E vai ainda mais longe, pois especifica o caso em que o
repúdio pode verificar-se: o de adultério. Ora, o adultério não existe onde
reina uma afeição recíproca sincera. É verdade que proíbe ao homem desposar a
mulher repudiada, mas é necessário considerar os costumes e o caráter dos
homens do seu tempo. A lei mosaica prescrevia a lapidação para esses casos.
Querendo abolir um costume bárbaro, precisava, naturalmente, de estabelecer uma
penalidade, que encontrou na ignomínia decorrente da proibição de novo
casamento. Era de qualquer maneira, uma lei civil substituída por outra lei
civil, que, por sua vez, como todas as leis dessa natureza, devia sofrer a
prova do tempo.
TEXTOS DE APOIO
CASAIS EM DIFICULDADES
Hoje temos uma página do nosso caro Emmanuel sobre o
problema dos casais em dificuldade de ajustamento. O Evangelho Segundo o Espiritismo
nos ofereceu a estudo o item 5 do capítulo XXII. Tínhamos vários grupos de
irmãos com problemas conjugais. Após a leitura e as explanações dos
companheiros, o nosso amigo da Espiritualidade nos deu a mensagem “Uniões
Enfermas”.
Livro: Caminhos de
Volta - Psicografia: Francisco C. Xavier - Espíritos diversos
UNIÕES ENFERMAS
Emmanuel
Se te encontras nas tarefas da união conjugal, recorda
que ora a execução dos encargos em dupla é a garantia de tua própria
sustentação.
Dois associados no condomínio da responsabilidade na
mesma construção.
Dois companheiros compartilhando um só investimento.
Às vezes, depois
dos votos de ternura e fidelidade, quando as promessas se encaminham para as
realizações objetivas, os sócios de base da empresa familiar encontram
obstáculos pela frente.
Um deles terá adoecido e falta no outro a tolerância
necessária.
Surge a irritação e aparece o ressentimento.
Em outras ocasiões, o trabalho se amplia em casa e um
deles foge à cooperação.
Surge o cansaço e aparece o desapreço.
Hoje – queixas.
Adiante – desatenções e lágrimas.
Amanhã – rixas.
Adiante ainda – amarguras e acusações recíprocas.
Se um dos responsáveis não se dispõe a compreender a
validade do sacrifício, aceitando-o por medida de salvação do instituto
doméstico, eis a união enferma ameaçando ruptura.
Nesse passo, costumam repontar do caminho laços e
afinidades de existências do pretérito convidando esse ou aquele dos parceiros
para uniões diferentes. E será indispensável muita abnegação para que os chefes
da comunhão familiar não venham a desfazer, de todo, a união já enferma, partindo
no rumo de novos ajustes afetivos.
Entende-se claro que o divórcio é lei humana que vem
unicamente confirmar uma situação que já existe e que, se calamidades da alma
pendem sobre a casa, não se dispõe de outra providência mais razoável para recomendar,
além dessa. Entretanto, se te vês nos problemas da união enferma e,
principalmente se tens crianças a proteger, tanto quanto se te faça possível,
mantém o lar que edificaste com as melhores forças do espírito.
Realmente, os casamentos de amor jamais adoecem, mas nos
enlaces de provação redentora, os cônjuges solicitaram, antes do berço
terrestre, determinadas tarefas em regime de compromisso perante a Vida
Infinita. E, ante a Vida Infinita convém lembrar sempre que os nossos débitos
não precisam de resgate, a longo prazo, pela contabilidade dos séculos, desde
que nos empenhemos a solve-los em tempo curto, pelo crediário da paciência, a
serviço do amor.
Livro: Caminhos de Volta - Psicografia: Francisco C.
Xavier - Espíritos diversos
MATRIMÔNIO E
DIVÓRCIO
Chico Xavier
“Em nossa reunião pública, o ponto oferecido à assembléia
de amigos foi o item 4 do capítulo XXII de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
As opiniões expostas pelos comentaristas foram as mais diversas, todas elas,
porém, denotando o propósito de acertarmos no Bem, na esfera de nossas atitudes
domésticas, especialmente sobre matrimonio e divórcio.
Como sempre sucede, na fase terminal de nossas tarefas o
nosso caro Emmanuel escreveu a página que se intitula “Casar-se”. Algumas
senhoras presentes, alegando desejar a continuidade dos mesmos estudos sobre o
tema nas cidades em que residem solicitaram seja a mensagem do nosso Amigo
Espiritual enviada às suas mãos para os seus abençoados comentários.
Cumpro, assim, com muito prazer, o que prometi às nossas
irmãs.”.
Do livro Na Era do
Espírito. Psicografia de Francisco C. Xavier e Herculano Pires. Espíritos
Diversos
CASAR-SE
Emmanuel
Não basta casar-se. Imperioso saber para quê.
Dirás provavelmente que a resposta é óbvia, que as
criaturas abraçam o matrimônio por amor.
O amor, porém, reclama cultivo. E a felicidade na
comunhão afetiva não é prato feito e sim construção do dia-a-dia.
As leis humanas casam as pessoas para que as pessoas se
unam segundo as Leis Divinas.
Se desposaste alguém que te constituía o mais belo dos
sonhos e se encontras nesse alguém o fracasso do ideal que acalentaste, é
chegado o tempo de trabalhares mais intensivamente na edificação dos planos que
ideaste de início.
