5 – Naquele dia, saindo Jesus de casa, assentou-se à
borda do mar. E vieram para ele muita gente, de tal sorte que, entrando em uma
barca, se assentou, ficando toda a gente
de pé na ribeira; e lhes falou muitas coisas por parábolas, dizendo: Eis aí que
saiu o que semeia a semear. E quando semeava, uma parte das sementes caiu junto
da estrada, e vieram às aves do céu, e comeram-na. Outra, porém, caiu em
pedregulho, onde não tinha muita terra, e logo nasceu, porque não tinha altura
de terra. Mas saindo o sol se queimou, e porque não tinha raiz, se secou. Outra
igualmente caiu sobre os espinhos, e crescendo os espinhos, a afogaram. Outra
enfim caiu em boa terra, e dava fruto, havendo grãos que rendiam a cento por
um, outros a sessenta, outros a trinta. O que tem ouvidos de ouvir, ouça.
(Mateus, XIII: 1-9 ). Ouvi, pois, vós outros, a parábola do semeador. Todo
aquele que ouve a palavra do Reino e não a entende, vem o mau e arrebata o que
se semeou no seu coração; este é o que recebeu a semente junto da estrada. Mas
o que recebeu a semente no pedregulho, este é o que ouve a palavra, e logo a
recebe com gosto; porém, ele não tem em si raiz, antes é de pouca duração, e
quando lhe sobrevêm tribulação e perseguição por amor da palavra, logo se
escandaliza. E o que recebeu a semente entre espinhos, este é o que ouve a
palavra, porém os cuidados deste mundo e o engano das riquezas sufocam a
palavra, e fica infrutuosa. E o que recebeu a semente em boa terra, este é o
que ouve a palavra e a entende, e dá fruto, e assim um dá cento, e outro
sessenta, e outro trinta por um. (Mateus, XIII: 18-23).
6 – A parábola da semente representa perfeitamente as
diversas maneiras pelas quais podemos aproveitar os ensinamentos do Evangelho.
Quantas pessoas há, na verdade, para as quais eles não passam de letra morta,
que, à semelhança das sementes caídas nas pedras, não produzem nenhum fruto!
Outra aplicação, não menos justa, é a que se pode fazer
às diferentes categorias de espíritas. Não nos oferece o símbolo dos que se
apegam apenas aos fenômenos materiais, não tirando dos mesmos nenhuma
conseqüência, pois que neles só vêem um objeto de curiosidade? Dos que só
procuram o brilho das comunicações espíritas, interessando-se apenas enquanto
satisfazem-lhes as imaginações, mas que, após ouvi-las, continuam frios e indiferentes
como antes? Dos que acham muito bons os conselhos, e os admiram, mas para
aplicá-los aos outros e não a si mesmos? Dos que, finalmente, para os quais
essas instruções são como as sementes que caíram na boa terra e produzem
frutos?
TEXTOS DE APOIO
PRIMEIRA MENSAGEM
Francisco C. Xavier
Servindo Sempre é a mensagem do nosso caro Emmanuel,
recebida em nossa primeira reunião pública do novo núcleo – o Grupo Espírita da
Prece, nesta cidade de Uberaba. Fundamos a nossa singela instituição há algumas
semanas. Entretanto, a nova sede somente agora está funcionando, com as nossas
reuniões públicas de sextas e sábados à noite, além de nossas atividades outras
no serviço espiritual.
Não tivemos qualquer solenidade inauguratória. Nosso
amigo Jose Gonçalves Pereira, orientador da Casa Transitória de São Paulo, fez
a prece inicial e a nossa reunião continuou nos velhos moldes habituais. O
Evangelho Segundo o Espiritismo nos ofereceu o item 5 do seu capítulo XVII. Os
comentários dos irmãos presentes foram os mais confortadores e significativos
para nós todos.
Do livro Amanhece. Psicografia de Francisco Cândido
Xavier.
SERVINDO SEMPRE
Emmanuel
Na seara da verdade, todos somos chamados a semear.
Semear amor e luz que transbordem nas colheitas de progresso e elevação.
Semeiam todos aqueles que se fazem guardiães da justiça e
da cultura, da prosperidade e da influência, assegurando a proteção da vida
comunitária. E semeiam todos aqueles outros que manejam o buril da palavra ou
as letras do alfabeto, a energia do braço ou a força do coração, sulcando o
campo da vida e adubando-lhe os recursos para que a plantação do Mundo Melhor
se arroje do presente ao porvir, de geração a geração.
Onde o Senhor te colocou, nunca te esqueças de que a
fidelidade aos teus próprios encargos é a limpidez de tua fé e a razão de tua
própria vida.
O servidor se qualifica no préstimo da ação que executa.
Sai, pois, de ti mesmo, na prodigiosa repetição do dia-a-dia e atende à tarefa
que te cumpre, sem que se turbe o teu ânimo, ante a ventania das opiniões
contraditórias, e sem que o calor da esperança se esfrie no teu espírito,
perante o inseto daninho ou o escalracho destruidor.
Age e segue.
Se a garoa da indiferença te procura imobilizar os
movimentos, lembra-te do sol que não falta a ninguém, nos mecanismos da
pontualidade, e, quando apareça o aguaceiro das provas, encharcando-te a
moradia, reflete nas espigas que virão.
Nas bases da consciência tranqüila, cede de ti mesmo o
melhor que possas, como possas e tanto quanto possas no auxílio a todos.
Em verdade, o tempo altera todas as construções
exteriores da vida, mas conserva, intocável, com dividendos crescentes e
incessantes, todo e qualquer investimento de amor.
Mobiliza os talentos que o Senhor te confiou, faze os
depósitos de compreensão e bondade, paz e bênção que te sejam possíveis, e
caminha para diante, trabalhando e servindo sempre.
Sobretudo, nunca te creias incapaz, nem te afirmes
inútil. Um dia, certo pequeno feixe de materiais considerados inferiores
aceitou as disciplinas de exigente artesão que lhe cortou as arestas,
imprimindo-lhe nova forma, e, desde então, o mundo conhece a tomada que, em se
sujeitando aos preceitos da usina, se converte em mensageira de luz.
Do livro Amanhece. Psicografia de Francisco Cândido
Xavier.
NA GLEBA DO MUNDO
"Mas o que
foi semeado em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende. Este frutifica
e produz a cem, a sessenta e a trinta
por um”.- JESUS. (Mateus, 13:23.).
Efetivamente, a
vida é comparável ao trato de solo que nos é concedido cultivar.
Ergue-te, cada
dia, e ampara o teu campo de serviço, a fim de que te incumbes. O terreno é o
próximo que te propicia colheita.
Lavrar o talhão é
dar de nós sem pensar em nós.
Basta plantes o
bem para que o bem te responda. Para isso, no entanto, é imperioso agir e
perseverar no trabalho.
Nunca esmorecer.
Qual ocorre na
lavoura comum, é preciso contar com aguaceiro e canícula, granizo e vento,
praga e detrito.
Não valem
reclamações. Remova a dificuldade e prossegue firme.
Acima de tudo,
importa o rendimento da produção para o benefício de todos.
Se alguém te
despreza, menoscabando a suposta singeleza
do encargo que te coube, esquece a incompreensão alheia e continua
plantando para abastança geral.
Muita gente não
se recorda de que o pão alvo sobe à mesa à custa do suor de quantos mergulham
as mãos no barro da gleba, a fim de que a semente possa frutificar.
Quando essa ou
aquela pessoa te requisite a descanso, sem que a tua consciência acuse fadiga,
não acredites nessa ilusão.
A ferrugem do
ócio consome o arado muito mais que a movimentação no serviço.
Trabalha e
confia, na certeza de que o Senhor da Obra te observa e segue vigilante.
Não duvides, nem
temas.
Dá o melhor de ti
mesmo a Seara da vida, e o Divino Lavrador, sem que percebas, pendurará nas
frondes do teu ideal a floração da esperança e a messe do triunfo.
