APASCENTA AS MINHAS OVELHAS. Jesus (João 21:17)

APASCENTA AS MINHAS OVELHAS.  Jesus (João 21:17)
"APASCENTA AS MINHAS OVELHAS" JESUS (Jo 21:17)

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

E.S.E. CAPÍTULO XVII - ITEM 7 - O DEVER



7 – O dever é a obrigação moral, primeiro para consigo mesmo, e depois para com os outros. O dever é a lei da vida: encontramo-lo nos mínimos detalhes, como nos atos mais elevados. Quero falar aqui somente do dever moral, e não do que se refere às profissões.
Na ordem dos sentimentos, o dever é muito difícil de ser cumprido, porque se encontra em antagonismo com as seduções do interesse e do coração. Suas vitórias não têm testemunhas, e suas derrotas não sofrem repressão. O dever íntimo do homem está entregue ao seu livre arbítrio: o aguilhão da consciência, esse guardião da probidade interior, o adverte e sustenta, mas ele se mostra freqüentemente impotente diante dos sofismas da paixão. O dever do coração, fielmente observado, eleva o homem. Mas como precisar esse dever? Onde ele começa? Onde acaba? O dever começa precisamente no ponto em que ameaçais a felicidade ou a tranqüilidade do vosso próximo, e termina no limite que não desejaríeis ver transposto em relação a vós mesmos.
Deus criou todos os homens iguais para a dor; pequenos ou grandes, ignorantes ou instruídos, sofrem todos pelos mesmos motivos, a fim de que cada um pese judiciosamente o mal que pode fazer. Não existe o mesmo critério para o bem, que é infinitamente mais variado nas suas expressões. A igualdade em relação à dor é uma sublime previsão de Deus, que quer que os seus filhos, instruídos pela experiência comum, não cometam o mal desculpando-se com a ignorância dos seus efeitos.
O dever é o resumo prático de todas as especulações morais. É uma intrepidez da alma, que enfrenta as angústias da luta. É austero e dócil, pronto a dobrar-se às mais diversas complicações, mas permanecendo inflexível diante de suas tentações. O homem que cumpre o seu dever ama a Deus mais que as criaturas, e as criaturas mais que a si mesmo; é a um só tempo, juiz e escravo na sua própria causa.
O dever é o mais belo galardão da razão; ele nasce dela, como o filho nasce da mãe. O homem deve amar o dever, não porque ele o preserve dos males da vida, aos quais a humanidade não pode subtrair-se, mas porque ele transmite à alma o vigor necessário ao seu desenvolvimento.
O dever se engrandece e esplende, sob uma forma sempre mais elevada, em cada uma das etapas superiores da humanidade. A obrigação moral da criatura para com Deus jamais cessa, porque ela deve refletir as virtudes do Eterno, que não aceita um esboço imperfeito, mas deseja que a grandeza da sua obra resplandeça aos seus olhos.



TEXTOS DE APOIO



DEVER CRISTÃO

Rossi e Alves eram diretores de conhecido templo espírita e davam-se muito bem na vida particular. Afinidade profunda. Amizade recíproca. Sempre juntos nas boas obras, integravam-se perfeitamente no programa do bem.
Alves, com desapontamento, passou a saber que Rossi, nas três noites da semana sem atividades doutrinárias, era visto penetrando a porta de uma casa evidentemente suspeita, lugar tristemente adornado para encontros clandestinos de casais transviados.
Persistindo semelhante situação por mais de um mês, Alves, certa noite, informado de que o amigo entrara na casa referida, veio esperá-lo à saída.
Dez, onze, meia-noite...
Alguns minutos depois de zero hora, Rossi saiu calmo e o amigo abordou-o: - Meu caro – advertiu Alves, sisudo, não posso vê-lo reiteradamente neste lugar.
Você é casado, pai de família e, além de tudo, carrega nos ombros a responsabilidade de mentor em nossa Casa. Nada podemos condenar, mas você não ignora que álcool e entorpecentes, aí dentro, andam em bica...
Rossi coçou a cabeça num gesto característico e observou:
- Não há nada. Estou apenas cumprindo um dever cristão.
- Dever cristão?
- Sim, a filha de um dos meus melhores amigos está frequentando este círculo. Jovem inexperiente. Ave desprevenida em furna de lobos. Enganada por lamentável explorador de meninas, acreditou nele...
Mas a batalha está quase ganha. Convidei-a a pensar. Há mais de um mês prossegue a luta.
Hoje, porém, viu com os próprios olhos o logro de que é vítima. Acredito que amanhã surgirá renovada...
E ante os olhos desconfiados do amigo:
- Você sabe. É preciso agir, sem rumor, sem escândalo. Quem sabe? Talvez em futuro próximo a invigilante pequena possa encontrar companheiro digno. E ser mãe respeitada.
Alves riu-se às pampas, de maneira escarninha, e falou:
- Vou ver se é verdade.
- Não, não! Não vá! – pediu Rossi, em suplica ansiosa.
- Tem medo de ser apanhado em mentira? – disse Alves, com a suspeita no rosto.
E sem mais nem menos entrou casa adentro encontrando, num pequeno salão, sua própria filha chorando ao pé de um cavalheiro desconhecido...

Espírito: Hilário Silva -  Psicografia: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira - Livro: A Vida Escreve 



FELICIDADE  E  DEVER

A procura da felicidade assemelha-se, no fundo, a uma caçada difícil.
Taxando-se por dom facilmente apreçável, há quem a procure entre os mitos do ouro, enferrujando as mais belas faculdades da alma, na fossa da usura; quem a dispute no prazer dos sentidos, acordando no catre da enfermidade; quem lhe suponha a presença na exaltação do poder terrestre, acolhendo-se à dor de extrema desilusão, e quem a busque na retenção do supérfluo, apodrecendo de tédio, em câmaras de preguiça.
Não há felicidade, contudo, sem dever corretamente cumprido.
Observa, pois, o dever de que a vida te incumbe.
Vê-lo-ás, hora a hora, no quadro das circunstâncias.
Na fé que te pede serviço.
No serviço que te roga compreensão.
No ideal que te pede caráter.
No caráter que te roga firmeza.
No exemplo que te pede disciplina.
Na disciplina que roga humildade.
No lar que te pede renúncia.
Na renúncia que te roga perseverança.
No caminho que te pede cooperação.
Na cooperação que te roga discernimento.
Por mais agressivos se façam os empeços da marcha, não te desvie da obrigação que te recomenda o bem de todos, sempre que puderes e quanto puderes seja onde for.
Porque te mostre leal a ti mesmo é possível que a maioria te categorize a conta de ingrato e rebelde, fanático e louco.
A maioria, no entanto, nem sempre abraça o direito.
Não podemos esquecer que, no instante supremo da humanidade, ela, a maioria, estava com Barrabás e contra o Cristo.
Cumpre, assim, teu dever, e, tomando da terra somente o necessário à própria manutenção, de modo a que te não apropries da felicidade dos outros, estarás atingindo a verdadeira felicidade, que fulge sempre, como benção de Deus, na consciência tranqüila.

