3 – O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei
de justiça, de amor e caridade, na sua maior pureza. Se interroga a sua
consciência sobre os próprios atos, pergunta se não violou essa lei, se não
cometeu o mal, se fez todo o bem que podia, se não deixou escapar
voluntariamente uma ocasião de ser útil, se ninguém tem do que se queixar dele,
enfim, se fez aos outros aquilo que queria que os outros fizessem por ele.
Tem fé em Deus, na sua bondade, na sua justiça e na sua
sabedoria; sabe que nada acontece sem a sua permissão, e submete-se em todas as
coisas à sua vontade.
Tem fé no futuro, e por isso coloca os bens espirituais
acima dos bens temporais.
Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores,
todas as decepções, são provas ou expiações, e as aceita sem murmurar.
O homem possuído pelo sentimento de caridade e de amor ao
próximo faz o bem pelo bem, sem esperar recompensa, paga o mal com o bem, toma
a defesa do fraco contra o forte e sacrifica sempre o seu interesse à justiça.
Encontra usa satisfação nos benefícios que distribui, nos
serviços que presta, nas venturas que promove, nas lágrimas que faz secar, nas
consolações que leva aos aflitos. Seu primeiro impulso é o de pensar nos
outros., antes que em si mesmo, de tratar dos interesses dos outros, antes que dos
seus. O egoísta, ao contrário, calcula os proveitos e as perdas de cada ação
generosa.
É bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção
de raças nem de crenças, porque vê todos os homens como irmãos.
Respeita nos outros todas as convicções sinceras, e não
lança o anátema aos que não pensam como ele.
Em todas as circunstâncias, a caridade é o seu guia.
Considera que aquele que prejudica os outros com palavras maldosas, que fere a
suscetibilidade alheia com o seu orgulho e o seu desdém, que não recua à idéia
de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode
evitar, falta ao dever do amor ao próximo e não merece a clemência do Senhor.
Não tem ódio nem rancor, nem desejos de vingança. A
exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas, e não se lembra senão dos
benefícios. Porque sabe que será perdoado, conforme houver perdoado.
É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que
ele mesmo tem necessidade de indulgência, e se lembra destas palavras do
Cristo: “Aquele que está sem pecado atire a primeira pedra”.
Não se compraz em procurar os defeitos dos outros, nem a
pô-los em evidência. Se a necessidade o obriga a isso, procura sempre o bem que
pode atenuar o mal.
Estuda as suas próprias imperfeições, e trabalha sem
cessar em combatê-las. Todos os seus esforços tendem a permitir-lhe dizer,
amanhã, que traz em si alguma coisa melhor do que na véspera.
Não tenta fazer valer o seu espírito, nem os seus
talentos, às expensas dos outros. Pelo contrário, aproveita todas as ocasiões
para fazer ressaltar a vantagens dos outros.
Não se envaidece em nada com a sua sorte, nem com os seus
predicados pessoais, porque sabe que tudo quanto lhe foi dado pode ser
retirado.
Usa mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque
sabe tratar-se de um depósito, do qual deverá prestar contas, e que o emprego
mais prejudicial para si mesmo, que poderá lhes dar, é pô-los ao serviço da
satisfação de suas paixões.
Se nas relações sociais, alguns homens se encontram na
sua dependência, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais
perante Deus. Usa sua autoridade para erguer-lhes a moral, e não para os
esmagar com o seu orgulho, e evita tudo quanto poderia tornar mais penosa a sua
posição subalterna.
O subordinado, por sua vez, compreende os deveres da sua
posição, e tem o escrúpulo de procurar cumpri-los conscientemente. (Ver
cap.XVII, nº 9)
O homem de bem, enfim, respeita nos seus semelhantes
todos os direitos que lhes são assegurados pelas leis da natureza, como desejaria
que os seus fossem respeitados.
Esta não é a relação completa das qualidades que
distinguem o homem de bem, mas quem quer que se esforce para possuí-las, estará
no caminho que conduz às demais.
O LIVRO DOS
ESPÍRITOS – QUESTÃO 918
Por que indícios se pode reconhecer em um homem o
progresso real que lhe elevará o Espírito na hierarquia espírita?
“O Espírito prova a sua elevação, quando todos os atos de
sua vida corporal representam a prática da Lei de Deus e quando antecipadamente
compreende a vida espiritual.”
Verdadeiramente, homem de bem é o que pratica a lei de
justiça, amor e caridade, na sua maior pureza. Se interrogar a própria
consciência sobre os atos que praticou, perguntará se não transgrediu essa lei,
se não fez o mal, se fez todo bem que podia, se ninguém tem motivos para dele
se queixar, enfim, se fez aos outros o que desejara que lhe fizessem.
Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo,
faz o bem pelo bem, sem contar com qualquer retribuição, e sacrifica seus
interesses à justiça.
É bondoso, humanitário e benevolente para com todos,
porque vê irmãos em todos os homens, sem distinção de raças, nem de crenças.
Se Deus lhe outorgou o poder e a riqueza, considera essas
coisas como UM DEPÓSITO, de que lhe cumpre usar para o bem. Delas não se envaidece,
por saber que Deus, que lhas deu, também lhas pode retirar.
Se sob a sua dependência a ordem social colocou outros
homens, trata-os com bondade e complacência, porque são seus iguais perante
Deus.
Usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não
para os esmagar com o seu orgulho.
É indulgente para com as fraquezas alheias, porque sabe
que também precisa da indulgência dos outros e se lembra destas palavras do
Cristo: Atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecado.
Não é vingativo. A exemplo de Jesus, perdoa as ofensas,
para só se lembrar dos benefícios, pois não ignora que, como houver perdoado,
assim perdoado lhe será.
Respeita, enfim, em seus semelhantes, todos os direitos
que as Leis da Natureza lhes concedem, como quer que os mesmos direitos lhe
sejam respeitados.
TEXTOS DE APOIO
CONCEITO DO BEM
“Sede vós. Pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai
que está nos céus.” - JESUS - MATEUS, 5: 48,
“0 verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de
justiça, de amor e de caridade, na sita maior pureza. ” – Cap. 17, 3.
Toda vez que ouças alguém referindo-se ao bem ou ao mal
de alguém, procura discernir.
Conheces o amigo que escalou a eminência econômica.
À vista da facilidade com que maneja a moeda, há quem o
veja muito bem situado, nas vantagens materiais, no entanto, via de regra, se
lhe radiografasses os sentimentos, nele encontrarias um escravo da inquietação,
detido em cadeias de ouro.
Assinalas o homem que alcançou a respeitabilidade
política.
Tão logo surge no vértice da administração, há quem o
veja muito bem colocado nos interesses do mundo, mas, freqüentemente, se lhe
fotografasses as telas do espírito, nele surpreenderias um mártir de
cerimoniais e banquetes, constrangido entre as necessidades do povo e as
exigências da lei.
Admiras o companheiro que venceu as próprias inibições
elevando-se à direção do trabalho comum.
A face da significativa remuneração que percebe, há quem
o veja muito bem posto na esfera social, contudo, na maioria das vezes, se lhe
observasses as mais intimas reações, nele acharias um prisioneiro de sufocantes
obrigações, sem tempo para comer o pão que assegura aos dirigidos de condição
mais singela.
Elogias o cientista que fornece idéias de renovação e
conforto.
Ao fitá-lo sob os lauréis da popularidade, há quem o veja
muito bem classificado na galeria da fama, no entanto, quase sempre, se lhe
tateasses a alma por dentro, nele surpreenderias um atormentado servidor do
progresso clamando ansiosamente por simplicidade e repouso.
Reajustemos, assim, o conceito do bem, diante da vida.
Em muitas circunstâncias, o dinheiro suprime aflições, a
autoridade resolve problemas, a influência apara dificuldades e a cultura
clareia o caminho...
Por isso mesmo, toda pessoa que obtém qualquer parcela
mais expressiva de responsabilidade e destaque, mostra-se realmente muito bem
para combater o mal e liquidá-lo; entretanto, caso venha a utilizar-se dos bens
com que a vida lhe enriquece as mãos apenas para cuidar do bem de si mesma, sem
qualquer preocupação na garantia do bem devido aos outros, seja onde seja,
semelhante criatura estará simplesmente bem mal.
Emmanuel - do livro:
O Livro da Esperança - Psicografado por Francisco Cândido Xavier
O HOMEM
BOM
Conta-se que Jesus, após narras a Parábola do Bom
Samaritano, foi novamente interpelado pelo doutor da lei que, alegando não lhe
haver compreendido integralmente a lição, perguntou sutil:
- Mestre, que farei para ser considerado homem bom?
Evidenciando paciência admirável, o Senhor respondeu:
- Imagina-te vitimado por mudez que te iniba a
manifestação do verbo escorreito e pensa quão grato te mostrarias ao
companheiro que falasse por ti a palavra encarcerada na boca.
Imagina-te de olhos mortos pela enfermidade irremediável
e lembra a alegria da caminhada, ante as mãos que te estendessem ao passo
incerto, garantindo-te a segurança.
Imagina-te caído e desfalecente, na via pública, e
preliba o teu consolo nos braços que te oferecessem amparo, sem qualquer
desrespeito para com os teus sofrimentos.
Imagina-te tocado por moléstia contagiosa e reflete no
contentamento que te ilumina o coração, perante a visita do amigo que te fosse
levar alguns minutos de solidariedade.
Imagina-te no cárcere, padecendo a incompreensão do
mundo, e recorda como te edificaria o gesto de coragem do irmão que lhe
buscasse testemunhar entendimento.
Imagina-te sem pão no lar, arrostando amargura e
escassez, e raciocina sobre a felicidade que te apareceria de súbito no amparo
daqueles que te levassem leve migalha de auxílio, sem perguntar por teu modo de
crer e sem te exigir exames de consciência.
Imagina-te em erro, sob o sarcasmo de muitos, e mentaliza
o bálsamo com que te acalmarias, diante da indulgência dos que te desculpassem
a falta, alentando-te o recomeço.
Imagina-te fatigado e intemperante e observa quão
reconhecido ficarias para com todos os que te ofertassem a oração do silêncio e
a frase de simpatia.
Em seguida ao intervalo espontâneo, indagou-lhe o Divino
amigo:
- Em teu parecer, quais teriam sido os homens bons nessas
circunstâncias?
- Os que usassem de compreensão e misericórdia para
comigo – explicou o interlocutor.
