1 – Mas quando vier o Filho do Homem na sua majestade, e
todos os anjos com ele, então se assentará sobre o trono de sua majestade. E
serão todas as gentes congregadas diante dele, e separará uns dos outros, como
o pastor que aparta dos cabritos as ovelhas; e assim porá as ovelhas à direita,
e os cabritos à esquerda; então dirá o rei aos que hão de estar à sua direita;
vinde, benditos de meu Pai, possuí o reino que vos está preparado desde o
princípio do mundo. Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede e
destes-me de beber; precisava de alojamento e recolhestes-me; estava nu e
cobristes-me; estava enfermo e visitastes-me; estava no cárcere e viestes
ver-me. Então lhe responderão os justos,
dizendo: Senhor, quando é que nós te vimos faminto e te demos de comer; ou
sequioso e te demos de beber? E quando te vimos sem alojamento e te recolhemos;
ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou no cárcere e te fomos ver? E
respondendo o rei, lhes dirá: Na verdade vos digo, que quantas vezes vós fizestes
isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim é que o fizestes. Então
dirá também aos que hão de estar à esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para
o fogo eterno que está aparelhado para o diabo e para os seus anjos; Porque
tive fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de beber.
Precisava de alojamento e não me recolhestes; estava nu e não me cobristes;
estava enfermo no cárcere e não me visitastes. Então eles também lhe
responderão, dizendo: Senhor, quando é que nós te vimos faminto, ou sequioso,
ou sem alojamento, ou nu, ou enfermo, ou no cárcere, e deixamos de te assistir?
Então lhes responderá ele, dizendo: Na verdade, vos digo que quantas vezes o
deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer. E
irão estes para o suplício eterno, e os justos para a vida eterna. (Mateus,
XXV: 31-46).
2 – E eis que se levantou um doutor da lei, e lhe disse,
para o tentar: Mestre, que hei de eu fazer para entrar na posse da vida eterna?
Disse-lhe então Jesus: Que é o que está escrito na lei? Como lês tu? Ele,
respondendo, disse: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a
sua alma, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu
entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. E Jesus lhe disse: Respondeste
bem; faze isso, e viverás. Mas ele, querendo justificar-se a si mesmo, disse a
Jesus: E quem é o meu próximo? E Jesus, prosseguindo no mesmo discurso, disse:
Um homem baixava de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos dos ladrões, que logo o
despojaram do que levava; e depois de o terem maltratado com muitas feridas, se
retiraram, deixando-o meio morto. Aconteceu pois que passava pelo mesmo caminho
um sacerdote; e quando o viu, passou de largo. E assim mesmo um levita,
chegando perto daquele lugar, e vendo-o, passou também de largo. Mas um
samaritano, que ia a seu caminho, chegou perto dele, e quando o viu, se moveu à
compaixão: E chegando-se atou as feridas, lançando nelas azeite e vinho; e,
pondo-o sobre a sua cavalgadura, o levou a uma estalagem, e teve cuidado dele.
E ao outro dia tirou dois denários, e deu-os ao estalajadeiro, e lhe disse:
Tem-me cuidado dele; e quanto gastares demais, eu to satisfarei quando voltar.
Qual destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos
ladrões? Respondeu logo o doutor: aquele que usou com o tal de misericórdia.
Então lhe disse Jesus: Pois vai, e faze tu o mesmo. (Lucas, X: 25-37).
3 – Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na
humildade, ou seja, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho. Em
todos os seus ensinamentos, mostra essas virtudes como sendo o caminho da
felicidade eterna. Bem-aventurados, diz ele, os pobres de espírito, quer dizer:
os humildes, porque deles é o Reino dos Céus; bem-aventurados os que tem
coração puro; bem-aventurados os mansos e pacíficos; bem-aventurados os
misericordiosos. Amai o vosso próximo como a vós mesmos; fazei aos outros os
que desejaríeis que vos fizessem; amai os vossos inimigos; perdoai as ofensas,
se quereis ser perdoados; fazei o bem sem ostentação: julgai-vos a vós mesmos
antes de julgar os outros. Humildade e caridade, eis o que não cessa de
recomendar, e de que ele mesmo dá o
exemplo. Orgulho e egoísmo, eis o que não cessa de combater. Mas ele fez mais
do que recomendar a caridade, pondo-a claramente, em termos explícitos, como a
condição absoluta da felicidade futura.
No quadro que Jesus apresenta, do juízo final, como em
muitas outras coisas, temos de separar o que pertence à figura e à alegoria. A
homens como aos que falava, ainda incapazes de compreender as coisas puramente
espirituais, devia apresentar imagens materiais, surpreendentes e capazes de
impressionar. Para que fossem melhor aceitas, não podia mesmo afastar-se muito
das idéias em voga, no tocante à forma, reservando sempre para o futuro a
verdadeira interpretação das suas palavras e dos pontos que ainda não podia
explicar claramente. Mas, ao lado da parte acessória ou figurada do quadro, há
uma idéia dominante: a da felicidade que espera o justo e da infelicidade
reservada ao mau.
Nesse julgamento supremo, quais são os considerados da
sentença? Sobre o que baseia a inquirição? Pergunta o juiz se foram atendidas
estas ou aquelas formalidades, observadas mais ou menos estas ou aquelas
práticas exteriores? Não, ele só pergunta por uma coisa: a prática da caridade.
E se pronuncia dizendo: “Passai à direita, vós que socorrestes aos vossos
irmãos; passai à esquerda , vós que fostes duros para com eles”. Indaga pela
ortodoxia da fé? Faz distinção entre o que crê de uma maneira, e o que crê de
outra? Não, pois Jesus coloca o samaritano, considerado herético, mas que tem
amor ao próximo, sobre o ortodoxo a quem falta caridade. Jesus não faz,
portanto, da caridade, uma das condições da salvação, mas a condição única. Se
outras devessem ser preenchidas, ele as mencionaria. Se ele coloca a caridade
na primeira linha entre as virtudes, é porque ele encerra implicitamente todas
as outras: a humildade, a mansidão, a benevolência, a justiça etc; e porque é
ela a negação absoluta do orgulho e do egoísmo.
TEXTOS DE APOIO
EM TORNO DA CARIDADE
Não olvides
que a caridade, é o coração no teu gesto.
Espalharás o
ouro a mancheias, entretanto, se não sabes emoldurar de carinho a tua
manifestação de bondade, as moedas de tua bolsa serão, muitas vezes, escárnio e
humilhação, sobre a dor dos infortunados.
Ensinarás a
verdade, com segurança, contudo, se a tua palavra não estiver temperada com a
brandura da paciência, quase sempre, o teu verbo, apesar de nobre e culto, não
passará de azorrague no semblante ferido de teus irmãos.
Recorda que a
Providência Infinita nos estende o socorro do Céu de mil modos, em cada
instante do dia, e descerrando tua alma à Grande Compreensão, não admitas que a
sombra te avilte o culto da gentileza.
Muitos dão,
mas raros sabem dar.
O pão,
misturado de reprimendas, amarga mais que o fel e a lição, que se ajusta a
críticas e reproches, pode ser comparada à tela preciosa que a ironia apedreja.
A
beneficência não se levanta por bandeira de superfície.
Vale mais a
tua frase, vasada em solidariedade e entendimento, para o companheiro que jaz
sob o gelo de desanimo, que todos os tesouros amoedados da Terra.
Vale mais teu
braço amigo ao irmão caído no precipício do sofrimento, que a mais ampla
biblioteca do mundo em cintilações verbalistas na tua boca.
Lembra-te de
que só o amor pode curar as chagas da penúria e da ignorância e aprende a
doá-lo aos que te rodeiam, nas maneiras em que te exprimes, porque a caridade
não é uma voz que fala, mas um poder que irradia.
Abraça a fé
que te enobrece a existência e segue o valioso roteiro que as suas revelações
te traçam à luta, mas não te esqueças de içar o coração, na marcha cotidiana,
para que a tua vida seja, realmente, um poema de luz e fraternidade, consoante
a lição do poema de luz e fraternidade, consoante a lição do Mestre Divino que,
ainda mesmo na cruz, foi o amor generoso e triunfante, atravessando o vale
escuro da morte, para convertê-la em eterna ressurreição.
Emmanuel - Livro: Caridade – Psicografia:
Francisco C. Xavier
FAZE ISSO E VIVERÁS
“E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e viverás.” —
(LUCAS, capítulo 10, versículo 28.)
O caso daquele doutor da Lei que interpelou o Mestre a
respeito do que lhe competia fazer para herdar a vida eterna, reveste-se de
grande interesse para quantos procuram a bênção do Cristo.