 De "Religião dos Espíritos", de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel





OBEDECER

Muitos companheiros no mundo categorizam a obediência, à conta de servilismo, no entanto, quando nos referimos à obediência, reportamo-nos à disciplina, sem a qual a ordem não existiria.
A própria Natureza é um tratado dinâmico sobre o assunto.
O Sol garante a vida no Planeta, por não desertar da própria órbita.
A Terra não se destrambelha no Espaço Cósmico, em vista de atender aos encargos que lhe competem na lei de gravitação.
A massa dos oceanos submete-se a princípios de contenção, fora dos quais, em se derramando, sufocaria a residência dos homens.
As águas se subordinam à intervenção das próprias criaturas humanas, de modo a fecundarem o solo, nos mais diversos climas e regiões.
Mestra da obediência, a árvore permanece no lugar em que foi situada e serve incessantemente sem perguntar.
Pensa nisso e não fujas das obrigações que a vida te confia, a pretexto de seguir os costumes ilógicos e desconcertantes a que muitos setores da atualidade terrestre pretendem nomear como sendo renovação. A renovação legítima se nos verifica no âmago do espírito com vistas ao nosso próprio burilamento no mundo interior.
Obediência para o bem é dever a cumprir.
Compromisso com a desordem é subversão.
Faze de ti mesmo o melhor que possas.
Aceita os imperativos de serviço aos quais a vida te chama e o futuro te mostrará que construíste em ti mesmo a vitória da luz
Emmanuel - Mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier. Do livro "Espera Servindo" 



APROVEITE O ENSEJO

Não é o companheiro dócil que exige a sua compreensão fraternal mais imediata, E aquele que ainda luta por domar a ferocidade da ira, dentro do próprio peito.
Não é o irmão cheio de entendimento evangélico que reclama suas atenções inadiáveis. É aquele que ainda não conseguiu eliminar a víbora da malícia do campo do coração.
Não é o amigo que marcha em paz, na senda do bem, quem solicita seu cuidado insistente. É aquele que se perdeu no cipoal da discórdia e da incompreensão, sem forças para tornar ao caminho reto.
Não é a criatura que respire no trabalho normal que requisita socorro urgente. É aquela que não teve suficiente recurso para vencer as circunstâncias constrangedoras da experiência humana e se precipitou na zona escura do desequilíbrio.
É muito provável que, por enquanto, seja plenamente dispensável a sua cooperação no paraíso.
É indiscutível, porém, a realidade de que, no momento, o seu lugar de servir e aprender, ajudar e amar, é na Terra mesmo.
Autor: André Luiz Psicografia de Chico Xavier




TRAÇO ESPÍRITA

 E - Cap. XVII - Item 7
O companheiro, contado na estatística da Nova Revelação, não pode viver de modo diferente dos outros, no entanto, é convidado pela consciência a imprimir o traço de sua convicção espírita em cada atitude.
Trabalha - não ao jeito de pião consciente enrolado ao cordel da ambição desregrada, aniquilando-se sem qualquer proveito. Age construindo.
Ganha - não para reter o dinheiro ou os recursos da vida na geladeira da usura. Possui auxiliando.
Estuda - não para converter a personalidade num cabide de condecorações acadêmicas sem valor para a humanidade. Aprende servindo.
Prega - não para premiar-se em torneios de oratória e eloqüência, transfigurando a tribuna em altar de suposto endeusamento. Fala edificando.
Administra - não para ostentar-se nas galerias do poder, sem aderir à responsabilidade que lhe pesa nos ombros. Dirige obedecendo.
Instrui - não para transformar os aprendizes em carneiro destinados à tosquia constante, na garantia de propinas sociais e econômicas. Ensina exemplificando.
Redige - não para exibir a pompa do dicionário ou render homenagens às extravagâncias de escritores que fazem da literatura complicado pedestal para o incenso a si mesmos. Escreve enobrecendo.
Cultiva a fé - não com o intento pretensioso de escalar o céu teológico pelo êxtase inoperante, na falsa idéia de caprichos e privilégios. Crê realizando.
O espírita vive como vivem os outros, mas em todas as manifestações da existência é chamado a servir aos outros, através da atitude.

De Opinião Espírita, de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz




CARIDADE DO DEVER

De quando a quando, troquemos os grandes conceitos da caridade pelos atos miúdos que lhe confirmem a existência.
Não apenas os fatos de elevado alcance e os gestos heróicos dignos da imprensa.
Beneficência no cotidiano.
Não empurrar os outros na condução coletiva.
Evitar os serviços de última hora, nas instituições de qualquer espécie, aliviando companheiros que precisam do ônibus em horário certo para o retorno à família.
Reprimir o impulso de irritação e falar normalmente com as pessoas que nada têm a ver com os nossos problemas.
Aturar sem tiques de impaciência a conversação do amigo que ainda não aprendeu a sintetizar.
Ouvir, qual se fosse pela primeira vez, um caso recontado pelo vizinho em lapso de memória.
Poupar o trabalho de auxiliares e cooperadores, organizando anotações prévias de encomendas e tarefas por fazer, para que não se convertam em andarilhos por nossa conta.
Desistir de reclamações descabidas diante de colaboradores que não têm culpa das questões que nos induzem à pressa, nas organizações de cujo apoio necessitamos.
Pagar sem delonga o motorista ou a lavadeira, o armazém ou a farmácia que nos resolvem as necessidades, sem a menor obrigação de nos prestarem auxílio.
Respeitar o direito do próximo sem exigir de ninguém virtudes que não possuímos ou benefícios que não fazemos.
Todos pregamos reformas salvadoras.
Guardemos bastante prudência para não nos fixarmos inutilmente nos dísticos de fachada.
Edificação social, no fundo, é caridade e caridade vem de dentro.
Façamos uns aos outros a caridade de cumprir o próprio dever.

André Luiz - LIVRO: APOSTILAS DA VIDA - PSICOGRAFIA CHICO XAVIER



CONTIGO MESMO

"...O dever começa precisamente no ponto em que ameaçais a felicidade ou a tranquilidade do vosso próximo; termina no limite que não gostaríeis de ver ultrapassado em relação a vós mesmo...." (Cap.XVII, ítem 7)

Como decifrar o dever? De que maneira observar o dever íntimo impresso na consciência, diante de tantos deveres sociais, profissionais e afetivos que muitas vezes nos impõem caminhos divergentes? Efetivamente, nasceste e cresceste apenas para ser único no mundo. Em lugar algum existe alguém igual a tua maneira de ser; portanto, não podes perder de vista essa verdade, para encontrar o dever que te compete diante da vida.
Teu primordial compromisso é contigo mesmo, e tua tarefa mais importante na Terra, para a qual és o único preprado, é desenvolver na individualidade no transcorrer de tua longa jornada evolutiva. A preocupação com os deveres alheios provoca teu distanciamento das próprias responsabilidades, pois não concretizas teus ideais nem deixas que os outros cumpram com suas funções. Não nos referimos aqui à ajuda real, que é sempre importante, mas à intromissão nas competências do próximo, impedindo-o de adquirir autonomia e vida própria.
Assumir deveres dos outros é sabotar os relacionamentos que poderiam ser prósperos e duradouros. Por não compreenderes bem teu interior, é que te comparas aos outros, esquecendo-te de que nenhum de nós está predestinado a receber, ao mesmo tempo, os mesmos ensinamentos e a fazer as mesmas coisas, pois existem inúmeras formas de viver e de evoluir. Lembra-te de que deves importar-te somente com a tua maneira de ser.
Não podemos nos esquecer de que aquele que se compara com os outros acaba se sentindo elevado ou rebaixado. Nunca se dá o devido valor e nunca se conhece verdadeiramente. Teus empenhos íntimos deverão ser voltados apenas para tua pessoa, e nunca deverás tentar acomodar pontos de vista diversos, porque, além de te perderes, não ajustarás os limites onde começa a ameaça à tua felicidade, ou à felicidade do teu próximo.
Muitos acreditam que seus deveres são corrigir e reprimir as atitudes alheias. Vivem em constantes flutuações existenciais por não saberem esperar o fluxo da vida agir naturalmente. Asseveram sempre que suas obrigações são em "nome da salvação" e, dessa forma, controlam as coisas ou as forçam acontecer, quando e como querem.
Dizem: "Fazemos isso porque só estamos tentando ajudar". Forçam eventos, escrevem roteiros, fazem o que for necessário para garantir que os atores e as cenas tenham o desempenho e o desenlace que determinaram e acreditam, insistentemente, que seu dever é salvar almas, não percebeu do que só podem salvar a si próprios.
Nosso dever é redescobrir o que é verdadeiro para nós e não esconder nossos sentimentos de qualquer pessoa ou de nós mesmos, mas sim ter liberdade e segurança em nossas relações pessoais, para decidirmos seguir na direção que escolhermos. Não "devemos" ser o que nossos pais ou a sociedade querem nos impor ou definir como melhor.
Precisamos compreender que nossos objetivos e finalidades de vida têm valor unicamente para nós; os dos outros, particularmente para eles. Obrigação pode ser conceituada como sendo o que deveríamos fazer para agradar as pessoas, ou para nos enquadrar no que elas esperam de nós; já o dever é um processo de auscultar a nós mesmos, descortinando nossa estrada interior, para, logo após, materializá-la num processo lento e constante.
Ao decifrarmos nosso real dever, uma sensação de auto realização toma conta de nossa atmosfera espiritual, e passamos a apreciar os verdadeiros e fundamentais valores da vida, associados a um prazer inexplicável. Lembremo-nos da afirmação do espírito Lázaro em "O Evangelho Segundo o Espiritismo": "O dever é a obrigação moral, diante de si mesmo primeiro, e dos outros em seguida".
Livro: Renovando Atitudes - Hammed – Francisco do Espírito Santo Neto



