5 – Por isso vos digo: todas as coisas que vós pedirdes
orando, crede que as haveis de ter, e que assim vos sucederão. (Marcos, XI: 24)
6 – Há pessoas que contestam a eficácia da prece,
entendendo que, por conhecer Deus as nossas necessidades, é desnecessário
expô-las a Ele. Acrescentam ainda que, tudo se encadeando no universo através
de leis eternas, nossos votos não podem modificar os desígnios de Deus.
Há leis naturais e imutáveis, sem dúvida, que Deus não
pode anular segundo os caprichos de cada um. Mas daí a acreditar que todas as
circunstâncias da vida estejam submetidas à fatalidade, a distância é grande.
Se assim fosse, o homem seria apenas um instrumento passivo, sem livre arbítrio
e sem iniciativa. Nessa hipótese, só lhe caberia curvar a fronte ante os golpes
do destino; sem procurar evitá-los; não deveria esquivar-se dos perigos. Deus
não lhe deu o entendimento e a inteligência para que não os utilizasse, a vontade
para não querer, a atividade para cair na inação. O homem sendo livre de agir,
num ou noutro sentido, seus atos têm, para ele mesmo e para os outros,
conseqüências subordinadas às suas decisões. Em virtude da sua iniciativa, há
portanto acontecimentos que escapam, forçosamente, à fatalidade, e que nem por
isso destróem a harmonia das leis universais, da mesma maneira que o avanço ou
atraso dos ponteiros de um relógio não destrói a lei do movimento, que regula o
mecanismo do aparelho. Deus pode, pois, atender a certos pedidos sem derrogar a
imutabilidade das leis que regem o conjunto, dependendo sempre o atendimento da
sua vontade.
7 – Seria ilógico concluir-se, desta máxima: “Aquilo que
pedirdes pela prece vos será dado”, que basta pedir para obter, e injusto
acusar a Providência se ela não atender a todos os pedidos que lhe fazem,
porque ela sabe melhor do que nós o que nos convém. Assim procede ao pai
prudente, que recusa ao filho o que lhe seria prejudicial. O homem, geralmente,
só vê o presente; mas, se o sofrimento é útil para a sua felicidade futura,
Deus o deixará sofrer, como o cirurgião deixa o doente sofrer a operação que
deve curá-lo.
O que Deus lhe concederá, se pedir com confiança, é a
coragem, a paciência e a resignação. E o que ainda lhe concederá, são os meios
de se livrar das dificuldades, com a ajuda das idéias que lhe serão sugeridas
pelos Bons Espíritos, de maneira que lhe restará o mérito da ação. Deus assiste
aos que se ajudam a si mesmos, segundo a máxima: “Ajuda-te e o céu te ajudará”,
e não aos que tudo esperam do socorro alheio, sem usar as próprias faculdades.
Mas, na maioria das vezes, preferimos ser socorridos por um milagre, sem nada
fazermos. (Ver cap. XXV, nº 1 e segs.)
8 – Tomemos um exemplo. Um homem está perdido num
deserto; sofre horrivelmente de sede; sente-se desfalecer e deixa-se cair ao
chão. Ora, pedindo a ajuda de Deus, e espera, mas nenhum anjo vem lhe dar de
beber. No entanto, um Bom Espírito lhe sugere o pensamento de levantar-se e
seguir determinada direção. Então, por um impulso instintivo, reúne suas
forças, levanta-se e avança ao acaso. Chegando a uma elevação do terreno,
descobre ao longe um regato, e com isso retoma a coragem. Se tiver fé, exclamará:
“Graças, meu Deus, pelo pensamento que me inspiraste e pela força que me
deste”. Se não tiver fé, dirá: “Que boa idéia tive eu! Que sorte eu tive, de
tomar o caminho da direita e não o da esquerda; o acaso, algumas vezes, nos
ajuda de fato! Quanto me felicito pela minha coragem e por não me haver deixado
abater!”.
Mas, perguntarão, por que o Bom Espírito não lhe disse
claramente:”Siga este caminho, e no fim encontrarás o que necessitas”? Porque
não se mostrou a ele, para guiá-lo e sustentá-lo no seu abatimento? Dessa
maneira o teria convencido da intervenção da Providência. Primeiramente, para
lhe ensinar que é necessário ajudar-se a si mesmo e usar as próprias forças.
Depois, porque, pela incerteza, Deus põe à prova a confiança e a submissão à
sua vontade. Esse homem estava na situação da criança que, ao cair, vendo
alguém, põe-se a gritar e espera que a levantem; mas, se não vê ninguém,
esforça-se e levanta-se sozinha.
