3 – Então lhe disse um homem da plebe: Mestre, dize a meu
irmão que reparta comigo da herança. Porém Jesus lhe respondeu: Homem, quem me
constitui a mim juiz, ou partidor, sobre vós outros? Depois lhe disse:
Guardai-vos e acautelai-vos de toda avareza, porque a vida de cada um não
consiste na abundância das coisas que possui. Sobre o que lhes propôs esta
parábola, dizendo: O campo de um homem rico tinha dado abundantes frutos, e ele
revolvia dentro de si estes pensamentos, dizendo: Que farei, que não tenho onde
recolher os meus frutos? Farei isto, disse ele: derrubarei os meus celeiros e
os farei maiores; e neles recolherei todas as minhas novidades, e os meus bens.
E direi à minha alma: Alma minha, tu tens muitos bens em depósito para largos
anos: descansa, come, bebe, regala-te. Mas Deus disse a este homem: Néscio,
esta noite te virão demandar a tua alma, e as coisas que tu ajuntaste, para
quem serão? Assim é o que entesoura para si, e não é rico para Deus. (Lucas,
XII: 13-21).
TEXTOS DE APOIO
A VOZ DO EVANGELHO
Esparramado na poltrona, João Lício pensava.
Sem dúvida, fora feliz nos negócios. Enriquecera. Seu nome
nos bancos indicava créditos de milhões.
Que aceitava o Espiritismo, aceitava. Nenhuma Doutrina
mais consoladora. Mas daí a espalhar o que havia juntado, isso é que não.
Meditava, assim, por haver recebido na véspera a
solicitação de duzentos mil cruzeiros, da parte de amigos, para salvar grande
obra periclitante.
Para o montante do que possuía, a importância referida
expressava migalha; entretanto, segundo refletia, já havia feito o possível.
Dera grandes somas. Custeara a compra de vasto material. Cumprira com os
preceitos da cooperação e da caridade.
Sentia-se exonerado de quaisquer compromissos.
Ainda assim, ouvira dizer que o Evangelho respondia a
consultas e resolveu experimentar.
Levantou-se. Procurou o Novo Testamento e, após
recolhê-lo, tornou a sentar-se.
Abriu indiscriminadamente. E caiu-lhe aos olhos a
sentença de Jesus, no versículo dezenove do capítulo seis, das anotações do
Apóstolo Mateus: - “Não ajunteis tesouros da Terra, onde a traça e a ferrugem
tudo consomem e onde os ladrões minam e roubam ...”
Como se houvesse recebido um choque, ponderou que o
trecho não apresentava significação para ele, porque sempre dera muito a todas
as instituições de caridade.
Abrira outra vez. O Livro Divino, decerto, lhe reservava
alguma consolação.
Repetiu o movimento e as páginas lhe mostraram o
versículo dez do capítulo dezessete, doa apontamentos de Lucas, em que Jesus
assim se expressa: - “Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for
mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que deveria
fazer.”
Surpreendeu-se mais ainda. O evangelho como que o chamava
a brios.
Nervoso, inquieto, consultou pela terceira vez. E o Livro
aberto exibiu o versículo vinte do capítulo doze, igualmente das lições de
Lucas, em que a voz do Senhor solta esta frase: - “Louco, esta noite pedirão
tua alma... E o que tens ajuntado para quem será?”
João Lício fechou o volume com mãos trêmulas. Espantado,
tangido no íntimo, encerrou a consulta. E, tomando o chapéu, saiu, procurando
os amigos de modo a ver como poderia ajudar.
Hilário Silva -
Psicografia: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira - Livro: A Vida
Escreve
OPINIÕES CONTRADITÓRIAS
Francisco C. Xavier
Num grupo de companheiros, dialogávamos sobre os
problemas da sovinice. As opiniões eram contraditórias. Depois de muita
argumentação em desencontro, um amigo expôs a avareza como sendo uma
enfermidade da mente, que deve ser tratada com os princípios religiosos,
notadamente os princípios espíritas, que são verdadeiros medicamentos para a
alma. Com essa idéia a prevalecer, fomos à prece e ao estudo.
O Evangelho Segundo o Espiritismo nos deu para meditar o
item 3 do capítulo XVI – "Preservar-se da avareza”. E depois de novos
comentários sobre o tema, o nosso Cornélio Pires deixou-nos o soneto Avareza é
Obsessão.
AVAREZA E OBSESSÃO
O sovina Chichico da Planura
Foi à sessão no Ingá, pedindo ao Guia:
– “Não me deixes, irmão, nesta agonia,
Carrego obsessão, treva, loucura...”
O Guia esclareceu, em voz segura:
– “Meu amigo, a melhora principia
Em gastar para o bem. Serve e auxilia.