ANGÚSTIA DA MELHORA

"O Dever É O Resumo Prático De Todas As Especulações Morais; É Uma Bravura Da Alma Que Enfrenta As Angústias Da Luta." E.S.E. CAPÍTULO 18, ÍTEM 7

Angústia é o sofrimento emocional originado por alguma indefinição interna que leva ao conflito, causando intensa aflição. Seus reflexos podem alcançar o corpo físico com dores no peito e alteração respiratória. A intensidade da reação emocional que a criatura terá, diante desse seu conflito, vai determinar a existência ou não de algum prejuízo para o equilíbrio psíquico e mental. Isso ainda dependerá do maior ou menor comprometimento da individualidade perante o tribunal da consciência, no qual está arquivado o montante de desvarios e conquistas de suas múltiplas vivências reencarnatórias.
Seguindo quase sempre uma linha predefinida, os conflitos nascem do desajuste entre aquilo que a criatura quer, aquilo que ela deve e aquilo que ela é capaz. Um descompasso entre desejo, sentimento e escolha.
O conhecimento espírita pode levar à angústia existencial face aos novos alvitres comportamentais de suas lúcidas propostas. Muitos corações convidados pelas suas atrativas idéias poderão experimentar, em graus diversos, a angústia da melhora - o sofrimento que reflete a luta entre um "eu real" e o "eu ideal".
Terminantemente, quantos se entregam ao serviço de auto-burilamento penetrarão as faixas do conflito. O efeito mais perceptível dessa batalha interior é o sentimento de indignidade. Porque ainda não logramos a habilidade do auto-amor, costumamos ser muito exigentes com nossas propostas de progresso moral, cultivando uma baixa tolerância com as imperfeições e os fracassos. Uma postura de inaceitação e cobranças intermináveis alimenta essa indignidade em direção ao perfeccionismo.
O resultado eminente desse quadro mental é o cansaço consigo, a desmotivação com suas atividades espiritualizantes induzindo o desejo de abandonar tudo, uma postura psicológica de impotência levando a criatura às famosas senhas de derrotismo: "não vou dar conta!" ou "não tem valido a pena esforçar!", "estou cansado de viver!". Todo esse quadro de desastrosa penúria cria a condição mental do desânimo - o mais cruel e sagaz dos adversários de nosso crescimento espiritual.
Querer ser melhor e não conseguir tanto quanto gostaríamos! Eis a mais comum das angústias ao longo do trajeto de aperfeiçoamento na vida.
O desânimo é o desejo de parar, contudo nosso sentimento é de querer ser alguém melhor e, para agravar, nossas atitudes, em contraste com o desejo e o sentimento, são de fuga. Desejo, sentimento e atitude em desconexão gerando um estado de pane. Os conflitos criam as tensões no mundo íntimo em razão da contraposição entre esses três fatores: o que a criatura gostaria, o que ela deve e aquilo que ela consegue.
Nesse torvelinho da vida mental, um fenômeno é responsável por intensificar a dor emocional dos candidatos ao auto-aperfeiçoamento, ou seja, a ilusão. Em muitos casos, sofremos os impactos emocionais do erro ou do desconforto com nossas imperfeições porque acreditamo-nos grandiosos demais, portadores de virtudes que ainda não alcançamos, confundindo o conhecimento espírita e a participação nas tarefas como se fossem incomparáveis saltos evolutivos. A ilusão, ou desconexão com sua realidade pessoal, agrava a tormenta da angústia de melhoramento.
Decerto não deveríamos agir como agimos em muitas ocasiões, considerando o volumoso caudal de conhecimentos e vivências espirituais que enobrecem nossos passos, contudo, quase sempre, sofremos culpa e desânimo perante nossas falhas porque imaginamo-nos valorosos em demasia para, ainda, permitir que certas condutas enodoem os novos caminhos que escolhemos.
Muito justo que nos exortemos a melhores comportamentos face ao aprendizado espiritual que bem recentemente começamos a angariar, todavia, muita exigência tem sido formulada aos adeptos do Espiritismo, sem quaisquer identidades com as necessidades individuais de sua singularidade. Mormente nascem de padrões construídos por estereótipos de conduta. Semelhante quadro pode gerar tormenta e obsessão para quem não sabe adequar sua realidade àquilo que aprende, sendo outra fonte costumeira de episódios angustiantes para a alma.
Ninguém sintetizou tão bem essa caminhada da vida interior quanto Paulo, o apóstolo dos gentios, ao mencionar: "Porquê não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço" (Romanos, 7:19). A grande batalha humana pela instauração do bem em si mesmo pode ser sintetizada nessa frase.
A saga da perfeição inclui a dolorosa luta entre aspirações e hábitos, conduzindo-nos a atitudes desconectadas dos ideais que cultivamos no campo das intenções. É o quadro psicológico que nomeamos como sendo angústia da melhora.. Todo aquele que assume a lenta e desafiante tarefa da reforma íntima, inevitavelmente, será lançado a essa vivência da alma em variados lances de intensidade. Somente acendendo a luz do autoperdão, recomeçando quantas vezes forem necessárias, na aceitação das atitudes enfermiças e impulsos infelizes é que edificaremos estimulante campanha de promoção pessoal, no aprimoramento rumo à perfeição.
Reforma também exige tempo e meditação. Por isso não devemos recear a postura de enfrentamento do mundo íntimo. Um acordo de pacificação interior deve existir entre nós e nossa velha personalidade. Ao invés de cobrança e tristeza, seria mais sensato um auto-exame para verificar o que poderíamos ter feito de melhor nas ocasiões de erro, no intuito de condicionar na mente algumas diretrizes para outras oportunidades, nas quais novamente seremos testados naquelas mesmas deficiências que não conseguimos desvencilhar. Procedamos a uma corajosa "reconstituição do mau ato" e analisa o que poderia ter feito ou deixado de fazer para não chegar aos resultados que te infelicitam. Da mesma forma, instrui-te sempre sobre a natureza de suas mazelas, a fim de melhor ajuizares sobre seu modus operandi. Se em nada te valer semelhantes apontamentos, então reflete que pior ainda será se parares e decidires por interromper o doloroso trabalho de melhoria.
Lázaro adverte-nos de forma oportuníssima sobre o dever, definindo-o como " ... uma bravura da alma que enfrenta as angústias da luta". Conquanto o valor do autoconhecimento, jamais poderemos descuidar do dever que nos chama, porque somente através de seu rigoroso cumprimento encontraremos as condições essenciais para consolidar os reflexos novos. Somente com novos hábitos, que serão dinamizadores de novos raciocínios e sentimentos, romperemos a pesada carapaça das enfermidades morais, acolhendo no coração um estado de plenitude que ensejará a superação da angústia e da depressão, do desânimo e do desamor a si.
Face a isso, somente uma recomendação não deve sair do foco de nossas atenções: trabalhar, trabalhar e trabalhar, sem condições e exigências - eis o buril do dever.
Na medida em que progredimos pelas trilhas do dever e do autoconhecimento adquirimos paz íntima e domínio mental, antídotos eficazes contra quaisquer adoecimentos da vida psíquica.
Enquanto se processam semelhantes ações de fortalecimento, podemos ainda contar com duas medidas profiláticas de dilatado poder em favor de nossa paz: a vigilância e a oração.
Verifiquemos que a função do vigilante é preventiva, é comunicar à sua volta que algo está sob cuidado e não à mercê das ocorrências. A função do vigilante não é atacar. Quem vigia, o faz para que algo não o surpreenda ou agrida. Vigilância no terreno da reforma íntima significa estar atento ao inimigo, aquele que pode nos causar prejuízos, nosso homem velho.
Vigiar o inimigo, no entanto, é diferente de abater o inimigo. A maneira mais pacífica de vigiar é conquistando-o, e só o conquistamos demonstrando a inviabilidade da guerra, fazendo fortes o suficiente os nossos valores para que ele se sinta impotente, incapaz de ser mais forte.
Vigilância é atenção para com as movimentações inferiores da personalidade, é o estudo sereno das estratégias do homem velho, requer muita disciplina.
Por sua vez, a oração é o movimento sagrado da mente no despertamento de forças superiores. É a busca da alma que se abre para o bem e se fortalece.
Dever, vigilância e oração - balizas seguras que nos permitem talhar o homem novo, mesmo sob a escaldar a temperatura das velhas angústias que nos acompanham há milênios.
Livro: Reforma Intima Sem Martírio – Ermance Dufaux – Wanderley S. Oliveira