A palavra de Lucas é altamente elucidativa.
Não se surpreende Jesus com a pergunta, e, conhecendo a
elevada condição intelectual do consulente, indaga acerca da sua concepção da
Lei e fá-lo sentir que a resposta à interrogação já se achava nele mesmo,
insculpida na tábua mental de seus conhecimentos.
Respondeste bem, diz o Mestre. E acrescenta: Faze isso, e viverás.
Semelhante afirmação destaca-se singularmente, porque o
Cristo se dirigia a um homem em plena força de ação vital, declarando
entretanto: Faze isso, e viverás.
É que o viver não se circunscreve ao movimento do corpo,
nem à exibição de certos títulos convencionais.
Estende-se a vida a esferas mais altas, a outros campos
de realização superior com a espiritualidade sublime.
A mesma cena evangélica diariamente se repete em muitos
setores.
Grande número de aprendizes, plenamente integrados no
conhecimento do dever que lhes compete, tocam a pedir orientação dos Mensageiros
Divinos, quanto à melhor maneira de agir na Terra...
A resposta, porém, está neles mesmos, em seus corações
que temem a responsabilidade, a decisão e o serviço áspero...
Se já foste banhado pela claridade da fé viva, se foste
beneficiado pelos princípios da salvação, executa o que aprendeste do nosso
Divino Mestre: Faze isso, e viverás.
Do livro Caminho Verdade e Vida. Psicografia de Francisco
Cândido Xavier.
RECEITA DA VIDA ETERNA
Tema – Imperativo da prática do bem
Tantas
vezes encontramos pela frente a parábola do Bom Samaritano e tantas outras nela
encontramos inesperados ensinamentos.
Repetir
costuma cansar, convenhamos. Lições,
contudo, existem semelhantes à luz solar que se rearticula, diariamente,
criando vida renovadora.
Realmente,
a história contada por Jesus expõe a caridade por brilhante divino, com
revelações prismáticas de inexpremível beleza.
A atitude
daquele cavaleiro desconhecido resume todo um compêndio de bondade.
Enquanto o
sacerdote e o levita, pessoas de reconhecido valor intelectual, se afastam
deliberadamente do ferido, o samaritano para sensibilizado.
Até aí, o
assunto patenteia feição comum, porque nós todos, habitualmente, somos movidos
à piedade, diante do sofrimento alheio.
Situemo-nos, entretanto, em lugar do viajante generoso...
Talvez
estivesse ele com os minutos contados...
Muito
compreensivelmente, estaria sendo chamado com urgência e teria pressa de
atingir o término da viagem...
Provável
fosse atender a encontro marcado...
È possível
atravessasse naquela hora o fim do dia e devesse acautelar-se contra qualquer
tenho perigoso da estrada, na sombra da noite próxima...
No
entanto, à frente do companheiro anônimo abatido, detém-se e se compadece. Olvida a si mesmo e não pergunta quem é. Interrompe-se. Aproxima-se.
Faz pensos e efetua curativos.
Para ele, contudo, isso não basta.
Coloca-o na montada. Apresenta-o
na hospedaria e responsabiliza-se por ele.
Além disso, compromete-se sem indagar se está preservando um
adversário. Pagará pelos serviços que
receba. Vê-lo-á, quando regressar.
Narrando o
acontecido, Jesus recordou o comportamento do sacerdote, do levita e do
samaritano e perguntou ao doutor da Lei que se interessava pela posse da vida
eterna:
- Qual dos três te
parece haver amado o próximo, caído em necessidade?
- O que usou da
misericórdia para com ele – replicou o interpelado.
- Então, vai –
disse Jesus -, e faze tu o mesmo.
Segundo é fácil de ver, a indicação para entesourar a luz
da vida eterna, em nós próprios, é clara e simples. Amor ao próximo é o sublime recurso na base
de semelhante realização.
Mas não basta reconhecer os méritos da receita.
È preciso usá-la.
Livro: Encontro marcado - Emmanuel – Chico Xavier
ATENDAMOS AO BEM
"Em verdade vos digo que quantas vezes o fizestes a
um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes." - Jesus.
(MATEUS. 25:40)
Não só pelas palavras, que podem simbolizar folhas
brilhantes sobre um tronco estéril.
Não só pelo ato de crer. que, por vezes, não passa de
êxtase inoperante.
Não só pelos títulos, que, em muitas ocasiões, constituem
possibilidades de acesso aos abusos.
Não só pelas afirmações de fé, porque, em muitos casos,
as frases sonoras são gritos da alma vazia.
Não nos esqueçamos do "fazer".
A ligação com o Cristo, a comunhão com a Divina Luz, não
dependem do modo de interpretar as revelações do Céu.
Em todas as circunstâncias do seu apostolado de amor,
Jesus procurou buscar a atenção das criaturas, não para a forma do pensamento
religioso, mas para a bondade humana.
A Boa Nova não prometia a paz da vida superior aos que
calejassem os joelhos nas penitências incompreensíveis, aos que especulassem
sobre a natureza de Deus, que discutissem as coisas do Céu por antecipação, ou
que simplesmente pregassem as verdades eternas, mas exaltou a posição sublime
de todos os que disseminassem o amor, em nome do Todo-Misericordioso.
Jesus não se comprometeu com os que combatessem, em seu
nome, com os que humilhassem os outros, a pretexto de glorificá-lo, ou com os
que lhe oferecessem culto espetacular, em templos de ouro e pedra, mas sim
afirmou que o menor gesto de bondade, dispensado em seu nome, será sempre
considerado, no Alto, como oferenda de amor endereçada a ele próprio.
Livro Fonte Viva.
Pelo Espírito Emmanuel. Psicografia Francisco C. Xavier
PERANTE OS DOENTES
Criar em torno dos doentes uma atmosfera de positiva
confiança, através de preces, vibrações e palavras de carinho, fortaleza e bom
ânimo.
O trabalho de recuperação do corpo fundamenta-se na
reabilitação do Espírito.
Mesmo quando sejam ligados estreitamente ao coração, não
se deixar abater à face dos enfermos, mas sim apresentar-lhes elevação de
sentimento e fé, fugindo a exclamações de pena ou tristeza.
O desespero é fogo invisível.
Discorrer sempre que necessário sobre o papel relevante
da dor em nosso caminho, sem quaisquer lamentações infelizes.
A resignação nasce da confiança.
Em nenhuma circunstância, garantir a cura ou marcar o
prazo para o restabelecimento completo dos doentes, em particular dos
obsidiados, sob pena de cair em leviandade.
Antes de tudo vige a Vontade Sábia do Pai Excelso.
Dar atenção e carinho aos corações angustiados e
sofredores, sem falar ou agir de modo a humilhá-los em suas posições e
convicções, buscando atender-lhes às necessidades físicas e morais dentro dos
recursos ao nosso alcance.
A melhoria eficaz das almas deita raízes na solidariedade
perfeita.
Procurar com alegria, ao serviço da própria regeneração,
o convívio prolongado com parentes ou companheiros atacados pela invalidez,
pelo desequilíbrio ou pelas enfermidades pertinazes.
O antídoto do mal é a perseverança no bem.
“Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes
meus pequeninos irmãos, a mim mesmo o fizestes.” — Jesus. (MATEUS, 25:40.)
Livro: Cinduta Espírita
- Pelo Espírito - André Luiz – Psicografia de Francisco C Xavier Waldo Vieira
NA INTIMIDADE
DOMÉSTICA
“Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes
meus pequeninos irmãos a mim o fizestes. ” JESUS - MATEUS, 25: 40.
“Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na
humildade, isto é, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho. - -
Cap. 15, 3
A história do bom samaritano, repetidamente estudada,
oferece conclusões sempre novas.
O viajante compassivo encontra o ferido anônimo na
estrada.
Não hesita em auxiliá-lo.
Estende-lhe as mãos.
Pensa-lhe as feridas.
Recolhe-o nos braços sem qualquer idéia de preconceito.
Condu-lo ao albergue mais próximo.
Garante-lhe a pousada.
Olvida conveniências e permanece junto dele, enquanto
necessário.
Abstém se de indagações.
Parte ao encontro do dever, assegurando-lhe a assistência
com os recursos da própria bolsa, sem prescrever-lhe obrigações.
Jesus transmitiu-nos à parábola, ensinando-nos o
exercício de caridade real, mas, até agora, transcorridos quase dois milênios,
aplicamo-la, via, de regra, às pessoas quê não nos comungam o quadro particular
Quase sempre, todavia, temos os caídos do reduto doméstico.