Ergueste o lar por amor e tão-só pelo amor conseguirás
conservá-lo.
Não será exigindo tiranicamente isso ou aquilo de quem te
compartilha o teto e a existência que te desincumbirás dos compromissos a que
te empenhaste.
Unicamente doando a ti mesmo em apoio da esposa ou do
esposo é que assegurarás a estabilidade da união em que investiste os melhores
sentimentos.
Se sabes que a tolerância e a bondade resolvem os problemas
em pauta, a ti cabe o primeiro passo a fim de patenteá-las na vivência comum,
garantindo a harmonia doméstica.
Inegavelmente não se te nega o direito de adiar
realizações ou dilatar o prazo destinado ao resgate de certos débitos, de vez
que ninguém pode aceitar a criminalidade em nome do amor. Entretanto, nos dias
difíceis do lar recorda que o divórcio é justo, mas na condição de medida
articulada em última instância. E não te esqueças de que casar-se é tarefa para
todos os dias, porquanto somente da comunhão espiritual gradativa e profunda é
que surgirá a integração dos cônjuges na vida permutada, de coração para
coração, na qual o casamento se lança sempre para Mais Alto, em plenitude de
amor eterno.
Do livro Na Era do
Espírito. Psicografia de Francisco C. Xavier e Herculano Pires. Espíritos
Diversos
O CULTIVO DO AMOR
Irmão Saulo
A lei civil do casamento, segundo lemos no item 4 do
capítulo XXII de O Evangelho segundo o Espiritismo, “tem por fim regular as
relações sociais e os interesses familiares, segundo as exigências da
civilização”. E a seguir vem esta observação: “Mas nada, absolutamente, impede
que ela seja um corolário da lei de Deus”. E a lei de Deus, no caso, é a lei do
amor. Quer dizer que o casamento civil deve efetuar-se por amor e não por
conveniência de qualquer espécie. A falta de conjugação dessas duas leis, a humana
e a divina, é a causa principal dos fracassos no casamento.
Entre os interesses que podem influir na determinação do
casamento figuram também a vaidade e a atração sexual, ambos elementos
estranhos ao amor e por isso mesmo de natureza efêmera. Em casos dessa
natureza, como em vários outros, a separação se torna inevitável e o divórcio
aparece então como a lei civil que serve de remédio à separação dos casais,
permitindo aos pares frustrados a reconstrução do lar em bases legítimas com
outros cônjuges. “Um dia se perguntará — diz ainda o trecho citado — se uma
cadeia indissolúvel não aumentará o número de uniões irregulares”.
Mas quando o lar se formou com base no amor as decepções
que podem surgir têm o remédio no próprio amor. Quem ama sabe tolerar e perdoar.
As dificuldades serão superadas dia a dia pelo cultivo do amor. Basta que cada
cônjuge se lembre de que as frustrações são recíprocas. O mesmo acontece com o
artista na realização de sua obra. O ideal está sempre acima do real. Mas o
verdadeiro artista sabe disso e procura superar a sua frustração pelo esforço
constante de aperfeiçoamento. O cultivo do amor é como o cultivo da arte. E
quem romper um casamento de amor, por simples intolerância, não encontrará mais
remédio para a sua solidão.
Do livro Na Era do Espírito. Psicografia de Francisco C.
Xavier e Herculano Pires. Espíritos Diversos
APOIO AFETIVO
Chico Xavier
“Os temas em foco eram os assuntos atuais da família,
destacando-se o divórcio. Depois de muitas opiniões contraditórias, no início
das tarefas, O Evangelho Segundo o Espiritismo nos ofereceu para estudo o item
2 do capítulo XXII sobre as questões que preocupavam a assembléia de
freqüentadores de nossos trabalhos.
No término da reunião nosso caro Emmanuel escreveu os
apontamentos a que intitulou “Divórcio e Lar” que passo às suas mãos.”
NOTA – O capítulo XXII de O Evangelho Segundo o
Espiritismo tem por título: “Não separeis o que Deus juntou”. Examinando o
problema do divórcio, ante o dogma da indissolubilidade do casamento, Kardec
estuda os versejá-los de 3 a 9 do capítulo XIX do Evangelho de Mateus,
esclarecendo de início: “A não ser o que procede de Deus, nada é imutável no
mundo. Tudo o que procede do homem está sujeito a mudanças”.
Logo mais afirma: “No casamento o que é de ordem divina é
a união conjugal, para que se opere a renovação dos seres que morrem. Mas as
condições que regulamentam essa união são de tal maneira humanas que não há, em
todo o mundo, e mesmo na Cristandade, dois países em que elas sejam
absolutamente iguais. E não há mesmo um só país em que não tenham sofrido
modificações através do tempo”.
Conclui Kardec que na união conjugal a lei divina é o
amor, acentuando: “Deus quis que os seres se unissem não somente pelos laços
carnais, mas também pelos laços da alma, a fim de que a mútua afeição dos
esposos se estenda aos filhos”.
Do livro Na Era do
Espírito. Psicografia de Francisco C. Xavier e Herculano Pires. Espíritos
Diversos
DIVORCIO E LAR
Emmanuel
Indubitavelmente o divórcio é compreensível e humano,
sempre que o casal se encontre à beira da loucura ou da delinqüência .
Quando alguém se aproxima, reconhecidamente, da
segregação no cárcere ou no sanatório especializado em terapias da mente,
através de irreflexões com que assinala a própria insegurança, é imperioso se
lhe estenda recurso adequado ao reequilíbrio.
