1 – E chegaram-se a ele os fariseus, tentando-o e
dizendo: É porventura lícito a um homem repudiar a sua mulher, por qualquer
causa? Ele, respondendo, lhes disse: Não tendes lido que quem criou o homem,
desde o princípio os fez macho e fêmea? E disse: Por isso, deixará o homem pai
e mãe, e ajuntar-se-á com sua mulher, e serão dois numa só carne. Assim que já
não são dois, mas uma só carne. Não separe logo o homem o que Deus ajuntou.
Replicaram-lhe eles: Pois por que mandou Moisés dar o homem à sua mulher carta
de desquite, e repudiá-la? Respondeu-lhes: Porque Moisés, pela dureza de vossos
corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres, mas ao princípio não foi
assim. Eu, pois, vos declaro, que todo aquele que repudiar sua mulher, se não for
por causa da fornicação, e casar com outra, comete adultério, e o que se casar
com a que o outro repudiou, comete adultério. (Mateus, XIX: 3-9)
2 – A não ser o que procede de Deus, nada é imutável no
mundo. Tudo o que procede do homem está sujeito a mudanças. As leis da natureza
são as mesmas em todos os tempos e em todos os países; as leis humanas, porém,
modificam-se segundo os tempos, os lugares, e o desenvolvimento intelectual. No
casamento, o que é de ordem divina é a união conjugal, para que se opere a
renovação dos seres que morrem. Mas as condições que regulam essa união são de
tal maneira humanas, que não há em todo o mundo, e mesmo na cristandade, dois
países em que elas sejam absolutamente iguais, e não há mesmo um só em que elas
não tenham sofrido modificações através dos tempos. Resulta desse fato que,
perante a lei civil, o que é legítimo num país e m certa época, torna-se
adultério noutro país e noutro tempo. Isso porque a lei civil tem por fim
regular os interesses familiais e esses interesses variam segundo os costumes e
as necessidades locais. É assim, por exemplo, que em certos países o casamento
religioso é o único legítimo, enquanto em outros o casamento civil é
suficiente.
3 – Mas, na união conjugal, ao lado da lei divina
material, comum a todos os seres vivos, existe outra lei divina, imutável como
todas as leis de Deus, e exclusivamente moral, que é a lei do amor. Deus quis
que os seres se unissem, não somente pelos laços carnais, mas também pelos da
alma, a fim de que a mútua afeição dos esposos se estenda aos filhos, e para
que sejam dois, em vez de um, a amá-los, tratá-los e fazê-los progredir. Nas
condições ordinárias do casamento, é levada em conta a lei do amor?
Absolutamente! Não se consulta o sentimento mútuo de dois seres, que se atraem
reciprocamente, pois na maioria das vezes, esse sentimento é rompido. O que se
procura não é a satisfação do coração, mas a do orgulho, da vaidade, da
cupidez, numa palavra: todos os interesses materiais. Quando tudo corre bem,
segundo esses interesses, diz-se que o casamento é conveniente, e quando as
bolsas estão bem equilibradas, diz-se que os esposos estão igualmente
harmonizados e devem ser muito felizes.
Mas nem a lei civil, nem os compromissos que ela
determina, podem suprir a lei do amor, se esta não presidir à união. Disso
resulta freqüentemente, que aquilo que se uniu à força, por si mesmo se separa,
e que o juramento pronunciado ao pé do altar se torna um prejuízo, se foi dito
como simples fórmula. São assim as uniões infelizes, que se tornam criminosas.
Dupla desgraça, que se evitaria se, nas condições do matrimônio, não se
esquecesse à única lei que o sanciona aos olhos de Deus: a lei do amor. Quando
Deus disse: “Serão dois numa só carne”, e quando Jesus advertiu: “Não separe o
homem o que Deus juntou”, isso deve ser entendido segundo a lei imutável de
Deus, e não segundo a lei instável dos homens.
4 – A lei civil seria então supérflua, e deveríamos
retornar aos casamentos segundo a natureza? Não, certamente. Porque a lei civil
tem por fim regular as relações sociais e os interesse familiais, segundo as
exigências da civilização, e eis porque ela é útil, necessária, mas variável.
Deve ela ser previdente, porque o homem civilizado não pode viver como o
selvagem. Mas nada, absolutamente, impede que ela seja um corolário da lei de
Deus. Os obstáculos ao cumprimento da lei divina decorrem dos preconceitos
sociais e não da lei civil. Esses preconceitos, embora ainda vivazes, já
perderam o seu domínio sobre os povos esclarecidos, e desaparecerão com o
progresso moral, que abrirá finalmente os olhos dos homens para os males
incontáveis, as faltas, e até mesmo os crimes que resultam das uniões
contraídas com vistas apenas aos interesses materiais. E um dia se perguntará
se é mais humano, mais caridoso, mais moral, ligar um ao outro, dois seres que
não podem viver juntos, ou restituir-lhes a liberdade; se a perspectiva de uma
cadeia indissolúvel não aumenta o número das uniões irregulares.
TEXTOS DE APOIO
APOIO AFETIVO
Chico Xavier
“Os temas em foco eram os assuntos atuais da família,
destacando-se o divórcio. Depois de muitas opiniões contraditórias, no início
das tarefas, O Evangelho Segundo o Espiritismo nos ofereceu para estudo o item
2 do capítulo XXII sobre as questões que preocupavam a assembléia de
freqüentadores de nossos trabalhos.
No término da reunião nosso caro Emmanuel escreveu os
apontamentos a que intitulou “Divórcio e Lar” que passo às suas mãos.”
NOTA – O capítulo XXII de O Evangelho Segundo o
Espiritismo tem por título: “Não separeis o que Deus juntou”. Examinando o
problema do divórcio, ante o dogma da indissolubilidade do casamento, Kardec
estuda os versejá-los de 3 a 9 do capítulo XIX do Evangelho de Mateus,
esclarecendo de início: “A não ser o que procede de Deus, nada é imutável no
mundo. Tudo o que procede do homem está sujeito a mudanças”.