Não descem de Jerusalém para Jericó, más tombam da fé
para a desilusão e da alegria para dor, espoliados nas melhores esperanças, em
rudes experiências.
Quantas vezes, surpreendemos as vítimas da obsessão e do
erro, da tristeza e da provação, dentro de casa! Julgamos, assim, que a
parábola do bom Samaritano produzirá também efeitos admiráveis, toda vez que
nos decidirmos a usá-la, na vida íntima, compreendendo e auxiliando aos
vizinhos e companheiros, parentes e amigos sem nada exigir e sem nada
perguntar.
Emmanuel - do livro:
O Livro da Esperança - Psicografado por Francisco Cândido Xavier
OLVIDE E RECORDE
Olvide o pó e o vento.
Recorde que a luz do Sol e a pureza da água são
gratuitos.
Olvide pessimismo e o mau agouro.
Recorde que a marcha do progresso é inexorável.
Olvide a palavra infeliz.
Recorde que você está sendo ouvido e observado.
Olvide a malquerença.
Recorde que o imperativo da fraternidade atinge a todos.
Olvide a indisposição.
Recorde que a disciplina mental é o primeiro remédio.
Olvide o próprio direito.
Recorde que o dever pessoal é intransferível.
Olvide a censura.
Recorde que a harmonia e a cooperação constroem sempre
mais.
Olvide a discussão intempestiva.
Recorde que o respeito ao semelhante é o alicerce da paz.
Olvide a vaidade intelectual.
Recorde o valor do procedimento correto em todas as
circunstâncias.
Olvide as vozes
destrutivas.
Recorde que a extensão da seara do bem espera por nós.
Olvide a convenção nociva.
Recorde que a naturalidade suscita sempre a simpatia
maior.
Olvide a lamentação.
Recorde que o minuto passa sem esperar por ninguém.
Triunfar é esquecer o lado menos bom da vida, lembrando o
cumprimento das próprias obrigações que, em verdade, sustentam a nossa alegria
incessante.
André Luiz - Médium: Francisco Cândido Xavier Livro: O
Espírito da Verdade
O ESPÍRITO DO ESPIRITISMO
E - Cap. XV - Item
3
Consciência individual - eis o oráculo do bom senso ante
a justiça inseduzível de Deus.
Não nos satisfaça atender simplesmente aos nossos
deveres, porém, que abracemos espontaneamente a obrigação de cumpri-los com
êxito.
Não descreias de tua força interior.
Não te sintas incapaz, porque tanto estás habilitado a
fazer o mal quanto o bem, lembrando que a chama da vela tanto pode estar
aquecendo e iluminando, quanto incendiando e destruindo...
Sobre a ênfase das palavras cativantes, avança além dos
lugares-comuns em torno da beneficência, praticando-a com a precisa fidelidade
a ti mesmo.
As Leis do Criador, imutáveis desde o passado sem início
até o futuro sem fim, prescrevem o clima do auxílio mútuo por ambiente ideal
das almas em qualquer páramo do Universo.
Quem beneficia recebe o maior quinhão do benefício.
Todo supérfluo é retido nos laços do egoísmo ou da
ignorância.
Reconheçamos que muita gente renasce de novo para passar
a limpo a garatuja dos próprios atos.
Depende de cada um fazer das nuvens de provações, chuvas
benfeitoras da vida ou raios destruidores de morte.
Não basta rogar sem méritos do trabalho pessoal,
porquanto ninguém transforma as mãos implorantes em gazuas para abrir as portas
dos celeiros espirituais.
As lágrimas tanto conseguem exprimir orações quanto
blasfêmias.
O silêncio na tarefa mais apagada surge sempre muito mais
expressivo que o queixume na inutilidade brilhante.
O raciocínio descobre a vizinhança entre a fé e o
entendimento e a distância entre a fé e o fanatismo.
Os homens não são fantoches do destino e sim construtores
dele.
Arma-te de confiança e sai de ti mesmo, servindo às vidas
em derredor.
O amor é o coração do Evangelho e o espírito do
Espiritismo chama-se caridade.
De Opinião Espírita de Francisco Cândido Xavier e Waldo
Vieira pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz
PARÁBOLA DO BOM
SAMARITANO
“Levantando-se um doutor da Lei experimentou-o, dizendo:
Mestre, que farei para herdar a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: Que é o que
está escrito na Lei? como lês tu? Respondeu ele: Amarás ao Senhor teu Deus de
todo o teu coração, de toda a tua alma, de toda a tua força e de todo o teu
entendimento e ao próximo como a ti mesmo. Replicou-lhe Jesus: Respondeste bem;
faze isso e viverás. Ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: E
quem é o meu próximo? Prosseguindo, Jesus disse: Um homem descia de Jerusalém a
Jericó; e caiu nas mãos de salteadores que, depois de o despirem e espancarem,
se retiraram, deixando-o meio morto. Por uma coincidência descia por aquele
caminho um sacerdote; e quando o viu, passou de largo. Do mesmo modo também um
levita, chegando ao lugar e vendo-o, passou de largo. Um samaritano, porém, que
ia de viagem, aproximou-se do homem, e, vendo-o, teve compaixão dele; e
chegando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; e pondo-o
sobre seu animal, levou-o para uma hospedaria e tratou-o. No dia seguinte tirou
dois denários, deu-os ao hospedeiro e disse: Trata-o, e quanto gastares de
mais, na volta to pagarei. Qual destes três te parece ter sido o próximo
daquele que caiu nas mãos dos salteadores? Respondeu o doutor da Lei: Aquele
que usou de misericórdia para com ele. Disse-lhe Jesus: Vai e faze tu o mesmo.”
(Lucas, X, 25-37.)
Se examinarmos atentamente a Doutrina de Jesus, veremos
em todos os seus princípios a exaltação da humildade e a humilhação do orgulho.
As personalidades mais impressionantes e significativas
de suas parábolas são sempre os pequenos, os humildes, os repudiados pelas
seitas dominantes, os excomungados pela fúria e ódio sacerdotal, os acusados pelos
doutores da Lei, pelos rabinos, pelos fariseus e escribas do povo, em suma, os
chamados heréticos e descrentes! Todos estes são os preferidos de Jesus, e
julgados mais dignos do Reino dos Céus que os potentados da sua época, que os
sacerdotes ministradores da lei, que os grandes, os orgulhosos, os
representantes da alta sociedade!
Leiam a passagem da “mulher adúltera”, a Parábola do
Publicano e do Fariseu, a do Filho Pródigo, a da Ovelha Perdida, a do Administrador
Infiel, a do Rico e o Lázaro; vejam o encontro de Jesus com Zaqueu, ou com
Maria de Betânia, que lhe ungiu os pés; as Parábolas do Grão de Mostarda em
contraposição à da frondosa Figueira Sem Frutos, e a do Tesouro Escondido em
contraposição à dos tesouros terrenos e das ricas pedrarias que adornavam os
sacerdotes!
Esta afirmação se confirma com esta sentença do Mestre
aos fariseus e doutores da lei: “Em verdade vos afirmo que as meretrizes e os
pecadores vos precederão no Reino dos Céus.”
E para que melhor testemunho desta verdade, que aparece
aos olhos de todos os que penetram o Evangelho em espíritos, do que esta
Parábola do Bom Samaritano?
Os samaritanos eram considerados heréticos aos olhos dos
judeus ortodoxos; por isso mesmo eram desprezados, anatematizados e
perseguidos.
Pois bem, esse que, segundo a afirmação dos sacerdotes,
era um descrente, um condenado, foi justamente o que Jesus escolheu como figura
preeminente de sua Parábola. O interessante, ainda, é que a referida parábola
foi proposta a um Doutor da lei, a um judeu da alta sociedade que, para tentar
o Mestre, foi inquiri-lo a respeito da
vida eterna.
O judeu doutor não ignorava os mandamentos, e como os
podia ignorar se era doutor! Mas, com certeza, não os praticava! Conhecia a
teoria, mas desconhecia a prática. O amor de toda a alma, de todo o coração, de
todo o entendimento e de toda a força que o doutor Judeu conhecia, não era
ainda bastante para fazê-lo cumprir seus deveres para com Deus e o próximo.
Amava, como amavam os fariseus, como os escribas amavam e
como amam os sacerdotes atuais, os padres contemporâneos e os doutores da lei
de nossos dias. Era um amor muito diferente e quiçá oposto ao que preconizou o
Filho de Deus.