- Então – repetiu Jesus com bondade -, segue adiante e
faze também o mesmo.
Livro “Religião dos Espíritos” – Psicografia Francisco C.
Xavier, Espírito: Emmanuel.
LETREIROS VIVOS
Nas faixas mínimas da sua experiência cotidiana surge o
roteiro humano que você representa para os outros.
Os traços do semblante pintam-lhe o clima interior.
Os seus objetos de uso pessoal compõem o edifício da sua
simplicidade.
A ordem dos seus afazeres indica-lhe o grau de
disciplina.
O cumprimento das suas obrigações denuncia-lhe o valor da
palavra empenhada.
O teor da amizade dos seus vizinhos, para com a sua
pessoa, qualifica a sua capacidade de se fazer entendido.
O diapasão da sua palestra dá o tom da sua altura íntima.
A segurança da sua opinião traduz a firmeza dos seus
ideais.
Os tecidos que lhe envolvem o corpo configuram-lhe o
senso de naturalidade.
As iguarias da sua mesa revelham-lhe o papel do estômago
no mundo moral.
A natureza do cuidado com o seu físico fala francamente
de suas possíveis relações com a vaidade.
O seu presente diz, para todos, o que você foi no passado
e o que você será no porvir, com reduzidas possibilidades de erro.
A uniformidade entre o movimento das suas idéias, dos
seus conceitos e das suas ações disseca, à vista de todos, a fibra da sua
vontade.
Todas as criaturas que lhe partilham a existência lêem
incessantemente os letreiros vivos que lhe estabelecem a verdadeira identidade
nos panoramas da Vida, respondendo-lhe as mensagens inarticuladas com aversão
ou simpatia, contentamento ou desagrado, conforme a sua plantação de bem ou
mal.
André Luiz - Do Livro O Espírito da Verdade. Psicografia
de Francisco Cândido Xavier.
GOLPES DUPLOS
Ostensivamente, não teremos, prejudicado a qualquer
pessoa.
Do ponto de vista
do acatamento à segurança geral, carregamos a alma tranqüila.
Quantos de nós,
porém, estaremos livres de remorso pelos danos indiretos que tenhamos causado?
Não subtraímos
dinheiro à bolsa do próximo; entretanto, se caímos inadvertidamente em
pessimismo, comunicando desânimo aos companheiros, afastamo-los de
oportunidades preciosas, no terreno de vantagens corretas, com as quais talvez minorassem
muitas das grandes necessidades que nos rodeiam.
Não preterimos o
direito de nossos irmãos nas atividades profissionais a que se afeiçoam, mas se
nos prendemos com apego indébito e enfermiço a algum ou a alguns deles,
desencorajando-lhes qualquer impulso à renovação, acabamos por impedir-lhes o acesso
a encargos superiores, nos quais teriam efetuado maior prestação de serviço em apoio
da Humanidade.
Não roubamos a
alegria dos semelhantes; todavia, se entramos em desespero, sempre
injustificável, instilamos desalento e amargura naqueles que mais amamos, aniquilando-lhes
a coragem.
Não traímos a
ordem, mas toda vez que desertamos, sem claro motivo, do dever que nos cabe,
estragamos a confiança naqueles que nos procuram ação ou cooperação, frustrando,
de algum modo, a harmonia de que carecem na sustentação da própria tranqüilidade.
Ninguém é trazido
a viver, sentir, imaginar e raciocinar para ocultar-se.
Cada um de nós
permanece no lugar exatos, a fim de realizar o melhor que pode.
Efetivamente,
somos responsáveis pelo mal que praticamos e pelo bem que deixamos de fazer,
sempre que dispomos de recursos para fazê-lo. E ao lado das culpas que trazemos
por ofensas declaradas ou por omissões em serviço, temos ainda as que nascem
dos golpes duplos que desferimos, sobre os quais raramente meditamos: — aqueles
do mal que causamos aos outros, depois de causá-lo a nós.
Livro: Estude E Viva - Francisco Cândido Xavier E Waldo
Vieira Pelos Espíritos Emmanuel E André Luiz
USE SEUS DIREITOS
Realmente, você
dispõe do direito -
de amealhar, em
seu benefício, os frutos da experiência;
de guardar em
silêncio a lição que lhe cabe em cada circunstância;
de reprimir os
próprios gastos para atender ao culto do amor ao próximo;
de acumular os
valores morais do caminho por onde passa;
de aperfeiçoar
primeiramente o seu coração, antes de intentar o burilamento de outras almas;
de socorrer as
vidas menos felizes que a sua própria;
de agasalhar
indistintamente os desnudos do corpo e da alma;
de espalhar a sua
influência na preservação da paz e da alegria;
de mostrar
diretrizes superiores ao irmão de luta, colocando-se, antes de tudo, dentro
delas;
de libertar-se dos
preconceitos injustos sem alarmar as mentes alheias; e de convocar aqueles, com
que convive, ao campo do trabalho edificante, sem exigir nem gritar, mas sim
com a mensagem silenciosa de seu exemplo na sustentação do bem, com certeza de
que o dever respeitado e cumprido é o caminho justo para o direito
de crescer com Jesus no serviço da felicidade geral.
Livro: Estude E Viva - Francisco Cândido Xavier E Waldo
Vieira Pelos Espíritos Emmanuel E André Luiz
EMERGÊNCIA
Perfeitamente
discerníveis as situações em que resvalamos, imprevidentemente, para o domínio
da perturbação e da sombra.