Se o anjo que acompanhou a Tobias lhes houvesse dito: “Fui
enviado por Deus para te guiar na viagem e te preservar de todo perigo”, Tobias
não teria nenhum mérito. Foi por isso que o anjo só se deu a conhecer na volta.
TEXTOS DE APOIO
O PODER DA PRECE
Podemos ser tentados a encolher os ombros antes os
poderes do mal. Como vencer a tentação? Que a fé se manifeste em nós.
Precisamos ver as lições do Cristo em todas as
circunstâncias. Crescemos no amor de Jesus, vivendo pela fé, cada dia que
passa. O discípulo propõe e o Mestre dispõe.
Muitas pessoas consomem suas vidas sempre aflitas e
enraivecidas diante de qualquer ninharia. Dão a impressão de viver no egoísmo e
na crueldade, em constante insatisfação.
Como podemos evitar essa falha? Primeiro, é preciso mudar
a atitude de autolamentação para a de coragem e luta. Além disso, temos de nos
vacinar contra o medo.
O poder da prece é a nossa força. Alguns dos seus frutos
são a paz, a esperança, a alegria, o amor e a coragem.
Confiamos em Jesus. Por conseguinte, porque não buscá-lo
sempre para aquilo de que necessitamos?
Ele disse: “O reino de Deus está em vós.” Nunca nos
deveríamos esquecer dos propósitos divinos e da orientação divina.
Cada alma tem seu próprio crédito. A fé se revela nos
atos. Quando o homem ajuda a alguém em nome do Cristo, o Cristo responde a esse
homem, ajudando-o por meio de alguém.
No entanto, temos de orar sempre. Não devemos subestimar
o valor da nossa comunicação com Deus.
Teremos de atravessar épocas difíceis? Estamos
deprimidos? Continuemos a orar.
A prece é luz e orientação em nossos próprios
pensamentos.
“Vinde, retirai-vos para algum lugar deserto e descansai
um pouco.
Porque eram muitos os que entravam e saiam e não tinham
tempo para comer.” — Jesus (Marcos, 6:31).
(Silver Spring, Maryland, E.U.A., 9, Junho, 1965)
ANDERSO - Do livro Entre Irmãos de Outras Terras.
Psicografia de Francisco C. Xavier e Waldo Vieira.
A ORAÇÃO DOMINICAL
Curada pelo Mestre Divino, a sogra de Simão Pedro ficara
maravilhada com os poderes ocultos do Nazareno humilde, que falava em nome de
Deus, enlaçando os corações com a sua fé profunda e ardente. Restabelecida em
sua saúde, passou a reflexionar mais atentamente acerca do Pai que está nos
céu-, sempre proveito a atender às súplicas dos filhos. Chamando certo dia o
genro para um exame detido do assunto, consultou-o sobre a possibilidade de
pedirem a Jesus favores excepcionais para a sua família. Lembrava-lhe a
circunstância de ser o Mestre um emissário poderoso do Reino de Deus que
parecia muito próximo. Concitava-o a ponderar ao Messias que eles eram dos seus
primeiros colaboradores sinceros e a enumerar-lhe as necessidades prementes da
família, a exigüidade do dinheiro, o peso dos serviços domésticos, a casa pobre
de recursos, situação a que as imensas possibilidades de Jesus, cheio de
poderes prodigiosos, seriam capazes de remediar.
O pescador simples e generoso, tentado em seus
sentimentos humanos, examinou aquelas observações destinadas a lhe abrir os
olhos com referência ao futuro. Entretanto, refletiu que Jesus era Mestre e
nunca desprezava qualquer ensejo de bem ensinar o que era realmente proveitoso
aos discípulos. Acaso, não saberia ele o melhor caminho? Não viam em sua
presença alguma coisa da própria presença de Deus? Guardando, contudo, indeciso
o espírito, em face das ponderações familiares, buscou uma oportunidade de
falar com o Messias acerca do assunto.
***
Chegada que foi a ocasião, o apóstolo procurou provocar
muito de leve a solução do problema, perguntando a Jesus, com a sua sinceridade
ingênua:
– Mestre, será que Deus nos ouve tôdas as orações?