MEIA-IDADE, A TRAVESSIA AO ENCONTRO DA ESPERANÇA

"O dever íntimo do homem fica entregue ao seu livre-arbítrio. O aguilhão da consciência guardião da probidade interior, o adverte e sustenta; mas, muitas vezes, mostra-se impotente diante dos sofismas da paixão." Lázaro, ESE, cap. XVII, ítem 7.

Pesquisas realizadas por instituições de nosso plano asseguram que, aproximadamente, oitenta e cinco por cento dos reencarnantes levam, pelo menos, a metade do tempo de suas reencarnações para começarem a identificar-se com seu planejamento pré-reencarnatório, isto é, com suas reais e mais profundas necessidades de aprimoramento espiritual.
Não é sem razão que na meia-idade, período considerado por alguns especialistas na faixa etária dos trinta e cinco aos cinquenta e cinco anos, homens e mulheres atravessam crises de intensa reavaliação da existência. Psicologicamente, é a fase em que o inconsciente regurgita todas as feridas não curadas na infância e na juventude. Um fenômeno natural do amadurecimento do ser. Crenças e valores são sacudidos drasticamente sob o vendaval das transformações inadiáveis, para que descubramos nos caminhos a mais cobiçada das conquistas humanas: o prazer de viver.
Evidentemente, fatores de ordem espiritual regulam a natureza desse autoencontro na meia-idade. Independentemente de quaisquer variáveis, esse ciclo da existência é marcado por uma crise sem precedentes. Para quem se encontra adormecido nas poltronas cômodas da zona de conforto, ela vem de fora, por meio de dolorosos solavancos em forma de perdas, doenças e provas diversas. Para quantos já vêm examinando seu mundo pessoal, ela chega como angústia e depressão, concitando escolhas e exames mais cuidadosos de si mesmo. Será neste aparente turbilhão de desordem que vai ser gestada a trilha particular de cada qual. O prazer de viver poderá surgir neste contexto como a mais ansiada das conquistas do Ser em ascensão, desde que se tenha persistência em buscar algumas respostas a perguntas cruciais.
Quem somos nós? O que queremos da vida? Qual nossa missão prioritária diante da reencarnação? Que fazer para descobrir o caminho que nos levará ao encontro de nosso mapa pessoal de crescimento e libertação? Para que fazemos o que fazemos? Para que vivemos? Como deixar de ser quem achávamos que éramos? Como dar sentido à nossa existência para preencher o vazio que, muitas vezes, consome a criatura humana nas mais sofridas provas da descrença e do desconsolo?
Quais as trilhas criadas pelo Pai para cada um de nós? Como lograr o prazer de viver ante os severos regimes impostos pela expiação?
Depois que o homem e a mulher fazem o trajeto básico das vitórias em família e na profissão, na educação de filhos ou nas realizações sociais, vem essa meia-idade e os devolve a si mesmos. A ocupação principal é a busca da vitória interior.
Entretanto, neste momento crucial de aferições, é também quando ocorrem as mais lastimáveis fugas e os mais entristecedores quadros de desistência. Em outras palavras, é no exato momento em que tudo conspira para um renascimento que muitos desistem de avançar. Na hora de começar a existência, ela acaba para a maioria. Muitos a aposentam neste momento em que ela está apenas começando.
Esmagadora porcentagem daqueles que reencarnam gasta dois terços da vida se consumindo em atitudes e escolhas que tornarão miserável o último terço de sua reencarnação. Retornam ao corpo e dele saem com a aterrorizante sensação de vazio. Vivem para sobreviver e sobrevivem sem se realizar. Esse o conceito de expiação: almas presas em si mesmas, sem capacidade do exercício de suas vocações, sem saber quem são, sem poder ou sem querer fazer o que gostariam ou mesmo o que deveriam em favor de sua própria paz.
Criados para sermos felizes e superarmos as nossas provas, a reencarnação significa sublime endosso de Deus ao nosso recomeço. Nova chance para continuar. A oportunidade é concedida pelo Pai, mas o recomeço é com cada um de nós. Reencarnar é com Deus, renascer é conosco.
Eis o segredo do verdadeiro prazer de viver: reconhecer que somos os escultores de nosso destino e as únicas criaturas responsáveis por emperrar ou direcionar nossos destinos ao encalço do ideal de ser feliz.
Prazer de viver é ter o coração preenchido de esperança. Com a esperança, tornamo-nos mais realizadores, espontâneos e menos racionais.
Prazer de viver é saber tolerar as frustrações, transformando-as em ferramentas de construção de virtudes.
Prazer de viver é entender os recados divinos que se escondem na subjetividade dos sentimentos mais temidos pelo homem, tais como: a inveja, o orgulho, o medo, a mágoa e a culpa. Pistas emocionais excelentes sobre nossa realidade pessoal.
Prazer de viver é entender que a crise da meia-idade significa não só o desafio das descobertas dolorosas, mas, além de tudo, o convite da vida para tomarmos posse dos talentos e das vocações que se escondem no mundo inconsciente de nós mesmos.
A tormenta dolorosa da meia-idade, é por demais sacrificial para não nos levar a lugar nenhum. Sua direção divina é a mais sublime conquista das pessoas livres e felizes. Essa a recompensa. A dor da travessia solitária é, em verdade, o tributo que a vida solicita para atingirmos o nosso melhor instante diante da reencarnação.
O doutor Carl Gustav Jung asseverou:
"Inteiramente despreparados, embarcamos na segunda metade da vida... damos o primeiro passo na tarde da vida; pior ainda, damos esse passo com a falsa suposição de que nossas verdades e ideais vão servir-nos como antes. Mas não podemos viver a tarde da vida de acordo com o programa de sua manhã - pois o que foi grande pela manhã vai ser pouco à tarde, e aquilo que pela manhã era verdade, à tarde se tornará mentira".
As verdades ideais, como se refere Jung, nessa busca pelo prazer de ser e existir, irão desmoronar. A maior perda de todas será a perda de quem achávamos que éramos. A morte da autoilusão, isto é, a desilusão. Aquilo que pensamos sobre nós, será, por certo, um dos maiores desafios nesse circuito de amadurecimento.
Crenças serão sacudidas, valores serão repensados, frustrações reaparecerão, medos emergirão na intimidade, a noção de dever será ampliada, o certo e o errado serão questionados, a culpa pode aparecer com intensidade surpreendente, mas, em muitos casos, ela simplesmente deixará de existir, colocando-nos para pensar na razão de seu desaparecimento.
Como assevera Lázaro: "O dever íntimo do homem fica entregue ao seu livre-arbítrio." Seremos entregues a nós mesmos para decidir o que queremos da vida. Seremos colocados em situações externas é lnternas desafiadoras para usarmos o livre-arbítrio, como seres que se candidatam a proprietários eternos dos seus destinos e conquistando a sublime recompensa de se libertar da prisão da dependência e da submissão que, há milênios, nos faz criaturas infelizes com a própria vida.
A travessia solitária da meia-idade só pode ser transposta de mãos dadas com a esperança. A esperança de que só existe um lugar para ser alcançado: a felicidade. Quem atravessa a noite psicológica da desilusão haverá de trazer sempre na alma a certeza de que, logo adiante, espera-nos o melhor dos nossos dias. Por essa razão, se quisermos encurtar o caminho, evitemos a pressa.
A pressa cria fugas espetaculares e inteligentes que só nos farão mais angustiados. Na crise espiritual da meia-idade, conseguiremos visualizar nítidas expressões do futuro. Entretanto, nem sempre o futuro visto é imediato.
Tais vislumbres podem terminar em pressa e atropelo. Eis por que a travessia pede calma. Já será bom saber que amanhã chegaremos aonde vimos. A vida, porém, é realidade, e não vislumbre. É preciso calmaria para saber a hora de decidir e escolher. Por outro lado, tenhamos sensatez, pois que muitos desses vislumbres são decisões para agora, a fim de que o amanhã seja construído a contento.
Saber quem somos e qual é nossa missão particular na existência nos faz criaturas solitárias. É uma travessia solitária para a individuação.
A lição da solidão foi o ápice da vida de Jesus no calvário. Entregue à pesada cruz na qual seria crucificado, carregou-a resignadamente, aceitando o alvitre da subida decisiva para o encontro com o Divino. O Mestre guardava lúcida compreensão daquele momento decisivo.
Enquanto muitos interpretam o calvário como um instante de tristeza, nele vemos o roteiro da maturação espiritual. Embora com dor, logo a seguir vem a liberdade. É uma caminhada singular para cada um de nós, um convite intransferível para a aquisição da maior conquista das pessoas felizes e conscientes: o prazer de existir em plenitude com a vida.
Livro: Prazer de Viver - Ermance Dufaux –  Wanderley S. Oliveira