Feita a ressalva, e atentos que devemos estar aos
princípios de causa e efeito que nos orientam nas engrenagens da vida, é
razoável se peça aos cônjuges o máximo esforço para que não venham a
interromper os compromissos a que se confiaram no tempo. Para que se atenda a
isso é justo anotar que, muitas vezes, o matrimônio, à feição de organismo vivo
e atuante, adoece por desídia de uma das partes.
Dois seres, em se unindo no casamento, não estão
unicamente chamados ao rendimento possível da família humana e ao progresso das
boas obras a que se dediquem, mas também e principalmente - e muito
principalmente - ao amparo mútuo.
Considerado o problema na formulação exata, que dizer do
homem que, a pretexto de negócio e administração, lutas e questões de natureza
superficial, deixasse a mulher sem o apoio afetivo em que se comprometeu com
ela ao buscá-la, a fim de que lhe compartilhasse a existência?.
E que pensar da mulher que, sob a desculpa de obrigações
religiosas e encargos sociais, votos de amparo a causas públicas e
contrariedades da parentela, recusasse o apoio sentimental que deve ao
companheiro, desde que se decidiu a partilhar-lhe o caminho ?.
Dois corações que se entregam um ao outro, desde que se
fundem nas mesmas promessas e realizações recíprocas, passam a responder, de
maneira profunda, aos impositivos de causa e efeito, dos quais não podem
efetivamente escapar.
Todos sabemos que no equilíbrio emocional, entre os
parceiros que se responsabilizam pela organização doméstica, depende
invariavelmente a felicidade caseira.
Por isso mesmo, no diálogo a que somos habitualmente
impelidos, no intercâmbio com os amigos encarnados na Terra, acerca do
relacionamento de que carecemos na sustentação da tranqüilidade de uns para com
os outros, divórcio e lar constituem temas que não nos será lícito esquecer.
Se te encontras nas ondas pesadas da desarmonia conjugal,
evoluindo para o divórcio ou qualquer outra espécie de separação, não
menosprezes buscar alguma ilha de silêncio a fim de pensar.
Considera as próprias atitudes e, através de criterioso
auto-exame, indague por teu próprio comportamento na área afetiva em que te
comprometeste, na garantia da paz e da segurança emotiva da companheira ou do
companheiro que elegeste para a jornada humana. E talvez descubras que a causa
das perturbações existentes reside em ti mesmo. Feito isso, se trazes a
consciência vinculada ao dever, acabarás doando ao coração que espera por teu
apoio, a fim de trabalhar e ser feliz, a quota de assistência que se lhe faz
naturalmente devida em matéria de alegria e tranqüilidade, amor e compreensão.
Do livro Na Era do
Espírito. Psicografia de Francisco C. Xavier e Herculano Pires. Espíritos
Diversos
O QUE DEUS JUNTOU
Irmão Saulo
É a lei do amor que une as almas. Os casamentos de
interesse ou conveniência ligam apenas os corpos, quando os ligam. “O juramento
pronunciado ao pé do altar se torna um perjúrio, se foi dito como simples
fórmula”, ensina O Evangelho Segundo o Espiritismo. Disso resulta que há
casamentos indissolúveis porque determinados pela lei do amor, que é lei de
Deus, mas também existem casamentos insustentáveis porque feitos segundo as leis
variáveis dos homens, obedecendo a interesses e conveniências puramente humanos
ou a ilusões passageiras dos sentidos.
Essa a razão principal da separação de casais. O que Deus
juntou pelo amor permanece unido pela própria força do amor. E se alguém o separar
estará cometendo uma ação contrária à vontade divina. Mas o que os homens
juntaram por interesse não tem estabilidade. Por isso os próprios homens
criaram leis humanas que preservem a sociedade da desagregação produzida pelas
separações inevitáveis. Kardec ensina: “O divórcio é uma lei humana, cuja
finalidade e separar legalmente o que já estava separado de fato. Não é
contrário à lei de Deus, pois só reforma o que os homens fizeram”.
Os que acusam o Espiritismo de divorcista não conhecem a
posição verdadeira da doutrina ante esse problema. Manter a união legal de um
casal já de fato separado é atentar contra a moral da sociedade, pois os casais
separados se renovam com a formação de dois novos casais, ambos ilegítimos, dos
quais resultarão naturalmente os filhos ilegítimos. Isso é um mal social, uma
doença da sociedade, para a qual só existe um remédio que é o divórcio,
legalizando a separação e permitindo a legitimidade dos novos lares
constituídos. O Espiritismo é realista, vê as coisas como elas são e não como
queríamos que fossem.
Mas, como vemos na mensagem de Emmanuel, o Espiritismo só
admite o divórcio nos casos extremos, ensinando que as obrigações morais
assumidas na vida terrena têm a sanção da lei divina de causa e efeito, de ação
e reação. Jesus mesmo permitiu o divórcio, como vemos em Mateus, XIX:3-9. For
causa dessa permissão evangélica a legislação do divórcio no Estado de Nova
York só admite como motivo o adultério. As pessoas interessadas no
esclarecimento do assunto devem ler o capítulo XXII de O Evangelho Segundo o
Espiritismo.
Do livro Na Era do Espírito. Psicografia de Francisco C.