Caridade é socorro, amparo e cura...”
Mas Chichico, escutando esse conselho,
Levantou-se, tossiu, ficou vermelho
E gritou para a médium Nhã Lilica :
– “Custei muito a ganhar o meu dinheiro.
Não quero falação de zombeteiro.
Este espírito mau nunca foi guia.”
Cornélio Pires - Do livro Amanhece. Psicografia de
Francisco Cândido Xavier.
DINHEIRO E CARÊNCIA
Bezerra de Menezes
...filhos, quando puderdes, semeai a felicidade para os
vossos irmãos na Terra: quanto nos seja possível, sirvamos.
...tempo é também depósito de Deus em nossas mãos.
Aqui, na Vida Espiritual, não se vos perguntará quanto
aos títulos que usastes, nessa ou naquela esfera de atividade humana e sim
sereis inquiridos quanto às dores que atenuastes, às lágrimas que suprimistes!
...amemo-nos! Tudo é bênçãos quando convertemos as lutas
e os valores do mundo em bênçãos para a vida.
Abençoemos a nossa oportunidade de trabalhar.
...em todas as circunstâncias, preservemos a tranquilidade
para servir, em todas as provações, imunizemo-nos contra a discórdia e reunamos
nossas energias para realizar a tarefa a que fomos chamados.
E sejam quais forem os problemas, entendamos nossas mãos
uns aos outros fraternalmente, para que o tempo, patrimônio do Senhor, não se
perca em nossos passos.
...agradeçamos à Divina Providência o Dom de compreender
a verdade e o ensejo de trabalhar na concretização do melhor ao nosso alcance.
...todos os elementos do mundo são ingredientes
necessários à luz de nosso próprio burilamento.
...dinheiro é instrumento do Senhor para todos os que se
decidem a servi-lo na pessoa dos semelhantes e carência de recursos materiais é
outra vantagem do Senhor para todos os que lhe sabem acatar os desígnios,
transformando-a em trabalha renovador.
...dor é bênção e alegria é bênção.
Dificuldade é via de acesso à vitória nos ideais que nos
propomos alcançar e facilidade é caminho para sustentarmos o triunfo a que
aspiramos no desempenho dos propósitos de Jesus.
...tudo na Terra e na vida é apelo a que trabalhemos
mais, servindo mais. À face disso, que a compreensão real do Evangelho, nos
felicite, inspirando-nos a materializar, com mais segurança, as esperanças do
Cristo a nosso respeito.
...não nos deixemos envolver por dúvidas e sombras e
dissensões.
O grande remédio para todas as aflições será sempre
trabalhar mais e servir mais, entregando ao Senhor a parte dos problemas que
não nos seja possível resolver.
...unamo-nos portanto, filhos queridos, e acalentando a
alegria em nosso corações, sigamos ao encontro do futuro, na certeza de que
Jesus nos sustentará.
De mensagem recebida em 29.8.1964. Psicografia Chico
Xavier - Livro "Bezerra, Chico e Você"
BENS EXTERNOS
“A vida de um homem não consiste na abundância das coisas
que possui”. JESUS (Lucas 12:15)
“A vida de um homem não consiste na abundância das coisas
que possui”.
A palavra do Mestre está cheia de oportunidade para
quaisquer círculos de atividade humana, em todos os tempos.
Um homem poderá reter vasta porção de dinheiro.
Porém, que fará dele?
Poderá exercer extensa autoridade.
Entretanto, como se comportará dentro dela?
Poderá dispor de muitas propriedades.
Todavia, de que modo utiliza os patrimônios provisórios?
Terá muitos projetos elevados.
Quantos edificou?
Poderá guardar inúmeros ideais de perfeição.
Mas estará atendendo aos nobres princípios de que é portador?
Terá escrito milhares de páginas.
Qual a substância de sua obra?
Contará muitos anos de existência no corpo.
No entanto, que fez do tempo?
Poderá contar com numerosos amigos.
Como se conduz perante as afeições que o cercam?
Nossa vida não consiste da riqueza numérica de coisas e
graças, aquisições nominais e títulos exteriores. Nossa paz e felicidade
dependem do uso que fizermos, onde nos encontramos hoje, aqui e agora, das
oportunidades e dons, situações e favores, recebidos do Altíssimo.
Não procures amontoar levianamente o que deténs por
empréstimo.
Mobiliza, com critério, os recursos depositados em tuas
mãos.
O Senhor não te identificará pelos tesouros que
ajuntaste, pelas bênçãos que retiveste, pelos anos que viveste no corpo físico.
Reconhecer-te-á pelo emprego dos teus dons, pelo valor de
tuas realizações e pelas obras que deixaste, em torno dos próprios pés.