Logo mais afirma: “No casamento o que é de ordem divina é
a união conjugal, para que se opere a renovação dos seres que morrem. Mas as
condições que regulamentam essa união são de tal maneira humanas que não há, em
todo o mundo, e mesmo na Cristandade, dois países em que elas sejam
absolutamente iguais. E não há mesmo um só país em que não tenham sofrido modificações
através do tempo”.
Conclui Kardec que na união conjugal a lei divina é o
amor, acentuando: “Deus quis que os seres se unissem não somente pelos laços
carnais, mas também pelos laços da alma, a fim de que a mútua afeição dos
esposos se estenda aos filhos”.
Do livro Na Era do Espírito. Psicografia de Francisco C.
Xavier e Herculano Pires. Espíritos Diversos
DIVORCIO E LAR
Emmanuel
Indubitavelmente o divórcio é compreensível e humano,
sempre que o casal se encontre à beira da loucura ou da delinqüência .
Quando alguém se aproxima, reconhecidamente, da
segregação no cárcere ou no sanatório especializado em terapias da mente,
através de irreflexões com que assinala a própria insegurança, é imperioso se
lhe estenda recurso adequado ao reequilíbrio.
Feita a ressalva, e atentos que devemos estar aos
princípios de causa e efeito que nos orientam nas engrenagens da vida, é
razoável se peça aos cônjuges o máximo esforço para que não venham a
interromper os compromissos a que se confiaram no tempo. Para que se atenda a
isso é justo anotar que, muitas vezes, o matrimônio, à feição de organismo vivo
e atuante, adoece por desídia de uma das partes.
Dois seres, em se unindo no casamento, não estão
unicamente chamados ao rendimento possível da família humana e ao progresso das
boas obras a que se dediquem, mas também e principalmente - e muito
principalmente - ao amparo mútuo.
Considerado o problema na formulação exata, que dizer do
homem que, a pretexto de negócio e administração, lutas e questões de natureza
superficial, deixasse a mulher sem o apoio afetivo em que se comprometeu com
ela ao buscá-la, a fim de que lhe compartilhasse a existência?
E que pensar da mulher que, sob a desculpa de obrigações
religiosas e encargos sociais, votos de amparo a causas públicas e
contrariedades da parentela, recusasse o apoio sentimental que deve ao
companheiro, desde que se decidiu a partilhar-lhe o caminho?
Dois corações que se entregam um ao outro, desde que se
fundem nas mesmas promessas e realizações recíprocas, passam a responder, de
maneira profunda, aos impositivos de causa e efeito, dos quais não podem
efetivamente escapar.
Todos sabemos que no equilíbrio emocional, entre os
parceiros que se responsabilizam pela organização doméstica, depende
invariavelmente a felicidade caseira.
Por isso mesmo, no diálogo a que somos habitualmente
impelidos, no intercâmbio com os amigos encarnados na Terra, acerca do
relacionamento de que carecemos na sustentação da tranqüilidade de uns para com
os outros, divórcio e lar constituem temas que não nos será lícito esquecer.
Se te encontras
nas ondas pesadas da desarmonia conjugal, evoluindo para o divórcio ou qualquer
outra espécie de separação, não menosprezes buscar alguma ilha de silêncio a
fim de pensar.
Considera as próprias atitudes e, através de criterioso
auto-exame, indague por teu próprio comportamento na área afetiva em que te
comprometeste, na garantia da paz e da segurança emotiva da companheira ou do
companheiro que elegeste para a jornada humana. E talvez descubras que a causa
das perturbações existentes reside em ti mesmo. Feito isso, se trazes a
consciência vinculada ao dever, acabarás doando ao coração que espera por teu
apoio, a fim de trabalhar e ser feliz, a quota de assistência que se lhe faz
naturalmente devida em matéria de alegria e tranqüilidade, amor e compreensão.
Do livro Na Era do
Espírito. Psicografia de Francisco C. Xavier e Herculano Pires. Espíritos
Diversos
O QUE DEUS JUNTOU
Irmão Saulo
É a lei do amor que une as almas. Os casamentos de
interesse ou conveniência ligam apenas os corpos, quando os ligam. “O juramento
pronunciado ao pé do altar se torna um perjúrio, se foi dito como simples
fórmula”, ensina O Evangelho Segundo o Espiritismo. Disso resulta que há
casamentos indissolúveis porque determinados pela lei do amor, que é lei de
Deus, mas também existem casamentos insustentáveis porque feitos segundo as
leis variáveis dos homens, obedecendo a interesses e conveniências puramente
humanos ou a ilusões passageiras dos sentidos.
Essa a razão principal da separação de casais. O que Deus
juntou pelo amor permanece unido pela própria força do amor. E se alguém o
separar estará cometendo uma ação contrária à vontade divina. Mas o que os
homens juntaram por interesse não tem estabilidade. Por isso os próprios homens
criaram leis humanas que preservem a sociedade da desagregação produzida pelas
separações inevitáveis. Kardec ensina: “O divórcio é uma lei humana, cuja
finalidade e separar legalmente o que já estava separado de fato. Não é
contrário à lei de Deus, pois só reforma o que os homens fizeram”.
Os que acusam o Espiritismo de divorcista não conhecem a
posição verdadeira da doutrina ante esse problema. Manter a união legal de um
casal já de fato separado é atentar contra a moral da sociedade, pois os casais
separados se renovam com a formação de dois novos casais, ambos ilegítimos, dos
quais resultarão naturalmente os filhos ilegítimos. Isso é um mal social, uma
doença da sociedade, para a qual só existe um remédio que é o divórcio,
legalizando a separação e permitindo a legitimidade dos novos lares
constituídos. O Espiritismo é realista, vê as coisas como elas são e não como
queríamos que fossem.
Mas, como vemos na mensagem de Emmanuel, o Espiritismo só
admite o divórcio nos casos extremos, ensinando que as obrigações morais
assumidas na vida terrena têm a sanção da lei divina de causa e efeito, de ação
e reação. Jesus mesmo permitiu o divórcio, como vemos em Mateus, XIX:3-9. For
causa dessa permissão evangélica a legislação do divórcio no Estado de Nova
York só admite como motivo o adultério. As pessoas interessadas no
esclarecimento do assunto devem ler o capítulo XXII de O Evangelho Segundo o
Espiritismo.