– Como não, Pedro? – respondeu Jesus solicitamente –
Desde que começou a raciocinar, observou o homem que acima de seus poderes
reduzidos, havia um poder ilimitado, que lhe criara o ambiente da vida. Tôdas
as criaturas nascem com tendência para o mais alto e experimentam a necessidade
de comungar com êsse plano elevado, donde o Pai nos acompanha com o seu amor,
todo justiça e sabedoria, onde as preces dos homens o procuram sob nomes
diversos. Acreditarias, Simão, que, em todos os séculos da vida humana,
recorreriam as almas, incessantemente, a uma porta silenciosa e inflexível, se
nenhum resultado obtivessem?... Não tenhas dúvida : tôdas as nossas orações são
ouvidas!...
– No entanto – exclamou respeitoso o discípulo – se Deus
ouve as súplicas de todos os seres, por que tamanha diferenças na sorte? Por
que razão sou obrigado a pescar para prover à subsistência, quando Levi ganha
bom salário no serviço dos impostos, com a sabedoria dos livros? Como explicar
que Joana disponha de servas numerosas, quando minha mulher é obrigada a
plantar e cuidar a nossa horta?
Jesus ouviu atento essas suas palavra e retrucou :
– Pedro, precisamos não esquecer que o mundo pertence a
Deus e que todos somos seus servidores. Os trabalhos variam, conforme a
capacidade do nosso esforço. Hoje pescas, amanhã pregarás a palavra divina do
Evangelho. Todo trabalho honesto é de Deus. Quem escreve com a sabedoria dos
pergaminhos não é maior do que aquele que traça a leira laboriosa e fértil, com
a sabedoria da terra. O escriba sincero, que cuida dos dispositivos da lei, é
irmão do lavrador bem intencionado que cuida do sustento da vida. Um cultiva as
flores do pensamento, outro as do trigal que o Pai protege abençoa. Achas que
uma casa estaria completa sem as mãos abnegadas que lhe varrem os detritos?
Se todos os filhos de Deus se dispusessem a cobrar
impostos, quem os pagaria? Vês, portanto, que, antes de qualquer consideração,
é preciso santificar todo trabalho útil, como quem sabe que o mundo é morada de
Deus.
“Já pensaste que, se a tua esposa cuida das plantas de
tua horta, Joana de Cuza educa as suas servas?! A qual das duas cabe
responsabilidade maior, à tua mulher que cultiva os legumes, ou à nossa irmã
que tem algumas filhas de Deus sob sua proteção? Quem poderá garantir que Joana
terá essa, responsabilidade por toda a vida? No mundo, há grandes generais que
apesar das suas vitórias passam também pelas duras experiências de seus
soldados. Assim, Pedro, precisamos considerar, em definitivo, que somos filhos
e servos de Deus, antes de qualquer outro título convencional, dentro da vida
humana. Necessário é, pois,que disponhamos o nosso coração a bem servi-lo, seja
como rei ou como escravo, certos de que o Pai nos conhece a todos e nos conduz
ao trabalho ou à posição que mereçamos.”
O discípulo ouvindo aquelas explicações judiciosas e,
confortado com os esclarecimentos recebidos, interrogou :
– Mestre, como deveremos interpretar a oração?
– Em tudo – elucidou Jesus – deve a oração construir o
nosso recurso permanente de comunhão ininterrupta com Deus ; Nesse intercâmbio
incessante, as criaturas devem apresentar ao Pai, no segredo das íntimas
aspirações, os seus anelos e esperanças, dúvidas e amargores. Essas
confidencias lhes atenuarão os cansaços do mundo, restaurando-lhes as energias,
porque Deus lhes concederá de sua luz. É necessário, portanto, cultivar a
prece, para que ela se torne um elemento natural da vida, como a respiração. É
indispensável conheçamos o meio seguro de nos identificarmos com o Nosso Pai.
“Entretanto, Pedro, observamos que os homens não se
lembram do céu, senão nos dias de incerteza e angústia do coração. Se a ameaça
é cruel e iminente o desastre, se a morte do corpo é irremediável, os mais
fortes dobram os joelhos ; Mas, quanto não deverá sentir-se o Pai amoroso e
leal de que somente o procurem os filhos nos momentos do infortúnio, por eles
criados com as suas próprias mãos? Em face do relaxamento dessas relações
sagradas, por parte dos homens, indiferentes ao carinho paternal da Providência
que tudo lhes concede de útil e agradável, improfìcuamente desejará o filho uma
solução imediata para as suas necessidades e problemas, sem remediar ao longo
afastamento em que se conservou do Pai no percurso, postergando-Lhe os
desígnios, respeito às suas questões íntimas e profundas.”