Xavier e Herculano Pires. Espíritos Diversos
DESVINCULAÇÕES
FAMILIARES
Momentos surgem nas áreas da família terrestre em que a
vida nos pede compreensão e serenidade, sempre mais amplas, a fim de que o
desequilíbrio não se estabeleça, criando problemas desnecessários.
Referimo-nos ao instante no qual um dos componentes do
grupo doméstico altera conscientemente as próprias diretrizes, com a indiferença
diante dos compromissos assumidos.
Certamente, em ocasiões quais essas em que notamos uma
pessoa querida a se afastar da execução do plano de paz correspondente ao dever
que traçou a si própria, não se lhe negarão os avisos afetuosos, nos diálogos
de coração para coração.
Entretanto, se essa criatura que se nos faz sumamente
estimável nos recusa os alvitres e ponderações, isso não é motivo para
sofrimentos inúteis.
Não se compreende porque devamos cercear os passos dos
entes amados que não nos prezem a intimidade, subestimando os encargos que
abraçaram conosco.
É preciso entender que o caminho de muitas das criaturas
que mais amamos, ainda não se vincula à senda que a Sabedoria da Vida nos deu a
trilhar.
Possivelmente, estaremos observando com o enfoque de
nossas próprias experiências, determinados perigos futuros a que se expõem; no
entanto, isso é assunto que se refere aos companheiros a que nos reportamos e
não a nós, compreendendo-se que em nossa própria estrada no mundo, sobram
riscos a facear.
Quando existam crianças nesses processos de
desvinculação, é justo nos voltemos para elas, estendendo-lhes a proteção que
se nos torne possível, ainda mesmo quando estejam, por força das
circunstâncias, junto ao parente indireto, com o qual os familiares que amamos
estejam em oposição.
Os pequeninos são as vítimas, quase sempre indefesas, de
nossos desajustes e, em qualquer caso, é imperioso permanecermos acordados para
a responsabilidade de auxiliá-los, considerando o futuro, de modo a que se
sobreponham aos nossos desastres afetivos e às nossas indecisões.
Quanto aos adultos, nas opções a que se inclinem,
saibamos respeitá-los nas situações que prefiram, mesmo porque todos nós – os
espíritos ainda ligados à evolução da Terra – temos problemas e débitos, ideais
irrealizados e numerosas reparações a fazer, perante a Contabilidade de Vida
sobre a qual se baseiam as Leis de Deus.
Livro: “Urgência” – Psicografia Francisco Cândido Xavier
– Espírito Emmanuel
COMPANHEIROS QUE PARTEM
Sofres quando os entes amados se apartam de ti, na
direção de tarefas ou experiências que divergem das tuas...
Quererias viver com eles em permanente integração e por
isso a separação te dói, qual se padecesses dolorosa mutilação nos tecidos da
própria alma.
Entretanto, que afeição verdadeira será menos afeição,
apenas por que se veja fustigada por circunstâncias de espaço e tempo?
A energia solar que invade o céu no Brasil não é
diferente daquela que penetra o firmamento da Tailândia.
Quando os entes queridos te digam adeus nas bifurcações
do caminho, não lhes arremesses à estrada quaisquer farpas de incompreensão.
Faze deles portadores de tua simpatia, seja onde seja.
Que eles possam beneficiar os outros como beneficiaram a
nós e quando nos retomem o convívio, seja na Terra ou noutros mundos, que nos
possam trazer acrescidas de amor as vibrações de amor com que os abençoamos na
despedida.
Que seria do mundo se as plantas monopolizassem os
próprios frutos ou se os rios fugissem de viajar, receando o vampirismo da
terra seca?
Dá teu coração, em forma de entendimento e ternura, ao
companheiro que parte e envolve-o em prece de reconhecimento, clareando-lhe o
caminho.
Com dobrados motivos devemos fazer isso, se ele foi, no
contato conosco, um expoente de bondade, enriquecendo-nos a existência de
tranqüilidade e de alegria. Se as leis da renovação lhe determinaram a
ausência, isso ocorre por impositivos que funcionam acima de nossa própria
vontade a lhe chamarem adiante o dom de cooperar e a faculdade de construir;
investindo-nos na obrigação de seguir-lhe os padrões de atividade, a fim de que
venhamos a progredir sempre e servir cada vez mais.
Aquele que nos auxiliou tanto quanto pode, é e será
invariavelmente um benfeitor, diante de quem a gratidão será para nós inequívoca,
e de um benfeitor ninguém se afasta, com sentimentos de azedume e palavras de
fel.
Louvemos os entes amados que nos deixam, convertendo
separação em esperança e transformando distância em razão para agradecimento
maior.
Lembremo-nos de que a fonte que nos dessedenta e ampara a
segurança doméstica pode dessedentar e amparar os nossos vizinhos pela
Misericórdia de Deus.
Livro: Urgência – Psicografia Francisco Cândido Xavier –
Espírito Emmanuel
DESVINCULAÇÕES
Pergunta - A algumas pessoas a doutrina da reencarnação
se afigura destruidora dos laços de família, com o fazê-los anteriores à
existência atual.
Resposta - Ela os distende; não os destrói.
Fundando-se o parentesco em afeições anteriores, menos
precários são os laços existentes entre os membros de uma mesma família. Essa
doutrina amplia os deveres da fraternidade, porquanto, no vosso vizinho, ou no
vosso servo, pode achar-se um Espírito a quem tenhas estado presos pelos laços
da consangüinidade.