Do livro Na Era do Espírito. Psicografia de Francisco C.
Xavier e Herculano Pires. Espíritos Diversos
MATRIMÔNIO E
DIVÓRCIO
Chico Xavier
“Em nossa reunião pública, o ponto oferecido à assembléia
de amigos foi o item 4 do capítulo XXII de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
As opiniões expostas pelos comentaristas foram as mais diversas, todas elas,
porém, denotando o propósito de acertarmos no Bem, na esfera de nossas atitudes
domésticas, especialmente sobre matrimonio e divórcio.
Como sempre sucede, na fase terminal de nossas tarefas o
nosso caro Emmanuel escreveu a página que se intitula “Casar-se”. Algumas
senhoras presentes, alegando desejar a continuidade dos mesmos estudos sobre o
tema nas cidades em que residem solicitaram seja a mensagem do nosso Amigo
Espiritual enviada às suas mãos para os seus abençoados comentários.
Cumpro, assim, com muito prazer, o que prometi às nossas
irmãs.”.
Do livro Na Era do
Espírito. Psicografia de Francisco C. Xavier e Herculano Pires. Espíritos
Diversos
CASAR-SE
Emmanuel
Não basta casar-se. Imperioso saber para quê.
Dirás provavelmente que a resposta é óbvia, que as
criaturas abraçam o matrimônio por amor.
O amor, porém, reclama cultivo. E a felicidade na
comunhão afetiva não é prato feito e sim construção do dia-a-dia.
As leis humanas casam as pessoas para que as pessoas se
unam segundo as Leis Divinas.
Se desposaste alguém que te constituía o mais belo dos
sonhos e se encontras nesse alguém o fracasso do ideal que acalentaste, é
chegado o tempo de trabalhares mais intensivamente na edificação dos planos que
ideaste de início.
Ergueste o lar por amor e tão-só pelo amor conseguirás
conservá-lo.
Não será exigindo tiranicamente isso ou aquilo de quem te
compartilha o teto e a existência que te desincumbirás dos compromissos a que
te empenhaste.
Unicamente doando a ti mesmo em apoio da esposa ou do
esposo é que assegurarás a estabilidade da união em que investiste os melhores
sentimentos.
Se sabes que a tolerância e a bondade resolvem os
problemas em pauta, a ti cabe o primeiro passo a fim de patenteá-las na
vivência comum, garantindo a harmonia doméstica.
Inegavelmente não se te nega o direito de adiar
realizações ou dilatar o prazo destinado ao resgate de certos débitos, de vez
que ninguém pode aceitar a criminalidade em nome do amor. Entretanto, nos dias
difíceis do lar recorda que o divórcio é justo, mas na condição de medida
articulada em última instância. E não te esqueças de que casar-se é tarefa para
todos os dias, porquanto somente da comunhão espiritual gradativa e profunda é
que surgirá a integração dos cônjuges na vida permutada, de coração para coração,
na qual o casamento se lança sempre para Mais Alto, em plenitude de amor
eterno.
Do livro Na Era do
Espírito. Psicografia de Francisco C. Xavier e Herculano Pires. Espíritos
Diversos
O CULTIVO DO AMOR
Irmão Saulo
A lei civil do casamento, segundo lemos no item 4 do
capítulo XXII de O Evangelho segundo o Espiritismo, “tem por fim regular as
relações sociais e os interesses familiares, segundo as exigências da
civilização”. E a seguir vem esta observação: “Mas nada, absolutamente, impede
que ela seja um corolário da lei de Deus”. E a lei de Deus, no caso, é a lei do
amor. Quer dizer que o casamento civil deve efetuar-se por amor e não por
conveniência de qualquer espécie. A falta de conjugação dessas duas leis, a
humana e a divina, é a causa principal dos fracassos no casamento.
Entre os interesses que podem influir na determinação do
casamento figuram também a vaidade e a atração sexual, ambos elementos
estranhos ao amor e por isso mesmo de natureza efêmera. Em casos dessa
natureza, como em vários outros, a separação se torna inevitável e o divórcio
aparece então como a lei civil que serve de remédio à separação dos casais,
permitindo aos pares frustrados a reconstrução do lar em bases legítimas com
outros cônjuges. “Um dia se perguntará — diz ainda o trecho citado — se uma
cadeia indissolúvel não aumentará o número de uniões irregulares”.
Mas quando o lar se formou com base no amor as decepções
que podem surgir têm o remédio no próprio amor. Quem ama sabe tolerar e
perdoar. As dificuldades serão superadas dia a dia pelo cultivo do amor. Basta
que cada cônjuge se lembre de que as frustrações são recíprocas. O mesmo
acontece com o artista na realização de sua obra. O ideal está sempre acima do
real. Mas o verdadeiro artista sabe disso e procura superar a sua frustração
pelo esforço constante de aperfeiçoamento. O cultivo do amor é como o cultivo
da arte. E quem romper um casamento de amor, por simples intolerância, não
encontrará mais remédio para a sua solidão.
Do livro Na Era do Espírito. Psicografia de Francisco C.
Xavier e Herculano Pires. Espíritos Diversos
SOBRE O CASAMENTO
Francisco Cândido Xavier
Depois de amistosos diálogos entre nós e vários
companheiros, a reunião da noite foi iniciada. Havíamos conversado animadamente
sobre os temas da atualidade. E o ponto que nos saiu para estudo foram os itens
2 e 3 do capítulo XXII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, em torno do
casamento.
Companheiros interessados debateram o assunto dando
várias nuanças ao matrimônio e aos deveres que lhe são conseqüentes. Diversos
aspectos do tema foram analisados por irmãos e irmãs procedentes de cidades
várias, sob os ângulos masculino e feminino.
Ao término de nossas tarefas o nosso caro Emmanuel
escreveu a mensagem que intitulou União a Dois, desdobrando as opiniões
expostas.
Do livro
Astronautas do Além, de Francisco Cândido Xavier e J.Herculano Pires -
Espíritos diversos
UNIÃO A DOIS
Emmanuel
Lutas do casamento!... Provas do Casamento!...