Enumeremos algumas
delas com as quais renteamos claramente, com o perigo da obsessão:
cabeça desocupada;
mãos improdutivas;
palavra
irreverente;
conversa inútil;
queixa constante;
opinião
desrespeitosa;
tempo
indisciplinado;
atitude insincera;
observação pessimista;
gesto impaciente;
conduta agressiva;
comportamento
descaridoso;
apego demasiado;
decisão facciosa;
comodismo
exagerado.
Sempre que nós, os
lidadores encarnados e desencarnados com serviço na renovação espiritual, nos
reconhecermos em semelhantes fronteiras do processo obsessivo, proclamemos o
estado de emergência no mundo íntimo e defendamo-nos contra o desequilíbrio,
recorrendo a profilaxia da prece.
Livro: Estude E
Viva - Francisco Cândido Xavier E Waldo Vieira Pelos Espíritos Emmanuel E André
Luiz
IMAGENS
Egoísmo, gás mortífero, tende sempre a ocupar todo o
espaço que se lhe oferece. Intoxica e faz sofrer.
Lisonja, beberagem
da invigilância, adapta-se ao recipiente da intenção que a conserva. Embriaga e
cria a frustração.
Sinceridade, aço
moral, demonstra forma determinada e resistência própria. Útil às construções
duradouras.
Construções
materiais - tatuagens efêmeras na crosta ciclópica do Planeta.
Construções
espirituais - duradouros aperfeiçoamentos na estrutura íntima do Espírito.
Da semente brota a
haste da planta.
Do ovo nasce o
corpo do animal.
Da consciência desabrocha
a diretriz do destino.
Bem, calor da
Vida.
Há bons e maus
condutores de calor.
A condutibilidade
do bem, entre os homens, demonstra o valor de cada um.
Virtudes aparentes - metais comuns no homem, que se
alteram ante a ventania dasilusões terrenas.
Virtudes reais -
metais preciosos no Espírito, que não se corrompem ante as lufadas das tentações
humanas, sustentando a vida eterna.
Livro: Estude E Viva - Francisco Cândido Xavier E Waldo
Vieira Pelos Espíritos Emmanuel E André Luiz
AUTO CRÍTICA
E - Cap. XVII - item 3
O milagre é invenção da gramática para efeito
lingüístico, pois na realidade somos arquitetos do próprio destino.
Se algum erro de cálculo existe na construção de nossas
existências, o culpado somos nós mesmos.
Todos caminhamos suscetíveis de errar, todos já erramos
bastante e todos ainda erraremos necessariamente para aprender a acertar;
contudo, nenhum de nós deve persistir no erro, porquanto incorreríamos na
abolição do raciocínio que nos constitui a maior conquista espiritual.
No reconhecimento da falibilidade que nos caracteriza, se
não é lícito reprovar a ninguém, não será justo cultivar a indulgência para
conosco; e se nos cabe perdoar incondicionalmente aos outros, não se deve adiar
a severidade para com as próprias faltas.
Portanto, para acertar, não devemos fugir ao
"conhece-te a ti mesmo", que principia na intimidade da alma, com o
esforço da vigilância interior.
Esse trabalho analítico de dentro e para dentro nasce da
humildade e da intenção de acertar com o bem, demonstrando para nós próprios o
exato valor de nossas possibilidades em qualquer manifestação.
Autocrítica sim e sempre...
Podão da sensatez - apara os supérfluos da fantasia.
Balança do comportamento - sopesa todos os nossos atos.
Lima da verdade - dissipa a ilusão.
Metro moral - define o tamanho de nosso discernimento.
Espelho da consciência - reflete a fisionomia da alma.
Em todas as expressões pessoais, é possível errarmos para
mais ou para menos.
Quem não avança na estrada do equilíbrio que somente a
autocrítica delimita com segurança, resvala facilmente na impropriedade ou no
excesso, perdendo a linha das proporções.
Com a autocrítica, lisonja e censura, elogio e sarcasmo
deixam de ser perigos destruidores, de vez que a mente provida de semelhante
luz, acolhe-se ao bom senso e à conformidade, evitando a audácia exagerada de
quem tenta galgar as nuvens sem asas e o receio enfermiço de quem não dá um
passo, temendo anular-se, ao mesmo tempo que amplia as correntes de cooperação
e simpatia, em derredor de si mesma, por usar os recursos de que dispõe na
medida certa do bem, sob a qual, a compaixão não piora o necessitado e a
caridade não humilha quem sofre.
Sê fiscal de ti mesmo para que não te levantes por
verdugo dos outros e, reparando os próprios atos, vive hoje a posição do juiz
de ti próprio, a fim de que amanhã, não amargues a tortura do réu.
De Opinião Espírita de Francisco Cândido Xavier e Waldo
Vieira, pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz
PEDIDOS DEAUXÍLIO
Francisco Cândido Xavier
Antes da nossa reunião, no grupo de amigos, que nos
visitavam, destacava-se um que se declarava inseguro e enfraquecido diante das
obrigações de que se via encarregado. Dizia-se imperfeito e rodeado de
inquietações. Lamentava-se por haver reencarnado em ambiente de grandes provas.