Item nº 205, de "O livro dos Espíritos".
A desvinculação entre os que se amam com a necessidade de
sanar os enganos e erros do amor assume habitualmente o aspecto de dolorosa
cirurgia psíquica.
Por semelhante razão, a Divina Sabedoria concede às
criaturas tempo e condições renovadas na preparação gradual do acontecimento.
Essa desvinculação, via de regra, se verifica numa
constante digna de nota - a posição de pais e filhos, incluindo-se nela os pais
e filhos adotivos -, de vez que, no enternecimento do lar, todos os jogos da
ternura são colocados na mesa do cotidiano, revestidos de encantamento
construtivo.
No fundo, porém, da personalidade paterna ou do maternal
coração, descansam os remanescentes de grandes afeições, às vezes
desequilibradas e menos felizes, trazidos de outras estâncias, nos domínios da
reencarnação.
A libido ou o instinto sexual na forma de energia
psíquica, tendente à conservação da vida, permanece, em muitos casos, na
carícia dos pais, vestida em veludíneo manto de carinho e beleza, mas o amor é
ainda, no adito do espírito, qual fogo de vida que se nutre do próprio lenho.
Por sua vez, nos entes queridos que retornam à estação da
esperança doméstica, essa mesma afetividade reponta, insopitável e genuína,
conquanto metamorfoseada nos brincos da infância.
Os pequeninos, porém, recém-vindos da amnésia natural que
a reencarnação lhes impõe, não conseguem esconder as próprias disposições no
campo das preferências.
E surgem neles, de inopino quase sempre, as inclinações
descontroladas, nos caprichos com que se mostram, exigindo especial atenção de
pai ou mãe. a revelarem, de modo claro para que rumo se lhes dirigem os laços
mais fortes.
Geralmente, com muitas exceções, aliás, as filhas se
voltam para os pais e os filhos para as mães, patenteando a natureza das
ligações havidas em existências passadas e prenunciando a obra de desvinculação
que se executará, inevitável, no futuro próximo.
Óbvio que nem todos os filhos aparecem no lar
categorizados à conta da desvinculação afetiva, porquanto milhões de Espíritos
no corpo da Humanidade tomam a estrutura física, no desempenho de encargos
simples ou complexos, valendo-se da colaboração dos pais, à maneira de amigos
que se entreajudam, nas faixas da confiança e da afinidade recíprocas.
Referimo-nos, porém, ao lar como pouso de desligamento,
porque, na Terra, as relações entre pais e filhos e, conseqüentemente, as
relações de ordem familiar constituem clima ideal para a libertação de quantos
se jungiram entre si, de modo inconveniente, nos desregramentos emotivos em
nome do amor.
É assim que a sabedoria da Natureza faculta o reencontro,
sob as teias da parentela, de quantos se desvairaram, em outro tempo, nos
desmandos de ordem sexual, reencontro esse que persiste em condições mais
íntimas e mais profundas, até que os companheiros do pretérito, reencarnados na
posição de filhos, atinjam a juventude, na existência nova, elegendo novos
parceiros para a sua vida afetiva, ante a presença ou a supervisão dos pais ou
de familiares outros nem sempre satisfeitos ou tranqüilos com as escolhas que
são obrigados a assistir ou a aprovar pela força das circunstâncias.
Pais que sofrem na entrega das jovens que o lar lhes
confiou, aos companheiros que as requisitam para os misteres do casamento,
quase sempre estão renunciando à companhia de antigas afeições que eles mesmos,
no passado, mal conduziam, ao passo que as mães experimentam análogo fenômeno
de dilaceração psíquica, em se separando de filhos que lhes recordam, embora
inconscientemente, as ligações empolgantes ou menos felizes de tempos que já se
foram.
E, através das lutas e adeuses em família, com a criação
de núcleos diferentes na parentela, pela transferência habitual dos filhos,
seja a noras e genros, ou a tarefas e experiências diversas das deles, os pais,
sempre que respeitem as necessidades e resoluções dos seus rebentos, alcançam a
vitória sobre si mesmos, no rumo da própria emancipação na imortalidade.
Emmanuel - Psicografia : Francisco Cândido Xavier Livro :
Vida e Sexo
DIVÓRCIO
“O divórcio é lei humana que tem por objeto separar
legalmente o que já, está separado. Não
é contrário à lei de Deus, pois que apenas reforma o que os homens hão feito e
só é aplicável nos casos em que não
levou em conta a lei divina.” Do item 5, do Cap. XXII, de “O Evangelho Segundo
o Espiritismo”.
Partindo do princípio de que não existem uniões conjugais
ao acaso, o divórcio, a rigor, não deve ser facilitado entre as criaturas.
É aí, nos laços matrimoniais definidos nas leis do mundo,
que se operam burilamentos e reconciliações endereçados à precisa sublimação da
alma.
O casamento será sempre um instituto benemérito,
acolhendo, no limiar, em flores de alegria e esperança, aqueles que a vida
aguarda para o trabalho do seu próprio aperfeiçoamento e perpetuação.
Com ele, o progresso ganha novos horizontes e a lei do
renascimento atinge os fins para os quais se encaminha.
Ocorre, entretanto, que a Sabedoria Divina jamais
institui princípios de violência, e o Espírito, conquanto em muitas situações
agrave os próprios débitos, dispõe da faculdade de interromper, recusar,
modificar, discutir ou adiar, transitoriamente, o desempenho dos compromissos
que abraça.