Simão Pedro ouvia o Mestre com uma compreensão nova. Não
podia apreender a amplitude daqueles conceitos que transcendiam o âmbito da
educação que recebera, mas procurava perceber o alcance daquelas elucidações,
afim de cultivar o intercâmbio perfeito com o Pai sábio e amoroso, cuja
assistência generosa Jesus revelara, dentro da luz dos seus Divinos
ensinamentos.
***
Decorridos alguns dias, estando o Mestre a ensinar aos
companheiros uma nova lição referente ao impulso natural da prece, Simão lhe
observou:
– Senhor, tenho procurado, por todos os modos, manter inalterável
a minha comunhão com Deus, mas não tenho alcançado o objetivo de minhas
súplicas.
– E o que tens pedido a Deus? – Interrogou o Mestre, sem
se perturbar.
– Tenho implorado à sua bondade que aplaine os meus
caminhos, com a solução de certos problemas materiais.
Jesus contemplam longamente o discípulo, como se
examinasse a fragilidade dos elementos intelectuais de que podia dispor para a
realização da obra evangélica. Contudo, evidenciando mais uma vez o seu
profundo amor e boa vontade, esclareceu com brandura e convicção:
– Pedro, enquanto orares pedindo ao Pai a satisfação de
teus desejos e caprichos, é possível que te retires da prece inquieto e
desalentado. Mas, sempre que solicitares as bênçãos de Deus, afim de
compreenderes a sua vontade justa e sábia, a teu respeito, receberás,pela
oração os bens divinos do consolo e da paz.
O apóstolo guardou silêncio, demonstrando haver, afinal,
compreendido. Um dos filhos de Alfeu, porém, reconhecendo que o assunto
interessava sobremaneira à pequena comunidade ali reunida, adiantou-se para
Jesus, pedindo :
– Senhor, ensina-nos a orar!...
Dispondo-os então em círculo e como se mergulhasse o
pensamento num invisível oceano de luz, o Messias pronunciou, pela primeira
vez, a oração que legaria à humanidade.
Elevando o seu espírito magnânimo ao Pai Celestial e
colocando o seu amor acima de todas as coisas, Jesus nos ensinou a orar:
- “Pai Nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu
nome.”
E, ponderando que a redenção da criatura nunca se poderá
efetuar sem a misericórdia do Criador, considerada a imensa bagagem das
imperfeições humanas, continuou:
- “Venha a nós o teu reino.”
Dando a entender que a vontade de Deus, amorosa e justa,
deve cumprir-se em todas as circunstâncias, acrescentou:
- “Seja feita a tua vontade, assim na Terra como nos
céus,”
Esclarecendo que todas as possibilidades de saúde,
trabalho e experiência chegam invariavelmente, para os homens, da fonte sagrada
da proteção divina, prosseguiu:
- “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje.”
Mostrando que as criaturas estão sempre sob a ação da lei
de compensações e que cada uma precisa desvencilhar-se das penosas algemas
obscuro pela exemplificação sublime do amor, acentuou:
- “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos
aos nossos devedores.”
Conhecedor, porém, das fragilidades humanas, para
estabelecer o princípio da luta eterna dos cristãos contra o mal, terminou a
sua oração, dizendo com simplicidade:
- “Não nos deixes cair em tentação e livra-nos de todo o
mal, porque teus são o reino, o poder e a glória para sempre”.
“Assim seja.”
Levi, o mais intelectual dos discípulos, tomou nota das
sagradas palavras, para que a prece do Senhor fosse guardada em seus corações
humildes e simples. A rogativa de Jesus continha, em síntese, todo o programa
de esforço e edificação do Cristianismo nascente. Desde aquele dia memorável, a
oração singela de Jesus se espalhou como um perfume dos céus pelo mundo
inteiro.
Irmão X - Humberto de Campos - Do livro “Boa Nova”.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
NO SILÊNCIO DA PRECE
E - Cap. XXVII - Item 6
Em ti, no silêncio da prece mental, sem que tenhas
necessidade de ver ou perceber, em sentido direto, o coração bate sem cessar na
cadência admirável da vida.
Movimenta-se o sangue, por mil canalículos diversos.
Intestinos trabalham independentes de tua vontade
sustentando-te a nutrição.
Pulmões arfam revolvendo o ar que te envolve.
Impulsos nervosos eletrizam-te a imensa população celular
do cérebro.
Miríades e miríades de unidades de vida microscópica na
concha da boca.