Francisco Cândido Xavier - Livro Ceifa de Luz
- Pelo Espírito Emmanuel
INDICAÇÃO FRATERNA
"Servi uns aos
outros, cada um conforme o Dom que recebeu..." - PEDRO. (I Pedro, 4:10.).
Este o caminho
para o necessário burilamento: trabalhar, aprender, sofrer, dar presença e
colaboração na Causa do Bem.
O amor encerra em
si as leis do Universo e tudo o que fizermos contra o amor é algo que criamos
contra nós mesmos. Aceita, desse modo, no sacrifício a mais alta norma de ação.
Não fujas dos
encargos que a Sabedoria da vida te entregou acima de tudo, promove-te,
servindo mais.
O suor do
trabalho confere experiência.
A lágrima da
aflição acende a luz espiritual.
Quando a dor te
visite, reflete-lhe a mensagem. Não há sofrimento sem significação.
Não fosse a prova
e ninguém conseguiria entesourar compreensão e discernimento.
Nos dias de
desacerto, ainda quando te reconheças na sombra do fracasso, levanta-te,
reinicia a tarefa e contempla, de novo, a benção do sol, na convicção de que o
erro superado nos ensina indulgência, amolecendo-nos o coração, a fim de que
venhamos a entender e desculpar as faltas possíveis dos semelhantes. Mesmo nas
crises que te estrangulam a sensibilidade, sê fiel ao ideal de servir e não
esmoreças.
Não esperes por
descanso externo, quando tiveres a paz dentre de ti.
Haja o que
houver, não te interrompas, na tarefa em execução, para ouvir sarcasmo ou
censura. Oferece o melhor de ti aos que te compartilham a estrada e,
conservando a consciência tranquila, trabalha sempre lembrando, a cada momento,
que, assim como o fruto fala da árvore, o serviço é a testemunha do servidor.
Francisco Cândido Xavier - Livro Ceifa de Luz
- Pelo Espírito Emmanuel
SEMEADORES
"Eis que o semeador saiu a semear." - Jesus. (
Mateus, 13:3. )
Todo ensinamento do Divino Mestre é profundo e sublime na
menor expressão.
Quando se dispõe a contar a parábola do semeador, começa
com ensinamento de inestimável importância que vale relembrar.
Não nos fala que o semeador deva agir, através do
contrato com terceiras pessoas, e sim que ele mesmo saiu a semear.
Transferindo a imagem para o solo do espírito, em que
tantos imperativos de renovação convidam os obreiros da boa-vontade à
santificante lavoura da elevação, somos levados a reconhecer que o servidor do
Evangelho é compelido a sair de si próprio, a fim de beneficiar corações
alheios.
É necessário desintegrar o velho cárcere do "ponto
de vista" para nos devotarmos ao serviço do próximo.
Aprendendo a ciência de nos retirarmos da escura cadeia
do "eu", excursionaremos através do grande continente denominado
"interesse geral".
E, na infinita extensão dele, encontraremos a "terra
das almas", sufocada de espinheiros, ralada de pobreza, revestida de
pedras ou intoxicada de pântanos, oferecendo-nos a divina oportunidade de agir
a benefício de todos.
Foi nesse roteiro que o Divino Semeador pautou o
ministério da luz, iniciando a celeste missão do auxílio entre humildes
tratadores de animais e continuando-a através dos amigos de Nazaré e dos
doutores de Jerusalém, dos fariseus palavrosos e dos pescadores simples, dos justos
e dos injustos, ricos e pobres, doentes do corpo e da alma, velhos e jovens,
mulheres e crianças...
Segundo observamos, o semeador do Céu ausentou-se da
grandeza a que se acolhe e veio até nós, espalhando as claridades da Revolução
e aumentando-nos a visão e o discernimento.
Humilhou-se para que nos exaltássemos e confundiu-se com
a sombra a fim de que a nossa luz pudesse brilhar, embora lhe fosse fácil
fazer-se substituido por milhões de mensageiros, se desejasse.
Afastemo-nos, pois, das nossas inibições e aprendamos com
o Cristo a "sair para semear".
Livro Fonte Viva.
Pelo Espírito Emmanuel. Psicografia Francisco C. Xavier
AUXILIAR
“Eis que o
semeador saiu a semear.” — JESUS — MATEUS, 13:3
“A perfeição está toda, como disse o Cristo, na prática
da caridade absoluta; mas os deveres da caridade alcançam todas as posições
sociais, desde o menor até o maior.” — Cap. XVII, 10.
Auxiliar, amparar,
consolar, instruir!.
Para isso, não
aguardes o favor das circunstâncias.
Jesus foi claro no
ensinamento.
O semeador da
parábola não esperou chamado algum.
Largou
simplesmente as conveniências de si mesmo e saiu para ajudar.
O Mestre não se
reporta à leiras adubadas ou a talhões escolhidos. Não menciona temperaturas ou
climas. Não diz se o cultivador era proprietário ou rendeiro, se moço no
impulso ou amadurecido na experiência, se detinha saúde ou se carregava o ônus
da enfermidade.
Destaca somente
que ele partiu a semear.
Por outro lado,
Jesus na informa se o homem do campo recebeu qualquer recomendação acerca de
pântanos ou desertos, pedreira ou espinheirais que devesse evitar. Esclarece
que o tarefeiro plantou sempre e que a penúria ou o insucesso do serviço foi
problema do solo beneficiado e não dos braços que se propunham a enriquecê-lo.
Saibamos, assim,
esquecer-nos para servir.
Não importa
venhamos a esbarrar com respostas deficientes da gleba do espírito, às vezes
desfigurada pela urze da incompreensão ou pelo cascalho da ignorância. Idéia e
trabalho, tempo e conhecimento, influência e dinheiro são possibilidades
valiosas em nossas mãos. Todos podemos espalhá-las por sementes de amor e luz.
O essencial,
porém, será desfazer o apego excessivo às nossas comodidades, aprendendo a
sair.
Emmanuel - Psicografia : Francisco Cândido Xavier - Livro
: Livro da Esperança
NO SOLO DO ESPÍRITO
"E outra caiu em boa terra e deu fruto; um a cem,
outro a sessenta e outro a trinta" -Jesus ( Mateus, 13:8)
Referindo-nos à parábola do semeador, narrada pelo Divino
Mestre, lembremo-nos de que o campo da vida é assim como a terra comum.
Nele encontramos criaturas que expressam glebas
espirituais de todos os tipos.
Homens-calhaus...
Homens-espinheiros...
Homens-milhafres...
Homens-parasitas...
Homens-charcos...
Homens-furnas...
Homens-superfícies...
Homens-obstáculos...
Homens-venenos...
Homens-palhas...
Homens-sorvedouros...
Homens-erosões...
Homens-abismos...
Mas surpreendemos também, com alegria, os homens-searas,
aqueles que reunindo consigo o solo produtivo do caráter reto, a água pura dos
sentimentos nobres, o adubo da abnegação, a charrua do esforço próprio e o suor
do trabalho constante, sabem albergar as sementes divinas do conhecimento
superior, produzindo as colheitas do bem para os semelhantes.
Reparemos a vasta paisagem que nos rodeia, através da
meditação, e, com facilidade, por nossa atitude perante os outros,
reconheceremos de pronto que espécie de terreno estamos sendo nós."
De Palavras de Vida Eterna de Francisco Cândido Xavier,
Espírito Scheilla
ANTE O DIVINO SEMEADOR
“Ouvi: eis que saiu o semeador a semear. . . “ – JESUS.
(Marcos. 4:3.)
Jesus é o
Semeador da Terra e a Humanidade é a Lavoura de Deus em Suas Mãos.
Lembremo-nos da
renúncia exigida à semente chamada à produção que se destina ao celeiro para
que não venhamos a sucumbir em nossas próprias tarefas.