Chamava contra ele mesmo, afirmando que abraçara a fé em Jesus mas não
encontrava meios de sentir-se feliz consigo mesmo.
Pedia a algum benfeitor desencarnado que o auxiliasse.
Iniciadas as nossas tarefas, O Evangelho Segundo o Espiritismo
nos deu a estudo o item 3 do capítulo XVII. E ao término da reunião o nosso
amigo André Luiz escreveu, por nosso intermédio, a página dedicada ao
companheiro que rogava diretriz com afetuosa sinceridade.
Concordamos nós todos em solicitar os seus apontamentos
doutrinários junta à mensagem do nosso benfeitor espiritual, já que a palavra
dele nos reanimara a cada um para o desempenho de nossos deveres.
Do livro Diálogo
dos Vivos. Espíritos Diversos. Psicografia de Francisco Cândido Xavier e J.
Herculano Pires.
NOTA DE IRMÃO
André Luiz
Diz você, meu amigo, que não se encontra habilitado para
as tarefas do bem, à vista das imperfeições que carrega.
Entretanto, ponderemos:
Se você:
não experimenta empeços orgânicos;
se não suporta conflitos íntimos;
se vive isento de tentações;
se respira em clima de paz inalterável;
se você não tem familiares problemas;
se não sofre obstáculos no lar;
se não vê desajustes em seu grupo social;
se não encontra companheiros difíceis
se você: não conheceu algum dia a solidão de perto;
se caminha no mundo sem qualquer inquietação;
se não enfrentou crises em seu campo individual;
se nunca enxergou ao seu lado a presença do desânimo ou
da aflição;
se você: não precisa esforçar-se para conservar seus
amigos;
se não conhece adversários na tarefa que a vida lhe
confiou;
se trabalha sem críticos que lhe façam observações e lhe
desafiem o espírito a discussões e distonias em serviço;
se não experimenta contratempos e desgostos que, de
quando a quando, lhe impulsionem o coração a renovações necessárias...
Se você desconhece algo desta lista de provas, então
estará fora do seu nível de evolução.
Isso ocorre porque, na Terra, é justamente em problemas e
lutas que obteremos as vitórias da alma.
Lembre-se:
A criatura humana realmente não entenderia a voz de uma
estrela. E sem que a criatura humana ouça o verbo e receba a cooperação de quem
lhe compartilhe as experiências, o esforço da evolução para cada um de nós, no
clima do mundo, se faria impossível.
Do livro Diálogo dos Vivos. Espíritos Diversos. Psicografia
de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires.
CAMPO DE PROVAS
Irmão Saulo
A Terra é um campo de provas. A vida humana, um estágio
nesse campo. Temos as provas e as provações que são coisas diferentes. As
provas são meios de aprendizagem e as provações são conseqüências do passado,
expiações de faltas cometidas em vidas anteriores. Se aqui estamos é porque
necessitamos delas. E se sabemos que nossas provas e expiações foram pedidas
por nós mesmos, no mundo espiritiia1, devemos compreender que as pedimos porque
a nossa necessidade era grande.
O espírito desencarnado vê com precisão, auxiliado pelos
espíritos bons, os motivos da sua situação inferior no mundo espiritual; sabe
que o seu mundo verdadeiro e definitivo é aquele e não o terreno. Compreende
que a existência terrena é passageira e só tem por finalidade prepará-lo para a
vida verdadeira e permanente. Quando na Terra, não tem o direito de se
lamentar, mas o dever de enfrentar os seus problemas e agradecer a Deus as
oportunidades de resgate, reparação e progresso que lhe foram concedidas.
Se o encarnado não procede assim é porque se deixou
hipnotizar pelas miragens da Terra, perdendo a visão espiritual do seu
verdadeiro objetivo na vida corporal. Mas a prece sincera é o recurso de que
então pode dispor para solicitar o auxílio dos amigos do lado de lá. E toda
prece sincera, toda solicitação legítima terá logo a sua resposta através de
uma intuição, de uma advertência que parece surgir da sua própria consciência
ou de uma mensagem amiga transmitida pela telegrafia humana da mediunidade.
Ninguém vem à terra para gozar da felicidade perfeita,
que só podemos desfrutar no mundo espiritual ou nos mundos superiores do espaço
infinito. A felicidade na Terra consiste precisamente na oportunidade de
enfrentarmos as nossas provas e expiações com firmeza e decisão. E sem
lamentar, como ensina O Evangelho Segundo o Espiritismo no item citado. Só são
realmente felizes os que vencem o mundo, como ensinou Jesus, para se elevarem
aos planos superiores da vida verdadeira que é a vida espiritual.
Do livro Diálogo dos Vivos. Espíritos Diversos. Psicografia
de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires
O BRINQUEDO NOVO
Chiquinho era um menino muito alegre que morava numa
vila. Conquistava muitos amigos e vivia rodeado de crianças, com as quais
brincava nas horas de folga.
Numa bela manhã, quando ele ia para a escola, avistou seu
amigo Dinho debruçado na janela de sua casa, a segurar um brinquedo novo.
– Que brinquedo engraçado! – pensou Chiquinho.
– Quando terminar a aula, vou até a casa de Dinho para
ver seu novo brinquedo – disse Chiquinho bem baixinho, quando já chegava ao
portão da escola.