Em torno de ti, no silêncio de tua prece, os átomos se
agitam em vórtices intermináveis na estrutura material da roupa que te veste e
dos sapatos que te calçam.
A eletricidade vibra esfuziante por quilômetros e
quilômetros de fios, transformando-se, não longe de ti, em força, luz e calor.
Milhares de criaturas humanas num perímetro de algumas
léguas em derredor, falam, cantam e choram sem que ouças.
Outros milhões de vozes em dezenas de idiomas, nas ondas
hertzianas, entrecruzam-se à tua volta sem que as registres.
Raios sem conta chovem sobre ti sem que lhes assinales a
presença.
Inúmeros fenômenos meteorológicos se sucedem em toda
parte, sem que consigas relacioná-los.
O planeta faz giros velozes carregando-te, em paz e
segurança, sem que tomes qualquer conhecimento disso.
Igualmente, no silêncio de tua prece, acionas vasto
mecanismo de auxílio e socorro na atmosfera que te rodeia, comparável a imenso
laboratório invisível.
O teu influxo emocional dirige-se além de teus sentidos
para onde te sintonizes, através de insondáveis elementos dinâmicos
Não descreias da oração por não lhe marcares fisicamente
os resultados imediatos.
O firmamento não é impassível porque te pareça mudo.
No silêncio de tua prece mental, podes expressar até
mesmo com mais veemência do que num discurso de mil palavras, o hino vibrante
do amor puro, a ecoar pelo Infinito, assimilando no âmago do ser a Divina Luz,
que te sublimará todos os anseios e esperanças, na renovação do destino.
De Opinião Espírita, de Francisco Cândido Xavier e Waldo
Vieira, pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz)
SE FIZER FORÇA
Diz você que não pode respirar o clima de luta na
experiência doméstica; entretanto, se fizer força no cultivo da renúncia
santificante, fará da própria casa um refúgio de amor.
Diz você que não mais suporta o amigo desajustado, mas,
se fizer força, no exercício da tolerância, é possível consiga convertê-lo
amanhã em colaborador ideal.
Diz você experimentar imenso cansaço, diante do chefe
atrabiliário e inconseqüente; contudo, se fizer força, sustentando a paciência,
obterá nele, ainda hoje, um amigo fiel.
Diz você que não adianta ensinar o bem; no entanto, se
fizer força para exemplificar o que ensina, atingirá realizações de valor
inimaginável.
Diz você que se nota assaltado por enorme desânimo na
pregação construtiva; entretanto, se fizer força, na sementeira da educação,
transfigurará o seu verbo em facho de luz.
Diz você estar desistindo da caridade, ante os golpes da
ingratidão, mas, se fizer força para prosseguir, ajudando sem exigência,
surpreenderá na caridade a perfeita alegria.
Diz você que está doente e nada consegue de nobre e útil;
no entanto, se fizer força para superar as próprias deficiências, vencerá a
enfermidade, avançando em serviço e merecimento.
Diz você que conversação já lhe esgotou a reserva nervosa
e dispõe-se à retirada para o repouso justo; contudo, se fizer força para
continuar atendendo aos ouvintes, olvidando a própria fadiga, ninguém pode
prever a extensão da colheita de bênçãos que virá da sua plantação de gentileza
e bondade.
O grande bem de todos é feito nos pequenos sacrifícios de
cada um.
E se fizermos força para viver, segundo os bons conselhos
que articulamos para uso dos outros, em breve tempo transformaremos a Terra em
luminoso caminho para a glória real.
André Luiz - Médium:
Francisco Cândido Xavier - Livro: "O Espírito da Verdade"
RESPOSTAS DO ALTO
"E qual o pai dentre vós que, se o filho lhe pedir
pão, lhe dará uma pedra?" - Jesus. (LUCAS, 11:11.)
Nos círculos da fé, encontramos diversos corações
extenuados e desiludidos. Referem-se à oração, à maneira de doentes
desenganados quanto à eficácia do remédio, alegando que não recebem respostas
do Alto.
Entretanto, a meditação mais profunda lhes conferiria
mais elevada noção dos Divinos Desígnios, entendendo, enfim, que o Senhor
jamais oferece pedras ao filho que pede pão.
Nem sempre é possível compreender, de pronto, a resposta
celeste em nosso caminho de luta, no entanto, nunca é demais refletir para
perceber com sabedoria.
Em muitas ocasiões, a contrariedade amarga é aviso
benéfico e a doença é recurso de salvação.