Atirada ao ninho
escuro da gleba em que lhe cabe desabrochar, sofre extremo abandono, sufocada
ao peso do chão que lhe esmaga o envoltório. Sozinha e oprimida, desenfaixa-se
das forças inferiores que a constringem, a fim de que os seus princípios
germinativos consigam receber a bênção do céu.
Contudo, mal se
desenvolve, habitualmente padece o assalto de vermes que lhe maculam o seio,
quando não experimenta a avalancha de lama, por força dos temporais.
Ainda assim,
obscura e modesta, a planta nascida crê instintivamente na sabedoria da
natureza que lhe plasmou a existência e cresce para o brilho solar, vestindo-se
de frondes tenras e florindo em melodias de perfume e beleza para frutificar,
mais tarde, nos recursos que sustentam a vida.
A frente do
semeador sublime, não esmoreças ante os pesares da incompreensão e do
isolamento, das tentações e das provas aflitivas e rudes.
Crê no Poder
Divino que te criou para a imortalidade e, no silêncio do trabalho incessante
no bem a que foste trazido, ergue-te para a Luz Soberana, na certeza de que,
através da integração com o amor que nos rege os destinos, chegarás sob a
generosa proteção do Celeste Pomicultor, à frutificação da verdadeira
felicidade.
Francisco Cândido
Xavier - Livro Ceifa de Luz - Pelo Espírito Emmanuel
NAS ESTRADAS
“E os que estão
junto do caminho são aqueles em que a palavra é semeada; mas, tendo-a eles
ouvido, vem logo Satanás e tira a palavra que neles foi semeada.” – Jesus.
(Marcos, 4:15).
Jesus é o nosso caminho permanente para o Divino Amor.
Junto dele seguem, esperançosos, todos os espíritos de
boa vontade, aderentes sinceros ao roteiro santificador.
Dessa via bendita e eterna procedem as sementes da Luz
Celestial para os homens comuns.
Faz-se imprescindível muita observação das criaturas,
para que o tesouro não lhes passe despercebido.
A semente santificante virá sempre, entre as mais
variadas circunstâncias.
Qual ocorre ao vento generoso que espalha, entre as
plantas, os princípios de vida, espontaneamente, a bondade invisível distribui
com todos os corações a oportunidade de acesso à senda do amor.
Quase sempre a centelha divina aparece nos acontecimentos
vulgares de cada dia, num livro, numa particularidade insignificante do
trabalho, na prestimosa observação de um amigo.
Se o terreno de teu coração vive ocupado por ervas
daninhas e se já recebeste o princípio celeste, cultiva-o, com devotamento,
abrigando-o nas leiras de tua alma. O verbo humano pode falhar, mas a Palavra
do Senhor é imperecível. Aceita-a e cumpre-a, porque, se te furtas ao
imperativo da vida eterna, cedo ou tarde o anjo da angústia te visitará o espírito,
indicando-te novos rumos.
Emmanuel - Pão Nosso – Psicografia: Francisco
Cândido Xavier
DEPOIS...
"Depois, sobrevindo tribulação ou perseguição..
" - Jesus. (MARCOS, 4:17.)
Toda a gente
conhece a ciência de começar as boas obras.
Aceita-se o braço
de um benfeitor, com exclamações de júbilo, todavia, depois...
quando desaparece
a necessidade, cultiva-se a queixa descabida, no rumo da ingratidão declarada,
afirmando-se - "ele não é tão bom quanto parece".
Inicia-se a missão
de caridade, com entusiasmo santo, contudo, depois... ao surgirem os primeiros
espinhos, proclama-se a falência da fé, gritando-se com toda força - "não
vale a pena".
Empreende-se a
jornada da virtude e aproveita-se o estímulo que o Senhor concede à alma,
através de mil recursos diferentes, entretanto, depois... quando a disciplina e
o sacrifício cobram o justo imposto devido à iluminação espiritual, clama-se
com enfado - "assim também, não".
Ajuda-se a um
companheiro da estrada, com extremado carinho, adornando-se-lhe o coração de
flores encomiásticas, no entanto, depois... se a nossa sementeira não
corresponde à ternura exigente, abandonamo-lo aos azares da senda, asseverando
com ênfase - "não posso mais".
Todos sabem
principiar o ministério do bem, poucos prosseguem na lide salvadora, raríssimos
terminam a tarefa edificante.
Entretanto, por
outro lado, as perigosas realizações da perturbação e da sombra se concretizam
com rapidez.
Um companheiro
começa a trair os seus compromissos divinos e efetua, sem demora, o que deseja.
Outro enceta a plantação
do desânimo e, lesto, alcança os fins a que se propõe.
Outro, ainda,
inicia a discórdia e, sem detença, cria a desarmonia geral.
Realmente, é muito
difícil perseverar no bem e sempre fácil atingir o mal.
Todavia, depois.
Livro: Vinha de Luz - Emmanuel - Psicografia de Chico
Xavier
NA EXALTAÇÃO DO TRABALHO
“... O reino de Deus é assim como se um homem lançasse
semente à terra¨ JESUS MARCOS, 4:26.
“Ânimo, trabalhadores tomai dos vossos arados e das
vossas charruas; lavrai os vossos corações; arrancai deles a cizânia; semeai a
boa semente que o Senhor vos confia e o orvalho do amor lhe fará produzir
frutos de caridade. ” Cap. 18, 15.
Para considerar a importância do trabalho, relacionemos
particularmente algumas das calamidades da inércia, no plano da natureza.
A casa longamente desabitada afasta-se da missão de
albergar os que vagueiam sem teto e, em seguida, passa à condição de reduto dos
animais inferiores que a mobilizam por residência.
O campo largado em abandono furta-se ao cultivo dos
elementos nobres, necessários à Inteligência na Terra e transforma-se,
gradativamente, em deleitoso refúgio da tiririca.
O poço de águas trancadas foge de aliviar a sede das
criaturas, convertendo-se para logo em piscina de vermes.
O arado ocioso esquece a alegria de produzir e, com o
decurso do tempo, Incorpora em si mesmo a ferrugem que o desgasta.
A roupa que ninguém usa distancia-se da tarefa de abrigar
quem tirita- ao relento e faz-se, pouco a pouco, a moradia da traça que a
destrói.
O alimento indefinidamente guardado sem proveito deixa a
função que lhe cabe no socorro aos estÔmagos desnutridos e acaba alentando os
agentes da decomposição em que se corrompe.
Onde estiveres, lembra-te de que a vida é caminhada,
atividade, progresso, movimento e incessante renovação para o Bem Eterno.
Trabalho é o infatigável descobridor.
Transpõe dificuldades, desiste da irritação, olvida
mágoas, entesoura os recursos da experiência e prossegue adiante.
Quem persevera na preguiça, não somente deserta do
serviço que lhe compete fazer, mas abre também as portas da própria alma à
sombra da obsessão em que fatalmente se arruinará.
Emmanuel - do livro:
O Livro da Esperança - Psicografado por Francisco Cândido Xavier
O CRISTÃO E O
MUNDO
"Primeiro a Erva, depois a espiga e, por último, o
grão cheio na espiga" (Jesus – Marcos, 4:28)
Ninguém julgue fácil a aquisição de um título referente à
elevação espiritual. O Mestre recorreu sabiamente aos símbolos vivos da
natureza, favorecendo-nos a compreensão.
A erva está longe da espiga, como a espiga permanece
distanciada dos grãos maduros.
Nesse capítulo, o mais forte adversário da alma que
deseja seguir o Salvador, é o próprio mundo.
Quando o homem comum descansa nas vulgaridades e
inutilidades da existência terrestre, ninguém lhe examina os passos. Suas
atitudes não interessam a quem quer que seja. Todavia, em lhe surgindo no
coração a erva tenra da fé retificadora, sua vida passa a constituir objeto de
curiosidade para a multidão. Milhares de olhos, que não o viram quando desviado
na ignorância e na indiferença, seguem-lhe, agora, os gestos mínimos com
acentuada vigilância. O pobre aspirante ao título de discípulo do Senhor ainda
não passa de folhagem promissora e já lhe reclamam espigas das obras celestes;
conserva-se ainda longe da primeira penugem das asas espirituais e já se lhe
exigem vôos supremos sobre as misérias humanas.