É o amor do sacerdote, que, vendo o pobre ferido, despido
e espancado, quase morto, passou de largo; é o amor do levita (padre também da
Tribo de Levi), que, vendo caído, ensangüentado, nu e arquejante à beira do
caminho, por onde passava, um pobre homem, também se fez ao largo; é o amor dos
egoístas, o amor dos que não compreenderam ainda o que é o amor; é o amor do
sectário fanático que ama a abstração mas desama a realidade!
Salientando na sua Parábola essas personalidades
poderosas da sua época, e cujo exemplo é fielmente imitado pelo sacerdócio atual,
quis Jesus fazer ver aos que lessem o seu Evangelho que a santidade dessa gente
não chega ao mínimo do Reino dos Céus, ao passo que os excomungados pelas Igrejas,
que praticam o bem, se acham no caminho da vida eterna.
De fato, quem é o meu próximo, se não o que necessita de
meus serviços, de minha palavra, de meus cuidados, de minha proteção?
Não é preciso ser cristão para se saber isto que o
próprio Doutor da Lei afirmou em resposta à interpelação de Jesus: “O próximo do
ferido foi aquele que usou de misericórdia para com ele.” Ao que Jesus disse,
para lhe ensinar o que precisava fazer a fim de herdar a vida eterna:
“Vai, e faze tu a mesma coisa.”
O que equivale a dizer: Não basta, nem é preciso ser
Doutor da Lei, nem sacerdote, nem fariseu, nem católico, nem protestante, nem
assistir a cultos ou cumprir mandamentos desta ou daquela Igreja, para ter a
vida eterna; basta ter coração, alma e cérebro, isto é, ter amor, porque o que
verdadeiramente tem amor, há de auxiliar o seu próximo com tudo o que lhe for
possível auxiliar: seja com dinheiro, seja moralmente ensinando os que não
sabem, espiritualmente prodigalizando afetos e descerrando aos olhos do próximo
as cortinas da vida eterna, onde o espírito sobrevive ao corpo, onde a vida
sucede à morte, onde a Palavra de Jesus triunfa dos preceitos e preconceitos
sacerdotais!
Finalmente, a Parábola do Bom Samaritano refere-se
verdadeiramente a Jesus; o viajante ferido é a Humanidade saqueada de seus bens
espirituais e de sua liberdade, pelos poderosos do mundo; o sacerdote e o levita
significam os padres das religiões que, em vez de tratarem dos interesses da
coletividade, tratam dos interesses dogmáticos e do culto de suas Igrejas; o
samaritano que se aproximou e atou as feridas, deitando nelas azeite e vinho, é
Jesus Cristo. O azeite é o símbolo da fé, o combustível que deve arder nessa
lâmpada que dá claridade para a Vida Eterna — a sua Doutrina; o vinho é o suco
da vida, é o espírito da sua Palavra; os dois denários dados ao hospedeiro para
tratar do doente, são: a caridade e a sabedoria; o mais, que o “enfermeiro”
gastar, resume-se na abnegação, nas vigílias, na paciência, na dedicação, cujos
feitos serão todos recompensados. Enfim, o hospedeiro representa os que
receberam os seus ensinos e os “denários” para cuidarem do “viajante ferido e saqueado”.
Parábolas E Ensinos de Jesus - Cairbar Schutel
OS NOVOS SAMARITANOS
Cap. XV - Item 2 - ESE
Quem ainda não caiu nos resvaladouros do erro?
Quem ainda não se viu forçado a reerguer-se de muitas
quedas?
Tange as fibras do coração e estende a indulgência,
servindo aos companheiros que o açoite da provação flagela e vergasta.
Ei-los que surgem por toda parte:
O doente recluso no manicômio, expirando à míngua de luz,
no crespúculo da existência...
A jovem acidentada cujos olhos empalidecem para não mais
fitarem o azul do céu.
O moço que ostenta a saúde a brincar-lhe no corpo e a
irreflexão a empurrar-lhe a alma para os antros do vício...
A mulher que resume ao mesmo tempo e ternura de mil
mãezinhas, ao enlaçar o filhinho amado e enfermo, desfalecente e já sem forças
para chorar...
O homem de passo errante que se estira de cansaço sobre
passeios e bancos da via pública, tentando conciliar o sono sem sonhos do
supremo infortúnio...
O cultivador do solo, preso a dores antigas e que não
troca de vestimenta há vários meses de intensa luta...
A dama elegante e bela que traz o coração repleto de
enganos sob o colo estrelado de jóias...
O ébrio de olhar sem brilho e de lábios sem cor, que
avança para o sepulcro, cambaleando aos soluços dos filhos entregues à
ignorância e à necessidade...
A velhinha encarquilhada que ainda busca coser farrapos
de velhos sonhos...
O sentenciado infeliz cuja consolação é somente ouvir a
orquestra dos passarinhos sobre as telhas do cárcere...
Construindo o bem sem alarde, no sublime anonimato do
amor fraterno, os espíritas podem e devem ser os novos samaritanos, em plena
vida de hoje.
Embora humildes e pequeninos, mas convictos de que
desfrutamos a Eternidade, na qual já podemos viver felizes, sigamos à Jesus, o
Excelso Timoneiro, acompanhando a marcha gloriosa de suor e de luta em que
porfiam incansavelmente os nossos benfeitores abnegados - os Espíritos de
Escol.
Eurípedes Barsanulfo - Do livro O Espírito da Verdade.
Psicografia de Francisco C Xavier e Waldo Vieira.
A ESPERA DE UM
AMIGO
Francisco Cândido Xavier
Na véspera da nossa reunião*, conversávamos sobre a
possibilidade de algum companheiro, recentemente desencarnado, trazer-nos a
palavra deles, os que já estão no Além. Com surpresa recebemos nessa reunião um
comunicado em versos do nosso amigo Sr. Cid Franco.
Não me lembro de conhecer alguma produção do nosso amigo
no estilo de quadras em que nos escreveu, mas envio a mensagem no próprio
original que recebemos, do qual deixamos cópia aqui, pois intimamente guardo a
convicção de que foi o nosso amigo, Sr. Cid Franco, quem a escreveu por nosso
intermédio.
Ele mesmo, hoje no plano espiritual, disse-me: “Chico,
você pode enviar as minhas páginas ao nosso Herculano. Ele observará que sou eu
mesmo e abraçará a minha gente por mim”.
Cumpro a recomendação do amigo espiritual. Aguardarei as
suas notícias. O texto lido no início dos trabalhos foi o item 2 do capítulo XV
de O Evangelho Segundo o Espiritismo, sobre a parábola do Bom Samaritano.
Do livro
Astronautas do Além de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires -
Espíritos diversos
QUEM É?
Cid Franco
O outro!... Sabes quem é?
Por trás de quanto se vê,
É quem nos acorda a fé
Sem que se saiba com quê...
É aquele que vai contigo
No mesmo carro assentado,
É quem segue ao desabrigo
E nunca viste ao teu lado.
É o portador de uma prova
Que te surge, de improviso,
É o irmão que te renova
No reconforto preciso.
É o companheiro que indaga,
É aquele que te responde,
É o pedinte aberto em chaga
Que vive não sabes onde...
É o grande homem da praça
Que espalha força e renome,
É o peregrino que passa
Cansado de febre e fome.
É aquele que te injuria,
A verbo de fel e brasa,
É quem te perturba ou guia
Por dentro da própria casa.
É a mulher, é o pequenino
É o jovem de sonho em flor,
É o doente em desatino,
O amigo e o perseguidor...
É quem cria amor e paz,
Quem te bate ou te maldiz,
É a pessoa que te faz
Feliz ou menos feliz.
O outro é o próximo... Alguém
Que nos revela em ação
Quanto já temos de bem
Nas trilhas da evolução.
Nota – O Evangelho é sempre aberto ao acaso por uma das
pessoas presentes. Caiu o tema predileto de Cid Franco – o do amor ao próximo,
sobre o qual escreveu vários poemas e trabalhos em prosa que enriquecem a nossa
literatura.
Do livro
Astronautas do Além de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires -
Espíritos diversos
CID E O SAMARITANO
Irmão Saulo
O original psicográfico do poema de Cid Franco foi
examinado atentamente por alguns de seus amigos íntimos, por sua viúva, D.
Alice Rosciano Franco e por seu filho Walter Franco, o famoso compositor jovem
de musicas renovadoras. A letra do texto difere da caligrafia habitual da
psicografia de Chico Xavier, aproximando-se bastante da letra do autor
espiritual, quando encarnado. A assinatura é indiscutível: sua semelhança com a
assinatura do homem confirma a legitimidade do espírito e a autenticidade de
sua manifestação.