Quem disse, porém que a concretização do matrimônio é
felicidade estruturada a toques de figurino, não atingiu a realidade.
A união a dois, no culto da afinidade ou na execução de
tarefas mais amplas da família, é um encargo honroso, qual sucede a tantas
obrigações dignas. Nem por isso deixa de ser trabalho a efetuar. E trabalho tão
importante que, não sendo possível a um coração apenas, foi preciso reunir dois
para realizá-lo.
Quando um companheiro delibera empreender certa pesquisa,
ou se outro abraça determinada profissão, não nos aventuramos a iludi-los com
visões de felicidade imaginária. Ao invés disso, reconhecemos que escolheram
laborioso caminho de serviço em que lhes auguramos o êxito desejado.
De igual modo, o casamento, não é construção sem bases,
espécie de palácio feito sob medida para os moradores.
Entre os cônjuges é imperioso que um aprenda a
compreender o outro, de maneira a desenvolver as qualidades nobres que o outro
possua, transformando-lhe conseqüentemente as possíveis tendências menos
felizes em aspirações à Vida Melhor.
Claramente, todos temos vinculações profundas,
idiossincrasias, frustrações e dificuldades. A reencarnação nos informa com
segurança quanto a isso, indicando para que lado gravitamos em família, segundo
os mecanismos da vida que a experiência terrestre nos induz a reajustar.
Em razão disso, todo par e toda organização doméstica
revelam regiões nevrálgicas entretecidas de problemas que é preciso saber
contornar ou penetrar, a fim de que o futuro nos traga as soluções de harmonia
irreversível.
Se te encontras ao lado de alguém, sob regime de
compromisso afetivo, não exijas de imediato a esse alguém a apresentação de
recursos de que ainda necessite para ser aos teus olhos a companhia perfeita
que esperavas encontrar entre as paredes domésticas. Nem queiras que esse
alguém raciocine com os teus pensamentos, porquanto a ninguém é lícito reclamar
de outrem aquilo que ainda não consegues fazer.
Se não desejas receber-nos próprios ombros a cabeça de
quem abraçou contigo as responsabilidades da união a dois, é mais que natural
que não possas impor a própria cabeça aos ombros da criatura a quem prometeste
carinho e dedicação.
Todos somos filhos de Deus.
O matrimônio é obrigação que os interessados assumem
livremente e de que prestarão justa conta um ao outro. Conquanto isso, o
casamento não funde as pessoas que o integram. Por isto mesmo a união a dois,
além da complementação realizada, recorda a lavoura e a construção: cada
cônjuge colhe o que plantou, tanto quanto dispõe do que fez.
Do livro
Astronautas do Além, de Francisco Cândido Xavier e J.Herculano Pires -
Espíritos diversos
AS LEIS DO
CASAMENTO
Irmão Saulo
São duas as leis básicas do casamento, segundo a
apreciação de Kardec, nos textos citados: a lei material e divina de união
sexual para reprodução da espécie e a lei moral e divina do amor para a
evolução espiritual dos seres. Ambas são divinas, pois todas as leis da
Natureza provêm de Deus. Mas os homens, no abuso do seu livre arbítrio,
deturpam a lei biológica de reprodução e fraudam ou confundem a lei de amor com
os interesses inferiores da animalidade.
São essas atitudes negativas que criam as dificuldades,
os dramas e as tragédias do matrimônio. Das duas leis básicas mencionadas por
Kardec na ordem em que as obedecemos – primeiro a material e depois a moral – a
que deve prevalecer é a segunda, pois a nossa essência é espiritual, a nossa
natureza é moral e não material. Como damos prevalência à primeira, a lei de
ação e reação, que determina os nossos destinos, aplica-nos os mecanismos da
reparação que nos levam aos casamentos sacrificais. Saber suportá-los é o meio
de reparar os abusos do passado e predispor-nos às compensações futuras. Toda
fuga à reparação devida constitui protelação de sacrifícios, pois as leis
naturais se cumprem ao longo do tempo.
As responsabilidades do casamento não se referem apenas
aos esposos, mas também aos filhos e familiares de lado a lado. Por isso o
divórcio é permitido, como ensinou Jesus, em virtude da dureza dos nossos
corações, mas aqueles que puderem evitá-la vencerão mais depressa na senda da
evolução espiritual. A união a dois é sempre um encargo honroso, como acentua
Emmanuel, e feliz daquele que sabe mostrar-se digno desse encargo.
Do livro Astronautas do Além, de Francisco Cândido Xavier
e J.Herculano Pires - Espíritos diversos
CASAIS EM DIFICULDADES
Hoje temos uma página do nosso caro Emmanuel sobre o
problema dos casais em dificuldade de ajustamento. O Evangelho Segundo o
Espiritismo nos ofereceu a estudo o item 5 do capítulo XXII. Tínhamos vários
grupos de irmãos com problemas conjugais. Após a leitura e as explanações dos
companheiros, o nosso amigo da Espiritualidade nos deu a mensagem “Uniões
Enfermas”.
Livro: Caminhos de
Volta - Psicografia: Francisco C. Xavier - Espíritos diversos
UNIÕES ENFERMAS
Emmanuel
Se te encontras nas tarefas da união conjugal, recorda
que ora a execução dos encargos em dupla é a garantia de tua própria
sustentação.
Dois associados no condomínio da responsabilidade na
mesma construção.
Dois companheiros compartilhando um só investimento.
Às vezes, depois
dos votos de ternura e fidelidade, quando as promessas se encaminham para as
realizações objetivas, os sócios de base da empresa familiar encontram
obstáculos pela frente.
Um deles terá adoecido e falta no outro a tolerância
necessária.
Surge a irritação e aparece o ressentimento.
Em outras ocasiões, o trabalho se amplia em casa e um
deles foge à cooperação.
Surge o cansaço e aparece o desapreço.
Hoje – queixas.
Adiante – desatenções e lágrimas.
Amanhã – rixas.
Adiante ainda – amarguras e acusações recíprocas.
Se um dos responsáveis não se dispõe a compreender a
validade do sacrifício, aceitando-o por medida de salvação do instituto
doméstico, eis a união enferma ameaçando ruptura.