Muitos aprendizes desanimam e voltam para o lodo, onde os
companheiros não os vejam.
Esquece-se o mundo de que essas almas ansiosas ainda se
acham nas primeiras esperanças e, por isso mesmo, em disputas mais ásperas por
rebentar o casulo das paixões inferiores na aspiração de subir; dentro da velha
ignorância, que lhe é característica, a multidão só entende o homem na
animalidade em que se compraz ou, então, se o companheiro pretende elevar-se,
lhe exige, de pronto, credenciais positivas do céu, olvidando que ninguém pode
trair o tempo ou enganar o espírito de seqüência da Natureza. Resta ao cristão
cultivar seus propósitos sublimes e ouvir o Mestre: Primeiro a erva, depois a
espiga e, por último, o grão cheio na espiga.
Emmanuel - Do livro Caminho, Verdade e Vida. Psicografia
de Francisco Candido Xavier.
SEMEADURA
"Mas, tendo sido semeado, cresce."- Jesus.
(MARCOS, 4:32.)
É razoável que todos os homens procurem compreender a
substância dos atos que praticam nas atividades diárias. Ainda que estejam
obedecendo a certos regulamentos do mundo, que os compelem a determinadas
atitudes, é imprescindível examinar a qualidade de sua contribuição pessoal no
mecanismo das circunstâncias, porquanto é da lei de Deus que toda semeadura se
desenvolva.
O bem semeia a vida, o mal semeia a morte. O primeiro é o
movimento evolutivo na escala ascensional para a Divindade, o segundo é a
estagnação.
Muitos Espíritos, de corpo em corpo, permanecem na Terra
com as mesmas recapitulações durante milênios. A semeadura prejudicial
condicionou-os à chamada "morte no pecado". Atravessam os dias,
resgatando débitos escabrosos e caindo de novo pela renovação da sementeira
indesejável. A existência deles constitui largo círculo vicioso, porque o mal
os enraíza ao solo ardente e árido das paixões ingratas.
Somente o bem pode conferir o galardão da liberdade
suprema, representando a chave única suscetível de abrir as portas sagradas do
Infinito à alma ansiosa.
Haja, pois, suficiente cuidado em nós, cada dia,
porquanto o bem ou o mal, tendo sido semeados, crescerão junto de nós, de
conformidade com as leis que regem a vida.
Livro Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito
Emmanuel, psicografia Francisco Cândido Xavier
NÃO TIRANIZES
"E, com muitas parábolas semelhantes, lhes dirigia a
palavra, segundo o que podiam compreender". (Marcos, 4:33).
Na difusão dos ensinamentos evangélicos, de quando em
quando encontramos pregadores rigorosos e exigentes.
Semelhante anomalia não se verifica apenas no quadro
geral do serviço. Na esfera particular, não raro, surgem amigos severos e
fervorosos que reclamam desesperadamente a sintonia dos afeiçoados com os
princípios religiosos que abraçaram.
Discussões acerbas se levantam, tocando a azedia
venenosa.
Belas expressões afetivas são abaladas nos fundamentos,
por ofensas indébitas.
Contudo, se o discípulo permanece realmente possuído pelo
propósito de união com o Mestre, tal atitude é fácil de corrigir.
O Senhor somente ensinava aos que o ouviam, "segundo
o que podiam compreender".
Aos apóstolos conferiu instruções de elevado valor
simbológico, enquanto que à multidão transmitiu verdades fundamentais, através
de contos simples. A conversação dEle diferia, de conformidade com as
necessidades espirituais daqueles que o rodeavam. Jamais violentou a posição
natural de ninguém.
Se estás em serviço do Senhor, considera os imperativos
da iluminação, porque o mundo precisa de servidores cristãos e, não, de tiranos
doutrinários.
Emmanuel - Livro: Pão Nosso. Psicografia de Francisco
Cândido Xavier.
PALAVRA DO SEMEADOR
Semeador da vida, semeia a boa semente,
Os corações na Terra assemelham-se, muitas vezes, à
própria terra.
Não amaldiçoarás o deserto porque exiba espetáculos de
secura.
Dar-lhe-ás o consolo da fonte.
Não esmagarás os próprios dedos nas pedras do campo.
Removerás o empecilho, amparando a eira.
Não impediras a lama do charco.
Alongarás ao pântano o socorro do dreno amigo.
Não agredirás o espinheiro.
Auxiliarás, feliz, a limpeza da gleba.
Nos caminhos do mundo, há muita gente também assim.
Almas ressecadas na ignorância, enrijecidas na
indiferença, atormentadas na sombra, perdidas na crueldade...
Não reclames, nem condenes.
Estende as mãos a serviço do amor e tanto quanto
possível, semeia sempre.
Não exijas, porém, que o fruto chegue hoje.
Primeiro, o suor do trabalho e a semente no solo.
Depois, a defesa laboriosa e a verdura tenra, pedindo
apoio.
Mais tarde, no entanto, surpreenderás, jubilosamente, a
alegria da flor e a benção do pão.
Emmanuel - Extraído do livro Bênçãos de Amor. Autores
Diversos - Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
FÉ
“Mas os cuidados deste mundo, os enganos das riquezas e
as ambições douras coisas, entrando, sufocam a palavra, que fica
infrutífera." Jesus - Marcos, 4:19
A árvore da fé viva não cresce no coração,
miraculosamente.
Qual acontece na vida comum, o Criador dá tudo, mas não
prescinde do esforço da criatura.
Qualquer planta útil reclama especial atenção no
desenvolvimento.
Indispensável cogitar-se do trabalho de proteção, auxílio
e defesa. Estacadas, adubos, vigilância, todos os fatores de preservação devem
ser postos em movimento, a fim de que o vegetal precioso atinja os fins a que
se destina.
A conquista da crença edificante não é serviço de menor
esforço.
A maioria das pessoas admite que a fé constitua milagrosa
auréola doada a alguns espíritos privilegiados pelo favor divino.
Isso, contudo, é um equívoco de lamentáveis
conseqüências.
A sublime virtude é construção do mundo interior, em cujo
desdobramento cada aprendiz funciona como orientador, engenheiro e operário de
si mesmo.
Não se faz possível à realização, quando excessivas
ansiedades terrestres, de parceria com enganos e ambições inferiores, torturam
o campo íntimo, à maneira de vermes e malfeitores, atacando a obra.
A lição do Evangelho é semente viva.
O coração humano é receptivo, tanto quanto a terra.
É imprescindível tratar a planta divina com desvelada
ternura e instinto enérgico de defesa.
Há muitos perigos sutis contra ela, quais sejam os
tóxicos dos maus livros, as opiniões ociosas, as discussões excitantes, o
hábito de analisar os outros antes do auto-exame.
Ninguém pode, pois, em sã consciência, transferir, de
modo integral, a vibração da fé ao espírito alheio, porque, realmente, isso é
tarefa que compete a cada um.
Emmanuel - Do livro Vinha de Luz. Psicografia de
Francisco Cândido Xavier.
FIRMEZA DA FÉ
"E os que estão sobre a pedra, estes são os que,
ouvindo a palavra, a recebem com alegria; mas, como não têm raiz, apenas crêem
por algum tempo, e, na época da tentação, se desviam." - Jesus. (Lucas, 8:13.)
A palavra “pedra”, entre nós, costuma simbolizar rigidez
e impedimento; no entanto, convém não esquecer que Jesus, de vez em quando, a
ela recorria para significar a firmeza. Pedro foi chamado pelo Mestre, certa
vez, a “rocha viva da fé”.
O Evangelho de Lucas fala-nos daqueles que estão sobre
pedra, os quais receberão a palavra com alegria, mas que, por ausência de raiz,
caem, fatalmente, na época das tentações.
Não são poucos os que estranham essa promessa de
tentações, que, aliás, devem ser consideradas como experiências
imprescindíveis.