Emmanuel - Do livro Caminho Verdade e Vida. Psicografia
de Francisco Cândido Xavier.
PENÚRIA E RIQUEZA
Penúria e riqueza,
na essência, não constam dos elementos que possuímos, mas do sentimento que nos
possui.
A grandeza das concessões de Deus pontilha a rota do
homem desde a hora primeira em que se lhe estrutura o berço no campo humano.
Tudo se conta, em derredor de seus passos, pelo diapasão
da previdência constante.
Ante a melodia silenciosa da renúncia materna, todas as
circunstâncias se conjugam favoráveis à criatura para que se desenvolva e ocupe
o lugar que a Misericórdia Divina lhe marcou.
O lar e o sol, a escola e o conhecimento, o trabalho e a
amizade enriquecem-lhe todos os marcos, em demanda à tarefa que lhe compete
cumprir.
Entretanto, muitas vezes, pela vocação da sovinice
impenitente, recolhe o ouro do mundo para erigir com ele o túmulo suntuoso em
que se lhe sepulta a esperança e recebe a benção do amor para transforma-la na
algema que o encarcera, por vezes, no purgatório do sofrimento.
Reter para si somente os bens que a vida espalha é gerar
os males reais que nos sitiam a senda e valer-se dos males aparentes da jornada
terrestre convertendo-os em valores de entendimento e de aprendizado é criar em
si próprio o bem justo que se fará o bem de todos.
Não nos fixemos na reprovação contra os irmãos
aprisionados nos enganos da fortuna passageira e sim auxiliemo-los, sem
exigência, a compreender a importância do dinheiro e do tempo para a execução
das boas obras.
Eleva a própria alma ao trabalho constante suscetível de
gerar os patrimônios mais elevados da vida e estudando e aprendendo, auxiliando
e amando, na abastança ou na carência de recursos materiais, terás o coração a
fulgir no caminho, por brilhar em ti mesmo qual estrela da bênção.
DINHEIRO
(Francisco Cândido Xavier – por Emmanuel)
AVAREZA
"E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da
avareza, porque a vida de cada um não consiste na abundância das coisas que
possui." - (LUCAS, 12:15.)
Fujamos à retenção de qualquer possibilidade sem espírito
de serviço.
Avareza não consiste apenas em amealhar o dinheiro nos
cofres da mesquinhez.
As próprias águas benfeitoras da Natureza, quando
encarceradas sem preocupação de benefício, costumam formar zonas infecciosas.
Quem vive à cata de compensações, englobando-as ao redor de si, não passa
igualmente de avaro infeliz.
Toda avareza é centralização doentia, preparando metas de
sofrimento.
Não basta saber pedir, nem basta a habilidade e a
eficiência em conquistar. É preciso adquirir no clima do Cristo, espalhando os
benefícios da posse temporária, para que a própria existência não constitua
obstáculo à paz e à alegria dos outros. Inúmeros homens, atacados pelo vírus da
avareza, muito ganharam em fortuna, autoridade e inteligência, mas apenas
conseguiram, ao termo da experiência, a perversão dos que mais amavam e o ódio
dos que lhes eram vizinhos.
Amontoaram vantagens para a própria perda. Arruinaram-se,
envenenando, igualmente, os que lhes partilharam as tarefas no mundo.
Recordemos a palavra do Mestre Divino, gravando-a no espírito.
A vida do homem não consiste na abundância daquilo que
possui, mas na abundância dos benefícios que esparge e semeia, atendendo aos
desígnios do Supremo Senhor.
Livro: Vinhas de Luz - Emmanuel - Psicografia de Chico
Xavier
EMPREGO DE RIQUEZAS
“Acautelai-vos e
guardai-vos da avareza, porque a vida de alguém não consiste da abundância
daquilo que possui.
- - JESUS - LUCAS, 12: 15.
“Se a riqueza somente males houvesse de produzido Deus
não a teria posto na Terra. ”cap.16;7.
Foge de reprovar todos aqueles que transitam na Terra sob
a cruz do dinheiro, a definir-se, freqüentemente, por fardo de aflição.
Não somente os depósitos amoedados podem ser convertidos
em trabalho renovador e santificante Todas as disponibilidades da natureza são
forças neutras.
O ouro e o vapor, a eletricidade e o magnetismo não são
maus e nem bons em si mesmos; o uso é o denominador comum que lhes revela os
bens ou os males decorrentes do controle e da bens ou os orientação que lhes
imprimimos.
Meditemos na utilização daquelas outras riquezas que nos
felicitam a cada hora.
No teste individual, é desnecessário ir longe para a
justa demonstração.
Ouçamos a consciência sobre o aproveitamento de todas as
preciosas possibilidades do corpo que nos patenteiam a mente.