Nesse passo, costumam repontar do caminho laços e afinidades
de existências do pretérito convidando esse ou aquele dos parceiros para uniões
diferentes. E será indispensável muita abnegação para que os chefes da comunhão
familiar não venham a desfazer, de todo, a união já enferma, partindo no rumo
de novos ajustes afetivos.
Entende-se claro que o divórcio é lei humana que vem
unicamente confirmar uma situação que já existe e que, se calamidades da alma
pendem sobre a casa, não se dispõe de outra providência mais razoável para
recomendar, além dessa. Entretanto, se te vês nos problemas da união enferma e,
principalmente se tens crianças a proteger, tanto quanto se te faça possível,
mantém o lar que edificaste com as melhores forças do espírito.
Realmente, os casamentos de amor jamais adoecem, mas nos
enlaces de provação redentora, os cônjuges solicitaram, antes do berço
terrestre, determinadas tarefas em regime de compromisso perante a Vida
Infinita. E, ante a Vida Infinita convém lembrar sempre que os nossos débitos
não precisam de resgate, a longo prazo, pela contabilidade dos séculos, desde
que nos empenhemos a solve-los em tempo curto, pelo crediário da paciência, a
serviço do amor.
Livro: Caminhos de Volta - Psicografia: Francisco C.
Xavier - Espíritos diversos
RELACIONAMENTO EM FAMÍLIA
Chico Xavier
Chico Xavier nos conta os antecedentes da recepção desta
mensagem de Emmanuel. Como se vê, cada mensagem tem uma história, é provocada
pelos anseios e necessidades dos que vão visitá-lo. Passemos ao seu relato:
“As tarefas da noite foram precedidas de várias
indagações que pareciam concentradas num só assunto: as dificuldades do
relacionamento em família. Os grupos de ir-mãos procedentes de vários lugares
davam a idéia de haverem previamente combinado um encontro conosco para o
debate do problema. Esposos em desarmonia, filhos e pais em desacordo, parentes
que se queixavam de familiares diversos, pessoas que se haviam amado no circulo
doméstico e acabaram por separar-se urnas das outras sem abandonar a casa.
Nesse clima começamos a reunião e O Evangelho, o Segundo
o Espiritismo ofereceu-nos o item 8 do capítulo XIV para estudo. Depois dos
comentários feitos por alguns dos nossos irmãos presentes, nosso Emmanuel
escreveu a página que lhe envio e que amigos nossos, domiciliados em cidades
distantes, solicitaram que fosse encaminhada às suas mãos. Cumpro com prazer o
que prometi.”
Do livro Na Era do
Espírito. Psicografia de Francisco C. Xavier e Herculano Pires. Espíritos
Diversos
FAMILIARES
PROBLEMAS
Emmanuel
Desposaste alguém que não mais te parece a criatura ideal
que conheceste. A convivência te arrancou aos olhos as cores diferentes com que
o noivado te resguardava o futuro que hoje se fez presente.
Em torno, provações, encargos renascentes, familiares que
te pedem apoio, obstáculos por vencer. E
sofres.
Entretanto, recorda que antes da união falavas de amor e
te mostravas na firme disposição em que assumiste os deveres que te assinalam
agora os dias, e não recues da frente de trabalho a que o mundo te conduziu.
Se a criatura que te compartilha transitoriamente o
destino não é aquela que imaginaste e sim alguém que te impõe difícil tarefa a
realizar, observa que a união de ambos não se efetuaria sem fins justos e dá de
ti quanto possível para que essa mesma criatura venha a ser como desejas.
Diante de filhos ou parentes outros que se valem de
títulos domésticos para menosprezar-te ou ferir-te, nem por isso deixes de
amá-los. São eles, presentemente na Terra, quais os fizemos em outras épocas, e
os defeitos que mostrem não passam de resultados das lesões espirituais
causadas por nós mesmos, em tempos outros, quando lhes orientávamos a
existência nas trilhas da evolução.
É provável tenhamos dado um passo à frente. Talvez o
contato deles agora nos desagrade pela tisna de sombra que já deixamos de ter
ou de ser. Isso, porém, é motivação para auxílio, não para fuga.
Atentos ao princípio de livre arbítrio que nos rege a
vida espiritual, é claro que ninguém te impede de cortar laços, sustar
realizações, agravar dívidas ou delongar compromissos.
Divórcio é medida perfeitamente compreensível e humana,
toda vez que os cônjuges se confessam à beira da delinqüência, conquanto se
erija em moratória de débito para resgate em novo nível. E o afastamento de
certas ligações é recurso necessário em determinadas circunstâncias, a fim de
que possamos voltar a elas, algum dia, com o proveito preciso.
Reflete, porém, que a existência na Terra é um estágio
educativo ou reeducativo e tão só pelo amor com que amamos, mas não pelo amor
com que esperamos ser amados, ser-nos-á possível trabalhar para redimir e, por
vezes, saber perder para realmente vencer.
Do livro Na Era do Espírito. Psicografia de Francisco C.
Xavier e Herculano Pires. Espíritos Diversos
ASSIM OS FIZEMOS
Irmão Saulo
Os familiares desagradáveis são hoje o que deles fizemos
ontem. Nada acontece por acaso, sem razão, em nossas vidas. Por isso diz
Emmanuel: "Talvez o contato deles agora nos desagrade pela tisna de sombra
que já deixamos de ter ou de ser.". Nesta própria existência terrena isso
acontece com freqüência. Ao nos tornarmos adultos não suportamos as peraltices
das crianças, sem nos lembrarmos das que também já fizemos quando crianças. Ao
nos enriquecermos não toleramos os peditórios ou a incapacidade dos parentes
pobres, esquecidos do que fazíamos quando necessitados. Ao nos ilustrarmos não
suportamos nos outros a ignorância em que ontem vivíamos.
Educamos mal os nossos filhos e muitas vezes os
deseducamos a gritos e pancadas. Mas quando eles crescem não suportamos o seu
comportamento desrespeitoso, pelo qual somos responsáveis. Não os corrigimos em
criança nem os ajudamos na adolescência, mas os fizemos desorientados e depois
não os toleramos. Nas vidas sucessivas, através das reencarnações, procedemos
também dessa maneira. E quando eles voltam ao nosso convívio não queremos
aceitar e muito menos corrigir os seus defeitos.