Chico Xavier, como se vê no seu relato, não conhecia
suficientemente a obra poética de Cid Franco e teve receio de que os amigos do
saudoso poeta e radialista não aceitassem as suas trovas. Mas a sua convicção
da legitimidade da mensagem e as afirmações do espírito, de que seria
reconhecido, o encorajaram a enviar-nos o poema. Como observou Walter Franco,
tudo nesse poema atesta a presença de seu pai: a caligrafia, a assinatura, a
pureza das quadras, a escolha das palavras e o cuidado em evitar o lugar comum,
a temática do amor universal e da fraternidade humana.
Acrescentaremos a tudo isso uma das características de
toda a poética de Cid Franco: o predomínio da razão e do intencional sobre a
emoção. E chamamos a atenção do leitor para a finura dessa concepção poética,
onde Cid se coloca no lugar do Bom Samaritano para mostrar-nos que o Outro – o
judeu assaltado na estrada – pode ser a pessoa mais querida e íntima ou a mais
detestada e distante, pois será sempre alguém que nos submete à prova da nossa
evolução moral.
Entre os vários livros de poemas que Cid Franco publicou,
existe um que Chico Xavier desconhece: “Trovas para o Meu Senhor”, lançado pela
Livraria Martins, em São Paulo, no ano de 1967, quatro anos antes do seu
passamento para a vida espiritual. Mas há outras quadras em livros publicados
anteriormente, como se pode verificar em “Poemas”, editado pela Brasiliense, em
1947. Como se vê, é este um dos mais recentes e dos Mais belos episódios
mediúnicos da vasta obra de psicografia literária de Chico Xavier.
Do livro Astronautas do Além de Francisco Cândido Xavier
e J. Herculano Pires - Espíritos diversos
COMO LÊS?
“E Ele lhe disse:- Que está escrito na lei? Como lês?” -
Lucas, 10:26.
A interrogação do Mestre ao doutor de Jerusalém dá idéia
do interesse de Jesus pela nossa maneira de penetração da leitura.
Sem nos referirmos ao círculo vasto de pessoas ainda
indiferentes às lições do Evangelho, podemos reconhecer, mesmo entre os
aprendizes, as mais diversas tendências no que se refere ao problema dos
livros.
Os leitores distanciam-se uns dos outros pelas expressões
mais heterogêneas.
Uns pedem consolação, outros procuram recreio.
Há os que buscam motivos tristes por cultivar a dor,
tanto quanto os que se arvoram em caçadores de gargalhadas.
Surgem os que reclamam tóxicos intelectuais, os que andam
em busca de fantasias, os que insistem por incentivos à polêmica envenenada.
Raros leitores pedem iluminação.
Sem isto, entretanto, podem ler muito, saturando o
pensamento de teorias as mais estranhas. Chega ao dia em que reconhecem a pouca
substancialidade de seus esforços, porque, sem luz, o conforto pode induzir à
preguiça, ao entretenimento, à aventura menos digna, à tristeza, ao isolamento,
ao riso e ao deboche.
Com a iluminação espiritual, todavia, cada cousa
permanece em seu lugar, orientada no sentido de utilidade justa.
Lembra que quando te aproximas de um livro estás sempre
pedindo alguma cousa. Repara, com atenção, o que fazes.
Que procuras? Emoções, consolo, entretenimento? Não
olvides que o Mestre pode também interrogar-te:-“Como lês?”
Emmanuel - De Alma e Luz de Francisco Cândido Xavier
AUXILIAR E SERVIR
"... E amarás o teu próximo como a ti mesmo". –
Jesus (Lucas, 10:27) Irmãos!
Quando estiverdes à beira do desânimo porque alfinetadas
do mundo vos hajam ferido o coração; quando o desespero vos ameace, à vista das
provações que se vos abatem na senda, reflitamos naqueles companheiros outros
que se agoniam, junto de nós, em meio dos espinheiros que nos marginam a estrada;
nos que foram relegados à solidão sem voz de amigo que os reconforte; nos que
tateiam, a pleno dia,ansiando por fio de luz que lhes atenue a cegueira; nos
que perderam o lume da razão e se despencaram na vala da loucura; nos que foram
arrojados à orfandade quando a existência na Terra se lhes esboça em começo;
naqueles que estão terminando a romagem no mundo atirados à ventania; nos que desistiram
do refúgio na fé e se encaminham, desorientados, para as trevas do suicídio;
nos que se largaram à delinquência comprando arrependimentos e lágrimas na segregação
em que expiam as próprias faltas; nos que choram escravizados à penúria, a
definharem de inanição!...
Façamos isso e aprenderemos a agradecer a Bondade de Deus
que a todos nos reúne em sua bênção de amor, de vez que a melancolia se nos transformará,
no ser, em clarão de piedade, ensinando-nos a observar que por mais
necessitados ou sofredores estejamos dispomos ainda do privilégio de colaborar
com Jesus na edificação do Mundo Melhor, pela felicidade de auxiliar e pelo dom
de servir.
Livro: Segue-me- Emmanuel – Francisco C Xavier
FAZE ISSO E VIVERÁS
“E disse-lhe:
Respondeste bem; faze isso, e viverás.” — (LUCAS, capítulo 10, versículo 28.)
O caso daquele doutor da Lei que interpelou o Mestre a
respeito do que lhe competia fazer para herdar a vida eterna, reveste-se de
grande interesse para quantos procuram a bênção do Cristo.
A palavra de Lucas é altamente elucidativa.
Não se surpreende Jesus com a pergunta, e, conhecendo a
elevada condição intelectual do consulente, indaga acerca da sua concepção da
Lei e fá-lo sentir que a resposta à interrogação já se achava nele mesmo,
insculpida na tábua mental de seus conhecimentos.
Respondeste bem, diz o Mestre. E acrescenta: Faze isso, e viverás.
Semelhante afirmação destaca-se singularmente, porque o
Cristo se dirigia a um homem em plena força de ação vital, declarando
entretanto: Faze isso, e viverás.
É que o viver não se circunscreve ao movimento do corpo,
nem à exibição de certos títulos convencionais. Estende-se a vida a esferas
mais altas, a Outros campos de realização superior com a espiritualidade
sublime.
A mesma cena evangélica diariamente se repete em muitos
setores. Grande número de aprendizes, plenamente integrados no conhecimento do
dever que lhes compete, tocam a pedir orientação dos Mensageiros Divinos,
quanto à melhor maneira de agir na Terra... a resposta, porém, está neles
mesmos, em seus corações que temem a responsabilidade, a decisão e o serviço
áspero...
Se já foste banhado pela claridade da fé viva, se foste
beneficiado pelos princípios da salvação, executa o que aprendeste do nosso
Divino Mestre: Faze isso, e viverás.
Emmanuel - Do
livro Caminho Verdade e Vida. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
SEM CARIDADE
Sem a caridade
do trabalho para as suas mãos, o seu descanso pode transformar-se em preguiça.
Sem a caridade
da tolerância, o seu trabalho seguirá repleto de entraves.
Sem a caridade
da simpatia para com os necessitados de qualquer procedência, as suas palavras
de corrigenda serão nulas.
Sem a caridade
da gentileza, a sua vida social e doméstica será sempre um purgatório de
incompreensões.
Sem a caridade
da desculpa fraterna, seus problemas seguirão aumentados.
Sem a caridade
da lição repetida, o seu esforço não auxiliará a ninguém.
Sem a caridade
da cooperação, a sua tarefa pode descer ao isolamento enfermiço.
Sem a caridade
do estímulo ao companheiro que luta, sofre e chora, no trato com as próprias
imperfeições, o orgulho se lhe fará petrificado na própria alma.
Sem a caridade
do auxílio incessante aos pequeninos, a vaidade viverá fortalecida em nosso
espírito invigilante.
Sem a caridade
do entendimento amigo, a sua franqueza será crueldade.
Sem a caridade
do concurso desinteressado e fraterno, as suas dificuldades crescerão
indefinidamente.
Sem caridade
em nosso caminho, tudo se converterá em inquietude, sombra e sofrimento. Por
isso mesmo, adverte-nos o Evangelho – "fora da caridade ou fora do amo não
existe realmente salvação".
André Luiz - Livro: Caridade – Psicografia: Francisco C.
Xavier – Espíritos Diversos
SE TIVERMOS
CARIDADE
FILHOS
DEUS nos abençoe.
A obra do
Cristo, hoje como ontem, é a caminhada do amor, em serviço aos semelhantes,
através de estradas em que a sombra, muitas vezes, ruge e domina.
