sementeira e suspirando pela posse pessoal e
absoluta de semelhante tesouro, simplesmente por vaidade do coração.
A árvore, todavia, a fim de viver, reclamava concurso fraterno
total, e os atritos ruinosos continuaram.
As sementes, pela natureza divina que as caracterizava,
não se perderam; entretanto, se alguns cultivadores possuíam água, não possuíam
adubo e os que retinham o adubo não dispunham de água farta.
Quem detinha recursos para defender-se contra os vermes,
não encontrava acesso à gleba conveniente e quem se havia apoderado do melhor
solo não contava com possibilidades de vigilância.
E tanto os senhores provisórios da água e do adubo, da
terra e dos elementos defensivos, quanto os demais candidatos à posse da
riqueza celeste, passaram a lutar, em desequilíbrio pleno, exterminando-se
reciprocamente.
O Mestre fez longo intervalo na curiosa narrativa e
acrescentou:
— Este é o símbolo da guerra improfícua dos homens em
derredor da felicidade.
Os talentos do Pai foram concedidos aos filhos,
indistintamente, para que aprendam a desfrutar os dons eternos, com
entendimento e harmonia.
Uns possuem a inteligência, outros a reflexão; uns
guardam o ouro da terra, outros o conhecimento sublime; alguns retêm a
autoridade, outros a experiência; todavia, cada um procura vencer sozinho, não
para disseminar o bem com todos, através do heroísmo na virtude, mas para humilhar
os que seguem à retaguarda.
E fitando Zebedeu, de modo significativo, finalizou:
— Quando a verdadeira união se fizer espontânea, entre
todos os homens no caminho redentor do trabalho santificante do bem natural,
então o Reino do Céu resplandecerá na Terra, à maneira da árvore divina das
flores de luz e dos frutos de ouro.
O velho galileu sorriu, satisfeito, e nada mais
perguntou.
Livro Jesus no Lar – Neio Lucio – Francisco Candido
Xavier
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