“A FAMÍLIA DOS PONTEIROS”

Senhor Onofre era relojoeiro conceituado na cidade, inventor criativo, atendia a inúmeros pedidos de conserto, principalmente, de relógios de parede, sua especialidade.
Havia um, porém, o grande relógio cuco, que não estava à venda, pois o Senhor Onofre tinha muito estima pela família dos ponteiros que trabalhava nele.
Era chamado de grande relógio Cuco porque, ao chegar meio-dia, saía de dentro dele, através de uma portinhola, um passarinho, cantarolando: Cuco! Cuco! Era o Cuco Cauby.
A família dos ponteiros, amigos de Cauby, dividia a importante tarefa de marcar o tempo da seguinte forma:
Senhor Veloz, muito esguio, passeava rápido pelo relógio, indicando os segundos.
Sua esposa, Dona Paciência, não tão esguia e ágil quanto o marido, mostrava os minutos, dando um passo para frente toda a vez que era ultrapassada pelo Senhor Veloz.
Horácio, filho do casal, por sua vez, deveria contribuir para o ofício dos pais, assinalando as horas bem devagar.
Mas havia um problema:
Horácio era pouco prestativo. Não deixava o número 12, por isso sempre que a família se encontrava, o relógio acusava meio dia, hora do almoço, festa para todos, porque o Cuco Cauby surgia chamando:
– Cuco! Cuco! Cuco!… (12 vezes)
Dona Paciência, muito amorosa, chamou a atenção do filho:
– Horácio, você precisa trabalhar, dar a sua contribuição para demonstrar gratidão ao grande Cuco que nos abriga em sua casa.
– Ah, mãe! – respondeu preguiçoso. Para que me mexer? Vocês já fazem o suficiente por mim e por vocês. Além disso, é bom ficar parado, a hora do almoço vem mais depressa.
– Não, meu filho! – observou Dona Paciência. Não basta simplesmente querer que seja hora do almoço, o Senhor Onofre sabe o quanto ela demora chegar!
– Claro que não! A gente é que mostra para ele.
E, embora a mãe o alertasse para a importância de sua cooperação, Horácio evitava fazer a sua parte, preferindo ficar ocioso, vendo Cauby e os pais trabalhando, trabalhando,…
O Senhor Onofre percebeu, contudo, que havia algo errado. Por que o Cuco Cauby estaria cantando antes da hora?
Pegou o relógio, procurou o defeito e logo constatou ser o pequeno ponteiro das horas – Horácio – o causador da confusão.
Entristecido, viu-se forçado a demonstrar ao grande relógio Cuco que, defeituoso, só lhe causaria contratempos.
Aproveitou as peças perfeitas para a fabricação de um novo modelo, ficando Horácio, o único que não colaborava, esquecido na carcaça do velho relógio.
Cedo, a solidão fez de Horácio um ponteirinho triste. Ah! Se pudesse reviver a alegria das horas! Mas sozinho?! Impossível!…
Cauby, Senhor Veloz e Dona Paciência continuaram no cumprimento do dever que lhes cabia, agora em outra engenhoca.
Sr. Onofre notando, porém, falta de entusiasmo no canto do Cuco Cauby e desânimo nos passos do casal de ponteiros, indagou o motivo da tristeza e o Sr. Veloz lhe respondeu:
– Sabe o que é, Senhor Onofre, nós sentimos falta de Horácio. Não é que não gostemos do novo ponteiro que marca as horas, mas Horácio é nosso filho…
E Cauby falou da falta que lhe fazia o amigo.
Enternecido, Senhor Onofre decidiu remontar o antigo relógio, mesmo não funcionando direito. O importante para ele era a felicidade de todos. Recolocou as peças do velho relógio cuco e… surpreendeu-se ao verificar o ponteiro das horas trabalhando feliz e com precisão.
Horácio, muito feliz com a volta de sua família e do amigo Cuco Cauby, passou a colaborar, marcando as horas, pois havia aprendido uma grande lição.