Problemas,
dificuldades, aflições, incompreensões, obstáculos, crises, dores, lutas e
sacrifícios surgirão na senda, por desafios da construção que nos compete
realizar...entretanto, para a romagem possuímos a CARIDADE, como sendo a luz
inextinguível que o MESTRE nos legou.
Tropeços aos montes repontarão do
cotidiano...mas, se tivermos CARIDADE, serão removidos em silêncio, para que a
harmonia se reajuste.
Discórdias
gritarão, concitando-nos a conflitos desnecessários nas trevas... entretanto,
se tivermos CARIDADE, os ânimos conturbados se apaziguarão, para que a
serenidade nos comande o destino.
Injúrias virão,
a modo de serpes, insuflando no ambiente as projeções de que são portadoras...
todavia, se tivemos CARIDADE, a prece virá do nosso coração à força do verbo, a
fim de que se convertam em bênçãos de paz.
Deserções
inesperadas induzir-nos-ão à tristeza e ao desanimo, ante a falta de
companheiros que se nos erigiam, em sustentáculos da esperança... se tivermos
CARIDADE, porém, o vazio da fileira será preenchido e os irmãos ausentes
voltarão mais tarde para mais ampla cooperação.
Provas rudes
cairão sobre nós, como sejam aquelas que se vinculam às conseqüências do
passado culposo, comprometendo-nos a estabilidade de ação e conjunto... no
entanto, se tivemos CARIDADE, as lágrimas regenerativas e as dores esfogueantes
das lides expiatórias encontrarão consolo que as atenue.
Tentações
inquietantes pesar-nos-ão nos círculos afetivos, carreando ameaças contra a
segurança de nossa fé... contudo, se tivemos CARIDADE, o amor vibrará em nossas
almas, desfazendo as tramas obscuras da obsessão.
Desentendimentos
no âmbito mais intimo de nossos ideais aparecerão, à maneira de insetos
destruidores, carcomendo a plantação promissora de nossas realizações com
Jesus...mas, se tivermos CARIDADE, encontraremos os recursos precisos para
extirpá-los, sem que o fel da mágoa nos intoxique as fontes da fraternidade e
da confiança.
Para todas as
proporções da vida, onde a vida nos apresente um enigma a resolver, ligado às
exigências de nossa tarefa e melhoria, aperfeiçoamento e elevação, recordemos a
sublime condicional:
SE TIVERMOS CARIDADE...
Em todos os
lugares e em todas as situações, a bondade do Cristo nos chama ao divino
testemunho:
Caridade, Caridade.
Não esmoreçamos,
perante o quadro de trabalho, da demonstração de exemplo e humildade, a que
estamos intimados pelos nossos próprios compromissos, à frente do Senhor...
Jesus permanece
conosco e, se tivermos CARIDADE, venceremos.
Porque a dor - a
divina escultora da vida – terá sido em ti mesmo a candeia apagada em cinza
espessa e vã.
Fabiano - Livro: Caridade – Psicografia: Francisco C.
Xavier
PARÁBOLA DO BOM
SAMARITANO
“Levantando-se um doutor da Lei experimentou-o, dizendo:
Mestre, que farei para herdar a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: Que é o que
está escrito na Lei? como lês tu? Respondeu ele: Amarás ao Senhor teu Deus de
todo o teu coração, de toda a tua alma, de toda a tua força e de todo o teu
entendimento e ao próximo como a ti mesmo. Replicou-lhe Jesus: Respondeste bem;
faze isso e viverás. Ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: E
quem é o meu próximo? Prosseguindo, Jesus disse:
Um homem descia de Jerusalém a Jericó; e caiu nas mãos de
salteadores que, depois de o despirem e espancarem, se retiraram, deixando-o
meio morto. Por uma coincidência descia por aquele caminho um sacerdote; e quando
o viu, passou de largo. Do mesmo modo também um levita, chegando ao lugar e
vendo-o, passou de largo. Um samaritano, porém, que ia de viagem, aproximou-se
do homem, e, vendo-o, teve compaixão dele; e chegando-se, atou-lhe as feridas,
deitando nelas azeite e vinho; e pondo-o sobre seu animal, levou-o para uma
hospedaria e tratou-o. No dia seguinte tirou dois denários, deu-os ao
hospedeiro e disse: Trata-o, e quanto gastares de mais, na volta to pagarei.
Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos
salteadores? Respondeu o doutor da Lei: Aquele que usou de misericórdia para
com ele. Disse-lhe
Jesus: Vai e faze tu o mesmo.” (Lucas, X, 25-37.)
Se examinarmos atentamente a Doutrina de Jesus, veremos
em todos os seus princípios a exaltação da humildade e a humilhação do orgulho.
As personalidades mais impressionantes e significativas
de suas parábolas são sempre os pequenos, os humildes, os repudiados pelas
seitas dominantes, os excomungados pela fúria e ódio sacerdotal, os acusados pelos
doutores da Lei, pelos rabinos, pelos fariseus e escribas do povo, em suma, os
chamados heréticos e descrentes! Todos estes são os preferidos de Jesus, e julgados
mais dignos do Reino dos Céus que os potentados da sua época, que os sacerdotes
ministradores da lei, que os grandes, os orgulhosos, os representantes da alta
sociedade!
Leiam a passagem da “mulher adúltera”, a Parábola do
Publicano e do Fariseu, a do Filho Pródigo, a da Ovelha Perdida, a do
Administrador Infiel, a do Rico e o lázaro; vejam o encontro de Jesus com
Zaqueu, ou com Maria de Betânia, que lhe ungiu os pés; as Parábolas do Grão de Mostarda
em contraposição à da frondosa Figueira Sem Frutos, e a do Tesouro Escondido em
contraposição à dos tesouros terrenos e das ricas pedrarias que adornavam os
sacerdotes!
Esta afirmação se confirma com esta sentença do Mestre
aos fariseus e doutores da lei: “Em verdade vos afirmo que as meretrizes e os
pecadores vos precederão no Reino dos Céus.”
E para que melhor testemunho desta verdade, que aparece
aos olhos de todos os que penetram o Evangelho em espíritos, do que esta
Parábola do Bom Samaritano?
Os samaritanos eram considerados heréticos aos olhos dos
judeus ortodoxos; por isso mesmo eram desprezados, anatematizados e perseguidos.
Pois bem, esse que, segundo a afirmação dos sacerdotes,
era um descrente, um condenado, foi justamente o que Jesus escolheu como figura
preeminente de sua Parábola. O interessante, ainda, é que a referida parábola
foi proposta a um Doutor da lei, a um judeu da alta sociedade que, para tentar
o Mestre, foi inquiri-lo a respeito da vida eterna.
O judeu doutor não ignorava os mandamentos, e como os
podia ignorar se era doutor! Mas, com certeza, não os praticava! Conhecia a teoria,
mas desconhecia a prática. O amor de toda a alma, de todo o coração, de todo o entendimento
e de toda a força que o doutor Judeu conhecia, não era ainda bastante para
fazê-lo cumprir seus deveres para com Deus e o próximo.
Amava, como amavam os fariseus, como os escribas amavam e
como amam os sacerdotes atuais, os padres contemporâneos e os doutores da lei de
nossos dias. Era um amor muito diferente e quiçá oposto ao que preconizou o
Filho de Deus.
É o amor do sacerdote, que, vendo o pobre ferido, despido
e espancado, quase morto, passou de largo; é o amor do levita (padre também da
Tribo de Levi), que, vendo caído, ensangüentado, nu e arquejante à beira do
caminho, por onde passava, um pobre homem, também se fez ao largo; é o amor dos
egoístas, o amor dos que não compreenderam ainda o que é o amor; é o amor do
sectário fanático que ama a abstração mas desama a realidade!
Salientando na sua Parábola essas personalidades
poderosas da sua época, e cujo exemplo é fielmente imitado pelo sacerdócio
atual, quis Jesus fazer ver aos que lessem o seu Evangelho que a santidade
dessa gente não chega ao mínimo do Reino dos Céus, ao passo que os excomungados
pelas Igrejas, que praticam o bem, se acham no caminho da vida eterna.
De fato, quem é o meu próximo, se não o que necessita de
meus serviços, de minha palavra, de meus cuidados, de minha proteção?
Não é preciso ser cristão para se saber isto que o
próprio Doutor da Lei afirmou em resposta à interpelação de Jesus: “O próximo
do ferido foi aquele que usou de misericórdia para com ele.” Ao que Jesus
disse, para lhe ensinar o que precisava fazer a fim de herdar a vida eterna: “Vai,
e faze tu a mesma coisa.”