Na organização doméstica, os pais cuidarão excessivamente
dos filhos, em pequeninos, mas a demasia de ternura é imprópria no tempo em que
necessitam demonstrar o esforço de si mesmos.
O chefe de serviço ensinará os auxiliares novos com
paciência e, depois, exigirá, com justiça, expressões de trabalho próprio.
Reconhecemos, assim, pelo apontamento de Lucas, que nas
experiências religiosas não é aconselhável repousar alguém sobre a firmeza
espiritual dos outros; enquanto o imprevidente descansa em bases estranhas,
provavelmente estará tranqüilo, mas, se não possui raízes de segurança em si
mesmo, desviar-se-á nas épocas difíceis, com a finalidade de procurar alicerces
alheios.
Tudo convida o homem ao trabalho de seu aperfeiçoamento e
iluminação.
Respeitemos a firmeza de fé, onde ela existir, mas não
olvidemos a edificação da nossa, para a vitória estável.
Francisco Cândido
Xavier Da obra: Caminho, Verdade e Vida. Ditado pelo Espírito Emmanuel
TEMPO CERTO
"...Aquele que semeia saiu a semeiar; e, enquanto
semeava, uma parte da semente caiu ao longo do caminho..." "...Mas
aquele que recebe a semente numa boa terra é aquele que escuta a palavra, que
lhe presta atenção e que dá fruto, e rende cento, ou sessenta, ou trinta por
um." (Cap. XVII, ítem 5)
Na vida, não existe antecipação nem adiamento, somente o
tempo propício de cada um. A humanidade, em geral, recebe as sementes do
crescimento espiritual a todo o instante. Constantemente, a "Organização
Divina" emite idéias de progresso e desenvolvimento, devendo cada
indivíduo absorver a sementeira de acordo com suas possibilidades e habilidades
existenciais.
A Natureza nos presenteia com uma diversidade incontável
de flores, que nos encantam e fascinam. Certamente, não se depreciaríamos
apenas por achar que vários botões já deveriam ter desabrochado dentro de um
prazo determinado por nós, nem as repreenderíamos por suas tonalidades não
serem todas iguais conforme nossa maneira de ver.
Nem poderíamos sequer compará-las com outras flores de
diferentes jardins, por estarem ou não mais viçosas. Deixemos que elas possam
germinar, crescer e florir, segundo sua natureza e seu próprio ritmo espontâneo.
Isso será sempre mais óbvio.
Parece racional que ofereçamos a quem amamos o mesmo
consentimento, porque cada ser tem seu próprio "marco individual" nas
estradas da vida, e não nos é permitido violentar sua maneira de entender,
comparando-o com outros, ou forçando-o com nossa impaciência para que
"cresçam" e "evoluam", como nós acharíamos que deveria ser.
Cada um de nós possui diferenças exteriores, tanto no
aspecto físico como na forma de se vestir, de sorrir, de falar, de olhar ou de
se expressar. Por que então haveríamos de crescer "a toque de caixa"?
Nossa ansiedade não faz com que as árvores dêem frutos
instantâneos, nem faz com que as roseiras floresçam mais céleres. Respeitemos,
pois, as possibilidades e as limitações de cada indivíduo.
Jesus, por compreender a imensa multiformidade
evolucional dos homens, exemplificou nessa parábola a "dissemelhança"
das criaturas, comparando-as aos diversos terrenos nos quais as sementes da
Vida foram semeadas.
As que caíram ao longo do caminho, e os pássaros as
comeram, representam as pessoas de mentalidade bloqueada restringida, que
recusam todas as possibilidades de conhecimento que as conteste, ou mesmo,
qualquer forma que venha modificar sua vida ou interferir em seus horizonte
existenciais. São seres de compreensão e aceitação diminuta ou quase nula. São
comparáveis aos atalhos endurecidos e macerados pela açao do tempo.
Outras sementes caíram em lugares pedregosos, onde não
havia muita terra, mas logo brotaram. Ao surgir o sol, queimaram-se porque a
terra era escassa e suas raízes não eram suficientemente profundas.
Foram logo ressecadas porque não suportaram o "calor
da prova"; e, por serem qualificadas como pessoas de convicção
"flutuante", torraram rapidamente seus projetos e intenções.
Nossas bases psicológicas foram recolhidas nas
experiências do ontem. São raízes do passado que nos dão manutenção no presente
para ir adiante, nos processos de iluminação interior. Quando os
"caules" não são suficientemente profundos e vetustos, há bloqueios
tanto em nossa consciência intelectual como na emocional. Um mecanismo opera de
forma a assimilar somente o que se pode digerir daquela informação ou
ensinamento recebido.
Assim, a disponibilidade de perceber a realidade das
coisas funciona nas bases do "potencial" e da "viabilidade
evolutiva" e, portanto, impor às pessoas que "sejam sensíveis"
ou que "progridam", além de desrespeito à individualidade, é fator
perigoso e destrutivo para exterminar qualquer tipo de relacionamento.
Os espinheiros que, ao crescer, abafaram as sementes
representam as "idéias sociais" que impermeabilizam a mentalidade dos
seres humanos, pois, no tempo do Mestre, as leis do "Torah"
asfixiavam e regulamentavam não somente a vida privada, mas também a pública.
Os indivíduos que não pensam por si mesmos acabam caindo
nos domínios das "normas e regras", sem poder erguer em demasia a sua
mente, restrita pelas idéias vigentes, o que os sentencia a viver numa
"frustração grupal", visto que seu grau de raciocínio não pode
ultrapassar os níveis permitidos pela comunidade.
Jesus de Nazaré combateu sistematicamente os
"espinhos da opressão" na pessoa daqueles que observavam com rigor
rituais e determinações das leis, em detrimento da pureza interior. Dessa
forma, Ele desqualificou todo espírito de casta entre as criaturas de sua
época.
As demais sementes, no entanto, caíram em boa terra e
deram frutos abundantes. O que é um "solo fértil"? Nossos patrimônios
de entendimento, de compreensão e de discernimento não ocorrem por acaso, porquanto
nenhum aprendizado nos envolverá profundamente se não estivermos dotados de
competência e habilidades propiciadoras.
A boa absorção ou abertura de consciência acontece
somente no momento em que não nos prendemos na forma. Aprofundarmo-nos no
conteúdo real quer dizer: "Quem não quebra a noz, só lhe vê a casca".
Mas para "quebrar a noz" é preciso senso e noção, base e atributos
que requerem tempo para se desenvolverem convenientemente.
A consciência da criatura, para que seja receptiva,
precisa estar munida de "despertamento natural" e
"amadurecimento psicológico".
Reforçando a idéia, examinemos o texto do apóstolo
Marcos, onde encontramos: "porque a terra por si mesma frutifica, primeiro
a erva, depois a espiga, e por último o grão cheio na espiga".
O Mestre aceitava plenamente a diversidade humana. Ele se
opunha a todo e qualquer "nivelamento psicológico" e, portanto,
lançou a Parábola do Semeador, a fim de que entendêssemos que o melhor apoio
que prestaríamos a nossos companheiros de jornada seria simplesmente esperar em
silêncio e com paciência.
Portanto, compreendamos que a nós, somente, compete
"semear"; sem esquecer, porém, que o crescimento e a fartura na
colheita dependem da "chuva da determinação humana" e do "solo
generoso" da psique do ser, onde houve a semeadura.
Livro: Renovando Atitudes - Hammed – Francisco do
Espírito Santo Neto
ESCUTANDO A ALMA
"Ouça quem tem ouvidos de ouvir." 0 Evangelho
Segundo Espiritismo - capítulo XVII-item 5
Os apontamentos aqui organizados constituem indicativas
às preces angustiadas de milhões de almas que anseiam a felicidade sem saber
como e o que fazer para alcançá-la.