Na verdade, se não os aceitarmos hoje como são, teremos
de aceitá-los amanhã, pois as leis da vida exigem, segundo ensinou Jesus, que
nos entendamos com os companheiros "enquanto estivermos a caminho com
eles". A fuga aos deveres atuais será paga mais tarde com os juros
devidos. Usando o livre arbítrio podemos rejeitá-los hoje, mas a contabilidade
divina anotará o nosso débito para depois, com os acréscimos legais. O item 8
do Capítulo XIV de O Evangelho Segundo o Espiritismo trata do problema das
famílias corporais e espirituais e o item 9 desse mesmo capítulo nos explica a
mecânica dos pagamentos de dívidas morais através da reencarnação. Os que
desejarem aprofundar este problema devem ler com atenção os dois tópicos
citados.
Do livro Na Era do Espírito. Psicografia de Francisco C.
Xavier e Herculano Pires. Espíritos Diversos
MATRIMÔNIO E DIVÓRCIO
Chico Xavier
“Em nossa reunião pública, o ponto oferecido à assembléia
de amigos foi o item 4 do capítulo XXII de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
As opiniões expostas pelos comentaristas foram as mais diversas, todas elas,
porém, denotando o propósito de acertarmos no Bem, na esfera de nossas atitudes
domésticas, especialmente sobre matrimonio e divórcio.
Como sempre sucede, na fase terminal de nossas tarefas o
nosso caro Emmanuel escreveu a página que se intitula “Casar-se”. Algumas
senhoras presentes, alegando desejar a continuidade dos mesmos estudos sobre o
tema nas cidades em que residem solicitaram seja a mensagem do nosso Amigo
Espiritual enviada às suas mãos para os seus abençoados comentários.
Cumpro, assim, com muito prazer, o que prometi às nossas
irmãs.”.
Do livro Na Era do
Espírito. Psicografia de Francisco C. Xavier e Herculano Pires. Espíritos
Diversos
CASAR-SE
Emmanuel
Não basta casar-se. Imperioso saber para quê.
Dirás provavelmente que a resposta é óbvia, que as
criaturas abraçam o matrimônio por amor.
O amor, porém, reclama cultivo. E a felicidade na
comunhão afetiva não é prato feito e sim construção do dia-a-dia.
As leis humanas casam as pessoas para que as pessoas se
unam segundo as Leis Divinas.
Se desposaste alguém que te constituía o mais belo dos
sonhos e se encontras nesse alguém o fracasso do ideal que acalentaste, é
chegado o tempo de trabalhares mais intensivamente na edificação dos planos que
ideaste de início.
Ergueste o lar por amor e tão-só pelo amor conseguirás
conservá-lo.
Não será exigindo tiranicamente isso ou aquilo de quem te
compartilha o teto e a existência que te desincumbirás dos compromissos a que
te empenhaste.
Unicamente doando a ti mesmo em apoio da esposa ou do
esposo é que assegurarás a estabilidade da união em que investiste os melhores
sentimentos.
Se sabes que a tolerância e a bondade resolvem os problemas
em pauta, a ti cabe o primeiro passo a fim de patenteá-las na vivência comum,
garantindo a harmonia doméstica.
Inegavelmente não se te nega o direito de adiar
realizações ou dilatar o prazo destinado ao resgate de certos débitos, de vez
que ninguém pode aceitar a criminalidade em nome do amor. Entretanto, nos dias
difíceis do lar recorda que o divórcio é justo, mas na condição de medida
articulada em última instância. E não te esqueças de que casar-se é tarefa para
todos os dias, porquanto somente da comunhão espiritual gradativa e profunda é
que surgirá a integração dos cônjuges na vida permutada, de coração para
coração, na qual o casamento se lança sempre para Mais Alto, em plenitude de
amor eterno.
Do livro Na Era do
Espírito. Psicografia de Francisco C. Xavier e Herculano Pires. Espíritos
Diversos
O CULTIVO DO AMOR
Irmão Saulo
A lei civil do casamento, segundo lemos no item 4 do
capítulo XXII de O Evangelho segundo o Espiritismo, “tem por fim regular as
relações sociais e os interesses familiares, segundo as exigências da
civilização”. E a seguir vem esta observação: “Mas nada, absolutamente, impede
que ela seja um corolário da lei de Deus”. E a lei de Deus, no caso, é a lei do
amor. Quer dizer que o casamento civil deve efetuar-se por amor e não por
conveniência de qualquer espécie. A falta de conjugação dessas duas leis, a humana
e a divina, é a causa principal dos fracassos no casamento.
Entre os interesses que podem influir na determinação do
casamento figuram também a vaidade e a atração sexual, ambos elementos
estranhos ao amor e por isso mesmo de natureza efêmera. Em casos dessa
natureza, como em vários outros, a separação se torna inevitável e o divórcio
aparece então como a lei civil que serve de remédio à separação dos casais,
permitindo aos pares frustrados a reconstrução do lar em bases legítimas com
outros cônjuges. “Um dia se perguntará — diz ainda o trecho citado — se uma
cadeia indissolúvel não aumentará o número de uniões irregulares”.
Mas quando o lar se formou com base no amor as decepções
que podem surgir têm o remédio no próprio amor. Quem ama sabe tolerar e perdoar.
As dificuldades serão superadas dia a dia pelo cultivo do amor. Basta que cada
cônjuge se lembre de que as frustrações são recíprocas. O mesmo acontece com o
artista na realização de sua obra. O ideal está sempre acima do real. Mas o
verdadeiro artista sabe disso e procura superar a sua frustração pelo esforço
constante de aperfeiçoamento. O cultivo do amor é como o cultivo da arte. E
quem romper um casamento de amor, por simples intolerância, não encontrará mais
remédio para a sua solidão.
Do livro Na Era do Espírito. Psicografia de Francisco C.
Xavier e Herculano Pires. Espíritos Diversos
NO CAMINHO DA ELEVAÇÃO
Emmanuel
“Tomai sobre vós o
meu jugo... - JESUS MATEUS, 11 : 29.