O que equivale a dizer: Não basta, nem é preciso ser
Doutor da Lei, nem sacerdote, nem
fariseu, nem católico, nem protestante, nem assistir a cultos ou cumprir
mandamentos desta ou daquela Igreja, para ter a vida eterna; basta ter coração, alma e cérebro,
isto é, ter amor, porque o que verdadeiramente tem amor, há de auxiliar o seu
próximo com tudo o que lhe for possível auxiliar: seja com dinheiro, seja
moralmente ensinando os que não sabem, espiritualmente prodigalizando afetos e
descerrando aos olhos do próximo as cortinas da vida eterna, onde o espírito
sobrevive ao corpo, onde a vida sucede à morte, onde a Palavra de Jesus triunfa
dos preceitos e preconceitos sacerdotais!
Finalmente, a Parábola do Bom Samaritano refere-se
verdadeiramente a Jesus; o viajante ferido é a Humanidade saqueada de seus bens
espirituais e de sua liberdade, pelos poderosos do mundo; o sacerdote e o levita
significam os padres das religiões que, em vez de tratarem dos interesses da
coletividade, tratam dos interesses dogmáticos e do culto de suas Igrejas; o
samaritano que se aproximou e atou as feridas, deitando nelas azeite e vinho, é
Jesus Cristo. O azeite é o símbolo da fé, o combustível que deve arder nessa
lâmpada que dá claridade para a Vida Eterna — a sua Doutrina; o vinho é o suco
da vida, é o espírito da sua Palavra; os dois denários dados ao hospedeiro para
tratar do doente, são: a caridade e a sabedoria; o mais, que o “enfermeiro”
gastar, resume-se na abnegação, nas vigílias, na paciência, na dedicação, cujos
feitos serão todos recompensados. Enfim, o hospedeiro representa os que
receberam os seus ensinos e os “denários” para cuidarem do “viajante ferido e saqueado”.
CAIRBAR SCHUTEL – PARÁBOLAS E ENSINOS DE JESUS
A PARÁBOLA
RELEMBRADA
Depois da parábola do bom samaritano, à noite, em casa de
Simão, Tadeu, sinceramente interessado no assunto, rogou ao Mestre fosse mais
explícito no ensinamento, e Jesus, com a espontaneidade habitual, falou:
— Um homem enfermo jazia no chão, em esgares de
sofrimento, às portas de grande cidade, assistido por pequena massa popular
menos esclarecida e indiferente.
Passou por ali um moço romano de coração generoso, em seu
carro apressado, e atirou-lhe duas moedas de prata, que um rapazelho de maus
costumes subtraiu às ocultas.
Logo após, transitou pelo mesmo local um venerando
escriba da Lei, que, alegando serviços prementes, prometeu enviar autoridades
em benefício do mendigo anônimo.
Quase de imediato, desfilou por ali um sacerdote que
lançou ao viajante desamparado um gesto de bênção e, afirmando que o culto ao
Supremo Senhor esperava por ele, exortou o povo a asilar o doente e
alimentá-lo.
Depois dele, surgiu, de relance, respeitável senhora, a
quem o pobre se dirigiu em comovedora súplica; todavia, a nobre matrona,
lastimando as dificuldades da sua condição de mulher, invocou o cavalheirismo
masculino, para aliviá-lo, como se fazia imprescindível.
Minutos após, um grande juiz varou o mesmo trecho da via
pública asseverando que nomearia testemunhas a fim de saber se o mísero não
seria algum viciado vulgar, afastando-se, lépido, sob o pretexto de que a
oportunidade lhe não era favorável.
Decorridos mais alguns instantes, veio à cena um mercador
de bolsa que, condoído, asseverou a sua carência de tempo e deu vinte moedas a
um homem que lhe pareceu simpático, a fim de que o problema de assistência
fosse resolvido, mas o preposto improvisado era um malfeitor evadido do cárcere
e fugiu com o dinheiro sem prestar o socorro prometido.
O doente tremia e suava de dor, rojado ao pó, quando
surgiu ali velho publicano, considerado de má vida, por não adorar o Senhor,
segundo as regras dos fariseus.
Com espanto de todos, aproximou-se do infeliz,
endereçou-lhe palavras de encorajamento e carinho, deu-lhe o braço levantou-o e,
sustentando-o com as próprias energias, conduziu-o a uma estalagem de
confiança, fornecendo-lhe medicação adequada e dividindo com ele o reduzido
dinheiro que trazia consigo.
Em seguida, retomou a sua jornada, seguindo
tranqüilamente o seu caminho.
Depois de interromper-se, ligeiramente, o Mestre
perguntou ao discípulo:
— Em tua opinião, quem exerceu a caridade legítima?
— Ah! sem dúvida — exclamou Tadeu, bem-humorado —, embora
aparentemente desprezível, foi o publicano, porquanto, além de dar o dinheiro e
a palavra, deu também o sentimento, o tempo, o braço e o estímulo fraterno,
utilizando, para isso, as próprias forças.
Jesus, complacente, fitou no aprendiz os olhos
penetrantes e rematou:
— Então, faze tu o mesmo.
A caridade, por substitutos, indiscutivelmente é honrosa
e louvável, mas o bem que praticamos em sentido direto, dando de nós mesmos, é
sempre o maior e o mais seguro de todos.
Neio Lúcio - Do Livro Jesus no Lar - Francisco C. Xavier
NA HORA DA
CARIDADE
Não te furtarás ao serviço de emenda e nem recusarás a
constrangedora obrigação de restaurar a realidade, mas unge o coração de
brandura para corrigir abençoando e orientar construindo!...
A dificuldade do próximo é intimação à beneficência, entretanto,
assim, como é preciso condimentar de amor o pão que se dá para que ele não
amargue a boca que o recebe, é indispensável também temperar de misericórdia o
ensinamento que se ministra para que a palavra esclarecedora não perturbe o
ouvido que a recolhe.
Na hora da caridade, não reflitas apenas naquilo que os
irmãos necessitados devem fazer!... Considera igualmente aquilo que lhes não
foi possível fazer ainda!...
Coteja as tuas oportunidades com as deles. Quantos
atravessaram a infância sem a refeição de horário certo e quantos se
desenvolveram, carregando moléstias ocultas! Quantos suspiraram em vão pela
riqueza do alfabeto, desde cedo escravizados as tarefas de sacrifício e quantos
outros cresceram em antros de sombra, sob as hipóteses da viciação e do
crime!... Quantos desejaram ser bons e foram arrastados à delinquência no
instante justo em que o anseio de retidão lhes aflorava na consciência e
quantos foram colhidos de chofre nos processos obsessivos que os impeliram a
resvaladouros fatais!
Soma as tuas facilidades, revisa as bênçãos que usufruis,
enumera as vantagens e os tesouros de afeto que te coroam os dias e socorre aos
companheiros desfalecentes da estrada, buscando soerguê-los ao teu nível de
entendimento e conforto.
Na hora da caridade, emudece as humanas contradições e
auxilia sempre, mas clareando a razão com a luz do amor fraterno, ainda mesmo
quando a verdade te exija duros encargos, semelhantes às dolorosas tarefas da
cirurgia.
Emmanuel - Do
livro Coragem. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
SOCORRO E
BENEVOLÊNCIA
Tema: Caridade e
perseverança
Socorro
e benevolência!...
Curioso
examinar como é fácil seguir o caminho da caridade até o meio; tão fácil que o princípio dele é acessível a
qualquer um. Isso, porque, se o início
das boas obras pode realizar-se através de impressões externas, a
complementação deve ser feita no cerne da vida íntima.
Mobilizaremos recursos materiais, diminuindo o infortúnio de
companheiros que a penúria vergasta; no
entanto, a fim de aprendermos as lições da bondade, é forçoso lhes saibamos
doar, tanto quanto possível, esforço e presença pessoal, na solução dos
problemas que lhes digam respeito.
Partilharemos dissabores e aflições dos vizinhos, especialmente quando a
própria tranqüilidade nos permita articular bons conselhos, mas, para que o
nosso testemunho de fraternidade seja completo, cabe-nos regozijar-nos
sinceramente quando se mostram felizes, sem qualquer necessidade de nosso
auxílio.
Estimaremos a prestação de gentileza às pessoas que se nos façam
atraentes pela humildade que evidenciem;
contudo, é forçoso sustentar o mesmo concurso afetivo junto daqueles que
a revolta e a obsessão nos apresentem como sendo criaturas menos simpáticas.