O DEVER ESQUECIDO

Certo rei muito poderoso, sendo obrigado a longa ausência, tomou de grande fortuna e entregou-a ao filho, confiando-lhe a incumbência de levantar grande casa, tão bela quanto possível.
Para isso, o tesouro que lhe deixava nas mãos era suficiente.
Acontece, porém, que o jovem, muito egoísta, arquitetou o plano de enganar o próprio pai, de modo a gozar todos os prazeres imediatos da vida.
E passou a comprar materiais inferiores.
Onde lhe cabia empregar metais raros, utilizava latão; nos lugares em que devia colocar o mármore precioso, punha madeira barata, e nos setores de serviço, em que a obra reclamava pedra sólida, aplicava terra batida ...
Com isso, obteve largas somas que consumiu, desorientado, junto de amigos loucos.
Quando o monarca voltou, surpreendeu o príncipe abatido e cansado, a apresentar-lhe uma cabana esburacada, ao invés de uma casa nobre.
O rei, no entanto, deu-lhe a chave do pequeno casebre e disse-lhe, bondoso:
- A casa que mandei edificar é para você mesmo, meu filho ... Não me parece a residência sonhada por seu pai, mas devo estar satisfeito com a que você próprio escolheu ..
Após ligeira pausa, Veloso advertiu:
- O conto impele-nos a judiciosas apreciações, quanto ao cumprimento exato de nossos deveres.
Comparemos o soberano a Deus, nosso Pai.
O príncipe da história poderia ter sido qualquer um de nós.
A fortuna para construirmos a moradia de nossa alma é a vida que Deus nos empresta.
Quase sempre, contudo, gastamos o tesouro da existência em caprichosa ilusão, para acabarmos relegados, por nossa própria culpa, aos pardieiros apodrecidos do sofrimento.
Mas, aqueles que se consagram à bênção do dever, por mais áspero que seja, adquirem a tranqüilidade e a alegria que o Supremo Senhor lhes reserva, por executarem, fiéis, a sua divina vontade, que planeja sempre o melhor a nosso favor.
Meimei - Livro Antologia da Criança – Francisco Candido Xavier



DEVER DE SERVIR

Em matéria de beneficência, todos estamos na obrigação de doar algo de nós à vida que nos cerca.
E isso não sucede tão somente a nós, as criaturas que atingimos a razão, mas igualmente a todos os seres.
Minerais fornecem agentes químicos.
Vegetais distribuem utilidades múltiplas.
No reino animal, milhões de vidas trabalham e se sacrificam a benefício do homem: camelos que o transportam, ovelhas que o vestem, cães que o auxiliam e bovinos que o alimentam.
Todos nos achamos convocados a entregar a nossa cooperação pelo bem geral.
Acontece, no entanto, que na criatura humana, o discernimento conquistado cria o problema da livre aceitação do dever de servir.
Todos nos reconhecemos indicados para oferecer o melhor de nós para que apareça o melhor dos outros em auxílio de todos.
Desfrutando, porém, do atributo divino de contribuir conscientemente na Criação Universal e não constando a violência da Obra de Deus, o homem, muitas vezes, quando se vê compelido pelas forças da vida a fazer o melhor de si a benefício do progresso comum, oferece ingredientes negativos à engrenagem do destino, que ele próprio se incumbe de suprimir depois do erro cometido, despendendo tempo e força para reajustar o que ele mesmo desequilibrou.
Consideremos a nossa parcela de trabalho na economia da existência.
Importa observar, entretanto, que qualidade de observação doamos de nós e o modo pelo qual entregamos a quota de serviço ao mundo, junta às pessoas e ocorrências que nos cercam, porque embora sejamos livres no espírito e responsáveis na ação, todos, na essência, somos canais vivos de Deus.

Emmanuel - Livro Encontro de Paz - Psicografia Chico Xavier


O PROBLEMA DIFÍCIL

Entre os comentários da noite, um dos companheiros mostrou-se interessado em conhecer a questão mais difícil de resolver, nos serviços referentes à procura da Luz Divina.
Em que setor da luta espiritual se colocaria o mais complicado problema? Depois de assinalar variadas considerações, ao redor do assunto, o Mestre fixou no semblante uma atitude profundamente compreensiva e contou: — Um grande sábio possuía três filhos jovens, inteligentes e consagrados à sabedoria.
Em certa manhã, eles altercavam a propósito do obstáculo mais difícil de vencer no grande caminho da vida.
No auge da discussão, prevendo talvez conseqüências desagradáveis, o genitor benevolente chamou-os a si e confiou-lhes curiosa tarefa.
Iriam os três ao palácio do príncipe governante, conduzindo algumas dádivas que muito lhes honraria o espírito de cordialidade e gentileza.
O primeiro seria o portador de rico vaso de argila preciosa.
O segundo levaria uma corça rara.
O terceiro transportaria um bolo primoroso da família.
O trio fraterno recebeu a missão com entusiástica promessa de serviço para a pequena viagem de três milhas; no entanto, a meio do caminho, principiaram a discutir.
O depositário do vaso não concordou com a maneira pela qual o irmão puxava a corça delicada, e o responsável pelo animal dava instruções ao carregador do bolo, a fim de que não tropeçasse, perdendo o manjar; este último aconselhava o portador do vaso valioso, para que não caísse.
O pequeno séquito seguia, estrada afora, dificilmente, porquanto cada viajor permanecia atento a obrigações que diziam respeito aos outros, através de observações acaloradas e incessantes.
Em dado momento, o irmão que conduzia o animalzinho olvida a própria tarefa, a fim de consertar a posição da peça de argila nos braços do companheiro, e o vaso, premido pelas inquietações de ambos, escorrega, de súbito, para espatifar-se no cascalho poeirento.
Com o choque, o distraído orientador da corça perde o governo do animal, que foge espantado, abrigando-se em floresta próxima.
O carregador do bolo avança para sustar-lhe a fuga, internando-se pelo mato a dentro, e o conteúdo de prateada bandeja se perde totalmente no chão.
Desapontados e irritadiços, os três rapazes tornam à presença paterna, apresentando cada qual a sua queixa e a sua derrota.
O sábio, porém, sorriu e explicou-lhes: — Aproveitem o ensinamento da estrada.
Se cada um de vocês estivesse vigilante na própria tarefa, não colheriam as sombras do fracasso.
O mais intrincado problema do mundo, meus filhos, é o de cada homem cuidar dos próprios negócios, sem intrometer-se nas atividades alheias.
Enquanto cogitamos de responsabilidades que competem aos outros, as nossas viverão esquecidas.
Jesus calou-se, pensativo, e uma prece de amor e reconhecimento completou a lição.
Neio Lucio - Do Livro Jesus no Lar  - Francisco C. Xavier






ALEGRIA NO DEVER

Quando Jesus estava entre nós, recebeu certo dia a visita do apóstolo João, muito jovem ainda, que lhe disse estar incumbido, por seu pai Zebedeu, de fazer uma viagem a povoado próximo.
Era, porém, um dia de passeio ao monte e o moço achava-se muito triste.
O Divino Amigo, contudo, exortou-o a cumprir o dever.
Seu pai precisava do serviço e não seria justo prejudicá-lo.
João ouviu o conselho e não vacilou.
O serviço exigiu-lhe quatro dias, mas foi realizado com êxito.
Os interesses do lar foram beneficiados, mas Zebedeu, o honesto e operoso ancião, afligiu-se muito porque o rapaz regressara de semblante contrafeito.
O Mestre notou-lhe o semblante sombrio e, convidando-o a entendimento particular, observou :
– João, cumpriste o prometido?
– Sim – respondeu o apóstolo.
Neste instante, o doente acordou, compreendeu a Vontade Divina e rendeu graças a Deus.
– Atendeste à Vontade de Deus, auxiliando teu pai?
– Sim – tornou o jovem, visivelmente contrariado –, acredito haver efetuado todas as minhas obrigações.
Jesus, entretanto, acentuou, sorrindo calmo :
– Então, ainda falta um dever a cumprir – o dever de permaneceres alegre por haveres correspondido à confiança do Céu.
O companheiro da Boa Nova meditou sobre a lição e fez-se contente.
A tranqüilidade voltou ao coração e à fisionomia do velho Zebedeu e João compreendeu que, no cumprimento da Vontade de Deus, não podemos e nem devemos entristecer ninguém.
 Meimei - Do livro Pai Nosso. Psicografia de Francisco Candido Xavier