Em muitos lances da experiência, é a própria
individualidade, na vida do Espírito, antes da reencarnação, que assinala a si
mesma o casamento difícil que faceará na estância física, chamando a si o
parceiro ou a parceira de existências pretéritas para os ajustes que lhe
pacificarão a consciência, à vista de erros perpetrados em outras épocas.
Reconduzida, porém, à ribalta terrestre e assumida a
união esponsalícia que atraiu a si mesma, ei-la desencorajada à face dos
empeços que lhe desdobram à frente. Por vezes, o companheiro ou a companheira
voltam ao exercício da crueldade de outro tempo, seja através de menosprezo,
desrespeito, violência ou deslealdade, e o cônjuge prejudicado nem sempre
encontra recursos em si para se sobrepor aos processos de dilapidação moral de
que é vítima.
Compelidos, muita vez, às últimas fronteiras da
resistência, é natural que o esposo ou a esposa, relegado a sofrimento
indébito, se valha do divórcio por medida extrema contra o suicídio, o
homicídio ou calamidades outras que lhes complicariam ainda mais o destino.
Nesses lances da experiência, surge a separação à maneira de bênção necessária
e o cônjuge prejudicado encontra no tribunal da própria consciência o apoio
moral da auto-aprovação para renovar o caminho que lhe diga respeito, acolhendo
ou não nova companhia para a jornada humana.
Óbvio que não nos
é lícito estimular o divórcio em tempo algum, competindo-nos tão-somente, nesse
sentido, reconfortar e reanimar os irmãos em lide, nos casamentos de provação,
a fim de que se sobreponham às próprias suscetibilidades e aflições, vencendo
as duras etapas de regeneração ou expiação que rogaram antes do renascimento no
Plano Físico, em auxílio a si mesmos; ainda assim, é justo reconhecer que a
escravidão não vem de Deus e ninguém possui o direito de torturar ninguém, à
face das leis eternas.
O divórcio, pois, baseado em razões justas, é providência
humana e claramente compreensível nos processos de evolução pacífica.
Efetivamente, ensinou Jesus: “não separeis o que Deus
ajuntou”, e não nos cabe interferir na vida de cônjuge algum, no intuito de
arredá-lo da obrigação a que se confiou. Ocorre, porém, que se não nos cabe
separar aqueles que as Leis de Deus reuniu para determinados fins, são eles
mesmos, os amigos que se enlaçaram pelos vínculos do casamento, que desejam a
separação entre si, tocando-nos unicamente a obrigação de respeitar-lhes a
livre escolha sem ferir-lhes a decisão.
Emmanuel - Psicografia : Francisco Cândido Xavier - Livro
: Vida e Sexo
UNIÃO INFELIZ
Pergunta - Qual o fim objetivado com a reencarnação?
Resposta - Expiação.melhoramento progressivo da
Humanidade.Sem isto, onde a justiça?nItem n° 167, de "O livro dos
Espíritos".
Dolorosa, sem dúvida, a união considerada menos feliz.
E, claro, que não existe obrigatoriedade para que alguém
suporte, a contragosto, a truculência ou o peso de alguém, ponderando-se que
todo espírito é livre no pensamento para definir-se, quanto às próprias
resoluções.
Que haja, porém, equilíbrio suficiente nos casais unidos
pelo compromisso afetivo, para que não percam a oportunidade de construir a
verdadeira libertação.
Indiscutivelmente, os débitos que abraçamos são anotados
na Contabilidade da Vida; todavia, antes que a vida os registe por fora, grava
em nós mesmos, em toda a extensão, o montante e os característicos de nossas
faltas.
A pedra que atiramos no próximo talvez não volte sobre
nós em forma de pedra, mas permanece conosco na figura de sofrimento.
E, enquanto não se remove a causa da angústia, os efeitos
dela perduram sempre, tanto quanto não se extingue a moléstia, em definitivo,
se não a eliminamos na origem do mal.
Nas ligações terrenas, encontramos as grandes alegrias;
no entanto, é também dentro delas que somos habitualmente defrontados pelas
mais duras provações.
Isso porque, embora não percebamos de imediato, recebemos,
quase sempre, no companheiro ou na companheira da vida intima, os reflexos de
nós próprios.
É natural que todas as conjunções afetivas no mundo se
nos figurem como sendo encantados jardins, enaltecidos de beleza e perfume,
lembrando livros de educação, cujo prefácio nos enleva com a exaltação dos
objetivos por atingir.
A existência física, entretanto, é processo específico de
evolução, nas áreas do tempo, e assim como o aluno nenhuma vantagem obterá da
escola se não passa dos ornamentos exteriores do educandário em que se
matricula, o espírito encarnado nenhum proveito recolheria do casamento, caso
pretendesse imobilizar-se no êxtase do noivado.
Os princípios cármicos desenovelam-se com as horas.
Provas, tentações, crises salvadoras ou situações expiatórias
surgem na ocasião exata, na ordem em que se nos recapitulam oportunidades e
experiências, qual ocorre à semente que, devidamente plantada, oferece o fruto
em tempo certo.
O matrimônio pode ser precedido de doçura e esperança,
mas isso não impede que os dias subseqüentes, em sua marcha incessante, tragam
aos cônjuges os resultados das próprias criações que deixaram para trás.
A mudança espera todas as criaturas nos caminhos do
Universo, a fim de que a renovação nos aprimore.