Alegrar-nos-emos com as tarefas da assistência social quando vantagens
diversas nos assegurem a euforia de corpo e alma; entretanto, para demonstrarmos compreensão de
solidariedade real, é preciso saber olvidar enxaqueca e desgosto, a fim de
sorrir encorajando os irmãos em lidas expiatórias.
Caridade, indiscutivelmente, é a senda do amor; contudo, para alcançar a vitória espiritual a
que ela nos guia, é necessário trilhá-la dos júbilos do começo às dificuldades
do fim.
Livro: Encontro marcado - Emmanuel – Chico Xavier
ANTE O PRÓXIMO
Maria Dolores
... E quem é o meu próximo? – indaguei ao coração da vida
E o coração da vida obedecendo a Lei respondeu com voz
clara e decidida:
Olha em redor de ti, onde o dever te leve. Do espaço
livre e amplo à senda estreita e breve.
Fita em teu próprio lar: É teu pai, tua mãe, teu irmão,
teu parente, E mais alguém do Grupo familiar,
É o vizinho piedoso e intransigente,
É o mendigo a esmolar que te visita a porta,
O amigo suscetível de amparar-te
É aquele que padece privação ou problema em qualquer
parte.
É aquele que te esquece
E o outro que te humilha,
A esconder-se no ouro em que se alteia e brilha, para
depois cair quando se desilude.
É aquele que se faz bandeira da virtude,
E o outro que te apoia ou te faz concessões.
É aquele que te furta o lugar e o direito alimentando a
sombra do despeito. Sem que te saiba ver as intenções.
É a mulher que te guia para o bem
E a outra que atravessa as áreas de ninguém - Avinagrando
corações...
O próximo, afinal, seja onde for, será sempre a criatura que
te busca onde estás
Procurando por ti o socorro da paz,
Rogando-te bondade, amparo e compreensão
Amizade e calor
Dando-te o nobre ensejo,
De seguir para a luz na presença do amor.
E posso sem o próximo viver? - perguntei comovida
E disse novamente o coração da vida:
Acende sem cessar a luz do Bem,
Trabalha, serve, crê, chora, sofre e auxilia...
Sem o próximo em tua companhia
Nunca será alguém.
ESTRADAS E DESTINOS - Francisco Cândido Xavier -
Espíritos Diversos
CARIDADE, A META
Guarda, na mente, que a caridade em teus atos deve ser a
luz que vence a sombra.
Enquanto não compreendas que a caridade é sempre a bênção
maior para quem a realiza, ligando o benfeitor ao necessitado, estarás na fase
primária da virtude por excelência.
Poderás repartir moedas, a mãos-cheias; todavia, se não
mantiveres o sentimento da amizade em relação ao carente, não terás logrado
alcançar a essência da caridade.
Repartirás tecidos e agasalhos com os desnudos; no
entanto, se lhes não ofertares compreensão e afabilidade, permanecerás na
filantropia.
Atenderás aos enfermos com medicação valiosa; entretanto,
se não adicionares ao gesto a gentileza fraternal, estarás apenas
desincumbindo-te de um mister de pequena monta.
Ofertarás o pão aos esfaimados; contudo, se os não
ergueres com palavras de bondade, não alcançaste o sentido real da caridade.
Distribuirás haveres e coisas com os desafortunados do
caminho; não obstante, sem o calor do teu envolvimento emocional em relação a
eles, não atingiste o fulcro da virtude superior.
A caridade é algo maior do que o simples ato de dar.
Certamente, a doação de qualquer natureza sempre
beneficia aquele que lhe sofre a falta. Todavia, para que a caridade seja
alcançada, é necessário que o amor se faça presente, qual combustível que
permite o brilho da fé, na ação beneficente.
A caridade material preenche os espaços abertos pela
miséria sócio-econômica, visíveis em toda parte.
Além deles, há todo um universo de necessidades em outros
indivíduos que renteiam contigo e esperam pela luz libertadora do teu gesto.
A indulgência, em relação aos ingratos e agressivos;
a compaixão, diante dos presunçosos e perversos;
a tolerância, em favor dos ofensores;
a humildade, quando desafiado ao duelo da insensatez;
a piedade, dirigida ao opressor e déspota;
a oração intercessória, pelo adversário;
a paciência enobrecida, face às provocações e à
irritabilidade dos outros;
a educação, que rompe as algemas da estupidez e da
maldade que se agasalham nas furnas da ignorância gerando a delinqüência e a
loucura...
A caridade moral é desafio para toda hora, no lar, na
rua, no trabalho.
Exercendo-a, recorda também da caridade em relação a ti
mesmo.
Jesus, convivendo com os homens, lecionou exemplificando
todas as modalidades da caridade, permanecendo até hoje como o protótipo mais
perfeito que se conhece, tornando-a a luz do gesto, que vence a sombra do mal,
através da ação do amor.
Caridade, pois, eis a meta.
FRANCO, Divaldo Pereira. Vigilância. Pelo Espírito Joanna
de Ângelis. LEAL.
CONSIDERANDO A
PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO
"Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na
humildade, isto é, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho."
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO Capítulo 15º - Item 3.
Conta Lucas, no versículo 25 e seguintes, do Capítulo 10,
do Evangelho, que interrogado o Mestre por um doutor pusilâmine que o tentava,
a respeito da herança celeste, narrou-lhe o Senhor, após inquiri-lo sobre a
Lei, a parábola do bom samaritano, a fim de informar-lhe, na aplicação do amor,
quem seria o próximo.
Sintetizemos a narrativa: "Assaltado por
malfeitores, um pobre homem foi deixado à margem da estrada que descia de
Jerusalém a Jericó. Casualmente passou pela mesma via um doutor, e depois um
levita que, embora o vissem, seguiram indiferentes. Um samaritano, porém, por
ali passando e o vendo, tomou-se de piedade e o assistiu carinhosamente,
conduzindo-o na sua alimária até uma hospedaria onde o deixou cercado de
cuidados, dispondo-se a resgatar quaisquer compromissos excessivos, quando por
ali passasse de retorno". E ante o assombro do interlocutor O Mestre
indagou-lhe, quem seria o próximo do homem sofrido, ao que este respondeu:
"O que usou de misericórdia para com ele". Disse, então, Jesus:
"Vai, e faze da mesma maneira".
Considerando as nobres sessões de socorro mediúnico aos
desencarnados em sofrimento, hoje realizadas pelos adeptos da Doutrina Cristã,
recorramos ao ensino de Jesus, na excelente parábola.
O recinto das experiências medianímicas pode ser
comparado à hospedagem acolhedora e gentil; o homem caído na orla do caminho,
consideremo-lo o espírito tombado nos próprios enganos; o médium doutrinador
assemelhemo-lo ao encarregado da estalagem; os médiuns recalcitrantes
examinemo-los como o doutor indiferente e o levita sem piedade; o médium
obediente ao mandato do serviço socorrista tenhamo-lo como o bom samaritano e a
via entre Jerusalém e Jericó convencionemos a estrada dos deveres fraternos por
onde todos transitamos. Ainda poderíamos considerar o bálsamo e o unguento
postos nas feridas do assaltado como sendo as orações do círculo de corações
devotados à tarefa mediúnica; as moedas pagas ao hospedeiro simbolizemo-las
como as renúncias e dificuldades, lutas e testemunhos solicitados aos membros
da reunião e o doutor da lei, zombeteiro e frio, representemos como sendo os
companheiros conhecedores da vida imortal, notificados das surpresas
além-do-túmulo, indiferentes, entretanto, às tarefas sacrificiais do auxílio
fraterno.
Se abrasado pela mensagem espírita, militas na
mediunidade, em qualquer das suas múltiplas manifestações, ou fazes parte de
algum círculo de socorro espiritual, unge-te de bondade e dá a tua quota de
esforço aos falidos na via da Imortalidade.
Não lhes imponhas verbosidades estrondosas nem debatas,
apaixonado, convicções...
Fala-lhes do novo Amanhã e medica-os agora, socorrendo-os
com bondade e abnegação.
Sê, em qualquer função que desempenhes na tarefa espírita
de assistência mediúnica, o "bom samaritano", considerando todo e
qualquer espírito que chegue ao núcleo de trabalho, não como o adversário de
ontem, o obsessor de hoje ou o sempre inimigo, mas como o teu próximo a quem
deves ajudar, assim como Jesus, redivivo na Mensagem Espírita, continua
ajudando-te carinhoso e anônimo.
FRANCO, Divaldo Pereira. Espírito e Vida. Pelo Espírito
Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 32.
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