Não poucas vezes, as flores da compaixão do Cristo
visitam a criatura em forma de espinhos e, em muitas circunstâncias da
experiência terrestre, as bênçãos da medicina celestial se transformam
temporariamente em feridas santificantes.
Em muitas fases da luta, o Senhor decreta a cassação de
tempo ao círculo do servidor, para que ele não encha os dias com a repetição de
graves delitos e, não raro, dá- lhe fealdade ao corpo físico para que sua alma
se ilumine e progrida.
Se a paternidade terrena, imperfeita e deficiente, vela
em favor dos filhos, que dizer da Paternidade de Deus, que sustenta o Universo
ao preço de inesgotável amor?
O Todo-Compassivo nunca atira pedras às mãos súplices que
lhe rogam auxílio.
Se te demoras, pois, no seio das inibições provisórias,
permanece convicto de que todos os impedimentos e dores te foram concedidos por
respostas do Alto aos teus pedidos de socorro, amparo e lição, com vistas à
vida eterna.
Francisco Cândido Xavier. Vinha de Luz. Pelo Espírito
Emmanuel.
ORAÇÃO
A oração é divino movimento do espelho de nossa alma no rumo
da Esfera Superior, para refletir-lhe a grandeza.
Reportamo-nos aqui ao apelo vivo do espírito às Potências
Celestes, quer vestido na fórmula verbal, quer absolutamente sem ela, na
silenciosa mensagem da vibração.
Imaginemos a face de um espelho voltada para o Sol,
desviando-lhe o fulgor na direção do abismo.
Esta, na essência, é a função da prece, buscando o Amor
Divino para concentrar-lhe a claridade sobre os vales da ignorância e do
sofrimento, da miséria e do ódio, que ainda se estendem no mundo.
Graduada, desde o mais simples desejo, a exteriorizar-se
dos mais ínfimos seres, até a exaltação divina dos anjos, nada se faz na Terra
sem o impulso da aspiração que orienta o passo de todas as criaturas...
No corpo ciclópico do Planeta, a oração é o movimento que
o mantém na tela cósmica; no oceano, é o fenômeno da maré, pelo qual as águas
aspiram ao grande equilíbrio. Na planta, é a chamada fototaxia ou anseio com
que o vegetal se levanta para a luz, incorporando-lhe os princípios; no animal,
é o instinto de curiosidade e indagação que lhe alicerçam as primeiras
conquistas da inteligência, tanto quanto, no homem comum, é a concentração natural,
antes de qualquer edificação no caminho humano.
O professor planeando o ensinamento e o médico a
ensimesmar-se no estudo para sanar determinada moléstia, o administrador programando
a execução desse ou daquele serviço, e o engenheiro
engolfado na confecção de uma planta para certa obra, estão
usando os processos da oração, refletindo na própria mente os propósitos da
educação e da ciência de curar, da legislação e do progresso, que fluem do
plano invisível, à feição de imagens abstratas, antes de se revelarem
substancialmente ao mundo.
Orar é identificar-se com a maior fonte de poder de todo
o Universo, absorvendo-lhe as reservas e retratando as leis da renovação permanente
que governam os fundamentos da vida.
A prece impulsiona as recônditas energias do coração,
libertando-as com as imagens de nosso desejo, por intermédio da força viva e
plasticizante do pensamento, imagens essas que, ascendendo às Esferas
Superiores, tocam as inteligências visíveis ou invisíveis que nos rodeiam,
pelas quais comumente recebemos as respostas do Plano Divino, porquanto o Pai
Todo-Bondoso se manifesta igualmente pelos filhos que se fazem bons.
A vontade que ora, tange o coração que sente, produzindo
reflexos iluminativos através dos quais o espírito recolhe em silêncio, sob a
forma de inspiração e socorro íntimo, o influxo dos Mensageiros Divinos que lhe
presidem o território evolutivo, a lhe renovarem a emoção e a idéia, com que se
lhe aperfeiçoa a existência.
Dispomos na oração do mais alto sistema de intercâmbio
entre a Terra e o Céu.
Pelo divino circuito da prece, a criatura pede o amparo
do Criador e o Criador responde à criatura pelo princípio inelutável da
reflexão espiritual, estendendo-lhe os Braços Eternos, a fim de que ela se erga
dos vales da vida fragmentária para os cimos da Vida Vitoriosa.
Francisco Cândido Xavier - Pensamento e Vida - pelo
Espírito Emmanuel
A SALVAÇÃO
INESPERADA
Num país europeu, certa tarde, muito chuvosa, um
maquinista, cheio de fé em Deus, começando a acionar a locomotiva com o trem
repleto de passageiros para a longa viagem, fixou o céu escuro e repetiu, com
muito
sentimento, a oração dominical.