“Mas na união dos sexos a par da lei divina material,
comum a todos os seres vivos, há outra lei divina, Imutável como todas as leis
de Deus, exclusivamente moral: a lei de amor. ” - Cap. 22, 3.
Abençoa os conflitos que, tantas vezes, te amarfanham o
coração no carreiro doméstico, sempre que o lar apareça por ninho de problemas
e inquietações.
É aí, entre as quatro paredes do reduto familiar, que
reencontras a instrumentação do sofrimento reparador.
Amigos transfigurados em desafios à paciência...
Pais incompreensíveis a te requisitarem entendimento...
Filhos convertidos em ásperos inquisidores da alma...
Parentes que se revelam por adversários ferrenhos sob o
disfarce da consangüinidade...
Lutas inesperadas e amargas que dilapidam as melhores
forças da existência pelo seu -conteúdo de aflição...
Aceita as intimações do calvário doméstico, na feição com
que se mostrem, como quem acolhe o remédio indispensável à própria cura.
Desertar será retardar a equação que a contabilidade da
vida exigirá sempre, na matemática das causas e dos efeitos.
Nesse sentido, vale recordar que Jesus não afirmou que se
alguém desejasse encontrá-lo necessitaria proclamar-lhe as virtudes,
entretecer-lhe lauréis, homenagear- lhe o nome ou consagrar-se às atitudes de
adoração, mas, sim, foi peremptório, asseverando que os candidatos à integração
com ele precisariam carregar a própria cruz e seguir-lhe os passos, isto é,
suportarem com serenidade e amor, entendimento e serviço os deveres de cada
dia.
Bem-aventurado, pois, todo aquele que, apesar dos
entraves e das lágrimas do caminho sustentar nos ombros, ainda mesmo
desconjuntados e doloridos, a bendita carga das próprias obrigações.
Extraído do livro:
O Livro da Esperança - Psicografado por FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
UNIÕES DE PROVA
Emmanuel
"...Não separe o homem o que Deus ajuntou."
JESUS; MATEUS, 19: 6
"... Quando Jesus disse : "não separe o homem o
que Deus ajuntou", essas palavras se devem entender com referência à
união, segundo a lei imutável de Deus e não segundo a lei mutável dos homens.
" ;
ESSE Cap. XXII, item 3
Aspiras a convivência dos espíritos de eleição com os
quais te harmonizas agora, no entanto, trazes ainda na vida social e doméstica,
o vínculo das uniões menos agradáveis que te compelem a frenar impulsos e a
sufocar os mais belos sonhos.
Não violentes, contudo, a lei que te preceitua
semelhantes deveres.
Arrastamos, do passado ao presente, os débitos que as
circunstâncias de hoje nos constrangem a revisar.
O esposo arbitrário e rude que te pede heroísmo é o mesmo
homem de outras existências, de cuja lealdade escarneceste, acentuando-lhe a
feição agressiva e cruel.
Os filhinhos doentes que te desfalecem nos braços,
cancerosos ou insanos, idiotizados ou paralíticos são as almas confiantes e
ingênuas de anteriores experiências terrestres, que impeliste friamente às
pavorosas quedas morais.
A companheira intransigente e obsidiada, a envolver-te em
farpas magnéticas de ciúme, não é outra senão a jovem que outrora embaíste com
falsos juramentos de amor, enredando-lhe os pés em degradação e loucura.
Os pais e chefes tirânicos, sempre dispostos a te ferirem
o coração, revelam a presença daqueles que te foram filhos em outras épocas,
nos quais plantastes o espinheiral do despotismo e do orgulho, hoje contigo
para que lhes renoves o sentimento, ao preço da bondade e perdão sem limites.
Espíritos enfermos, passamos pelo educandário da
reencarnação, qual se o mundo, transfigurado em sábio anestesista , nos
retivesse no lar para que o tempo, à feição de professor devotado, de prova em
prova, efetue a cirurgia das lesões psíquicas de egoísmo e vaidade, viciação e
intolerância que nos comprometem a alma.
À frente, pois, das uniões menos simpáticas, saibamos
suportá-las, de ânimo firme.
Divórcio, retirada, rejeição e demissão, às vezes, constituem
medidas justificáveis nas convenções humanas, mas quase sempre não passam de
moratórias para resgate em condições mais difíceis, com juros de escorchar.
Ouçamos o íntimo de nós mesmos.
Enquanto a consciência se nos aflige, na expectativa de
afastar-nos da obrigação, perante alguém, vibra em nós o sinal de que a dívida
permanece.
do livro O Livro
da Esperança de Emmanuel e psicografado por Francisco Cândido Xavier,
NÃO PERTURBEIS
“Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.” (Mateus,
19:6.)
A palavra divina não se refere apenas aos casos do
coração. Os laços afetivos caracterizam-se por alicerces sagrados e os
compromissos conjugais ou domésticos sempre atendem a superiores desígnios. O
homem não ludibriará os impositivos da lei, abusando de facilidades materiais
para lisonjear os sentidos. Quebrando a ordem que lhe rege os caminhos,
desorganizará a própria existência. Os princípios equilibrantes da vida
surgirão sempre, corrigindo e restaurando...
A advertência de Jesus, porém, apresenta para nós
significação mais vasta.
“Não separeis o que Deus ajuntou” corresponde também ao
“não perturbeis o que Deus harmonizou”.
Ninguém alegue desconhecimento do propósito divino. O
dever, por mais duro, constitui sempre a Vontade do Senhor. E a consciência,
sentinela vigilante do Eterno, a menos que esteja o homem dormindo no nível do
bruto, permanece apta a discernir o que constitui “obrigação” e o que
representa “fuga”.
O Pai criou seres e reuniu-os. Criou igualmente situações
e coisas, ajustando-as para o bem comum.
Quem desarmoniza as obras divinas, prepare-se para a
recomposição. Quem lesa o Pai, algema o próprio “eu” aos resultados de sua ação
infeliz e, por vezes, gasta séculos, desatando grilhões...
Na atualidade terrestre, esmagadora percentagem dos
homens constitui-se de milhões em serviço reparador, depois de haverem separado
o que Deus ajuntou, perturbando, com o mal, o que a Providência estabelecera
para o bem.