Inúmeras dessas rogativas partem de corações queridos
iluminados com o conhecimento espírita. Aflitos uns, desanimados outros, apesar
do clarão do saber doutrinário, sentem-se frustrados ao examinarem sua vida
interior. Tarefas e orientação, prece e esforço, segundo suas súplicas, não têm
sido suficientes. Continuam, dia após dia, carregando o martírio mental sem
soluções ou alternativas de sossego e paz interior.
Adentramos o período da maioridade. O Espiritismo é uma
semente viçosa e promissora cultivada com sacrifício e renúncia por lavradores
heróicos. Contudo, de que servirá as sementes se não forem lançadas no terreno
fértil? É sob o Sol escaldante deste momento de transição que nos compete
lavrar o chão e dominar o arado para o plantio de um novo tempo na própria
intimidade.
O período de maioridade das idéias espíritas será
alcançado com a instauração das atitudes de amor em nossas relações. Para isso,
torna-se indispensável aprofundar a sonda da investigação mental no reino
subjetivo dos sentimentos.
Quando conseguirmos melhor desenvoltura para mapear nossa
vida moral com intenções nobres, renovaremos a conduta manifestando serenidade
e autocontrole. O caminho é universal. É o mesmo para todos: o bem e o amor.
A forma de caminhar, porém, é essencialmente individual,
particular.
A mensagem espírita, em muitas ocasiões, é difundida como
ameaça e recebida como tormenta por muitos adeptos. Ressaltam excessivamente as
feridas, estipulam rigidez de conduta e excessos normativos. Urge dar um
"novo sentido" à mensagem consoladora. A Doutrina Espírita é a Boa
Nova dos tempos modernos. Sua mais nobre característica consoladora somente
será comprovada quando seus postulados estiverem a serviço da libertação de
consciências, através da responsabilidade e do amor.
Nas preces angustiadas de muitos adeptos, ouvimos as
indagações: "O que me falta fazer para ser feliz?", "Onde estou
falhando?", "Será uma obsessão que me persegue?", "Por que
me encontro assim?", "Não deveria estar melhor?", "Como
harmonizar padrões doutrinários com sentimentos pessoais?." E as questões
multiplicam ao infinito traduzindo apelos comoventes e dúvidas sinceras.
A pedido de Doutor Bezerra de Menezes - amorável tutor
das dores humanas - destinamos ao mundo físico este volume singelo. Aqui
anotamos alguns ensinos inesquecíveis que marcaram a visita de uma semana do
instrutor Calderaro ao Hospital Esperança, cuja missão foi a realização de
serviços complexos nas mais profundas plagas de sofrimento da erraticidade.
Nossos núcleos de amor cristão e espírita alicerçaram bases
seguras para a informação doutrinária no século XX. Compete-nos agora semear o
afeto, as propostas renovadoras do coração, o desenvolvimento das habilidades
emocionais. O século XXI é o século do sentimento.
Trabalhar pelo desenvolvimento dos potenciais e das
virtudes humanas, esse o objetivo sagrado da mensagem imortalista do
Espiritismo no século XXI. Educar para ser, educar para conviver bem consigo,
educar para ser feliz, eis os pilares da harmonia interior e da felicidade à
luz do Espírito imortal neste século do coração.
A informação consola e instrui. A transformação liberta e
moraliza.
A informação impulsiona. A transformação descobre.
Os informados pensam. Os transformados criam.
A teoria impulsiona a busca de novos valores. A
reeducação dos sentimentos enseja a paz interior.
As diretrizes doutrinárias estimulam convenções que
servem de limites disciplinadores. A renovação da sensibilidade conduz-nos ao
encontro da singularidade que permite a plenitude íntima.
Inteligência - o instrumento evolutivo para as conquistas
de fora. Sentimento - conquista evolutiva para aquisições íntimas.
Na acústica da alma existem mensagens sobre o Plano do
Criador para nosso destino. Aprender a ouvi-las é exercitar, diariamente, a
plena atenção aos ditames libertadores dos sentimentos.
Interferências internas e externas subtraem-nos,
constantemente, a apreensão desses "recados do coração".
Escutar os sentimentos não significa adotá-los
prontamente, mas aceitá-los em nossa intimidade e criar uma relação amigável
com todos eles. Aceitá-los sem reprimir ou se envergonhar. Essa atitude é o
primeiro passo para um diálogo educativo com nosso mundo íntimo. Somente assim
teremos uma conexão com nossa real identidade psicológica, possibilitando a
rica aventura do autodescobrimento no rumo da singularidade - a identidade
cósmica do Espírito.
Escutar os sentimentos é cuidar de si, amar a si mesmo.
E' uma mudança de atitude consigo. O ato de existir ocorre no sentimento. Quem
pensa corretamente sobrevive; quem sente nobremente existe.
O pensamento é a janela para a realidade; o sentimento é
o ponto de encontro com a Verdade. E' pela nossa forma de sentir a vida que nos
tornamos singulares, únicos e celebramos a individualidade.
Quando entramos em sintonia com nossa exclusividade e
manifestamos o que somos, a felicidade acontece em nossas vidas.
O sentimento é a maior conquista evolutiva do Espírito.
Aprendendo a escutá-lo, estaremos entendendo melhor a nossa alma. Não existe um
só sentimento que não tenha importância no processo do crescimento pessoal.
Quando digo a mim mesmo "não posso sentir isto", simplesmente estou
desprezando a oportunidade de auto-investigação, de saber qual é ou quais são
as mensagens profundas da vida mental.
O exercício do auto-amor está em aprender a ouvir a
"voz do coração", pois nele residem os ditames para nossa paz e
harmonia.
Os sentimentos são guias infalíveis da alma na sua busca
de ascensão e liberdade. O auto-amor consiste na arte de aprender a escutá-los,
estudar a linguagem do coração.
Pela linguagem dos sentimentos, entendemos o
"apoio" do universo a nosso favor. Mas como seguir nossos sentimentos
com tantas ilusões? Eis a ingente tarefa de nossos grêmios de amor
espírita-cristão: educar para ouvir nossos sentimentos. Radiografar nosso
coração. Desenvolver estudos sistematizados de si mesmo.
Temos nos esforçado tanto quanto possível para aplicar as
orientações da doutrina com nosso próximo. Mas... E nós? Como cuidar de nós
próprios? A proposta libertadora de Jesus estabelece: "amai ao
próximo", e acrescenta: "como a ti mesmo".
Os impulsos do self não atendidos, com o tempo, transformam-se
em tristeza, angústia, desânimo, mau-humor, depressão, irritação, melindre e
insatisfação crônica.
Além dos fatores de ordem evolutiva, encontramos gravames
sociais para a questão da baixa auto-estima.
As gerações nascidas na segunda metade do século XX
atingem o alvorecer do século XXI com "feridas psicológicas"
profundas resultantes de uma sociedade repressiva, cujas relações de amor, com
raras e heróicas exceções, foram vividas de modo condicional através de
exigências. Para ser amada, a criança teve que atender a estereótipos de
conduta. Um amor compensatório. Um rigor que afasta o ser humano de sua
individualidade soterrando sua vocação, seus instintos, suas habilidades e até
mesmo imperfeições. O pior efeito dessa repressão social é a distância que se
criou dos sentimentos.
Essa geração pós-guerra vive na atualidade o conflito
decorrente de céleres mudanças na educação e na ciência, que constrange ao
gigantesco desafio de responder à intrigante questão: quem sou eu?
Paciência, atenção, perdão, tolerância, não julgamento,
caridade e tantos outros ensinos do Evangelho que procuramos na relação com o
próximo, devem ser aplicados, igualmente, a nós mesmos.
Então surge a pergunta: como?
Distante de nós a pretensão de responder. Nossa proposta
consiste em oferecer alguns subsídios para pensarmos juntos sobre essa questão.
Moveu-nos apenas o sentimento de ser útil, compartilhar vivências que suscitem
o debate, a reflexão conjunta, a meditação e o estudo em nossos grupos de amor
espírita e cristão. Grupos dispostos a compreender a linguagem emocional sob a
ótica da imortalidade.