COMPROMISSO AFETIVO
O dever íntimo do homem fica entregue ao seu livre arbítrio. O aguilhão da consciência, guardião da probidade interior, o adverte e sustenta; mas, muitas vezes se mostra impotente diante dos sofismas da paixão.
Fielmente observado, o dever do coração eleva o homem; porém, como determiná-lo com exatidão? Onde começa ele? O dever principia sempre, para cada um de vós, do ponto em que ameaçais a felicidade ou a tranqüilidade do vosso próximo; acaba no limite que não desejais ninguém transponha com relação a vossa. Do item 7, no Cap. XVII, de "O Evangelho Segundo o Espiritismo"
A guerra efetivamente flagela a Humanidade, semeando terror e morticínio, entre as nações; entretanto, a afeição erradamente orientada, através do compromisso escarnecido, cobre o mundo de vítimas.
Quem estude os conflitos do sexo, na atualidade da Terra, admitindo a civilização em decadência, tão-só examinando as absurdidades que se praticam em nome do amor, ainda não entendeu que os problemas do equilíbrio emotivo são, até agora, de todos os tempos, na vida planetária.
As Leis do Universo esperar-nos-ão pelos milênios afora, mas terminarão por se inscreverem, a caracteres de luz, em nossas próprias consciências. E essas Leis determinam amemos os outros qual nos amamos.
Para que não sejamos mutilados psíquicos, urge não mutilar o próximo.
Em matéria de afetividade, no curso dos séculos, vezes inúmeras disparamos na direção do narcisismo e, estirados na volúpia do prazer estéril, espezinhamos sentimentos alheios, impelindo criaturas estimáveis e nobres a processos de angústia e criminalidade, depois de prendê-las a nós mesmos com o vínculo de promessas brilhantes, das quais nos descartamos em movimentação imponderada.
Toda vez que determinada pessoa convide outra à comunhão sexual ou aceita de alguém um apelo neste sentido, em bases de afinidade e confiança, estabelece-se entre ambas um circuito de forças, pelo qual a dupla se alimenta psiquicamente de energias espirituais, em regime de reciprocidade.
Quando um dos parceiros foge ao compromisso assumido, sem razão justa, lesa o outro  na sustentação do equilíbrio emotivo, seja qual for o campo de circunstâncias em que esse compromisso venha a ser efetuado. É dada a ruptura no sistema de permuta das cargas magnéticas de manutenção, de alma para alma, o parceiro prejudicado, se não dispõe de conhecimentos superiores na auto-defensiva, entra em pânico, sem que se lhe possa prever o descontrole que, muitas vezes, raia na delinqüência.
Tais resultados da imprudência e da invigilância repercutem no agressor, que partilhará das consequências desencadeadas por ele próprio, debitando-se-lhe ao caminho a sementeira partilhada de conflitos e frustrações que carreará para o futuro.
Sabemos que a Justiça Humana comina punições para os atos de pilhagem na esfera das realidades objetivas, considerando a respeitabilidade dos interesses alheios; no entanto, os legisladores terrestres perceberão igualmente, um dia, que a Justiça Divina alcança também os contraventores da Lei do Amor e determina se lhes instale nas consciências os reflexos do saque afetivo que perpetram contra os outros.
Daí procede a clara certeza de que não escaparemos das equações infelizes dos compromissos de ordem sentimental, injustamente menosprezados, que resgataremos em tempo hábil, parcela a parcela, pela contabilidade dos princípios de causa e efeito.

Reencarnados que estaremos sempre, nesse sentido, até exonerar o próprio espírito das mutilações e conflitos hauridos no clima da irreflexão, aprenderemos no corpo de nossas próprias manifestações ou no ambiente da vivência pessoal, através da penalogia sem cárcere aparente, que nunca lesaremos a outrem sem lesar a nós.
Vida e Sexo - Emmanuel - Francisco C Xavier




RESPOSTAS INDIRETAS
Rogavas, ainda ontem, saúde para o corpo alquebrado e constatavas a presença da enfermidade.
Confiavas, ainda ontem, que o problema moral fosse suavizado ante o auxílio que aguardavas do Céu, e o defrontas a martirizar o coração.
Esperavas, ainda ontem, que os óbices desaparecessem do caminho, considerando a nobreza dos teus intentos, e encontras a dificuldade ampliada como a zombar do teu esforço.
Oravas, ainda ontem, buscando forças e robustez para o trabalho, e despertas com as mesmas fraquezas do dia anterior.
Solicitavas, ainda ontem, auxílios eficazes para a continuação do labor socorrista, e surpreendes a ausência dos valores necessários.
Deixas-te abater pelo desânimo, acreditando-te esquecido dos favores divinos.
Sucede, porém, que o Celeste Pai responde aos nossos apelos, não conforme os nossos desejos, mas consoante as nossas necessidades.
A tenra plantinha roga altura; mas sem que robusteça o tronco candidata-se à destruição.
A fonte modesta roga caminho para correr; sem a fôrça da corrente, porém, perde-se, consumida pelo solo.
É necessário, pois, discernir para entender.
Muitas vezes o bem mais eficaz para o doente ainda é a enfermidade.
O lavrador atende ao solo com os recursos que conta em si mesmo e na terra. A chuva e o sol são contribuições que a misericórdia celeste lhe dispensará correspondendo ao mérito da sua seara. Mas não se descoroçoa se o excesso da chuva e o calor do sol lhe destroem a sementeira. Refeito da dor retorna ao campo e prossegue resoluto.
Procura, assim, entender também as respostas indiretas com que o Sublime Amigo nos atende.
Nem sempre o que nos parece o melhor é realmente o melhor para nós. Persevera no trabalho nobre e honroso, atende aos deveres que te competem realizar; e, mesmo que as tuas mãos doloridas e calejadas roguem unguento que não chega, prossegue esperando, firme e sobranceiro, recordando que o fruto nunca precede à florescência e que esta desponta nos dedos da planta que se dilacera para perpetuar a própria espécie. Deixa-te chegar, e, coroado com o suor, o sangue e as lágrimas do teu esfôrço, as flores da esperança no Céu responderão às tuas ansiedades com os frutos da paz e da felicidade.
"Outra, finalmente, caiu em terra boa e produziu frutos, dando algumas sementes cem por uma, outras sessenta e outras trinta". Mateus: capítulo 13º, versículo 8.
"O homem que cumpre o seu dever ama a Deus mais do que as criaturas e ama as criaturas mais do que a si mesmo. É a um tempo juiz e escravo em causa própria". Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 17º - Item 7, parágrafo 4.

FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 52.




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O EVANGELHO TRAZ PAZ AO CORAÇÃO E ALIMENTO PARA A ALMA.

ENTENDER O EVANGELHO É SITUA-LO EM NOSSA VIDA ÍNTIMA!

AOS ORADORES DO EVANGELHO, PARA QUE NOSSA TAREFA SEJA DE ACORDO COM O ESPERADO POR JESUS!

“APASCENTA AS MINHAS OVELHAS” – JESUS. (JOÃO, 21:17)

Significativo é o apelo do Divino Pastor ao coração amoroso de Simão Pedro para que lhe continuasse o apostolado.

Observando na Humanidade o seu imenso rebanho, Jesus não recomenda medidas drásticas em favor da disciplina compulsória.

Nem gritos, nem xingamentos.

Nem cadeia, nem forca.

Nem chicote, nem vara.

Nem castigo, nem imposição.

Nem abandono aos infelizes, nem flagelação aos transviados.

Nem lamentação, nem desespero.

“Pedro, apascenta as minhas ovelhas! “

Isso equivale a dizer: - Irmão, sustenta os companheiros mais necessitados que tu mesmo.

Não te desanimes perante a rebeldia, nem condenes o erro, do qual a lição benéfica surgirá depois.

Ajuda ao próximo, ao invés de vergastá-lo.

Educa sempre.

Revela-te por trabalhador fiel.