A jovem suave que hoje nos fascina, para a ligação
afetiva, em muitos casos será talvez amanhã a mulher transformada, capaz de
impor-nos dificuldades enormes para a consecução da felicidade; no entanto,
essa mesma jovem suave foi, no passado - em existências já transcorridas -, a
vítima de nós mesmos, quando lhe infligimos os golpes de nossa própria
deslealdade ou inconseqüência, convertendo-a na mulher temperamental ou infiel
que nos cabe agora relevar e retificar.
O rapaz distinto que atrai presentemente a companheira,
para os laços da comunhão mais profunda, bastas vezes será provavelmente depois
o homem cruel e desorientado, suscetível de constrangê-la a carregar todo um
calvário de aflições, incompatíveis com os anseios de ventura que lhe palpitam
na alma.
Esse mesmo rapaz distinto, porém, foi no pretérito - em
existências que já se foram – a vítima dela própria, quando, desregrada ou
caprichosa, lhe desfigurou o caráter, metamorfoseando-o no homem vicioso ou
fingido que lhe compete tolerar e reeducar.
Toda vez que amamos alguém e nos entregamos a esse
alguém, no ajuste sexual, ansiando por não nos desligarmos desse alguém, para
depois somente depois - surpreender nesse alguém defeitos e nódoas que antes
não víamos, estamos à frente de criatura anteriormente dilapidada por nós, a
ferir-nos justamente nos pontos em que a prejudicamos, no passado, não só a
cobrar-nos o pagamento de contas certas, mas, sobretudo, a esmolar-nos
compreensão e assistência, tolerância e misericórdia, para que se refaça ante
as leis do destino.
A união suposta infeliz deixa de ser, portanto, um
cárcere de lágrimas para ser um educandário bendito, onde o espírito
equilibrado e afetuoso, longe de abraçar a deserção, aceita, sempre que
possível, o companheiro ou a companheira que mereceu ou de que necessita, a fim
de quitar-se com os princípios de causa e efeito, liberando-se das sombras de
ontem para elevar-se, em silenciosa vitória sobre si mesmo, para os domínios da
luz.
Emmanuel - Psicografia : Francisco Cândido Xavier Livro :
Vida e Sexo
DIVÓRCIO
E Jesus, respondendo, disse-lhes: pela dureza de vossos corações
vos deixou ele escritonesse mandamento.” – Marcos:- 10-5
Comentando o dispositivo aprovado por Moisés, com
referencia ao divorcio, Jesus tem uma luminosa definição, dentro do assunto.
O Mestre explica sabiamente que a instituição não
procedia da esfera de influenciação divina, mas sim, da dureza dos corações
humanos.
Quer isso dizer que o divorcio é uma providencia oriunda
da maldade, a fim de que a maldade não destrua, de todo.
Por melhor defendida pelos argumentos de juizes e
sociólogos, a medida, cristãmente considerada, não pode passar disso.
Esse ou aquele conjugue movimenta o processo
separacionista justificando a atitude, com a alegação de que procura evitar o
pior; entretanto, isso não constitui senão trama individual, quando não
representa insanidade criminosa.
O casal que procura semelhante recurso não faz mais que adiar
o resgate de um débito, agravando os esforços do pagamento, pelas suas noções
de irresponsabilidade.
Desdenha-se a possibilidade de hoje, mas não se poderá
fugir às imposições de amanhã.
O marido grosseiro ou a esposa ignorante são também
campos de trabalho do Senhor, além dos laços poderosos do pretérito que a união
conjugal evidencia.
Muita gente busca essa válvula para escapar da
experiência útil, entregando-se à variedade viciosa, mas vale-se de uma medida
nascida da dureza dos corações humanos e não faz mais que caminhar ao encontro
de seus efeitos perniciosos.
Os que se
encontram em transito, da animalidade para a espiritualidade, devem meditar a
lição de Jesus, abandonando a preocupação de meros caçadores de prazer.
Fonte: Levantar e Seguir – Francisco Cândido Xavier –
Emmanuel
DIVÓRCIO
O divórcio é lei humana que tem por objeto separar
legalmente o que já, de fato, está separado. Não é contrário à lei de Deus, pois
que apenas reforma o que os homens hão feito e só é aplicável nos casos em que
não se levou em conta a lei divina. Do item 5, do Cap. XXII, de "O
Evangelho Segundo o Espiritismo".
Partindo do princípio de que não existem uniões conjugais
ao acaso, o divórcio, a rigor, não deve ser facilitado entre as criaturas. É
aí, nos laços matrimoniais definidos nas leis do mundo, que se operam
burilamentos e reconciliações endereçados à precisa sublimação da alma.
O casamento será sempre um instituto benemérito,
acolhendo, no limiar, em flores de alegria e esperança. aqueles que a vida
aguarda para o trabalho do seu próprio aperfeiçoamento e perpetuação.
Com ele, o progresso ganha novos horizontes e a lei do renascimento
atinge os fins para os quais se encaminha. Ocorre, entretanto, que a Sabedoria
Divina jamais institui princípios de violência, e o Espírito, conquanto em muitas
situações agrave os próprios débitos, dispõe da faculdade de interromper, recusar,
modificar, discutir ou adiar, transitoriamente, o desempenho dos compromissos que
abraça.