Diante de uma cena suspeitosa, observemos a conduta que
distamos aos olhos para que nos auxiliem a fixar as imagens edificantes, com
espontâneo desinteresse por todos os ingredientes capazes de formar o vinagre
da Injúria.
Escutando essa ou aquela notícia inusitada, reparemos a
diretriz que impomos aos próprios Ouvidos, de modo a que retenham o melhor das
informações recolhidas, a fim de que a nossa palavra se abstenha de tudo o que
possa constituir agravo a instituições e pessoas.
A frente do trabalho, é preciso anotar que espécie de
comportamento indicamos aos nossos implementos de manifestação, para que não
nos disponhamos a enlaçar os deveres que nos competem, com flagrante prejuízo
dos outros.
Em assuntos do sentimento, será forçoso perguntar, no
íntimo, quanto ao procedimento que sugerimos aos nossos recursos de expressão
afetiva, para que, em nome do amor, não venhamos a precipitar corações
sensíveis e generosos em abismos de criminalidade e desilusão.
Reflitamos nos talentos divinos que nos abençoam, em
todas as esferas da existência e, desejando felicidade e vitória, a todos os
nossos amigos que se movimentam, no mundo, sob o peso da fortuna transitória,
com difíceis problemas a resolver, anotemos com Imparcialidade como empregamos,
dia a dia, os créditos do tempo e os tesouros da vida, para que venhamos a
saber com segurança o que estamos; fazendo realmente de nós.
Emmanuel - do livro:
O Livro da Esperança - Psicografado por Francisco Cândido Xavier
RECURSOS
“Tende cuidado e
guardai-vos de toda e qualquer avareza, porque a vida de um homem não consiste
na abundância dos bens que ele possui.” – JESUS (Lucas, 12:15.)
Freqüentemente,
quando nos referimos à propriedade, recordamos, de imediato, posses e haveres
de expressão material e reconstituímos na lembrança a imagem dos nossos amigos
que carregam compromissos coma fortuna terrestre, como se eles fossem os únicos
responsáveis pelo equilíbrio do mundo. Entretanto, assim agindo, escorregamos
inconscientemente para a fuga de nossos próprios deveres, sem que isso nos
isente das obrigações assumidas.
Simbolicamente,
todos retemos capitais a movimentar, de vez que, em cada estância regeneradora
ou evolutiva em que nos encontraremos, somos acompanhados por valiosos créditos
de tempo, através dos quais a Divina Providência nos considera iguais pela
necessidade e, simultaneamente, nos diferencia uns dos outros pela aplicação
individual que fazemos deles.
Somos todos,
desse modo, convocados não apenas a empregar dinheiro, mas também saúde,
condição, profissão, habilidade, entendimento, cultura, relações e
possibilidades outras de que sejamos detentores, em favor dos outros, porquanto
pelas nossas próprias ações somos valorizados ou depreciados, enriquecidos ou
podados em nossos recursos pela Contabilidade da Eterna Justiça.
Permaneçamos,
assim, atentos às menores oportunidades de ajudar que se nos ofereçam, na
experiência cotidiana, aproveitando-as, quanto possível, porque, se as nossas
reservas de tempo estão sendo realmente depositadas no Fundo de Serviço ao
Próximo, no Banco da Vida, a Carteira do Suprimento Espontâneo nos enviará,
estejamos onde estivermos, os dividendos de auxílio e felicidade a que tenhamos
direito, sem que haja, de nossa parte, nem mesmo a preocupação de sacar.
Francisco Cândido Xavier - Livro Ceifa de Luz - Pelo
Espírito Emmanuel
SUPER-CULTURA E
CALAMIDADES MORAIS
“Mas Deus lhe
disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado para
quem será?” – JESUS. (Lucas, 12:20).
Não basta ajuntar
valores materiais para garantia de felicidade.
A supercultura
consegue atualmente na Terra feitos prodigiosos, em todos os reinos da Natureza
física, desde o controle das forças atômicas às realizações da Astronáutica. No
entanto, entre os povos mais adiantados do Planeta, avançam duas calamidades
morais do materialismo, corrompendo-lhes as forças: o suicídio e a loucura, ou,
mais propriamente a angustia e a obsessão.
É que o homem não
se aprovisiona de reservas espirituais à custa de máquinas. Para suportar os
atritos necessários à evolução e aos conflitos resultantes da luta
regenerativa, precisa alimentar-se com recursos da alma e apoiar-se neles.