Sê exigente para contigo mesmo e ampara os corações enfermiços e frágeis que te acompanham os passos.

Se plantares o bem, o tempo se incumbirá da germinação, do desenvolvimento, da florescência e da frutificação, no instante oportuno.

Não analises, destruindo.

O inexperiente de hoje pode ser o mentor de amanhã.

Alimenta a “boa parte” do teu irmão e segue para adiante.

A vida converterá o mal em detritos e o Senhor fará o resto.

(Texto número 19, extraído do livro Fonte Viva, de Emmanuel, psicografado por Chico Xavier)


IRMÃOS, RESPONSÁVEIS PELA ORATÓRIA DO EVANGELHO E DA APROXIMAÇÃO DOS OUVINTES ÀS MENSAGENS DE JESUS,

NÃO NOS ESQUEÇAMOS DO PEDIDO DO MESTRE,

APASCENTEMOS AS OVELHAS COM A DOÇURA POSSÍVEL,

COM A CONFIANÇA NECESSÁRIA,

E PRINCIPALMENTE COM O AMOR QUE DEVEMOS À QUEM ESPERA DE NÓS,

APENAS, QUE FAÇAMOS A NOSSA PARTE.

VIBRAÇÕES

VIBRAÇÕES: COMO FUNCIONAM AS VIBRAÇÕES E AS PRECES FEITAS PARA OS NECESSITADOS?

A CURA ATRAVÉS DAS VIBRAÇÕES

Certa moça, contrariada em suas inclinações, havia-se casado com um homem a quem não amava.

A mágoa que sofreu levou-a a um distúrbio mental.

Sob o domínio de uma ideia fixa, perdeu a razão e teve de ser internada.

Ela jamais ouvira falar de Espiritismo.

Se dele se tivesse ocupado teriam dito que os Espíritos lhe haviam transtornado a cabeça.

O mal provinha, assim, de uma causa moral acidental e exclusivamente pessoal.

Compreende-se que em tais casos os remédios normais nenhum efeito produzem, e como não havia obsessão, podia-se, também, duvidar do efeito da prece.

Um amigo da família e membro da Sociedade Espírita de Paris, julgou dever interrogar um Espírito superior, que respondeu:

- A ideia fixa dessa senhora, por sua mesma causa, atrai em sua volta uma porção de Espíritos maus, que a envolvem com seus fluidos e alimentam as suas idéias, impedindo que lhe cheguem as boas influências.

Os Espíritos dessa natureza abundam sempre em semelhantes meios e constituem, sempre, obstáculo à cura dos doentes.

Contudo podereis curá-la, mas para tanto é necessário uma força moral capaz de vencer a resistência.

E tal força não é dada a um só.

Cinco ou seis espíritas sinceros se reúnam todos os dias, durante alguns instantes e peçam com fervor a Deus e aos bons Espíritos que a assistam; que a vossa prece seja, ao mesmo tempo, uma magnetização mental.

Para tanto não necessitais estar junto a ela, ao contrário.

Pelo pensamento podeis levar-lhe uma salutar corrente fluídica, cuja força estará na razão de vossa intenção, aumentada pelo número.

Por tal meio podereis neutralizar o mau fluido que a envolve.

Fazei isto: tende fé em Deus e esperai."

Seis pessoas se dedicaram a esta obra de caridade e, durante um mês não faltaram à missão aceita.

Depois de alguns dias a doente estava sensivelmente mais calma; quinze dias mais tarde a melhora era manifesta e agora voltou para sua casa em estado perfeitamente normal, ignorando ainda, como o seu marido, de onde lhe veio a cura.

A maneira de agir é aqui indicada claramente e nada teríamos a acrescentar de mais preciso à explicação dada pelo Espírito.

A prece não tem apenas o efeito de levar ao doente um socorro estranho, mas o de exercer uma ação magnética.

Que não poderia o magnetismo ajudado pela prece!

Infelizmente certos magnetizadores, a exemplo de muitos médicos, fazem abstração do elemento espiritual; vêem apenas a ação mecânica, assim se privando de poderoso auxiliar.

Esperamos que os verdadeiros espíritas vejam no fato mais uma prova do bem que podem fazer em circunstâncias semelhantes.

Allan Kardec

CAUSAS DA OBSESSÃO E MEIOS DE COMBATE-LA - REVISTA ESPÍRITA, JANEIRO DE 1863 - ALLAN KARDEC


PRECE POR ENTENDIMENTO

Senhor Jesus!

Auxilia-nos a compreender mais, a fim de que possamos servir melhor, já que somente assim as bênçãos que nos concedes podem fluir, através de nós, em nosso apoio e em favor de todos aqueles que nos compartilham a existência.

Induze-nos à prática do entendimento que nos fará observar os valores que, porventura, conquistemos, não na condição de propriedade nossa e sim por manancial de recursos que nos compete mobilizar no amparo de quantos ainda não obtiveram as vantagens que nos felicitam a vida.

E ajuda-nos, oh! Divino Mestre, a converter as oportunidades de tempo e trabalho com que nos honraste em serviço aos semelhantes, especialmente na doação de nós mesmos, naquilo que sejamos ou naquilo que possamos dispor, de maneira a sermos hoje melhores do que ontem, permanecendo em Ti, tanto quanto permaneces em nós, agora e sempre.

Assim seja.

Emmanuel : Francisco Cândido Xavier - Livro: Paciência

DEZ MANEIRAS DE AJUDAR COM SEGURANÇA

NÃO DISCUTA

Se você é aprendiz do Evangelho, não ignora que o Divino Mestre permanece atento, na redenção do mundo, e que devemos estar vigilantes na execução do serviço que nos compete.

NÃO CRITIQUE

Observemos o setor de nossas obrigações e realizemos o melhor na obra geral, usando as possibilidades ao nosso alcance.

NÃO RECLAME

Contentarmo-nos com o ato de servir é simples dever e quem centraliza a mente na tarefa que lhe é própria não dispõe de tempo para formular queixas inoportunas.

NÃO CONDENE

Reparemos a parte aproveitável nas situações difíceis e esqueçamos todo mal.

NÃO EXIJA

Coopere sem rogar a colaboração alheia, de vez que a responsabilidade pertence a todos e cada um de nós será examinado de acordo com as próprias obras.

NÃO FUJA

Jamais olvide que o problema é a lição da vida. O aluno que teme o ensinamento, descerá naturalmente à retaguarda.

NÃO SE PRECIPITE

Usemos a serenidade. O trabalhador que sabe aproveitar os minutos e respeitá-los, nunca sofre os castigos do tempo.

NÃO TEMA

Quando fixamos o cérebro e o coração em Cristo somos simples agentes d’Ele e quem cumpre a Vontade do Mestre, não deve nem pode recear coisa alguma.

NÃO SE ENGANE

Ninguém precisa aplicar os raios candentes na verdade, a propósito dos mínimos acontecimentos da vida, desfigurando a alegria que deve imperar nos domínios da sementeira e da esperança, mas não perca de vista o que é essencial ao seu progresso, à sua felicidade e à sua redenção para o grande caminho.

NÃO SE ENTRISTEÇA

Lembre-se de que o Nosso Mestre é o Salvador pela Ressurreição. Sofrimento, amargura e morte são sombras. A cruz do Amigo Divino era degrau para a Glória Celeste. Seja esse pensamento uma luz permanente em nossa alma que jamais deve abrir-se ao desânimo. A certeza de que somos os seguidores felizes do Cristo Imortal é para nós motivo de soberana resistência e de eterno júbilo.

André Luiz - Do livro Cartas do coração. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.


AS VIBRAÇÕES SEGUNDO DR BEZERRA DE MENEZES

AS VIBRAÇÕES SEGUNDO DR BEZERRA DE MENEZES
LIVRO:INICIAÇÃO ESPÍRITA - EDGARD ARMOND

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