Prim… Prim… A campainha anunciava o encerramento das
aulas.
Chiquinho vai para casa, troca de roupa, almoça e
correndo se dirige à casa de Dinho, pois queria ver logo aquele brinquedo tão
diferente.
– Dinho!… Dinho!… – chamou Chiquinho.
– Dinho foi para a escola! – respondeu a mãe do menino,
aparecendo na janela.
– E agora!? Vou esperar – pensava Chiquinho, que tão
curioso estava, que nem se lembrou que seu amigo ia à escola na parte da tarde.
Chiquinho sentou-se na soleira da porta da casa de Dinho
e esperou… esperou…
Ao cair da tarde, Dinho aparece na esquina.
E… Vejam… Ele traz seu brinquedo novo nas mãos!
Chiquinho olhava encantado. Que coisa era aquela girando
na ponta de uma varinha, parece que vai voar! E as cores… conforme girava, elas
iam se alternando, num vai-e-vem de verde, amarelo, azul e vermelho. Que
beleza! O que fazia aquele brinquedo girar?
– Veja, Chiquinho, que lindo brinquedo eu ganhei! –
exclamou Dinho, ao ver o amigo sentado à porta de sua casa.
Por longas horas os dois companheiros brincaram. Ora um,
ora outro segurava o brinquedo.
A noite chegou e Chiquinho precisava ir para sua casa. E,
como havia gostado muito daquele brinquedo, pediu ao Dinho:
– Posso levar emprestado seu brinquedo novo? Amanhã,
antes de ir para a escola eu lhe devolvo!
Apesar de Dinho também gostar muito de seu novo
divertimento, atendeu ao pedido do colega.
Chiquinho pulava de alegria, e quanto mais pulava e
corria em direção à sua casa, mais aquele brinquedo encantador girava.
– O que faz esse brinquedo girar? – perguntava o menino.
Ao chegar em casa, foi correndo mostrar à sua mãe o
brinquedo que Dinho lhe havia emprestado.
Papai ficava feliz em ver seu menino pulando e correndo,
fazendo girar aquela nova diversão que arranjara.
– Chiquinho! – disse o papai – cuidado para não estragar
este brinquedo, ele não é seu.
O menino estava tão encantado que não prestou muita
atenção no que seu pai lhe dissera.
– Venham jantar! – chamou a mamãe. Não deixem a sopa
esfriar! Lavem as mãos.
Chiquinho, sentindo o cheiro gostoso da sopa que a mamãe
prepara, mais que depressa largou o brinquedo sobre a cadeira da sala e
dirigiu-se à cozinha para saborear a sopa quentinha. Por alguns instantes,
esqueceu-se do brinquedo que gira… gira…
Depois do jantar, ouviu sua mãe perguntar:
– Já fez a tarefa da escola?
Chiquinho, que havia passado a tarde esperando pelo
amigo, não fez o dever escolar. Então, imediatamente pegou seus cadernos,
livros e lápis e pôs-se a executar a tarefa. Não se lembrava mais do precioso
brinquedo que o amigo carinhosamente lhe emprestou.
Terminada a tarefa, guardou seu material escolar, escovou
os dentes e quando já ia se deitar…
– Ei… E o brinquedo de Dinho! Vou busca-lo – pensou
rapidamente o menino.
– Oh!… Não está onde deixei! Onde estará o brinquedo? –
indagava preocupado.
– Mamãe, você viu o brinquedo que gira?
– Papai, você sabe onde está o brinquedo de Dinho que
coloquei sobre a cadeira?
Ninguém havia visto…
– Como vou explicar ao meu amigo que não sei onde está
seu brinquedo novo?…
Mamãe lhe dizia:
– Procure direito. Você sabe o quanto é importante zelar
pelos objetos que tomamos emprestado!…
Chiquinho procurou… procurou… mas não encontrou.
O menino foi para sua cama e desatou a chorar…
– Por que não guardei o brinquedo de Dinho! – pensava.
Chiquinho chorava. Quando seu pai chegou junto de sua
cama trazendo o brinquedo nas mãos.
Num salto, o menino levantou-se e tomou o brinquedo das
mãos de seu pai.
– Ele estava debaixo da mesa. Você não procurou direito.
Amanhã, poderá devolvê-lo ao Dinho. Veja, ele nem amassou! – falou o pai do
menino.
– Veja, papai, ele estragou! Não está girando! – observou
Chiquinho.
Papai pegou o brinquedo, levando-o até a janela e quando
a abriu, um vento leve começou a girar… girar… o brinquedo.
– Observe, papai, está girando! – gritava de alegria o
menino. É o vento que o faz girar. Que beleza!
– Isto é um cata-vento, meu filho.
Naquela noite, Chiquinho agradeceu a Deus pelo vento que
fazia girar o brinquedo encantador e baixinho dizia:
– Hoje aprendi uma importante lição: vou ser mais
cuidadoso com os objetos que tomo emprestado.
E o menino adormeceu…
O APELO DIVINO
Reunidos os componentes habituais do grupo doméstico, o
Senhor, de olhos melancólicos e lúcidos, surpreendendo, talvez, alguma nota de
oculta revolta no coração dos ouvintes, falou, sublime: — Amados, quem procura
o Sol do Reino Divino há de armar-se de amor para vencer na grande batalha da
luz contra as trevas.