Nesse sentido,
vale recordar o sensato comentário de Allan Kardec, no item 14, do Capítulo V,
de “O Evangelho segundo o espiritismo”, sob a epígrafe “O Suicídio e a
Loucura”:
“A calma e a
resignação hauridas da maneira de considerar a vida terrestre e da confiança no
futuro dão ao Espírito uma serenidade que é o melhor preservativo contra a
loucura e o suicídio. Com efeito, é certo que a maioria dos casos de loucura se
devem à comoção produzida pelas vicissitudes que o homem não tem a coragem de
suportar. Ora, se encarando as coisas deste mundo, da maneira por que o
Espiritismo faz que ele as considere, o homem recebe com indiferença, mesmo com
alegria, os reveses e as decepções que o houveram desesperado noutras
circunstâncias, evidente se torna que essa força, que o coloca acima dos
acontecimentos, lhe preserva de abalos a razão, os quais, se não fora isso, o
conturbariam”.
Espíritas,
amigos! Atendamos à caridade que suprime a penúria do corpo, mas não
menosprezemos o socorro às necessidades da alma! Divulguemos a luz da Doutrina
Espírita! Auxiliemos o próximo a discernir e pensar.
Francisco Cândido
Xavier - Livro Ceifa de Luz - Pelo Espírito Emmanuel
QUE PEDES?
"Louco, esta noite te pedirão a tua alma." -
Jesus. (LUCAS, 12:20.)
Que pedes à vida, amigo?
Os ambiciosos reclamam reservas de milhões.
Os egoístas exigem todas as satisfações para si somente.
Os arbitrários solicitam atenção exclusiva aos caprichos
que lhes são próprios.
Os vaidosos reclamam louvores.
Os invejosos exigem compensações que lhes não cabem.
Os despeitados solicitam considerações indébitas.
Os ociosos pedem prosperidade sem esforço. Os tolos
reclamam divertimentos sem preocupação de serviço.
Os revoltados reclamam direitos sem deveres. Os
extravagantes exigem saúde sem cuidados.
Os impacientes aguardam realizações sem bases.
Os insaciáveis pedem todos os bens, olvidando as
necessidades dos outros.
Essencialmente considerando, porém, tudo isto é
verdadeira loucura, tudo fantasia do coração que se atirou exclusivamente à
posse efêmera das coisas mutáveis.
Vigia, assim, cautelosamente, o plano de teus desejos.
Que pedes à vida?
Não te esqueças de que, talvez nesta noite, pedirá o
Senhor a tua alma.
Livro: Vinhas de Luz - Emmanuel - Psicografia de Chico
Xavier
LUCROS
"E o que tens ajuntado para quem será?" -
Jesus. (LUCAS, 12:20.)
Em todos os agrupamentos humanos, palpita a preocupação
de ganhar. O espírito de lucro alcança os setores mais singelos. Meninos, mal
saídos da primeira infância, mostram-se interessados em amontoar egoisticamente
alguma coisa. A atualidade conta com mães numerosas que abandonam seu lar a
desconhecidos, durante muitas horas do dia, a fim de experimentarem a mina
lucrativa. Nesse sentido, a maioria das criaturas converte a marcha evolutiva
em corrida inquietante.
Por trás do sepulcro, ponto de chegada de todos os que
saíram do berço, a verdade aguarda o homem e interroga:
- Que trouxeste?
O infeliz responderá que reuniu vantagens materiais, que
se esforçou por assegurar a posição tranqüila de si mesmo e dos seus.
Examinada, porém, a bagagem, verifica-se, quase sempre,
que as vitórias são derrotas fragorosas. Não constituem valores da alma, nem
trazem o selo dos bens eternos.
Atingida semelhante equação, o viajor olha para trás e
sente frio. Prende-se, de maneira inexplicável, aos resultados de tudo e que
aconteceu na Crosta da Terra. A consciência inquieta enche-se de nuvens e a voz
do Evangelho soa-lhe aos ouvidos: Pobre de ti, porque teus lucros foram perdas
desastrosas! "E o que tens ajuntado para quem será?"
Emmanuel - Do livro Caminho, Verdade e Vida de Chico Xavier
ESTA NOITE
"Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a
tua alma; e o que tens preparado, para quem será?" - Jesus (Lucas,
12:20)
Não basta ajuntar valores materiais para a garantia da
felicidade
A super-cultura consegue atualmente na Terra feitos
prodigiosos em todos os ramos da Natureza física, desde o controle das forças
atômicas às realizações da Astronáutica.
No entanto, entre os povos mais adiantados do Planeta
avançam duas calamidades morais do materialismo corrompendo-lhe as forças: o
suicídio e a loucura, ou, mais propriamente, a angústia e a obsessão.
É que o homem não se aprovisiona de reservas espirituais
à custa de máquinas.
Para suportar os atritos necessários à evolução e aos
conflitos resultantes da luta regenerativa, precisa alimentar-se com recursos
da alma e apoiar-se neles.