Temos no Hospital Esperança os grupos de reencontro, que
são atividades de psicologia da alma com fins terapêuticos e educacionais -
verdadeiras oficinas do sentimento.
No plano físico, atividades similares poderão constituir
uma autêntica pedagogia de contextualização para a mensagem de amor contida no
Evangelho e na codificação Kardequiana.
Nestas páginas oferecemos alguns enfoques elementares para
a composição de grupos de estudos à luz da mensagem renovadora do Espiritismo,
cujo objetivo seja discutir o ingente desafio de aprender a amar a nós mesmos
tanto quanto merecemos, promovendo o desenvolvimento pessoal à luz da
imortalidade. Grupos de reencontro que se estruturem como encantadoras oficinas
do coração.
Nossos textos nada possuem de conclusivos. Ao contrário,
são sugestões singelas com intuito de serem debatidos, pesquisados e
contestados, visando ampliação do entendimento e uma reformulação de conceitos
sobre a arte de sentir e viver. Exaramos algumas idéias que nos auxiliam a
pensar em nosso bem sem sermos egoístas, conquistarmos autonomia sem vaidade,
galgarmos os degraus do auto-amor sem arrogância.
Fique claro: auto-amor não é treinar o pensamento para
beneficiar a si, mas educar o sentimento para "escutar" Deus em nós.
Descobrir nosso valor pessoal na Obra da Criação.
Tecemos nossas considerações inspiradas em O Evangelho
Segundo o Espiritismo. As palavras imorredouras da Boa Nova constituem o cânone
mais completo de psicologia da felicidade para os habitantes do planeta Terra.
Façamos o mergulho interior na fala do Mestre:
"Ouça quem tem ouvidos de ouvir."
Em outra ocasião (...) voltou-se para a multidão, e
disse: quem tocou nas minhas vestes? (...,) Escutando e auscultando o coração
feminino que lhe procurou rico de sensibilidade e afeto.
Escutemos a alma e suas manifestações no coração!
Celebremos a experiência de amarmo-nos tanto quanto merecemos!
O eminente Doutor Carl Gustav Jung asseverou:
"Nenhuma circunstância exterior substitui a
experiência interna. E é só à luz dos acontecimentos internos que entendo a mim
mesmo. São eles que constituem a singularidade de minha vida ".
Escutemos os sentimentos e nossa vida terá mais encanto,
alegria e paz.
Nutrida pelas melhores esperanças de cooperar e servir,
destino aos leitores e amigos de ideal um abraço afetuoso.
SELF
"E' o arquétipo da totalidade, isto é, tendência
existente no inconsciente de todo ser humano à busca do máximo de si mesmo e ao
encontro com Deus. E' o centro organizador da psique. E' o centro do aparelho
psíquico, englobando o consciente e o inconsciente. Como arquétipo, se
apresenta nos sonhos, mitos e contos de fadas como uma personalidade superior,
como um rei, um salvador ou um redentor. E' uma dimensão da qual o ego evolui e
se constitui. 0 Self é o arquétipo central da ordem, da organização. São
numerosos os símbolos oníricos do Self a maioria deles aparecendo como figura
central no sonho." (trecho extraído da obra "Mito Pessoal e Destino
Humano" do escritor espírita e psicólogo Adenáuer Novaes)
Prefácio do Livro: Escutando Sentimentos - Ermance Dufaux
- Wanderley S. Oliveira
PARÁBOLA DO
SEMEADOR
Afluindo uma grande multidão e vindo ter com Ele gente de
todas as cidades, disse Jesus em parábola:
“Saiu o Semeador para semear a sua semente. E quando
semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho; foi pisada, e as aves do
Céu a comeram. Outra caiu sobre a pedra; e tendo crescido, secou, porque não havia
umidade. Outra caiu no meio dos espinhos; e com ela cresceram os espinhos, e
sufocaram-na. E a outra caiu na boa terra, e, tendo crescido, deu fruto a cento
por um. Dizendo isto clamou: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
Os seus discípulos perguntaram-lhe o que significava esta
parábola. Respondeu-lhes Jesus: A vós vos é dado conhecer os mistérios do Reino
de Deus, mas aos outros se lhes fala em parábolas, para que vendo não vejam; e
ouvindo não entendam:” O sentido da parábola é este:
“A semente é a Palavra de Deus. Os que estão à beira do
caminho são os que têm ouvido; então vem o Diabo e tira a Palavra dos seus
corações, para que não suceda que, crendo, sejam salvos. Os que estão sobre a
pedra são os que, depois de ouvirem, recebem a Palavra com gozo; estes não têm raiz
e crêem por algum tempo, mas na hora da provação voltam atrás. A parte que caiu
entre os espinhos, estes são os que ouviram, e, indo seu caminho, são sufocados
pelos cuidados, riquezas e deleites da vida e o seu fruto não amadurece. E a
que caiu na boa terra, estes são os que, tendo ouvido a palavra com coração
reto e bom, a retêm e dão frutos com
perseverança.” (Mateus, XIII, 1-9 - Marcos, IV, 1-9 -
Lucas, VIII, 4-15.)
A Parábola do Semeador é a parábola das parábolas:
sintetiza os caracteres predominantes em todas as almas, ao mesmo tempo que nos
ensina a distingui-las pela boa ou má vontade com que recebem as novas espirituais.
Pelo enredo do discurso vemos aqueles que, em face a
Palavra de Deus, são “beiras de caminho” onde passam todas as idéias grandiosas
como gentes nas estradas, sem gravarem nenhuma delas; são “pedras” impenetráveis
às novas idéias, aos conhecimentos liberais; são “espinhos” que sufocam o
crescimento de todas as verdades, como essas plantas espinhosas que estiolam e
matam os vegetais que tentam crescer, nas suas proximidades.
Mas se assim acontece para o comum dos homens, como para
a grande parte de terra improdutiva, que faz arte do nosso mundo, também se distingue,
dentre todos, uma plêiade de espíritos de boa vontade, que ouvem a Palavra de
Deus, põem-na por obra, e, dessa semente bendita resulta tão grande produção
que se pode contar a cento por uma”.
De maneira que a “semente” é a palavra de Deus, Lei do
Amor que abrange a Religião e a Ciência, a Filosofia e a Moral, inclusive os “Profetas”
e se resume no ditame cristão: “Adora a Deus e faze o bem até aos teus próprios
inimigos.”
A Palavra de Deus, a “semente”, é uma só, quer dizer, é
sempre a mesma que tem sido apregoada em toda arte, desde que o homem se achou em
condições de recebê-la. E se ela não atua com a mesma eficácia em todos, deriva
esse fato da variedade e da desigualdade de espíritos que existem na Terra; uns
mais adiantados, outros mais atrasados; uns propensos ao bem, à caridade, à
liberalidade, à fraternidade; outros propensos ao mal, ao egoísmo, ao orgulho,
apegados aos bens terrenos, às diversões passageiras.
A terra que recebe as sementes, representa o estado
intelectual e moral de cada um: “beira do caminho, pedregal, espinhal e terra
boa”.
Acresce ainda que nem todos os pregoeiros da Palavra a
apregoam tal como ela é, em sua simplicidade e despida de formas enganosas. Uns
revestem-na de tantos mistérios, de tantos dogmas, de tanta retórica; ornam-na
com tantas flores que, embora a “palavra permaneça”, fica obscurecida,
enclausurada na forma, sem que se lhe possa ver o fundo, o âmago, a essência!
Muitos a pregam por interesse, como o “mercenário que
semeia”; outros por vangloria, e, grande parte, por egoísmo.
Nestes casos não dissipam as trevas, mas aumentam-nas;
não abrandam corações, mas endurece-os; não anunciam a Palavra, mas dela fazem
um instrumento para receber ouro ou glórias.