E para armazenar o amor no coração é indispensável
ampliar as fontes da piedade.
Compadeçamo-nos dos príncipes; quem se eleva muito alto,
sem apoio seguro, pode experimentar a queda em desfiladeiros tenebrosos.
Ajudemos aos escravos; quem se encontra nos espinheiros
do vale pode perder-se na inconformação, antes de subir a montanha redentora.
Auxiliemos a criança; a erva tenra pode ser crestada,
antes do sol do meio-dia.
Amparemos o velhinho; nem sempre a noite aparece
abençoada de estrelas.
Estendamos mãos fraternas ao criminoso da estrada; o
remorso é um vulcão devastador.
Ajudemos aquele que nos parece irrepreensível; há uma
justiça infalível, acima dos círculos humanos, e nem sempre quem morre santificado
aos olhos das criaturas surge santificado no Céu.
Amparemos quem ensina; os mestres são torturados pelas
próprias lições que transmitem aos outros.
Socorramos aquele que aprende; o discípulo que estuda sem
proveito, adquire pesada responsabilidade diante do Eterno.
Fortaleçamos quem é bom; na Terra, a ameaça do desânimo
paira sobre todos.
Ajudemos o mau; o espírito endurecido pode fazer-se
perverso.
Lembremo-nos dos aflitos, abraçando-os, fraternalmente; a
dor, quando incompreendida, transforma-se em fogueira de angústia.
Auxiliemos as pessoas felizes; a tempestade costuma
surpreender com a morte os viajores desavisados.
A saúde reclama cooperação para não arruinar-se.
A enfermidade precisa remédio para extinguir-se.
A administração pede socorro para não desmandar-se.
A obediência exige concurso amigo para subtrair-se ao
desespero.
Enquanto o Reino do Senhor não brilhar no coração e na
consciência das criaturas, a Terra será uma escola para os bons, um purgatório
para os maus e um hospital doloroso para os doentes de toda sorte.
Sem a lâmpada acesa da compaixão fraternal, é impossível
atender à Vontade Divina.
O primeiro passo da perfeição é o entendimento com o
auxílio justo...
Interrompeu-se o Mestre, ante os companheiros emudecidos.
E porque os ouvintes se conservassem calados, de olhos
marejados de pranto, Ele voltou à palavra, em prece, e suplicou ao Pai luz e
socorro, paz e esclarecimento para ricos e pobres, senhores e escravos, sábios
e ignorantes, bons e maus, grandes e pequenos...
Quando terminou a rogativa, as brisas do lago se
agitaram, harmoniosas e brandas, como se a Natureza as colocasse em movimento
na direção do Céu para conduzirem a súplica de Jesus ao Trono do Pai, além das
estrelas...
Neio Lúcio - Do Livro Jesus no Lar - Francisco C. Xavier
O PIOR INIMIGO
Um homem, admirável pelas qualidades de trabalho e pelas
formosas virtudes do caráter, foi visto pelos inimigos da Humanidade que
conhecemos por Ignorância, Calúnia, Maldade, Discórdia, Vaidade, Preguiça e
Desânimo, os quais tramaram, entre si, agir contra ele, conduzindo-o à derrota.
O honrado trabalhador vivia feliz, entre familiares e
companheiros, cultivando o campo e rendendo graças ao Senhor Supremo pelas
alegrias que desfrutava no contentamento de ser útil.
A Ignorância começou a cogitar da perseguição,
apresentando-o ao povo como mau observador das obrigações religiosas.
Insulava-se no trato da terra, cheio de ambições desmedidas para enriquecer a
custa do alheio suor. Não tinha fé, nem respeitava os bons costumes.
O lavrador ativo percebeu as notícias do adversário que
operava, de longe, sorriu calmo e falou com sinceridade:
- A Ignorância está desculpada.
Surgiu, então a Calúnia e denunciou-o às autoridades por
espião de interesses estranhos. Aquele homem vivia, quase sozinho, para melhor
comunicar-se com vasta quadrilha de ladrões. O serviço policial tratou de
minuciosas averiguações e, ao término do inquérito vexatório, a vítima afirmou
sem ódio:
- A Calúnia estava enganada.
E trabalhou com dobrado valor moral.
Logo após, veio a Maldade, que o atacou de mais perto.
Principiou a ofensiva, incendiando-lhe o campo. Destruiu-lhe milharais enormes,
prejudicando-lhe a vinha, poluiu-lhe as fontes. Todavia, o operário incansável,
reconstruindo para o futuro, respondeu sereno:
- Contra as sombras do mal, tenho a luz do bem.
Reconhecendo os perseguidores que haviam encontrado um
espírito robusto na fé, instruíram a Discórdia que passou a assediá-lo dentro
da própria casa. Provocações cercaram-no e amigos da véspera relegaram-no ao
abandono.
O servo diligente, dessa vez, sofreu bastante, mas ergue
os olhos para o céu e falou:
- Meu Deus e meu Senhor, estou só, no entanto,
continuarei agindo e servindo Teu nome. A Discórdia será por mim esquecida.
Apareceu, então, a Vaidade que o procurou nos aposentos
particulares, afirmando-lhe:
- És um grande herói... Venceste aflições e batalhas!
Serás apontado à multidão na auréola dos justos e dos santos!...