O comboio percorrei léguas e léguas, dentro das trevas
densas, quando, alta noite, ele viu, à luz do farol aceso, alguns sinais que
lhe pareceram feitos pela sombra de dois braços angustiados a lhe pedirem
atenção e socorro.
Emocionado, fez o trem parar, de repente, e, seguido de
muitos viajantes, correu pelos trilhos de ferro, procurando verificar se
estavam ameaçados de algum perigo.
Depois de alguns passos, foram surpreendidos por
gigantesca inundação que, invadindo a terra com violência, destruíra a ponte
que o comboio deveria atravessar.
O trem fora salvo, milagrosamente.
Tomados de infinita alegria, o maquinista e os viajores
procuraram a pessoa que lhes fornecera o aviso salvador, mas ninguém aparecia.
Intrigados, continuaram na busca, quando encontraram no
chão um grande morcego agonizante. O enorme voador batera as asas, à frente do
farol, em forma de dois braços agitados e caíra sob as engrenagens. O
maquinista retirou-o com cuidado e carinho, mostrou-o aos passageiros
assombrados e contou como orara, ardentemente, invocando a proteção de Deus,
antes de partir. E, ali mesmo, ajoelhou-se, ante o morcego que acabava de morrer,
exclamando em alta voz:
- Pai Nosso, que estás no céu, santificado seja o teu
nome, venha a nós o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na Terra como no
céu; o pão nosso de cada dia dá-nos hoje perdoa as nossas dívidas, assim como
perdoamos aos nossos devedores, não nos deixes cair em tentação e livra-nos do
mal, porque teu é o reino, o poder e glória para sempre. Assim seja.
Quando acabou de orar, grande quietude reinava na
paisagem.
Todos os passageiros, crentes e descrentes, estavam
também ajoelhados, repetindo a prece com amoroso respeito. Alguns choravam de
emoção e reconhecimento, agradecendo ao Pai Celestial, que lhes salvara a vida,
por intermédio de um animal que infunde tanto pavor às criaturas humanas. E até
a chuva parara de cair, como se o céu silencioso estivesse igualmente acompanhando
a sublime oração.
Meimei Antologia
da Criança – Francisco Candido Xavier
A PSICOLOGIA DA
ORAÇÃO
Convencionou-se, ao longo do tempo, que a oração é um
recurso emocional e psíquico para rogar e receber benefícios da Divindade,
transformando-a em instrumento de ambição pessoal, realmente distante do seu
alto significado psicológico.
A oração é um precioso recurso que faculta a aquisição da
autoconsciência, da reflexão, do exame dos valores emocionais e espirituais que
dizem respeito à criatura humana.
Tornando-se delicado campo de vibrações especiais,
faculta a sintonia com as forças vivas do Universo, constitui veículo de
excelente qualidade para a vinculação da criatura com o seu Criador.
Todos os seres transitam vibratoriamente em faixas
especiais que correspondem ao seu nível evolutivo, ao estágio intelecto-moral
em que se encontram, às suas aspirações e aos seus atos, nos quais se alimentam
e constroem a existência.
A oração é o mecanismo sublime que permite a mudança de
onda para campos mais sensíveis e elevados do Cosmo.
Orar é ascender na escala vibratória da sinfonia cósmica.
Em face desse mecanismo, torna-se indispensável que se
compreenda o significado da prece, sua finalidade e a maneira mais eficaz pela
qual se pode alcançar o objetivo desejado.
Inicialmente, orar é abrir-se ao amor, ampliar o círculo
de pensamentos e de emoções, liberando-se dos hábitos e vícios, a fim de
criar-se novos campos de harmonia interior, de forma que todo o ser
beneficie-se das energias hauridas durante o momento especial.
A melhor maneira de alcançar esse parâmetro é
racionalmente louvar a Divindade, considerando a grandeza da Criação,
permitindo-se vibrar no seu conjunto, como seu filho, assimilando as
incomparáveis concessões que constituem a existência.
Considerar-se membro da família universal, tendo em vista
a magnanimidade do Pai e Sua inefável misericórdia, enseja àquele que ora o
bem-estar que propicia a captação das energias saudáveis da vida.