Prestigiemos as organizações do Justo Juiz que a noção do
dever identifica para nós em todos os quadros do mundo. Às vezes, é possível
perturbar-lhe as obras com sorrisos, mas seremos invariavelmente forçados a repará-las
com suor e lágrimas.
Emmanuel - Psicografia : Francisco Cândido Xavier- Livro
: Caminho, Verdade e Vida
ANTE A FAMÍLIA
MAIOR
Se podes transportar as dificuldades que te afligem num
corpo robusto e razoavelmente nutrido, reflete naqueles nossos irmãos da
família maior que a penúria vergasta.
Diante deles, não
permita que considerações de natureza inferior te cerrem as portas do
sentimento.
Se algo possuis
para dar, não atrases a obra do bem e nem baseies nas aparências para
sonegar-lhes cooperação.
Aceitemo-los como
sendo tutores paternais ou filhos inesquecíveis largados no mar alto da
experiência terrestre e que a maré da provação nos devolve, qual se fossemos para
eles especuladores da violência. Impacientaram-se na expectativa de um socorrom
que lhes afigurava impossível e deixaram que a desesperação os enceguecesse.
Outros se
apresentam marcados por hábitos lastimáveis; todavia, não admita estejam na
posição de escravos irresgatáveis do vício. Atravessaram longas trilhas de sombra,
e, desenganados quanto à chegada de alguém que lhes fizesse luz no caminho, tombaram
desprevenidos nos precipícios da margem.
Surpreendemos os
que aparecem exteriormente bem-postos e aqueles que dão a idéia de criaturas
destituídas de qualquer noção de higiene, mas não creias, por isso, vivam
acomodados à impostura e ao relaxamento. Um a um, carregam desdita e enfermidade,
tristeza e desilusão.
Não duvidamos de
que existam, em alguns raros deles, orgulho e sovinice; no entanto, isso nunca
sucede no tamanho e na extensão da avareza e da vaidade que se ocultam em nós,
os companheiros indicados a estender-lhes as mãos.
Se rogam auxílio,
não poderiam ostentar maior credencial de necessidade que a dor de pedir.
Sobretudo, convém
acrescentar que nenhum deles espera possamos resolver-lhes os todos os
problemas cruciais do destino. Solicitam somente essa ou aquela migalha de amor,
à feição do peregrino sedento que suplica um copo d’água para ganhar energia e seguir
adiante.
Esse pede uma
frase de bênção, aquele um sorriso de apoio, outro mendiga um gesto de brandura
ou um pedaço de pão...
Abençoa-os e faze,
em favor deles, quanto possas, sem te esqueceres de que o
Eterno Amigo nos segue os passos, em divino silêncio,
após haver dito a cada um de nós, na acústica dos séculos:
- “Em verdade,
tudo aquilo que fizerdes ao menor dos pequeninos é a mim que o fizestes.”.
Livro: Estude E Viva - Francisco Cândido Xavier E Waldo
Vieira Pelos Espíritos Emmanuel E André Luiz
O ESPIRITISMO E OS
CÔNJUGES
Sem entendimento e
respeito, conciliação e afinidade espiritual torna-se difícil o êxito no
casamento.
Todos os
pretendentes à união conjugal carecem de estudar as circunstâncias do ajuste
esponsalício antes do consórcio, para isso existindo o período natural do
noivado.
Aspecto deveras importante para ser analisado será sempre
o da crença religiosa.
Efetivamente, se a
religião idêntica no casal contribui bastante para a estabilidade do
matrimônio, a diversidade dos pontos de vista não é um fator proibitivo da paz
da família. Mas se aparecem rixas no lar, oriunda do choque de opiniões religiosas
diferentes, a responsabilidade é claramente debitada aos esposos que se
escolheram um ao outro.
A tendência comum
de um cônjuge é a de levar o outro a pensar e agir como ele próprio, o que nem
sempre é viável e nem pode ocorrer. Eis por que não lhes cabe violentar
situações e sentimentos, manejando imposições recíprocas, mormente no sentido
de se arrastarem a determinada crença religiosa.
Deve partir do
cônjuge de fé sincera a iniciativa de patentear a qualidade das suas convicções,
em casa, pelo convite silencioso a elas, através do exemplo.
Não será por meio
de discussões, censuras ou pilhérias em torno de assuntos religiosos que se
evidenciará algum dia a excelência de uma doutrina.
Ao invés de
murmurações estéreis, urge dar provas de espiritualidade superior, repetidas no
dia-a-dia. Em lugar de conceitos extremados nas prédicas fatigantes, vale mais
a exposição da crença pela melhoria da conduta, positivando-se quão pior seria qualquer
criatura sem o apoio da religião.
Para os espíritas
jamais será construtivo constranger alguém a ler certas obras, freqüentar
determinadas reuniões ou aceitar critérios especiais em matéria doutrinária.
Quem deseje
modificar a crença do companheiro ou companheira, comece a modificar a si
mesmo, na vivência da abnegação pura, do serviço, da compreensão, do bom-senso prático, salientando aos olhos do
outro ou da outra a capacidade derenovação dos princípios que abraça.
O cônjuge é a
pessoa mais indicada para revelar as virtudes de uma crença ao outro cônjuge.
Um simples ato de
bondade, no recinto do lar, tem mais força persuasiva que uma dezena de
pregações num templo onde a criatura comparece contrariada.
Uma única prova de
sacrifício entre duas pessoas que se defrontam, no convívio diário, surge mais
eficaz como agente de ensino que uma vintena de livros impostos para leituras
forçadas.
Em resumo, depende
do cônjuge fazer a sua religião atrativa e estimulante para o outro, ao
contrário de mostrá-la fastidiosa ou incômoda.
Nos testemunhos de
cada instante, no culto vivo do Evangelho em casa e na lealdade à própria fé,
persista de cada qual nas boas obras, porque, ante demonstrações vivas de amor,
cessam quaisquer azedumes da discórdia e todas as resistências da incompreensão.
Livro: Estude E Viva - Francisco Cândido Xavier E Waldo
Vieira Pelos Espíritos Emmanuel E André Luiz
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