Para pregar e ouvir a Palavra, é preciso que não a
rebaixemos, mas a coloquemos acima de nós mesmos; porque aquele que despreza a
Palavra, anunciando-a ou ouvindo-a, despreza o seu Instituidor, e, como disse
Ele:
“Quem me despreza e não recebe as minhas palavras, tem
quem o julgue; a Palavra que falei, esta o julgará no último dia: Sermo, quem
locutus sum, ille judicabit eum in novíssimo dia.” (João, XII, 48.)
Que belíssimo quadro apresenta-se às nossas vistas,
quando, animados pelo sentimento do bem e da nossa própria instrução
espiritual, lemos, com atenção, a Parábola do Semeador! A nossa frente
desdobra-se vasto campo, onde aparece a extraordinária Figura do Excelso
Semeador, o maior exemplificador do amor de todas as idades, e aquele
monumental Sermão ressoa aos nossos ouvidos, convidando-nos à prática das
virtudes
ativas, para o gozo das bem-aventuranças eternas!
O Espiritismo, filosofia, ciência, religião, independente
de todo e qualquer sectarismo, é a doutrina que melhor nos põe a par de todos
esses ditames, porque, ao lado dos salutares ensinos, faz realçar a
sobrevivência humana, base inamovível da crença real que aperfeiçoa, corrige e
felicita!
Que os seus adeptos, compenetrados dos deveres que
assumiram, semelhantes ao Semeador, levem, a todos os lares, e plantem em todos
os corações, a Semente da fé que salva, erguendo bem alto essa Luz do
Evangelho, escondida sob o alqueire dos dogmas e dos
falsos ensinos que tanto têm prejudicado a Humanidade!
CAIRBAR SCHUTEL – PARÁBOLAS E ENSINOS DE JESUS
NA SEMENTEIRA DA VIDA
Descerra, o santuário da própria mente ao fulgor da Luz
Espiritual que nos clareou a inteligência, a fim de que possas semear um novo
destino à distância das sombras.
O pensamento é o embrião de toda a lavoura do espírito e
do espírito dimanam todas as leis e todas as forças que garantem a excelcitude
da vida e o equilíbrio do Cosmos.
Nossa mente é a matriz dos valores destinados à nossa
plantação de dons inefáveis para a imortalidade.
Toda colheita obedecerá a sementeira, tanto quanto as
nossas realizações se expressarão, onde estivermos, segundo pensarmos.
Arroja da lâmpada viva da idéia os raios de amor que
possam trazer, em teu benefício, o Amor que preside os mecanismos do Universo.
Não esperes uma galeria de triunfo entre os homens para
emitir a força silenciosa que te reajustará o caminho.
Toda viagem começa de um passo.
Toda caridade encontra início na gentileza.
Aprendamos a semear mentalmente, renovando-nos para o
Supremo Bem.
Lancemos pensamentos de paz e bondade, compreensão e
auxílio, ao redor de nós mesmos.
Não te limites, porém, a pensar.
Traduze a harmonia do campo interior, através da palavra
e do serviço, mobilizando a palavra construtiva na plantação de conhecimento
superior e movimentando as mãos no cultivo da fraternidade.
A luz que nos orienta a estrada evolutiva deve partir da
estática da beleza para a dinâmica da ação.
Cristo, o Mestre dos Mestres, guardou, acima de tudo, a
Mente nos desígnios do Pai e Criador, desdobrando-se no ideal de servir,
sustentando o verbo e os braços na construção do Bem sem limites.
Se estamos esposando o Evangelho por abençoado roteiro de
nossa peregrinação para os altiplanos da vida, esqueçamos o mal que nos tem
perturbado a romagem, para fixar nossos melhores propósitos no ensinamento do
Cristo, a fim de nos convertermos em instrumento para a sua excelsa extensão.
Do Livro: Abrigo de Francisco Cândido Xavier, pelo
Espírito Emmanuel
O ENSINO DA SEMENTEIRA
Certo fazendeiro, muito rico, chamou o filho de quinze
anos e disse-lhe:
- Filho meu, todo homem apenas colherá daquilo que
plante. Cuida de fazer bem a todos, para que sejas feliz.
O rapaz ouviu o conselho e, no dia imediato, muito
carinhosamente alojou minúsculo cajueiro em local não distante da estrada que
ligava o vilarejo próximo à propriedade paternal.
Decorrida uma semana, tendo recebido das mãos paternas um
presente em dinheiro, foi à vila e protegeu pequena fonte natural,
construindo-lhe conveniente abrigo com a cooperação de alguns poucos
trabalhadores, aos quais recompensou generosamente.
Reparando que vários mendigos por ali passavam, ao
relento, acumulou as dádivas que recebia dos familiares e, quando completou
vinte anos, edificou reconfortante albergue para asilar viajores sem recursos.
Logo após, a vida lhe impôs amargurosas surpresas.
Sua Mãezinha morreu num desastre e o Pai, em virtude das
perseguições de poderosos inimigos na luta comercial, empobreceu rapidamente,
falecendo em seguida. Duas irmãs mais velhas casaram-se e tomaram diferentes
rumos.
O rapaz, agora sozinho, embora jamais esquecesse os
conselhos paternos, revoltou-se contra as idéias nobres e partiu mundo a fora.
Trabalhou, ganhou enorme fortuna e gastou-a, gozando os
prazeres inúteis.
Nunca mais cogitou de semear o bem.
Os anos se desdobraram uns sobre os outros.
Entregue à idade madura, dera-se ao vício de jogar e
beber.
Muita vez, o Espírito de seu pai se aproximava,
rogando-lhe cuidado e arrependimento. O filho registrava-lhe os apelos em forma
de pensamentos, mas negava-se a atender. Queria somente comer à vontade e beber
nas casas ruidosas, até à madrugada.
Acontece, porém, que o equilíbrio do corpo tem limites e
sua saúde se alterou de maneira lamentável. Apareceram-lhe feridas por todo o
corpo. Não podia alimentar-se regularmente. Perdeu a fortuna que possuía,
através de viagens e tratamentos caros. Como não fizera afeições, foi relegado
ao abandono. Branquejaram-se-lhe os cabelos. Os amigos das noitadas alegres
fugiram dele; envergonhado, ausentou-se da cidade a que se acolhera e
transformou-se em mendigo.
Peregrinou por muitos lugares e por muitos climas, até
que, um dia, sentiu imensas saudades do antigo lar e voltou ao pequeno burgo
que o vira crescer.
Fez longa excursão a pé. Transcorridos muitos dias,
chegou, extenuado, ao sítio de outro tempo.
O cajueiro que plantara convertera-se em árvore dadivosa.
Encantado, viu-lhe os frutos tentadores. Aproveitou-os para matar a própria
fome e seguiu para a vila. Tinha sede e buscou a fonte. A corrente cristalina,
bem protegida, afagou-lhe a boca ressequida.
Ninguém o reconheceu, tão abatido estava.
Em breve, desceu a noite e sentiu frio. Dois homens
caridosos ofereceram-lhe os braços e conduziram-no ao velho asilo que ele mesmo
construíra. Quando entrou no recinto, derramou muitas lágrimas, porque seu nome
estava gravado na parede com palavras de louvor e bênção.
Deitou-se, constrangido, e dormiu.
Em sonho, viu o Espírito do pai, junto a ele, exclamando:
- Aprendeste a lição, meu filho? Sentiste fome e o
cajueiro te alimentou; tiveste sede e a fonte te saciou; necessitavas de asilo
e te acolheste ao lar que edificaste em favor dos que passam com destino
incerto...
Abraçando-o, com ternura, acrescentou:
- Por que deixaste de semear o bem?
O interpelado nada pôde responder. As lágrimas
embargavam-lhe a voz, na garganta.
Acordou, muito tempo depois, com o rosto lavado em
pranto, e, quando o encarregado do abrigo lhe perguntou o que desejava,
informou simplesmente:
- Preciso tão-somente de uma enxada... Preciso recomeçar
a ser útil, de qualquer modo.
Francisco Cândido Xavier. Da obra: Alvorada Cristã. Ditado
pelo Espírito Neio Lúcio.
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