Logo depois, ampliar o campo do raciocínio em torno dos
próprios limites e necessidades imensas, predispondo-se a aceitar todas as
ocorrências que dizem respeito ao seu processo evolutivo, mas rogando compaixão
e ajuda, a fim de errar menos, acertar mais, e de maneira edificante, o passo
com o bem.
Nesse clima emocional, evitar a queixa doentia, a
morbidez dos conflitos e exterioridades ante a magnitude das bênçãos que são
hauridas, apresentando-se desnudado das aparências e circunlóquios da
personalidade convencional.
Não é necessário relacionar sofrimentos, nem explicitar
anseios da mente e do coração, porque o Senhor conhece a todos os Seus filhos,
que são autores dos próprios destinos e ocorrências, mediante o comportamento
mantido nas multifárias experiências da evolução.
Por fim, iluminado pelo conhecimento da própria pequenez
ante a grandeza do Amor, externar o sentimento de gratidão, a submissão
jubilosa às leis que mantêm o arquipélago de astros e a infinitude de vidas.
Tudo ora no Cosmo, desde a sinfonia intérmina dos astros
em sua órbita, mantendo a harmonia das galáxias, até os seres infinitesimais no
mecanismo automático de reprodução, fazendo parte do conjunto e da ordem
estabelecidos.
Em toda parte vibra a vida nos aspectos mais complexos e
simples, variados e uniformes.
Sem qualquer esforço da consciência, circula o sangue por
mais de 150 mil quilômetros de veias, vasos, artérias, em ritmo próprio para a
manutenção do organismo humano tanto quanto de todos os animais.
Funções outras mantidas pelo sistema nervoso autônomo
obedecem a equilibrado ritmo que as preserva em atividade harmônica.
As estações do tempo alternam-se facultando as variadas
manifestações dos organismos vivos dentro de delicadas ondas de luz e de calor
que lhes possibilitam a existência, a manifestação, o desabrochar, o
adormecimento, a espera.
O ser humano, enriquecido pela faculdade de pensar e
dotado do livre-arbítrio, que lhe propicia escolher, atado às heranças do
primarismo da escala animal ancestral pela qual transitou, experiencia mais as
sensações do imediato do que as emoções da beleza, da harmonia, da paz, da
saúde integral,
Reconhece o valor incalculável do equilíbrio, no entanto,
estigmatizado pela herança do prazer hedonista, entrega-se-lhe à exorbitância
pela revolta nos transtornos de conduta, como forma de imposição grotesca.
Ao descobrir a oração, logo se permite exaltar falsas ou
reais necessidades, desejando respostas imediatas, soluções mágicas para
atendê-las, distantes do esforço pessoal de crescimento e de reabilitação.
É claro que aquele que assim procede não alcança as metas
propostas, pois que elas ainda não podem apresentar-se por nele faltarem os
requisitos básicos para o estabelecimento da harmonia interior.
A oração é campo no qual se expande a consciência e o
Espírito eleva-se aos páramos da luz imarcescível do amor inefável.
Quem ora ilumina-se de dentro para fora, tornando-se uma
onda de superior vibração em perfeita consonância com a ordem universal.
O egoísmo, os sentimentos perversos não encontram lugar
na partitura da oração.
Torna-se necessário desfazer-se desses acordes
perturbadores, para que haja sincronização do pensamento com as dúlcidas notas
da musicalidade divina.
A psicologia da oração é o vasto campo dos sentimentos
que se engrandecem ao compasso das aspirações dignificadoras, que dão sentido e
significado à existência na Terra.
Inutilmente, gritará a alma em desespero, rogando
soluções para os problemas que lhe compete equacionar, mesmo que atraindo os
numes tutelares sempre compadecidos da pequenez humana.
Desde que não ocorre sintonia entre o orante e a Fonte
exuberante de vida, as respostas, mesmo quando oferecidas, não são captadas
pelo transtorno da mente exacerbada.
Quando desejares orar, acalma o coração e suas nascentes,
assumindo uma atitude de humildade e de aceitação, a fim de que possas falar
àquele que é o Pai de misericórdia, que sempre providencia todos os recursos
necessários à aquisição humana da sua plenitude.
Convidado a ensinar aos seus discípulos a melhor maneira
de expressar a oração, Jesus foi taxativo e gentil, propondo a exaltação ao Pai
em primeiro lugar, logo após as rogativas e a gratidão, dizendo:
- Pai Nosso, que estais nos Céus...
Entrega-te, pois, a Deus, e nada te faltará, pelo menos
tudo aquilo que seja importante à conquista da harmonia mediante a aquisição da
saúde integral.
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