Nesse sentido, vale recordar o sensato comentário de
Allan Kardec no item 14 do Capítulo V de "O Evangelho Segundo o
Espiritismo", sob a epígrafe "O Suicídio e a Loucura":
"A calma e a resignação hauridas da maneira de
considerar a vida terrestre e da confiança no futuro dão ao Espírito uma
serenidade que é o melhor preservativo contra a loucura e o suicídio.
Com efeito, é certo que a maioria dos casos de loucura se
deve à comoção produzida pelas vicissitudes que o homem não tem a coragem de
suportar.
Ora, se encarando as coisas deste mundo da maneira por
que o Espiritismo faz que ele as considere, o homem recebe com indiferença,
mesmo com alegria, os reveses e as decepções que o houveram desesperado noutras
circunstâncias, evidente se torna que essa força o coloca acima dos
acontecimentos, lhe preserva de abalos a razão, os quais, se não fora isso, a
conturbariam".
Espíritas, amigos!
Atendamos à caridade que suprime a penúria do corpo, mas
não menosprezemos o socorro às necessidades da alma!
Divulguemos a luz da Doutrina Espírita!
Auxiliemos o próximo a discernir e pensar.
De Segue-me!, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito
Emmanuel
AVAREZA
O avarento dos bens materiais é credor de reprovação, mas
o avarento do amor é digno de lástima.
O primeiro se esconde num poço dourado, o segundo mergulha-se
nas sombras do coração.
O sovina da fortuna amoedada retém pedras, metais e
papéis de valor convencional, que a vida substitui na provisão de recursos à
comunidade, mas o sovina da alma retém a fonte da felicidade e da paz, da
esperança e do bom ânimo que constitui alimento indispensável à própria vida.
O primeiro teme gastar bagatelas e arroja-se à
enfermidade e à fome.
O segundo teme difundir os conhecimentos superiores de
que se enriquece e suscita a incompreensão, ao redor dos próprios passos.
O sovina da riqueza física encarcera-se no egoísmo.
O sovina das bênçãos da alma gera a estagnação onde se
encontra, envolvendo-se ele mesmo em nevoeiro perturbador.
Ainda que não possuas dinheiro com que atender ás
necessidades do próximo, não olvides o tesouro de dons espirituais que o Senhor
te situou no cerne da própria alma.
Auxilia sempre.
Mais se faz útil quem mais se dedica aos semelhantes
amparando-lhes a vida.
As casas bancárias e as bolsas repletas podem guardar a
fria correção dos números sem consciência, mas o coração daquele que ama é sol
a benefício das criaturas, convertendo a dificuldade e a dor, a desventura e a
escassez em recursos prodigiosos, destinados à humana sustentação.
XAVIER, Francisco Cândido. Dinheiro. Pelo Espírito
Emmanuel.
ESTUDANDO A
RIQUEZA
Não é somente o Rico da Parábola o grande devedor diante
da vida.
A fortuna amoedada é, por vezes, simples cárcere.
Há outros avarentos que devemos recordar em nossa viagem
para a Luz Maior.
Temos conosco, os sovinas da inteligência, que se ocultam
nas floridas trincheiras da inércia;
os abastados da saúde que desamparam os aflitos e os
doentes;
os privilegiados da alegria que cerram as portas aos
tristes, isolando-se no oásis de prazer;
os felizes da fé que procuram a solidão, a pretexto de se
preservarem contra o pecado;
os expoentes da mocidade que menosprezam a velhice;
os favorecidos da família terrestre, que olvidam os
andarilhos da penúria que vagueiam sem lar.
Todos esses ricos da experiência comum contraem pesados
débitos para com a Humanidade.
Lembremo-nos de que o Tesouro Real da Vida está em nosso
coração.
Quem não pode doar algo de si mesmo, na boa vontade, no
sorriso fraterno ou na palavra sincera de bondade e encorajamento, debalde
estenderá as mãos recheadas de ouro, porque só o amor abre as portas da
plenitude espiritual e semeia na Terra a luz da verdadeira caridade, que
extingue o mal e dissipa as trevas.
A pobreza é mera ficção.
Todos temos algo.
Todos podemos auxiliar.
Todos podemos servir.
E, consoante a palavra do Mestre, “o maior na vida será
sempre aquele que se fizer o devotado servidor de todos.”
Livro: DINHEIRO
(Francisco Cândido Xavier – por Emmanuel)
A LIÇÃO DO ESSENCIAL
Discorriam os discípulos, entre si, quanto às coisas
essenciais ao bem-estar, quando o Senhor, assumindo a direção dos pensamentos
em dissonância, acrescentou:
— É indispensável que a criatura entenda a própria
felicidade para que se não transforme, ao perdê-la, em triste fantasma da
lamentação.