Em muitos lances da experiência, é a própria
individualidade, na vida do Espírito, antes da reencarnação, que assinala a si
mesma o casamento difícil que faceará na estância física, chamando a si o
parceiro ou a parceira de existências pretéritas para os ajustes que lhe pacificarão
a consciência, à vista de erros perpetrados em outras épocas.
Reconduzida, porém, à ribalta terrestre e assumida a
união esponsalícia que atraiu a si mesma, ei-la desencorajada à face dos
empeços que se lhe desdobram à frente.
Por vezes, o companheiro ou a companheira voltam ao
exercício da crueldade de outro tempo, seja através de menosprezo, desrespeito,
violência ou deslealdade, e o cônjuge prejudicado nem sempre encontra recursos
em si para se sobrepor aos processos de dilapidação moral de que é vítima.
Compelidos, muita vez, às últimas fronteiras da
resistência, é natural que o esposo ou a esposa, relegado a sofrimento
indébito, se valha do divórcio por medida extrema contra o suicídio, o
homicídio ou calamidades outras que lhes complicariam ainda mais o destino.
Nesses lances da experiência, surge a separação à maneira
de bênção necessária e o cônjuge prejudicado encontra no tribunal da própria
consciência o apoio moral da auto-aprovação para renovar o caminho que lhe diga
respeito, acolhendo ou não nova companhia para a jornada humana.
Óbvio que não nos é lícito estimular o divórcio em tempo
algum, competindo-nos tão-somente, nesse sentido, reconfortar e reanimar os
irmãos em lide, nos casamentos de provação, a fim de que se sobreponham às próprias
suscetibilidades e aflições, vencendo as duras etapas de regeneração ou expiação
que rogaram antes do renascimento no Plano Físico, em auxílio a si mesmos;
ainda assim é justo reconhecer que a escravidão não vem de Deus e ninguém
possui o direito de torturar ninguém, à face das leis eternas.
O divórcio, pois, baseado em razões justas, é providência
humana e claramente compreensível nos processos de evolução pacifica.
Efetivamente, ensinou Jesus: "não separeis o que
Deus ajuntou", e não nos cabe interferir na vida de cônjuge algum, no
intuito de arredá-lo da obrigação a que se confiou. Ocorre, porém, que se não
nos cabe separar aqueles que as Leis de Deus reuniu para determinados fins, são eles mesmos, os
amigos que se enlaçaram pelos vínculos do casamento, que desejam a separação
entre si, tocando-nos unicamente a obrigação de respeitar-lhes a livre escolha
sem ferir-lhes a decisão.
Vida e Sexo - Emmanuel - Francisco C Xavier
ANTE O DIVÓRCIO
Toda perturbação no lar, frustando-lhe a viagem no tempo,
tem causa específica. Qual acontece ao comboio, quando estaca indebitamente ou
descarrila, é imperioso angariar a proteção devida para que o carro doméstico
prossiga adiante.
No transporte caseiro, aparentemente ancorado na estação
do cotidiano (e dizemos aparentemente, porque a máquina familiar está em
movimento e transformação incessantes), quase todos os acidentes se verificam
pela evidência de falhas diminutas que, em se repetindo indefinidamente,
estabelecem, por fim, o desastre espetacular.
Essas falhas, no entanto, nascem do comportamento dos
mais interessados na sustentação do veículo ou, propriamente, do marido e da
mulher, chamados pela ação da vida a regenerar o passado ou a construir o
futuro pelas possibilidades da reencarnação no presente, falhas essas que se
manifestam de pequeno desequilíbrio, até que se desencadeie o desequilíbrio
maior.
Nesse sentido, vemos cônjuges que transfiguram conforto
em pletora de luxo e dinheiro, desfazendo o matrimônio em facilidades loucas,
como se afoga uma planta por excesso de adubo, e observamos aqueles outros que
o sufocam por abuso de sovinice; notamos os que arrasam a união conjugal em
festas sociais permanentes e assinalamos os que a destroem por demasia de
solidão; encontramos os campeões da teimosia que acabam com a paz em família,
manejando atitudes do contra sistemático, diante de tudo e de todos, e
identificamos os que a exterminam pelo silêncio culposo, à frente do mal;
surpreendemos os fanáticos da limpeza, principalmente muitas de nossas irmãs,
as mulheres, quando se fazem mártires de vassoura e enceradeira, dispostas a
arruinar o acordo geral em razão de leve cisco nos móveis, e somos defrontados pelos
que primam no vício de enlamear a casa, desprezando a higiene.
Equilíbrio e respeito mútuo são as bases do trabalho de
quantos se propõem garantir a felicidade conjugal, de vez que, repitamos, o lar
é semelhante ao comboio em que filhos, parentes, tutores e afeiçoados são
passageiros.
Alguém perguntará como situaremos o divórcio nestas
comparações. Divorciar, a nosso ver, é deixar a locomotiva e seus anexos. Quem
responde pela iniciativa da separação decerto que larga todo esse instrumental
de serviço à própria sorte e cada consciência é responsável por si. Não
ignoramos que o trem caseiro corre nos trilhos da existência terrestre, com
autorização e administração das Leis Orgânicas da Providência Divina e, sendo
assim, o divórcio, expressando desistência ou abandono de compromisso, é
decisão lastimável, conquanto às vezes necessária, com raízes na
responsabilidade do esposo ou da esposa que, a rigor, no caso, exercem as
funções de chefe e maquinista.
Emmanuel - Extraído do livro "Luz no Lar"-
Francisco Cândido Xavier
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