O trabalhador sincero repeliu-a, imperturbável:
- Sou apenas um átomo que respira. Toda glória pertence a
Deus!
Ausentando-se a Vaidade com desapontamento, entrou a
Preguiça e, acariciando-lhe a fronte com mãos traiçoeiras, afiançou:
- Teus sacrifícios são excessivos... Vamos ao repouso! Já
perdeste as melhores forças!...
Vigilante, contundo, o interpelado replicou sem hesitar:
- Meu dever é o de servir em benefício de todos, até ao
fim da luta.
Afastando-se a Preguiça vencida, o Desânimo compareceu.
Não atacou de longe, nem de perto. Não se sentou na poltrona para conversar,
nem lhe cochichou aos ouvidos. Entrou no coração do operoso lavrador e, depois
de instalar-se lá dentro, começou a perguntar-lhe:
- Esforçar-se para quê? servir por quê? Não vê que o
mundo está repleto de colaboradores mais competentes? que razão justifica
tamanha luta? quem mandou nascer neste corpo? não foi a determinação do próprio
Deus? não será melhor deixar tudo por conta de Deus mesmo? que espera? Sabe,
acaso, o objetivo da vida? tudo é inútil... não se lembra de que a morte
destruirá tudo?
O homem forte e valoroso, que triunfara de muitos
combates, começou a ouvir as interrogações do Desânimo, deitou-se e passou cem
anos sem levantar-se...
Francisco Cândido Xavier, Da obra: Alvorada Cristã. Ditado
pelo Espírito Neio Lúcio.
TOLERÂNCIA E
FRATERNIDADE
O ser querido desertou do lar, vencido pela fragilidade
das forças ainda impregnadas de alta dose de animalidade; todavia, acusa-te,
fazendo-te responsável pela sua fuga. Sê tolerante e conserva-te fraterno em
relação ao evadido.
O antigo dedicado de ontem não deseja mais a tua lealdade
e sai, arremetendo diatribes que te maceram. Sustenta a tolerância e mantém a
fraternidade pensando nele.
O beneficiário da tua bondade, navegando em situação de
bonança, esquece as tuas dádivas e faz-se soberbo, malsinando o teu nome.
Acautela-te na tolerância e reserva-lhe a fraternidade.
As tuas palavras de advertência, tocadas no mais nobre
desejo de acertar, são agora transformadas por antigos comparsas que se fizeram
teus adversários, em açoites que te alcançam. Continua tolerante e dissemina a
fraternidade.
Os convidados pela tua lição de sacrifício a participarem
do banquete de luz e vida do Evangelho, apontam-te mil débitos, e sofres.
Porfia na tolerância e trabalha pela fraternidade.
Divulgas o bem por amor do bem, tentando viver o bem,
mas, apesar disso, não faltam as agressões ao bem que fazes e desafios por
parte daqueles que supões beneficiar. Confia na tolerância e aciona a
fraternidade...
Tolerância e fraternidade sempre.
Em toda e qualquer circunstância essas duas armas
cristãs, da "não violência", podem operar milagres. Talvez aqueles a
quem as ofertas, recusem-nas momentaneamente, todavia, ser-te-ão benéficas
utilizá-las, já que elas restaurarão tua paz, se a perdeste, ou manterão tua
tranquilidade, se a conservas.
"Bem-aventurado aquele que sofre a tentação porque
quando fôr provado receberá a coroa da vida à qual o Senhor tem prometido aos
que o amam" - conforme ensinou o apóstolo Tiago, na sua Epístola
universal, Capítulo um, versículo doze.
A tentação, por isso mesmo, possui as suas raízes no
cerne daquele que é tentado, e como é natural, reponta frequentemente,
ensejando-lhe a nobre batalha da própria redenção.
Viajores de muitas experiências malogradas, somos a soma
das nossas dívidas em operação de resgate.
Cada ensejo depurador é bênção impostergável. Ora, se
alguém nos fere ou magoa, nos acusa ou abandona, com fundamentos injustos,
tentando nossa fraqueza ao revide ou à deserção do combate, mantenhamos
tolerância para com ele - o instrumento inconsciente da Lei - e sejamos
fraternos. facultando-lhe retornar com a certeza de se recebido pelo nosso
coração.
A sombra é geratriz de equívocos como o êrro é matriz de
tormentos íntimos naquele que o pratica. A punição mais severa, portanto, para
o transviado é o despertar da consciência, hoje ou amanhã.
Jesus convocou-nos ao amor incondicional e ao perdão das
ofensas, e Allan Kardec, o discípulo fiel, na tríade que formulou, situou a
Tolerância como uma das bases da felicidade humana, sendo a fraternidade, dessa
forma, o espelho onde se pode refletir a alma do amor, em todas as
circunstâncias e lugares.
Tolerância e fraternidade, como roteiros para a harmonia
que buscamos, são lições vivas de entendimento humano, nos deveres que
esposamos à luz do Cristianismo Redivivo.
"Pois o filho do homem também não veio para ser servido,
mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos". Marcos: capítulo
10º, versículo 45.
"O homem de bem é bom, humano e benevolente para com
todos, sem distinção de RAÇAS NEM DE CRENÇAS, porque em todos os homens vê
irmãos seus. Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 17º - Item 3, parágrafo
7.
FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas. Pelo
Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 50.
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