Longe das verdades mais simples da Natureza, mergulha-se
o homem na onda pesada de fantasiosos artifícios, exterminando o tempo e a vida,
através de inquietações desnecessárias.
E como quem recordava incidente adequado ao assunto,
interrompeu-se por alguns instantes e retomou a palavra, comentando: — Ilustre
dama romana, em companhia dum filhinho de cinco anos, dirigia-se da cidade dos
Césares para Esmirna, em luxuosa galera de sua pátria.
Ao penetrar na embarcação, fizera-se acompanhar de dois
escravos, carregados de volumosa bagagem de jóias diferentes: colares e
camafeus, braceletes e redes de ouro, adornados com pedrarias, revelavam-lhe a
predileção pelos enfeites raros.
Todo o pessoal de serviço inclinou-se, com respeito, ao
vê-la passar, tão elevada era a expressão do tesouro que trazia para bordo.
Tão logo se fez o barco ao mar alto, a distinta senhora
converteu-se no centro das atenções gerais.
Nas festas de cordialidade era o objetivo de todos os
interesses pelos adornos brilhantes com que se apresentava.
A excursão prosseguia tranqüila, quando, em certa manhã
ensolarada, apareceu o imprevisto.
O choque em traiçoeiro recife abre extensa brecha na
galera e as águas a invadem.
Longas horas de luta surgem com a expectativa de
refazimento; entretanto, um abalo mais forte leva o navio a posição
irremediável e alguns botes descidos são colocados à disposição dos viajantes
para os trabalhos de salvamento possível.
A ilustre patrícia é chamada à pressa.
O comandante calcula a chegada a porto próximo em dois
dias de viagem arriscada, na hipótese de ventos favoráveis.
A jovem matrona abraça o filhinho, esperançosa e aflita.
Dentro em pouco ela atinge o pequeno barco de socorro,
sustentando a criança e pequeno pacote em que os companheiros julgaram
trouxesse as jóias mais valiosas.
Todavia, apresentando o conteúdo aos poucos irmãos de
infortúnio que seguiriam junto dela, exclamou:
— “Meu filho é o que possuo de mais precioso e aqui tenho
o que considero de mais útil”.
O insignificante volume continha dois pães e dez figos
maduros, com os quais se alimentou a reduzida comunidade de náufragos, durante
as horas aflitivas que os separavam da terra firme.
O Mestre repousou, por alguns segundos, e acrescentou: —
A felicidade real não se fundamenta em riquezas transitórias, porque, um dia
sempre chega em que o homem é constrangido a separar-se dos bens exteriores
mais queridos ao coração.
Os loucos se apegam a terras e moinhos, moedas e honras,
vinhos e prazeres, como se nunca devessem acertar contas com a morte.
O espírito prudente, porém, não desconhece que todos os
patrimônios do mundo devem ser usados para nosso enriquecimento na virtude e
que as bênçãos mais simples da Natureza são as bases de nossa tranqüilidade
essencial.
Procuremos, pois, o Reino de Deus e sua justiça, tomando
à Terra o estritamente necessário à manutenção da vida física e todas as
alegrias ser-nos-ão acrescentadas.
Neio Lúcio - Do Livro Jesus no Lar - Francisco C. Xavier
O RICAÇO DISTRAÍDO
Existiu um homem devoto que chegou ao céu e, sendo
recebido por um anjo do Senhor, implorou, enlevado:
- Mensageiro
Divino, que devo fazer para vir morar, em definitivo, ao lado de Jesus?
- Faze o bem –
informou o Anjo – e volta mais tarde.
- Posso rogar-te
recursos para semelhante missão?
- Pede o que
desejas.
- Quero dinheiro,
muito dinheiro, para socorrer o meu próximo.
O emissário estranhou o pedido e considerou:
- Nem sempre o
ouro é o auxiliar mais eficiente para isso.
- Penso, contudo, meu santo amigo, que, sem o ouro, é
muito difícil praticar a caridade.
- E não temes as
tentações do caminho?
- Não.
- Terás o que almejas – afirmou o mensageiro -, mas não
te esqueças de que o tesouro de cada homem permanece onde tem o coração, porque
toda alma reside onde coloca o pensamento. Tuas possibilidades materiais serão
multiplicadas. No entanto, não ouvides que as dádivas divinas, quando retidas
despropositadamente pelo homem, sem qualquer proveito para os semelhantes,
transformam-no em prisioneiro delas. A lei determina sejamos escravos dos
excessos a que nos entregarmos.
Prometeu o homem exercer a caridade, servir extensamente
e retornou ao mundo.
Os Anjos da Prosperidade começaram, então, a ajudá-lo.
Multiplicaram-lhe, de início, as peças de roupa e os
pratos de alimentação; todavia, o devoto já remediado suplicou mais roupas e
mais alimentos.
Deram-lhe casa e haveres. Longe, contudo, de praticar o
bem, considerava sempre escassos os bens que possuía e rogou mais casas e mais
haveres. Trouxeram-lhe rebanhos e chácaras, mas o interessado em subir ao
paraíso pela senda da caridade, temendo agora a miséria, implorou mais rebanhos
e mais chácaras. Não cedia um quarto, nem dava uma sopa a ninguém,
declarando-se sem recursos para auxiliar os necessitados e esperava sempre
mais, a fim de distribuir algum pão com eles. No entanto, quanto mais o Céu lhe
dava, mais exigia do Céu.
De expontâneo e alegre que era, passou a ser desconfiado,
carrancudo e arredio.
Receando amigos e inimigos, escondia grandes somas em
caixa forte, e quando envelheceu, de todo, veio a morte, separando-o da imensa
fortuna.
Com surpresa, acordou em espírito, deitado no cofre
grande.
Objetos preciosos, pedaços de ouro e prata e vastas
pilhas de cédulas usadas serviam-lhe de
leito.
Tinha fome e sede, mas não podia servir-se das moedas;
queria a liberdade, porém, as notas de banco pareciam agarrá-lo, à maneira de
visco retentor de pássaro cativo.
- Santo Anjo! – gritou, em pranto – vem! Ajuda-me a
partir, em direção à Casa Celestial!...
O mensageiro dignou-se a baixar até ele e, reparando-lhe
o sofrimento, exclamou:
- É muito tarde
para súplicas! Estás sufocado pelas correntes de facilidades materiais que o
Senhor te confiou, porque a fizeste rolar tão-somente em torno de ti, sem
qualquer benefício para os irmãos de luta e experiência...
- E que devo fazer
– implorou o infeliz – para retomar a paz e ganhar o paraíso?
O Anjo pensou, pensou... e respondeu:
- Espalha com proveito as moedas que ajuntas-te
inutilmente, desfaze-te da terra vasta que retiveste em vão, entrega à
circulação do bem todos os valores que recebeste do Tesouro Divino e que
amontoaste em derredor de teus pés, atendendo ao egoísmo, à vaidade, à avareza
e à ambição destrutiva e, depois disso, vem a mim para retomarmos o
entendimento efetuado a sessenta anos...
Reconhecendo, porém, o homem que já não dispunha de um corpo de carne para semelhante
serviço, começou a gritar e blasfemar, como se o inferno estivesse morando em
sua própria consciência.
Francisco Cândido Xavier, Da obra: Alvorada Cristã. Ditado pelo Espírito
Neio Lúcio.
POSSES TERRESTRES
“... Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens
ajuntado para quem será?” - Jesus (Lucas, 12:20)
Do ponto de vista da posse, de que disporá o homem, que
realmente lhe pertença?
O corpo é uma bênção que lhe foi concedida pelos pais, em
nome do amor eterno que rege a vida.
A família é uma equipe de corações afins e menos afins,
em que ele estagia.
Os laços afetivos em que se motiva para trabalhar e viver
podem ser mudados os subtraídos, a qualquer tempo.
O nome é uma doação do registro civil que o arrola nos
acervos da estatística para definir-lhe o nascimento e a situação.
As potências mentais e os recursos físicos que se lhe
erigem por instrumentos sutis de manifestação, muita vez são suscetíveis de
sofrer temporárias cassações, dentro dos princípios de causa e efeito.
O prestígio social é um movimento digno, mas claramente
mutável, entretecido pelas opiniões de amigos e adversários.
O conhecimento intelectual é um quadro de afirmações
provisórias, no edifício da evolução, de que ele compartilha sem ser o
responsável.
A fortuna material é um empréstimo dos Poderes Superiores
que, não raro, lhe escapa ao controle, quando menos espera.
Tudo o que a criatura humana possui é tão-somente
obséquio, concessão, favor ou benefício da Providência Divina ou da Bondade
Humana.
Todos temos efetivamente de nós unicamente a nossa
própria alma e, já que somos usufrutuários de todos os bens da vida, estejamos constantemente
prevenidos para dar conta de nós
próprios, ante as Leis do Destino, no tocante a uso e proveito, rendimento e
administração.
Se aspiras o título de obreiro do Senhor, não olvides que
o mundo é um campo imenso de trabalho para a lavoura do bem.
Do escuro menosprezo da Terra fez Jesus o caminho
radiante para os Céus.
Livro: ALVORADA DO
REINO - Francisco Cândido Xavier - Emmanuel
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